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Caderno de Monitoria - Constitucional I Eduardo Moreira

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FACULDADE NACIONAL DE DIREITO 
DIREITO CONSTITUCIONAL I – EDUARDO 
MOREIRA - NOTURNO 
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Sumário 
 
1.0- Como são as Constituições? São várias classificações: ................. 3 
1.1 Elas podem ser: Escritas ou Costumeiras. ................................................................................... 3 
1.2 Dogmática ou Histórica (modo de elaboração): .......................................................................... 4 
1.3 Principiológica e Analítica: .......................................................................................................... 4 
1.4 Rígidas, Flexíveis ou Semirrígidas (atenção nessa classificação): ................................................ 5 
1.5 Promulgada, Outorgada (Ditatorial) e Cesarista: ........................................................................ 5 
1.6 Classificação do Moreira: Estáveis e Instáveis: ............................................................................ 6 
2.0 Algumas considerações sobre o Art.01 da CF/88 e outras normas 
Constitucionais: ................................................................................... 6 
2.1 Objetivos fundamentais: ............................................................................................................. 7 
3.0 Constitucionalismos: .................................................................... 7 
4.0 Diferenças entre constitucionalismo e Estado Constitucional: ..... 9 
5.0 Neoconstitucionalismo: ............................................................. 10 
6.0 – Poder Constituinte: ................................................................... 13 
6.1 – Poder Reformador:....................................................................................................................... 14 
 
 
 
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Monitoria - moreira - aula 
Bibliobrafia: 
Basica: Barroso ( dir. Const. Cont.) / Paulo Bonavides ( malheiros) curso de direito const. 
/ dir. Const: Teoria e metodos de trabalho Daniel Sarmento/ claudio neto 
Complementar: moreira (neoconstitucionalismo: invasao ds const) e reforma const (saraiva) 
Terca que vem nao havera aula 
 
Primeira prva : 31/05 - 2 chamads 02/06 
Segunda prova: 12/07 - 2 chamads 14/07 
Vista 21/07 (19 aplicar prova para rafaela rossi) 
Pf 26/07 
Divulgacao : 28 - 30 
Possiveis imprevistos* 
 
Pessoal, essas são algumas das anotações que faço em aula, será mais uma das formas para contribuir 
com o aprendizado de vocês. As anotações entre parênteses e notas de rodapés são de minha autoria, o 
restante faz parte do que foi dito em aula, qualquer dúvida não hesitem em me perguntar. 
 
Aula 02 - 14/04/16 
Tipologia Constitucional - Tipos de Constituição 
1.0- Como são as Constituições? São várias classificações: 
1.1 Elas podem ser: Escritas ou Costumeiras. 
 A mais fácil classificação é a escrita, i.e., documento único que trata das normas constitucionais face as 
demais normas. Costumeiras são aquelas em que prevalecem os costumes, lá não se compra livro de 
direito constitucional, mas de princípios, direitos fundamentais etc., ou seja, por temas. 
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(Um pouco da História do Rei João Sem-Terra). Ele assume o trono e a nobreza fica contra ele, quando 
essa elabora a Magna Charta para controlar os poderes dele. Foi escrita em latim para que o povo não 
entendesse. 
O direito inglês é muito difícil para nós, porque é verdadeiramente consuetudinário (costumeiro), onde 
não havia controle de constitucionalidade, hoje há, mas é fraco; até porque em sua maioria é realizado 
pela Câmara dos Lordes. 
Para entender o direito consuetudinário, um bom exemplo é a relação que a Inglaterra teve com 
Quebec, foi travada uma batalha... e a Inglaterra toma da França. Foi analisado a cultura local, os 
moradores de Quebec. Qual era a língua deles? Continua essa sendo a língua oficial. Como eram os 
julgamentos? Uma vez descoberto, devem permanecer da maneira que estavam. A ideia do direito 
consuetudinário começa pelo respeito dos costumes alheio, observação e manutenção dos seus 
próprios costumes. 
A maior preocupação é pela manutenção dos costumes, é sempre esse o centro. Por exemplo como os 
juízes são promovidos, como é feita a audiência oral etc. O direito americano é da Common Law, mas é 
feito por precedente e cada vez mais tem lei. (Living Constitution). 
Na Inglaterra o legislativo, muitas vezes, cuida da preservação dos costumes. 
Disso se desdobra uma outra classificação: 
1.2 Dogmática ou Histórica (modo de elaboração): 
A primeira (dogmática) 1 estipula uma direção jurídica (segundo os dogmas e valores então em voga na 
sociedade). Já a histórica 2(como a Inglesa) as experiências, o uso, costumes e a interpretação. Daqueles 
documentos formam o direito. 
 
