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direito e sociedade

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Introdução ao Estudo do Direito 
1.1Direito e Sociedade
O inicio da civilização eram seres nômades, mas como o passar do tempo viu-se a necessidade de fixarem-se em um único lugar. Então nasce a Sociedade que passa por processo de adaptação.
O homem passar a conviver em sociedade e para que essa convivência funcione é preciso que todos sigam algumas regras e normas.
Acompanhamos sua evolução e compreendemos que o Direito é um processo natural que acompanha até hoje a evolução de acordo com as necessidades dos seres humanos. Vimos que o Direito tem como finalidade manter a paz e a harmonia em diversas relações sociais. Como a sociedade muda constantemente o direito muda para atender a necessidades de todos. Para que haja um bom senso é preciso estabelecer novas regras que abrange o momento, a época e o lugar.
O Direito passar a ser um processo de adaptação do homem, e o homem por sua vez influencia a criação de novas regras, sempre respeitando os interesses e os valores fundamentais da sociedade.
Para que haja direito é preciso que haja sociedade, e para que haja sociedade é preciso que haja direito, pois assim uma sociedade não viveria em harmonia sem que todos sigam algumas regras e normas, se todos formulassem e vivessem conforme as suas regras não poderiam considera uma sociedade, já que assim seria uma desordem e não chegaríamos nunca a um bom senso.
2   ORIGEM DA PALAVRA DIREITO
                  A palavra direito é indicada como sendo do tipo análoga, ou seja, possui vários significados, os quais guardam entre si algum nexo, um ponto em comum. Para assim considerarmos, todavia, devemos fazer a distinção entre as acepções fundamentais e as secundárias. Vejamos, em primeiro lugar, a definição da palavra direito pela forma etimológica.
                  A palavra direito é grafada de várias formas, de acordo com o País e sua língua. Vejamos alguns exemplos: droit (França), diritto (Itália), derecho (Espanha), dreptu (Romênia), right (Estados Unidos) e recht (Alemanha).
                  Todas estas palavras estão ligadas a uma origem comum, o vocábulo latino directum ou rectum, que significam, respectivamente, direito e reto. Seu sentido é ser (agir) conforme a uma régua, aquilo que é reto (retidão). Depois passou para o sentido figurado, significando aquilo que estava de acordo com a lei.
                  Além desta origem, outras palavras também simbolizam a idéia do direito, como judiciário, jurídico, justiça, jurisprudência. Todas elas são oriundas do termo latino jus, que também significa direito. Ocorre que o termo jus não tem formação pacífica entre os estudiosos históricos.
                  Para alguns, este termo latino é derivação do vocábulo jussum, ligado ao verbo jubere, cujo significado é mandar, ordenar.
                  Outra explicação possível para o termo jus é ser ele aperfeiçoamento do vocábulo justum, ou seja, aquilo que é justo ou conforme a justiça.
                  Há, ainda, uma terceira corrente que acredita ser a origem o verbo juvo ou juvare, com a idéia de ajudar, proteger, com o que o direito seria uma proteção destinada a defender os homens contra qualquer violência.
1.1.       Acepções da palavra Direito: o fenômeno jurídico é bastante complexo, apresentando vários aspectos ou elementos. Esta circunstância torna difícil uma única definição real. Aqui teremos cinco possibilidades, ou acepções, da palavra direito.
1.1.1. Direito como Norma: Trata-se da forma mais comum de aplicação da palavra direito, sendo também conhecida como direito objetivo ou norma agendi. São as regras exteriores ao homem e que a ele se dirigem e se impõem, atuando em sua vida particular e social. Na definição de Rudolf Von Ihering, “é o conjunto de normas coativamente garantidas pelo Poder Público” . Regra social obrigatória.
