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TCC Modelo penitenciario

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1- TÍTULO: 
O modelo penitenciário brasileiro a partir da globalização iniciada na década de1990: o jovem, a cadeia e a pobreza no estado mais rico da Federação.
2 – DESENVOLVIMENTO DO TEMA:
	Historicamente o padrão de desenvolvimento capitalista na América Latina reproduziu uma estrutura produtiva baseada nos padrões das sociedades centrais, ou seja, criou-se uma opção de dinamização do processo de acumulação de capital via produção de bens duráveis (CARDOSO DE MELLO, J.M.: 1982), o que representa uma estrutura típica do capitalismo monopolista do século XX. Neste modelo de desenvolvimento assume-se a assimilação de processos de produção completos, importados, com a respectiva abertura de mercado para as empresas multinacionais, sem desenvolvimento de tecnologias próprias e absorvíveis na economia. Isso estabelece um processo de exclusão social da mão de obra desqualificada (característica da AL) e reforça a heterogeneidade das classes sociais.
	Este modelo conservador, definido no Brasil a partir do Plano de Metas (1956 - 1961) e potencializado com a implantação de um programa de desenvolvimento econômico concentrador (a partir do golpe militar de l964), nega as propostas das “Reformas de Base” contrapondo-se à “demagogia distributivista” e à “república sindicalista” no Brasil. Dentro desse quadro a atuação do Estado em políticas sociais é relegada a um plano inferior dada a concepção de que o próprio desenvolvimento econômico solucionaria as questões sociais, sendo que o que se verificou foi exatamente o oposto: ocorreu uma estratificação das camadas sociais com maior clareza à partir de uma concentração de renda diferenciada das camadas sociais�. Com este quadro, a partir dos anos 50 e nos anos 60, reforça-se a estrutura monopolista da economia, momento em que se acelera o processo de concentração de rendas, assim como se consolida a estrutura socioeconômica.
	Os impactos destas transformações refletirão sobre o conjunto da sociedade aprofundando as distorções entre as classes sociais, assim como passa a determinar as relações de emprego, a evolução do desemprego como regra geral e uma nova construção de conceitos sobre o papel do Estado no que se refere à sua ação social – destacadamente ao que se refere à sua ação no combate à pobreza e/ou penalização desta mesma. Isso também significa que as faixas de maiores rendas (urbanas e não proprietárias), graças a benefícios e vantagens adquiridos dentro das estruturas das empresas, e através de políticas públicas específicas (desqualificação do ensino público, incentivo ao consumo de luxo, precarização dos transportes, tributação regressiva, aculturação etc.), passam a identificar como aliado o “capital”. A partir desse momento qualquer tentativa de mudança na estrutura de distribuição de rendas poderia (como ainda pode) significar uma ameaça aos interesses não só do capital, mas também aos interesses de certas camadas sociais. Como elemento complementar e analítico, podemos afirmar que neste ambiente (rupturas entre as classes sociais - renda, consumo, capacitação tributária, evolução intelectual etc.), não será possível esperar, por parte dos agentes sociais de mais altas rendas, que apóiem “reformas estruturais” em nossa sociedade, já que o próprio papel do Estado como formulador e promotor dessas políticas, está totalmente desacreditado. Este quadro, portanto, retrata uma política historicamente conservadora de desenvolvimento econômico, social e político de nossa sociedade.
	Com a implementação do neoliberalismo em toda a América Latina�, principalmente a partir de 1990 no Brasil, essas condições de corrosão das relações sociais se aprofundam de maneira acelerada. Isso por que se alteram radicalmente os mecanismos práticos de acumulação capitalista. Criam-se processos de reestruturação produtiva regionalizada com base no aumento da “composição orgânica do capital”. Dessa forma a ação estatal será determinante na definição de qual a região do país deverá ser “beneficiada” (POCHMANN, M, 2004)
	A partir do final da década de 80 passa a ocorrer uma concentração de empresas de tecnologia mais avançadas nas regiões Sul e Sudeste. Disso resulta que, além da precarização – em função da desqualificação da nova mão de obra necessária, não se consegue aumentar o número de empregos na indústria na proporção necessária ao crescimento populacional, retornando-se a percentuais de ocupação idênticos à década de 1940. Neste cenário torna-se impossível acabar com a heterogeneidade da especialização da produção e do emprego no Brasil (POCHMANN, M., 2004). Vale ressaltar que a partir deste período – notadamente a partir de 1994 – o centro dinâmico das economias como um todo se transfere para a acumulação intensiva no setor financeiro, cuja conseqüência passa a ser maiores desequilíbrios, dinâmica de crescimento e desenvolvimento econômico medíocres e instabilidades em toda a periferia (CHESNAIS, 1986).
	Como conseqüência deste processo o estado de São Paulo passa a representar, de forma inquestionável, o exemplo mais nítido de como as transformações produzidas na periferia do mundo refletem sobre seus quadros sociais. Este estado sofre um processo de diminuição do número de empregos, ampliação da desqualificação e precarização do trabalho, além da deterioração da capacidade do Estado brasileiro (em todas as instâncias) de promover políticas públicas de alcance social indispensáveis (apesar da opção pelo desenvolvimento regionalizado, sua viabilização tornou-se muito limitada).
