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Processo Civil I Professor Fábio de Assis Baseado nas transcrição da turma 2016.1 - Noturno O Processo Civil é composto por um tripé que é a Jurisdição, a Ação e o Processo . 1. Partes do Processo Teoria restritivista: Chiovenda. Parte é quem pede e contra quem se pede. Ela é chamada de Restritivista porque ela não engloba todos os sujeitos do processo. Teoria Ampliativa: Liebman. Parte é todo aquele sujeito que participa do processo em contraditório sendo titular de situações jurídicas. Vai incluir o MP, como fiscal da ordem jurídica, e o assistente, assistente é outra forma de intervenção de terceiros. Faculdade Nacional de Direito - UFRJ Caderno de Processo Civil I - 2017.2 Ingrid Grandini 2. Natureza Jurídica do Processo Teoria 1: O processo como procedimento. Surgiu em uma época que a gente chama de época Imanentista. Nesse período, a gente dizia que o direito de ação e o direito material eram a mesma coisa. Direito material hoje é o direito que você opõe em face da parte contrária. Então se eu entro com um processo, o meu direito material é aquele direito que eu oponho em face do réu. O direito processual vai ser o direito que eu tenho de ir ao judiciário e exigir que ele me preste uma tutela jurisdicional. É uma diferença bem superficial dos dois. Essa primeira teoria não traz essa diferença. Ela ia dizer que o direito material era um direito inerente, um direito estático, e a partir do momento que a gente tinha um descumprimento a esse direito, esse direito se colocava em posição de reação, direito processual. Então, vejam bem, o direito processual nada mais era do que o direito material reagindo a uma agressão. A gente pode ter o direito material sem ter o direito processual e vice-versa. Vamos dizer, por exemplo, que eu entre com um processo, sou o autor da ação e essa minha ação é julgada improcedente. Quando essa minha ação é julgada improcedente, o que o juiz está me dizendo que aquele direito material que eu aleguei não existe. Então se eu disser que o direito material é a mesma coisa que o direito processual, e o juiz está dizendo que o meu direito material não existe, todo aquele processo que chegou até a sentença seria o quê? Então essa é a principal crítica a teoria. Teroia 2: o processo como um contrato. Vem do direito romano. Na época, o Estado não tinha como forçar que as partes se sujeitassem ao processo, então quando a gente tinha um processo nessa época, a gente ia ter o que se chamava de lide contestatio (um acordo das partes para elas se sujeitarem ao processo). Então se diz que o processo é um contrato porque as partes tinham que aceitar e se sujeitar a ele. Princípio da inevitabilidade: As parte não podem evitar a jurisdição. Então uma vez que as partes integram aquele processo, elas vão se colocar em estado de sujeição, esse é o termo técnico que é importante vocês terem, vocês vão ver inclusive em direito constitucional as vezes. 2 Faculdade Nacional de Direito - UFRJ Caderno de Processo Civil I - 2017.2 Ingrid Grandini Teoria 3: O processo é relação jurídica. Essa é a Teoria mais aplicada hoje em dia. Essa teoria ela vai ter como elemento a relação jurídica. Para ela o processo é uma relação jurídica. A relação jurídica traz obrigações e deveres entre as partes. Essa relação jurídica vai envolver os deveres e obrigações entre as partes do processo, recíprocas. ● Linear: o juíz e o autor, eu ainda não tive o ingresso do réu no processo, e por isso ela é linear, então é o caso de ou o réu ainda não ter sido citado, ou de um julgamento liminar de improcedência (onde o réu sequer vai ser citado) - a gente diz que é uma relação jurídica incompleta; NCPC: tráz algumas hipóteses que quando você já tem uma tese fixada contrária àquela ação, o juiz já pode julgar improcedente sem nem o réu ingressar no processo. ● Angular: o juíz, autor e réu. autor-juiz e réu-juiz. O autor quando entra com uma ação ele tem o dever de agir de boa fé, e o juiz tem o dever de dar uma sentença ao final do processo, esse é um exemplo bem simples. Crítica: não reconhece uma relação entre autor e réu. ● Triangular: irá existir relação réu - autor. Que é um dever de boa fé, um dever de cooperação. O NCPC traz explicitamente esse princípio da cooperação, afirmando que autor e réu têm que cooperar entre si. Dever de agir de boa fé no processo, de evitar prejudicar o andamento do processo, buscar sempre dar a maior celeridade possível. Teoria 4: Processo é um procedimento animado por uma relação jurídica em contraditório. Teoria majoritária na doutrina atualmente. Três elementos: ● Procedimento: a parte visível do processo, exteriorizada. Sucessão de atos interligados de forma lógica visando um objetivo final. o ato posterior depende o ato anterior. E ele vai visar um objetivo final, a sentença. ○ Ex.: A própria réplica, eu não tenho como apresentar uma réplica no processo se eu sequer tive uma contestação. ● Ação Jurídica: 3 Faculdade Nacional de Direito - UFRJ Caderno de Processo Civil I - 2017.2 Ingrid Grandini ● Contraditório: As partes do processo têm o direito de atuar nele de forma efetiva. De forma efetiva de forma que elas podem influenciar na decisão final desse processo. E que elas não tenham no desenvolver desse processo nenhuma decisão surpresa. O NCPC trouxe essa inovação, que é a vedação à decisão surpresa. É a impossibilidade do juiz dar uma decisão sem permitir que as partes falem sobre aquilo antes, sem permitir que as partes se manifestem. 3. Pressupostos Processuais Pressupostos processuais são requisitos preenchidos para que o processo tenha validade e regular desenvolvimento. > objetivos ou subjetivos > de validade ou de existencia 3.1 de validade: vícios que podem ser reparados pelas partes. 1. Se parte cumprir determinação do juiz, o processo segue. 2. Se a parte não consertar o erro, o processo é extinto sem resolução do mérito. Todos os pressupostos processuais extrínsecos são de validade, exceto coisa julgada. 3.2 de existência: requisitos tão importantes que, se descumprios, tornam o processo inexistente. 1. Não há sentença (cancelamento do registro/distribuição). 2. vicio mais gravoso. 3.3 Objetivos ● Extrínsecos/Negativos: trazem requisitos que NÃO PODEM ESTAR no processo. i) Coisa Julgada: torna a sentença indiscutível e imutável, para conferir segurança jurídica. A coisa julgada acontece no trânsito em julgado. Este, por sua vez ocorre: 1. porque não cabe mais recurso; 2. porque as partes não interpuseram o recurso no prazo. 4 Faculdade Nacional de Direito - UFRJ Caderno de Processo Civil I - 2017.2 Ingrid Grandini 1) Formal (endoprocessual): dentro do processo. Julgamentos sem resolução de mérito - pode serproposta nova ação pois só há coisa julgada dentro do processo. 