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UVA – Engenharia Civil – Edificações II – Cobertura – 2015.2 1 COBERTURA 1. COBERTURA A cobertura consiste no elemento de fechamento mais superior de uma edificação. A cobertura sob ponto de vista estético pode incorporar-se ao estilo arquitetônico adotado, principalmente em prédio de pequena altura, ou apresentar-se de forma discreta, tornando-se visível somente por cima (ou vista aérea). A cobertura de uma edificação possui a função básica de proteger a própria edificação, as atividades humanas ali realizadas e o seu conteúdo, propiciando um ambiente agradável e servindo de abrigo contra a chuva, o vento, o calor, o frio, a neve, os raios solares, as poeiras, os gases e demais agentes agressivos do meio ambiente. A cobertura mais tradicional nas residências brasileiras é o telhado de telhas de barro em estrutura de madeira. REQUISITOS FUNCIONAIS PARA AS COBERTURAS DE EDIFÍCIOS. 1) Quanto à segurança: 1. Segurança estrutural; 2. Segurança na sua utilização; 3. Segurança quanto à ação do fogo; 2) Quanto à Habitabilidade: 1. Deve apresentar estanqueidade adequada à água, ao ar, à neve, aos poluentes, etc.; 2. Propiciar conforto térmico – correção ou amenização dos efeitos das variações térmicas; 3. Regulação hidrotérmica – referente à umidade no inverno e no verão; 4. Propiciar conforto acústico – adequado isolamento acústico; 5. Apresentar beleza visual como elemento componente da arquitetura da edificação; 6. Higiene e salubridade: limitação de ocorrência e desenvolvimento de substâncias nocivas ou insalubres; 3) Quanto à Durabilidade: 1. Ser resistentes aos agentes agressivos e climáticos; 2. Permitir facilidade de limpeza, manutenção e reparação; 3. Manutenção de suas propriedades durante sua vida útil; 4. Apresentar resistência aos esforços previstos; 5. Permitir fácil manutenção e correção; 6. Apresentar VUP (Vida Útil de Projeto) de acordo com a norma de Desempenho ABNT NBR 15575:2013; 7. Permitir rápido escoamento das águas pluviais. 4) Quanto à Economia: 1. Custos de construção razoável; 2. Facilidade e baixo custo de manutenção; 3. Promover a economia de energia. AS COBERTURAS PODEM SER DIVIDIDAS EM DOIS GRANDES GRUPOS PRINCIPAIS: 1. Lajes impermeabilizadas As lajes de cobertura são executadas em quase sua totalidade em concreto armado, salvo casos especiais. As lajes de cobertura são geralmente planas (niveladas ou com leve inclinação) e utilizadas como um pavimento destinado a lazer, mirante, heliporto e outras destinações, quando não há a necessidade de comporem o estilo arquitetônico da edificação. As lajes são geralmente apoiadas em vigas que se apóiam em pilares ou apoiadas diretamente aos pilares. As lajes de cobertura curvas são adotadas muitas vezes para comporem o estilo arquitetônico, caso de abóbadas, cúpulas e outras formas. As lajes de cobertura apresentam características diferentes das coberturas em telhados, pois são geralmente mais pesadas e de custo bem maior. As coberturas em concreto integram a estrutura da edificação, portanto, movimentações estruturais, tais como, retração, movimentação térmica, recalque de fundação, carregamentos, etc. podem introduzir tensões na laje que provocam fissuras e trincas, comprometendo a sua estanqueidade. UVA – Engenharia Civil – Edificações II – Cobertura – 2015.2 2 Para garantir a estanqueidade da laje deve ser executado um sistema de impermeabilização que geralmente é bastante caro e requer manutenções periódicas durante a vida útil da edificação. Possui a vantagem de geralmente eliminar a utilização de forro, entretanto, não permite a isolação ou correção térmica, necessitando de sistema de correção térmica. 