	Neste ínterim passa a ocorrer uma mudança significativa no comportamento do Estado brasileiro – principalmente em São Paulo – no que se refere às políticas de segurança pública, marcadamente no que tange ao encarceramento como método padrão de combate ao crescimento da violência. Como veremos a frente, a população carcerária em São Paulo, a partir da década de 1990, passa a crescer num ritmo extremamente alto e superior ao crescimento do desemprego.�
	Historicamente os Estados Nacionais passaram a incorporar uma necessidade de se decidir entre o caos e a homogeneidade social. Seria necessário, então, buscarem-se alternativas entre o totalitarismo e o liberalismo. Se de um lado os totalitarismos� ocorridos no nazi-fascismo e no stalinismo trouxeram mecanismos trágicos de busca dessa “homogeneização” e “higienização” das sociedades (BAUMAN, 1999), por outro, os resultados do liberalismo acabaram por construir modelos tão aterrorizantes quanto.� Isso significa que a partir da década de 1990 passa a ser necessário a busca de culpados, ou seja, o “fracasso” que contamina as relações sociais e menospreza o indivíduo não pode ser reconhecido como obra de um modelo que, por essência, prega a “igualdade, liberdade e propriedade” entre os indivíduos. Ao invés da lógica universalista impõe-se uma assimilação individual e personalizada; o “fracassado” deve assumir sua “incompetência” individual. Deste mecanismo resulta a importância da estigmatização cuja expressão passa a demarcar aspectos exteriores de cada indivíduo, ou até mesmo de grupos de mesma espécie. (BAUMAN, 1999: 79). Podemos perceber, portanto, que o modus-operandi da lógica Liberal pouco difere das práticas dos estados totalitários (fascistas e/ou stalinistas).
	Faz-se necessário, portanto, buscar as origens históricas da prisão, ou seja, em que momento da humanidade as prisões – e as penas – adquirem os aspectos e as funções que hoje possuem. E ainda, qual a origem destas mudanças.
	A norma penal é o extrato da cultura em determinada época histórica de determinadas sociedades por isso teremos que diferenciar as etapas de evolução dos modelos penais existentes. Num primeiro momento as civilizações primitivas buscavam através da pena a possibilidade da vingança a partir de uma modelação, através de totens e tabus que lhe davam caráter místico, inicialmente na forma privada, e posteriormente foi alçada à categoria de direito (DOTTI, R.A., 1998).
	Num segundo momento, com o surgimento
do Estado e com o aparecimento das religiões, surgiram regras de Direito Penal com conotação de divindade. A punição se aplicava em nome desta. (MARCÃO, R.F. & MARCON, B, 2003) A pena pública, portanto, se apresentava de duas maneiras; ora como vingança coletiva, ora como sacrifício expiatório podendo ter como resultado tanto a morte como a perda da liberdade do indivíduo. A intenção do castigo espiritual do cárcere foi introduzido pela Igreja sob a égide do Direito Canônico (a punição aproximaria o delinqüente – arrependido – de Deus).�
	Diante das inúmeras idéias e tentativas de “melhora”, entrava em curso o grande processo de revisão em torno da essência e dos fins da pena,� onde as novas concepções sobre o homem e sua circunstância geravam uma generosa revolução inaugurando a Idade Moderna com transições de profundas conseqüências, principalmente a partir do início do Capitalismo. Com a substituição do termo “Estado” por “sistema político”, torna-se possível fazer uma análise mais neutra de seu significado, fugindo dos conceitos clássicos de Estado. De qualquer uma das concepções anteriores resulta uma estrutura de poder, a qual terá conseqüências diversas sobre os grupos sociais então subordinados. Neste caso o que nos interessa é a concepção burguesa em que a Política e o Estado (três Poderes) possuem uma referência comum ao poder, daí sua intercambialidade, pois não há teoria política que não parta de alguma maneira, direta ou indiretamente, de uma definição de poder. Não entraremos na discussão sobre as três teorias fundamentais do poder: a substancialista, a subjetivista e a relacional, bastando para tanto, destacar que a teoria que prevalece nos dias atuais é a relacional.� 
Esta seria uma caracterização do desenvolvimento do Estado burguês moderno (o poder se dá de forma “relacional”), mas o controle deste Estado pertence a grupos determinados a partir de disputas no ambiente do capitalismo (GRAMSCI, A., 2000/3). A construção de um modelo penal moderno, portanto, vai obedecer a esta lógica e construir novos meandros que caracterizarão as necessidades das economias modernas paralelamente à percepção dos problemas produzidos a partir do pós-guerra no que se refere às condições sociais de sobrevivência na “modernidade capitalista” brasileira.