2) Material (extraprocessual): ocorre para fora do processo. O pedido do processo, mérito, foi julgado, portanto, não podendo ajuizar outra ação. OBS.: Prazo de 2 anos de qualquer decisão para impetrar ação rescisória (quando o processo tem vícios para desconstruir a ação anterior, anulando a sentença). ii) Litispendência: 2 ações idênticas tramitando ao mesmo tempo (necessariamente com esses três requisitos): 1) Mesmas partes 2) Mesmos pedidos: (a) imediato: tutela jurisdicional pretendida - ex.: quero tutela condenatória (b) mediato: bem da vida pretendido - ex: tutela condenatória em dano moral no valor de 5 mil 3) Causa de Pedir: divisão entre fatos e fundamentos OBS.: Divisão da causa de pedir em fatos (simples - sem relevância jurídica - ou jurídicos - o juiz vinculado não pode decidir com base em fatos jurídicos não apresentados “extra causa petendi”) e fundamentos (explicação à luz do direito - juiz não vinculado pode exercer com fundamento jurídico diverso desde que as partes se manifestem em relação ao utilizado - vedação à decisão surpresa). A ação que prossegue é a que teve a citação primeiro. iii) Perempção: mesma ação sendo extinta 3 vezes por abandono do autor não cabendo 4ª ação. iv) Arbitragem: as partes confiam num terceiro para decidir conflitos. A arbitragem promove a coisa julgada e não pode ser rediscutida. v) Transação: interesse recíproco para ambos os lados, ambos abrem mão de uma parte do direito. 5 Faculdade Nacional de Direito - UFRJ Caderno de Processo Civil I - 2017.2 Ingrid Grandini vi) Não pagamento de custas: não pagamento de custas em processo extinto por sentença terminativa - sem resolução de mérito. A parte só pode propor ação se pagou custas da anterior salvo se justiça gratuita. ● Intrínsecos / Positivos: devem estar PRESENTES no processo i) Demanda: ato de demandar. A jurisdição é inerte, precisa ser provocada; o juiz nunca atua de ofício. > se não houver demanda não há processo; > EXISTÊNCIA. ii) Petição inicial apta: art. 330, NCPC/2015 - petição inapta leva a um vício de validade, sendo oportunizado à parte autora que conserte. iii) Citação válida: possui requisitos formais a serem cumpridos. > doutrina majoritária - art. 239, NCPC/2015: a citação como um pressuposto de validade; > mesmo que a citação seja inválida, o autor não poderá ingressar de novo. iv) Regularidade Formal (ver item 8.1): atos processuais são atos solenes, seguem forma disposta no CPC. Vícios podem gerar: > mera irregularidade: vício irrelevante que não gera consequências > nulidade relativa: ocorre quando ato anulável visa proteger as partes. A parte tem que alegar no 1º momento possível e o juiz não pode conhecer de ofício. sentença sem relatório. OBS.: não pode ser alegado pela parte que gerou o vício. > nulidade absoluta: ato que visa proteger a sociedade como um todo podendo ser conhecida de ofício pelo juiz a qualquer momento, bem como ser alegada por qualquer uma das pessoas envolvidas. sentença sem fundamentação. > inexistência jurídica: o vício fere a própria natureza do ato, de forma que ele sequer existe. sentença sem dispositivo. 3.4 Subjetivos: requisitos processuais em relação aos sujeitos do processo. 6 Faculdade Nacional de Direito - UFRJ Caderno de Processo Civil I - 2017.2 Ingrid Grandini ● em relação ao juiz: 1. investidura: Estado, ser inanimado, incumbe ao juiz o exercício desse poder de jurisdição que é exclusiva do Estado. Incumbe por meio de concurso ou nomeação - art. 5º, CRFB/88. 2. imparcialidade: juiz deve ser desinteressado no processo que vai julgar. arts. 144 a 148, NCPC/15: a. Suspeição: imparcialidade subjetiva - tem que comprovar na hipótese. Ex.: juiz não pode ganhar presentes das partes. - NULIDADE RELATIVA. > deve ser alegada pela parte no 1º momento que houver oportunidade de declarar, sob pena de preclusão. > EXCETO: pode ser conhecida de ofício pelo juiz. b. Impedimento: imparcialidade objetiva - aplicação da lei. Ex.: o juiz é casado com uma das partes. - NULIDADE ABSOLUTA > pode ser conhecida a qualquer momento, sem alegação das partes. OBS.: Imparcialidade # Impartilidade > impartialidade é o juiz ser o terceiro dentro do processo, não pode ser uma parte. Imparcialidade # Neutralidade > neutralidade é exigir que o juiz abra mão das experiências extra-autos dele de forma que não existe juiz neutro e nem se o exige. Imparcialidade # Inércia > Juiz atuante quando dá andamento ao processo não esta sendo parcial. Imparcialidade é pressuposto de VALIDADE. Não leva à inexistência, mas há um vício - NULIDADE RELATIVA OU ABSOLUTA. 3. Competência: a. Relativa: b. Absoluta: ● em relação às partes 7 Faculdade Nacional de Direito - UFRJ Caderno de Processo Civil I - 2017.2 Ingrid Grandini 1. Capacidade de ser parte: Paralelo com o direito civil: capacidade de exercer direitos e obrigações. O Processo Civil amplia essa capacidade para entes despersonalizados > capacidade de integrar ao processo ou como demandante ou como demandado > entes despersonalizados: procon, casas legislativas, espólio, condomínio de apartamentos, massa falida. > quando o ato é praticado por alguém que não tem capacidade gera a INEXISTÊNCIA DO ATO. 2. Capacidade de estar em juízo: “capacidade processual” - capacidade de praticar validamente os atos processuais. > VALIDADE - nulidade relativa ou absoluta. > pode haver hipótese em que o sujeito tenha capacidade de ser parte mas não há capacidade de estar em juízo: - Relativamente incapaz: precisa ser assistido e o assistente não pratica o ato sozinho e sim, junto com o assistido. - Absolutamente incapaz: o representante é quem pratica o ato, sem necessidade da companhia do incapaz. 3. Capacidade Postulatória: art. 104, §1º e §2º, NCPC/2015. Exigência de que haja no processo um advogado regularmente inscrito na OAB. > para atuar num processo é necessário que esteja representado por um advogado. OSB.: MP e DP são exceções pois, apesar de não serem advogados, tem capacidade postulatória funcional. > Casos que não são exigidos advogados: 1. Juizados especiais cíveis 2. ações trabalhistas 3. habeas corpus em caso de prisão civil 4. Processo objetivos: processo de averiguação de constitucionalidade. 8 Faculdade Nacional de Direito - UFRJ Caderno de Processo Civil I - 2017.2 Ingrid Grandini 4. Possibilidades: a. ato praticado por advogado SEM PROCURAÇÃO: o juiz concede 15 dias (+15) para regularização - VÍCIO SANÁVEL - se não apresentar a procuração os atos tornam-se ineficazes (existem, são válidos, mas não surte efeito). b. ato praticado por pessoa não advogada: - pressuposto de validade - NULIDADE ABSOLUTA. 4. Sujeitos do Processo 1. Autor 2. Réu 3. Estado (Juiz)4. Hipóteses de intervenção de terceiros 5. MP: fiscal da ordem jurídica e, em ações criminais, autor. 4.1 Parte i) Restritivo: quem pede e contra quem se pede > autor, réu, denunciado à lide, chamado ao processo. ii) Ampliativo (Liebman): quando o sujeito participa do processo em contraditório sendo titular de situações jurídicas. > restritivo + MP (fiscal) + assistência. iii) Dinamarco: ampliativo (partes do processo) + restritivo (parte da demanda). OBS.: JUIZ NÃO É PARTE NO PROCESSO pois NÃO TEM INTERESSE. Ele É ENVOLVIDO art. 73, NCPC: Art. 73. O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens. Trata da necessidade de autorização do cônjuge quando for uma ação real imobiliária (usucapião, ação reivindicatória): a autorização somente não é necessária em caso de regime de separação de bens. 9 Faculdade Nacional de Direito - UFRJ Caderno de Processo Civil I - 2017.2 Ingrid Grandini > se a parte autora ingressa com ação sem consentimento do cônjuge, juiz intima para que parte autora traga autorização. Caso contrário, processo é extinto SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO - faltou requisito essencial exigido para prática dos atos. 4.2 Hipótese do cônjuge ser a parte ré > ingressaram juntos no processo: §1º: Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para a ação: I - que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens; II - resultante de fato que diga respeito a ambos os cônjuges ou de ato praticado por eles; III - fundada em dívida contraída por um dos cônjuges a bem da família; IV - que tenha por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de ônus sobre imóvel de um ou de ambos os cônjuges. ● litisconsórcio necessário: obrigatoriamente os dois estarão no polo passivo. art. 74, NCPC: hipóteses em que o Juiz não exigirá autorização: > resistência infundada do cônjuge pode suprir a autorização. AÇÃO JURISDICIONAL VOLUNTÁRIA. 