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AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO E PROJETO PARTICIPATIVO: UMA EXPERIÊNCIA DIDÁTICA BRUNA, Gilda Collet (1); ORNSTEIN, Sheila Walbe (2); ONO, Rosaria (3); e FUKUSHIMA, Flávia Akiko (4) (1) Professora associada plena, Universidade Presbiteriana Mackenzie, Rua da Consolação, 896, 6º andar, sala 67 – CEP 01302-907 – São Paulo – SP , Tel. (+11) 3236 8792, Fax. (+11) 3236 8600, e-mail: gilda@mackenzie.com.br (2) Professora titular, FAU-USP, Rua do Lago, 876 – Cidade Universitária – CEP 05508-900 – São Paulo - SP, bolsista CNPq, Tel. (+11) 3091-4571, Fax. (+11) 3091-4539, e-mail:sheilawo@usp.br (3) Professora doutora, FAU-USP, Rua do Lago, 876 – Cidade Universitária – CEP 05508-900 – São Paulo - SP, Tel. (+11) 3091-4915, Fax. (+11) 3091-4539, e-mail: rosaria@usp.br (4) Graduate Student, Chiba University, 1-33, Yayoi-cho, Inage-ku, Chiba, 263-8522, Japan, e-mail: flaviafukushima@yahoo.com.br RESUMO Este artigo apresenta uma experiência didática de Avaliação Pós-Ocupação (APO) desenvolvida no 2o Semestre de 2003, junto à disciplina de pós-graduação da FAU USP, contando com três professoras e 30 alunos. O mérito dessa experiência é ter a inclusão do Projeto Participativo (PP), trazido por um grupo de pesquisa da Universidade de Chiba, Japão, constituído de dois professores e 20 alunos. Os dois métodos (APO e PP) foram aplicados no estudo de caso Vila Gomes, no bairro de Butantã em São Paulo, focalizando os projetos de uma Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) e da Praça Elis Regina, durante um workshop específico. A área urbana em estudo é resultado de um projeto de habitação de interesse social implantado pelo INOCOOP. A comunidade local foi envolvida nesse estudo, participando nos dois métodos utilizados; no primeiro método, por respostas a questionários previamente preparados; no segundo, por atividades indutoras da percepção. Como objetivo, ambos os métodos trabalharam o desenvolvimento de projeto urbano e de projeto de edifício com alternativas de melhoria dos espaços da praça e da pré-escola. Palavras-chave: avaliação pós-ocupação, projeto participativo, praça, pré-escola, satisfação do usuário. ABSTRACT This article presents a Post-Occupancy Evaluation (POE) didactic experience developed in 2003, from August to October, at the graduate course of FAU USP (School of Architecture and Urban Planning of the University of São Paulo), counting on three professors and 30 students. This experience merit lies on the support of the Participatory Design (PD) brought by the University of Chiba, Japan, counting on two professors and 20 students. Both methods – POE and PD – were applied in Vila Gomes Study case, at Butantã neighborhood in São Paulo, during a specific workshop. This urban area is the result of a social housing design implemented by a Housing Cooperative (the INOCOOP). The local community was involved in this study, participating in both methods; in the first, by answering to questionnaires previously prepared; in the second one, by activities that induced the perception. As objective both methods work the development of urban design and building design with alternatives to improve the public square and pre-school spaces. Key-words: post-occupancy evaluation, participatory design, square, pre-school, user satisfaction. I CONFERÊNCIA LATINO-AMERICANA DE CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL X ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO 18-21 julho 2004, São Paulo. ISBN 85-89478-08-4. 1. INTRODUÇÃO A Avaliação Pós-Ocupação (APO) vem sendo utilizada nos países desenvolvidos tendo como princípio o fato de que os espaços construídos de edificações e de espaços públicos abertos, quaisquer que sejam suas funções, devem sofrer avaliações permanentes (FEDERAL FACILITIES COUNCIL, 2001). Estas devem ser feitas, tanto do ponto de vista do ambiente construído, como da satisfação de seus usuários, permitindo assim, aferir acertos e sistematicamente propor correções de eventuais falhas. Dessa forma, o processo de elaboração de projeto é re-alimentado, podendo-se, conforme o caso, propor inovações em outros projetos semelhantes. Esta avaliação se volta especialmente para habitações de interesse social, edificações institucionais como escolas e hospitais, mas também em edifícios de escritório e em área livres de uso público, como praças e parques. A metodologia didática adotada nas disciplinas de APO na FAU USP tem compreendido, basicamente, discussões metodológicas e aplicação das ferramentas através de estudos de caso que resultam, ao final, num diagnóstico; dificilmente alcançam a fase de definição de diretrizes de projeto ou de proposição de soluções concretas de projeto para melhoria das condições encontradas. O Projeto Participativo (PP) vem sendo desenvolvido como um método que busca resolver aspectos sociais e econômicos, além dos aspectos físicos do ambiente construído (SANOFF, 1991). Este método tem como principal característica o envolvimento do usuário como peça chave no processo de planejamento, transformando tanto o espaço físico como as pessoas que o habitam. Na Europa e Estados Unidos da América, diferentes termos são utilizados para definir o mesmo, como “Community Planning” ou “Social Architecture”, entre outros (WATES & KNEVITT, 1987; COMERIO, 1987; PICCED, 2001 a, 2001 b). A participação do usuário no processo de planejamento pode acontecer em diversos níveis, assim como com diferentes objetivos. No que diz respeito a esses níveis, destaca-se desde o nível indireto de informação através de fóruns públicos, passando pelo nível consultivo com o uso de questionários e entrevistas, até o nível