1.3 Principiológica e Analítica: 
 
A analítica entra nos pormenores, nos detalhes, cuida de tal maneira que você tem resultado jurídico 
próprio a partir da leitura da Constituição, regras, princípios, políticas públicas, tema da saúde, tema da 
 
1 A título de interesse: são escritas, e podem ser ainda ortodoxas (refletem apenas uma ideologia) ou 
heterodoxas (carrega em si ideologias distintas, ela é eclética, temos como exemplo nossa Constituição Federal. 
2 São não-escritas e criadas lentamente pela tradição. Como exemplo, a Constituição Inglesa 
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previdência, são todos cheios de incisos, artigos etc. A vantagem é que muitos assuntos ficam na 
Constituição e é muito mais difícil reforma-los3. 
A Principiológica é mais enxuta, tem quase em sua totalidade princípios (como o próprio nome diz), 
aponta para uma direção. 
Obs.: Isso não quer dizer que analíticas não possam conter princípios. 
1.4 Rígidas, Flexíveis ou Semirrígidas (atenção nessa classificação): 
Toda lei tem um processo de elaboração. Quando a dificuldade (exigência de quórum e requisitos 
formais) para alteração de qualquer lei (infraconstitucional) for mais fácil do que alteração 
constitucional, estaremos diante de uma rigidez 4constitucional. É uma exigência maior, de requisitos 
formais, que se vê basicamente no quórum de uma emenda constitucional do que as demais leis. A ideia 
é que se tenha um acordo político muito grande para alterar a Carta Magna. 
O quórum da Constituição brasileira é 3/5 de cada Casa em duas votações com intervalo muito curto. A 
lei ordinária é uma votação única com maioria dos presentes. 
Nas constituições flexíveis a formalidade exigida para alterar a Constituição é a mesma formalidade 
exigida para alterar uma lei ordinária. A Constituição não prevê meio mais dificultoso para sua própria 
alteração do que as demais leis. 
Já a semirrígida 5possui duas situações, a primeira consagrada, a Const. contém normas alteráveis por 
um processo muito dificultoso e outras que podem ser alteradas por alguma formalidade de outra 
espécie de lei. 
Houve uma proposta de EC, do Michel Temer, a proposta era que a CF pudesse ser reformada como lei 
complementar a cada 10 anos. Isso faria com que ela se tornasse semirrígida. 
Alguns autores definem a CF/88 como superrígida por causa das cláusulas pétreas (acho que só o 
Alexandre de Moraes defende). (Pro Moreira e para maioria da doutrina isso está errado). 
1.5 Promulgada, Outorgada (Ditatorial) e Cesarista: 
Promulgada é aquela instituída pela assembleia n. constituinte (poder constituinte) sem a participação 
do chefe do executivo; 
Outorgadas (ditatorial) são escritas por uma autoridade chefe do executivo. 
 
