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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA (UNIPÊ) PRÓ-REITORIA ACADÊMICA (PROAC) CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL JUSCELINO TRAJANO DA CUNHA IMPACTOS AMBIENTAIS DECORRENTES DA EXPLORAÇÃO E EXTRAÇÃO DE MINÉRIOS NO MUNICÍPIO DE GURINHÉM-PB JOÃO PESSOA 2017 JUSCELINO TRAJANO DA CUNHA IMPACTOS AMBIENTAIS DECORRENTES DA EXPLORAÇÃO E EXTRAÇÃO DE MINÉRIOS NO MUNICÍPIO DE GURINHÉM-PB Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), apresentado ao Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ), como requisito para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil. Orientador: Profª. Msc. ANA LÚCIA ESPÍNOLA. JOÃO PESSOA 2017 C972i Cunha, Juscelino Trajano da. Impactos Ambientais decorrentes da exploração e extração de minérios no município de Gurinhém-PB / Juscelino Trajano da Cunha. – João Pessoa, 2017. XXXf. Orientador (a): Profª. Msc. Ana Lúcia Espínola. Monografia (Curso de Engenharia Civil) - Centro Universitário de João Pessoa - UNIPÊ 1. Mineração. 2. Exploração do solo. 3. Extração de granito. 4. Impactos ambientais. I.Título. UNIPÊ / BC CDU – 624 JUSCELINO TRAJANO DA CUNHA IMPACTOS AMBIENTAIS DECORRENTES DA EXPLORAÇÃO E EXTRAÇÃO DE MINÉRIOS NO MUNICÍPIO DE GURINHÉM-PB Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), apresentado ao Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ), como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil. Aprovado em............/......../............... BANCA EXAMINADORA _______________________________________ Profª. Msc. Ana Lúcia Espínola Orientador (a) - UNIPÊ _______________________________________ Profª. Msc. Maria Jacy Caju do Egito Examinador (a) - UNIPÊ _______________________________________ Prof. Msc. Roberto Ribeiro de Azevedo Cruz Examinador (a) - UNIPÊ À toda a minha família que sempre me apoiou ao longo dessa grande caminhada, dedico. AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, que me deu forças e conduziu-me até esse grandioso momento de minha vida, pois sem ele nada disso teria se tornado realidade e aos meus pais, José Trajano e Eunice Souza, pelos conselhos sobre a vida, sendo os maiores exemplos de dignidade e perseverança em pessoa, ensinando-me sempre a lutar pelos meus objetivos. A minha noiva Maria Gabriela, que esteve sempre ao meu lado desde o início dessa grande caminhada, depositando confiança e apoiando-me nos momentos de dificuldades. Ao meu filho Bryan Lucca, que desde o dia em que veio ao mundo, fez com que meus objetivos tivessem uma importância ainda maior para serem alcançados, devido a sua existência. Aos meus irmãos, José Augusto e em especial Jussara, a quem me acolheu em sua casa, dando-me um tratamento como se fosse um filho seu, demonstrando carinho, dando-me apoio e nunca me deixando faltar nada. E não poderia esquecer de você Célia, apesar de não ser minha mãe genitora, mas meu sentimento por você é algo semelhante a isso. Lhe agradeço profundamente por todo o seu apoio e dedicação em me ajudar, sem falar na companhia diária a minha mãe nas suas orações por mim. A minha professora e orientadora, Prof. (a) Msc. Ana Lúcia Espínola, pela dedicação, paciência e orientação neste trabalho e pelos ensinamentos ministrados. Aos demais professores do curso, que de uma forma ou outra, contribuíram para esta conquista. Por último a vocês meus amigos, colegas da graduação pelo constante aprendizado durante o nosso convívio, que ao longo dessa jornada formamos um laço muito forte de amizades. Perguntaram ao Dalai Lama... “O que mais te surpreende na humanidade? ”. Ele respondeu: “Os homens. Porque perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde”. E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente de tal forma que acabam por não viver nem o passado e nem o futuro. E vivem como se nunca fossem morrer... ... E morrem como se nunca tivessem vivido. Dalai lama, 1983. CUNHA, Juscelino Trajano da. Impactos ambientais decorrentes da exploração e extração de minérios no município de Gurinhém-PB. 2017. 73f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil) Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ). RESUMO O desenvolvimento econômico de uma região é de suma importância para o crescimento de um país. Em algumas regiões esse desenvolvimento ocorre em torno de atividades como a exploração de recursos minerais devido ao crescimento da construção civil, porém, muitas dessas atividades estão sendo exploradas de maneira incorreta, comprometendo todo um ecossistema e até mesmo toda uma população que vive em torno da empresa mineradora. Essa pesquisa tem como objetivo principal identificar os danos causados por essa atividade, fazendo uma análise dos impactos ambientais provocados pela exploração e consequentemente extração industrial de brita, no município de Gurinhém-PB. Com os resultados obtidos durante a pesquisa, pode-se destacar que: a atividade de exploração e extração do granito feito pela mineradora, gera receita, emprego e renda ao município de Gurinhém-PB, mas por outro lado, a emissão de poluentes ao meio ambiente é gritante, poluindo o solo, os recursos hídricos, o ar, a fauna e a flora, além, é claro, de prejudicar a saúde e o bem- estar de toda uma população que vive em torno desse ambiente da mineração. Com isso, devem-se sugerir meios técnicos e práticos que consigam mitigar os impactos negativos, decorrentes das atividades da exploração e extração do granito, tendo em vista, atender o desenvolvimento justo e ambientalmente correto. Palavras-chaves: Mineração. Exploração do solo. Extração de granito. Impactos ambientais. CUNHA, Juscelino Trajano da. Environmental impacts resulting from mineral exploration and extraction in the municipality of Gurinhém-PB. 2017. 73f. Course Completion Work (Undergraduate in Civil Engineering) University Center of João Pessoa (UNIPÊ). ABSTRACT The economic development of a region is of utmost importance for the growth of a country. In some regions this development occurs around activities such as the exploitation of mineral resources due to the growth of construction, however, many of these activities are being exploited incorrectly, compromising an entire ecosystem and even a whole population that lives around the Mining company. The objective of this study is to identify the damages caused by this activity, making an analysis of the environmental impacts caused by the exploration and consequently the industrial extraction of gravel in the municipality of Gurinhém-PB. With the results obtained duringthe research it can be highlighted that: the activity of mining and extraction of the granite made by the mining company generates revenue, employment and income to the municipality of Gurinhém-PB, but on the other hand, the emission of pollutants to the environment is Polluting the soil, water resources, air, fauna and flora, and of course harming the health and well-being of an entire population living around this mining environment. Therefore, technical and practical means should be suggested to mitigate the negative impacts resulting from the exploitation and extraction of granite, in order to meet fair and environmentally sound. Key-words: Mining. Soil exploration. Extraction of granite. Environmental impacts. LISTA DE FIGURAS Figura 2.1 - Procedimento possíveis para a recuperação das áreas degradadas .... 31 LISTA DAS FOTOGRAFIAS Foto 2.1 - Vegetação nativa sofrendo com a atividade de mineração ...................... 26 Foto 2.2 - Tanque de combustível armazenado incorretamente ............................... 27 Foto 4.1 - Perfuração com marteletes hidráulicos .................................................... 49 Foto 4.2 - Bancada em processo de desmonte ........................................................ 50 Foto 4.3 - Caminhão basculante utilizado no transporte do mineral ......................... 51 Foto 4.4 - Britador primário, principal entrada da planta de britagem ....................... 52 Foto 4.5 - Redução da granulometria após o britador primário................................. 53 Foto 4.6 - Planta de britagem com o britador secundário em foco ........................... 54 Foto 4.7 - Britador terciário como penúltima etapa de britagem ............................... 55 Foto 4.8 - Britador quaternário em etapa de produção ............................................. 56 Foto 4.9 - Estocagem do pó de pedra produzido ...................................................... 58 Foto 4.10 - Depósito do solo removido da mina ....................................................... 61 Foto 4.11 - Local preparado para a implantação da cerca verde.............................. 62 Foto 4.12 - Desmatamento na área da mina ............................................................ 64 Foto 4.13 - Lixo na área de desmonte da rocha sã .................................................. 64 Foto 4.14 - Contato direto de produto químico como o solo ..................................... 65 Foto 4.15 - Água poluída com dejetos de produtos químicos ................................... 66 Foto 4.16 - Erosões .................................................................................................. 66 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Imagem 2.1 - Mineração a céu aberto ...................................................................... 21 Imagem 2.2 - Esteira utilizada na mineração subterrânea ........................................ 22 Imagem 4.1 - Decapeamento sendo realizado ......................................................... 48 Imagem 4.2 - Brita nº0 .............................................................................................. 59 Imagem 4.3 - Brita nº1 .............................................................................................. 59 Imagem 4.4 - Brita nº2 .............................................................................................. 60 Imagem 4.5 - Brita nº3 .............................................................................................. 60 LISTA DE MAPAS Mapa 3.1 - Localização da Mineradora X ................................................................. 38 Mapa 3.2 - Localização do município de Gurinhém – PB com acesso rodoviário ..... 39 Mapa 3.3 - Proximidade da Mineradora X com a zona urbana ................................. 40 Mapa 3.4 - Mapa Geológico do Município de Gurinhém ........................................... 41 LISTA DE TABELAS Tabela 4.1 - Adversidades geradas nas atividades .................................................. 46 Tabela 4.2 - Granulometria máxima permitida para cada processo de britagem ...... 