4.3 Deveres das partes e dos procuradores art. 77, NCPC: não exaustivo. IV E VI - ato atentatório à dignidade da justiça - atos de má-fé > consequência: multa no valor de 1 à 20% do valor da causa. Caso o valor seja irrisório, juiz pode fixar multa em até 10 salários mínimos - EM FAVOR DO ESTADO Exceções ao ato atentatório: 1. art. 77, § 6, NCPC: “advogados, membros do Ministério Público, da Defensoria público não podem ser multados em ato atentatório à dignidade da Justiça.’’ 2. Jurisprudêncial: O Estado não pode ser multado em ato atentatório > multa será paga pelo Estado a ele mesmo. 10 Faculdade Nacional de Direito - UFRJ Caderno de Processo Civil I - 2017.2 Ingrid Grandini 4.4 Dever de Urbanidade art. 78, NCPC: “É vedado às partes, a seus procuradores, aos juízes, aos membros do Ministério Público e da Defensoria Pública e a qualquer pessoa que participe do processo empregar expressões ofensivas nos escritos apresentados”. Se for em audiência o juiz vai, oralmente, informar a parte que se ela continuar, ela vai ter a palavra cassada, ou seja, ela não vai mais poder se manifestar. Se for por escrito, o juiz vai determinar que aquelas palavras ofensivas sejam riscadas do processo e se a parte interessada requerer, eles expedem uma certidão inteiro teor com essas palavras para a parte tomar as medidas que ela entender, sejam penais ou cíveis. Art. 79, NCPC: Responde por perdas e danos aquele que litigar de má-fé como autor, réu ou interveniente. RESPONSABILIDADE PROCESSUAL: responsabilidade de reparar atos praticados em má-fé (litigância de má-fé). A diferença entre o ato atentatório e a litigância de má-fé é que está é voltada para aquele que sofreu o prejuízo, ou seja, para aquela pessoa do processo que saiu prejudicada com o ato. No ato atentatório a multa é para o Estado. 4.4.1 hipóteses de litigância de má-fé Art. 80, NCPC: Considera-se litigante de má-fé aquele que: I deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso; II alterar a verdade dos fatos; III usar do processo para conseguir objetivo ilegal; IV opuser resistência injustificada ao andamento do processo; V proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo; VI - provocar incidente manifestamente infundado; VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório. MULTA: 1% < X < 10 % do valor da causa, ou, se irrisório, 10 SM 11 Faculdade Nacional de Direito - UFRJ Caderno de Processo Civil I - 2017.2 Ingrid Grandini Art 81, §s - Na litigância de má-fé há a hipótese desse ato gerar um prejuízo a outra parte. Então além da multa, essa parte que saiu prejudicada pode cobrar dentro do próprio processo esse prejuízo. 4.5 Despesas processuais, honorários advocatícios e multa art. 84, NCPC: “As despesas abrangem as custas dos atos do processo, a indenização de viagem, remuneração da assistente técnico e a diária de testemunha.” art. 82, NCPC: Se a parte não for beneficiária da justiça gratuita, logo no início do processo ela tem que antecipar essas custas. Na hipótese do ato ser determinado pelo juiz ou pelo Ministério Público quem vai ter que adiantar as custas é a parte autora. EXCEÇÃO - PERÍCIA: Se for prova pericial, se ambas as partes requererem, elas vão ter que dividir o valor da perícia. Também se for requerido pelo juiz ou pelo Ministério Público, elas também vão ter que dividir o valor → é uma crítica que se faz ao Novo CPC. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA: A parte que vence a demanda é ressarcida dessas custas. O CPC/73 trazia o que se chamava de sucumbência recíproca. A sucumbência é quando a parte perde. Sucumbência recíproca é quando as duas partes perdem um pouco, aí nesse caso há uma compensação de custas, ou seja, cada parte vai arcar com metade das custas. Era muito criticado porque quando havia essa possibilidade de sucumbência recíproca, o juiz não só compensava as custas, como compensar os honorários advocatícios, ou seja, nenhuma das partes pagará honorários, cada um pagava do seu. Hoje em dia, o novo CPC já traz essa previsão, reconhecendo que os honorários advocatícios são uma verba alimentar (art. 85,§14). Então, hoje o novo CPC veda essa possibilidade de compensação de honorários, mesmo quando a gente tem uma sucumbência recíproca. Contudo, há a hipótese de uma parte sucumbir em parte mínima do pedido. Nesse caso, a parte que sucumbiu na maior parte do pedido fica responsável pelo pagamento das custas. art. 91, NCPC: a fazenda pública e o Ministério Público são dispensados do adiantamento de custas no início do processo. Os honorários advocatícios são de 10 a 20%, sempre, de acordo com o novo CPC ou o juiz pode fixar um valor, se ele entender que aquele valor é irrisório. O novo CPC traz uma questão 12Faculdade Nacional de Direito - UFRJ Caderno de Processo Civil I - 2017.2 Ingrid Grandini interessante também. Pelo CPC de 73 o advogado que já tinha ganhado honorários em primeira instância, se a decisão fosse confirmada, os honorários mantinham iguais. O novo CPC traz uma previsão de que quando aquele advogado atua em grau de recurso, ele tem a majoração dessa verba. No CPC de 73 tinha uma questão que era meio absurda: casos, por exemplo, que o juiz deixava de fixar honorários, o juiz esquecia. Então acontecia muito de a sentença ser omissa, não fixar honorários, e o juiz não consertar nem em hipótese de embargos de declaração, e o STJ não permitia que ele cobrasse. O novo CPC resolveu isso, ele prevê que o advogado pode entrar com uma ação autônoma para cobrar esses honorários, ou seja, ele entra com uma ação só para fixar e cobrar esses honorários que foram omissos no outro processo → Artigo 85, parágrafo 18, cancelou a súmula 453 do STJ. 5. Litisconsórcio Litisconsórcio é a pluralidade de sujeitos, ou seja, há mais de um sujeito no polo ativo da ação, passivo ou em ambos. Corrente majoritária: não importa o interesse em jogo, basta que haja pluralidade para haver o litisconsórcio. Corrente minoritária: Marioni - é preciso que haja interesse em comum, logo, se for conflitante, não há litisconsórcio e sim uma cumulação de sujeitos (subjetiva). 5.1 Hipóteses de Cabimento - art. 113, NCPC art. 113. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando: I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide; II - entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir; III - ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito. 5.2 Classificação do Litisconsórcio ● quanto aos polos de ocorrência: > ativo: mais de um autor 13 Faculdade Nacional de Direito - UFRJ Caderno de Processo Civil I - 2017.2 Ingrid Grandini > passivo: mais de um réu > misto: mais de um autor E mais de um réu ● quanto ao momento de formação: > inicial: indicado no início da ação, ou seja, na petição inicial pelo autor. > ulterior: formado depois do início do processo e o juiz determina que a petição inicial seja emendada. > SÓ NO POLO PASSIVO, salvo se a legislação permitir expressamente. OBS.: a inicial só é permitida até o momento da citação, após será ulterior. ● quanto à obrigatoriedade: > necessário: quando a formação desse litisconsórcio é obrigatório - art. 114, NCPC 1. necessário por disposição da lei: usucapião, ação popular. 