2. Coberturas em telhado As coberturas em telhados, quando não compõem o estilo arquitetônico da edificação, são projetadas adotando-se um critério de escolha do tipo de coberta levando-se em conta os custos de construção e manutenção, a adequação técnica e a discrição arquitetônica. O telhado quando compõe o estilo arquitetônico é de fundamental importância para o acabamento final da edificação. As coberturas em telhados, quando comparadas às lajes de concreto impermeabilizadas, possuem as seguintes características: 1. Possui menor peso próprio que as lajes de concreto; 2. Facilidade de vencer grandes vãos através de estruturas leves treliçadas (madeira, aço e alumínio); 3. Apresenta melhor estanqueidade devido às declividades adotadas e à possibilidade de ser adotado um sistema de coleta de águas pluviais melhor e mais adequado; 4. Normalmente possui maior durabilidade devido à facilidade de manutenção e recuperação; 5. A sua manutenção é menos complexa, de fácil execução e de menor custo; 6. Geralmente não possui qualquer participação na estrutura da edificação, portanto, menos susceptível às movimentações estruturais; 7. Possui, na maioria casos, a necessidade de uso de forro para nivelar o teto e fazer a correção térmica; 8. O espaço existente entre o forro e a coberta pode ser utilizado como sótão destinado a depósito ou uso específico. PARTES CONSTITUINTES DAS COBERTURAS EM TELHADO A cobertura em telhado é constituída geralmente de Estrutura, telhamento, sistema de captação de águas pluviais e subcobertura. A estrutura é composta por uma armação principal e outra secundária, também conhecida por trama. 1. Estrutura A Estrutura é a parte de apoio do telhado que tem por função receber e distribuir adequadamente as cargas verticais da coberta à estrutura da edificação. A Estrutura de suporte da coberta pode ser construída em madeira, aço, alumínio e concreto armado ou protendido. As lajes em concreto armado das edificações são geralmente utilizadas como estrutura de apoio do telhado; entretanto, quando a estrutura de apoio necessita vencer grandes vãos, o uso do concreto armado se torna inadequado face ao seu elevado peso próprio, salvo casos especiais. As estruturas de madeiras são as mais utilizadas, pois são mais econômicas até vãos de 12 metros. As estruturas metálicas, principalmente as de aço, são utilizadas para vãos maiores que 12 metros. As estruturas de alumínio somente são utilizadas quando se tornam economicamente mais viáveis e tecnicamente mais adequadas que o aço, ou por opção arquitetônica. As lajes inclinadas podem ser utilizadas como lastro para receber diretamente as telhas, evitando-se o uso da trama. 2. Trama A Trama é formada pelo conjunto de peças arranjadas de modo a servir de lastro de sustentação e fixação das telhas e acessórios da coberta, constituída geralmente por terças, caibros e ripas (quando de madeira) e se apóiam sobre a estrutura de suporte da coberta. Para telhas de dimensões maiores, tais como as telhas metálicas, plásticas, de fibrocimento e de concreto, é possível eliminar os caibros e ripas. 3. Telhamento (cobertura) O telhamento é a parte constituída pelas telhas e acessórios, destinados à vedação da coberta. Os principais grupos são: as telhas cerâmicas, de fibrocimento, as metálicas (alumínio, aço, zinco e aço zincado) e as especiais: vidro, poliestireno (transparentes), policarbonato, concreto, ardósia, madeira e outras. Têm-se ainda as coberturas naturais constituídas por fibras e palhas vegetais (folhas). UVA – Engenharia Civil – Edificações II – Cobertura – 2015.2 3 4. Sistemas de captação de águas pluviais: Sistema destinado constituídos geralmente por rufos, calhas, condutores verticais e acessórios, tendo como função a drenagem das águas pluviais. 5. Subcobertura: A Subcobertura consiste num sistema instalado por baixo da trama do telhado com propriedades de impedir infiltrações e propiciarisolamento térmico e acústico. A subcobertura é colocada sobre as ripas e abaixo das telhas. Exige geralmente a colocação de uma ripa intermediária para melhor apoio. Utilizam-se alguns sistemas, tais como: 1) Mantas em espuma de fibras de polietileno, com ou sem película de alumínio; 2) Placas de Poliestireno Expandido – EPS; 3) Mantas de fiberglass (fibra de vidro). 