A obra de Michel Foucault, “Vigiar e Punir” é um marco inicial para novas abordagens sobre as questões da criminalidade no Brasil, uma vez que cria uma adaptação dos mecanismos do “panóptico”� (séc. XVI) em comparação aos modernos sistemas de reclusão penitenciária. Esta nova estrutura mantém as características do Panóptico alterando-lhe apenas o sentido de dissociação entre as condições de “ver - ser visto”. Seus objetivos não são mais apenas o “fechamento”, o “isolamento” por tipos de indivíduos e a “disciplina”. Passa-se a generalizar a condição de excluído e divulga-se este processo como forma de coagi-los e moldá-los as necessidades dos mercados. Segundo FOUCAULT (1986: 180): “(...) O Panóptico é um local privilegiado para tornar possível a experiência com homens, e para analisar com toda certeza as transformações que se pode obter neles. (...)” Na prática – de forma extremamente conveniente às classes dominantes, passou-se a aceitar como certa uma relação causal entre “crime e pobreza” (MISSE, M., 1993: 3). Não se trata apenas de produzir indivíduos “dóceis e úteis”, mas trata-se de um processo fundamental à lógica da manutenção dos meios de acumulação capitalista.
A partir da definição do modelo sócio-econômico implementado pelo capitalismo a pena passa a representar um novo papel, sempre em consonância com as necessidades do modelo. O cárcere passa a representar uma “instituição auxiliar da fábrica”, ou seja, as necessidades econômicas dos trabalhadores (subordinado nas relações sociais da produção) os submetem à autoridade do capitalista (MELOSI, D. & PAVARINI, M, 2006: 8). Por outro lado a pena deixa de ter um papel “retributivo” de equivalência, uma vez que o cárcere assume o papel de “fábrica de proletários”, os quais, por não possuírem nenhum domínio sobre a dinâmica e o processo de assalariamento, se submetem às regras da fábrica para não se submeterem às regras das prisões (coação objetiva), ou seja, a fábrica se transforma em “cárcere do operário”.
3 – OS OBJETIVOS E JUSTIFICATIVA DA PESQUISA. 
	Como visto o capitalismo brasileiro adota um modelo concentrador que passa a potencializar divergências entre as diferentes classes sociais brasileira produzindo um conflito entre elas. Tal quadro se agrava a partir de uma transição para o neoliberalismo a partir da década de 1990.
	Apesar do processo de ascensão e mobilidade social atingido pela nova classe média, o mesmo não pode se reproduzir durante os anos 80 (década perdida) e 90. Nesta incapacidade de reprodução social localiza-se uma das principais preocupações do presente trabalho, uma vez que sem uma política de distribuição de rendas todo o processo de produção social está prestes a ruir em curtíssimo prazo. Não se pode perder de vista o aspecto político determinante de qualquer ação econômica e social. Portanto, tentar manter um padrão de desenvolvimento socioeconômico dentro de bases como as aqui elencadas, significa estabelecer a impossibilidade da modificação da estrutura social (diferentes faixas de renda), assim como a impossibilidade da transformação do capitalismo brasileiro em termos de ampliação de sua inserção e absorção da estrutura produtiva global.
	Busca-se então avaliar como o Estado brasileiro, a partir de uma focalização no estado de São Paulo, passa a tratar a “pobreza”, uma vez que não possui mais instrumentos distributivos de rendas e de construção do desenvolvimento econômico. O gestor público passou a dar novas respostas para problemas fundamentais como emprego, educação, moradia, saúde pública, distribuição de rendas, violência urbana etc. A estrutura jurídica penal passou a produzir resultados injustificáveis. Os ventos da liberalização e a modernidade privatizante das relações sociais passaram a conspirar contra quaisquer possibilidades de convivência social em um ambiente de tantas distorções e injustiças.
	Como resposta de um capitalismo profundamente excludente, o sistema carcerário brasileiro se transformou em uma máquina de penalização da pobreza, mesmo que de forma inconsciente. As estatísticas apontam para o abandono das políticas sociais de promoção do indivíduo e da vida ao mesmo tempo em que ocorre um aumento do abandono e da marginalização, exatamente daqueles grupos sociais que precisariam de maior atenção e políticas efetivas do Estado para sua preservação e sustentação. Não se trata de manutenção de modelos que induzem e garante maior oferta de mão de obra desqualificada para a reprodução do capital, mas algo novo, que vem se reproduzindo nos moldes do que já vêm acontecendo em países como os Estados Unidos e Inglaterra.
	Esta novidade em nosso país, resulta de transformações simplistas e convenientes ao conjunto do capitalismo “moderno” global. Neste sentido procuraremos demonstrar como, no estado de São Paulo, a partir do neoliberalismo, as políticas de aplicação das penas se transformaram em um processo de combater a pobreza e numa prática de segregação e exclusão insolúvel; contrariando a lógica (caráter retributivo da pena) da reinserção e recuperação dos “criminosos”.
	No presente projeto constata-se que estas mudanças recaem, a partir da década de 1990, majoritariamente, sobre os jovens das periferias e de famílias pobres, não se tratando mais de uma simples “coincidência” o senso comum de que “cadeia é só para pobre”. Fundamentalmente trata-se de um modelo que se vem construindo – conscientemente, ou não – como uma nova forma de eliminar a necessidade da ação do Estado na construção de políticas públicas que promovam uma maior e melhor mobilidade social. Ao invés de se combater a pobreza, seria mais eficiente combater e eliminar, na medida do possível, os pobres.