52 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ART. Artigo DNPM Departamento Nacional de Produção Mineral EIA Estudo de Impacto Ambiental EPI’S Equipamento de Proteção Individual IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística KM Quilômetros LTDA Limitada M³ Metros Cúbicos MME Ministério de Minas e Energia NBR Norma Brasileira aprovada pela Associação de Normas Técnicas Nº Número PB Paraíba PRAD Plano de Recuperação de Áreas Degradadas RIMA Relatório de Impacto ao Meio Ambiente SUDEMA Superintendência de Administração do Meio Ambiente VSI Britador de Impacto vertical SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 18 1.1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 19 1.1.1 Geral ................................................................................................................ 19 1.1.2 Específicos ..................................................................................................... 19 2 A MINERAÇÃO E SEUS IMPACTOS AO MEIO AMBIENTE ............................... 20 2.1 RECURSOS MINERAIS DO BRASIL .................................................................. 20 2.2 MINERAÇÃO ....................................................................................................... 20 2.2.1 Mineração a céu aberto .................................................................................. 23 2.3 IMPACTOS DEVIDO À MINERAÇÃO ................................................................. 23 2.3.1 Impactos positivos da atividade de mineração ........................................... 24 2.3.2 Impactos negativos da atividade de mineração .......................................... 25 2.4 ETAPAS PARA EXTRAÇÃO EM PEDREIRAS ................................................... 27 2.5 ÁREAS DE DEGRADAÇÃO E PROCEDIMENTOS PARA RECUPERAÇÃO ..... 28 2.5.1 Degradação e solo ......................................................................................... 30 2.5.2 Recuperação da área afetada pela degradação ambiental ......................... 30 2.5.3 Restauração .................................................................................................... 31 2.5.4 Reabilitação .................................................................................................... 31 2.5.5 Procedimentos que ajudam a mitigar a degradação ambiental ................. 31 2.6 MARCO REGULATÓRIO PARA A EXPLORAÇÃO MINERAL ........................... 33 3 METODOLOGIA E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ....................... 37 3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ..................................................................37 3.2 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ......................................................... 37 3.3 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS ...................................................... 37 3.4 CAMPO DA PESQUISA ...................................................................................... 38 3.5 GEOLOGIA ......................................................................................................... 40 3.6 GEOMORFOLOGIA ............................................................................................ 41 3.7 RECURSO HÍDRICOS ........................................................................................ 42 3.8 FLORA E FAUNA ................................................................................................ 42 3.9 ASPECTOS CLIMÁTICOS .................................................................................. 43 3.10 MEIO ANTRÓPICO ........................................................................................... 43 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 44 4.1 ÁREA DE SERVIDÃO ......................................................................................... 44 4.2 VIDA ÚTIL DA JAZIDA ........................................................................................ 44 4.3 DIAGNÓSTICO AMBIENTAL .............................................................................. 44 4.4 ÁRE DE INFLUÊNCIA DIRETA ........................................................................... 44 4.5 IDENTIFICAÇÃO DOS IMPACTOS ADVERSOS NA ÁREA DE ESTUDO ......... 45 4.6 ETAPAS DE PRODUÇÃO DO GRANITO PARA OBTENÇÃO DA BRITA .......... 47 4.6.1 Etapa nº 1: Processo para obtenção da brita............................................... 47 4.6.2 Etapa nº 2: Decapeamento ............................................................................ 47 4.6.3 Etapa nº 3: Perfuração no corpo rochoso .................................................... 48 4.6.4 Etapa nº 4: Desmonte com uso de explosivos ............................................ 49 4.6.5 Etapa nº 5: Transporte da mina para britagem ............................................ 50 4.6.6 Etapa nº 6: Processo de britagem ................................................................. 51 4.6.6.1 Etapa nº 6.1: Britagem primária ..................................................................... 52 4.6.6.2 Etapa nº 6.2: Britagem Secundária ............................................................... 53 4.6.6.3 Etapa nº 6.3: Britagem terciária ..................................................................... 54 4.6.6.4 Etapa nº 6.4: Britador quaternário ................................................................. 55 4.6.7 Etapa nº 7: Peneiramento, classificação e lavagem .................................... 56 4.6.8 Etapa nº 8: Produto final ................................................................................ 56 4.6.8.1 Pó de Brita ..................................................................................................... 58 4.6.8.2 Brita nº0 ......................................................................................................... 58 4.6.8.3 Brita nº1 ......................................................................................................... 59 4.6.8.4 Brita nº2 ......................................................................................................... 60 4.6.8.5 Brita nº3 ......................................................................................................... 60 4.7 BOTA-FORA ....................................................................................................... 61 4.8 PÚBLICO ALVO .................................................................................................. 62 4.9 DADOS DE PRODUÇÃO DA MINERADORA X ................................................. 63 4.10 ALTERAÇÕES AMBIENTAIS DEVIDO A MINERAÇÃO DE GRANITO ............ 63 4.11 ANÁLISE DE DADOS........................................................................................ 67 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 68 REFERÊNCIAS......................................................................................................... 70 18 1 INTRODUÇÃO Ao longo da história, a mineração é algo que está inserido na economia brasileira desde a época do período colonial, quando o foco na extração aurífera (ouro) era muito grande. Com a revolução tecnológica, a atividade de extração mineral cresceu consideravelmente e mudou o perfil da economia, proporcionando avanços, sobretudo, na construção civil. Com o passar dos anos, a mineração firmou-se como atividade geradora de empregos e acima de tudo, gerou renda extra para proprietários e ou produtores rurais em localidades sem perspectivas de desenvolvimento e nem muito menos de melhoria social, no entanto é essa atividade a grande causadora de diversos impactos ambientais, onde muitos destes são irreversíveis a natureza. Sendo assim, pensamos na seguinte problematização: Quais os impactos positivos e negativos que a mineração causa ao meio ambiente? O maior desafio, seria explorá-lo com responsabilidade e sustentabilidade sem degradar o meio ambiente, causando o mínimo de agressividade à natureza e se possível desenvolver a mineração dentro de conceitos ou práticas sustentáveis com o mínimo de agressão ao ecossistema, aproveitando melhor o uso dos recursos minerais, servindo como base para a prevenção em futuras penalizações em órgãos fiscalizadores, melhorando seu desempenho ambiental, garantindo assim um meio ambiente ecologicamente equilibrado para todos. O presente trabalho teve a escolha pela fundamental importância de conhecer a fundo o local onde está instalada a mineradora e a maneira como a mesma realiza a extração do mineral, conhecendo assim a mineração aplicada, o tipo de material extraído e suas finalidades, tendo como maior preocupação com a população e principalmente com o meio ambiente, buscando um meio de minimizar a poluição causada pela mineradora, sugerindo maneiras cabíveis de acordo com as leis de mineração em vigor. 19 1.1 OBJETIVOS 1.1.1 Geral Pesquisar sobre a situação ambiental e os impactos ambientais causados pela empresa Mineradora X, fixada no Município de Gurinhém-PB. 1.1.2 Específicos • Caracterizar as modificações ambientais resultantes da atividade de extração de granito para britagem, tanto no local da Pedreira quanto em suas proximidades; • Observar a comunidade residente no entorno da pedreira com relação aos impactos causados por esse tipo de atividade; • Verificar a importância sócio-econômica da Mineradora X, no âmbito do desenvolvimento regional e a opinião da sociedade do entorno da mineradora; • Descrever os impactos incidentes sobre a população nas proximidades da mineradora, no que diz respeito aos ruídos, tráfego de caminhões e poeira, decorrentes a exploração e extração de granito. 20 2 A MINERAÇÃO E SEUS IMPACTOS AO MEIO AMBIENTE 2.1 RECURSOS MINERAIS DO BRASIL País de grande dimensão territorial, o Brasil é muito rico em relação aos recursos minerais. Possuindo uma enorme diversidade de minerais explorados atualmente com aproximadamente 60 tipos diferentes, o país é detentor de uma das maiores reservas de minerais do mundo. Esse legado é devido ao rico subsolo brasileiro e do avanço da mineração recente em nossopaís nas últimas décadas. Em escala, o Brasil tem a sexta maior produção de mineração do mundo, apesar de possuir um enorme potencial geológico, sua grande maioria ainda não foi explorada. Aproximadamente 8% das reservas de ferro do mundo estão no Brasil, sendo esse o principal minério extraído no país. Outro mineral, o nióbio, tem suas maiores reservas ocidentais no Brasil. Os principais minérios encontrados no Brasil são: ferro, bauxita, cobre, cromo, ouro, estanho, níquel, manganês, zinco, potássio, entre outros (RECURSOS, 2016). Como citado anteriormente, a área é vasta para a exploração mineral, pois existem diversos e diferentes tipos de minerais no subsolo brasileiro. Com o potencial geológico bastante diversificado, as rochas graníticas que são rochas magmáticas, destacam-se por serem facilmente encontradas em todo o território nacional. 