em que o usuário tem poder total sobre as tomadas de decisão. Com relação aos objetivos, estes se voltam para o uso da participação nos processos de projeto, execução e/ou manutenção do ambiente construído. No Japão, a universidade muitas vezes trabalha diretamente com a comunidade, que é um laboratório “in loco” para o desenvolvimento de novas técnicas. Esta é uma prática constante, no caso do ensino por meio do PP. O Laboratório de Urbanismo da Universidade de Chiba é um exemplo deste tipo de experiência, onde estudantes de graduação e pós-graduação são monitorados em projetos de regeneração e revitalização de áreas urbanas degradadas. Nos cursos de graduação, a metodologia didática adotada por este Laboratório da Universidade de Chiba se desenvolve por meio da proposição de projetos de revitalização, em que os estudantes trabalham com a comunidade cujas necessidades estão sendo atendidas. As propostas finais são apresentadas diretamente à comunidade para discussão. Todos os anos são propostos diferentes locais para estudo, diversificando-se também as temáticas e as próprias metodologias aplicadas. Nos cursos de pós-graduação em geral, os estudantes desenvolvem projetos mais longos que são acompanhados pelo Laboratório numa forma de consultoria, que se estende até que se obtenham resultados concretos para os problemas em análise. Estes projetos são realizados em parceria com órgãos públicos e associações de bairro. Nos últimos cinco anos, vem sendo desenvolvida uma alternativa que se identifica com a realização de workshops internacionais em colaboração com universidades estrangeiras, adquirindo-se assim novos insumos para o desenvolvimento de novas metodologias. O presente artigo, focalizando essa experiência internacional realizada junto à FAUUSP, procura descrever a experiência e os resultados alcançados na disciplina AUT 5805 – Avaliação Pós-Ocupação do Ambiente Construído. 2. A METODOLOGIA DIDÁTICA 2.1. Objetivos da Disciplina O programa da disciplina foi adequado dentro da perspectiva de participação de um grupo de pesquisa da Universidade de Chiba, Japão em atividades conjuntas com o grupo de alunos da Universidade de São Paulo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, por umperíodo concentrado de, no máximo, três dias. Para tanto se procurou organizar a disciplina de pós-graduação Avaliação Pós-Ocupação do Ambiente Construído em três partes: a primeira voltada para os estudos conceituais; a segunda referindo-se especificamente ao desenvolvimento do workshop com a aplicação dos métodos de APO e PP; e a última programada para o desenvolvimento de alternativas de projeto. 2.2. Distintas fases didáticas Preparou-se uma base de conhecimentos para a aplicação do método de APO para que as professoras e os alunos brasileiros pudessem aplicá-lo durante o workshop programado. Também os professores e alunos japoneses se prepararam para aplicar o método do PP durante esse workshop. Desse modo, ambos os métodos foram aplicados simultaneamente no mesmo workshop, envolvendo a comunidade local. Para tanto se contou com a participação de pais, mestres, funcionários e alunos da pré-escola EMEI Emir Macedo Nogueira, bem como com a população freqüentadora da Praça Elis Regina (PER). Estendendo-se por três dias, esse workshop se iniciou com o encontro das universidades de São Paulo e Chiba para discutir e aprimorar os métodos a serem utilizados nos dois dias subseqüentes. Após efetuarem-se os ajustes necessários, os dois grupos de universitários estavam prontos para iniciar, respectivamente, a aplicação dos métodos acima mencionados, tanto na EMEI como na Praça, o que ocorreu no segundo dia do workshop. E finalmente o terceiro dia foi reservado para apresentação e discussão dos trabalhos realizados na escola e na praça, procurando identificar aqueles fatores que mais diretamente influenciavam na elaboração de um diagnóstico do ambiente construído em foco, para permitir posteriormente a proposição de diretrizes preliminares de projeto. Foram três dias de intenso trabalho desenvolvido conjuntamente pelas equipes brasileira e japonesa. Mais detalhadamente, o workshop iniciou-se com um contato com a população alvo, tanto de freqüentadores da Praça, como da EMEI, sendo que a APO começou simultaneamente, com entrevistas à diretora e à coordenadora da EMEI, com a aplicação de questionários junto a usuários da Praça Elis Regina e com a montagem de mapas comportamentais, identificando diferentes porções da praça. Paralelamente, a metodologia do PP foi aplicada onde as atividades foram planejadas para estimular a percepção dos usuários em relação à praça, e considerando a participação de dois grupos de usuários: “grupo 1” crianças da pré-escola, pais e mestres (possíveis usuários da praça) e “grupo 2” usuários em geral. Para o primeiro grupo foram planejadas as seguinte atividades: a encenação de uma peça de teatro infantil; jogos como a caça ao tesouro; desenhos infantis e a aplicação de questionários junto aos pais, mestres e funcionários da EMEI. E para o segundo grupo, a montagem de origami foi utilizada como elemento atrativo, para a aplicação de questionários. No primeiro grupo, a peça de teatro infantil chamou a atenção das crianças e dos pais que as acompanhavam para uma história representada por pessoas que falavam uma língua desconhecida – o japonês – mas que era traduzida por personagens a caráter, destacando-se um “capitão-gancho” que acabava por adentrar a praça para roubar os tesouros que os “marinheiros – crianças” estavam encontrando na praça; procurava-se assim despertar o interesse pelos vários locais de encontro existentes na praça. Os “tesouros” encontrados pelas crianças eram fotografados pelos