	Por outro lado, as fontes de dados estatísticos
oficiais importantes e mais específicos que possam demonstrar diferentes perfis como distribuição da população carcerária por idade e sexo, por raça (e todos seus arquétipos), origem geográfica, por níveis socioeconômicos (renda, escolaridade, emprego, religião etc.), são muito limitadas e insuficientes. É preciso construir uma metodologia que leve (através de outras pesquisas que transcenderiam ao objeto específico) à construção deste tipo de banco de dados.
	Este trabalho justifica-se, portanto, no momento em que políticas de segurança pública não são mais suficientes – e muito menos eficientes, para combater a ampliação da violência em todo país, associada à quase total negação dos Direitos Humanos em nossa sociedade. Identificar quais os novos aspectos e comportamentos destas políticas exige um amplo trabalho que relacione, entre muitos, a dinâmica do crescimento econômico, a ampliação da exclusão social, a falência da capacidade do Estado em promover o desenvolvimento econômico e social (saúde, educação, moradia etc.), a deterioração das relações de trabalho e do emprego, e, principalmente, o “novo” papel das penas e suas conseqüências sobre os pobres.
4 - O PROBLEMA:
	A partir do “pós-fordismo”,� surge uma modificação no papel das políticas carcerárias nos países centrais, marcadamente na Inglaterra e nos EUA. Tais transformações são de difícil percepção, uma vez que se assemelham ao modelo já existente (proteção à propriedade e o encarceramento para aqueles que a ameaçam, seria expressão da possibilidade de existência de justiça em uma sociedade burguesa liberal).
	Uma dificuldade de se perceber tais mudanças poderá ser encontrada na lógica do papel das ideologias na construção de um senso comum, e por que não dizer, na construção de mecanismos “científicos” dos novos modelos de repressão e combate à criminalidade. Como nos demonstra Louis Althusser (1979) a ideologia é um processo inconsciente que alcança a todos, indistintamente; trata-se da “ideologia da classe dominante.” Reconhecer, portanto, mudanças na essência das relações sociais é impossível, até para aqueles que se locupletam destas mudanças.�
	Como tendência “modernizante”, e na esteira do neoliberalismo, países como os EUA – e outros países liberais europeus – passaram a praticar uma política carcerária que rompe com a lógica do Panóptico agregando-lhe novas funções e novas características. Basicamente trata-se de um processo em que a visibilidade não resulta na coação do indivíduo para que o mesmo se sinta compelido à “ressocialização”, e, portanto, seja reintegrado aos mecanismos de classes do capitalismo moderno. Trata-se de novas “oportunidades” de mercado,� ou seja, uma penitenciária se transformou em um negócio (acumulação do capital), ao mesmo tempo que exime o Estado de praticar gastos sociais que “regenerem” ou “reconduzam” o infrator ao convívio social (WACQUANT. L., 2001a). 
	No caso dos EUA a prisão veio a substituir os enormes muros que isolavam os guetos. Como resultado deste processo anti-foucaultiano a população carcerária nos EUA passou de 380 mil presos em 1975 para mais de 2 milhões em 2000, exatamente em um período em que cresceram as reações contra os avanços democráticos conquistados pelos movimentos sociais/raciais (WACQUANT, L. 2006: 22). Hoje, mais de 50% da população carcerária nos EUA é negra� (ou afro-descendente), e esta população se iguala pelas condições econômicas: a pobreza. Tribunais americanos autorizaram recentemente, uma forma de presunção de criminalidade: “’Jovem + Negro + Sexo Masculino’ é hoje abertamente igualada a ‘causa provável’ que justifica a prisão, o interrogatório, a revista corporal e detenção de milhões de afro-americanos todos os anos.” (WACQUANT, L. 2006: 25). Estas políticas de banimento se implementam através de três pontos específicos: “1) nega-se aos presos o acesso ao capital cultural valorizado (...); (...) 2) os presos são excluídos sistematicamente da redistribuição social e da assistência pública (...); e 3) é vedada aos condenados a participação política através da ‘perda do direito de voto dos criminosos’ (...)” (WACQUANT, L. 2006: 26-28). Isto leva ao total banimento/segregação destes indivíduos, ou seja, criam-se estigmas que marcarão indelevelmente estas pessoas. Elimina-se de uma vez por todas a possibilidade de reinserção ou reconstrução de uma nova vida.� Trata-se de uma nova forma de remoção de “detritos sociais”.
	Por fim, é possível perceber-se que o modelo norte-americano caracterizado pela diminuição dos gastos sociais do Estado e aceleração vertiginosa da população carcerária, transformou-se em um mecanismo extremamente eficiente de punição da pobreza, paradoxalmente em um momento em que ocorrem investimentos maciços no sistema penal (WACQUANT, L. 2001b).