2. necessário pela natureza da relação jurídica controvertida, a eficácia da sentença depender da citação de todos que devam ser litisconsortes: direito material incindível - anulação de casamento. > facultativo: quando não for necessário, é facultativo. ● quanto ao conteúdo da decisão: > unitário: quando aquela decisão proferida OBRIGATORIAMENTE tem que ser IGUAL para todos os litisconsortes. Ex.: anulação de casamento. > simples: é quando pode ou não ter decisões diferentes para cada um dos litisconsortes Ex.: necessário simples: ação popular, usucapião - não há nulidade, há ineficácia. (artigo 115, caput e incisos I e II, NCPC). Ex.: facultativo unitário: ação rescisória, ação quanti minoris. Ex.: ativo necessário: criticado pela doutrina porque obriga a alguém a ingressar numa ação que é um ato voluntário do autor. > ação rescisória: alguns dizem que é facultativa outros que é necessária. 1. Dinamarco: se um está resistindo, não se pode entrar com a ação e ela será extinta sem resolução de mérito pois ele não é obrigada a ingressar com a ação. 14 Faculdade Nacional de Direito - UFRJ Caderno de Processo Civil I - 2017.2 Ingrid Grandini 2. Scarpinella: A processa C, e intima B (que ingressa como sujeito anômalo) e ele entra ou como réu ou como autor depende da decisão dele mesmo. 3. Nelson Ney: ingressa como réu e depois pode mudar para autor 4. Bedaque (majoritária): citado como réu fica como réu até o final. 5.3 Litisconsórcio multitudinário (art. 113, §1º) O juiz pode limitar o número de litisconsortes através de um desmembramento da ação e fica à critério do juiz. O réu pode fazer esse requerimento, ou pode o juiz fazer, quando a hipótese for verificada, determinando por ofício. Alexandre Câmara: não é um desmembramento de ações, e sim eliminar o excesso de litisconsortes, ou seja, manteria-se o número que o juiz definiu e excluirá o resto. 5.4 Dinâmica entre os litisconsortes - art. 117, NCPC No litisconsórcio unitário o ato de um dos litisconsortes beneficia os demais, mas nunca os prejudicará, ou seja, se um desses litisconsortes praticar um ato é preciso ver se esse ato é benéfico ou prejudicial para os demais. No litisconsórcio simples se um dos litisconsortes é revel, aplica-se os efeitos da revelia para ele, os fatos contestados serão em relação a ele, exclusivamente. Logo é passível de prejudicar os demais. PRINCÍPIO DA COMUNHÃO DA PROVA: não interessa quem produziu a prova, pois é uma prova do processo. Sendo assim, não se discute quem ela beneficia ou quem ela prejudica podendo acontecer com qualquer dos litisconsortes. 5.5 Prazos - art. 229, caput, parágrafo 1 e 2, NCPC O CPC/73 tinha uma regra no que se refere aos prazos que foi MANTIDA no NCPC/15, porém com exceções. > tendo mais de um sujeito em um dos polos, e esses sujeitos possuem advogados diferentes, o prazo para cumprirem as determinações será dobrado (exceto se forem da mesma sociedade de advogados ou se o processo for eletrônico). 15 Faculdade Nacional de Direito - UFRJ Caderno de Processo Civil I - 2017.2 Ingrid Grandini > Súmula 641 - STF: se um dos litisconsortes tiver sucumbido, ou seja, perdido, o prazo também não é em dobro pois só um deles tem direito em recorrer, logo não há dificuldades nos processos. 6. Intervenção de Terceiros Além do autor e do réu, um terceiro pode intervir no processo. O CPC/73 trazia 5 hipóteses, porém o NCPC/15 aprecia apenas 3 e acrescenta outras duas diferentes do CPC/73. 6.1 Deixaram de ser intervenção de terceiros: ● oposição: ocorre quando tem-se um bem com direito sendo discutido no processo e um terceiro entrava. A: esse bem é eu; B: não, é meu; C: não é de nenhum de vocês, é meu. - ação reivindicatória - passou a ser procedimento especial (art. 681 à 686). ● nomeação de autoria: ocorre quando tem-se duas legitimidades passivas, ou seja, tinha o réu que não era para ser réu. - passou a ser preliminar de defesa (corrigir o polo passivo da ação, colocar o réu legítimo). A correção no polo é chamada de extromissão da parte. Diferente do CPC/73, o réu nomeado não pode mais se negar a ser citado, porém o autor da ação tem que concordar, OBRIGATORIAMENTE, com a nova nomeação. Caso ele não concorde e o juiz realmente ver que não hálegitimidade ele pode extinguir o processo. 6.2 Assistência (art. 119 a 124, NCPC) Um terceiro que surge com interesse jurídico, ingressa como assistente (auxiliar) - não se relaciona com assistência ao relativamente incapaz. Forma voluntária de intervenção, porém, em alguns casos, o juiz que verifica alguém como assistente em potencial, pode determinar a intimação desta pessoa APENAS para ela ter conhecimento do processo. Cabível em qualquer processo e em qualquer momento do processo - não há preclusão temporal, porém o processo não pode retroagir para antes da entrada. ○ Não pode haver assistências nos juizados especiais cíveis pois são procedimentos simples - Lei 9.099 - nem em ações de controle de constitucionalidade - Lei 9.869 -, nem em mandado de segurança - jurisprudência, não tem produção de provas. 16 Faculdade Nacional de Direito - UFRJ Caderno de Processo Civil I - 2017.2 Ingrid Grandini > assistência simples (art. 119): um terceiro tem uma relação jurídica de direito material não convertida com uma ou ambas as partes que pode ser afetada pelo resultado - “não convertida” significa que essa relação jurídica não está em discussão no processo, ele tem apenas interesse jurídico. > intervenção anômala: quando a União, empresas públicas ou autarquias ingressam num processo com interesse meramente econômico, continuará na Justiça Estadual, em primeira instância, e vai para a Federal (TRF) em segunda (art. 5, parágrafo único, Lei. 9.469/97) > assistência litisconsorcial / qualificada: o terceiro que ingressa no processo é o titular do direito material discutido. Ex.: alienação de coisa litigiosa (caso o autor não autorize a entrada do novo réu como dono da coisa); condomínio de um bem (art. 124, NCPC). ○ Para Marinoni e Nery de Andrade essa categoria não existe - essa parte ou entra como réu ou como autor - litisconsórcio ulterior. ○ Dinamarco e Bedaque acrediram ser uma forma de intervensão de terceiros . Esse terceiro quando entra não está formulando um pedido nem está sendo formulado um pedido contra ele, ingressa com o processo já em andamento de onde ele está. Caso fosse réu ou autor teria que formular ou ser formulado um pedido contra ele. ● Procedimento da assistência (art. 120, NCPC) Não há muitas formalidades para o ingresso do assistente, ele inicia uma petição simples no processo - a legislação não traz um rol de requisitos dessa petição, mas deve-se comprovar o interesse jurídico. Então, ou o juiz indefere o pedido caso não seja caso de assistência - assistência de plano: imediato, rejeição liminar - ou verifica que é assistência e concede prazo de 15 dias úteis para manifestação das