6. Complementos e acessórios. Componente cerâmico ou de qualquer outro material que permite a solução de detalhes do telhado, tais como chapim, beiral, beira-e-bica, algeroz, cumeeira, rincões, espigões, peças especiais destinadas a promover a ventilação e/ou iluminação e arremates em geral; 2. COBERTURA EM TELHA CERÂMICA E ESTRUTURA DE MADEIRA 2.1 ESTRUTURAS DE APOIO: A Estrutura de apoio deve ser compatível com o telhamento adotado, com as condições de apoio, bem como com os custos da edificação. Nas coberturas em telha cerâmica a estrutura de apoio é geralmente constituída por pontaletes de madeira, pilaretes de alvenaria, paredes de alvenaria, por vigas maciças de madeira, aço ou concreto armado e por vigas em treliça de madeira. O telhamento é apoiado sobre a trama de madeira que por sua vez é apoiada sobre a estrutura de apoio. 1 – Pontalete de madeira ou Pilaretes de alvenaria Apóiam-se sobre laje ou viga. As lajes devem ser dimensionadas levando-se em conta as cargas transmitidas pelos pontaletes. Os pontaletes de madeira trabalham à compressão e devem se apoiar sobre um coxim de madeira, com comprimento mínimo de 40 cm, a fim de melhor distribuir a carga sobre a laje. O pontalete deve ser dotado de mãos-francesas nas duas direções da cumeeira ou terça. Nas lajes pré- moldadas os pontaletes não devem ser apoiados sobre as mesmas e sim sobre as paredes ou vigamentos. As linhas de madeira devem ser apoiadas nos pilaretes de alvenaria através de um coxim de concreto. 2 – Paredes (empenas) As paredes de alvenarias, principalmente nas pequenas edificações, são utilizadas como estrutura de apoio da coberta. As linhas devem ser apoiadas sobre cinta ou coxim de concreto a fim de distribuir sobre a alvenaria a carga concentrada das linhas (terças, cumeeira e frechal), de modo a se evitar fissuras desagradáveis localizadas no revestimento e na alvenaria, imediatamente abaixo das linhas. 3 – Estruturas de madeira A estrutura de madeira é o tipo de estrutura de apoio mais utilizada. Consiste geralmente em uma viga em forma de treliça plana vertical, composta por barras dispostas de modo a formar uma rede de triângulos adjacentes, tornando o sistema estruturalmente indeslocável. A tesoura “clássica” convencional é o tipo mais utilizado. Para vãos maiores de 12 m, a estrutura de aço passa a ser mais econômica que a estrutura de madeira. 4 – Estruturas metálicas (aço, aço zincado e alumínio) Tipo utilizado para vencer grandes vãos e/ou por conveniência de partido arquitetônico. 2.2 TESOURA DE MADEIRA ■ ELEMENTOS PRINCIPAIS DE UMA TESOURA CONVENCIONAL DE MADEIRA: 1. Linha (ou banzo inferior) Viga (linha) horizontal localizada ao longo da parte inferior da tesoura que vai de um apoio ao outro apoio da tesoura. UVA – Engenharia Civil – Edificações II – Cobertura – 2015.2 4 2. Pendural Viga (linha) que liga a linha à extremidade superior das pernas da tesoura e se encontram em posição perpendicular à linha, mas no mesmo plano. Esta peça recebe as asnas da tesoura. Em alguns casos recebe no topo a cumeeira, caso dos telhados em telha cerâmica. O pendural se liga ao banzo inferior (linha) através de estribo de aço aparafusado no pendural e livre em torno do banzo inferior (linha). 3. Pernas Vigas (linhas) de sustentação das terças, indo do ponto de apoio da tesoura ao pendural. A perna é ligada à linha sobre o apoio e ao pendural. A ligação da perna à linha é feita através de entalhe com reforço indispensável feito por parafuso ou estribo. A ligação da perna ao pendural se dá através de entalhes e duas chapas de ferro em ambos os lados, aparafusadas no pendural e em ambas as pernas. O apoio das terças sobre as pernas da tesoura se dá nos nós teóricos formados pelo encontro da perna com uma escora e um montante. A perna, também denominada de empena, não deve ter nenhum esforço de flexão. 