	Quando se define a existência de uma relação causal entre crime e pobreza constroem-se fantasmas e um perverso “imaginário social”, mesmo que não se tenha conseguido estabelecer uma relação direta entre estes dois termos. Como o preconceito sempre prevalece, o que se busca para substituir a ausência de estatísticas que confirmem a hipótese em questão é a construção de um novo estereótipo que consolide este senso comum imaginário, qual seja, passa-se a relacionar pobreza ao “crime organizado”. Na realidade o que se pode concluir a partir de uma visão sociológica do problema é que a pobreza conserva relação mais direta e sólida com a “revolta”, mas não com o crime. Reconhecer tal condição esbarra na destruição de fantasias e lugares-comuns que alimentam e justificam a incapacidade de se resolver a ampliação do crime e da violência urbana através dos modelos que ainda persistem (MISSE, M., 1993).
	A partir de 1990 o estado de São Paulo necessita de uma reflexão mais ampla e menos particularizada. A este quadro é preciso associarem-se resultados sócio-econômicos. Ao mesmo tempo em que ocorre uma disparada da população carcerária, têm-se: a) uma queda no nível de emprego, b) precarização/desqualificação das condições e de postos de trabalho, c) ampliação da pobreza d) uma diminuição da participação de jovens e adolescentes no mercado formal de trabalho, e) deterioração da qualidade do ensino público, f) ampliação do déficit habitacional e, g) grave ampliação da violência (POCHMANN, M. 2007).
	São Paulo possui 144 unidades penais e em função de sua atual população carcerária necessitaria de mais 60 novos estabelecimentos. Enquanto no Brasil existem 227,63 presos por 100 mil habitantes, em São Paulo esta relação sobe para 341,98 por 100 mil habitantes. Não se pode explicar estes resultados em função da violência, pois, em São Paulo o índice de homicídios em 2005 foi de 18,9 por 100 mil habitantes, enquanto no Rio de Janeiro foi de 40,5 e em Pernambuco foi de 48 (SCHECAIRA, S.S., 2007).
	Por ser considerado o maior estado da União, assim como, por ter sofrido diretamente os impactos das reestruturações produtivas ocorridas a partir da implantação do neoliberalismo, o estado de São Paulo reproduz, no seu modelo jurídico penitenciário, resultados que apontam para transformações radicais na lógica da aplicação das penas. A brutal expansão da população carcerária muito superior ao aumento do desemprego (ANEXO I), a precarização das relações e da qualificação do trabalho, mais a deterioração dos indicadores sociais (escolaridade, moradia, exclusão social) podem ser fortes indícios de uma tentativa de reprodução de um modelo de “penalização da pobreza” (marcadamente os jovem é que mais sofreram - degradação do emprego, aumento do desemprego e diminuição dos salários).
	Trabalhos recentes como os de Fernando Salla (2003), Rute Imanishi Rodrigues (2005), Sérgio Adorno (1999 e 2002), Katie Argüello (2005) entre outros, tem apontado para modificações profundas nas estruturas de aplicação das penas no Brasil, assim como apontam para uma estigmatização de alguns grupos de indivíduos (principalmente jovens e adolescentes). É comum nestes trabalhos as preocupações com a falta de garantias mínimas dos
“direitos humanos” associado a questionamentos sobre as indefinições das características que o Estado brasileiro como um todo vem construindo nestas últimas duas décadas.
	Estas mudanças apontadas, assim como as aparentes “coincidências” com o modelo norte-americano, a saber: a) identificação (temporal, local e banco de dados) dos impactos do modelo, b) construção de modelos que esclareçam sobre os fundamentos jurídicos e filosóficos (qual o caráter da pena?), c) identificação dos grupos sociais mais atingidos (renda, gênero e idade), e d) as conseqüências sobre a juventude que o processo de aplicação das penas provoca, constitui, grosso modo, o verdadeiro problema a ser respondido em nosso trabalho.
5 – Hipótese básica.
	Em nossa hipótese central buscar-se-á demonstrar como São Paulo, sendo símbolo definitivo da dinamização dos novos – e velhos – processos da acumulação capitalista na periferia do mundo passou a construir, principalmente a partir dos anos 90, um novo modelo de penalização da pobreza – marcadamente através dos resultados produzidos em sua política de aplicação das penas. Mais, tentar-se-á comprovar como estas questões estão intrinsecamente ligadas (novo modelo econômico + novos conceitos das penas + respostas mais simplistas a problemas históricos) resultando em maior marginalização e estigmatização dos jovens pobres de forma similar ao que vem acontecendo nos EUA e países da Europa.
6 -	METODOLOGIA DE TRABALHO
	A presente pesquisa se realizará com base nas diferentes esferas que serão abordadas e construídas:
	A) Será necessária uma reconstrução do roteiro dos fundamentos teóricos e históricos que levaram aos resultados da presente “modernidade”. Para isso iniciar-se-á com pesquisas indiretas e análises de fontes primárias (PNAD, IBGE, PED – IPEA/DIEESE, Órgãos oficiais da Segurança Pública e Administração Penitenciária nacional e estadual) paralelamente pesquisar-se-ão fontes secundárias (bibliografia de fundamentação teórica), através da avaliação, fichamento e compilação das obras dividindo-as em três blocos, a saber:
Seleção e organização dos textos da Sociologia (História, Economia, Direito e Política) que versem sobre: distribuição de rendas, planejamento econômico, movimentos e ajustes do sistema capitalista nacional e internacional, dinâmica social, conflitos e contextualização política e geopolítica, sempre a partir de diferentes enfoques e posicionamentos, estabelecendo confrontos entre os conceitos liberais e marxistas.