3 A questão da reforma será aprofundada em aulas posteriores. 
4 Nossa CF é rígida. 
5 A nossa Constituição Imperial de1824 era semirrígida. 
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Cesarista - Imposta pelo chefe estatal (presidente, ditador, monarca), sem participação do Congresso, 
mas coloca para Referendo Popular, é uma medida populista. 
1.6 Classificação do Moreira: Estáveis e Instáveis: 
Estáveis seriam aquela que o poder político não consegue alterar a todo momento. 
Instável quando conseguem alterar sistematicamente a Constituição. 
Aula 03 - 19/04/16 
2.0 Algumas considerações sobre o Art.01 da CF/88 e outras normas 
Constitucionais: 
República formada por uma União revelando a forma de organização do Estado, que é uma federação. A 
federação brasileira é uma clausula pétrea, federação sui generis, porque tem também os municípios. 
Isso significa que todos os entes têm um autofinanciamento, tem uma auto-organização, todos eles 
escolhem seus representantes, todos têm autonomia e competências autorizadas pela CF, além da 
capacidade para editarem leis. 
República6 formada pela “coisa pública” em prol do povo, coisa pública regida de maneira a administrar 
o bem alheio em uma federação. 
O Brasil é qualificado como democrático de direito. Qualificativo que surge no mundo pós-guerra. Nem 
todo Estado democrático é um Estado Constitucional. 
A cidadania e a Dignidade Humana são chamadas de princípios estruturantes, são valores máximos que 
devemos proteger, estão ali para inserir os pilares de uma nova ordem. A cidadania é multidimensional, 
porque temos três tipos de cidadania, a civil (sua organização em clube, por exemplo), a política (ideia 
das manifestações, protestos, votos, participar da vida partidária) e a última, a social (greve, 
manifestação no trabalho, participação em ONG etc.) Dentro de um mesmo princípio tem se a proteção 
de diversas esferas, todas elas são plurais, é um corpo coletivo. 
 Diferentemente ocorre com a dignidade da pessoa humana, essa é a proteção de todos aqueles direitos 
inerentes ao ser humano e que não podem ser vilipendiados, subtraídos. O oposto é a violação à 
integridade física e moral (como tortura, apartheid... etc.). A Dignidade é a proteção física, moral, no 
sentido genuíno de verificar se estão verdadeiramente presentes no ser humano. 
Pluralismo político é uma saída da proibição do funcionamento de alguns partidos políticos. 
 