4. Montante Peça que liga a linha à perna e se encontram em posição perpendicular à linha, mas no mesmo plano. Os montantes podem ser executados de duas maneiras: 1) Através de duas peças de madeira paralelas e opostas em ambos lados da tesoura, aparafusadas lateralmente em suas extremidades à linha e à perna da tesoura, respectivamente, trabalhando à tração; 2) Através de uma peça de madeira fixada nas extremidades à linha e à perna, respectivamente, através de pequeno entalhe (tipo macho e fêmea), e com a introdução de uma haste de aço junto a esta peça de madeira, unindo a perna à linha, devidamente aparafusadas entre si, com a finalidade de absorver todo o esforço de tração incidente sobre o montante. 5. Asna Denomina-se asna a peça que sai do pé do pendural e vai até a perna da tesoura. A ligação das asnas ao pendural é reforçada através de chapas de ferro aparafusadas unindo as duas asnas e o pendural entre si. 6. Escoras São Vigas (linhas) de ligação entre a linha e a perna, encontram-se geralmente em posição oblíqua à linha e trabalham a compressão. 7. Ferragens São elementos constituídos por parafusos, hastes, estribos e chapas de aço, que garantem a união e solidez entre as peças das tesouras. 8. Sambladuras São entalhes apropriados realizados nas peças de madeira com a finalidade de proporcionar maior ajuste e solidez na junção destas peças entre si, tornando o conjunto mais indeformável possível. Os entalhes são feitos, geralmente, através de dentes ou mechas. DISPOSIÇÕES CONSTRUTIVAS DAS TESOURAS DE MADEIRA: 1. Vãos até 3,00 m não precisam de escoras; 2. Vãos acima de 8,00 m devem ser colocados montantes; 3. O espaçamento ideal entre as tesouras de madeira deve ficar entre 3,0 e 4,0 m; 4. As cargas devem ser sempre distribuídas nos nós, a fim de evitar qualquer esforço de flexão na peça; 5. O ângulo entre a perna e a linha deve obedecer ao ângulo de inclinação do telhado; 6. A distância máxima entre o ponto de intersecção dos eixos da perna e da linha e o apoio da tesoura não deverá ser superior a 5,0 cm; 7. As tesouras devem ser contraventadas com mão francesa ou com peças de madeira fixadas lateralmente no topo do pendural da tesoura, através de parafuso, e fixada lateralmente na parte inferior do pendural das tesouras imediatamente vizinhas, formando um “X” entre as tesouras e perpendicular ao seu plano; 8. Para vãos superiores a 10 m deve ser colocado contraventamento adjacentes complementar entre tesouras. 9. As duas extremidades de apoio devem ser niveladas; UVA – Engenharia Civil – Edificações II – Cobertura – 2015.2 5 10. Os eixos das peças devem se encontrar nos nós estruturais; 11. A distância entre a extremidade da linha e o encaixe da perna da tesoura não deve ser inferior a 20 cm; 12. Qualquer entalhe não deve ser superior a ¼ da altura da peça; 13. A união do pendural com a linha é feita através de estribo de ferro aparafusado no pendural, de modo a manter o nó estrutural e obrigar o sistema a trabalhar segundo um plano vertical; 14. A ligação entre a perna e a linha deve ser reforçada através de uma abraçadeira em forma de estribo ou parafuso na vertical unindo as duas peças; 15. A ligação entre as pernas e o pendural deve ser feita através de chapa de ferro em ambos os lados, devidamente aparafusadas (mínimo de um parafuso em cada peça. As chapas devem acompanhar os eixos das peças;16. Os parafusos e porcas utilizados devem ser dotados de arruelas; 17. As emendas das peças de madeira que compõem a linha devem ser feitas com chapas de aço em ambos os lados (superior e inferior) com quatro parafusos dotados de porcas e arruelas e comprimento não inferior a quatro vezes a altura da linha. 18. A linha de eixo da perna, a linha de eixo da linha ou banzo inferior e o eixo do apoio devem cruzar num único ponto; 19. As duas extremidades de apoio devem ser niveladas; 20. A madeira utilizada deve ser tipo “madeira de lei”, resistente aos esforços presentes na estrutura, seca, isenta de defeitos e imunizada contra pragas. 