2.2 MINERAÇÃO A mineração é uma atividade econômica como indústria extrativa mineral, indústria essa que tem como forte os produtos minerais. A pedra britada é um agregado mineral artificial, que em sua produção em equipamentos conhecidos como britadores é resultante da fragmentação de blocos de rochas. As rochas comumente utilizadas na produção de brita são de origem magmática, como o diabásio, o basalto e o granito; com origens metamórficas, alguns certos gnaisses e tipos menos valorizados de mármore: e algumas rochas de origem sedimentar, tais como o dolomito, o calcário e os arenitos, (TONSO, 1994). 21 Sua principal atividade é a extração, a produção e consequentemente o beneficiamento do recurso mineral extraído, onde se encontram no estado natural sólido, liquido e gasoso. Segundo Gehlen (2008), a mineração é conceituada como sendo a ação de descobrir, avaliar e extrair as substâncias minerais úteis existentes no interior ou na superfície do nosso solo. Essa atividade de exploração dos recursos minerais é uma prática que sempre foi usada pelo homem, uma vez que a natureza foi sempre a sua fonte de alimentação, de vestir, encontrar remédios, dentre outros. Por ser rica devido aos recursos minerais, essa é uma das atividades que mais poluem todo um ecossistema. “A mineração também contribui para a poluição do solo. Essa atividade, através de escavações e aberturas de imensas crateras, altera de forma significativa a estrutura natural do solo, e o uso de substâncias químicas agrava esse desastre ambiental” (DAIBERT; SANTOS, 2014, p. 87). É possível citar a existência de dois tipos de minas, a céu aberto e subterrâneas, além de poços e pedreiras, conforme ilustrado nas Imagens 2.1 e 2.2. Imagem 2.1 - Mineração a céu aberto Fonte: Site Diário do Comércio, 2014 22 Imagem 2.2 - Esteira utilizada na mineração subterrânea Fonte: Site Técnico e Mineração, 2015 Em todos esses locais mencionados anteriormente os minerais são preparados para a sua devida comercialização, no entanto suas características primárias não sofrem alterações mesmo passando por todos os processos preparatórios, nos quais podemos citar após sua extração a trituração, a lavagem, a limpeza, a classificação, a granulação, a fusão, dentre outros. Grande parte desses minérios são encontrados em sua forma sólida em regiões geológicas conhecidas como escudos cristalinos ou como maciços antigos e crátons. Esses locais onde geralmente são encontrados apresentam rochas metamórficas e magmáticas (como mármore, basalto e granito) e próximo a elas existem uma grande quantidade de minerais preciosos. As formações de jazidas minerais na natureza levaram-se milhões de anos para acontecer, porém esse recurso é limitado e poderá se esgotar em um curto espaço de tempo, variando apenas de localidade onde a mesma se encontra. A mineração, apesar de ser vista como uma atividade econômica muito importante apresenta uma série de problemas. Grande parte deles é na área ambiental, visto que a atividade mineradora é capaz de agredir bruscamente o solo, ocasionando erosões e quando praticado em áreas florestais, ampliam o desmatamento de maneira mais acelerada. Além disso, problemas sociais gerando desemprego, são ocasionados quando há o esgotamento das jazidas minerais, 23 consequentemente, o abandono das empresas mineradoras, deixando para trás problemas de preservação da área explorada. 2.2.1 Mineração a céu aberto Toda e qualquer empresa de mineração a céu aberto, no geral, opera de uma forma diferente da maior parte das diversas obras de engenharia geotécnica. Neste caso, não há inclusão de um elemento permanente no maciço, como acontece na construção de uma barragem, e sim, o desmonte contínuo do mesmo. A atividade de mineração a céu aberto, altera drasticamente o relevo levando à destruição do solo, da vegetação e, consequentemente, da fauna e a flora (OLIVEIRA JR., 1994). Nas pedreiras, por terem superfícies rochosas de grande declive e sem solo, dificulta a ancoragem de espécies vegetais e, consequentemente, impossibilita a sua espontânea proliferação. Além disso, causa poluição sonora e com a utilização de produtos químicos, agride o solo drasticamente, modificando assim suas propriedades, causando poluição hídrica, que através das chuvas acabam escoando material contaminado para o leito dos rios. Devido a ações como essas, é preciso ter muita atenção com o nosso solo, pois a mineração é um meio legal perante as leis, porém esse tipo de atividade é muito agressivo para o nosso meio ambiente. 2.3 IMPACTOS DEVIDO À MINERAÇÃO Atividade de mineração é algo que causa uma degradação muito considerável ao meio ambiente. Segundo Milanez (2010), a mineração traz desenvolvimento e riqueza, porém sabemos que nem é para todos e nem por muito tempo. De fato, a mineração é uma atividade insustentável, uma vez que depende da extração de recursos naturais não-renováveis. Segundo Silva (2007), toda e qualquer exploração de recurso natural, a atividade de mineração causa degradação ao meio ambiente, seja no que diz respeito à exploração de áreas naturais como também ao mesmo tempo na geração dos resíduos. 24 A seguir e com esse propósito, serão relatados os procedimentos para a exploração mineral, onde serão abordados os impactos ambientais provocados durante todo o processo de exploração, extração e disposição de resíduos. 2.3.1 Impactos positivos da atividade de mineração Os impactos positivos relacionados a uma pedreira envolvem muito a questão socioeconômica de uma região, uma vez que desenvolve o setor econômico local, arrecadando receitas para um município e consequentemente para o País. Com isso, os impactos positivos estão diretamente relacionados com a criação de empregos, arrecadação de tributos através dos impostos, circulação de riquezas para o comércio local e um produto final, com valor mais acessível devido à proximidade com o local de produção. No entanto, a extração mineral para o beneficiamento da brita é, do ponto de vista socioeconômico, é uma atividade de grande importância para o desenvolvimento local, pois fornece matéria-prima para a construção civil dando origem a novas residências, proporcionando melhoramentos também nas vias públicas e na infraestrutura como, estradas, ferrovias, saneamento básico, dentre outros benefícios a toda uma sociedade. Para indução ao desenvolvimento regional é preciso ter relevância em regiões menos desenvolvidas do estado, situação essa do município estudado. Sendo assim, os resultados são considerados positivos de modo onde existe integração entre o projetode mineração realizado e a população local, na forma de contratação de serviços e mão-de-obra. Com relação ao aumento da arrecadação tributária, há controversas, pois o impacto positivo não é de exclusividade da mineração e nem sempre ocorre com a magnitude prevista devido ao porte do empreendimento ou da atividade. Segundo Dias (2001), O setor de exploração de minerais para a construção civil, possui uma evasão fiscal bastante acentuada devido aos subsídios governamentais diretos ou indiretos, esses que, podem neutralizar os ganhos com arrecadação tributária. 25 2.3.2 Impactos negativos da atividade de mineração Os impactos negativos decorrentes da mineração estão ligados diretamente com a agressividade ao meio ambiente. Lembrando que, a atividade de exploração e extração de recursos minerais, é uma das que mais causam impactos ambientais. De modo geral, os efeitos gerados pela exploração de recursos minerais e consequentemente da mineração, esses considerados desde a lavra até o tratamento do minério, é sentido por todo o meio ambiente, que atinge consequentemente direta ou indiretamente a flora, a fauna e os aspectos socioeconômicos daquela região. São efeitos que afetam a paisagem em razão da remoção de morros, do aterramento de depressões, do assoreamento do solo, bem como da retirada da vegetação, dentre outros. E não para por aí. O ar fica poluído devido à constante emissão de partículas de poeiras e gases, decorrentes da movimentação de veículos, máquinas e o uso de explosivos. A poluição do solo, a mais comum entre todas são as erosões causadas devido à retirada da vegetação, a contaminação por produtos de derivados químicos, como graxas, óleo, combustíveis e a falta de resistência no solo provocado devido a instabilidade e o uso de explosivos frequentes. Já os impactos sobre a água são provocados por diversas maneiras e principalmente por assoreamentos de corpos d’água que são os mais comuns e, paralelo a essas situações encontram-se a contaminação das águas superficiais e subterrâneas, devido ao contato com graxas, combustíveis e óleos. A fauna e a flora sofrem desde muito cedo com a degradação ambiental, pois é desde o decapeamento na retirada da vegetação nativa. Além disso, com o barulho frequente das máquinas e detonações, a maioria dos animais acaba se deslocando para lugares mais tranquilos e os que ficam no seu habitat, afugentam-se e acabam vivendo nesse ambiente hostil. E por fim, os impactos sobre o homem, pois os maiores impactos são relativos ao desconforto provocado pelo barulho alto constante, devido a movimentação de máquinas e explosivos. Com relação às explosões mencionadas anteriormente, as mesmas causam vibrações e que possivelmente possam comprometer as residências vizinhas a área da mineradora e levando até mesmo a morte de colaboradores e moradores vizinhos da pedreira consequente ao lançamento de fragmentos de rochas. 26 Segundo Silva (2007), as atividades de extração mineral causam a degradação da paisagem, interferências sobre os ecossistemas, alteram e destroem diretamente a fauna, todos tendo origem a subpressão da vegetação. Como mostra a Foto 2.1, a natureza sofre bruscamente com a agressão feita pelo processo de mineração. Foto 2.1 - Vegetação nativa sofrendo com a atividade de mineração Fonte: Acervo pessoal, 2017 Onde antes existia uma rica vegetação nativa, hoje restam apenas galhos secos das árvores como alento. Outro fato importante que chamou a atenção, foi a questão de materiais não utilizados armazenados de maneira incorreta. Como mostra na Foto 2.2, o tanque de combustível deveria estar apoiado em uma plataforma elevada e não em contato direto com o solo. 27 Foto 2.2 - Tanque de combustível armazenado incorretamente Fonte: Acervo pessoal, 2017 Sem mencionar o risco de explosão, pois esse tipo de material deveria estar muito bem protegido em local adequado e longe do acesso fácil de pessoas. A maior parte dos minerais são comumente lavrados por procedimentos tradicionais que é a céu aberto, sendo este em superfície e outro subterrâneo que são em subsuperfície (SILVA, 2007). Os maiores problemas de comprometimento ambiental acontecem na lavra a céu aberto, justamente aonde se tem uma maior aplicação e aproveitamento do corpo mineral, gerando assim uma quantidade maior de estéril, poeira, vibrações e correndo riscos de poluição das águas gerando uma degradação mais ampla caso não sejam adotadas técnicas para o controle dessa poluição. 