6 O próprio significado da palavra já quer dizer isto: coisa pública 
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Nos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, nós temos aqui a proteção ao trabalhador e a 
enunciação do modelo econômico capitalista. A dúvida que se tem é se é possível combinar os valores 
sociais e livre iniciativa. 
Art. 2º, CF/88 - A história desse artigo é que ele foi adicionado de última hora... veio para garantir a 
autonomia de cada um dos poderes. Funções típicas dos poderes. (Check and balances). A Const. 
garante a independência dos poderes. 
2.1 Objetivos fundamentais: 
Qualquer posição que busque esses objetivos é justa e deve ser seguida. Crescimento geralmente é 
meramente econômico (por exemplo, no aumento do PIB). O desenvolvimento olha para o reflexo 
desse crescimento em diversos setores. 
O inciso III traz um princípio de igualdade. 
O país não é multicultural, o Brasil é um pais miscigenado, entretanto ainda é um pais preconceituoso e 
esse preconceito aparece de várias maneiras (velada, por deboche e de maneira direta, racistas). 
Aula 04 - 26/04/16 (cheguei mais tarde nessa aula, não peguei o início) 
3.0 Constitucionalismos: 
Constitucionalismo Moderno - poder limitado. Garantidor de Direitos Fundamentais Individuais e 
organizado de acordo com o princípio da separação de poderes. 
Características: 
Direitos com validade universal, para todos. A filosofia que impera é a contratualista e que representa os 
princípios do liberalismo político. 
Aparece não só a liberdade, mas a igualdade formal (excluída o direito de votar mulher e escravo) 
Sieyès foi um abade da Rev. Francesa que escreveu o que foi o Terceiro Estado. Ele vai tratar de duas 
modalidades do poder constitucional. O Poder constitucional. e o Poder reformador. A const., como 
instrumento político podia ser entendida com um pacto, uma fonte de governo rumo à legalidade da 
sociedade, não estamos preocupados, nessa época, com a legitimidade do Estado, ou de sua 
representação e sim a garantir a legalidade. 
Segunda forma de constitucionalismo: Constitucionalismo Social. 
Aquele movimento que incorporou direitos econômicos e/ou sociais às constituições. Com posição 
ideológica, comprometida com os desfavorecidos. Razão histórica são as rev. industriais, exploração do 
trabalhador, rompimento de certas ordens, as revoluções comunistas e as revoltas. O 
constitucionalismo social trouxe, disciplinou, um novo pacto social que envolvia dentre outras coisas o 
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direito das mulheres, o direito das minorias (de maneira embrionária), os direitos sociais e os direitos 
econômicos são incorporados ao documento constitucional. A const. não é neutra, ela tem normas 
voltadas e comprometidas com os mais desfavorecidos. 
Cria-se um regime de previdência, concede direitos trabalhistas. Essa const. tem propostas dirigentes, 
ela, de uma certa maneira, com essa política não neutra, vai combater uma ideologia positivista e liberal. 
Terceira forma: Constitucionalismo Positivista: 
Uma reação ao Const. não neutro, ele é de neutralidade total, que se defende a neutralidade da 
constituição. Defende a supremacia da Const., o respeito à lei, à ordem. Surge a criação de um tribunal 
constitucional no seio dessa seara positivista. Foi um movimento relacionado ao fato que em todo 
Estado, desde a rev. Francesa, existe uma Const. com validade jurídica, independente do caráter 
político-ideológico que venha a se manifestar no país. 
A esse movimento vem a reação: 
Quarto movimento: Constitucionalismo Material ou dos valores: 
É a vinculação da Const. a elementos como cidadania, dignidade humana, valorização do trabalho, onde 
não está apenas vinculado a política, mas a todo direito a serviço do homem. O constitucionalismo 
material advoga para uma substancia que é a integração. 
Caso particular do Constitucionalismo Norte-Americano: 
Os juristas norte-americano se negam a aceitar o constitucionalismo mundo a fora, eles dizem que tem 
os próprios. Primeiro, o poder judiciário e a suprema corte estão no centro do debate constitucional. 
Suas decisões representam a essência do pensamento Constitucional Norte-Americano. Lá tem que ler 
decisão. Uma característica foi perceber que é possível realizar mudanças no texto constitucional, no 
significado da const. sem alteração no texto (mutação constitucional). 
Vou dar dois exemplos: a Suprema Corte dos EUA entendia que o devido processo legal (ou due process 
of law) concedia a todas as pessoas que iam até a corte, um mesmo tratamento, tratamento igualitário 
justo. Séculos depois, essa Corte, na ausência de elementos de igualdade na sua const., atribuiu novo 
significado para o DPL7. Não é só a igualdade de representação, mas de fundamento no processo. 
Outro exemplo: Quando a CF/88 foi elaborada, adotou-se uma prática de combate a omissões 
constitucionais. Foram criados dois instrumentos, mas o que nos interessa é o mandado de injunção 
(MI), que visa a suprir a falta de regulamentação. Na dec. de 90 o mandado de injunção só servia para 
recomendar a edição. Nos anos 2000, o STF disse que o MI serve para avisar ao poder competente, dar 
um prazo a ele, mas se demorar, o judiciário toma a questão, mas só serve entre as partes. 
 
7 Devido Processo Legal 
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O constitucionalismo norte-americano defendeu uma const. enxuta, decisões curtas ediretivas. Que os 
Direitos fundamentais individuais ocupassem o epicentro do debate. 
Diante de tantas guerras e divergências, adotou-se na expressão Estado Democrático de Direito (EDD) o 
Progresso através da democracia. Um estado onde todas as decisões controvertidas fossem tomadas de 
acordo com o direito. 
Essa expressão não prioriza uma ideologia, ela dá ênfase à democracia. É mais, ela recupera a 
importância das liberdades civis e políticas além de prever um processo de justiça social buscando a 
participação de todos no produto da riqueza. 
A partir daí se defende um aperfeiçoamento do EDD para um Estado Constitucional, que na verdade é 
quase a mesma coisa. Neste, que é consequência daquele, tem o espaço público na const., tem seu 
entendimento de procedimentos vinculados a sociedade civil e formas de interpretação de direitos 
fundamentais. 
Estado Constitucional -> garantia máxima quanto aos DF (direitos fundamentais); Poder Judiciário 
Independente voltado para ampliação do dir. Const.; democracia com base no pluralismo, alcançado por 
uma sociedade aberta de intérpretes constitucionais; Direito vista tetradimensionalmente (busca justiça, 
justiça constitucional); STF como guardião da const.; o Estado Const. Está preocupado com a democracia 
participativa e a vinculação de todos os poderes, inclusive todos os entes privados à const.(vinculação 
direta) 
4.0 Diferenças entre constitucionalismo e Estado Constitucional: 
 