Obras especificas sobre as teorias da justiça e do Direito Penal nacional e internacional.
Pesquisa e análise de dados estatísticos de fontes primárias, assim como dos textos mais específicos sobre gênese e comportamento das diferentes políticas de combate à pobreza/pobres e à criminalidade e outros.
	B) Buscar-se-á a construção de pesquisas empíricas que resultem em dados primários que possam demonstrar e delimitar de maneira mais clara e específica os agentes e grupos que compõem o universo abordado neste trabalho. Será necessário produzir um quadro demonstrativo da realidade das prisões paulistas (pesquisas diretas), ao mesmo tempo em que se possa caracterizar os indivíduos que compõe este universo. Serão efetuadas entrevistas diretas realizadas junto à população carcerária, gravações de testemunhos (áudio-visual), para que se possa capitanear as “histórias de vida” de cada indivíduo. Desta forma poder-se-á estabelecer os seguintes aspectos: a) como o próprio indivíduo contextualiza a sua condição (auto-reconhecimento, responsabilização, expectativas, conceitualização), b) identificação dos “dramas centrais” que criam uma identidade entre os diferentes indivíduos (desagregação familiar, abandono, frustrações, fome, drogas, prostituição, iniciação no crime etc.), c) identificação do ambiente a que se está submetido dentro do sistema penitenciário (violências física e sexual, tortura, mutilações, disputas, guerras entre grupos rivais, construção de “dialetos” próprios), d) delimitação dos elementos sócio-econômicos que caracterizam esta população carcerária (escolaridade, moradia, emprego/desemprego, alcance das políticas públicas etc.) e, e) construção de um modelo a partir das identidades que se constroem (estigmatização, engajamento em movimentos específicos, empatias culturais etc.).
	Também será necessário entrevistar agentes responsáveis pela aplicação das políticas penais, assim como legisladores e juristas que possuam preocupações específicas (das causas e conseqüências) sobre os encaminhamentos que se estão construindo em todo território nacional.
7 - AVALIAÇÃO DE TRABALHOS QUE ABORDAM O ASSUNTO.
	Constatou-se a existência de diversas obras com forte base teórica, o que já se configura como fonte fundamental para o desenvolvimento do presente trabalho.
	Para que se consiga entender a lógica histórica das diversas etapas do desenvolvimento capitalista brasileiro, assim como para que se possam entender suas conseqüências sobre a conformação e estruturação das classes sócio-econômicas, autores da “escola cepalina” como Celso FURTADO, João Manuel CARDOSO DE MELLO, Maria da Conceição TAVARES, Fernando NOVAES, Sonia DRAIBE, Wilson CANO são fundamentais. Particularmente, os estudos de Waldir José de QUADROS (“A Nova Classe Média Brasileira: 1950-80”, 1985 e “O ‘Milagre Brasileiro’ a Expansão da Nova Classe Média”, 1991 e “Classes Sociais e distribuição de rendas no Brasil dos anos noventa”, 2001). Neste mesmo sentido, os trabalhos de Márcio POCHMANN (“Emprego, Renda e Principais Questões Sociais”, 2007, “O emprego na globalização”, 2001; “O trabalho sob fogo cruzado”, 1999 entre outros.), servem para a demonstração quantitativa das modificações das estruturas sociais e como os processos distributivos da renda se consolidaram e definiram os perfis do emprego, tipos de ocupação, padronização e distribuição dos salários, por exemplo. Especificamente, no que se refere aos impactos da globalização sobre o processo de reestruturação produtiva e desemprego, o livro REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA – Perspectivas de desenvolvimento local com inclusão social (2004) adquiriu papel fundamental na possibilidade de estabelecimento de uma relação causal entre ampliação da população carcerária desproporcional em função do comportamento do desemprego. A partir daí foi possível iniciar especulações sobre a modificação do papel histórico das penas, também no Brasil.
	O livro de Zygmunt BAUMAN, Modernidade e ambivalência (1999), estabelece a possibilidade de entendimento de como os indivíduos são caracterizados a partir da modernidade liberal. As idéias de estigmatização, homogeneização, higienização, como elementos comportamentais das sociedades modernas são fundamentais para que se perceba a passividade como processos de segregação e exclusão sejam aceitáveis nas sociedades capitalistas ocidentais. Nesta obra foi possível identificar o significado e o papel do “outro” na composição das novas sociedades.