2.4 ETAPAS PARA EXTRAÇÃO EM PEDREIRAS Após a realização dos estudos sobre a jazida e obtendo-se os resultados necessários para sua exploração, inicia-se a partir daí todos os procedimentos para a produção até o seu beneficiamento, com ênfase desde a extração até o produto final. As etapas a seguir, nos mostram os estudos realizados por (YOSHIDA, 2005): • Decapeamento – atividade que remove a superfície vegetal e a camada do solo, que encobrem todo o maciço rochoso que será explorado; • Desmonte – aplicam-se perfurações no maciço rochoso com o uso de marteletes e em seguida inicia-se o desmonte com o uso de explosivos; 28 • Fragmentação Secundária – esse processo geralmente utilizado para a redução de dimensões de blocos de rocha, com intenção de serem carregados, transportados e inseridos no britador. Na grande maioria das vezes esse processo é realizado por meios mecânicos ou de pequenas detonações; • Transporte – o material rochoso que fora desmontado será transportado em caminhões e dependendo do relevo do terreno, também poderá ser transportado em caçambas teleféricas, britadores móveis e correias transportadoras até o britador, esse no caso será o primário; • Britagem primária e secundária – processo utilizado para a redução do tamanho da rocha, com intuito de obter dimensões ideais para os vários tipos de aplicação, inclusive na construção civil; • Peneiramento – após a britagem, esse processo serve para a separação granulométrica da rocha, destinando suas devidas dimensões para cada tipo de aplicação; • Lavagem – é o processo que elimina todos e quaisquer materiais finos, com muita frequência o pó de pedra e argilas; • Estocagem – adequar um local onde a brita possa ser estocada em seus diversos tamanhos e aguardar em seguida o transporte para comercialização até o consumidor final; • Fechamento da Mina – Etapa está onde raramente é destacada nos estudos e planos. 2.5 ÁREAS DE DEGRADAÇÃO E PROCEDIMENTOS PARA RECUPERAÇÃO Quando falamos de mineração, devemos refletir no impacto que esse tipo de atividade traz ao meio ambiental e para que isso não aconteça, devemos refletir como essa área deve ser restaurada. Para cada área degradada, deve haver um plano que seja possível a recuperação daquela área. Para isso, toda empresa deve tomar por base o Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD). O PRAD é um projeto de como deve aquela área será recuperada pela empresa mineradora que está impactando os recursos naturais para fins lucrativos. Esse plano é requerido pelos departamentos fiscalizadores ambientais, como item complementar ao procedimento para obtenção das licenças para as atividades com degradação ambiental, caso o empreendimento não apresente esse plano aos órgãos públicos, ele será punido administrativamente. Tecnicamente, o PRAD está ligado à um grupo de medidas que fornecerão à área afetada qualidades de se restabelecer, com um solo capaz em ser utilizado num futuro muito próximo e um panorama esteticamente harmonioso. Segundo a Constituição da RepúblicaFederativa do Brasil, no capítulo VI, estabelece no Artigo 225, parágrafo 2º, que “aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica 29 exigida pelo órgão público competente, na forma da lei”. O Decreto 97.632, de 10/04/1989, regulamentou a Lei 6.938/86, no que se refere à total recuperação das áreas que foram degradadas pela atividade de mineração. Segundo o referido decreto, os empreendimentos no setor mineral deverão apresentar ao órgão competente ao PRAD pela atividade de mineração como um documento integrante do Estudo de Impacto Ambiental (IBAMA, 1990). Serão levados em conta os recursos naturais ao ecossistema local, como: tipos variados de sementes a serem colhidas diretamente da vegetação atualmente existente no local. A seguir serão exibidas três áreas das empresas minerárias que precisam ser tratados no PRAD: Área de lavra - superfícies decapeadas, taludes ou as frentes de lavra, cavas, etc. Área da infra-estrutura – vias de movimentação do material e áreas de funcionamento do beneficiamento, dentre outras. Área de disposição de rejeitos – solos superficiais, empilhamento do bota-fora, bacias de decantação de rejeitos de beneficiamento e estéreis. As atribuições do PRAD é apresentar em seu aspecto geral: • A distinção e avaliação completa das atividades que venham ser praticadas pelo empreendimento, igualmente como da degradação ao meio ambiente; • Definição e posteriormente sua análise das possíveis alternativas de recuperações tecnológicas; • Definição e aplicação dos procedimentos para a recuperação; • Suposições para o devido monitoramento e conservação das técnicas corretivas a serem praticadas. Toda e qualquer ato voltado a recuperação ambiental, é importante devido as ações mitigadoras para as áreas degradadas, propondo sempre uma melhor solução a ser aplicado para um novo uso do local que foi explorado. A seguir iremos conhecer algumas dessas ações. 30 2.5.1 Degradação e solo Processo pelo qual o solo está se esgotando perdendo assim seus nutrientes. A degradação do solo pode ocorrer devido a vários fatores, dentre os quais podemos citar dois, naturais e provocados por ações do ser humano. Na área da mineração, esse processo ocorre de maneira acelerada devido as ações humanas inadequadas. 2.5.2 Recuperação da área afetada pela degradação ambiental O processo para recuperação em determinada área por um empreendimento, que nesta situação estamos tratando da mineração, deverá ser definida como um conjunto de atuações importantes para que esta área volte a estar capaz para algum uso produtivo em condições de equilíbrio ambiental. A participação do ser humano deve dar início com o planejamento da mina e sua finalidade deverá ocorrer quando a relação solo, flora e fauna estiverem em perfeitas condições de equilíbrio e de sustentabilidade. O procedimento de recuperação pode ser realizado através de duas maneiras: I. Recuperação provisória • Isso ocorre no momento em que a área que está sendo degradada não possui seu uso final definitivo (algo que torna inviável sua recuperação no momento); • Bem como seu uso final encontrar-se planejado para um prazo mais longo (essas atuações precisam buscar o equilíbrio dos procedimentos atuantes). II. Recuperação definitiva • Bem como o uso final do solo estiver definido, o que necessita de ações voltadas ao equilíbrio da área, em conformidade com a nova utilização e fundamentalmente com o Plano Diretor do Município ou região. 31 2.5.3 Restauração Processo este, que tenta restituir um ecossistema de toda uma população silvestre que fora degradada, devolver suas condições originais do local. 2.5.4 Reabilitação A Figura 2.1 apresenta uma situação bem ilustrativa para melhor compreensão desses processos relacionados, de maneira a mostrar as ações que podem ser implantadas para mitigar as áreas degradadas pelo uso da mineração. Figura 2.1 - Procedimento possíveis para a recuperação das áreas degradadas Fonte: Bitar & Braga, 1995 Toda e qualquer recuperação ambiental provocadas pela mineração, deverá ser apresentada anteriormente a sua instalação do empreendimento no local, a fim de antecipar a desativação das atividades minerárias propondo a reabilitação das terras restantes. 2.5.5 Procedimentos que ajudam a mitigar a degradação ambiental Segundo o Art. 3º do Decreto nº 97.632 de 1989, seu objetivo é tratar o retorno do sítio degradado, ou seja, fazer a recuperação da área que foi afetada pelo processo de exploração mineral, fazendo uso de um plano que recupere o ecossistema que 32 existia anteriormente naquele local, obedecendo sempre a lei de utilização de solos, visando sua perfeita estabilidade ambientalmente. A opção dos procedimentos e técnicas a serem empregados na recuperação de áreas que foram degradadas devido ao processo de extração de recursos minerais, está sujeito ao devido ritmo dos impactos que foram observados ao longo da avaliação na área. Segundo Bitar (1997), considerando medidas que estão relacionadas ao objetivo de assegurar um ambiente estável a curto e médio prazo, devem ser citados de maneira clara e objetiva, os métodos principais para a prática de recuperação ambiental. Revegetação – é possível através deste método, desenvolver desde a fixação local de espécies vegetais, até mesmo o procedimento de implantação dos reflorestamentos extensivos. A revegetação é bem vista, pois proporciona condições ideias para o repovoamento da fauna e regeneração de ecossistemas originais; Medidas geotécnicas – dependendo da real situação da área que foi degradada, é possível envolver medidas de execução simples ou até mesmo obras complexas do alcance de engenharia. Ações como essas buscam uma estabilização fisicamente correta do meio ambiente. Os procedimentos a serem aplicados geotecnicamente são: terraplanagem, drenagem e retenção dos sedimentos, barragens de disposição dos rejeitos de beneficiamento, contenção de taludes de cortes, etc.; Remediação – procedimento muito utilizado para neutralizar, eliminar, confinar, imobilizar e tentar transformar os agentes contaminantes situados naquela área que por ventura venha ser recuperada, conseguindo assim, um meio ambiente mais estável. Monitoramento e manutenção – todos procedimentos de recuperação ambiental que foram executados, necessitam de fiscalizações e inspeções periódicas, afim de manter as devidas condições necessárias a tudo aquilo que foi proposto aos cumprimentos dos objetivos preestabelecidos no PRAD. 33 2.6 MARCO REGULATÓRIO PARA A EXPLORAÇÃO MINERAL Para a atividade de exploração de recursos minerais, todo e qualquer empreendimento de mineração deve estar de acordo com as Leis que regem esse meio, nas quais podemos citar as Leis Federais, Estaduais e Municipais. A não obediência aos cumprimentos à essas leis, é possível que resulte em prejuízos irreparáveis para o meio ambiente e toda uma sociedade, sabendo que sem a devida licença para a exploração ambiental, os impactos decorrentes a essa atividade de mineração irão ocorrer em maior gravidade ao meio ambiente. A exploração dos recursos minerais em nosso país está mencionada na Constituição Federal de 1988. É através dela onde existem as leis que regem esse tipo de atividade, que observa a questão de adequação aos impactos ambientais, tendo em vista que é possível explorar e extrair essesrecursos ao mesmo tempo em que podemos recuperar as áreas degradadas de maneira ordenada e correta. De acordo com o Art. 225 da Constituição Federal (1988), afirma-se que: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Assim como mencionado no Art. 225 da Constituição Federal (1988) e com a mesma importância ao meio ambiente, o segundo parágrafo diz: “Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei”. Constitucionalmente o meio ambiente é protegido por lei, cabe a nós cidadãos cuidar e preservar suas riquezas. Explorar esses recursos de forma irregular e sem as devidas autorizações, infringe o Art. 176 da Constituição Federal mencionada a seguir. A Emenda Constitucional nº 6 de 1995, acrescenta ao Art. 176, que: Toda e qualquer empresa de mineração precisa ter autorização ou concessão da União para a exploração dos recursos minerais. Em posse dessa autorização, é permitido a pesquisa e a lavra dos recursos minerais, sabendo que é direito da mineradora o produto da lavra. 