Constitucionalismo Estado Constitucional 
Embasado na História - Política Verificação da forma de concretização do estado, 
desenhado pela ciência política 
Pode acabar sendo longe da Const. Real. A const. 
quer uma coisa, mas na prática isso não acontece. 
O estado const. Está diante de um Estado real ou 
aproximado 
Está voltado para ideologia política (liberdade, 
inclusão social e proteção aos desfavorecidos) 
Tem a preocupação com as políticas públicas, 
voltadas para concretização das promessas const., 
caso elas não sejam cumpridas, ocorre uma crise 
institucional 
O conflito é resolvido pela ideologia mandante 
(política social no const. social; negativas liberais 
no liberal) 
Conflitos não dizem respeito a uma atuação 
positiva de uma autoridade estatal, pois sua 
implementação depende de questões plurais, 
questões que aparecem no estado de escassez; é 
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um estado ponderador. 
Se vê envolvido em processo de fragmentação de 
suas bases por não enxergar modelos puros, nem 
condições necessárias para seu cumprimento. 
Tem como ponto central as relações funcionais do 
estado (as diversas funções do Estado); 
 
 
 
 
Transconstitucionalismo: Chega por um professor titular da UnB, de base filosófica, que vê um Estado 
como um sistema integrado: direito, politica, saúde e educação. Preocupa-se com a comunicação desse 
sistema. Ele transpôs essa filosofia para o campo da coordenação dos tribunais internacionais. Ele cria 
uma forma de const. que ela batiza de transconstitucionalismo. (Examina a comunicação supranacional 
dos Estado com as Cortes Supranacionais) 
Características: 
 A constituição deixa de ser pressuposto do estado de direito e passa a integrar uma ordem 
internacional pelo viés da filtragem constitucional. Defende uma democracia participativa em que as 
reformas constitucionais devem buscar continuidade do processo constitucional. Integralidade entre 
plano interno e externo e em vários níveis (como a União Europeia) 
 
