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AULAS DE PSICOLOGIA DA PESSOA COM NECESSIDADES ESPECIAIS (1)

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CURSO: PSICOLOGIA 8º PERÍODO
DOCENTE: TELMA MARY
DISCENTE: IONARA KELLY SILVA MORAIS
MATÉRIA ONLINE: PSICOLOGIA DA PESSOA COM NECESSIDADES ESPECIAIS
NATAL/RN
2018
Aula 1: A pessoa com deficiência
Discriminação
Ao longo do tempo, na história da humanidade, o ser humano sempre sofreu pelas diferenças que trazia.
A discriminação fazia com que homens e mulheres, crianças e idosos sofressem a rejeição dos puros, nobres e ricos burgueses – uma elite considerada “escolhida por Deus”. Essa discriminação atingia também os deficientes, independente de sua classe social.
Século XIX
Não tenho como te encaixar no meu quadro de funcionários, você não conseguiria fazer o serviço e ainda atrapalharia a produção pois os operários teriam que te ajudar em diversas tarefas cotidianas.
Não há espaço para você aqui!
Os portadores de deficiência, impossibilitados de trabalhar, causavam ônus e prejuízos aos seus acompanhantes, visto que não faziam parte da produção e sustento do grupo.
O discurso pré-científico, ou seja, que antecedeu a investigação científica, não tratava as pessoas com deficiência como se deveria. Pelo contrário, bania-as da sociedade e as tratava como animais.
É, realmente ficaria complicado o trabalho para você aqui por conta da sua deficiência, mas pude notar pela sua prova e pela sua entrevista que você é muito bom em matemática.
O que acha de trabalhar no escritório e me ajudar com a parte financeira da fábrica?
No passado, não se buscavam tentativas de inclusão ou mesmo de um despertar das capacidades sufocadas nos deficientes.
Atualmente já se pode notar uma mudança nesse quadro, até mesmo legislativa, com a lei 8.213 que exige que as empresas mantenham um número x de funcionários deficientes trabalhando.
Exclusão social
Na busca de uma “normalidade”, na tentativa de explicar as diferenças, surgem os feiticeiros chamados de xamãs. Estes eram curiosos e religiosos que a todo custo queriam extirpar o demônio, o mal daquele que deveria ser igual a todos.
Consideradas hereges, endemoniadas, as pessoas deficientes eram mortas ou abandonadas. 
Por se acreditar que elas possuíam demônios, eram muitas vezes assassinadas.
O abandono do idoso e do recém-nascido deficiente estava ligado às questões de sobrevivência dos que eram considerados sãos.
 
A influência de questões míticas e religiosas possibilitou uma visão sobre a pessoa com deficiência como um alguém que deveria ser deixado à sua própria sorte.
A busca da humanidade pela cientificidade fez emergir uma série de tentativas, em busca de uma melhor qualidade de vida das pessoas com necessidades especiais.
 
Ao mesmo tempo, trouxe conceitos de padrões de normalidade, que por muitas vezes, no lugar de possibilitar a integração deste na sociedade, funcionou como uma grande máquina de exclusão social.
Grécia Antiga
Na Grécia antiga, as pessoas que estavam fora do padrão de beleza eram em geral direcionadas para a guerra.
Percebemos o quão grande era o padrão de normalidade da época: corpos belos, esculturais, direcionados para as competições de força e beleza. 
É só nos recordarmos das Olimpíadas, onde o culto ao corpo era valorizado, assim como a força e o poder.
Idade Média
Na Idade Média, podemos constatar que os deficientes eram os eleitos por Deus, os escolhidos, os pecadores e os endemoniados.
Assim, aqueles considerados sãos extirpavam os demônios de seus corpos, surgindo assim uma cultura mística, onde o oculto e o desconhecido eram tratados de forma mágica, com fórmulas não convencionais.
 
Tortura, fogueira, tudo era possível e utilizado para afastar o mal, que dominava e conduzia a comportamentos aversivos.
Na Idade Média, podemos constatar que os deficientes eram os eleitos por Deus, os escolhidos, os pecadores e os endemoniados.
Expostas a um mundo cruel, eram realizadas as trepanações, que consistiam em furar o crânio do “paciente”, para que fosse liberado todo o mal.
 
Segundo Telford e Sawrey (1988), “é de supor que o homem pré-histórico tivesse uma concepção demonológica da natureza”.
 
Percebe-se que os anos em que transcorreu a Idade Média foram anos perdidos no contexto científico.
Renascimento
Durante o Renascimento, há uma mudança na estrutura de tratamento. Podemos dizer que este é um início do conhecimento científico.
 
Na época, surgem as primeiras explicações médico-científicas. Porém, estas ainda estavam muito distantes de um processo humanizado.
Há um processo de isolamento das pessoas que possuíam doenças mentais.
 
O hospital de Bicêtre, localizado nos subúrbios de Paris, que servia de asilo e prisão, entre outras funções, acomodou pessoas famosas, como o Marquês de Sade, com suas ideias que degradavam a sociedade da época.
Você se lembra dos bobos da corte? 
Eles eram anões, corcundas ou deficientes, e entretinham os reis e rainhas, animando-os no palácio real. 
Cabia a estas pessoas diferentes uma única função: usar sua aparência para fazê-los rir.....................acrescentar as fotos
Da magia à ciência, da ignorância ao conhecimento
Pessoas que nascem com deficiência:
Os aspectos biológicos e sociais não eram, até então, investigados. 
Na história da excepcionalidade, tratamos tanto de pessoas que nasciam com deficiência quanto de pessoas que apresentavam juízos de valores diversos do conceito da época.
Deficientes de guerra
Além de todo este contexto histórico, ainda herdamos os deficientes da guerra. 
Assim, biologicamente, falando até nas deficiências adquiridas, o mundo discute até hoje a questão de ser diferente.
Aula 2: Concepções qualitativas e quantitativas
Olhando para estas figuras, pensemos: em que consiste ser normal?  Afinal, o que é normalidade, visto que cada um pode viver intensamente, independentemente das suas limitações?
Ao pensarmos em qualidade, identificamos uma categoria filosófica, que distingue as diversas experiências e que não pode ser expressa numericamente. Como Telford e Sawrey relatam, “(...) entende-os como constituindo categorias ou classes separadas e, em muitos aspectos, distintos das pessoas” (p. 24, RJ). Já a concepção quantitativa “(...) constitui apenas diferenças de grau, e não de espécie” (p. 24).
Deficiências quantitativas e qualitativas: Números, quantificações e normatizações impossibilitam o desabrochar de características antes camufladas, mas que podem ser reconhecidas e sentidas com o coração.
O “padrão” das pessoas que apresentam deficiências quantitativas acaba, de alguma forma, sobrepondo as pessoas que apresentam deficiências qualitativas, tendo em vista a necessidade do padrão numérico. Um mundo com tantas diversidades permite-nos passar pela vida sem perceber as determinadas categorias que são carregadas de juízos de valor. 
Mas o que difere na prática este conceito qualitativo e quantitativo? O que muda no trato com a criança? Trocando em miúdos: qual é o parâmetro de normalidade? No que consiste ser normal? Vamos dar início a uma discussão sobre patologia, anormalidade, normalidade e ausência de doença.
Diferenças individuais e possibilidades: Toda a questão da deficiência quantitativa e qualitativa deve levar em conta as diferenças individuais e as possibilidades das pessoas. Estas possuem características únicas de um sujeito em movimento, ou seja, da pessoa que, mesmo com suas limitações, crê na possibilidade de mudanças positivas.
Muitas filosofias surgem, no que tange às questões quantitativa e qualitativa. Quais parâmetros institucionalizados delimitam esta área de atuação? Como devemos operacionalizar esta discussão? É uma questão de método ou de qualidade? 
Antigos modelos Criaram-se modelos que foram, ao longo do tempo, institucionalizados e que trouxeram discriminação e repúdio. Na verdade, nem mesmo o sujeito muito inteligente, assim como o pouco inteligente, era absorvido pela sociedade da época.
Ao longo da história da educação, tornou-se mais apropriado separar as diferenças, de forma que estas pudessem ser mais cuidadase atendidas nas suas especificidades.
Organizando o arquivo quantitativo e qualitativo: Cabe a cada um cuidar de seu próprio arquivo, injetando novas tecnologias, ampliando novos conhecimentos e redescobrindo algo que já estava em desuso. Muitos dos nossos arquivos apresentam promessas vivas de mudança; basta acreditar. Diferenças quantitativas. Se nos posicionarmos enquanto os arquivos citados, vamos pensar na quantidade de informações e na sua recepção. 
Nosso arquivo quantitativo e qualitativo necessita ser organizado, de forma que este venha somar à formação geral: Cabe a cada um cuidar de seu próprio arquivo, injetando novas tecnologias, ampliando novos conhecimentos e redescobrindo algo que já estava em desuso. Muitos dos nossos arquivos apresentam promessas vivas de mudança; basta acreditar. Imaginemos que uma referida pessoa pode ser comparada a este arquivo. 
A quem cabe organizar? Se estivermos “desorganizados”, por onde começamos? 
Esta discussão é o início de nossas interlocuções a respeito do tema.Cabe a cada um cuidar de seu próprio arquivo, injetando novas tecnologias, ampliando novos conhecimentos e redescobrindo algo que já estava em desuso. Nosso arquivo quantitativo e qualitativo necessita ser organizado, de forma que este venha somar à formação geral.
Imaginemos que uma referida pessoa pode ser comparada a este arquivo.
	 A quem cabe organizar? Se estivermos “desorganizados”, por onde começamos? Esta discussão é o início de nossas interlocuções a respeito do tema.