	A obra de Michel FOUCAULT, Vigiar e Punir: nascimento da prisão (1986), permite uma construção lógica daquilo que passaria a ser um modelo padrão de toda a estrutura de aplicação das penas, não apenas sob o ponto de vista da mantença da lógica jurídica, mas, principalmente, pelo novo papel que esta estrutura passa a desempenhar no capitalismo (Panóptico). A idéia de que o papel da pena passa a ser o de “domesticação” do indivíduo para um aproveitamento no mercado é fundamental para que se possa comparar ao que se construiu a partir da década de 1970 em países como os EUA e a Inglaterra. Da mesma forma, e com o mesmo apoio teórico o livro de Dario MELOSSI e Massimo PAVARINI, CÁRCERE E FÁBRICA: As origens do sistema penitenciário (séculos XVI – XIX) (2006), nos permite eliminar quaisquer dúvidas sobre a intrínseca relação entre aplicação de pena e as necessidades do capitalismo. A demonstração histórica contida nesta obra deixa claro que o cárcere, nos moldes como hoje se conhece, é a forma pela qual o capitalismo coage e determina o comportamento
que o explorado deve ter perante aquele que o irá explorar. Em ambos os casos foi possível verificar como o caráter “retributivo” da pena deixa de ser um fundamento teórico real de justificação da forma como ela se aplica.
	Como nosso trabalho busca comprovar que o modelo penitenciário brasileiro passa por transformações que rompem com as características clássicas dos sistemas jurídicos penais vistos até aqui, é preciso que se ofereça um exemplo que possa servir como ponto de comparação. Neste caso, o que se busca comprovar é que o atual modelo está seguindo os mesmos passos dos novos procedimentos que se definem nos EUA e em alguns países da Europa. No novo modelo a prisão assume um papel de eliminação dos pobres (através da estigmatização e afastamento definitivo do convívio social), uma vez que os Estados modernos não conseguem – nem querem – mais praticar políticas públicas de combate à pobreza (a reintegração/ressocialização não é mais aceitável nem possível). A identificação e o reconhecimento destas transformações são, de modo geral, os objetos dos trabalhos de Loïc WACQUANT. Os livros As Prisões da Miséria e Punir os Pobres – A nova gestão da miséria nos Estados Unidos (ambos de 2001), são o ponto referencial mais importante na origem da definição desta pesquisa. Além destes livros, outros textos como “Da escravidão ao encarceramento em massa: repensando a ‘questão racial’ nos Estados Unidos” (2006) e “A ASCENSÃO DO Estado penal nos EUA.” (2002), serviram para caracterizar definitivamente que existe de fato um novo modelo prisional em vigência, muito mais perverso e degradante (nos modos e nas conseqüências). Somente a partir destas constatações é que foi possível desenvolver a hipótese que se pretende comprovar neste trabalho.
	Quando se tenta entender como são possíveis processos tão contraditórios em momentos históricos tão dinâmicos, Hannah ARENDT (Origens do Totalitarismo, 1989) se torna fundamental, uma vez que se consegue demonstrar as diferenças entre Estados totalitários e liberais na sua constituição, sem que isso represente efeitos e conseqüências radicalmente opostos.
	Para a identificação das incongruências e transformações da sociedade brasileira e de seus mecanismos de expressão de poder – principalmente no que se refere ao modelo jurídico penal – autores como Sérgio ADORNO (1998, 1999, 2007), Teresa CALDEIRA (2000), Renato MARCÃO (2001), Michel MISSE (1993), Rute Imanishi RODRIGUES (2005), Fernando SALLA (2003), e outros, são extremamente úteis, pois permitem melhor acompanhamento particularizado e detalhado de pontos específicos que muitas vezes não podem ser alcançados por obras generalistas.
	Os bancos de dados e trabalhos científicos pontuais produzidos por órgãos como DIEESE, IPEA, NEV-USP, ILANUD, IBCCRIM entre outros, serão muito importantes para a construção e atualização do presente trabalho.
	Em suma, a bibliografia disponível é suficiente para propiciar uma pesquisa com um real grau de qualidade e embasamento teórico científico para a tese ora pretendida.
8 - cronograma
	Deixa-se de apresentar cronograma detalhado em virtude da dependência de algumas definições, em caso de aceitação do Projeto neste Programa, como por exemplo, definição do número de créditos a serem convalidados (créditos concluídos como aluno especial), definição de Professor Orientador, definição de estrutura de custos e logística necessária, prováveis mudanças de abrangência que por ventura se estipule, etc. Apesar da não apresentação de cronograma detalhado, vislumbra-se o cumprimento da pesquisa e elaboração de Tese dentro dos prazos estabelecidos pelo Programa deste Doutorado.