Aula 05 - 28/04/16 (nessa também peguei a aula na metade) 
5.0 Neoconstitucionalismo: 
Num sentido, a expressão neoconstitucionalismo é melhor entendida como um novo paradigma do 
direito, uma nova proposta do direito do que propriamente de um novo constitucionalismo. E dizer que 
é um novo paradigma de direito, tem por consequência uma pretensão de superar os paradigmas 
anteriores, em especial do positivismo jurídico, do jusnaturalismo e do realismo jurídico. 
Essa superação não é do nada, tem vários elementos, um deles era que o jusnaturalismo se preocupou 
mais aquilo que o direito é, elementos transcendentais; o positivismo se preocupava com a norma que 
acarretava na sanção, através de um conteúdo normativo. O realismo jurídico se preocupa com o direito 
nos tribunais, mas um direito conectado com os afetados pela decisão. 
O neoconstitucionalismo e seus defensores vão entender que o direito const. fornece as bases para um 
modelo de teoria do direito, a partir dos DFs, e que veicula valores através dos princípios constitucionais, 
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de forma que a técnica (jurídica, como saber jurídico) pretende alcançar o poder-ser. Nem aquilo que é, 
nem o dever-ser, mas um poder pautado pela pretensão de correção; o que funciona nunca está 
completamente acabado e sempre pode ter um termo de melhoria. 
Alguns ganhos, mais recentes, do direito const. impulsionaram a percepção de uma maneira integral 
desse movimento de teoria. Foram eles: as diversas direções dos direitos fundamentais, a vedação ao 
retrocesso, a democracia deliberativa e a constitucionalização do direito e ainda a judicialização da 
política. Tudo isso representa, poderia citar ainda, os efeitos vinculantes das decisões judiciais, uma 
ferramenta que traduzem a expansão dos DFs, determinando o sentido de todos os campos do direito, 
da política e outros campos que o direito não alcançava, por exemplo, o tribunal que diz que o 
casamento entre homossexuais está permitido. 
Agora, a dificuldade, a grande sacada que temos que ter nessa aula, é qual elemento externo ao direito 
constitucional que impulsionou todos esses ganhos do direito constitucional para outro patamar. Foram 
os ganhos da filosofia prática, os aportes inovadores que a filosofia do direito concedeu, em pé de 
igualdade, a essas inovações do direito constitucional a ponto de se tratar de uma nova teoria do direito, 
ou seja, repensar todo modelo de ensino, compreensão e prática judicial do direito, 
Duas transformações mencionadas merecem destaque, primeira a constitucionalização do direito (todos 
os campos interpretados a luz da Constituição); e outras modificações realizadas de maneira múltipla: 
são os legisladores regulamentando os princípios constitucionais ao criar leis de acordo com a CF; são os 
governantes estabelecendo metas e políticas públicas a partir dos dizeres constitucionais e são os juízes 
promotores, defensores, procuradores que concretizam diariamente a const., defendendo direitos 
fundamentais, e afastando as normas e os atos normativos inconstitucionais. 
A tudo isso, some-se a intercomunicação entre os campos do direito (civil e penal, eleitoral com trabalho 
etc.) a partir dos vetores que são os princípios constitucionais. Isso tudo forma e concede à 
constitucionalização do direito uma outra força. 
A outra coisa que merece destaque é o que se conveniou chamar de judicialização da política e 
criminalização da política, assuntos que eram restritos ao parlamento agora tem sua resposta definitiva 
na justiça, em especial, no STF. Esses assuntos ficavam a mercê meramente dos agentes políticos, hoje 
não, hoje, o lado perdedor recorre ao judiciário. Quem provoca é o partido perdedor. 