 Parâmetros de investigação: Aprender a questionar, aprender a pensar, simplesmente ser. A Psicologia do excepcional passa muitos anos buscando entender o ser especial e busca na Psicometria um estabelecimento de parâmetros que visem medir os fenômenos psíquicos. Percebemos que tais definições não conseguem atender algo tão específico e particular, que é simplesmente medir fenômenos.
	Assim, ao contrário do positivismo, a visão qualitativa ultrapassa as barreiras, crendo no potencial qualitativo e humano de cada sujeito em especial. Assim surge a modernidade, com novos parâmetros de investigação e novas formas de ver o homem. A discussão entre quantitatividade e qualitatividade gera novos modelos e ainda novas técnicas de abordagem, seja educacional, seja afetiva.
	Perfil: normalidade e anormalidade: Há quanto tempo buscamos avaliar o que é ser normal e o que é ser anormal? E perfil? Do que se trata ter um perfil? Trata-se de uma norma técnica, estipulada e calcada em termos psíquicos?
	É muito importante ressaltar que autossuficiência, integridade e caráter são construídos ao longo da vida. Tais traços representam uma pessoa, seja ela especial ou não. Há muito tempo que se busca a resposta para tantas perguntas, sejam eles modelos faraônicos e vigor e beleza, modelos sedutores renascentistas, modelos de força, beleza e vigor. Qualquer sujeito que fugia do padrão de beleza e vigor era discriminado e colocado em um estado de caos social.
	Doença física e mental: As matrizes que nortearam durante muitos anos os perfis personalógicos permitiu separar rigorosamente a doença física da deficiênciamental. Matrizes estas que serviram e servem ainda de parâmetros, de regras que buscam contextualizar o sujeito em um quadro ou perfil estipulado. Não contamos neste quadro com a questão da criatividade e subjetividade humanas. Estas, sim, possibilitam a quebra de paradigmas, tão almejada por todos os cientistas que desejaram a mudança, o respeito e a quebra de estereótipos e preconceitos.
	Segundo Kaplan e Sadock (1984), “de acordo com essa nosologia, o retardo mental é reservado para o funcionamento subnormal devido a causas patológicas”. Afinal, “de perto ninguém é normal”. Não existe perfil que atenda a todos os desejos, aos protótipos e modelos existentes.
	Alicerces teóricos sobre o que é ser especial: Idade média: A base histórica nos remonta além da discriminação relatada anteriormente, quando pessoas eram excluídas. Algumas eram colocadas à margem do rio para serem pegas por pedintes, que a utilizariam para o mesmo futuro; outras, os bobos da corte, eram usadas para fazer rir; outras, especiais, eram consideradas detentoras de poderes mágicos ou hereges; dentre outros.
	Década de 60: Na década de 1960, surgem os movimentos de reabilitação no Brasil. Em 1994, a Declaração de Salamanca enfatiza que “a educação é um direito de todos, independentemente de suas condições” (UNESCO).
	Dias de hoje: Percebe-se assim que, na verdade, a importância não se detém exclusivamente no conceito de normalidade, mas sim na possibilidade de que todos, indistintamente, necessitam de atenção especial em determinadas áreas de suas vidas.
	Diferentes olhares nestes muitos olhares diferentes, o que existe de diferenças e igualdades? Do ponto de vista da atualidade, não podemos descartar as questões sociais no que se refere à pessoa especial. Passamos de um modelo médico normatizador, chegamos a uma busca insensata com vistas a diminuir as diferenças existentes entre as pessoas e diminuir as marginalidades, visto que a pessoa com problemas era excluída pelo meio.
	Por volta da década de 70, surge uma nova forma de expressão artística, criada por Augusto Boal, intitulado Teatro do Oprimido. Surge assim uma das possibilidades de voz sobre o tratamento, as dificuldades do dia a dia, uma visão social e uma forma de ser, representado por outra voz.
	Opressão, exclusão e abandono. Esta ainda é a realidade brasileira, apesar das crescentes discussões sobre o tema. A base de toda e qualquer mudança é a educação. Nela, transformamos pessoas em seres pensantes, criamos novos paradigmas e pontes. Educar a família, educar a população, criar pontes são deveres de cada um de nós.
	Pensando no que é ser especial: Analisando o dicionário da língua portuguesa, pergunta-se: O que significa “especial”? Especial: Significa o que é peculiar de uma pessoa, privativo, singular, fora do comum, exclusivo entre outros significados. Pensando assim, por que é tão difícil ser especial?
	O Presidente norte-americano Roosevelt não deixou de ser especial para o seu país porque andava de cadeira de rodas. Stevie Wonder e Andrea Bocceli são excelentes cantores, mesmo tendo perdido a visão. Analisando toda esta discussão, a expressão, seja no olhar, no fazer, no falar, na arte entre tantas outras, proporcionam a uma redescoberta de si mesmo, buscando os seus próprios sentidos. A deficiência pode ser vista por diversos ângulos e sempre dependerá de quem os vê. O que deve mudar, além do olhar, é o fazer. É a possibilidade de criação de políticas públicas, onde estas pessoas possam ser inseridas. Os modelos institucionalizados surgem em pequenas ações, principalmente familiares. 
	Porém, buscam uma melhoria da qualidade de vida da pessoa com deficiência. Enquanto as ações continuarem em nossos quintais, pouco será feito em prol de uma mudança significativa. Devemos apostar na criatividade, não precisamos mais de letrados, e sim de pessoas contagiantes e felizes. A quebra de paradigmas começa em nossas pequenas ações. A Psicologia necessitou adquirir o status de ciência. Hoje, esta ciência carece de pessoas que possam investir no sujeito, de forma a minimizar o sofrimento humano.
Aula 3: Os principais tipos de deficiência- Conceito, causas e categorias
	Desmistificando o tema: Antes mesmo de discutirmos conceitos sobre deficiência, devemos nos lembrar que são pessoas que vivem e pensam como qualquer uma, e assim, podem ter suas “diferenças” vivenciadas de forma acentuada. Por isso, nada melhor do que o conhecimento do tema para que possamos desmistificá-lo, percebendo que, em algum momento da vida, podemos ser realmente um pouco diferentes.
	Contextualizando a deficiência: Quando falamos em contextualizar a deficiência, nos referimos a conceitos lógicos e positivistas, que necessitam de um argumento comprovável para corroborar o assunto citado. Contra todo este manancial teórico e positivista, no entanto, existe um algo mais, que passa na verdadepelo viés da criatividade.
	Deficiência e doença mental: Conclui-se que o termo “excepcional”, como sinônimo de deficiência, foi sendo substituído por outros, como “portador de necessidades especiais”, ou “educacionais especiais”. Esses termos trazem uma grande discussão sobre o próprio significado do verbo “portar” e sobre o que caracteriza “necessidades”. Tanto “deficiência” quanto “doença mental” são termos que passam por um intricado meio de normas técnicas, conceitos e pré-conceitos que, na verdade, fazem-nos perceber o total desconhecimento sobre o assunto. Deficiência não é doença. Ela se refere a um déficit, seja ele cognitivo, motor, entre outros.
	Novas classificações A Organização Mundial de Saúde começa a se organizar para classificar as deficiências, visando diminuir o preconceito.
Causalidades das deficiências: Entre os vários tipos de causalidades para as deficiências, podemos apresentar três grandes momentos: pré-natal; perinatal e pós-natal. 
	Causas pré-natais: Qualquer ação que interfere no desenvolvimento pleno da criança durante a gestação. Tais fatos podem ser: doenças infectocontagiosas; ações externas, como raio-X; doenças da mãe, dentre outros fatores; No exemplo ao lado, vemos uma deficiência causada pelo contaminação por sarampo durante a gravidez.
	Causas perinatais: Ações que acometem a criança durante o parto ou imediatamente depois. Dentre os fatores mais preocupantes, está a pressão alta da mãe, gerando eclâmpsia.
	Causas pós-natais: Problemas que afetam a criança após o parto. Outras causas: Além dessas causas, a realidade social do nosso país acaba impondo algumas dificuldades sociais que também facilitam o surgimento das deficiências.
	Nesse caso, podemos citar as dificuldades de orientações e esclarecimentos sobre as deficiências, a necessidade de acompanhamento específico para a gestante, o trato do recém-nato, entre outros.
Outros fatores são as dificuldades de acesso à rede de atenção básica, à saúde e à higiene. No nível estrutural, a dificuldade de acesso aos locais e ainda  faltam rampas. O sistema de saúde acaba por se transformar em mais um vilão, que não ouve as queixas e ainda impossibilita a possibilidade de novas conquistas.
	Prevenção e redução das deficiências: Os fatores etiológicos, através da investigação pelos estudos acadêmicos, podem propor mudanças estruturais, ambientais e sanitárias, de forma a minimizar os problemas e reduzir os danos. Dentre estas causas possíveis, temos, nos fatores já citados, a educação para a saúde como uma das saídas da prevenção das deficiências.
	Assim, mesmo sendo causas ambientais, genéticas ou multifatoriais, os profissionais da área da educação e da saúde podem influenciar a discussão que venha a criar: frentes de trabalho, educação nas escolas, formação continuada e dispositivos de atenção na rede básica de saúde. É importante ressaltar a necessidade de atenção primária e secundária:
	Primária: Na atuação junto à vacinação, atenção à gestante evitando a deficiência física, motora, mental entre outras;
	Secundária: Quando já existe o desenvolvimento da deficiência, buscando minimizar suas consequências.
Aula 4: Desvio intelectual, deficiência mental e altas habilidades
	Deficiência intelectual: Os termos universalmente utilizados para diferenciar as pessoas que possuíam algum atraso cognitivo eram conceitos passados e institucionalizados como tal. Tais termos simplesmente não permitiam os questionamentos necessários para uma mudança na visão das pessoas. Ou seja, esses paradigmas institucionalizados impediam o pleno desenvolvimento de políticas de atenção às pessoas com necessidades especiais.
