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27/6/2011 1 ALGLOMERANTES CIMENTO PORTLAND A arquitetura monumental do Egito Antigo já usava uma liga constituída por uma mistura de gesso calcinado que, de certa forma, é a origem do cimento; As grandes obras gregas ou romanas, como o Panteão e o Coliseu, foram construídas com o uso de certas terras de origem vulcânicas, com propriedades de endurecimento sob a ação da água; A Idade Média trouxe um declínio geral na qualidade e uso do cimento e só no século XVIII registra-se um avanço da tecnologia dos cimentos; id20565375 pdfMachine by Broadgun Software - a great PDF writer! - a great PDF creator! - http://www.pdfmachine.com http://www.broadgun.com 27/6/2011 2 O engenheiro John Smeaton, por volta de 1756, procurava um aglomerante que endurecesse mesmo em presença de água, de modo a facilitar o trabalho de reconstrução do farol de Edystone, na Inglaterra; Em suas tentativas, verificou que uma mistura calcinada de calcário e argila tornava-se, depois de seca, tão resistente quanto as pedras utilizadas nas construções; Coube, entretanto, a um pedreiro, Joseph Aspdin, em 1824, patentear a descoberta, batizando-a de cimento Portland, numa referência à Portlandstone, tipo de pedra arenosa muito usada em construções na região de Portland, Inglaterra; 27/6/2011 3 O nome Portland é usado até hoje para designar um cimento obtido pela mistura apropriada de materiais calcários e argilosos, ou outros materiais contendo sílica, alumina ou óxidos de ferro, aquecendo tudo a uma temperatura necessária para a clinquerização e moendo-se o clínquer resultante; A primeira fábrica de cimento no Brasil iniciou suas atividades em 1926. O cimento Portland é um aglomerante hidráulico produzido pela moagem do clínquer, que consiste essencialmente de silicatos de cálcio hidráulicos, usualmente com uma ou mais formas de sulfato de cálcio como um produto de adição; Os clínqueres são nódulos de 5 a 35 mm de diâmetro de um material sintetizado, produzido quando uma mistura de matérias-primas de composição pré- determinada é aquecida a altas temperaturas; 27/6/2011 4 Sendo os silicatos de cálcio os principais constituintes do cimento Portland, as matérias-primas devem suprir cálcio e sílica em proporções adequadas; Os materiais de carbonato de cálcio, que ocorrem naturalmente como pedra calcária, giz, mármore e conchas do mar são as fontes industriais comuns de cálcio, tendo argila e dolomita com principais impurezas; Argilas e xistos argilosos são as fontes preferidas de sílica na produção de silicatos de cálcio; Resumindo: O cimento Portland é, basicamente, uma mistura de rocha calcária e argila, perfeitamente combinadas, finamente moídas e calcinadas a altas temperaturas. Cabe observar: Apesar da argila ser uma das matérias-primas, traços de argila na rocha calcária são considerados impurezas. 27/6/2011 5 Para facilitar a formação dos compostos desejados no clínquer é necessário que a mistura de matérias- primas esteja bem homogeneizada antes do tratamento térmico; Isto explica porque os materiais extraídos têm que ser submetidos a uma série de operações de britagem, moagem e mistura. A partir da análise química das pilhas de materiais estocados, as proporções individuais são determinadas pela composição desejada no produto final; As matérias-primas proporcionadas geralmente são moídas em moinhos de bolas até se obter uma farinha com partículas menores que 75mm; Usualmente, é acrescentada ao clínquer uma porção de cerca de 5% de gipsita ou de sulfato de cálcio moído, para fins de controle das reações iniciais de pega e endurecimento. 27/6/2011 6 Além da composição química, a finura do cimento também influencia sua reação com a água; Geralmente, quanto mais fino o cimento, mais rápido ele reagirá; Para uma dada composição, a taxa de reatividade e, portanto, de desenvolvimento da resistência, pode ser aumentada através de uma moagem mais fina do cimento; Porém, o custo da moagem e o calor liberado na hidratação estabelecem alguns limites para a finura. 