O que quero dizer é: o parlamento que está perdendo provoca o judiciário, porque sente-se irresignado 
com as decisões políticas. Logo, quem dá a última palavra, na decisão do político, muitas vezes, é o 
poder judiciário (nesse âmbito do congresso nacional é o STF). A novidade é que saímos de uma fase do 
presidencialismo por coalizão (que ele tem apoio maiores) para uma fase de instabilidade constitucional, 
muito causada pela criminalização da política, i.e., encontrar nos atos políticos crime. "Esteve com 
suposto criminoso da Petrobras, crime" "ouviufalar, formação de quadrilha" " praticava um esquema de 
bancada para adquirir vantagens, crime". 
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Quando a gente fala dos abusos dos prefeitos e dos vereados, quem decide são os Tribunais de Justiça. 
Governador e Deputados estaduais, quem decide é o STJ. Ao lado da judicialização da política, temos 
hoje a criminalização da política, com vantagens e desvantagens. 
O neoconstitucionalismo não é uma proposta universal, mas sim parcial, vamos chamar aqui de direito 
avançado. Essa proposta que é o neoconstitucionalismo, se por um lado não é tão ambiciosa porque diz 
que alguns países não podem ter, por um lado ela é mais ambiciosa porque quer alcançar o patamar de 
teoria do direito. Em um aspecto territorial ela vai servir a menos países, todas as ditaduras estão de 
fora, por exemplo. 
Tem uma coisa que é uma das maiores críticas ao neoconstitucionalismo, duas na verdade. A primeira é 
que isso não seria tão “neo”, porque ocorre desde a década da 50 (para o Moreira, é novo, porque é a 
reunião dessas coisas, pelo viés da filosofia do direito avançado que tem em comum a crença na razão 
prática, essa ideia do direito transformador). A segunda crítica é bem viva, que o neoconstitucionalismo 
aposta excessivamente nas funções da justiça, e é verdade. Algumas pessoas, como uma colega minha, 
Sayonara8, diz que um pouco do que vivemos hoje, do que vem sido decidido, como a conduta coercitiva, 
tudo vem de uma teoria que dá mais munição ao judiciário como paladino da justiça, junto com o 
enfraquecimento do legislativo , através de uma fragmentação e pouca representatividade desse poder, 
mas também foi através do neoconstitucionalismo que o casamento gay foi autorizado, também é que 
célula-tronco pode ser estudada, também é neoconstitucionalismo determinar o rito do impeachment, 
bem como seria também se houvesse o exame do mérito das supostas pedaladas fiscais (invalidando 
uma decisão da Câmara). 
Ai também temos uma questão que é o precedente, nunca na história, a corte julgou um presidente que 
fora julgado pelo Legislativo. Vamos tentar separar ideologias, que gostamos ou odiamos o PT, sabe 
quantos países tiveram 2 impeachments depois da 2 GM? Somente dois, EL Salvador e um pais da África, 
o brasil pode ser o primeiro após 1945 a ter dois impeachments. 
Uma outra teoria que eu acho que no cenário atual é igualmente culpada, é dos desenhos 
institucionais. Que concede mais poderes às instituições. Dependendo da base teórica, tem 
consequências. 
O direito Const. é dogmático, mas é político, é teórico, mas dá resultado, é aberto e se comunica com 
outras áreas, mas também tem um centro público. 
O neoconstitucionalismo quer ser um novo paradigma do direito, agora, tudo que eu falei que ele 
ganhou do dir. Const. é só um lado, tem outro que é o que ele ganhou da filosofia. Coerência jurídica e 
objeção da coerência; Ponderação; argumentação jurídica e tópica jurídica, nascem na filosofia e são 
apropriadas pelos filósofos do direito. Tem um direito const. aqui que está cada vez mais forte e está 
mudando todos os campos, o civil, o tributário, o penal etc. 
 