34 Para a exploração dos recursos minerais no Estado da Paraíba, as mineradoras precisam seguir a Constituição Estadual de 1989, através dela é possível se nortear quanto a utilização e preservação dos recursos naturais do meio ambiente. Em relação a proteção do meio ambiente o Art. 227 da Constituição Estadual de 1989, diz: “O meio ambiente é do uso comum do povo e essencial a qualidade de vida, sendo dever do estado defende-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. Como já foi discutido na Constituição Federal, o Art. 240 da Constituição Estadual da Paraíba de 1989 estabelece que: “O Estado e os municípios, de acordo com a União, zelarão pelos recursos hídricos e minerais”. A Constituição Estadual da Paraíba de 1989 é muito clara quanto às maneiras de exploração dos recursos minerais. Logo em seu primeiro parágrafo é determinado que: “Ao agente poluidor cabe o ônus da recuperação ambiental assegurando, nos termos do compromisso condicionante do licenciamento, na forma da Lei”. O segundo parágrafo afirma que: “O comprador do produto da extração mineral só poderá adquiri-lo se o vendedor apresentar a devida licença ambiental, na forma da Lei”. Dessa maneira, obriga a empresa mineradora enquadrar-se dentro da Legislação em vigor para exercer a atividade de mineração de forma correta. Os recursos minerais, assim como, todo o meio ambiente, são fiscalizados e protegidos pelo Plano Diretor e a Lei Orgânica Municipal. Essas leis regulamentam e autorizam toda e qualquer utilização de recursos minerais nos municípios, elas são consideradas como ferramentas fundamentais para a proteção do meio ambiente. Para o licenciamento de ações e atividades modificadoras do meio ambiente com impactos significativos, a legislação prevê a elaboração, pelo empreendedor do Estudo de Impacto Ambiental - EIA e respectivo Relatório de Impacto Ambiental – RIMA, (IBAMA, 2002). Todos esses documentos deverão ser apresentados para a obtenção da licença prévia para a atividade de exploração de recursos minerais. Em determinação a Constituição Federal Brasileira, torna-se obrigatório o Estudo de Impacto Ambiental (EIA). Para o processo de licenciamento de acordo com o Art. 225, § 1º determina que cabe ao poder público (órgão licenciador do meio ambiente) “exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de degradação significativa ao meio ambiente, estudo prévio de impacto 35 ambiental, a que se dará publicidade”. Em função dessa determinação e sabendo que todo o empreendimento que seja potencialmente degradador ao meio ambiente, precisa de licenciamento ambiental para a sua atividade de mineração, pois esse procedimento deverá ser constitucionalmente realizado através de um EIA. Com o intuito em “simplificação do processo”, grande parte dos órgãos licenciadores vem abolindo o EIA em relação ao processo de licenciamento ambiental para os empreendimentos de menor porte. Porém, todos os empreendimentos que realizam a extração de minerais, independentemente do seu tamanho, o meio ambiente estará potencialmente sempre degradado. Observado no mesmo Art. 225 da constituição Federal Brasileira, no § 2º, é determinante que “Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei”, ou seja, a degradação ocorre no meio ambiente devido a extração mineral, sua realização é possível desde que se realize uma posterior recuperação da área que foi explorada. Portanto, todo e qualquer licenciamento de atividades de extração mineral, deverá obrigatoriamente ser realizado através de EIA – Estudo de Impacto Ambiental. Caso realize-se de maneira contrária, esse processo estará sendo realizado de forma inconstitucional. O Código da Mineração lista uma série de requisitos para o exercício da atividade, o Ministério de Minas e Energia (MME) em parceria com o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), atuam em consonância com o licenciamento ambiental executado pelos órgãos de meio ambiente. Citado anteriormente, o DNPM é o órgão regulamentador no setor da mineração no Brasil, ou seja, esse órgão é responsável por fiscalizar e preparar todas as devidas autorizações para a exploração e extração dos minerais, porém em cada estado do país existe um órgão responsável pelo licenciamento ambiental. No caso, o órgão responsável no Estado da Paraíba é a SUDEMA (Superintendência de Administração do Meio Ambiente). Além disso, a Lei 6.938 da legislação ambiental no Brasil através da Resolução do Conama 001/86, regulamenta os empreendimentos aptos de licenciamento ambiental, incluindo esses a mineração, sabendo que, os pontos principais dessa resolução em torno da mineração, é que toda e qualquer atividade voltada à 36 mineração é obrigatório o licenciamento ambiental, além de ser feito todo um estudo prévio de impacto ambiental naquela área por equipes especializadas. Não são apenas as Leis que devem funcionar nessas situações, colocar pessoas competentes e bem capacitadas também ajudam para esse meio. É de fundamental importância uma interação entre estas duas ferramentas, caminhando sempre juntos paralelamente, para que o meio ambiente esteja sempre protegido como manda a Constituição Federal do Brasil. 37 3 METODOLOGIA E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO 3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA A sistemática adotada para o desenvolvimento deste trabalho foi através de estudo de campo, com abordagem qualitativa e descritiva dos dados, com os quais foram identificados todos os possíveis problemas envolvidos nas atividades de mineração em pedreiras a céu aberto, deixando claro as descrições dos aspectos naturais da área de estudo e dos impactos socioambientais da pedreira, destruição ambiental e complicações para a saúde do ser humano resultantes da mineração. 3.2 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS Foi utilizado para a coleta de dados do estudo, o levantamento bibliográfico por meio de sites, livros, artigos e revistas. 3.3 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS A coletadas informações aconteceu por meio de visita à empresa, e observações aos moradores vizinhos às instalações da mineradora, e em seguida descritas no próprio trabalho. Portanto, o trabalho se norteia basicamente em coletas e levantamentos de dados, com aprovação do examinado em fotografias e pesquisas de campo na área. Com isso, as etapas das atividades compreenderam em: 1. Pesquisa bibliográfica: monografias, artigos voltados ao tema, periódicos e trabalhos técnicos. 2. Pesquisa em fontes secundárias: sites de entidades públicas direcionadas ao meio ambiente, censos, legislação, anuários estatísticos e documentos. 3. Pesquisa de campo: confrontação dos problemas, registro fotográfico e entrevistas 38 Através das fotografias que foram obtidas nas pesquisas de campo, na etapa de produção foram elaboradas análises e interpretações, que permitiram determinar os principais impactos ambientais da atividade. 3.4 CAMPO DA PESQUISA A pesquisa foi desenvolvida no período de janeiro a junho de 2017, na matriz da Mineradora X, situada no município de Gurinhém-PB, (Ver Mapa 3.1). Mapa 3.1 - Localização da Mineradora X Fonte: Google Maps, 2017 A área de estudo, está situada próximo a zona urbana de Gurinhém-PB e na Mesorregião do Agreste Paraibano, pertencendo à Microrregião de Itabaiana-PB. O município está distante 83 Km da capital João Pessoa. Suas coordenadas geográficas são 7º 7’ 22’’ de Latitude Sul e 35º 25’ 21’’ de Longitude Oeste. Gurinhém possui fronteiras municipais com Alagoa Grande, Caldas Brandão, Mulungú, Juarez Távora, Mogeiro, São José dos Ramos e Marí, (Ver mapa 3.2). 39 Mapa 3.2 - Localização do município de Gurinhém – PB com acesso rodoviário Fonte: Google Maps, 2017 A Mineradora X é uma empresa privada que há pouco mais de dois anos atua no mercado de mineração da região, extraindo e beneficiando rochas graníticas, numa área aproximadamente de 48,66 hectares, marcando sua participação direta no mercado da construção civil. Tem como substância mineral extraída o granito (citado anteriormente) e possui como metodologia de lavra a mineração a céu aberto. A opção em escolher a empresa como base de estudo, aconteceu pelo fato em que a mesma se encontra a aproximadamente 1,5 Km distante da zona urbana da cidade (Mapa 3.3), causando assim incômodos e impactos ambientais negativos nessa região. Tendo como base de análise para o entendimento e caracterização dos impactos, a resolução do Conama Nº 001 de 23/01/1986, no qual trata a respeito do licenciamento ambiental e dos impactos ambientais relacionados a esse tipo de empreendimento, foi utilizado imagens fotográficas para registro dos impactos das atividades de exploração mineral, além de estudo de campo no qual é possível analisar os impactos gerados pela atividade de mineração. 40 Mapa 3.3 - Proximidade da Mineradora X com a zona urbana Fonte: Google Maps, 2017 Como mostrado anteriormente, o acesso a Mineradora X é bastante facilitado devido a sua proximidade com a PB-063. 3.5 GEOLOGIA Inserida na porção mais oriental do embasamento cristalino paraibano, a área do projeto constituiu-se de terrenos pré-cambriano, representados predominantemente por rochas graníticas-gnáissicas. Segundo os dados apresentados pelo CPRM (2015, com relação aos solos, nos patamares compridos e baixas vertentes do relevo suave ondulado ocorrem os Planossolos, mal drenados, fertilidade natural média e problemas de sais; nos topos e altas vertentes, os solos Brunos não Cálcicos, rasos e fertilidade natural alta; nos topos e altas vertentes do relevo ondulado ocorrem os Podzólicos, drenados e fertilidade natural média e as elevações residuais com os solos Litólicos, rasos, pedregosos e fertilidade natural média. 