	Por muito tempo, os movimentos buscavam a normalização. Esta universalização permeou os anos 1950, 60 e 70, quando era muito comum tratar a todos como excepcionais. Em 1973, a Associação Americana de Deficiência Mental começa a pontuar a questão da deficiência intelectual. Mas as mudanças culturais só viriam dali a alguns anos, conforme veremos.
	Anos 1980: mudança cultural: A mudança cultural começa nos anos 1980. O ano de 1981 é declarado o Ano Internacional da Pessoa com Deficiência pela ONU (Organização das Nações Unidas), que culminou com o programa mundial de ação para pessoas com deficiência, em 1982. Para entendermos a confusa caminhada da deficiência e desvio intelectual, percebemos concretamente o status que tanto um quanto outro trazia em seu significado. Porém, significativamente, as definições de desvio e deficiência perpassam ideias que indicam o atraso cognitivo e mental que dificulta o pleno desenvolvimento. As características não são diferenciadas. O que difere é a forma de entendimento, atenção, receptividade e cuidado à pessoa com deficiência.
	Novas nomenclaturas: Os anos se passam, novas nomenclaturas são criadas, assim como novos critérios psicométricos de avaliação da inteligência, mas os diagnósticos devem passar por critérios estabelecidos de diagnósticos psicológicos que utilizam as entrevistas em seus vários tipos (direta ou indireta), a aplicação de testes psicológicos e ainda as avaliações de desenvolvimento psicomotor.
	Em 1992, junto com o DSM IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), conceitua-se a deficiência mental como uma redução intelectual inferior à média.
	Segundo Mazzotta, a AAMD se refere à deficiência intelectual como: “(...) funcionamento geral significativamente abaixo da média, associado ao déficit no comportamento adaptativo, evidenciado durante o período de desenvolvimento” (Mazzotta, 1987, p. 10).O autor afirma que, segundo alguns autores, há distinção entre ambas as nomenclaturas sobre deficiências mentais.
	Desconhecimento e preconceito: os piores impeditivos: Devemos pensar que tais questões não mudaram as ações sobre a deficiência. O que mais impede o pleno desenvolvimento das pessoas é o preconceito, gerado pelo desconhecimento do assunto. Quando Binet foi convidado para discutir o tema inteligência e criar o teste de coeficiente intelectual (QI), não imaginava a segregação e as dificuldades que aconteceriam após sua descoberta. Essa “marginalidade” da pessoa com deficiência intelectual afastava e dificultava um melhor acompanhamento, visando o pleno desenvolvimento da pessoa com deficiência.
 
Termos como “acima da média” ou “abaixo da média” serviram apenas para criar salas e orientações especiais.
	Categoria especial: Ao falarmos de deficiência, falamos de um sujeito que vive à margem da sociedade, com quem, muitas vezes, a sociedade e a família não sabiam o que fazer. Hoje, considera-se a deficiência mental não mais como um traço absoluto, mas uma categoria especial, que pode se apresentar de diversas formas. Assim, fala-se de aspectos sociais e ainda da própria formação, educação e escolarização dos sujeitos.
	Segundo Telford e Sawrey (1988), “é óbvio que a identificação do indivíduo mentalmente retardado envolve a aceitação de certos critérios. Já indicamos que, na prática, são correntemente usados múltiplos critérios” (p. 233).
	Síndrome de Edwards: Ela foi descrita inicialmente pelo geneticista britânico John H. Edwards. As características principais da síndrome são: atraso mental, atraso do crescimento e, por vezes, malformação grave do coração. O crânio é excessivamente alongado na região occipital e o pavilhão das orelhas apresenta poucos sulcos. A boca é pequena e o pescoço geralmente muito curto.
	Síndrome de Angelman: É um distúrbio genético-neurológico nomeado em homenagem ao pediatra inglês Dr. Harry Angelman, que foi quem descreveu a síndrome pela primeira vez em 1965. Caracteriza-se por atraso no desenvolvimento intelectual, dificuldades na fala, distúrbios no sono, convulsões, movimentos desconexos e sorriso frequente.
	Paralisia cerebral: É uma lesão de uma ou mais partes do cérebro, provocada muitas vezes pela falta de oxigenação das células cerebrais. Acontece durante a gestação, no momento do parto ou após o nascimento, ainda no processo de amadurecimento do cérebro da criança. 
	É importantesaber que o portador possui inteligência normal (a não ser que a lesão tenha afetado áreas do cérebro responsáveis pelo pensamento e pela memória).
	Síndrome de Down: A síndrome é caracterizada por uma combinação de diferenças maiores e menores na estrutura corporal. Geralmente a síndrome de Down está associada a algumas dificuldades de habilidade cognitiva e desenvolvimento físico, assim como de aparência facial. A síndrome de Down é geralmente identificada no nascimento. Pessoas com síndrome de Down podem ter uma habilidade cognitiva abaixo da média, geralmente variando de retardo mental leve a moderado.
	Síndrome de Prader-willi: A incidência da síndrome é entre 1 em 12.000 e 1 em 15.000 nascimentos. A distinção do cromossomo por origem parental é devido ao imprinting, e a síndrome possui uma síndrome-irmã, a síndrome de Angelman que afeta os genes "imprintados" maternalmente na região. A síndrome de Prader-Willi é caracterizada por polifagia, pequena estatura e dificuldades de aprendizado.
	Autismo: O autismo é uma disfunção global do desenvolvimento.
É uma alteração que afeta a capacidade de comunicação do indivíduo, de socialização (estabelecer relacionamentos) e de comportamento (responder apropriadamente ao ambiente — segundo as normas que regulam essas respostas).
	Prevenção primária, secundária e terciária: Para a prevenção do atraso mental, postula-se, segundo Alfredo Fierro apud Coll, Marchesi e Palacios, a prevenção primária, secundária e terciária.
Primária - Implantação de medidas da gestação ao parto;
Secundária - Ações que minimizem os problemas apresentados;
Terciária - Consiste na reabilitação e na busca de melhorias.
	Altas habilidades: Quando se fala de altas habilidades, não se entende o motivo de esta categoria estar atrelada à discussão da pessoa com deficiência. Ora, em conceitos negativos que tratam a pessoa com deficiência e as colocam no mesmo patamar que as pessoas com altas habilidades, como se dá tal diferenciação?
	“A forma como a inteligência é definida constitui uma determinante parcial, pelo menos, do modo como o intelectualmente dotado ou excepcionalmente inteligente será definido” (Telford e Sawrey, 1988, p. 165). Uma forma de identificação das crianças com altas habilidades é através dos testes de inteligência. Uma pessoa que obtenha resultados brilhantes apresenta características sociais e pessoais especiais.
 
Desta forma, são vários os critérios de avaliação que surgiram recentemente, pois anteriormente as preocupações cercavam as crianças com deficiências mentais.
	Tipos de altas habilidades: Intelectual: Apresenta flexibilidade, independência, fluência de pensamento, produção intelectual, julgamento crítico e habilidade para resolver problemas.
	Acadêmico: Com capacidade de atenção, concentração, memória, interesse e motivação pelas tarefas e capacidade de produção.
	Social: Revela capacidade de liderança, sensibilidade interpessoal, atitude cooperativa, sociabilidade expressiva, poder de persuasão, influência no grupo.
	Criativo: Com capacidade de encontrar soluções diferentes e inovadoras, facilidades de auto expressão, fluência, originalidade e flexibilidade.
	De talento especial: Que revelam destaque em artes plásticas, musicais, literárias e dramáticas, revelando especial e alto desempenho.
Lembrando que estas são as "tradicionais" e que nem todos apresentam todas as características.
	Psicomotor: Que se destaca por sua habilidade e interesse por atividades físicas e psicomotoras, agilidade, força e resistência, controle e coordenação motoras.
	Estas conceituações são universais, podendo apresentar ainda interação entre elas. É importante também avaliá-las com testes de inteligência, entre outros, assim como avaliamos as pessoas que apresentam deficiência mental. A adoção de políticas de atenção para a educação da pessoa com altas habilidades é extremamente importante. Muitos podem pensar que, por apresentarem grande desenvolvimento, tais pessoas não necessitam de atenção. Muito pelo contrário: as pessoas com altas habilidades necessitam de alternativas de atendimento, tanto que não nivelem tais pessoas a um nível abaixo do seu, como não influí-los a atender ou superar as expectativas da família ou da escola.
	Implantação de políticas de atenção: Há uma grande necessidade de implantação de políticas de atenção às pessoas que necessitam de ajuda.
Também é necessário criar materiais específicos, programas de atenção e programas educacionais, atividades escolares específicas, e para tal, recursos materiais adequados. Em muitos momentos, fazem-se necessários processos intermediários de educação escolar, tais como a sala de recursos e ainda a inclusão propriamente dita. Ou seja, que a comunidade local – seja a família, os amigos, professores e comunidades – possa aprender a fazer parte do seu mundo, que não criemos mundos paralelos e que não treinemos as pessoas com deficiência para se adequar e se integrar à realidade vigente.
	A família faz parte deste processo. Trabalhar criança e escola sem a intervenção familiar se torna um processo difícil, visto que a pessoa com diferenças específicas deve ser vista de forma globalizada. Assim, devemos perceber o sujeito em sua totalidade.
Aula 5: Desvios sensoriais e motores
	Órgãos dos sentidos: Nossos órgãos dos sentidos possuem receptores sensoriais. Alguns desses órgãos são os olhos, o nariz e a boca.
Ao recebermos os estímulos ambientais, como frio, calor, salgado e doce, nossas terminações nervosas processam tais estímulos, traduzem e transformam em informações (ex.: “está frio”, “tem muito sal”). O ato de sentir faz parte desta própria detecção e recepção destas informações, e a percepção é o processo cognitivo. Assim, as nossas sensações são interpretadas de forma cognitiva.