27/6/2011 7 Para fins de controle da qualidade na indústria do cimento, a finura é facilmente determinada como resíduo em duas peneiras padrão: a de malha # 200 (0,075 mm) e a de malha # 375 (0,05 mm); Este controle é feito porque considera-se que partículas de cimento maiores que 0,045 mm são difíceis de hidratar e aquelas maiores que 0,075 mm nunca se hidratam completamente; Uma vez que a determinação da distribuição granulométrica por sedimentação é trabalhosa e requer equipamentos caros, é prática comum na indústria obter-se uma medida relativa da distribuição granulométrica através do ensaio de finura Blaine. Ele mede a área específica do cimento.. Composto Proporção (%) CaO (Óxido de Cálcio) 60,43 SiO2 (Silica) 18,04 Al2O3 (Alumina) 4,28 Fe2O3 (Óxido de Ferro) 2,50 MgO (Magnésia) 5,02 SO3 (Anidrido Sulfúrico) 2,86 Álcalis (equivalente alcalino) 0,61 Perda ao fogo 5,21 Cal livre 1,59 Resíduo insolúvel 1,14 Composição química média do cimento CP II F. Fonte:www.cimentositambe.com.br 27/6/2011 8 CaO (óxido de cálcio): É o componente essencial do cimento Portland; Provém quase que totalmente da decomposição do carbonato de cálcio; A cal combinada melhora as características mecânicas do cimento Portland com o aumento de seu teor; Já a cal livre tem seus teores limitados no cimento, pois seu aumento prejudica a estabilidade de volume das argamassas e concretos (expansão). SiO2 (sílica): Aparece combinada com outros componentes e provém quase que totalmente das argilas usadas como matéria- prima; Sua combinação com a cal produz os componentes mais importantes do cimento Portland. 27/6/2011 9 Al2O3 (alumina): Provém da argila; A alumina em combinação com a cal forma um composto que acelera a pega do cimento e reduz a resistência aos sulfatos; Por este motivo deve ser controlado seu teor. Age como fundente, facilitando o desenvolvimento das reações da fabricação do cimento à temperaturas convenientes. Fe2O3 (óxido de ferro): Este óxido provém da argila e quando está presente em porcentagens não muito elevadas age como fundente. SO3 (anidrido sulfúrico) É originário principalmente do sulfato de cálcio que é acrescentado ao cimento para regular a pega. MgO (magnésia): Provém do carbonato de magnésio, presente no calcário sobre a forma de dolomita ou em pequenas quantidades na argila. Em grandes quantidades é expansivo e dá cor verde acinzentada ao cimento. 27/6/2011 10 Álcalis: São o sódio (Na2O) e o potássio (K2O), que agem como fundentes e aceleradores de pega; Geralmente é apresentado sob a forma de equivalente alcalino, que é uma composição entre os dois tipos de álcalis. Seu teor é limitado pois, em presença de agregados reativos, poderá contribuir para o desenvolvimento de reação álcali- agregado. Resíduo insolúvel: São resíduos que não são solúveis no ácido clorídrico; Fornecem informações sobre a eficiência da calcinação e indicam a quantidade de componentes não hidráulicos no cimento. Perda ao fogo: São as perdas de gás carbônico e água que se verificam em porcentagem do peso do cimento, elevado a altas temperaturas (aproximadamente 1000o C); Determina o grau de adulteração do cimento, pois a exposição do cimento ao ar úmido provoca absorção de água e gás carbônico, o que altera as propriedades do cimento. 27/6/2011 11 São cinco os tipos principais de cimento Portland, embora algunsnão sejam fabricados nem encontrados facilmente no mercado brasileiro; O cimento Portland é sempre designado pela sigla CP, seguida do tipo (I, II, III, IV ou V), alguma sigla que represente a adição presente e a classe de resistência (resistência à compressão mínima aos 28 dias de idade); Cimento Portland Comum (CP I); Cimento Portland Composto (CP II); Cimento Portland Composto com Escória (CP II E ); Cimento Portland Composto com Pozolana (CP II Z ); Cimento Portland Composto com Filler (CP II F ); Cimento Portland de Alto-forno (CP III): Cimento Portland Pozolânico (CP IV); Cimento Portland de Alta Resistência Inicial (CP V ARI): 27/6/2011 12 O cimento Portland Comum é um tipo de cimento