1.1.2. Direito como Faculdade: é o poder que tem o homem de exigir garantias para a realização de seus interesses, quando estes se conformam com o interesse social. É o poder de ação assegurado pela ordem jurídica. Trata-se de uma prerrogativa de agir, uma opção, uma alternativa posta ao sujeito. Também chamado de direito subjetivo oufacultas agendi, tendo sido por Ihering definido como o interesse juridicamente protegido (Jus est facultas agendi). Compreende um sujeito, um objeto e a relação que os liga.
1.1.3. Direito como Justo: O que é devido por justiça. Relacionado com o conceito de justiça, possuindo dois sentidos diferentes:
1.1.3.1.     Bem devido por justiça: na definição de São Tomás de Aquino, é o que é devido a outrem, segundo uma igualdade.
1.1.3.2.     Bem conforme a justiça: não existe contrapartida, mas sim uma determinação social que acredita ser aquela a melhor alternativa a determinada situação.
1.1.4. Direito como Ciência: usada como “ciência do direito”, o setor do conhecimento humano que investiga e sistematiza os fenômenos da vida jurídica e a determinação de suas causas. Organização teórica do Direito.
1.1.5. Direito como Fato Social: Ao realizar o estudo de qualquer coletividade, a sociologia distingue diversas espécies de fenômenos sociais. Considera os fatos econômicos, culturais, esportivos e, também, o direito. O direito é, então, considerado como um setor da vida social. É o conjunto de condições de existência e desenvolvimento da sociedade, coativamente asseguradas.
Consideremos as expressões seguintes:
1 – o direito não permite o duelo;
2 – o Estado tem o direito de legislar;
3 – a educação é direito da criança;
4 – cabe ao direito estudar a criminalidade;
5 – o direito constitui um setor da vida social.
Assim, no primeiro caso – “direito” significa a norma, a lei, a regra social obrigatória.
Na Segunda expressão – “direito” significa a faculdade, o poder, a prerrogativa que o Estado tem de criar leis.
Na terceira expressão – “direito” significa o que é devido por justiça.
Na quarta expressão – “direito” significa ciência, ou, mais exatamente, a ciência do direito.
 Na última expressão – “direto” é considerado como fenômeno da vida coletiva. Ao lado dos fatos econômicos, artísticos, culturais, esportivos etc., também o direito é um fato social.
                              Por fim, podemos buscar entender o direito pela definição sintética, que, todavia, revela-se como a mais ineficiente, pois é a definição integral, que pretende ser capaz de abraçar todo o fenômeno jurídico, dando-nos uma noção unitária da realidade jurídica. Eis algumas tentativas de definição sintética:
Celso: Direito é a arte do bom e do justo (ars boni et aequi) – Digesto, L. I, De Justitia et Jura
Dante Alighieri: Direito é a proporção real e pessoal do homem para o homem que,  conservada, conserva a sociedade e que destruída, a destrói. (De Monarchia)
Miguel Reale: Direito é a vinculação bilateral atributiva da conduta para a realização ordenada dos valores de convivência. (Curso de Filosofia)
 O homem como ser cultural e social 
O homem não apenas existe, mas vive necessariamente em companhia de outros homens. Em virtude do fato fundamental da coexistência, estabelecem os indivíduos entre si relações, as quais ocorrem com o concomitante aparecimento de regras de organização e de conduta.
Essas relações podem ocorrer em razão de pessoas, ou em função de coisas. Verificamos, por exemplo, que um determinado indivíduo tem a sua casa, sendo-lhe facultado tanto vendê-la como alugá-la. Há relações, portanto, entre os homens e as coisas, assim como existem também entre as coisas mesmas.
No universo, há coisas cujo nascimento não requer nenhuma participação de nossa inteligência ou de nossa vontade. Mas, ao lado dessas coisas, postas originariamente pela natureza, outras há sobre as quais o homem exerce a sua inteligência e a sua vontade, adaptando a natureza a seus fins.
Constituem-se, então, dois mundos complementares: os elementos que são apresentados aos homens sem a sua participação intencional, formam aquilo que nos é “dado”, o “mundo natural”, ou puramente natural. “Construído”é o termo que empregamos para indicar aquilo que acrescentamos à natureza, através do conhecimento de suas leis visando a atingir determinado fim.