	Deficiência auditiva: A deficiência sensorial de que estamos tratando é a surdez. Pois bem, vamos falar sobre esta dificuldade de compreender e ser compreendido. segundo Telford e Sawrey, “as definições quantitativas indicam, tipicamente, a deficiência auditiva como o grau de perda de audição, medido audiometricamente em termos de decibéis. A perda auditiva refere-se ao déficit no melhor ouvido, na gama de frequência da fala” (p. 396). Assim, vamos de um extremo ao outro quando falamos de perdas auditivas, ou seja, nos referimos desde as perdas leves até as mais significativas. Lembremos ainda que decibéis fazem parte de uma escala logarítmica que mede a intensidade sonora. Essa medição se faz através de um aparelho chamado audiômetro.
	Possíveis causas da surdez: É importante a avaliação de profissionais especializados, pois tais diagnósticos devem abordar as informações clínicas do sujeito, além das questões emocionais e psíquicas, para que se possa perceber se tal problema de audição é de ordem clínica, emocional ou ainda se é consequência de uma desordem psiquiátrica.
	A vida social do surdo: “A vida social do surdo é essencialmente a mesma dos que gozam de boa audição” (Telford; Sawrey, p. 423). Porém, a aceitação ou não da surdez pode implicar em uma relação mais ou menos difícil com as pessoas que a cercam. Blá...blá...blá!!, Poxa... não consigo ouvir quase nada!! Chefe, você poderia repetir, por favor?! Vou ligar meu aparelho auditivo para ouví-lo melhor.
	A pessoa com surdez pode recorrer a aparelhos para melhorar a audição. Tais aparelhos ajudam a inserção da pessoa surda na comunicação entre os grupos.
	O MEC/ Secretaria de Educação Especial (1995) afirma que os educandos com deficiência auditiva podem ser atendidos nas escolas comuns, na classe comum, nas escolas integradas, na sala de recursos, com professor itinerante e classe especial. Tal fato depende da avaliação do aluno.
É importante pensar que algumas pessoas se adaptam à leitura labial e ao aparelho auditivo, enquanto outras se adaptam melhor à língua de sinais, que deve ser considerada uma linguagem natural, uma vez que atende a critérios linguísticos.
	LIBRAS: Percebe-se o crescente número de unidades escolares, religiosase instituições de ensino superior que buscam orientar seus alunos e comunidade quanto à necessidade da aprendizagem das LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais). A língua de sinais é uma língua espacial-visual e existem muitas formas criativas de explorá-la.
	Configurações de mão, movimentos, expressões faciais, gramaticais, localizações, movimentos do corpo, espaço de sinalização, classificadores são alguns dos recursos discursivos que tal língua oferece para serem explorados durante o desenvolvimento da criança surda, e que devem ser explorados para um processo de alfabetização com êxito (p. 25). Postula-se que, mesmo para a aprendizagem da língua portuguesa, faz-se necessária a aprendizagem da língua de sinais. Ronice muller.
	Deficiência visual: Continuando nossa comunicação, vamos falar da importância do olhar. Já dizia o poeta que “os olhos são a “janela da alma” (Jean-Baptiste Alphonse Karr). A visão é um sentido tão importante quanto a audição. Com os olhos vemos, percebemos, somos percebidos e sentidos. A cegueira pode ter várias causas: doenças infectocontagiosas na mãe, infecções no próprio sujeito, acidentes, tumores e ainda males hereditários.
	Na área da educação, a deficiência visual se divide em dois tipos: “os portadores de cegueira e os portadores de visão subnormal (reduzida)” (Corrêa, 2010). A criança com deficiência visual e em qualquer nível de escolaridade pode ser trabalhada na escola com estimulação, com o método Braille. Segundo a definição no livro O indivíduo excepcional: 
	Deficiência visual em nível quantitativo é definida como acuidade visual de 6/60 ou menos no melhor olho com a correção apropriada, ou uma limitação tal nos campos de visão que o maior diâmetro do campo visual subentende uma distância angular não superior a 20 graus (p. 363).
Outras possibilidades
	Falando de deficiência visual, podemos perceber que realmente os olhos são a janela da alma, mas quando tais janelas não conseguem se abrir, existem muitas outras possibilidades de conhecimento do mundo, além dos olhos. Cada um de nós pode conhecer o mundo através de outras sensações, que podem enriquecer nossa experiência e somar com outras já vividas. As deficiências em si não nos tornam anjos, demônios ou santos. Elas possibilitam outros conhecimentos, outras expectativas da vida e outra visão.
Você pode perceber que estas diferenças tornam estas pessoas especiais, pois utilizam recursos que até então desconheciam. Um exemplo são as órteses e próteses, materiais estes que possibilitam uma melhor qualidade de vida.
	Deficiências neuromotoras: Segundo Telford e Sawrey, “(...) são os que têm todas as variedades e graus de dificuldade de movimento físico”. Referimo-nos assim a pessoas que apresentam graus de dificuldades na locomoção, na coordenação e na fala.
	Deficiências neuromotoras: Estas acontecem por algum estado lesional, seja por falta de oxigênio, infecções ou lesões ocorridas. É importante romper as barreiras, sejam pessoais, sejam relacionais, que possam impedir o sujeito a ter acesso.
	Causas da deficiência neuromotora: Apresentamos como causas a lesão cerebral, o atraso no aspecto psicomotor e acidentes diversos. A lesão cerebral, por exemplo, refere-se a “um defeito motor presente e dependendo no nascimento ou que aparece logo depois do parto” (Yanet, apud Telford, 1988). Classificar o atraso no desenvolvimento neuropsicomotor requer uma avaliação de aspectos específicos, como: quando e como andou, idade do fato acontecido, se engatinhou ou apenas se arrastou. É preciso ressaltar, neste momento, a importância dos aspectos ontogenéticos. Ou seja, nossa memória neuromotora necessita de uma redescoberta das ações perdida no tempo, na evolução pessoal e da espécie. Outrora, tais lesões ou problemas neuromotores indicavam incapacidade, seja para andar, engatinhar ou falar. Porém, já foi provado que basta perseverança, confiança, determinação e trabalho para que muito possa ser recuperado e adquirido. Nosso cérebro é um belíssimo maquinário, e basta a retomada do movimento para ganharmos força e vida. Quantos sorrisos, quantos pequenos gestos que fizeram este trabalho valer a pena! Às vezes o que parece pouco para uma pessoa comum é muito grande para um deficiente e sua família. A falta de oxigênio, as meningites e encefalites podem levar a vários graus de problemas motores; só não podem ofuscar o desejo de vencer e ultrapassar barreiras.
Aula:6 Autismo e Síndromes Correlatas
	Síndrome: Ao analisarmos a história da deficiência em si, percebemos que durante muito tempo as deficiências cognitivas, motoras e sensoriais, associadas às deficiências de uma forma geral, levava a uma confusão na identificação e no diagnóstico de várias síndromes, entre elas o autismo.
	Transtornos globais do desenvolvimento: Segundo Kaplan e Sadock, “os transtornos globais do desenvolvimento incluem um grupo de condições caracterizadas por dificuldade nas interações sociais recíprocas, desenvolvimento anormal da linguagem e repertório comportamental restritivo (2011)”.
 
Tais transtornos iniciam em tenra idade e esta prematuridade dificulta o diagnóstico inicial. Desta forma, é importante que todas as categorias profissionais da área da saúde, entre elas o psicólogo, possam realizar um diagnóstico diferencial de forma a melhor atender esta pessoa, analisar as consequências e ainda realizar projeto terapêutico compatível com a realidade específica de cada um. Situações específicas:
	Entre os séculos XVIII e XIX, o “diagnóstico de ‘idiotia’ cobria o campo da psicopatologia de crianças e adolescentes. Logo, a idiotia pode ser considerada precursora não só do atual retardo mental, mas das psicoses infantis, da esquizofrenia infantil e do adulto” (Bercherie, 1998, apud p.16, MS, 2013).
	Ademais, no trabalho desenvolvido pelo Ministério da Saúde, no livro a Linha de cuidado para a atenção às pessoas com transtornos do espectro do autismo e suas famílias na rede de atenção psicossocial do SUS, percebe-se que os estudos sobre o transtorno “TEA” vêm sendo feitos há muito tempo, a saber:
1845 – Griesenger - Já fazia a distinção entre loucura do adulto e da criança;
1867 – Maudsley – Foi o pioneiro na literatura sobre a psicose na infância;
1906 – De Sanctis – Inicia a discussão sobre a dementia precocissíma;
1908 – Hellen – Dementia infantillis;
1911 – Eugen Bleuler – Discute a noção de autismo em seis casos;
1933 – Howard Pottes – Discute casos com sintomas antes da puberdade;
1943 – Leo Kanner – Fala pela primeira vez o nome de autismo e escreve Os distúrbios autísticos do contato afetivo;
1944 – Hans Asperger – Escreve Psicopatia autística na infância.
	Mudanças gradativas: As leis e mudanças em nível público também foram gradativas. A discussão foi iniciada com os seguintes eventos:
Constituição Federal, em 1988;
A Lei 8.080 de 1990, que trata da implantação do SUS;
 A Lei 8.069 de 1990, conhecida como o estatuto da criança e do adolescente (ECA);
A II Conferência Nacional de Saúde Mental, em 1992, aponta efeitos perversos na institucionalização de crianças;
A Lei 10.216 de 2001, que trata da reforma psiquiátrica;
Portaria GM 336/ 2002 - Normatiza os CAPS: criam-se serviços específicos para crianças, adolescentes e jovens, chamados de CAPS infantil;
Em 2009, a emenda constitucional sobre a lei da deficiência agrega em seu artigo 1º que deficientes são aqueles com impeditivos de longo prazo de natureza física, intelectual, sensorial e mental;
Portaria GM 4279/2010: rede de atenção básica;
Portaria GM 793/2012: institui a rede de cuidado no SUS com a pessoa deficiente;
A Lei 12.764, de 2012, coloca que a pessoa com TEA é considerada deficiente para todos os efeitos legais.