41 Mapa 3.4 - Mapa Geológico do Município de Gurinhém Fonte: CPRM, 2005 3.6 GEOMORFOLOGIA A área do projeto está encravada na unidade Geomorfológica denominada Depressão Sertaneja, no seu setor definido como Depressão Pré-litorânea, que se dispõe a retaguarda dos tabuleiros costeiros e se estende até o sopé da vertente oriental do Planalto da Borborema, caracterizando-se como área dissecada em pequenos interflúvios. A geomorfologia da área do projeto caracteriza-se por apresentar encostas convexas com processo de reptação e de coluvionamento generalizados. A 42 dissecação é intensa traduzida por feições de topos aguçados que formam o maciço residual da Serra do Cajá. 3.7 RECURSO HÍDRICOS A área estudada integra a Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba, em seu médio curso, sub-bacia do Rio Gurinhém, sendo este o principal curso d’água na área de influência do projeto. A drenagem apresenta uma configuração predominante dendrítica aberta, com escoamento de oeste para leste. Compõe a rede de drenagem na área riachos temporários de pequena expressão e cursos d’água intermitentes que surgem por ocasião das chuvas, afluentes do rio Gurinhém. 3.8 FLORA E FAUNA A vegetação é representada pela Caatinga Arbórea/Arbustiva aberta, composta de árvores e arvoretas sobre um estrato herbáceo estacional. Sua composição florística é bastante simples, observando-se baixa diversidade de espécies. O processo regenerativo faz-se em função da competição entre seus elementos constitutivos, predominando aquelas espécies mais comuns da Caatinga. Podem ser encontradas algumas espécies características de outras formações florestais que se adaptaram as condições do ambiente. A cobertura vegetal na área do empreendimento encontra-se bastante descaracterizada, devido principalmente a interferência das ações antrópicas. Além deste fator, a vegetação tem seu desenvolvimento limitado por parâmetros tais como: solos espessos ou ausentes, relevos e substrato rochoso. Apesar de toda a área ser caracterizada como de Caatinga, nas proximidades dos cursos d’água, dadas as condições favoráveis as espécies mostram-se mais exuberantes, sendo nesses locais delimitada a zona ribeirinha ou mata ciliar 43 3.9 ASPECTOS CLIMÁTICOS A área do projeto está situada na região fisiográfica Pré-litorânea do Estado da Paraíba, à barlavento do Planalto da Borborema, o qual funciona como uma barreira orográfica, onde o clima é mais ameno, com maior frequência de chuvas. 3.10 MEIO ANTRÓPICO O município de Gurinhém possui, segundo o censo demográfico ano 2000 (dois mil) do IBGE, 13.182 (treze mil, cento e oitenta e dois) habitantes, sendo 6.593 (seis mil, quinhentos e noventa e três) homens e 6.589 (seis mil, quinhentos e oitenta e nove) mulheres. A maior parte da população é rural 7.639 (sete mil, seiscentos e trinta e nove) e a urbana 5.543 (cinco mil, quinhentos e quarenta e três). O número de população com mais de 10 (dez) anos de idade é de 10.304 (dez mil, trezentos e quatro) habitantes, das quais 5.686 (cinco mil, seiscentos e oitenta e seis) são alfabetizadas, representando 55,2%. Essas pessoas dispõem de 31 (trinta e uma) escolas de Ensino Fundamental I (um) e II (dois), sendo 3 (três) pertencentes ao Governo do Estado, sendo uma na zona urbana e duas na zona rural. Existem ainda 27 (vinte e sete) escolas municipais, onde 2 (duas) estão situadas na zona urbana e 25 (vinte e cinco) na zona rural. 44 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1 ÁREA DE SERVIDÃO No interior da área reservada, o solo é utilizado apenas para aplicação de pequenos roçados com plantação de milho,feijão e melancia. Entretanto, serão tomadas as seguintes medidas: • A vegetação no entorno da área de trabalho da mina deverá ser conservada para atenuar o impacto visual; • Proibir queima da cobertura vegetal; • Evitar remover juntamente com o solo fértil, níveis de subsolo, ou materiais incompatíveis como fragmentos de rocha e lixo; O solo fértil removido deverá ser conservado na recuperação da área minerada notadamente das praças. 4.2 VIDA ÚTIL DA JAZIDA Como a jazida não foi cubada, não foi determinada a sua vida útil. Portanto, pelo potencial do jazimento e levando em consideração a escala de produção estabelecida, a mesma apresentará uma vida útil acima de 20 anos. 4.3 DIAGNÓSTICO AMBIENTAL Durante a elaboração deste projeto foi realizado um estudo através de observações das operações a serem realizadas no processo produtivo e, avaliados quais os principais impactos provocados no caso de não se tomar nenhuma medida de prevenção ou minimização dos efeitos. 4.4 ÁRE DE INFLUÊNCIA DIRETA O diagnóstico ambiental do presente estudo abrange exclusivamente a área de influência da área de trabalho. 45 Os efeitos provocados diretamente são: danificação das vias de acesso internas, compactação do solo, perturbação da fauna, ruídos, poeiras e alterações morfológicas. Outros efeitos provocados pela atividade são decorrentes da limpeza da área, deposição do rejeito, extração e carregamento do minério. 4.5 IDENTIFICAÇÃO DOS IMPACTOS ADVERSOS NA ÁREA DE ESTUDO De acordo com o que foi estudado e observado no local da pesquisa, os impactos negativos emitidos pela atividade de mineração têm muito a ver com cada etapa de sua produção. A seguir é possível conhecer as adversidades geradas por essas etapas. 46 Tabela 4.1 - Adversidades geradas nas atividades I - PREPARAÇÃO E DESENVLVIMENTO DA MINA Erosão Adensamento Alteração de qualidade do solo Poeiras, ruídos e gases Assoreamento Perturbação da fauna terrestre/ornitofauna II - REMOÇÃO CAPEAMENTO Alteração morfológica Alagamento Adensamento Alteração da disponibilidade do solo Poeiras, ruídos e gases III - PERFURAÇÃO A AR COMPRIMIDO Emissão de ruídos e poeiras Instabilidade de taludes Acidentes de trabalho Perturbação da fauna Emissão de gases IV - DESMONTE Alteração morfológica Instabilidade de taludes Emissão de ruídos e poeiras Perturbação da fauna Acidentes de trabalho Gases V – TRANSPORTE E CARREGAMENTO Emissão de poeiras, ruídos e gases Perturbação da fauna Acidentes de trabalho Adensamento VI - DEPOSIÇÃO DO ESTÉRIL Erosão Adensamento Assoreamento Instabilidade de taludes Alteração da qualidade do solo Emissão de poeiras, ruídos e gases Perturbação da fauna VII DESATIVAÇÃO DA FRENTE DE LAVRA Erosão Assoreamento Alargamento Instabilidade de taludes Fonte: Acervo pessoal, 2017 47 4.6 ETAPAS DE PRODUÇÃO DO GRANITO PARA OBTENÇÃO DA BRITA Através desse estudo, foi possível conhecer um pouco as etapas do beneficiamento mineral, desde o decapeamento até o consumidor final. Vamos a seguir, conhecer algumas etapas desse processo: 4.6.1 Etapa nº 1: Processo para obtenção da brita A obtenção dos materiais de disponibilidade comercial para a construção civil, é por meio de um conjunto de interações que permitem a remoção de rocha natural da mina, diminuição de suas formas e tamanhos, para que sejam compatíveis a serem utilizados e aplicados em obras ligadas a engenharia. 4.6.2 Etapa nº 2: Decapeamento O decapeamento serve para efetuar a limpeza das bancadas, isso se dar início com a remoção da camada vegetal e posteriormente a do solo argiloso. Esse processo é realizado com o auxílio de máquinas e caminhões a fim de remover materiais impróprios para a britagem. Nessa fase, é muito importante preservar boa parte do solo que foi removido, pois ele será essencial na recuperação da área degradada pela lavra. Por esse motivo, é fundamental criar uma área reservada para depósito de solo extraído das operações. Como mostra na Imagem 3.1, o material retirado da área da frente de lavra, está sendo estocado para implantação de uma cerca verde, com intuito em diminuir os impactos ambientais causados pela empresa mineradora na região. 48 Imagem 4.1 - Decapeamento sendo realizado Fonte: Indústrias Nucleares do Brasil (INB), 2016 Feito o decapeamento através da remoção do solo residual, a superfície se torna irregular e dificulta as primeiras etapas de perfuração e desmonte. É sempre recomendável, fazer uma verificação superficial no local, se possível uma limpeza, para evitar o máximo ultralaçamentos de fragmentos de rochas naquela área. 4.6.3 Etapa nº 3: Perfuração no corpo rochoso A perfuração da rocha sã é realizada pela empresa mineradora, porém sua responsabilidade limita-se apenas nessa atividade. Pois os serviços de colocação dos explosivos na malha dimensionada e denotações por exemplo, são feitos por empresa terceirizada e que possui total controle do Exército Nacional Brasileiro. 49 Foto 4.1 - Perfuração com marteletes hidráulicos Fonte: Acervo pessoal, 2017 Para esse procedimento, é utilizada a perfuração rotativa com o uso de marteletes hidráulicos, os mesmos com hastes de aço de 6,40m (seis e quarenta) metros de comprimento, diâmetro do furo é de 7/8” (sete por oito) polegadas que são utilizados na malha de perfuração de 0,80m x 1,30m. Todo o processo de colocação dos explosivos até sua detonação é monitorado pela empresa responsável, havendo sempre comunicação interna, externa e toda uma preocupação com os arredores da área da mineradora. 4.6.4 Etapa nº 4: Desmonte com uso de explosivos Seguinte após a etapa de perfuração do corpo rochoso, dar-se início ao desmonte com as detonações. Tradicionalmente com o uso de explosivos, a lavra se desmonta em blocos e fragmentos de tamanhos diversos. Apesar dos vários problemas de ordem ambiental como, ruídos, vibrações e ultralaçamentos transmitidos a vizinhança, causados por utilização intensa de explosivos no desmonte em pedreiras, o mesmo se torna eficaz devido aos baixos custos envolvidos se comparados ao desmonte de forma mecânica. Planejar um desmonte é de fundamental importância pois é algo que envolve diversos fatores, principalmente o controle com os objetivos almejados com o desmonte e que sejam efetivamente alcançados, desde a técnica aplicada pela equipe de desmonte a escolha dos corretos equipamentos de perfuração, a distribuição, 50 diâmetro, profundidade dos furos e o tipo de explosivo correto a ser utilizado que são, por exemplo, fatores importantes para a obtenção de sucesso em pedreiras, porém, não podemos deixar de lado as condições geológicas, que de acordo com o projeto possui um papel fundamental no processo que envolve o desmonte. Os tipos dos explosivos utilizados para as detonações variam de acordo com, a geometria imposta na furação do maciço rochoso, a inclinação da detonação e essas características do maciço são responsáveis pela fragmentação e consequentemente a formação da pilha desmontada. Foto 4.2 - Bancada em processo de desmonte Fonte: Acervo pessoal, 2017 Geralmente o desmonte em pedreiras segue o procedimento bancadas simples ou bancadas múltiplas, variando apenas do porte e condicionamento geológico e topográfico do maciçorochoso. 4.6.5 Etapa nº 5: Transporte da mina para britagem O material do desmonte é carregado e transportado tradicionalmente por escavadeira hidráulica (no modo geral) e em caminhões basculantes, desde as frentes das lavras até a planta de britagem primária. 51 Foto 4.3 - Caminhão basculante utilizado no transporte do mineral Fonte: Acervo pessoal, 2017 Com capacidade de 20m³ de volume, o transporte por caminhão basculante também é o meio mais utilizado para levar o produto até o consumidor final. 