Montesquieu, um dos grandes mestres da ciência jurídico-política da França, no século XVIII, escreveu uma obra de grande repercussão na cultura do Ocidente, intitulada De l’Esprit des Lois (Do Espírito das Leis). Nesse livro, a lei é definida como sendo uma “relação necessária que resulta da natureza das coisas”.
Essa definição vale tanto para as leis físico-matemáticas como para as leis culturais. Vejamos se se pode falar em “natureza das coisas” ao nos referirmos às leis que explicam o mundo físico, ou seja o mundo do “dado”, ou às leis morais e jurídicas, que são as mais importantes dentre as que compreendem o mundo da cultura e da conduta humana, do “construído”.
CONCEITO DE CULTURA
A palavra “cultura” é genuinamente latina. Era empregada por escritores, que, nas pegadas de Cícero, faziam-no em dois sentidos: como cultura agri (agricultura) e como cultura animi. A agricultura dá-nos bem ideia da interferência criadora do homem, através do conhecimento das leis que explicam a germinação, a frutificação etc. Ao lado da cultura do campo, viam os romanos a cultura do espírito, o aperfeiçoamento espiritual baseado no conhecimento da natureza humana. Pois bem, “cultura” é o conjunto de tudo aquilo que, nos planos material e espiritual, o homem constrói sobre a base da natureza, quer para modificá-la, quer para modificar-se a si mesmo.
Não vivemos no mundo de maneira indiferente, sem rumos ou sem fins. A vida humana é sempre uma procura de valores. A cultura existe exatamente porque o homem, em busca da realização de fins que lhe são próprios, altera aquilo que lhe é “dado”, alterando-se a si próprio.
A cultura se desdobra em diversos “ciclos culturais” ou distintos “estágios históricos”, cada um dos quais corresponde a uma civilização. O termo “cultura” designa, portanto, um gênero, do qual a “civilização” é uma espécie.
BENS CULTURAIS E CIÊNCIAS CULTURAIS
As chamadas ciências físico-matemáticas, como, por exemplo, a Física, a Química, a Matemática, a Astronomia, a Geologia, e assim por diante, não podem ser chamadas ciências culturais; elas, entretanto, constituem “bens da cultura”. O seu objeto é a natureza: são “ciências naturais”, e como produto da atividade criadora do homem, integram também o mundo da cultura.
Se o homem, por um lado, estuda e explica a natureza, atingindo ciências especiais, por outro lado, volta-se para o estudo de si mesmo e da sua própria atividade consciente. A História, a Economia, a Sociologia, o Direito etc., que têm por objeto o próprio homem ou as atividades do homem buscando a realização de fins especificamente humanos, é que nós chamamos de ciências propriamente culturais. Todas as ciências representam fatos culturais, bens culturais, mas, nem todas as ciências podem ser chamadas, no sentido rigoroso do termo, ciências culturais. Ciências culturais são aquelas que, além de serem elementos da cultura, têm por objeto um bem cultural. A sociedade humana, por exemplo, não é só um fato natural, mas algo que já sofreu no tempo a interferência das gerações sucessivas.
É necessário, pois, esclarecer o valor do ensinamento, que nos vem de Aristóteles, de que “o homem é um animal político” por sua própria natureza, ou seja, um animal destinado a viver em sociedade, de tal modo que, fora da sociedade, não poderia jamais realizar o bem que tem em vista.
Não há dúvida que existe, na natureza humana, a raiz do fenômeno da convivência. É próprio da natureza humana viverem os homens uns ao lado dos outros, numa interdependência recíproca. Isto não quer dizer que o homem nada acrescente à natureza mesma.
Graças às ciências culturais, é-nos possível reconhecer que o gênero humano veio adquirindo consciência da irrenunciabilidade de determinados valores considerados universais e, como tais atribuíveis a cada um de nós, como as invariantes relativas à dignidade da pessoa humana, à salvaguarda da vida individual e coletiva, elevando-se até mesmo a uma visão planetária em termos ecológicos.