	Legislação sobre o tema: Toda a legislação que surge sobre o tema tem como único objetivo lutar por uma saúde mental mais saudável. É importante afirmar que as pessoas com necessidades especiais são sujeitos, com direitos. No nível histórico, temos um momento em que crianças com transtornos mentais eram tratadas como “idiotas”.Após esta fase, chamamos de transtornos globais do desenvolvimento (TGD) e, hoje, fala-se em transtorno do espectro do autismo (TEA).
	Ações de prevenção e tratamento: Para nós, o que realmente deve mudar são as ações de prevenção e tratamento de crianças e jovens que apresentam tais dificuldades. Mas necessitamos investir um pouco mais nestas definições. 
	CID 10 OMS (Organização Mundial de Saúde), em sua 10º edição, e o DSM IV – APA, em sua 4º edição, colocam que o autismo infantil faz parte dos transtornos invasivos (ou globais) do desenvolvimento.
	DSM IV – TR O Transtorno do espectro do autismo (TEA) está incluído nos transtornos mentais no início da infância, sendo considerado também um transtorno do desenvolvimento.
	O espectro do autismo: No autismo atípico, não conseguimos verificar a presença e prejuízo na interação social, na comunicação e nos interesses, ocorrendo após os três anos de idade.
	A síndrome de Asperger considerada um polo mais leve do autismo. As crianças apresentam características autísticas, exceto quanto à linguagem, que é presente, acompanhada por um alto nível cognitivo.
No transtorno desintegrativo, há o desenvolvimento normal da criança de dois a seis anos. Depois disso, há uma perda definitiva e rápida das habilidades adquiridas da fala e da brincadeira. É bom lembrar que a brincadeira deve ter início, meio e fim, sendo muito importante para a criança, assim como a interação social e a autonomia. A criança apresenta estereótipos e não tem controle do esfíncter.
	A síndrome de Rett ocorre devido a uma mutação do gene MECP 2, localizado no cromossoma X. Essas crianças apresentam o desenvolvimento normal até os 24 meses de idade. Após, as meninas – apenas elas, pois afetam o cromossoma X – perdem os movimentos voluntários das mãos, que mais parecem uma “lavagem de mãos” e apresentam risos não provocados e prejuízos motores.
	Diagnóstico diferencial: É bom reiterar a necessidade de um diagnóstico diferencial, pois estas crianças apresentam várias comorbidades, tais como manifestações físicas, mentais, neurológicas, depressão, entre outras. Lembremos que o mutismo e a deficiência mental podem prejudicar o diagnóstico correto. Pontua-se que este deve ser o organizador da rede, pois há a necessidade da reversão do modelo hospitalocêntrico.
	Acolhimento integral: Uma das diretrizes é a integralidade, que significa que sujeito apresenta uma diversidade de demandas, que faz necessário o acompanhamento integral. Faz-se necessário cumprir a lei que trata da necessidade do acolhimento integral, como já verificamos; que o encaminhamento seja implicado, ou seja, deve-se acompanhar o caso até a finalização deste encaminhamento.
	É importante ainda que ocorra uma construção permanente em rede implicando outros serviços; que se tenha ainda a noção de território atravessando a experiência do sujeito e a intersetorialidade com a ampliação do trabalho clínico.
Aula 7: O atendimento do Psicólogo à pessoa com deficiência
	Atendimento de qualidade: A luta por um atendimento de qualidade, de um trabalho completo em saúde, passa por vários tipos de saberes. Quando falamos de uma pessoa com deficiência, estamos nos referindo a várias impossibilidades que devem ser trabalhadas no setor público, nas associações, no setor privado ou em outros dispositivos, que visem atender as demandas, as diferenças existentesem cada um. Aprender ou reaprender a viver. Estamos falando de pessoas que, devido a acometimentos na tenra idade, ou que sofreram tais ações bem mais tarde, vivem em um mundo de limitações, necessitando assim de aprender ou reaprender a viver, seja com ou sem dificuldades.
	Imaginemos um quebra-cabeça. Ao juntarmos as peças, podemos perceber que a visão do sujeito em sua totalidade nos permite buscar de forma mais coerente uma melhor qualidade de vida. Porém, para a melhor visão do todo, as partes necessitam estar interligadas.
	Multidisciplinaridade e interdisciplinaridade: Teoricamente, necessitamos fazer uma diferenciação sobre este tema: a multidisciplinaridade e a interdisciplinaridade, visto que, de uma forma ou de outra, o que importa é a saúde global de uma pessoa com deficiência.
Na multidisciplinaridade, temos um sujeito visto e acompanhado por diversos pensamentos.
	Já na interdisciplinaridade, temos pessoas que acompanham sujeitos, mas que os veem de forma única e completa. Historicamente, tais temas surgem por necessidade da população na década de 60 e pelo crescente crescimento de novas visões de mundo e ainda de tratar, entender o sujeito. Contemporâneo nosso, Hilton Japiassu, um dos pioneiros da interdisciplinaridade no país, afirma:
	“As capelas científicas, fundadas sobre o signo da especialização, vivem muito mais à vontade em um mundo fechado, onde a verdade de cada um é menos contestada, do que em um mundo aberto, onde estão expostas aos ventos da crítica”.
Integração de todas as categorias: Pensemos: cabe ao profissional de Psicologia o discurso sobre a integração de todas as categorias que visem trabalhar com a saúde do deficiente, visto que a necessidade de outras especialidades se fazem importantes no trato com o indivíduo.
A participação de psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, técnicos de enfermagem, fonoaudiólogo, pedagogo, ortoptistas, médicos, entre outros, são profissionais importantes no contexto avaliativo e de acompanhamento.
O Conselho de Fisioterapia e Terapia Ocupacional afirma que o trabalho com o sujeito que adoece é com o sujeito como um todo, e não apenas as partes deste. Assim, quando tratamos deste assunto em especial, concordamos com a necessidade das ações específicas, sem perder a referência do homem integral. Emílio Figueira (2011) diz que, entre outras tantas funções do fisioterapeuta, uma é trabalhar a reabilitação, com o objetivo de buscar a proteção, o equilíbrio, correção e prevenção de deformidades.
	Funções de cada especialidade: Terapeuta ocupacional: resgata suas habilidades, promove o conhecimento das atividades de vida diária, trabalhando a coordenação motora. Médico: objetiva a avaliação clínica e a prescrição de medicamentos que visam melhorar o estado do paciente. Assistente social: busca possibilitar o entendimento sobre a deficiência, a demanda da família e as possibilidades de analisar e mudar a própria história. Enfermeira: a enfermagem atua na atenção e nas emergências necessárias. O psicólogo atua com a ludoterapia, psocomotricidade, psicopedagogia, grupos, entre outras ações. Fonoaudiólogo: busca a comunicação e desenvolvimento das habilidades orofaciais. Pedagogo: trabalha com a educação e a reeducação psicomotora, além da atividade de vida diária e os processos referentes à escolarização. Ortopedia: busca regularizar a musculatura ocular e melhorar o aspecto geral e ainda atingir as musculaturas oculares importantes no estado clínico geral e na própria visão e coordenação visomotoras.
Aula 8: As práticas do Psicólogo e suas possibilidades Prática da Psicologia
	A prática da Psicologia se regulamenta no Brasil a partir da Lei 4.119 de 1962. Efetivamente inicia-se uma nova visão do homem e do seu mundo. Na época, temos no artigo 13, entre as atribuições do psicólogo:
Diagnóstico psicológico, Orientação e seleção profissional,Orientação Solução de problemas de ajustamento, psicopedagógica.
	Função do psicólogo: Buscando a plenitude do sujeito na relação consigo e com seu espaço, a Psicologia amplia a forma de visão de homem e de mundo. Partindo da ideia inicial que ser psicólogo é, entre outras coisas, atuar na solução de problemas de ajustamento e ainda em orientações psicopedagógicas, como retrata a legislação de 1962, estaríamos negando as potencialidades humanas e a própria criatividade.
	Função do psicólogo: Percebemos que a função do psicólogo extrapola o setting terapêutico. Percebemos que a pessoa com deficiência, além de sofrer de questões existenciais e humanas como qualquer outra, ainda pode apresentar sofrimento psíquico com as questões referentesà própria deficiência, nos espaços familiar, laboral e social.
	Função do psicólogo com a pessoa deficiente: Segundo Emílio Figueira, o trabalho do psicólogo com a pessoa deficiente deverá se basear na busca de resultados satisfatórios. Assim, a palavra “superação” é base da ação e da busca de uma melhor e maior aceitação da sua condição, porém sempre se direcionando para desenvolver-se plenamente. Entender a deficiência, aceitá-la, não possuir autopiedade, é um princípio importante que sugere o início de mudanças significativas. Kovács, apud Emílio (1997), enfatiza as etapas relacionadas ao enfrentamento da pessoa com relação à sua deficiência, em que podemos citar o contato e o manejo do problema. Estamos falando de questões relativas à deficiência, em que o contato, o discurso e a troca são mais visíveis e pertencentes ao espaço específico das psicoterapias.
	Porém, em se tratando de deficiência e de Psicologia, referimo-nos a uma gama de ações que norteiam este espaço. Desafios da Psicologia frente ao deficiente. Falando de uma ação bem mais abrangente, de uma clínica ampliada, de uma escuta e trabalho terapêutico, de ações de acolhimento, de um trabalho familiar, da busca de novas ações motoras, físicas entre outras. Este é um grande desafio e uma grande caminhada. Como psicólogos, vivemos um turbilhão de emoções, vivências peculiares que nos trazem vários enfrentamentos.