21. As emendas das linhas devem ser feitas através de chapas de aço e parafusos com arruelas. As peças de madeira deverão receber entalhe de emenda tipo “dente-de-cão” com cunhas de aperto. O comprimento da chapa deve ter não deve ser inferior a três vezes a altura da linha e dotada de quatro parafusos – dois para cada lado da emenda. 2.3 TRAMA DE MADEIRA 1. Cumeeira Aresta horizontal delimitada pelo encontro de duas águas, localizada geralmente na parte mais alta do telhado formando uma linha de intersecção de duas superfícies de cobertura com inclinação de sentidos opostos; A terça da parte mais alta do telhado é denominada cumeeira, sendo constituída de uma viga na linha de cumeeira ou duas vigas paralelas junto à linha da cumeeira, mas em planos opostos. São apoiadas sobre tesoura, pontaletes, paredes ou vigas. A cumeeira quando apoiada sobre uma tesoura de madeira, o faz diretamente sobre o pendural (caso de uma única linha) ou sobre a extremidade superior de cada perna da tesoura (caso de duas linhas paralelas). As linhas de madeira são dimensionadas em função das bitolas comerciais, atendendo ao cálculo estrutural e às determinações das normas NBR. 2. Terças Vigas (linhas) horizontais colocadas paralelas à cumeeira e apoiadas sobre tesoura, pontaletes ou paredes a fim de receber os caibros ou diretamente as telhas, dando-lhes sustentação. As vigas de madeira são dimensionadas em função das bitolas existentes no comércio, ao espaçamento entre si, atendendo ao cálculo estrutural. O espaçamento entre as terças é função do vão adotado para os caibros. As emendas das terças serão feitas sobre os apoios ou afastados deles aproximadamente a ¼ do vão, com chanfro de 45º e no sentido do diagrama de momentos fletores. 3. Frechal É a denominação dada à última terça mais inferior de uma coberta. 4. Chapuz Calço de madeira, geralmente de forma triangular, que serve de apoio lateral para Terça, frechal e cumeeira. O chapuz é fixado à madeira por meio de pregos de bitola adequada, devendo ser furado com broca de diâmetro imediatamente inferior à do prego para não danificá-lo. UVA – Engenharia Civil – Edificações II – Cobertura – 2015.2 6 5. Caibro Peças de madeira apoiadas sobre as terças servindo de apoio das ripas. A sua inclinação obedece a inclinação do telhado. Os caibros são fixados na direção perpendicular as terças, através de pregos, devendo ser furado com broca de bitola imediatamente inferior à do prego para não danificar ou lascar o caibro. Os caibros são dimensionados em função das bitolas existentes no comércio, atendendo ao cálculo estrutural. O espaçamento entre os caibros não deve ser superior a 40 cm. As emendas dos caibros são feitas sempre sobre as linhas em forma de plano inclinado (“sapata”), com o prego perpassando ambos os caibros. 5. Ripa Peça de madeira dispostas horizontalmente e apoiadas sobre os caibros; servem de lastro para as telhas cerâmicas. As ripas são fixadas aos caibros através de pregos de dimensões apropriadas, de modo a não lascar a madeira. O espaçamento entre as ripas é função da dimensão da telha utilizada. O primeiro apoio da fiada superior de telhas e o apoio terminal da fiada inferior devem ser constituídos por duas ripas sobrepostas, de forma a compensar a espessura da telha que deveria existir (antes ou depois dessa fiada, em cada caso) e garantir o plano do telhado. 6. Beiral Projeção do telhado, geralmente em balanço, para fora do alinhamento da parede ou do frechal (terça mais inferior), cujo comprimento, em geral varia de 40 cm a 60 cm. Esta denominação é também atribuída à peça de madeira fixada com prego no topo das terminações dos caibros em balanço a fim de dar um acabamento na terminação do telhado e manter os caibros alinhados e nivelados ao longo desta linha de contorno da coberta. Nas terminações da coberta que coincidem com o último caibro lateral inclinado no sentido longitudinal é colocado um beiral pregado ao longo deste último caibro, a fim de propiciar um bom acabamento. Adota- se a secção mínima de 10 cm x 1,5 cm para a peça de madeira destinada ao beiral. 