9 - BIBLIOGRAFIA
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ADORNO, Sérgio, BORDINI, Eliana B. T. e LIMA, Renato Sérgio de, O ADOLESCENTE E AS MUDANÇAS NA CRIMINALIDADE URBANA, Revista São Paulo em Perspectiva, Vol. 13, nº 4, São Paulo, 1999;
ADORNO, Sérgio & CARDIA, Nancy, Dilemas do controle democrático da violência: execuções sumárias e grupos de extermínio – São Paulo (Brasil) 1980-1981, in: Violência em Tempo de Globalização, São Paulo, Hucitec, 1999;
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SÍTIOS:
www.ipea.gov.br 
http://www.seade.gov.br/produtos/ped/index.php consultado em 03/10/07
http://www.seade.gov.br/produtos/ped/index.php 
http://www.sap.sp.gov.br 
http://www.sap.sp.gov.br/common/dti/estatisticas/populacao.htm http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3868&p=2 
�
10 - ANEXOS
ANEXO I:
Gráfico 1 – Comparação da evolução do desemprego na Região Metropolitana de São Paulo com a evolução da população carcerária no Estado de São Paulo�
� Importante salientar tratar-se de uma nova classe média urbana e não proprietária, resultante de mudanças ocorridas no âmbito da antiga classe média urbana ou rural. Desqualificou-se o conjunto dos empregados, por isso não se pode confundir esta com a "antiga pequena burguesia". Destaque-se também que este modelo conservador não se restringiu ao “modus-operandi” do Estado, influenciando, de maneira decisiva, não só uma elite de dirigentes, senão também toda a classe média, na qual remediados também discriminam os menos favorecidos imputando aos miseráveis a qualificação da vagabundagem (QUADROS, W. J., 1991: 27).
� A este respeito (Consenso de Washington) ver BATISTA, Paulo Nogueira, 1994.
� Segundo dados da Secretaria da Administração Carcerária de S.P., a população carcerária total no estado salta de 55.021 em dez./1994 (aprox. 0,36% da PEA) para 123.932 indivíduos em dez./2003 (aprox. 0,61% da PEA) (crescimento aprox. de 71%), enquanto a taxa de desemprego com base na PEA (POCHMANN, 2007: 316) sobe de 8,5% em 1992 para 12,4% em 2003 (crescimento aprox. 46%).
� A este respeito ver ARENDT, H., (1989: 517)
� Nesta estratégia era necessário eliminar o “outro”: criminosos, estupradores, bêbados, débeis mentais, imbecis, idiotas, lunáticos, drogados, epiléticos, sifilíticos, pervertidos, doentes, degenerados, de outra raça, outra religião, outra cor, em suma, todos os “inadaptáveis” (1999: 56).
� A pena de prisão assumiu características de penitência quando a doutrina da Igreja do século XVI registrou o movimento que mais tarde se tornaria a base da ciência penitenciária. Dentre as pessoas que faziam parte da Igreja podemos citar o monge beneditino Mabilhon autor do livro “Reflexions sur lês prisons dês ordres religieux”. Muitos estados católicos iniciaram a construção de cárceres como estabelecimento-modelo das idéias propostas por Mabilhon; como a construção do Papa Clemente XI que em 1703 fundara em Saint Michel uma casa de correção destinada a jovens (DOTTI, R. A., 1998).
� São 5 as Teorias: Absolutas, da Prevenção Geral, da Prevenção Especial, Teoria Mista ou Unificadora da Pena e Teoria da Prevenção Geral Positiva.
� Trata-se de uma relação entre dois sujeitos onde o primeiro obtém do segundo um comportamento, que caso contrário, não ocorreria. (BOBBIO, N., 2000: 78)
� trata-se de um “(...) espaço fechado, recortado, vigiado em todos os seus pontos, onde os indivíduos estão inseridos num lugar fixo, onde os menores movimentos são controlados, onde todos os acontecimentos são registrados, onde um trabalho ininterrupto de escrita liga o centro e a periferia, onde o poder é exercido sem divisão, segundo uma figura hierárquica contínua, onde cada indivíduo é constantemente localizado, examinado e distribuído entre os vivos, os doentes e os mortos – isso tudo constitui um modelo compacto do dispositivo disciplinar. (...)”FOUCAULT (1986: 174).
� Esgotamento da capacidade de ação dos Estados Nacionais no desenvolvimento do “welfare state” associado à expansão e definição das conseqüências do modelo neoliberal na periferia e desaceleração da capacidade de acumulação capitalista nos países centrais
� Ainda a este respeito ler ALTHUSSER Louis, “Sobre a Reprodução”, 1999, para que se perceba o papel dos “Aparelhos Ideológicos do Estado” como instrumentos de aplicação e dinamização das ideologias dominantes.
� Não só pela utilização compulsória de trabalho não qualificado, mal remunerado, mas como fonte de negócio privatizada para exploração de terceiros (WACQUANT, L., 2001a.: 106).
� “(...) seis penitenciários em cada 10 são negros ou latinos; menos da metade tinha emprego em tempo integral no momento de ser posta atrás das grades e dois terços provinham de famílias dispondo de uma renda inferior à metade do ‘limite de pobreza’” (WACQUANT, L. 2001a: 83)
� Empregadores tem acesso aos arquivos das polícias federal e estaduais como forma de selecionar candidatos a empregos, sendo que qualquer apontamento (mesmo sem condenação) nesse banco de dados, a possibilidade de emprego desaparece para sempre.
� FONTES: POCCHMAN, M. (2007) e Secretaria de
Administração Penitenciária do Estado de São Paulo.
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