alunos japoneses com máquinas polaróides e as fotos foram coladas em um mapa da praça (“mapa do tesouro”), servindo como base para a próxima atividade de desenho (aplicada dentro da escola) em que as crianças, reunidas em grupos, desenhavam os espaços que vivenciaram. Enquanto isso, realizava-se a aplicação de questionários junto aos pais, mestres e funcionários, procurando revelar como entendiam os espaços da escola e da praça e que modificações poderiam propor para melhorá-los. Entrementes alguns alunos japoneses com máquinas polaróides tiravam fotografias das crianças que reveladas praticamente naquele momento, geraram grande entusiasmo em todos, enquanto outros universitários japoneses montavam uma “lanterna japonesa” cujos lados eram formados pelos desenhos infantis e que foram dadas de presente, como lembrança do evento. Por sua vez, no segundo grupo, por meio da arte do origami, procurou-se despertar as crianças e adultos, principalmente, para o lado lúdico de utilização da Praça. Montou-se uma espécie de estande em que alguns alunos dobravam os “bichinhos de papel” com essa técnica, mostrando “como era gostoso e divertido” estar brincando na praça. Para a coleta das opiniões dos participantes/usuários foram utilizados cartões coloridos, onde cada cor de cartão tinha perguntas relacionadas a praça e divididas por tema (idéia, atividade/uso, infra-estrutura, ligação com a praça e relações sociais). Figura 1 – Aspectos das atividades do workshop (Camargo-Ghiu et al, 2003, p. 24) Um dia de intensa atividade, bastante elucidativo das possibilidades de utilização dos espaços, tanto dos ambientes da EMEI, como daqueles identificados na praça, mostrando como, a partir de atividades lúdicas é possível fazer um trabalho de compreensão espacial e de identificação de necessidades e desejos da comunidade. Todo o material assim coletado foi utilizado no terceiro dia do workshop para se iniciar a formação de um diagnóstico dos ambientes, destacando os principais aspectos considerados pelos usuários em sua necessidade de uso desses espaços. As discussões voltaram-se para a identificação de diretrizes preliminares de projeto, o que foi desenvolvido pelos universitários reunidos em seis grupos mistos Japão-Brasil e apresentado numa sessão de encerramento do workshop. O detalhamento do projeto foi feito em cada uma das universidades, em seus países, nas aulas subseqüentes e como resultado dessa experiência, apresentam-se a seguir dois projetos de redesenho da escola e outros três, da praça, desenvolvidos pelos alunos brasileiros na etapa de conclusão da disciplina. 3. LEVANTAMENTO E ANÁLISE DE DADOS 3.1. A Praça Elis Regina Unem-se dois fatores que influenciam no projeto de “espaços verdes” da cidade, quais sejam, a função que devem exercer como espaço de recreação, lazer, contemplação, locais de eventos ou simplesmente como lugares de presença de vegetação e que, como tal contribuem para o seqüestro de carbono de uma atmosfera pesada devido às atividades antrópicas poluidoras de um lado, e de outro a “criação” de espaços de integração interior-exterior de ambientes construídos, que por isso mesmo se constituem como pontos de encontro, geradores de uma sinergia urbana oriunda do “ócio produtivo” (DE MASI, 2000). Mas, como avaliar se determinado espaço verde mantém as qualidades da função para a qual foi projetada ou, se, para tanto, necessita de uma reformulação de seu projeto? Este foi o objetivo deste trabalho desenvolvido com os alunos brasileiros e japoneses. Era preciso entender as várias faces dessa dinâmica urbana de uma praça de 8.400 m2 construída como um elo de integração entre o conjunto habitacional construído pelo INOCOOP nos anos de 1970 e inaugurada em 1984, e a área urbana das imediações, com destaque para a EMEI Emir Macedo Nogueira que ocupa quadra adjacente, conforme pode ser visto na Figura 2. R U A D R . F R AN KL IN P IZ A 750 745 750 746,8 750 746,5 RUA PROF. LUCAS DA ASSUMPÇÃO 746,8 750 750 755 745,7 play ground play ground BL 02 BLOCO 01 BLOCO 03 744,9 PRAÇA ELIS REGINA 745 PR AÇ A G AL . A R AR IP E D E FA RI A 745 746,8 745 745,7 745745,7 755 750 N O R TE su l oeste leste RUA PEREIRA DO LAG O 745,9745 750 755 742,6 AV . C O R I FEU D E 750 RUA PER EIR A DO LAG O 741,9 RUA "K" 741,2 740 745 740 742,3 741,2 740 740 741,5 740 740 745 AZEVEDO M ARQ U ES 750 750 745 750 Figura 2 – Situação da praça e da pré-escola ((UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, 2003) modificada em (BERTEZINI et al, 2003, p.5)) O local, predominantemente residencial, tem hoje população de classe média e já deixou de ser uma área periférica, passando a fazer parte do tecido urbano consolidado de São Paulo, nas vizinhanças do município de Osasco. Construída num fundo de vale canalizado, por isso mesmo a praça não abriga muitas espécies arbóreas de sistema radicular profundo para não danificar a galeria. É assim uma praça que tem um caráter de área de passagem, com intenso fluxo de pedestres e automóveis durante a semana, com uma função de elo territorial entre porções urbanas da cidade. Situada em área “quase que exclusivamente de uso residencial” (GARREFA et al, 2003, p.4), com o comércio local do bairro predominantemente nas imediações da avenida Corifeu de Azevedo Marques; na praça há usos mistos residência-comércio, este no primeiro piso e aquele no superior (BERTEZINI et al, 2003, p.6). Em termos de morfologia urbana destaca-se o caráter longitudinal da praça que, por ser estreita no sentido transversal, torna difícil a implantação de equipamentos de lazer, sendo, também peculiar por ter pouca vegetação e ser deficiente em mobiliário urbano. Em sua porção central há um grupo de árvores e arbustos que se