partes - inclusive pode ter pedido de prova para analisar o requisito de assistência, porém não há suspensão do processo para referida análise. > essa decisão de deferir ou não a assistência é decisão interlocutória. > o assistente pode recorrer ao indeferimento do pedido de assistência (art. 1.015, IX, NCPC) OBS.: no CPC/15, o pedido seguia como um apenso no processo, já no NCPC/15, o pedido segue como parte integrante do processo. ● Poderes do Assistente: 17 Faculdade Nacional de Direito - UFRJ Caderno de Processo Civil I - 2017.2 Ingrid Grandini Na assistência simples, parte-se da premissa que o assistente não pode contrariar os interesses do assistido. ou seja, tudo o que fizer dentro do processo vai ter que ser de acordo com a vontade do assistido (art. 122, NCPC/15). Quando o assistido torna-se revel ou omisso, o assistente torna-se o substituto processual do assistido, ou seja, pratica os atos do próprio assistido. (art. 121, parágrafo único, NCPC/2015). O assistente litisconsorcial é tratado como parte, querendo ou não o assistido. Pode fazer tudo o que a parte pode fazer, porém sem o poder de formular pedidos pois não está presente na petição inicial. ● Eficácia da Intervenção (art. 123, NCPC/15) Uma vez que o assistente intervém no processo, ele não pode discutir a justiça da decisão - pode abrir outra ação, por exemplo no caso da assistência litisconsorcial. Exceto quando o ingresso dele ao processo é muito tardio - sem condições de intervir adequadamente no processo e sem a capacidade de influenciar na decisão ou quando, na assistência simples, a atuação dele foi extremamente limitada pelo assistido. 6.3 Denunciação à Lide (arts. 70 a 76, NCPC/15) Denunciação à lide é uma ação regressiva proponível tanto pelo autor quanto pelo réu, sendo citada como denunciada aquela pessoa contra quem o denunciante terá pretensão indenizatória ou de reembolso venha sucumbir da ação principal. Ex.: supervia e seguradora. É uma intervenção à ação, porque é uma forma de intervenção de terceiros, afinal, tem um terceiro ingressando nesse processo, e ação, porque esse pedido poderia ser feito, inclusive, numa ação autônoma - ou seja, se não denunciada a lide poderia ser entrar com uma ação para isso. A denunciação da lide existe com o pretexto de celeridade processual, exatamente para não haver necessidade de um novo processo. ● Características da denunciação da lide: 1. ação incidente: sempre haverá uma ação principal, e a incidente será acessória à principal. 2. ação regressiva: é um direito de regresso; 3. ação eventual: pode ocorrer perda de objeto. Caso o denunciante ganhe um processo, um denunciado não deve pagar, afinal o denunciante não paga, logo se perde o objeto - prejudicialidade 4. ação antecipada: não se sabe se haverá prejuízo ao justificar essa denunciação - não se sabe se haverá necessidade dessa ação. 18 Faculdade Nacional de Direito - UFRJ Caderno de Processo Civil I - 2017.2 Ingrid Grandini ● Hipóteses de cabimento de denunciação (art. 125, NCPC/15) art. 125: É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes: I - “ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam” - EVICÇÃO: perda de coisa ou de um direito por decisão judicial transitada em julgado. OBS: O CPC/73 não deixava claro se era o alienante imediato ou qualquer um da cadeia II - “aquele que estiver obrigado por lei ou por contrato a indenizar em ação regressiva o prejuízo de quem for vencido no processo” > Teoria Restritiva: a denunciação deve ser sempre com base na mesma causa de pedir da ação principal; > Teoria Ampliativa: pode ser trazida causa nova ao pedido e isso se fundamenta na celeridade processual. Ex.: ação indenizatória qualquer contra a fazenda pública - a Fazenda pública tem responsabilidade objetiva, ou seja, quando ela gera um dano à alguém não se discute se ela teve culpa ou não, pois sua responsabilidade é objetiva, ou seja, tem o dever de indenizar. Já o agente público possui responsabilidade subjetiva, ou seja, é necessário verificar sehá culpabilidade. ATENÇÃO: A Jurisprudência não aceita denunciação ao agente público - apesar disso não ser unânime -, logo, o que prevalece é a teoria restritiva. Em uma ação contra a Fazenda Pública a sua demanda é simples, não há de se ficar discutindo a culpabilidade, e sim apenas se houve o dano e se é passível de indenização. Caso o denunciado seja o agente público isso complicaria a ação, devido a investigação da culpabilidade e o objetivo da denunciação é simplificar. Essa denunciação ao agente é admitida quando a Fazenda Pública alega culpa concorrente ou exclusiva da vítima - o elemento culpa já está dentro do processo. No CPC/73 havia denunciação da lide obrigatória, ou seja, quando a pessoa não utilizasse a lide ela perdia a oportunidade de entrar com aquela ação. Então o NCPC/15 acabou com as hipóteses de lide obrigatória e tornou a denunciação facultativa. 19 Faculdade Nacional de Direito - UFRJ Caderno de Processo Civil I - 2017.2 Ingrid Grandini ● Denunciação pelo autor (art. 127, NCPC/15) Quando a denunciação é feita pelo autor da ação, o denunciado ingressa no processo como litisconsorte (litisconsórcio ativo) do autor, ou seja, como se ele também fosse autor. Na ação principal ele entra como litisconsorte do autor e na ação secundária, réu. > deve ser realizada na PETIÇÃO INICIAL, caso contrário não pode mais. - cita o denunciado e após a entrada do denunciado, cita-se o réu: o denunciado pode trazer novos argumentos para a petição inicial (trazer novos argumentos difere de aditar petição pois essa permite inclusão de nova causa de pedir). ● Denunciação pelo réu (art. 128, NCPC/15) > deve ser realizada na CONTESTAÇÃO. Inciso I - A processou B e ele denuncia C, o C pode contestar a ação (se defender) também, dizer "o A tá errado". Nessa hipótese os dois (o réu e o denunciado) vão ser litisconsortes como réu na ação principal. Inciso II - A processou B e o B denunciou C. Se o C ficar revel, ou seja, ele não contestar o pedido, ele não se defender, o B pode parar de se defender do A e passar a atacar só o C em ação regressiva. Inciso III - A processou o B, B processou o C. E o C reconhece o pedido, fala "o A está certo". O que o B faz? Ou ele continua se defendendo e prossegue no processo, ou ele fica também só na ação de regresso contra o C. Denunciação sucessiva: quando se tem várias denunciações dentro de um mesmo processo, é a sucessão de denunciações: A processa o B, o B denuncia o C e o C denuncia o D. O CPC só permitiu uma denunciação sucessiva (no exemplo seria só até o D). OBS.: A denunciação é um processo de conhecimento, logo nunca haverá em processo de execução pois já há título formado em relação à alguém, logo não tem como buscar esse regresso. OBS’.: também não há denunciação em processos que envolvam relação de consumo. o CDC nega expressamente essa possibilidade (art. 13 c/c art. 88) - a doutrina e a jurisprudência interpretam esses artigos de forma ampliativa pois eles dizem que não cabe a denunciação apenas quando se tem um vício no produto, e essa interpretação abrange todas as relações de consumo. a relação de consumo tem uma responsabilidade objetiva - o dever de indenizar surge havendo culpa ou não. ● Verbas de sucumbência na denunciação da lide Verbas: custas processuais e dos honorários advocatícios da parte contrária. 