	Desta forma, aprendemos a lidar também com a nossa onipotência. Lembremos que o outro não deve, não quer ou não pode atender as nossas expectativas. A função do psicólogo é possibilitar mudanças, facilitar um encontro da pessoa consigo e com o mundo, além do reconhecimento das suas limitações e a busca da solução de problemas.
A força da psicologia está em permitir o reconhecimento do homem como sujeito de sua própria história. Sendo assim, há um grande número de possibilidades. Há muito tempo a história da deficiência é a da superação. Assim, cabe ao profissional acreditar no desejo do outro; não buscar a normatização e muito menos o enquadre do outro no mundo dos “normais”. Deve sim acreditar que o modelo normatizador e que o enquadre não é modelo de suficiência para qualquer pessoa, pois as normas rotulam e destroem.
	O psicólogo e a família do deficiente: É importante para o psicólogo trabalhar com a família, esta que desde o início aprende a lidar com questões específicas como nenhuma outra família. Esta participa, junto ao deficiente, das questões sobre as impossibilidades, as dificuldades e limitações. Tanto a família quanto o deficiente devem buscar tratar tais dificuldades que surgem. Assim lidar com a família é importante para o deficiente, para a sua relação com a família, com o imaginário familiar e com os desejos, sonhos, aspirações, expectativas, pois só assim cada um pode buscar a tal felicidade. A família, como primeiro e mais importante núcleo social, pode iniciar um processo de aceitação da deficiência ou de negação e repulsa.
	O psicólogo e a família do deficiente: Telford e Sawrey colocam que “a excepcionalidade não é um problema que reside exclusivamente num indivíduo; é antes, um acontecimento que ocorre numa dada família, comunidade, subcultura e sociedade” (p. 129).  Toda a família fica envolvida com a deficiência, ri, vibra, chora ,renega. Estamos falando de questões emocionais importantes vividas pela família, de questões sociais e financeiras. A família sofre em todos os aspectos.
	A função da família: Como relatado por Telford e Sawrey, em seu livro O indivíduo excepcional: A família deve encarar o problema da criança, da pessoa excepcional de uma forma mais realista; não negar a deficiência propriamente dita; evitar a autocomiseração; trabalhar as questões religiosas de culpa e vingança divina; analisar os sentimentos de ambivalência, culpa, vergonha, depressão e projeção (p. 138).
	Os pais devem ser trabalhados terapeuticamente, seja o casal, seja individualmente, seja em grupo de familiares, de forma a ser analisado em suas próprias dores e fantasias.É importante ressaltar que falar em trabalho de família é falar dos desejos, dos sonhos, das expectativas, do abandono. É falar na possibilidade de um reacordo, de uma nova possibilidade de negociação para uma nova vida.É importante colocar que não é função do psicólogo dar conselhos aos familiares, mas sim orientar, sugerir profissionais para acompanhamento do deficiente e fazer a escuta sobre a dor da família.
	Psicoterapia: O trabalho pessoal (a psicoterapia) é importante para qualquer um, e neste caso especial do deficiente, crer na possibilidade de ser mais uma mão no mercado de trabalho, derrubando as próprias barreiras impostas pelo preconceito. Ervin Goffman coloca que estigma era uma marca para toda a vida, era a escravidão. A partir da deficiência, a identidade social da pessoa carrega o atributo que o distancia do que é considerado normal.
Aula 9: As várias possibilidades de ação do psicólogo na prática junto à deficiência
	Atuação do psicólogo: É mito pensarmos que a atuação do psicólogo junto à pessoa com deficiência se restringe à comunicação verbal. Existem atuações importantes que buscam promover o pleno desenvolvimento do ser humano. Muitas vezes, essas atuações lançam mão de atividades significativas que busquem a facilitação do desenvolvimento do deficiente, assim como uma análise do crescimento deste e da relação terapêutica, sendo esta tanto específica e direcionada quanto observadora e participante.
	Assim, o psicólogo sai em busca de novas visões sobre o deficiente, novos olhares sobre suas ações, novos atos do teatro da terapia. É daí que surgem práticas como a Psicopedagogia, a Psicomotricidade e a Ludoterapia. É sobre essas práticas que falaremos a partir de agora.
	Psicopedagogia: Beatriz Judith Lima Scoz define psicopedagogia como: Um conhecimento em contínuo processo de construção é a reflexão sobre a atuação da autora como educadora e psicopedagoga em seus muitos anos de trabalho, seja na clínica psicopedagógica, seja na instituição escolar.
	Fruto da práxis, este livro representa uma tentativa de refletir sobre o estado da arte da psicopedagogia nos dias de hoje e, coerente com o tema proposto, apresenta novos questionamentos, uma vez que a psicopedagogia trata dos processos de ensino/aprendizagem que implica o perguntar e, ao mesmo tempo, o perguntar-se sobre si mesmo.
	Ainda, em seu artigo 3º: A atividade psicopedagógica tem como objetivos: Promover a aprendizagem, contribuindo para os processos de inclusão escolar e social; Compreender e propor ações frente às dificuldades de aprendizagem; Realizar pesquisas científicas no campo da Psicopedagogia; Mediar conflitos relacionados aos processos de aprendizagem.Partindo da ideia central da Psicopedagogia, percebemos o quão vasto são as ações deste profissional. Avaliar, diagnosticar, promover ações e implantá-las com o objetivo de buscar melhorar o processo de aprendizagem e ainda atuar na inclusão escolar devem ser ações diárias.  
	Em se tratando da Psicopedagogia, da relação criança/ escola, estamos atuando com relações importantes no que se refere ao poder, seja da escola, seja dos profissionais, seja do corpo docente e discente. O imaginário e a realidade escolar se apresentam de forma diferenciada, tanto para quem apresenta sintomas, para quem os diagnostica, como para quem dirige a instituição. Assim, a psicopedagogia tem como objetivo promover ações que venham a avaliar as dificuldades de aprendizagens e os conflitos, descobrindo várias possibilidades de mudança, mesmo que estas possam interferir nas questões institucionais. 
	“... A Psicopedagogia ocupa-se de investigar o aprender e o não aprender, o aprender e suas dificuldades, a não revelação do que de fato se aprendeu, a fuga das possíveis situações de conhecimento e a ausência do desejo de aprender” (Beauclair, 2009).
	Psicomotricidade: Segundo a legislação: Art. 1º - A Psicomotricidade é uma ciência que tem como objetivo o estudo do homem através do seu corpo em movimento, em relaçãoao seu mundo interno e externo, bem como suas possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro, com os objetos e consigo mesmo. Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas.
	Psicomotricidade, portanto, é um termo empregado para uma concepção de movimento organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito, cuja ação é resultante de sua individualidade e sua socialização.
	Vamos nos reportar a tempos longínquos. Desde a época da Grécia antiga, do início dos jogos, estipula-se a importância do movimento. Este movimento, atrelado ao psíquico, propõe uma “parceria” equilibrada. 
	Lembremos a célebre frase: “mente sã, corpo são”.
Se fôssemos esmiuçar um pouco mais, lembraríamos que a motricidade, ou se queiramos chamar de educação psicomotora, inicia-se desde a gestação. No colo acolhedor do útero materno, estamos em um processo de educação de reconhecimento do corpo que nos permite assim, um bom ou um mau desenvolvimento. Esta relação mundo interno x mundo externo se inicia desde a mais tenra idade e continua mundo afora. 
	Didaticamente, a educação psicomotora se inicia nas primeiras relações infantis, incluindo ainda a creche e o ambiente escolar.
	Reeducação Psicomotora: Segundo Meur e Staes, É dirigida para crianças que já apresentam alguma problemática, seja dificuldades ou atrasos psicomotores. Assim, de base organicista, vislumbram mais a parte clínica. Já quando os conhecimentos da psicanálise vêm abrilhantar essa visão de mundo, temos a terapia psicomotora. É uma ciência que tem por objeto o estudo do homem através do seu corpo em movimento, nas suas relações com o mundo interno e externo”. Corpo, movimento, cognição e afetividade estão todas relacionadas, entrelaçadas. Uma em estreita ligação com a outra, influenciando-a e sendo influenciada. Seus resultados de prazer e dor, saúde e distúrbios estão bem intrincados. Isso é totalidade; isso é Psicomotricidade.
	La Pierre cria a modalidade da Psicomotricidade Relacional, uma visão muito mais psíquica que, trabalhando as emoções, possibilita um melhor desenvolvimento do ser.
SOCIEDADE DE BRASILEIRA DE PSICOMOTRICIDADE FUNDADA EM 1980
	Ludoterapia Como atender e avaliar uma criança diante da terapia do discurso? Muito se discutiu sobre as dificuldades da comunicação e ainda do procedimento mais legítimo desta forma de psicoterapia. Melanie Klein, ao atender crianças em psicanálise, percebe que os brinquedos que ora trouxe para o espaço terapêutico, permitia a compreensão dos limites, dos conflitos e os meandros da personalidade.
	Assim, “a criança expressa suas fantasias, seus desejos e experiências reais numa forma simbólica, através do brincar e dos jogos (Simon e Yamamoto)”.
	É próprio da criança o ato de brincar. Os jovens brincam, crescem com suas brincadeiras, realizam-se afetivamente, exercitam-se, simbolizam. ATENÇÃO:
	Quanto à pessoa com deficiência, brincar é um ato que expressa a realidade, os amores e dissabores. Possibilita crescimento, experiências e elaborações. 
Assim, o brinquedo é e deve ser utilizado ou estar à disposição do espaço terapêutico. A comunicação e a troca podem ser permeadas pelo ato de brincar.