7. Rufo Peça complementar de arremate entre o telhado e uma parede, executados em concreto impermeabilizado ou peça metálica, com a finalidade de garantir a estanqueidade entre as telhas e as paredes. São executados nos encontros do telhado com paredes paralelas ou transversais ao comprimento das telhas. 8. Chapim Elemento construtivo, geralmente de concreto premoldado, colocado sobre as terminações das alvenarias expostas ao meio ambiente com a finalidade de impedir a penetração de água de chuvas na parede. 2.4 TELHADO CERÂMICO 1. Telhas Cerâmicas A impermeabilidade das telhas cerâmicas deve ter sua absorção de água não seja superior a 18%, a fim de não causar gotejamento e propiciar a não proliferação de algas, fungos, liquens e musgos. As telhas têm sua impermeabilidade aumentada com o tempo devido ao fato de que os poros são obstruídos com o limo e a poeira depositada. A superfície das telhas deve ser lisa a fim de deixar a água escorrer facilmente e reduzir a proliferação de fungos e musgo. A estanqueidade e o desempenho térmico das telhas cerâmicas constituem os dois pontos principais para a avaliação de um telhado. As telhas cerâmicas deverão estar isentas de defeitos sistemáticos como quebras, rebarbas, esfoliações, trincas, empenamentos, desvios geométricos e não uniformidade de cor. UVA – Engenharia Civil – Edificações II – Cobertura – 2015.2 7 As telhas cerâmicas, segundo as normas técnicas, são divididas em duas categorias, conforme sua resistência a uma carga aplicada sobre o centro da telha, estando ela sobre dois apoios: 1a categoria: resistência mínima de 85 kg; 2a categoria: resistência mínima de 70 kg. A colocação das telhas deve ser feita por fiadas, iniciando-se pelo beiral e prosseguindo-se em direção à cumeeira. As telhas da fiada seguinte são colocadas de forma a se encaixarem perfeitamente sobre as telhas da fiada inferior. A colocação das telhas de capa e canal deve ser iniciada pelas telhas canais, posicionando- se com sua parte mais larga voltada para cima, com o esbarro encaixado nas ripas. As capas são posicionadas sobre os canais com a parte mais larga voltada para baixo. As capas e os canais devem apoiar- se nas fiadas inferiores, observando-se recobrimento longitudinal mínimo. A cumeeira deve ser executada com peças cerâmicas (específicas), que devem ser cuidadosamente encaixadas e emboçadas com argamassa, obedecendo-se um sentido de colocação contrário ao dos ventos dominantes, deve-se observar ainda um recobrimento longitudinal mínimo entre as peças subseqüentes. No caso de beirais laterais, a proteção pode ser feita mediante o emboçamento de peças cerâmicas. A argamassa a ser empregada no emboçamento das telhas e das peças complementares (cumeeiras, espigão, arremates), deve ser mista de cimento cal e areia. Os encontros do telhado com paredes paralelas ou transversais aocomprimento das telhas devem ser executados empregando-se rufos metálicos ou de concreto impermeabilizado, de modo a garantir a estanqueidade. Os principais tipos de telhas fabricadas no Brasil são classificados em duas categorias: 1) Telhas Capa e Canal: Tipo Colonial – com forma capa e canais iguais, com reentrâncias no lado convexo e no lado côncavo. A inclinação deve estar entre 20 % e 25 %. Tipo Paulista – os canais que se apóiam acima das ripas com um ressalto na face inferior que têm uma largura maior; e as capas se apóiam sobre os canais, com largura menor; possuem uma reentrância para permitir o perfeito acoplamento com os canais e uma saliência inferior para o deslizamento da telha. A inclinação deve estar entre 20 % e 30 %. UVA – Engenharia Civil – Edificações II – Cobertura – 2015.2 8 Telhas Plan – com formas acentuadamente retas. Telha tipo plan: (a) canal (b) capa 2) Telhas de encaixe: Tipo Francesa ou Marselha – são telhas planas com saliências e reentrâncias em suas bordas que permitem a sua fixação e apoio sobre a trama e o encaixe entre si. A inclinação está entre 32% e 45 %; Tipo Romana – telha plana. A inclinação deve estar entre 30% e 45 %; Tipo Portuguesa – A inclinação deve estar entre 32% e 45 %. Tipo Francesa Tipo Romana Tipo Portuguesa 3. TELHAS FIBROCIMENTO Espessuras: 5, 6 e 8 mm Comprimento: 0,91 / 1,22 / 1,53 / 1,83 / 2,13 / 2,44 / 3,05 / 3,66. Largura: 1,10 m; Largura útil: 0,885 m ou 1,05 m; Tipos mais comuns: Onduladas e Calhetas. Algumas vantagens das telhas de fibrocimento são: – Grande resistência a atmosferas agressivas, não sofrendo o efeito de corrosão; – Elevada resistência mecânica; – Baixo peso; – Grande estanqueidade; – Isolamento sonoro; UVA – Engenharia Civil – Edificações II – Cobertura – 2015.2 9 – Economia; – Duráveis e de fácil manuseio; – Podem ser pintadas para melhorar a estética ou o comportamento térmico do telhado. – Apresentam diversos tamanhos e espessuras para escolha; – Desvantagem: não proporcionem adequado conforto, sobretudo térmico. 4. PREGOS O mercado utiliza as duas medidas abaixo: 1) Polegadas inglesas x BWG (Birmingham Wire Gauge) 2) JP (Jauge de Paris) x LPP (Linha de Polegadas Portuguesas). Tabela de pregos: UVA – Engenharia Civil – Edificações II – Cobertura – 2015.2 10 COBERTURAS NATURAIS O uso de coberturas naturais tais com o sapé (capim), a palha de coqueiro, carnaubeira e buriti, a piaçava e a palha de Santa Fé constitui-se em uma forma de integrar a edificação à natureza. Essas coberturas são muito utilizadas em casas de praia, de campo e de veraneio, bem como em ambientes urbanos com arquitetura de tendências rústicas (varandas, quiosques, áreas de churrasqueiras, bares e restaurantes típicos. Esse tipo de cobertura tão primitiva realmente protege contra a ação da chuva, do vento e do sol, com excelente qualidade como isolante térmico e acústico. A água da chuva não penetra desde que a estrutura do telhado tenha declividade mínima em torno de 30º. Uma das desvantagens da cobertura natural é o seu tempo de vida, em média, de três a quinze anos. Nos centros urbanos este fator é agravado pela poluição, obrigando a trocas mais freqüentes da fibra. Deve-se estar atento ainda quanto à proliferação de insetos como baratas, aranhas e cupins. O risco de incêndio também é maior do que no telhado revestido por telhas comuns. TELHAS DE POLICARBONATO O policarbonato é um termoplástico, ou seja, um plástico que amolece ao ser aquecido e endurece quando resfriado, permitindo que se façam curvas ou outros formatos, sem nenhuma emenda. É um material de alta transparência e resistência a impactos. Mais leve que o vidro, pode ser curvado a frio e tem proteção contra raios ultravioleta. O Policarbonato é um material com grande aceitação no mercado que permite o desenvolvimento de projetos arquitetônicos com o aproveitamento da luz natural. Utilizados em resistências e comércios, desenvolve alto desempenho em qualquer clima e resiste a mudanças climáticas externas e bruscas. O material oferece uma excelente resistência a impactos, além da proteção contra os raios Ultravioletas. Não propagam chamas e não exalam gases tóxicos, além de apresentar boa resistência química. Devido a sua transparência duradoura, o policarbonato propicia um aproveitamento melhor da luz natural e uma grande economia em energia elétrica. Algumas características das telhas de policarbonato são: Leveza; 1,2 Kg por metro quadrado; Alta resistência a impacto, maior do que os produtos comumente usados; Material auto-extinguível; não propaga a chama; Economia de energia; Aproveitamento da luz natural; Facilidade no manuseio e instalação.
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