levantam como uma forte barreira visual e física. Por sua vez, a praça se insere organicamente na cidade, ao mesmo tempo em que se apresenta como uma clareira em relação às áreas construídas, negando assim a continuidade das edificações, ao mesmo tempo em que é a essência da cidade (SANDANHA 1993, p.14 apud CAMARGO-GHIU et al, 2003). Toda essa estruturação de praça pública, porém, é deficientemente mantida pelo poder público e a sua conservação é incipiente. Formigas destróem a vegetação e os moradores fazem algumas alterações no projeto paisagístico introduzindo espécies vegetais que não subsistem sem cuidados maiores além de destruir a paisagem construída (BERTEZINI et al, 2003, p.33). Nesta destacam-se algumas árvores sob as quais foram plantadas moréias, para evitar que pessoas passem a ocupar essa área e que funcionam também como um viveiro de mudas. O estado da praça é desolador, com lixo espalhado, lixeiras destruídas, dejetos de cães espalhados e praticamente todas as flores plantadas, hoje destruídas. Os moradores pedem um tanque de areia para os animais, o que não é recomendável pelos problemas de saúde pública que pode provocar. Neste cenário, os moradores mostram um comportamento apático, não ligam para o espaço público: 74% não se consideram responsáveis por sua preservação; só 10% acham que os moradores devem zelar pela praça, enquanto 16% opinam que esta deve ser uma função tanto do poder público como dos moradores (GARREFA et al, 2003, p.7). Esta atitude constatada é confirmada pela qualidade regular ou ruim da manutenção, situação esta atribuída à desarticulação existente entre os órgãos municipais, por exemplo, entre a supervisão de obras públicas, responsável pelo conserto das calçadas e equipamentos, e o departamento de limpeza pública, que cuida da conservação da praça. Outras características são o “clima agradável” da praça, assim classificado em 61% dos questionários e 33% que desejam que a praça tenha mais flores, (BERTEZINI et al, 2003, p. 13). Sublinha-se a importância de entender como fatores como esses descritos podem contribuir para o sucesso de processos de redesenho do espaço público, com o envolvimento da comunidade conjuntamente com o setor privado e o público na gestão urbana e ambiental. Assim, é preciso “determinar o equilíbrio entre as necessidades e direitos dos vários usuários, do autor do projeto e da gestão para ser possível imaginar corretamente os vários tipos de indivíduos e grupos que usarão o espaço e como provavelmente se relacionarão entre si” (CARR et al, 1992, p.335 apud CAMARGO- GHIU et al, 2003). Para entender o desempenho da praça em relação ao espaço urbano e neste, às edificações, é que se procura utilizar a APO como um instrumento que permite verificar o desempenho de projeto e construção que acabam levando à insatisfação de seus usuários, criando apatia e desmotivação ao uso desse espaço. Para tanto é preciso destacar uma avaliação técnica e outra comportamental relativa ao atendimento das necessidades dos usuários. Podem-se assim estruturar cenários comportamentais mapeáveis, em função do tempo de ocupação do espaço, do envolvimento da comunidade usuária e das necessidades e variabilidade de seu comportamento. Entende-se assim que a APO utiliza “uma série de métodos e técnicas que permitem diagnosticar fatores positivos e negativos do ambiente no decorrer do uso, a partir da análise de fatores socioeconômicos, de infra-estrutura e superestrutura urbanas, dos sistemas construtivos, conforto ambiental, conservação de energia, fatores estéticos, funcionais e comportamentais, levando em consideração o ponto de vista dos próprios avaliadores, projetistas e clientes, e também dos usuários” (ROMÉRO & ORNSTEIN, 2003, p.26). Quanto ao levantamento e análise de dados da Praça Elis Regina, sistematizaram-se os passos necessários para concluir o levantamento “as built”, elaborar mapas, comportamentais, conhecer o funcionamento, organização e controle dos eventos realizados na praça, elaborar e aplicar questionários e entrevistas. A abrangência dos questionários é dada por ser uma praça de âmbito local, utilizada por uma população predominantemente de meia idade e de idosos. Além disso, esta se mostra como uma área de passagem, o que se observa na quase total neutralidade das respostas aos questionários de um lado, e de outro, essa neutralidade nas respostas aos questionários revela também uma visão da população, típica de um imaginário bucólico e romântico que demonstra a necessidade de um espaço urbano com árvores e flores. Outras perguntas do questionário mostram a importância de se procurar melhorar o aspecto físico da praça, melhorando, portanto o serviço de manutenção. Mas é importante registrar ainda a sensação de falta de segurança dos moradores do bairro que não deixam as crianças brincarem sozinhas na praça, que não vêm vida na praça e que imaginam que a praça poderia ser muito mais bonita e colorida, com um paisagismo apropriado (GARREFA et al, 2003, p.24). Em questão aberta no questionário destaca- se que o usuário gostaria de praticar esporte e lazer (67%) na praça, tanto para crianças como para idosos (BERTEZINI et al, 2003, p.11). Destes usuários, 76% levam menos de 15 minutos para chegar à praça e 82% vão a pé (CAMARGO-GHIU et al, 2003, p.16). Além da utilização dessas técnicas, destaca-se aquela do workshop realizado no mês de setembro de 2003, juntamente com os professores e alunos japoneses que, dentre outras formas de estudo incluiu entrevistas com pais e mães de alunos da EMEI e suas tabulações e graficações necessárias para se entender como a praça é usada pela população e quais os principais problemas apontados (diagnóstico). O PP aplicado durante o workshop desenvolve métodos em que os usuários têm participação direta, sendo planejados considerando as características do espaço e da população em foco. Este tem como objetivos, além da obtenção de dados sobre a opinião dos usuários, criar um processo de conscientização sobre as características locais e sobre a importância de sua participação no processo de melhoramento e de manutenção dos espaços em análise. 