4.6.6 Etapa nº 6: Processo de britagem O processo de britagem tem como intenção modificar a granulometria da rocha extraída em dimensões cada vez menores. Esse processo normalmente acontece em sete etapas nas quais é citado a seguir: • Britagem primária • Britagem secundária • Britagem terciária • Britagem quaternária • Peneiramento • Classificação e • Lavagem. A seguir, conheceremos os diâmetros máximos para alimentação de cada um dos britadores. 52 Tabela 4.2 - Granulometria máxima permitida para cada processo de britagem Estágio de Britagem Tamanho Máximo de Alimentação (mm) Tamanho Máximo de Produção (mm) Britagem Primária 1000 100,0 Britagem Secundária 100 10,0 Britagem Terciária 10 1,0 Britagem Quaternária 5 0,8 Fonte: Tratamentos de minérios, 2010 Ao longo desse estudo iremos apresentar cada um deles de maneira clara e objetiva. A seguir, como mostra na Foto 4.4, iremos conhecer o britador tipo “mandíbula”, ou seja, esse é o britador primário. Foto 4.4 - Britador primário, principal entrada da planta de britagem Fonte: Acervo pessoal, 2017 4.6.6.1 Etapa nº 6.1: Britagem primária A principal função da britagem primária (britador de mandíbulas) é transformar a rocha sã extraída da mina em dimensões menores, de maneira que a mesma possa ser utilizada nas etapas seguintes a obtenção da brita ou em diversas outras formas granulométricas. Nesta etapa, adiciona-se água nos fragmentos de rochas de modo a diminuir a brasão e possivelmente a poeira. Seu produto o cascalho é pouco 53 consumido e geralmente quando utilizado, é na produção de Betão ciclópico e em gabiões. Foto 4.5 - Redução da granulometria após o britador primário Fonte: Acervo pessoal, 2017 Após passar pelo britador primário, a rocha sã extraída da mina é transformada em cascalho como foi mostrado na (Foto 4.5). 4.6.6.2 Etapa nº 6.2: Britagem Secundária Com o nome propriamente dito, esse processo está na segunda linha de produção. Através de esteiras rolantes, este recebe a brita proveniente do britador primário triturando-as e como na etapa anterior, sua função é continuar a reduzir as dimensões desse material. Com o processo neste britador, todo o material que for retido no primeiro peneiro que é o peneiro vibratório, será conduzido de volta para o britador primário, de tal maneira que este seja novamente triturado. É após essa etapa, que começa a separação das britas de acordo com o tamanho granulométrico das mesmas. 54 Foto 4.6 - Planta de britagem com o britador secundário em foco Fonte: Acervo pessoal, 2017 A Foto 4.6, destaca em primeiro plano o britador terciário e também o britador quaternário. 4.6.6.3 Etapa nº 6.3: Britagem terciária A terceira etapa da britagem, recebe o material proveniente do britador secundário, onde esse material é lançado dentro de um compartimento circular fechado, ocorrendo várias colisões entre os fragmentos de pedra, proporcionando com isso uma correção na granulometria do agregado, isto é, dar uma única forma à brita para melhor compactação na produção do betão. 55 Foto 4.7 - Britador terciário como penúltima etapa de britagem Fonte: Acervo pessoal, 2017 O material que foi produzido anteriormente, será conduzido ao britador de impacto vertical (VSI). Durante essa etapa, o material deverá ser lançado dentro de um compartimento fechado, para provocar colisões entre as partículas e consequentemente, proporcionar a correção do formato dos agregados. 4.6.6.4 Etapa nº 6.4: Britador quaternário Definida está como sendo a última etapa de produção mineral para a obtenção da brita. O britador quaternário é em uso geral mais utilizado para a produção de areia, porém no caso da Mineradora X, utiliza-se para a produção do pó de pedra, onde sua granulometria é < 0,075mm. 56 Foto 4.8 - Britador quaternário em etapa de produção Fonte: Acervo pessoal, 2017 O britador quaternário realiza a última etapa do processo de britagem. 4.6.7 Etapa nº 7: Peneiramento, classificação e lavagem Todo o material produzido após a britagem secundária é submetido aos procedimentos de peneiramentos em peneiras do tipo vibratórias inclinadas. Durante essa fase da britagem, estão instalados nas estruturas, bicos injetores de água para o material que está em processo de peneiramento. O maior objetivo para essa injeção de água durante o peneiramento, seria retirar o excesso de material pulverulento dos fragmentos do agregado e consequentemente eliminar a emissão de pó no ambiente externo. Segundo a NBR 7211 (ABNT, 2009), podemos classificar a granulometria da brita de acordo com o tamanho dos grãos. Com esse pensamento, foi possível conhecer na Mineradora X, o pó de brita, brita nº0, brita nº1, brita nº2, brita nº3 e brita nº4. 4.6.8 Etapa nº 8: Produto final A brita é considerado produto artificial, pois ela é o resultado natural do processo que envolveu a rocha sã, ela possui vários tamanhos fragmentados e cada 57 um deles tem um uso específico na construção civil. Sua qualidade deverá ser provada realizando sempre um ensaio granulométrico do material para ver sua consistência. Através do estudo, foi possível verificar que a Mineradora X dispõe das seguintes opções de brita: • Pó de pedra (brita) na malha de 5 mm – geralmente utilizado na obtenção de concreto de textura fina, por exemplo, calçadas e de modo geral na fabricação de pré-moldados, auxilia também na estabilização do solo na produção de argamassa, dentre outros, (Ver foto 4.9). • Brita nº 0 ou pedrisco na malha de 12 mm - aplica-se na produção de pré- moldados, nos quais poderíamos citar blocos de concreto para fundação, lajes e vigotas pré-moldadas, tubos, paralelepípedos de concreto, dentre outros, (Ver imagem 4.2). • Brita nº 1 malha 24 mm – popularmente conhecida como “brita 19”, possui o dobro da brita 0. De modo geral, essa é mais utilizada em todos os procedimentos da construção civil. Utilizada para concretar lajes, vigas e pilares nas construções de pequena a médio porte, (Ver imagem 4.3). • Brita nº 2 malha 30 mm – esse produto só é utilizado na confecção de um concreto com maior resistência devido a carga que será suportada por ele, (Ver imagem 4.4). • Brita nº 3 malha de 38 mm – esse produto não é muito utilizado em processos normais na construção civil, geralmente em aterro, nivelamento de ferrovia, dentre outros, (Ver imagem 4.5). A seguir, iremos conhecer cada um desses produtos que são disponibilizados pela empresa Minerador X, conhecendo também a granulometria de cada um deles. Através das Imagens 3.2 a 3.4, teremos a noção exata de cada produto. 58 4.6.8.1 Pó de Brita Como foi falado anteriormente, o pó de brita é um produto de granulometria bastante fina e sua procura no mercado já não é tão presente quanto aos demais produtosda categoria. Quando usado, serve para produzir betão de textura fina em pavimentos, estabilizador de solo na produção de argamassa para contrapiso e utilizado também na produção de produtos pré-moldados. Esse, é o menor produto produzido na planta de britagem, desde o britador primário até o britador quaternário. • Sua granulometria é <0,075 mm • Aplicado em pavimentos flexíveis e rígidos, manilhas e também e na confecção de pré-moldados. Foto 4.9 - Estocagem do pó de pedra produzido Fonte: Acervo pessoal, 2017 4.6.8.2 Brita nº0 • Possui uma granulometria variando entre 4,8 mm a 9,5 mm 59 • Geralmente aplicado em lajes pré-moldadas e usinas de asfalto e de concreto. Imagem 4.2 - Brita nº0 Fonte: Site Mineração Santiago, 2016. 4.6.8.3 Brita nº1 • Com granulometria variando de 9,5 mm a 19 mm • O produto mais utilizado na construção civil, serve para concretagem em lajes, vigas, pilares, pisos, dentre outros. Imagem 4.3 - Brita nº1 Fonte: Site Mineração Santiago, 2016. 60 4.6.8.4 Brita nº2 • A granulometria do produto varia de 19 mm a 25 mm • Geralmente utilizado em pisos dos estacionamentos ou em concretos mais grossos Imagem 4.4 - Brita nº2 Fonte: Site Mineração Santiago, 2016. 4.6.8.5 Brita nº3 • Granulometria variando de 25 a 50 mm • É mais utilizado em ferrovias e em reforços de pistas. Imagem 4.5 - Brita nº3 Fonte: Site Mineração Santiago, 2016. 61 4.7 BOTA-FORA Local destinado para deposição de todo estéril produzido pela mina. No estudo, foi observado que a empresa mineradora está preparando uma área em torno de suas instalações, para iniciar o plantio de uma cerca verde, com intuito de diminuir a poluição sonora e do ar naquela localidade. Foto 4.10 - Depósito do solo removido da mina Fonte: Acervo pessoal, 2017 Porém, como mostra as Fotos 4.10 e 4.11, o local que inicialmente está sendo preparado para uma futura cerca verde, contém uma mistura do solo residual local retirado do decapeamento, com resíduos minerais produzidos pela empresa Mineradora X. Onde o correto seria o armazenamento dos respectivos materiais em locais diferentes. 62 Foto 4.11 - Local preparado para a implantação da cerca verde Fonte: Acervo pessoal, 2017 É perceptível o impacto ambiental nesse local, a vegetação enfrenta barreiras para o seu renascimento, as erosões comumente vistas ao longo da visita ao local, essas que, assoreiam os rios e reservatórios de águas da região com resíduos minerais levados pelas águas das chuvas. 4.8 PÚBLICO ALVO Como foi mostrado anteriormente, a empresa Mineradora X produz diversos produtos para o mercado. Sua metodologia é fornecer um produto de boa qualidade e com um valor acessível ao mercado, onde possa atender as várias classes sociais tendo como foco principal o setor da construção civil. Sua produção é voltada a atender a demanda solicitada, com isso seus produtos vão de acordo com as necessidades de cada cliente. A mesma possui um estoque de material suficiente para atender a demanda diária, este estoque é constantemente renovado, ficando assim disponível a qualquer hora do dia para ser distribuído ao consumidor final. 63 4.9 DADOS DE PRODUÇÃO DA MINERADORA X Segundo o responsável técnico da Mineradora X, a produção média dessa mina gira em torno de 15.000 m³ (quinze mil metros cúbicos) por mês e uma produção anual variando de 150.000 m³ (quinze mil metros cúbicos) a 180.000 m³ (cento e oitenta mil metros cúbicos). Com o período chuvoso, essa produção sofre redução de aproximadamente 13,5% (treze e meio porcento) a 18% (dezoito porcento). Com as informações colhidas ao responsável técnico da mineradora, são utilizados em média 6 (seis) detonações anuais, as mesmas com intervalos entre elas a cada 60 (sessenta) dias. O principal produto resultante que atende ao mercado em cerca de 85% (oitenta e cinco por cento) é a brita nº1, com os demais divididos igualmente entre si. O valor médio do metro cúbico (com frete) encontrado no mercado é em torno de R$ 90,00 (noventa) a R$ 95,00 (noventa e cinco) reais, com variação de aproximadamente de 6% (seis porcento). Com a produção mensal girando em torno de 15.000m³ (quinze mil metros cúbicos), são transportados diariamente 100 (cem) caminhões basculante com capacidade de volume de 20m³ (vinte metros cúbicos) cada um, da mina até o britador primário, dentre os quais, 60 (sessenta) deles é para a produção diária e os outros 40 (quarenta) para o turno da noite, segundo esses os dados repassados pelo responsável técnico da mineradora. Apesar dessas informações, podemos observar que todo o material transportado da mina durante o dia, não é processado, pois é feito um estoque nas intermediações do britador primário e quando possível processa esse material. 