mais puro, ou seja, que possui menos adições; Possui uma porcentagem maior de clínquer (que é o cimento em si); O CP I (com 100% de clínquer + sulfato de cálcio) não é mais encontrado no mercado, pois não há mais fabricação deste produto nas cimenteiras (alto custo); Pela norma que rege este tipo de cimento (a NBR 5732) existiriam dois tipos de CP Comum: o CP I e o CP I S, este último sendo um cimento Portland comum com adição de filler calcário ou carbonático (CaCO3) nas porcentagens de 1% a 5%; Dentro de cada tipo, são previstas três classes: 25, 32 e 40 (com resistência à compressão média aos 28 dias de 25, 32 e 40 MPa, respectivamente); Entretanto, o único tipo ainda encontrado é o CP I S 32, e ainda assim, somente à granel e sob encomenda (indústrias de pré-moldados ou grandes obras). 27/6/2011 13 O cimento Portland Composto, como o próprio nome diz, possui adições específicas, as quais são responsáveis por sua denominação. É o tipo mais usado na construção civil, pelos chamados consumidores formigas; Pela NBR 11578 existem três tipos de CP II: CP II E Cimento Portland Composto com Escória; CP II Z Cimento Portland Composto com Pozolana; CP II F Cimento Portland Composto com Filler. Ao clínquer (com teor de 56 a 94%) são acrescentados escória de alto forno (resíduo siderúrgico), de 6 a 34% e filler calcário (de 0 a 10%); A Votoran®, por exemplo, produz os tipos CP II E 32 (ensacado) e o CP II E 40 (à granel). 27/6/2011 14 Ao clínquer (com teor de 76 a 94%) são acrescentados pozolana, de 6 a 14% e filler calcário (de 0 a 10%); A pozolana consiste numa forma de sílica cristalina e pode ser encontrada na forma de cinza volante (resíduos de termoelétricas, também conhecido com fly-ash ou argila silicosa queimada; A Itambé® produz o tipo CP II Z 32 (ensacado e à granel) e a Votoran® produz um tipo especial, o CP II Z 32 RS, que possui maior resistência aos sulfatos (à granel). Ao clínquer (com teor de 90 a 94%) é acrescentado filler calcário, de 6 a 10%; É encontrado facilmente ensacado. 27/6/2011 15 O Cimento Portland de Alto-forno é um cimento com adição de 35 a 70% de escória de alto-forno e de 0 a 5% de filler ao clínquer (de 65 a 25%); É uma espécie de CP II E modificado; A diferença é que a quantidade de adição é maior; A Votoran® disponibiliza no mercado o CP III 40 e o CP III 40 RS, porém somente à granel; Seu uso mais comum é em obras que requerem elevado desempenho quanto à durabilidade, como concretos aplicados em ambiente marinho (devido ao ataque por sulfatos e cloretos). 27/6/2011 16 Também é uma espécie de CP II Z modificado. Possui de 15 a 40% de pozolana e de 0 a 5% de filler adicionados à 55 a 85% de clínquer; São disponíveis os tipos CP IV 32 e CP IV 32 RS, este último somente à granel; Usados para concretos aplicados em ambiente marinho (ataque por sulfatos, cloretos), quando da utilização de agregados reativos (reação álcali agregado), concreto massa (baixo calor de hidratação), barragens , grandes fundações e obras de saneamento (tubos, galerias e estações de tratamento de águas e efluentes). É um cimento com 0 a 5% de filler em 95 a 100% de clínquer; Sua principal diferença é a maior resistência nas primeiras idades, como o próprio nome diz, a alta resistência é apenas inicial; Aos 28 dias, a resistência quase se iguala a outros de mesma classe; Este diferencial se dá em virtude da finura deste tipo de cimento; O CP V ARI é um cimento bastante fino, o que faz com que as reações sejam aceleradas nas primeiras idades; 27/6/2011 17 Esta modificação na finura se nota pelos ensaios nas peneiras #200 e #325, mas principalmente pela finura Blaine ou área específica; Enquanto um CP II F, por exemplo, possui uma finura #200 de 2,49 %, #325 de 12,59 % e Blaine de 3180 cm2/g, um CP V ARI RS possui finura #200 de 0,20 %, #325 de 1,81 % e Blaine de 4487 cm2/g; A principal utilização deste tipo de cimento é em fábricas de pré-moldados, que necessitam de desforma rápida e elevada resistência nas primeiras horas.
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