Aula 10: o processo de inclusão e as políticas públicas
	A deficiência no Brasil é buscar em nossa memória as várias intercorrências que por ventura levaram às várias agressões que chegaram até a morte. Vamos lembrar a mancha das guerras, da desnutrição, da falta de educação, das dificuldades em implantar serviços dignos de atenção primária, visando à prevenção de ocorrências.
	Políticas públicas: Percebe-se uma relação de “culpa” entre o opressor e o oprimido. A história continua, mas não falamos mais da frente de batalha. Referimo-nos a outras batalhas, muito duras, que geram caos bem maiores e intermitentes. Estas são veladas e, por isso, muito perigosas. Veja um exemplo dessa política pública falha, da qual estamos falando. São políticas públicas nas diversas áreas da sociedade, que deveriam ser aplicadas a toda e qualquer pessoa. Vivemos em uma sociedade desde sempre excludente. Foram criados métodos avaliativos e normativos, com o objetivo de tecer parâmetros de tratamento, porém na verdade o desejo implícito era a exclusão.
	Fatores históricos relacionados à deficiência: Em 1881, discute-se na Suíça que a criança deficiente não deveria ser excluída da escola; 1945: É criada a Sociedade Pestalozzi no Brasil, além da APAE e da ABBR no Rio de Janeiro; Década de 50: Aumento de entidades assistenciais;
Década de 60: surgimento da reabilitação no Brasil, com uma visão integradora; 1994: Declaração de Salamanca.
	Sobre a nomenclatura: Luiz Alberto David Araujo, no livro A proteção constitucional das pessoas portadoras de deficiência, afirma sobre a denominação: Excepcional: termo utilizado na Emenda Constitucional de 1969. Tem o conteúdo restritivo, posto que não se apresenta adequado para designar determinadas pessoas portadoras de deficiência; Deficiente: esta designação fica ligada à ideia da própria deficiência, sem considerar a pessoa; Pessoa portadora de deficiência: atualmente a expressão mais aceita, pois centra a questão na pessoa, e não na deficiência. ATENÇÃO: Percebe-se que ainda há uma tentativa de buscar uma nomenclatura que não seja reducionista. 
	Porém, o que define a pessoa portadora de deficiência não é a dificuldade mental ou a falta de um membro do corpo, mas sim a dificuldade de relacionar-se na sociedade.
	Segundo o consultor da ONU Romeu Sassaki, o termo mais apropriado ao tema é: pessoas com deficiência pois este termo não camufla a deficiência, apresenta dignidade ao tema, mostra a realidade, valoriza as diferenças e as necessidades da deficiência. Estas são discussões mais atuais.
	Mudança de paradigmas: Percebe-se que, para falar de inclusão, precisamos falar de mudança de paradigmas, mudanças estas da vida individual de cada pessoa que não consegue tratar o deficiente como igual. O pensamento tradicional incute uma ideia de cura e de doença. Com este pensamento, muitas instituições de reabilitação cresceram apenas no quantitativo de sua clientela específica. Assim, reabilitação e doença andam juntas em seus conceitos retrógrados, ainda muito distantes da inclusão.
	Projeto inclusivo: Lembremos que a burguesia desejava afastar tudo que lhe desagrava aos olhos. Para isso, injetava capital com o objetivo de, analisando cada caso, afastá-los para “melhor atendê-los”. Recursos dos mais variados, benefícios para o deficiente em seu trabalho, em casa e em qualquer lugar, são ações importantes, pois em sua maioria as pessoas precisam parar de se dedicar ao trabalho para fazer o tratamento.
	 A oferta escolar, a inclusão é importante na promoção da educação formal. Caso a criança não se adeque ao recurso comum, esta pode ser avaliada de outra forma e com outros recursos. É possível iniciar um projeto inclusivo.
	Estudo sobre deficiência e inclusão: Maria Salete Fábio, em seu estudo histórico sobre a deficiência, pontua:
“A inclusão social não é um processo que envolva somente um lado, mas sim um processo bidirecional, que envolve ações junto à pessoa com necessidades educacionais especiais e ações junto à sociedade”.
 	O Artigo 4º do Decreto no 3.298, de 20 de dezembro de 1999, passa a vigorar com as seguintes alterações:
	I - Deficiência física - alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções;
II - Deficiência auditiva - perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500HZ,1.000HZ, 2.000Hz e 3.000Hz;
III - Deficiência visual - cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60o; ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores. O que significa integrar?
	Integrar a pessoa deficiente significaria colocá-la no mundo da pretensa normalidade? Em vez de ajudá-lo, a tentativa por si só poderia promover seu afastamento do mundo. Estes são os objetivos excludentes da sociedade. Já a inclusão faz-nos pensar na importância que se dá à necessidade de aprendermos a receber e cuidar do outro, buscando soluções.
Para qualquer ação em prol da deficiência, devemos apresentar soluções que possibilitem a integralização de todos os sentidos. Estar incluído é sentir-se bem em qualquer lugar, seja na escola, seja na sociedade.
	Políticas públicas para a pessoa deficiente: Aqueles sujeitos relegados à própria sorte necessitam de leis específicas. Para falarmos de qualquer sujeito da história, devemos pensar na possibilidade de falar das leis de assistência, da saúde, da educação, entre outros. Politicamente falando, temos a CORDE, que visa melhor assistir a qualquer pessoa com deficiência.
 	Aos pensarmos na articulação de políticas públicas para a pessoa deficiente, entendendo o homem como um ser total, e ainda este como participante da polis, da cidade, devemos pensar na necessidade da transformação das ações existentes que venham possibilitar o acesso à saúde, à educação e à moradia, como preconiza a própria Constituição Federal de 1988. Ações a serem desenvolvidas que visem melhor assistência a pessoa com deficiência.
	Melhor assistência: As ações, que devem ser desenvolvidas pelo governo, seja municipal, estadual ou federal, devem conter todas as ações diretas e indiretas que visem a melhor assistência à pessoa deficiente. Não estamos falando de assistencialismo, e sim da criação de possibilidades legítimas que garantam o desejo de ir e vir e de ter assistência em saúde e educação. As discussões devem sair do papel e ter a implantação dos serviços à população. Um exemplo: não adianta falar em inclusão da escola pública, se a mesma não possui rampa de acesso. A participação destas discussões é pertinente ao próprio deficiente, assim como a população comum e a comunidade.
PSICOLOGIA ESCOLAR
Aula 1: O espaço escolar
	O espaço escolar é composto por sujeitos com diferentes papéis sociais: diretores, coordenadores, pedagogos, psicólogos, professores, alunos e funcionários. Esse universo está perpassado pelas relações entre esses diferentes sujeitos. 
	Quanto à aprendizagem, é importante considerar as relações interpessoais estabelecidas no universo educativo, as relações entre professor e aluno e as relações entre alunos.
A relação que o professor estabelece com o aluno pode facilitar ou dificultar a aprendizagem deste, em função do interesse e do envolvimento com o conteúdo. 
	O mesmo pode ocorrer na relação com os colegas de turma, em dificuldade extrema de relacionamento ou na exclusão do aluno pelos colegas.
Essas situações podem interferir negativamente na aprendizagem. Diversos fatores podem influenciar a capacidade de aprendizagem do aluno e seu desenvolvimento. A Instituição Escolar, atualmente, tem como objetivos a transmissão do conteúdo e o desenvolvimento integral do aluno nos seus diferentes aspectos: cognitivo, afetivo, social e moral. 
	A escola preocupa-se, hoje, com o desenvolvimento da capacidade de interação social de seus alunos e com o desenvolvimento de valores morais como a justiça e a honestidade, além da construção de cidadania.
	O surgimento da Psicologia Escolar
	A Psicologia Escolar é uma área que se desenvolveu juntamente com a Psicologia Geral. O conhecimento produzido no campo da aprendizagem, da percepção e da memória auxiliaram as reflexões do processo ensino-aprendizagem, possibilitando o surgimento da Psicologia. 
Escolar no final do século XIX.
	Não é possível delimitar um local e uma data de surgimento, uma vez que, em diversos países, foram sendo realizadas iniciativas de aplicação do conhecimento da Psicologia no universo escolar, com o intuito de promover o bem-estar humano.
	Os Estados Unidos são o país com maior contribuição no desenvolvimento da Psicologia Escolar, tanto no que concerne à pesquisa quanto no que concerne à prática profissional. Outros autores contribuíram para o surgimento dessa especialidade, podemos citar Edouard Claparède, que trabalhou na Suíça com pesquisa e atendimento a crianças escolares, e Francis Galton, na Inglaterra, que criou um centro de orientação infantil (cf. Netto, 2001).
	1° momento: A Psicologia Escolar, em um primeiro momento, trabalhou com crianças, sobretudo as que apresentavam dificuldades de aprendizagem. 
	Podemos afirmar, inclusive, que a Educação Especial para os alunos portadores de necessidades especiais funcionou como um incentivo para o desenvolvimento dessa especialidade da Psicologia.
	2° momento: Ao longo do seu desenvolvimento, a Psicologia Escolar passou a trabalhar também com os pais, os professores e, mais recentemente, com a comunidade. 
	Essas diferentes iniciativas do trabalho do psicólogo no campo escolar tiveram início na Europa e nos Estados Unidos da América.
	Stanley Hall foi, nos Estados Unidos, um dos primeiros estudiosos que articulou Psicologia e Educação. Ele foi professor de escola pública e possuía grande interesse em temas relacionados com a infância. 
	Hall desenvolveu diversos trabalhos em Psicologia relacionados com desenvolvimento de crianças e adolescentes e com educação. Ao longo de sua carreira, publicou diversos livros e artigos sobre esses temas.
	Lightner R. Witmer trabalhou sobretudo com crianças com dificuldades de aprendizagem e criou uma clínica psicológica para encaminhamento dessas crianças (cf. Netto, 2001).