20 Faculdade Nacional de Direito - UFRJ Caderno de Processo Civil I - 2017.2 Ingrid Grandini Verbas de Sucumbência: verbas que quem sucumbe tem que pagar, ou seja, quem perdeu o processo tem que pagar. 1ª Hipótese: a ação principal é julgada procedente - o autor processou o réu (que é o denunciante) e ganhou. Como o réu perdeu, julga-se a denunciação e se esta procede, o réu ganha contra o denunciado. > o réu arca com as custas do autor > o denunciado arca com as custas do réu na lide secundária - exceto se o denunciado não se opor ao denunciante. 2ª Hipótese: ação principal procedente e ação secundária improcedente - o réu paga as custas tanto da ação principal como da denunciação 3ª Hipótese: ação principal julgada improcedente, logo não há ação secundária a ser julgada - extinta. > nesse caso, quem fica responsável pelo pagamento das custas e honorários é o DENUNCIANTE, por ter movido a ação desnecessariamente ASSISTÊNCIA x DENUNCIAÇÃO: Assistência é uma forma voluntária de intervenção, ou seja, a pessoa vai ser assistente se ela quiser. Denunciação da lide é uma forma coercitiva de intervenção - cada vez que ela é denunciada ela é citada e, obrigatoriamente, integra o processo. 6.4 Chamamento ao processo Chamamento ao processo é uma espécie de intervenção coercitiva de terceiros em virtude de um pedido do réu e independente da concordância daquele. Os terceiros são considerados corresponsáveis. É um litisconsórcio facultativo passivo ulterior. OBS1.: O autor nunca pode impedir esse chamamento. OBS2.: Não é obrigatório que se faça o chamamento, ele também pode ser realizado em uma ação autônoma. ● Hipóteses de chamamento (art. 130, NCPC/15) art. 130. É admissível o chamamento ao processo, requerido pelo réu: I - do afiançado, na ação em que o fiador for réu; 21 Faculdade Nacional de Direito - UFRJ Caderno de Processo Civil I - 2017.2 Ingrid Grandini OBS.: o CC traz o benefício de ordem, que significa que primeiro tenho que processar o devedor, para só depois processar o fiador, mas essa regra pode ser flexibilizada desde que dentro daquele contrato de aluguel o fiador abra mão desse benefício de ordem. II - dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles; OBS.: dentro de um mesmo processo, pode-se ter hipóteses do inciso I e II desse dispositivo. O fiador pode chamar tanto o locatária quando outros fiadores - são hipóteses cumulativas. diferente do que acontecesse na denunciação que pode haver apenas uma sucessão, aqui podem haver vários. III - dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns o pagamento da dívida comum. OBS.: solidariedade - se tem vários réus e eles são responsáveis solidariamente, mas o autor processa apenas um, este pode chamar os demais. OBS.: nos casos de tratamento médico, quando não havia prestação de um determinado tratamento que eu não tinha condições de pagar, posso processar tanto o município, o estado ou a União. Dessa forma, os entes começaram a fazer chamamentos sucessivos ao processo. O STF decidiu que o chamamento só cabe quando for em casos de obrigação de pagar quantia certa. ● Procedimento (art. 131, NCPC) O chamamento ao processo deve ser requerido na contestação, ou seja, depois que o réu for citado ele terá 15 dias úteis - a partir da audiência de mediação ou conciliação - para contestar e dentro dessa contestação deve formular o pedido de chamamento ao processo. No art. 131 indica que a citação desse chamado ao processotem até 30 dias para ser promovida e o prazo é dobrado caso seja morador de outra comarca e etc. 6.4 Desconsideração (arts. 133 a 137, NCPC) Pessoa Jurídica - CC: formada pelos sócios; há autonomia patrimonial, de direitos de obrigações entre os sócios. A autonomia representa que a PJ responde com o patrimônio pŕoprio e, os sócios, com os deles, mas dividindo as obrigações, ou seja, os sócios não vão responder por uma dívida contraída pela empresa. Entretanto, esse separação patrimonial gerou fraudes, passando o patrimônio da PJ para a PF ficando inadimplentes para com os credores. Sendo assim, foi criada a desconsideração da PJ 22 Faculdade Nacional de Direito - UFRJ Caderno de Processo Civil I - 2017.2 Ingrid Grandini Desconsideração: desconsiderar a separação patrimonial da PJ com os sócios dela para que possa ser possível alcançar os bens dos sócios em PF. Isso surgiu no Brasil em 1990 (art. 28, CDC). Surgiu a discussão sobre se essas hipóteses citadas no dispositivos eram taxativas ou exemplificativas. Os tribunais superiores entendem como exemplificativas, ou seja, havendo comprovação de que havia alguma fraude para prejudicar o consumidor, poderia-se considerar. No âmbito privado, a desconsideração surgiu no art. 50, CC/02. ● Requisitos: 1. Desvio de Finalidade: abuso da pessoa jurídica, ou seja, quando ssa pessoa jurídica é usada para fraudar os credores 2. Confusão patrimonial: quando o patrimônio da pessoa jurídica está muito ligado com o patrimônio dos sócios de forma que não se possa distinguir qual é o patrimônio da PJ e das PF. O artigo 28, parágrafo 5, é altamente criticado pois é um dispositivo genérico - a desconsideração deve ser tratada como exceção, a regra é ter separação patrimonial. § 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. ● Teorias > Menor: basta que haja insolvência da PJ para que se possa efetuar a desconsideração, ou seja, basta o não pagamento dos credores dela para que seja possível efetuar a despersonalidade. - Não existem muitos requisitos para permitir a desconsideração - Relações de consumo e trabalhistas > Maior: deve haver comprovação do desvio de finalidade, a má administração ou a confusão patrimonial - teoria adotada pelo art. 50, CC/02. DESCONSIDERAÇÃO INVERSA: ao invés de você desconsiderar para atacar os bens do sócio, você desconsidera para atacar os bens da PJ - ex.: relações de família. 23 Faculdade Nacional de Direito - UFRJ Caderno de Processo Civil I - 2017.2 Ingrid Grandini DESCONSIDERAÇÃO EXPANSIVA: tendência que vem tendo o nosso ordenamento para expandir as hipóteses de desconsideração - Ex.: espera ambiental e na lei anticorrupção. OBS1.: a desconsideração é uma intervenção de terceiros porque está se trazendo os sócios, que inicialmente não integravam aquele processo, para o polo passivo. (alguns autores consideram litisconsórcio ulterior). OBS2.: é incidente, ou seja, é tratado dentro do próprio processo e pode ser incidente em qualquer fase do processo e nem é vítima de preclusão temporal. Se for desconsiderar a PJ tem que, OBRIGATORIAMENTE, fazer por meio desse incidente - só é dispensável quando se faz na própria petição inicial. OBS3.: quando a desconsideração for requerida na petição inicial e for acolhida pelo juiz, os sócios integram o processo como litisconsortes passivos ulteriores - essa é uma crítica pois não seria intervenção de terceiros 6.6 Amicus Curiae (art. 138, NCP/15) Sinônimo de amigo da corte: pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade, que demonstre que naquele caso concreto elas possuem um profundo conhecimento a matéria que é o objeto do processo. No CPC/73, este dispositivo já existia essa classificação, mas não era considerada intervenção de terceiros. O STF entendia como mero auxiliar do juízo, restringindo a legitimidade dele para recorrer . O NCPC/15, inseriu a classificação como intervenção de terceiros e, para resolver o problema do STF, deu a ele a possibilidade de recorrer, ou seja, pode interpor embargos de declaração. Quando o amicus curiae ingressa no processo os poderes dele são definidos pelo juiz - na pŕatica, o que se vê, é a participação em audiência. O seu ingresso é voluntário - pedido de ingresso. O prazo para manifestação é de 15 dias - podendo ser ampliado ou dilatado pelo juiz, como permite o NCPC. OBS1.: não cabe recurso contra a decisão que nega a enteda do amicus curiae. 