4.10 ALTERAÇÕES AMBIENTAIS DEVIDO A MINERAÇÃO DE GRANITO As alterações ao meio ambiente decorrentes a atividade de mineração, é sentida diretamente tanto no meio físico como também no meio biótico. Alguns problemas foram observados com relação aos trabalhadores que fazem parte da mina, o contato direto com poeiras e o risco eminente no contato com explosivos, podem causar sérios danos para aqueles que trabalham diretamente naquele meio. Como mostra a Foto 4.12, para a extração da jazida mineral houve um desmatamento muito acentuado na área da mina., com isso, a vegetação nativa das 64 intermediações ao processo de extração, não resistiram aos impactos ambientais sofridos no local e vieram a desaparecem com o tempo. Foto 4.12 - Desmatamento na área da mina Fonte: Acervo pessoal, 2017 Com isso, o desmatamento no local foi sendo acentuado para a implantação das operações de extração de lavra da mina, de tal maneira que atendesse especificamente os propósitos da extração do granito. Na área de mineração, foi possível perceber o quanto o solo é poluído, desde a parte do desmonte da rocha sã, como mostra a (Foto 4.13). Foto 4.13 - Lixo na área de desmonte da rocha sã Fonte: Acervo pessoal, 2017 65 Na área de desmonte, notou-se que existem materiais não utilizados largados naquele ambiente, e que durante as explosões esses materiais precisam ser retirados para não serem lançados, evitando assim, o risco de causar algum acidente. Foto 4.14 - Contato direto de produto químico como o solo Fonte: Acervo pessoal, 2017 Através da Foto 4.14, é possível perceber o descaso com o meio ambiente, materiais que não são mais utilizados pela empresa, óleos lubrificantes, tanques de combustíveis, betoneiras, dentre outros, uma imagem rica em detalhes de como o meio ambiente é tratado nesse ambiente. A manutenção de veículos provenientes da atividade de mineração, também é considerado um efluente poluidor ao meio ambiente. A seguir, podemos ver a poluição da água devido ao contato com máquinas em operações na mina, óleos lubrificantes, produtos químicos envolvidos na utilização de explosivos, dentre outros, correndo riscos desse material ser levado nos períodos chuvosos ao leito dos rios, causando assim uma degradação ainda maior. 66 Foto 4.15 - Água poluída com dejetos de produtos químicos Fonte: Acervo pessoal, 2017 Na Foto 4.16, é possível perceber erosões no material depositado, uma das causas possíveis é a falta de vegetação nesse local. A imagem nos mostra também que, existe um armazenamentode resíduo do solo local que foi da área de decapeamento, com os resíduos extraídos da mineradora, onde deveriam obrigatoriamente estarem separados. Foto 4.16 - Erosões Fonte: Acervo pessoal, 2017 67 É preciso ter cuidado com esse tipo de erosão, pois o material erodido pode chegar com facilidade ao leito dos rios, causando assoreamento e levando poluição aos recursos hídricos da região. Outro fator importante e que foi observado, é a incidência de vibrações no local decorrentes as detonações, tráfego de veículos pesados e também ao processo de britagem, causando incômodos a população vizinha. O ruído do britador, pode ser ouvido em um raio de 3000m (três mil metros) de distância da mina e a poeira emitida por eles, faz com que a empresa faça o uso de água coletada nas próprias instalações, buscando sempre amenizar esse meio poluidor. De qualquer forma, a qualidade do ar é alterada devido a emissão de poeira no processo de obtenção da brita. Já com o relacionamento pessoal da empresa com os moradores vizinhos as intermediações da Mineradora X, há incômodos, pois expressam conflitos críticos quanto em relação a atividade de beneficiamento de mineral, pois em seus relatos, afirmam desconfortos quanto a conviver diariamente com poeiras, vibrações, barulhos e fissuras em suas residências, dentre outros... E por fim com as propriedades vizinhas, pois houve uma certa desvalorização devido as atividades de mineração da empresa no local. Devido aos barulhos, detonações, tráfegos de veículos pesados, vibrações, emissão de poeiras, dentre outros, hoje já não é tão fácil vender um terreno próximo a esse local, pois não é todo mundo que queira conviver com esse tipo de perturbação diariamente. 4.11 ANÁLISE DE DADOS Como etapa final, após a coleta de todo o levantamento bibliográfico como embasamento teórico, a pesquisa denominara-se de mineração de pedreira a céu aberto, foi preparado um estudo de análise aplicado a extração e mineração de granito, atividade de extração está realizada através da empresa Mineradora X, situada no Município de Gurinhém-PB. 68 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante dos dados que foram apresentados ao longo deste estudo, pode-se concluir que, a extração mineral para a obtenção do granito é uma atividade de fundamental importância socioeconômica para o município de Gurinhém, porém, devemos destacar que essa atividade gera impactos significativos ao meio ambiente e a grande maioria desses impactos é de caráter negativo, onde na maior parte deles são considerados irreversíveis, com isso, os impactos gerados se não forem tratados devidamente, poderão comprometer o bem-estar social de toda uma população que ali vive nas imediações desse ambiente de mineração. Não é possível combinar a mineração e o meio ambiente desde que sejam observados os princípios do desenvolvimento sustentável, utilizando-se necessariamente dos instrumentos da gestão ambiental nos diversos empreendimentos que fazem parte dessa grande atividade, com a intensão em obter sempre o melhor aproveitamento dos recursos minerais disponíveis e consequentemente reduzir os impactos negativos que são gerados dessa atividade ao meio ambiente. A atividade de exploração, extração e beneficiamento de granito realizado pela Mineradora X, gera divisas, empregos e renda como os impactos positivos dessa atividade, porém por outro lado como impactos negativos, foram constatados as principais alterações ambientais no local e no entorno da pedreira tais como desmatamento, decapeamento do solo, desmonte do corpo rochoso, ruídos, vibrações e poeiras das explosões, além de gerar poluição nos recursos hídricos, no solo, sobre o ar, na flora e fauna, e como já foi citado anteriormente compromete bastante a saúde e o bem-estar da população. Com relação aos conflitos vividos com a comunidade vizinha da mineradora em Gurinhém-PB são bem visíveis. Durante o estudo, percebeu-se que as reclamações são constantes quanto aos ruídos, poeiras, lançamentos de detritos e vibrações, no entanto a Mineradora X tenta de maneira técnica sanar esses problemas e diminuir o máximo possível as reclamações vindas da comunidade, lembrando que os danos a esses moradores são alarmantes, prejuízos esses que a mineradora não cobre. Segundo relatos dos moradores, os mesmos alegam que a Mineradora X dá pouca importância aos desconfortos vividos por essa vizinhança e que as vezes os mesmos não têm suas reclamações atendidas pela empresa, chegando ao ponto de muitos 69 destes moradores quererem vender suas casas e alocarem-se em lugares mais distantes do atual, porém existe uma certa resistência em sair e desfazer de seus patrimônios, pois o valor sentimental do local está acima de tudo, inclusive das dificuldades vivenciadas diariamente por esses moradores. Essa atividade de mineração no município precisa de melhores planejamentos, fiscalização, monitoramento, investimentos em tecnologias, além de ações e políticas públicas, a fim de acabar com as irregularidades e ter um plano de mitigação na geração dos impactos negativos. Por outro lado, é muito importante a presença das instituições públicas nesse meio, pois são elas que representam a sociedade e tem o dever de fiscalizar e fazer cumprir a legislação em vigor. A lei sendo aplicada, é possível aperfeiçoar a atuação da mineração, elevando ao máximo a contribuição da atividade para o bem-estar social. Enfim, podemos destacar que a atividade de mineração é indispensável para o desenvolvimento de uma região e muito importante para a economia, como também, para o crescimento de um país, porém, devido ao seu alto risco de degradação ambiental, suas consequências devem ser estudadas de forma específica, para o bem-estar das gerações presentes e futuras. Apesar disso, é importante propor procedimentos e práticas que permitam mitigar todos os impactos negativos gerados por essa atividade, desde o procedimento de exploração até o de beneficiamento do granito, mirando estabelecer o desenvolvimento justo e ambientalmente correto. 70 REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 7211: Agregados para concreto – Especificações. Rio de Janeiro, 2009. BITAR,O.Y. Avaliação da recuperação de áreas degradadas por mineração na região metropolitana de São Paulo. São Paulo: Departamento de Engenharia de Minas, Universidade de São Paulo, 1997. BRASIL sustentável: Economia e meio ambiente no Brasil. Disponível em: <http://www.brasilsustentavel.org.br/meio-ambiente>. Acesso em: out. 2016. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Senado, 1988. BRASIL. Decreto n. 97.632, de 10 de abril de 1989. Regulamenta a Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981, que regula a Secretaria do Meio Ambiente, e dá outras providências. Diário Oficial, Brasília, 10 abr. 1989. CPRM, Serviço Geológico do Brasil. Ministério de Minas e Energia: Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral. Projeto de fonte de abastecimento por água subterrânea. Diagnóstico do município de Gurinhém, estado da Paraíba. Recife: CPRM/PRODEEM, 2005. Disponível em: http://www.cprm.gov.br. Acesso em: jun. 2017 CONAMA, Conselho Nacional de Meio Ambiente. Resoluções do Conama: Resoluções vigentes publicadas entre setembro de 1984 e janeiro de 2012. / Ministério do Meio Ambiente. Brasília: MMA, 2012. 1125p. DAIBERT, João Dalton, SANTOS, Palloma Ribeiro dos. Análise dos Solos - Formação, Classificação e Conservação do Meio Ambiente. Érica,06/2014. 86 p. DIAS, E. G. C. S. Avaliação de impacto ambiental de projetos de mineração no Estado de São Paulo: a etapa de acompanhamento. 2001. Dissertação de Doutorado. 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