	Alfred Binet: Do final do século XIX, na França que publicou um livro de Psicologia Escolar intitulado Ideias modernas sobre as crianças. 
	O livro continha sua pesquisa, realizada em Paris, sobre memorização de frases e palavras por alunos de escola primária (cf. Netto, 2001).
	Wallon: Na França, podemos destacar a importância de Wallon, com seus estudos acerca do desenvolvimento de crianças.
René Zazzo: Além de Wallon, enfatizamos a contribuição de René Zazzo para o desenvolvimento da Psicologia Escolar. 
	Ele realizou um projeto nas escolas francesas, em que os alunos eram acompanhados, desde o início da escolarização, por psicólogos a fim de auxiliá-los nesse processo (cf. Netto, 2001).
A Psicologia Escolar no Brasil: um breve histórico
	A Psicologia Escolar começou a ser introduzida no Brasil juntamente com o início do curso de graduação em Psicologia no ano de 1962 (lei 4.119). Antes do curso de graduação, a relação entre a psicologia e a escola ocorria através dos conteúdos da Psicologia que eram úteis à escola e ao processo de ensino-aprendizagem.
	Esses conteúdos eram ministrados no curso de formação de professores, o chamado Curso Normal. Ali, o conhecimento da psicologia educacional e do desenvolvimento infantil encontravam espaço.
	A Psicologia Escolar iniciou sua atuação sobretudo junto aos professores, através da sua formação para trabalhar com crianças e, paulatinamente, foi surgindo o atendimento aos escolares que apresentavam dificuldades no sistema escolar, sobretudo referentes à aprendizagem.
	A história da Psicologia Escolar no Brasil tem sido marcada por diferentes momentos. 
Inicialmente, o foco do trabalho era no ajustamento e na adaptação do aluno, em que o psicólogo diagnosticava os alunos com dificuldades de aprendizagem. 
	Em momento posterior, a ênfase foi dada ao processo de Orientação Vocacional, em que o psicólogo, através de testes, procurava compreender as aptidões e interesses dos alunos paraque eles pudessem encontrar uma profissão à qual se ajustassem. 
	Posteriormente, a psicologia passou a estar inserida na escola para lidar com as questões da aprendizagem, e não somente com as dificuldades de aprendizagem.
	A perspectiva da psicologia, até esse momento, não considerava os aspectos institucionais envolvidos na dificuldade do aluno. Apenas ele e o seu meio social eram os responsáveis pelo fracasso escolar.
	A Psicologia Escolar mudou o foco do trabalho para uma atuação cujo objetivo passou a ser auxiliar a escola na promoção do desenvolvimento integral do aluno e das relações que ocorrem na escola. Assim, o psicólogo passou a atuar de maneira mais institucional e preventiva (cf. Cruces, 2003).
O trabalho preventivo na escola
	O psicólogo irá atuar preventivamente ou na resolução de problemas existentes com os diferentes sujeitos envolvidos no processo: professores, alunos, pais e funcionários.
	Com os pais e professores, a atuação poderá ser através de orientação ou palestras. O psicólogo irá atuar preventivamente ou na resolução de problemas existentes com os diferentes sujeitos envolvidos no processo: professores, alunos, pais e funcionários.
	Com os alunos, através de projetos temáticos como sexualidade, uso de drogas ou valores morais. E, com os funcionários, poderá ser através de cursos ou reuniões de avaliação.
O psicólogo atua nesse universo procurando auxiliar a escola a atingir estes dois objetivos:
• aprendizagem do conteúdo;
• desenvolvimento integral do aluno. 
	Para isso, o psicólogo trabalha de forma preventiva, através de ações e projetos que visam prevenir problemas.  Exemplo: Imagine uma situação em que haja um aluno com dificuldade de interação e que ele permaneça isolado em sala de aula em função da discriminação dos demais.
	Nesse caso, o problema já existe, e o psicólogo irá atuar, inicialmente, procurando compreender o motivo do isolamento e, posteriormente, planejando uma ação junto à turma, através, por exemplo, de dinâmicas de grupo.
	Poderá, também, atuar junto aos professores, solicitando que proponham trabalhos em grupo que possibilitem a interação. Nesse caso, o diagnóstico da situação poderá ser feito através da observação direta e do relato dos professores, sem necessariamente conversar com o aluno ou expô-lo diante da turma.
	Em uma ação preventiva, o psicólogo poderá, por exemplo, trabalhar com adolescentes reflexões acerca da sexualidade, que é um aspecto da formação afetiva, e ter como objetivo a prevenção da gravidez e das doenças sexualmente transmissíveis.
	O trabalho preventivo tem sido um aspecto de relevância nos diferentes campos da Psicologia (hospitais, empresas e comunidades) e a área escolar também tem caminhado no sentido de atuar nos aspectos de desenvolvimento antes que o problema se instale.
	O psicólogo que atua na escola deve ter conhecimento acerca dos aspectos cognitivos do sujeito, tais como: percepção, atenção, memória, pensamento e linguagem, que são fundamentais para que o sujeito possa aprender os conteúdos.
	É importante, também, que o profissional conheça as diferentes patologias para que possa identificá-las nesse universo e, assim, orientar pais e professores.
	Para que um dado conteúdo seja apreendido, faz-se necessário que os canais de entrada da informação, sobretudo a visão e a audição, que são os principais utilizados pela escola, estejam em bom funcionamento. 
	Podemos perceber, facilmente, que uma criança com problemas de visão poderá ter dificuldade de enxergar as questões colocadas no quadro e copiá-las de modo diferente, prejudicando, assim, a assimilação do conteúdo e a aprendizagem.
	Um aluno que tenha déficit de atenção terá dificuldade de fixá-la em um dado conteúdo para aprendê-lo. O mesmo é válido para a memória, o pensamento e a linguagem. 
	Todas essas funções são importantes para a aprendizagem e fazem parte do corpo teórico aprendido pelo psicólogo ao longo do curso de graduação nas disciplinas de Psicologia Geral.
Aula 2: Projeto político pedagógico
	No início do século XX, a escola tinha como objetivo a transmissão de conteúdo ao aluno. Os demais aspectos da formação humana ficavam sob responsabilidade da família. Esta era constituída como família nuclear, com pai, mãe e irmãos.
	Na forma de organização social, o homem trabalhava e sustentava a família, enquanto a mulher cuidava dos filhos e os educava.
	Essa realidade mudou ao longo da segunda metade do século XX. As mulheres começaram a ocupar lugares no mercado de trabalho, e outra organização social começou a surgir: os pais dividindo com outros sujeitos (avós, familiares, empregadas, creches e escolas em tempo integral) o processo de formação da criança e do adolescente.
	A escola passou a ter uma dupla função: a transmissão do conteúdo culturalmente acumulado e a formação do aluno em seus diferentes aspectos: social, emocional, cognitivo e moral.
	É o que denominamos, atualmente, formação integral do sujeito. Uma formação que investe nos diferentes aspectos do desenvolvimento humano e não somente na transmissão do conteúdo.
A escola: um espaço social de formação
	A educação é um fenômeno social através do qual o ser humano transmite e aprende o conteúdo culturalmente acumulado. O processo educacional pode ser organizado de diferentes formas, de acordo com o grupo social e sua cultura.  
	No Brasil, a educação formal, que visa a transmissão dos conteúdos acumulados pela cultura ocidental, elegeu a escola como espaço de construção desses conteúdos. A sociedade, no século XX, passou a necessitar de sujeitos mais qualificados, que soubessem ler, escrever e contar e, para tal, passou a ter a obrigatoriedade do ensino, o que ampliou o campo de trabalho dos profissionais ligados à educação.
	A escola é uma instituição social que reflete as contradições da sociedade à qual pertence e auxilia na formação dos sujeitos sociais. 
	Ela possui uma estrutura, composta por um espaço físico, por recursos humanos (diretor, coordenador, pedagogo, professor, psicólogo etc.) e objetos necessários à prática educativa. 
	Possui uma dinâmica de funcionamento, composta pelas relações interpessoais e regras institucionais, bem como objetivos que se constituem na intencionalidade de influenciar a aprendizagem do outro em determinado sentido. 
	Essa influência está relacionada com o tipo de aluno que a instituição deseja formar, com o tipo de mudança que ela quer promover no aluno e com os aspectos do desenvolvimento em que deseja atuar. 
	Os objetivos da escola devem ser construídos por todos os sujeitos envolvidos no processo: professores, alunos, pais e funcionários, através de discussões e reflexões.
Divisão do espectro
	A palavra “projeto” vem do latim projectu, que tem o sentido etimológico de “lançar adiante”. É um plano para a realização de algo que se deseja. Quando os sujeitos da escola elaboram um Projeto Político Pedagógico (PPP), eles planejam o que têm a intenção de realizar.  
	Um plano que possui objetivos e metas e que deve ser vivenciado pelos sujeitos do processo educativo não deve ser, portanto, engavetado e desconhecido, sobretudo do corpo docente.
A importância do Projeto Político Pedagógico para o trabalho do psicólogo escolar
	Atualmente, acredita-se que o Projeto Político Pedagógico (PPP) deve ser fruto da reflexão e da discussão dos diferentes sujeitos envolvidos no processo educativo (professores, alunos, pais e funcionários). O psicólogo que atua na escola irá participar da elaboração, da implementação e da avaliação permanente do Projeto.
Implementação
	A implementação é um processo constante em que as ações procuram alcançar os objetivos a que se propõem. Como exemplo, podemos pensar o objetivo de formar cidadãos.  Esse objetivo exige trabalho constante porque se trata de formação, tanto dos alunos que já estão na instituição quanto dos que são novos e estão chegando à escola.  
	Por ser dinâmica, a implementação torna-se um permanente fazer acontecer.
Avaliação
	O mesmo é

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