8 Sayonara é desembargadora e leciona Direito do Trabalho na Nacional. 
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Que estruturas da teoria do direito que estão claramente modificados? Teoria das normas, teoria da 
interpretação e teoria das fontes. Não se fala mais em norma, fala em princípio, regra e política pública; 
não se preocupa com antinomia, agora é ponderação e proporcionalidade; a interpretação não é 
quando lei não é clara, mas vai depender dos métodos dos intérpretes, é uma nova disciplina. 
 
Aula 06 - 03/05/16 
6.0 – Poder Constituinte: 
Poder Constituinte é um poder jurídico-político; é aquele que cria a constituição. Com o Poder 
Constituinte se tem realmente o poder ilimitado juridicamente, você não possui normas jurídicas 
pretéritas que impeçam a sua continuidade. 
Você também não tem nenhum condicionamento de regime maior, como uma “supraconstituição” que 
oriente a que forma de estado, sistema de governo o Estado deve seguir. Ele é, portanto, 
incondicionado, ilimitado e superior, dada a superioridade da hierarquia das normas const. face as 
demais normas. 
Apesar de já se ter defendido uma const. imutável (começo das revoluções francesas, por causa das 
guerras), não durou, porque a ideia de imutabilidade sempre que tentou ser usada logo caiu por terra, 
por ir contra a facticidade da oposição. A ideia de você modificar a const. é a possibilidade de você 
atualizar a sua construção na história. 
É indesejável que ela se modifique a todo tempo, entretanto, o oposto, um documento imutável, é uma 
coisa impossível de se alcançar. Logo, todas as Const. Preveem uma forma de sua automodificação, i.e., 
uma possibilidade de alteração do texto constitucional. 
Isso permite que se atualize os textos, a história, os fatos, as tecnologias e o próprio direito. Desde já 
anuncio uma ressalva, a const. muda, primariamente, por uma alteração de seu texto, que vamos 
chamar, no direito brasileiro, de emendas constitucionais, mas as constituições também são atualizadas 
no tempo e na história pela interpretação constitucional. 
Toda const. prevê como ela pode ser alterada, é uma maneira de garantir a rigidez constitucional, e 
consequentemente a supremacia da constituição. 
O poder reformador é o poder de alteração do texto formal da const. Eles tbm são chamados, 
impropriamente, de poder constituinte derivado. 
O poder reformador não recebe as características que eu falei. Ele é limitado por algumas questões que 
estão contidas na Constituição, por exemplo, as cláusulas pétreas. O Poder Reformador concede 
mudanças, adições ou subtrações, no texto constitucional. Desde que observados os limites impostos na 
Carta Magna. O poder reformador é limitado pelos dizeres da Constituição e é tido como poder 
reformador de primeira ordem quando modifica a própria Constituição Federal. Quando quiser falar do 
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poder de cada ente federativo de elaborar um texto constitucional, o nome que se dá é Poder 
Decorrente, Poder Constituinte Decorrente. E quando quiser tratar das emendas constitucionais às 
Constituições estaduais, vamos tratar de Poder Constitucional Reformador de segunda ordem. 
6.1 – Poder Reformador: 
Eu quero ficar no poder reformador, vamos estudar esse poder. Sem tantas digressões, o poder 
reformador tem que obedecer a alguns aspectos: formais (inobservância dessa forma acarreta na 
inconstitucionalidade formal); circunstanciais (em tal momento, em guerra, v.g., não pode ter reforma); 
temporais (podem recair sobre um assunto especifico); limites materiais (cláusulas pétreas ou limites 
materiais ao poder de reforma). 
 O que é a formalidade para uma emenda const.? Quais são os procedimentos? Como é desde o start 
até a aprovação final para uma EC integrar o texto const.? No brasil, é relativamente simplificado, 
primeira fase é a iniciativa (debates parlamentares) e a segunda são os requisitos de aprovação. 
Ultrapassadas essas duas etapas, sob essa análise formal, uma emenda pode integrar o texto const. e 
desde que não contrarie nenhuma cláusula pétrea, ela será constitucional. 
Qual o momento do poder reformador? Ele é intermitente, a qualquer tempo ele pode ser convocado, 
atualmente existem dezenas de PEC. 
Quem pode apresentar uma PEC? Em 88 foram previstas duas modalidades de modificação: Emenda e a 
outra seria revisão constitucional. A fase de iniciativa das PECs (Proposta de Emenda Constitucional) é 
quem pode apresentar. Ela é dividida em 4: as duas primeiras são clássicas. 1/3 da Câmara e 1/3 do 
Senado. 
Por que estão presentes em todas as constituições? Porque a manifestaçãodo poder do povo não está 
no seu líder; a vontade do povo está na emanação da vontade constitucional. No Brasil existe uma 
identidade perfeita entre o Congresso Nacional e o poder de reforma e de criação da const. Tem países 
que desfazem o parlamento; tem países que criam convenções especiais para criar ou modificar uma 
const.; no Brasil está concentrado no Congresso Nacional. Só há duas exceções que quase nunca é usada: 
mais da metade das assembleias legislativas estaduais aprovada por maioria relativa (3º legitimado). 
E o 4º legitimado é o (a) Presidente (a) da República, é a única participação em todo o processo de 
emenda const. Ele (a) não participa, ele (a) não sanciona nem veta, não admite, nem promulga uma 
emenda. O (a) presidente (a) não tem a palavra final. 
Quem ficou de fora, mas deveria estar dentro? O povo. Deixaram de fora como agente propulsor, i.e., 
aquele que tem capacidade propositiva de alteração no texto const. Ele não está elencado entre aqueles 
que podem apresentar PEC. Existe uma interpretação const., como a feita pelo Paulo Bonavides e JAS9, 
que vc combina os art. 14, 17, para admitir o povo apresentando texto constitucional. Entretanto, nosso 
 
9 José Afonso da Silva 
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STF já se manifestou, negou e foi pior, declarou uma norma inconstitucional da const. de São Paulo. 
Muitos países europeus permitem essa iniciativa propositiva; 
Depois vai para deliberação, a primeira comissão que avalia é A CCJ (Mista), essa comissão pode sugerir 
alteração no texto. 
Depois é levado à votação. Primeira coisa, as duas Casas devem se manifestar, em ambas as casas tem 
que se atingir um quórum qualificado de 3/5, em dois turnos. 
Vamos às críticas, 3/5 é um quórum baixo; vários países utilizam 2/3. Os dois turnos aqui são 5 dias, o 
que não dá tempo para uma discussão. Agora eu apresento um outro problema, existem limites 
implícitos, que serão estudados na próxima aula.

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