3.2. A Escola Municipal de Educação Infantil Emir Macedo Nogueira A escola ocupa uma quadra inteira,onde funcionou, anteriormente, uma biblioteca pública e se localiza de frente a uma das extremidades da Praça Elis Regina. O lote, inteiramente cercado por muro alto, abriga três blocos de edificações: um bloco administrativo (antiga biblioteca) e dois blocos de salas de aula; além de um playground, conforme pode ser visto na Figura 3. Ao lado de um dos blocos de salas de aula, próximo ao playground, encontra-se instalada uma “sala de lata”, constituída de paredes e cobertura metálica. Por ocasião da pesquisa, a escola possuía 32 funcionários (dentre eles 14 professores) que atendiam 528 alunos de 4 a 6 anos, subdivididos em 3 turnos de 4 horas, com início do primeiro turno às sete horas da manhã. Cada sala de aula comportava 35 alunos (CARVALHO et al, 2003, p.6) A APO aplicada na escola pelos alunos brasileiros foi resultado das seguintes atividades: levantamento do “as-built” dos edifícios; vistoria técnica das patologias internas e externas aos edifícios; medições de conforto ambiental; entrevista com pessoas-chave (diretora e coordenadora pedagógica); aplicação de questionários aos professores, funcionários e pais de alunos; registro fotográfico; desenhos das crianças (grupos focais); e observação dos ambientes externos (VOSGUERITCHIAN et al, 2003, p.3). Figura 3 – Planta da Escola “as-built” (Vosgueritchian et al, 2003, p.16) A escola já passou por um grande número de reformas viabilizadas com verba destinada mensalmente à escola, no entanto, a mão-de-obra é contratada diretamente pela direção e não existe projeto elaborado por profissional habilitado para estas reformas. Portanto, as decisões projetuais são tomadas por ocasião da execução do serviço com o próprio mestre de obras, não havendo registros das várias modificações realizadas ao longo dos últimos anos, segundo depoimento da coordenadora pedagógica da escola (VOSGUERITCHIAN et al, 2003, p.19). Dentre os problemas relacionados aos aspectos físicos e funcionais apresentados pela coordenadora pedagógica, pode se destacar: • A “sala de lata”, onde antes funcionava uma sala de aula, foi interditada por apresentar péssimas condições de conforto térmico, sendo transferida para uma pequena sala com meia-parede de vidro aramado, onde antes funcionava a brinquedoteca. Esta nova sala apresenta condições ruins de conforto e o espaço é inadequado para abrigar um grande número de crianças. A “sala de lata” abriga a brinquedoteca, mas os problemas de conforto não foram resolvidos. • A escola não possui sala de leitura e esta atividade é desenvolvida no palco junto ao refeitório, no edifício administrativo, num espaço que não proporciona a concentração e o conforto necessários para esta atividade. • Não existe um grande espaço, como uma quadra coberta, para o desenvolvimento de atividades livres em dias de chuva ou de muito sol. • Os funcionários sentem falta de um local seguro para estacionar seus veículos, uma vez que o bairro não é considerado seguro contra casos de furto, e reinvidicam um estacionamento no interior da área da escola. Como resultado da aplicação de questionários aos funcionários e professores da escola, foi possível confirmar muitas das questões destacadas pela coordenadora pedagógica. Dos 27 entrevistados (84% da população), 59% sentem falta de espaço para desenvolvimento de alguma atividade na escola, como sala de leitura, quadra de esportes, briquedoteca e sala de artes. Além disso, 59 % classificam a iluminação das salas entre ruim e péssima e 92% apontaram a necessidade de uso de ventiladores e ar- condicionado no verão. A maioria (73%) considera entre bom e ótimo as questões referentes à manutenção da escola, apesar das deficiências em termos de conforto ambiental. No item segurança contra incêndio, apesar dos entrevistados considerarem satisfatório, verificou-se a inexistência de treinamento para tratar casos de emergência e a falha na sinalização de segurança (VOSGUERITCHIAN et al, 2003, p.41-47). A aplicação de questionário para os pais dos alunos demonstrou uma grande satisfação quanto ao padrão de funcionamento e manutenção da escola, considerado superior às outras pré-escolas públicas da cidade. Por outro lado, percebeu-se que a maioria dos pais não conhecia muito bem o espaço físico da escola, pois não freqüentam muito este ambiente, uma vez que as crianças são conduzidas por peruas escolares (CARVALHO et al, 2003, p.10). A atividade de identificação dos anseios das crianças através do desenvolvimento de desenhos foi realizada somente com alunos de duas classes, com idade média de 6,5 anos, num dos turnos da escola. Os resultados permitiram alcançar, de certa forma, a perspectiva infantil do espaço em questão, e como suas preferências e seus desejos se refletem nesse espaço. O desenho de uma criança, embora muitas vezes estereotipado e moldado por adultos, ainda é uma fonte rica e importante de informações. Os resultados enriqueceram e complementaram as outras informações existentes, e principalmente o olhar técnico a respeito da hierarquia espacial e as relações entre o espaço interno e externo da escola. Em 61% do total de 26 desenhos, identificou-se a preferência das crianças pela área do playground / área livre da