24 Faculdade Nacional de Direito - UFRJ Caderno de Processo Civil I - 2017.2 Ingrid Grandini OBS2.: se o amicus curiae for uma pessoa jurídica de direito público, isso não vai deslocar a competência do feito. OBS3.: cabível em qualquer instância desde que preencha os requisitos. ● Hipóteses: 1. Relevância da Matéria: 2. Especificidade do tema: tema raro 3. Repercussão social 7. Atos das Partes 7.1 Eficácia mediata dos atos processuais (art. 200, NCPC/15) Declarações unilaterais (manifestação de vontade de apenas uma das partes - ex: petição inicial) ou bilaterais (vontade das duas partes - autor e réu - ex.: acordo para suspensão do processo enquanto negociam) - não precisam de homologação do juiz - tem eficácia imediata - exceção: desistência DESISTÊNCIA RENÚNCIA desistência da ação e não do direito parte abre mão do seu direito se citado, autorização do réu não é necessário da outra parte nem do juiz poderá repropor não poderá repropor a ação precisa da homologação judicial - 7.2 Direito de exigir recibo do cartório (art. 201, NCPC/15) É o “protocolo”. Esse direito é pacífico na posição de que todos os sujeitos podem exigir recibo e não só as partes - Ex: Perito. 7.3 Cotas marginais ou interlineares: vedação (art. 202, NCPC/15) 25 Faculdade Nacional de Direito - UFRJ Caderno de Processo Civil I - 2017.2 Ingrid Grandini Manifestação por cotas são manifestações por escrito, normalmente, à mão pelas partes. É uma prerrogativa do MP e da Defensoria. - marginal: fora do local adequado - interlineares: entre as linhas 8. Pronunciamentos 8.1 Formas do juiz se manifestar no processo ● Sentença: pronunciamento por meio do qual o juiz põe fim a uma fase procedimental - seja cognitiva ou de execução - art. 203, §1º, NCPC - sendo recorrível por apelação ○ cognitiva: há incerteza jurídica. As partes discutem o processo ○ execução: não há mais títulos a serem discutidos, agora resta a execução dele. ■ numa sentença pode haver 2 ou mais sentenças. - TRÊS FASES: i) relatório: visa proteger as partes (dispensado nos Juizados Especiais) - quando o juiz faz um relatório, demonstra que leu todo o processo. - NULIDADE RELATIVA ii) fundamentação: explicação à luz do direito que visa a proteção da sociedade. - NULIDADE ABSOLUTA iii) dispositivo: onde o juiz efetivamente julga,concedendo ou não a pretensão do autor. - INEXISTÊNCIA. OBS.: ações sincréticas -> fases procedimentais sucessivas. ● Decisão interlocutória: DECISÃO INTERLOCUTÓRIA: decisões proferidas ao longo de todo o processo que tem um conteúdo decisório - Residual: aquilo que não for sentença - art. 203, §2º, NCPC > CPC/73: decisão interlocutória seria passível de agravo de instrumento. > art. 1015, NCPC/15: rol taxativo para impetração de agravo de instrumento - recorrível ● Despacho: visa apenas dar prosseguimento ao processo, não tendo conteúdo de decisão; dá andamento processual. Em regra, irrecorríveis - art. 203, §3º, NCPC. 26 Faculdade Nacional de Direito - UFRJ Caderno de Processo Civil I - 2017.2 Ingrid Grandini 8.2 Atos Ordinários (art. 203, §4, NPCC) Atos ordinários são atos praticados por serventuários (funcionários do cartório), visando dar andamento ao processo sem a necessidade da participação do juiz. Ex: juntada de petição/documentos, vista aos autos, etc. 8.3 Pronunciamentos pelos tribunais de 2ª instância a) despachos: geralmente do desembargador relator. b) decisões interlocutórias c) decisão final OBS.: ACÓRDÃO: qualquer decisão proferida por um colegiado - caso a decisão seja só do relator: MONOCRÁTICA 8.4 Requisitos formais dos pronunciamentos judiciais (art. 205, NCPC) 1. redigidos, datados e assinados pelos juízes 2. §3º: publicados na íntegra no Diário de Justiça eletrônico a. a sentença, só o dispositivo (parte final) sem o relatório. b. acórdão: só a ementa. 8.5 Atos processuais eletrônicos (art. 193 a 199, NCPC) 9. Tempo dos atos processuais 9.1 Dias úteis, das 6h às 20h (art. 212, NCPC) - Plantão Judiciário: receber atos processuais urgentes fora do expediente normal - Horário Forense: horário de funcionamento do fórum (varia de acordo com cada ente - Lei da organização de cada ente) - Adiamento que prejudicar a diligência ou causar grave dano - art 212, §1º, NCPC - Juizados Especiais Cíveis: art. 12, L. 9099/95 - permite atos noturnos. - Atos de citação, intimação e penhora: pode ser feito fora do horário, mas respeitando a inviolabilidade do município - art. 212, §2º, NCPC - atenção art. 5º, XI, CF/88 27 Faculdade Nacional de Direito - UFRJ Caderno de Processo Civil I - 2017.2 Ingrid Grandini 9.2 Momento para prática eletrônica do ato processual (art. 213, NCPC) - até as 24h do dia do prazo - §1º: horário local da prática do ato - não conta fuso-horário 9.3 Atos praticados durante as férias forenses ou feriados (art. 214, NCPC) - não há atos praticados - exceto art. 212, §2º (independente de autorização judicial) ou Tutela de Urgência. - FÉRIAS: 20/12 até 20/01 - a doutrina entende que, assim como pode ser pedido Tutela de Urgência, em respeito à paridade das armas, a parte acusada pode recorrer; 9.4 Lugar da prática dos atos processuais (art. 217, NCPC) - REGRA: sede do juízo - exceto: 1. Deferência (art. 454) 2. interesse de justiça 3. Natureza 4. obstáculo arguido pelo interessado 10. Prazos 10.1 Espécies ● Legais: estipulados pela legislação ● Judiciais: estipulados pelo juiz ● Convencionais: estipulado pelas partes (art. 190, NCPC - autocomposição) Em regra, os prazos das partes são próprios e caso não sejam cumpridos acontece preclusão temporal causando perda do direito de realizar aquele ato. Os prazos do juiz são impróprios, ou seja, se não forem cumpridos dentro do prazo não causam perda do direito de realização do ato. Se a lei não especificar o prazo, o juiz o fará no caso concreto (art. 218, §1º). Se este não o fizer o NCPC determina prazo de 5 dias úteis (art. 218, §3º). 10.2 ato praticado antes do início da contagem do prazo 28 Faculdade Nacional de Direito - UFRJ Caderno de Processo Civil I - 2017.2 Ingrid Grandini 10.3 Contagem de prazo ● art. 219, NCPC: dias úteis. ● art. 224, NCPC: exclui-se o dia do começo e inclui-se o do vencimento Os prazos nunca se iniciam ou terminam em dias que não há expediente forense 10.4 Intimação tácita por meio eletrônico O prazo da intimação passa a ser contado a partir do momento que o advogado abre o processo. Caso não ocorra, há intimação tácita após 10 dias de intimado. 10.5 Suspensão e interrupção dos prazos Quando o prazo é suspenso, no momento em que retorna volta a contar do momento onde parou. Quando ocorre a interrupção, o prazo volta a ser contado do início. 