escola. Dentre os anseios por equipamentos atualmente ausentes, destaca-se a quadra de esportes (28%) e piscina (25%), seguidos por vários outros tipos de equipamentos de lazer (CARVALHO et al, 2003, p.12-16). Medições foram realizadas para obtenção de alguns dados de conforto ambiental nos edifícios da escola, em suas principais salas de permanência prolongada. Apesar de ter sido uma medição exploratória, foi possível concluir que todos os ambientes se encontraram fora da zona de conforto térmico, baseada na carta psicrométrica para a cidade de São Paulo. Concluiu-se que as edificações possuem baixa inércia térmica, resultando em sensação de desconforto tanto no verão como no inverno. No verão, a edificação tem um ganho de calor muito rápido e no inverno, perde calor na mesma velocidade. Os níveis de iluminância medidos com a iluminação artificial demonstraram que há uma deficiência em várias das salas de aula, reforçando a insatisfação com a iluminação, detectada nos questionários de funcionários e professores (VOSGUERITCHIAN et al, 2003, p.35-39). Outros aspectos relacionados à integração do espaço da escola a sua vizinhança próxima foram observados por VOSGUERITCHIAN et al (2003), como a falta de acessos adequados à escola no horário de troca de turno, pois os espaços ocupados (passeios) são estreitos e impossibilitam uma boa circulação de pessoas, assim como a falta de proteção contra intempéries, principalmente contra as chuvas, causando grande desconforto aos alunos. A falta de ligação entre a escola e a praça também é apontada tanto por VOSGUERITCHIAN et al (2003) como por CARVALHO et al (2003), resultando numa sensação de escola “ilhada”, sem nenhuma troca com o ambiente externo, fator considerado de importância para a criança em seu exercício de cidadania. 4. ALTERNATIVAS DE PROJETO 4.1. A Praça Elis Regina Dentre as alternativas propostas, GARREFA et al (2003) fundamentaram-se nos levantamentos feitos pelos estudantes de pós-graduação, como resultado do workshop realizado. Os estudantes brasileiros partem do princípio de que a praça precisa: ser redesenhada a partir de redefinições de escala de modo a enfatizar um espaço de usos múltiplos; nesse redesenho, apresentar segurança com relação à violência urbana e à utilização de materiais e detalhes de projeto que assegurem a qualidade de uso para usuários idosos e deficientes físicos; ser redesenhada a partir do reconhecimento de sua característica de espaço de passagem, reconhecendo assim os caminhos existentes; e incorporar no redesenho, princípios de educação ambiental que permitam promover a sustentabilidade da proposta(p.37). As hipóteses dos estudantes japoneses partem do princípio de que se deve buscar: uma unidade de desenho entre as várias ambiências da praça; romper a segregação física resultante do maciço arbóreo existente; equacionar a localização de mobiliário urbano pertinente; a identificação de rotas de circulação e lugares de estar; e estimular a educação ambiental como forma de apropriação do espaço público (p.37). A integração dos trabalhos dos estudantes brasileiros e japoneses destacou o caminho possível, qual seja, o da indução de uso dos espaços como resultado da participação comunitária, tanto no desenho (projeto) da praça, como na gestão do espaço, considerando sua manutenção e preservação. Destacou também a possibilidade de conciliação, em um mesmo processo projetual, de técnicas distintas de percepção dos problemas e de condução das propostas de intervenção. A proposta apresentada, portanto, procura demonstrar para a comunidade envolvida, que é possível melhorar o espaço urbano dentro de uma escala de intervenção pontual, porém condizente com as características sociais, (p. 40). Dentre as diretrizes de projeto propostas BERTEZINI et al (2003, pp. 19-20) destacam: • A implantação de trilhas para a prática de esportes com incentivo ao uso do interior da praça e a criação de diferentes níveis de caminhos e dificuldades; • A localização de estações de exercícios ao longo destas trilhas; colocação de equipamentos para crianças e idosos, como pontos de encontro, mesas de jogos e outros; • A utilização da rua próxima ao conjunto habitacional como uma área pavimentada da praça, transformando, para tanto a rua unicamente para acesso local; elaborar um projeto paisagístico usando um caráter temático educacional para a praça, com a identificação de espécies vegetais; • A criação de um portal junto à avenida Corifeu de Azevedo Marques, que reflita a praça como marco urbano, com eventual re-locação do monumento à Elis Regina; • O estímulo ao desenvolvimento de atividades da comunidade, como arte, shows culturais e outros; • Além de manter uma base móvel da polícia, como apoio à segurança na praça. Outras intervenções na praça podem ser vista nas propostas apresentadas por CAMARGO-GHIU et al (2003) sintetizadas nas Figuras 4 e 5. Praça convidativa Benefícios do menor tráfego Equipamentos de lazer para crianças Elevação da rua de interligação Áreas de convivência, mesas de jogos e bancos com materiais de baixo custo. Figura 4 – Intervenções na praça (Camargo-Ghiu et al, 2003, p.26). Figura 5 – Proposta de Camargo-Ghiu et al (2003) 4.2. A Escola Municipal de Educação Infantil Emir Macedo Nogueira Inicialmente, tendo como base as informações coletadas antes e durante o Workshop com a participação dos estudantes da Universidade de Chiba, VOSGUERITCHIAN et al (2003) elaboraram diretrizes preliminares para nortear o projeto de intervenção, que foram divididas naquelas a serem implantadas a curto, médio e longo prazo. As diretrizes de curto prazo não implicariam em alto custo, sendo constituídas de atividades que estimulassem o envolvimento da comunidade local, dos funcionários da escola e dos pais de alunos (workshops de integração, limpeza e manutenção da praça e da escola, criação de acesso da escola para a praça, etc.). As diretrizes de médio e longo prazo, que implicam em custos mais significativos, incluiriam: a elaboração de um novo projeto para a escola, compreendendo: “eliminação” da barreira visual constituída pelo muro existente ao redor da escola; a alteração do leiaute interno da escola com aumento de salas de aula e inserção de quadra coberta; a adequação dos edifícios para pessoas com dificuldades de locomoção; a melhoria do playground; interligação física da praça com a escola, entre outras. As diretrizes de CARVALHO et al (2003) juntamente com alunos da Universidade de Chiba se apresentaram convergentes àquelas acima citadas. As diretrizes se fortaleceram e as medidas de projeto puderam ser detalhadas à medida que se somaram aos dados existentes, as informações complementares coletadas posteriormente ao Workshop, pelas equipes brasileiras. Como resultado, as diretrizes definitivas adotadas no projeto de VOSGUERITCHIAN et al (2003) foram as seguintes: a) interligação da escola com a praça a partir da alteração da entrada principal da escola e criação de uma alameda através do fechamento da rua que separa a praça e a escola; b) setorização das atividades da escola em três blocos (administrativo, educacional e multidisciplinar), reorganizando o fluxo de pessoas; c) criação de uma cobertura integrando os três blocos; d) utilização dos recuos do terreno da escola como extensão de alguns ambientes internos (salas de aula, oficina, refeitório, sala de vídeo e leitura); e) criação da Arena (quadra coberta) para atividades diversas. CARVALHO et al (2003) propõem, como diretrizes para as áreas externas: a) criar um portão de saída junto à praça e organizar o fluxo; b) humanizar o espaço o externo através da sua qualificação para atividades extras-classes, com a ampliação do jardim central; c) criar uma cobertura na entrada dos alunos, interligando o bloco administrativo ao bloco das classes; a criação de campo de futebol e readequação dos equipamentos de lazer. Para as áreas internas, propõe-se: a) qualificar e valorizar o espaço das classes, ampliando seu uso; b) criar sala de múltiplo uso; c) melhorar o bloco administrativo, para atendimento aos professores e funcionários; d) valorizar o espaço do refeitório e da sala de leitura como espaço de convivência e reunião. Os projetos resultantes das propostas de VOSGUERITCHIAN et al (2003) e CARVALHO et al (2003) podem ser vistos nas Figuras 6 a 8. Figura 6 – Proposta – perspectiva (Vosgueritchian et al, 2003, p.55) Corte esquemático da Arena e Bloco educacional Vista da ligação escola-praça Vista interna da sala de aula e varanda ao fundo Vista da varanda Figura 7 – Desenhos esquemáticos da proposta (Vosgueritchian et al, 2003, p. 56, 58, 66 e 68) Figura 8 – Proposta de Carvalho et al (2003) 5. CONSIDERAÇÕES SOBRE A PARTICIPAÇÃO DOS USUÁRIOS No caso do PP salienta-se a importância de melhoramentos físicos baseados na participação dos usuários conjuntamente com um processo de conscientização dos mesmos sobre a manutenção, uso e aproveitamento do espaço em foco. Mas sempre destacando como fundamental o suporte profissional na resolução técnica e organizacional, considerando princípios projetuais mais complexos. Sem este suporte, a comunidade (usuários) pode somente resolver situações de crise e desse modo não conseguir atingir os objetivos que os uniram (SANOFF, 2000, p.37). O workshop em questão foi fundamental para a constatação sobre a importância da participação dos usuários no processo de melhoramento, uso e manutenção do ambiente construído e espaços públicos abertos. No caso da APO, a opinião e a aferição da satisfação dos usuários são usados como base para propor melhorias assim como inovações em projetos semelhantes (ibid). No caso do PP, os usuários participam diretamente opinando e monitorando todo o processo, até sua implementação e posterior manutenção. 6. RESULTADOS E CONCLUSÕES Se os resultados da APO são inovadores porque trazem análises dos desejos dos usuários do espaço construído em foco, necessitando por isso do envolvimento da comunidade nos objetivos da avaliação, os resultados do PP são mais ainda, pois tratam de buscar insumos para o desenvolvimento de projeto a partir de um diagnóstico participativo. No primeiro caso, o projeto proposto valoriza-se e se apóia na fundamentação de ações referenciadas por análises formuladas por especialistas e voltando-se para oaprimoramento do projeto. No segundo caso, o projeto proposto valoriza-se no processo participativo e nos resultados de consenso obtidos. Desse modo os resultados advêm de discussões com diferentes enfoques, o da APO e o do PP (GARREFA et al, 2003; BERTEZINI et al, 2003; CAMARGO-GHIU et al, 2003). Concluindo, observa-se que o enfoque participativo em projetos de ambientes construídos leva a melhor compreensão da realidade local, ao mesmo tempo em que facilita a capacidade de interação dos grupos de estudantes de pós-graduação, intercâmbio de experiências e conseqüentemente melhora o processo de aprendizado (GARREFA et al, 2003; BERTEZINI et al, 2003; CAMARGO-GHIU et al, 2003). Finalmente, se observa que esta experiência didática realizada entre as universidades de São Paulo, Brasil e Chiba, Japão, tem como característica ímpar o desenvolvimento dos estudantes de pós- graduação que dela participaram. Amplia assim a compreensão de uma comunidade local, suas características sociais, econômicas, políticas e culturais e como estas de alguma forma interferem no uso de espaços públicos e, portanto, em seu próprio projeto. Como