10.6 Obstáculo criado pela parte contrária Ocorre quando a parte contrária cria um obstáculo para a prática de determinado ato processual de forma que, nesse caso, o prazo fica suspenso até o momento que cessar o obstáculo criado. Esse obstáculo pode ser criado também pela serventia judicial, por exemplo, ainda dentro do prazo processual, o cartório remete aos autos à conclusão ou quando o processo físico desaparece. A doutrina e a jurisprudência divergem quanto ao momento da alegação do obstáculo. Majoritariamente, alegado dentro do prazo para a prática do ato. Minoria entende que pode ser depois desde que em momento oportuno. 10.7 Foro onde for difícil transporte (art. 222, NCPC) FORO: delimitação territorial para a prática de atos jurisdicionais pelo juízo. Na justiça estadual são as comarcas e na Federal, seções e subseções. Havendo dificuldade de transporte em determinado FORO, pode o juiz, de acordo com o art. 222, prorrogar os prazos para até 2 meses. Havendo calamidade pública (art. 222, §2º), o juiz pode ultrapassar esse prazo ou, art. 313, VI, suspender o processo 29 Faculdade Nacional de Direito - UFRJ Caderno de Processo Civil I - 2017.2 Ingrid Grandini O art. 139, VI já dava a possibilidade do juiz estender o prazo. 10.8 Preclusão Perda da possibilidade para prática de determinado ato processual. 1. consumativa: quando o ato já foi consumado não pode ser realizado novamente 2. lógica: quando a parte prática um ato anterior incompatível com o ato que pretende realizar - art. 1.000, NCPC 3. temporal: quando terminar o prazo para a prática do ato, de forma que não poderá mais ser práticado. 10.9 Indisponibilidade dos sistemas de informática Havendo indisponibilidade do sistema de informática, o prazo se prorroga para o dia útil subsequente - art. 224, §1º, NCPC e art. 10, §2º, L. 11.419/06 10.10 Renúncia ao prazo recursal Só pode renunciar do prazo recursal aquele que poderia se beneficiar da prática do ato. 1. Litisconsórcio Simples: o ato de renunciar só produzirá efeitos para aquele que o praticou. 2. Litisconsórcio Unitário: por a decisão obrigatoriamente, ser igual para todos os litisconsortes, o ato de renunciar só produzirá efeitos se todos o praticarem. 10.11 Prazo para pronunciamento judicial (art. 226, NCPC) Os prazos referidos no artigo são impróprios, ou seja, quando o ato for realizado fora do prazo, não gera preclusão. art. 227: permite ao juiz exceder os prazos desde que de forma fundamentada, isso para que não haja incidência do art. 235. 10.12 Prazo para os serventuários da justiçaOs serventuários da justiça ten o prazo de 1 dia para enviar o processo à conclusão (ao juiz) e 5 dias para praticar os atos processuais. art. 228, §2º: processo eletrônico - independe dos serventuários. 10.13 Contagem e fluência dos prazos (art. 231, NCPC) 1. Citação / Intimação postal: começa a contagem após a juntada do Aviso de Recebimento (AR) ao processo. 30 Faculdade Nacional de Direito - UFRJ Caderno de Processo Civil I - 2017.2 Ingrid Grandini 2. Citação / Intimação por OJA: oficial de justiça - o prazo começa a fluir a partir da data de juntada do mandado 3. Comparecimento espontâneo da parte ao escrivão: o prazo flui a partir do comparecimento. 4. Por edital - art. 257, III: deve o juiz fixar o prazo de 20 a 60 dias, de forma que a fluência para a prática do ato processual apenas iniciará quando for findo esse prazo. 5. Litisconsórcio: a. contestação: só começa a fluir a partir da juntada do último AR ou mandado de citação - só é aplicado se não haver audiência de conciliação ou mediação. b. demais atos: o prazo começa a fluir individualmente, ou seja, cada parte produzirá o ato de acordo com a data que foi intimada. 10.14 Restituição dos autos (art. 234, NCPC) Regra para os autos físicos. A parte que faz a carga dos autos deve devolvê-lo no mesmo prazo do ato praticado. Havendo excesso de prazo, o juiz intimará o advogado a devolver o processo no prazo de 3 dias. OBS.: o advogado que manter o processo em carga não significa desconsideração do ato. ● sanções: ○ §1 e §2: determinados pelo juiz 1. Não pode mais ter carga do processo - não se aplica ao MP, à DF e nem aos advogados públicos. 2. Pagamento de ½ salário mínimo. 11. Comunicação dos atos processuais 11.1 Formas de Comunicação 1. Citação (art. 238): integra o réu ao processo - uma única vez por réu 2. Intimação: os demais atos praticados no processo são comunicados por meio da intimação. A intimação se dirige não só as partes, mas a qualquer sujeito que de alguma forma participar do processo, incluindo os terceiros e os serventuários da justiça. Quanto ao conteúdo, a intimação se presta a informar qualquer ato sem restrições. 31 Faculdade Nacional de Direito - UFRJ Caderno de Processo Civil I - 2017.2 Ingrid Grandini 11.2 Intimação ● meios 1. advogado: art. 269, §1º 2. eletrônico: art. 270 3. publicação no órgão oficial: art. 272 4. Correio: art. 274 5. Escrivão: art 274 6. Oficial de Justiça: art. 275 7. Edital: art. 275, §2º OBS.: intimação por telefone não é admitida, porém o STF já aceitou em duas hipóteses: 1. quando não houve prejuízo para a parte; 2. nos casos de Juizados Especiais Cíveis (não pacificado) devido a necessidade de celeridade processual. ● Responsável pela intimação: Regra - cartório judicial. O NCPC traz exceção no art. 269, §1º e §2º permitindo que o advogado realize a intimação do advogado da parte contrária. Essa intimação deve se dar via postal, com AR. O prazo iniciará no dia útil seguinte ao dia que o advogado peticionar comprovando a intimação. ● Intimação da Fazenda Pública (art. 269, §3º): Será realizada perante o órgão da advocacia pública responsável pela sua representação judicial. ● Meio Eletrônico (art. 270) ● Publicação no Órgão Oficial (art. 272): A REGRA do NCPC é de que as intimações ocorram preferencialmente por meio eletrônico (art. 270). Todavia, não sendo possível, a intimação ocorrerá por meio de publicação no órgão oficial. ● Em nome da sociedade de advogados (art. 272, §1º): Novidade no NCPC. Porém, ATENÇÃO, deve ser requerido explicitamente! ● Requisitos formais da publicação (art. 272, §3º e §4º): Nome da parte, do advogado ou da sociedade. ● Advogado indicado (publicação) (art. 272, §5º) 32 Faculdade Nacional de Direito - UFRJ Caderno de Processo Civil I - 2017.2 Ingrid Grandini ● Retirada dos autos do cartório: Quando a parte retira os autos do processo do cartório, considera-se intimado por todos os atos praticados. ● alegação de nulidade (art. 272, §8º): A parte deve alegar que há nulidade na próxima peça. § 9º: se não conseguir praticar o ato, deve peticionar pedindo nulidade. ● intimação pelo correio: Quando nenhuma das outras formas é possível ATENÇÃO para o art. 274, §u ● Intimação por OJA (art. 275): Caso não consiga nem por correio. OBS.: redação de termo de intimação. ANEXO I Formas alternativas de solução de conflitos ● Autotutela: sacrifício integral do interesse de uma das partes com o uso da força (legítima defesa e desforço imediato). ● Conciliação / Autocomposição: sacrifício integral ou recíproco do interesse das partes por acordo de vantagens. - Renúncia ou Submissão: quando uma das partes abre mão total de seu direito - Transação: interesse recíproco para ambos os lados, ambos abrem mão de uma parte do direito. ● Mediação: acordo de vontade das partes, mas não leva a nenhum sacrifício. Envolve família e relações de vizinhança, ou seja, as partes ainda terão um relacionamento pós-processual. ● Arbitragem: as partes confiam num terceiro para decidir conflitos. 33
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