resultado observam-se eventuais modificações que se estruturam na forma de alternativas de projetos com o redesenho do ambiente construído. REFERÊNCIAS BERTEZINI et al. Diretrizes de Projeto para a Praça Elis Regina. Estudo de Caso da Praça Elis Regina. Trabalho Final. Equipe: Ana Luisa Bertezini, César Messias de Souza, Marcelo de Almeida Westermann, Márcia Cristina Lopes Lucas, Ricardo Marques Trevisan, Rosângela Maria Santos. São Paulo: Disciplina AUT - 5805 Avaliação Pós-Ocupação do Ambiente Construído, Universidade de São Paulo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, 2003. CAMARGO-GHIU et al. Alternativas de Intervenção na Praça Elis Regina. Estudo de Caso da Praça Elis Regina. Trabalho Final. Equipe: Denise Camargo-Ghiu, Patrizia de Francheschi, Vany Grizante, Celina Maria Rodrigues Pinto. São Paulo: Disciplina AUT - 5805 Avaliação Pós-Ocupação do Ambiente Construído, Universidade de São Paulo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, 2003. CARR, Stephen et al. Public Space. Cambridge: Massachusetts Cambridge University, 1992. CARVALHO et al. Avaliação Pós-Ocupação – Estudo de Caso – EMEI Emir Macedo de Nogueira. Trabalho Final. Equipe: Ana Paula de Souza Carvalho, Daniele Ornaghi Sant´anna, José Moacyr Freitas de Araújo, Marcelo de Paula Ferreira, Rejane Pimentel Moliterno e Telma Picchioli Carvalho. São Paulo: Disciplina AUT – 5805 Avaliação Pós-Ocupação do Ambiente Construído, Universidade de São Paulo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, 2003. COMERIO, M.C. Design and Empowerment: 20 years of Community Architecture. in Building Environment, volume 13, Alexandrine Press, 1987. DE MASI, Domenico. O Ócio Criativo. Entrevista a Maria Serena Palieri. Rio de Janeiro: Sextante, 2000. Tradução de Lea Manzi. FEDERAL FACILITIES COUNCIL. Learning from our buildings. A State-of-the Practice Summary of Post-Occupancy Evaluation. Washington, DC: National Academy Press, 2001 (Technical Report No 145). GARREFA et al. Proposta de Intervenção. Praça Elis Regina. Intervenção na Praça Elis Regina sob o Enfoque da Aplicação de Resultados da APO e Diagnóstico Participativo. Trabalho Final. Equipe: Fernando Garrefa, Gisella Cabral Neves Heizmann, Lara Braun e Silva, Miriam F. L. Barros e Simone Barbosa Villa. São Paulo: Disciplina AUT – 5805 Avaliação Pós-Ocupação do Ambiente Construído, Universidade de São Paulo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, 2003. PICCED (2001 a). Community-Based Housing Development Organization (CHDO) Technical Assistance and Training. http://www.picced.org/training/chdo.mm PICCED (2001 b). Pratt Community Economic Development Internship. http://www.picced.org/training/internsn.mm. ROMÉRO, Marcelo de Andrade; ORNSTEIN, Sheila Walbe (coord./edit.). Avaliação Pós- Ocupação. Métodos e técnicas aplicados a Habitação Social. Porto Alegre: Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído, 2003 (Coleção Habitare). SANDANHA, Nelson. O Jardim e a Praça. São Paulo: EDUSP, 1993. SANOFF, Henry. Visual Research Methods in Design. New York: Van Nostrand Reinhold, 1991. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Seção de Produção de Bases Digitais. LOTSCAN. Mapa bitmap de edificações, lotes, quadras e logradouros. São Paulo, 2003. (Fonte básica: GOVERNO DO ESTADO DE SÂO PAULO. Secretaria de Economia e Planejamento. Sistema Cartográfico Metropolitano da Grande São Paulo. São Paulo, 1974. Escala 1:2000), Folhas 138-36A e 138-35C. VOSGUERITCHIAN et al. Avaliação Pós-Ocupação do Ambiente Construído – Praça Elis Regina e EMEI Emir Macedo Nogueira. Trabalho Final. Equipe: Andréa Bazarian Vosgueritichina, Cecília Mattos Mueller, Daniela C. Laudares Pereira, Helaine Coutinho Cardoso, Sandra Regina Pinto e Tomoko Shimamura. São Paulo: Disciplina AUT – 5805 Avaliação Pós-Ocupação do Ambiente Construído, Universidade de São Paulo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, 2003. WATES, Nick & KNEVITT, Charles. Community Architecture. How People Are Creating Their Own Environment. London: Penguin Books, 1987. AGRADECIMENTOS Os agradecimentos dos autores a todos os participantes da disciplina AUT 5805 – Avaliação Pós- Ocupação do Ambiente Construído oferecida no 2o Semestre de 2003 pela FAUUSP, abaixo listados: Chiba University, Faculty of Engineering, Department of Urban Environment Systems: Professors: Toshio Kitahara e Masaru Miyawaki. Graduate Students: Akemi Ohashi, Kenji Kasuya, Kohei Fujita, Kumiko Katsuura, Noriko Ejima, Shigeo Yukihiro, Shinji Yoshida, Takashi Matsumoto, Takayasu Itoh, Tatiana Maria Gadda, Yao Feng e Yoichi Kimura. Undergraduate Students: Hiroyuki Sobu, Kenta Kurihashi, Masae Serizawa, Ryoko Teshirogi e Yosuke Kawaguchi. Researcher: Takayuki Takaki Ayala. Invited student: Tomoko Shimamura (Nihon University). FAU-USP: Regulares: Daniela Cardoso Laudares Pereira, Denise de Camargo Ghiu, Fernando Garrefa, Isao Watanabe, Lara Braun e Silva, Marcelo de Almeida Westermann, Paulo Sergio Pinhal e Telma Cristina Pichioli de Carvalho. Especiais: Ana Luisa Bertezini, Ana Maria Abreu Sandim, Ana Paula de Souza Carvalho, Andréa Bazarian Vosgueritchian, Cecília Mattos Mueller, Celina Maria Rodrigues Pinto, Daniela Ornaghi Santana, Gisella Cabral Neves Heitzmann, Helaine Coutinho Cardoso, José Moacyr Freitas de Araújo, Leandro Lopes Pereira de Melo, Marcelo de Paula Ferreira, Márcia Cristina Lopes Lucas, Miriam Fernanda Lopes Barros, Paulo Canguçu Fraga Burgo, Rejane Pimentel Moliterno, Ricardo Marques Trevisan, Sandra Regina Pinto, Simone Barbosa Villa e Vany Fátima Grizante. Ouvintes: César Messias de Souza, Nelson Theodoro, Rosangela Maria Santos e Patrizia de Franceschi.
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