Esses valores supremos inspiram e legitimam os atos humanos como se fossem inatos, ainda que se reconheça sua origem histórica. Pois bem, uma das finalidades do Direito é preservar e garantir tais valores e os que deles defluem – sem os quais não caberia falar em liberdade, igualdade e fraternidade – o que demonstra que a experiência jurídica é uma experiência ética. 
O direito como ciência 
Observemos a pluridimensionalidade do objeto que chamamos "direito" , o que permite diversos ângulos de abordagem, ora separados, ora ligados por nexos meramente lógicos ou didáticos, ora interligados em formas sintéticas.
A palavra direito provém do latim directu, que suplantou a expressão jus, do latim clássico, por ser mais expressiva. Em Roma havia o jus e o faz. O jus é o conjunto de normas formuladas pelos homens, destinadas a dar ordem à vida em sociedade; faz é o conjunto de normas de origem divina, religiosa, que regeriam as relações entre os homens e as divindades.
No mundo moderno, direito em seu sentido objetivo, seria um conjunto de regras dotadas de sanções que regem as relações dos homens que vivem em sociedade, ou seja, o jus romano. Já no sentido didático, poderíamos entender o direito, como sendo a ciência das regras obrigatórias que presidem às relações dos homens em sociedade.
Para Limongi França, o direito pode ser entendido sobre quatro aspectos: o primeiro, o direito como o justo; o segundo como regra de direito; o terceiro como poder de direito e o quarto como sanção de direito.
O direito como que é justo. Os jurisconsultos romanos já ensinavam que - jus est a justitia appellatum , isto é, que o direito provém da justiça. A criação do direito não tem e não pode ter outro objetivo senão a realização da justiça.
Como regra de direito, é a ordem social obrigatória estabelecida para regular a questão do meu e do seu. (Direito Objetivo)
Como poder de direito, é o conjunto de faculdades que as pessoas têm, conferido pela regra de direito. (Direito Subjetivo).
E, por fim, como sanção de direito, onde se discute o fato de existir ou não direito sem sanção, isto é, sem a força do poder público ou dos grupos sociais que o torna obrigatório.
Entretanto, para Miguel Reale apenas as três primeiras perspectivas para a compreensão da palavra direito, exprimem mais a realidade, uma vez que ao entendermos estes três conceitos, teríamos aí a verdadeira concepção tridimensional da experiência jurídica. Mais uma vez o direito num plano tridimensional, ou seja, o elemento valor como intuição primordial; o elemento norma como medida de concreção da conduta social; e, finalmente, o elemento fato, como condição da conduta.
Já que definimos a palavra "direito", vejamos agora o significado da palavra "ciência".
Ciência, segundo alguns estudiosos do direito, é a busca permanente e constante pela verdade, e que pelo fato dela não ser unívoca, não há como se designar um tipo específico de conhecimento, não existindo um critério único que determine sua extensão, natureza ou caracteres, devido ao fato de vários critérios têm fundamentos filosóficos que extravasam a prática científica. Mais uma vez, nos deparamos com uma pluridimiensionalidede deste outro objeto que chamamos "ciência".
A questão aqui não é a conceituação ou a interpretação literal das palavras, mais sim, a nossa visão do direito como ciência, que para nós nada mais é que a valoração de um fato (de cunho natural ou social) que por força de sua interpretação, gera uma norma jurídica aplicável.
O direito como ciência, valoriza, qualifica, atribui conseqüências a um comportamento. Não em função de critérios filosóficos, religiosos ou subjetivos, mas em função da utilidade social. Para o direito, a conduta é o momento de uma relação entre pessoas, e não o momento da relação entre pessoas e divindade e entre pessoa e sua consciência, ou seja, o direito não se limita apenas na verificaçãosimples dos atos ou dos acontecimentos, muito pelo contrário, eles são analisados pelas conseqüências que produzem.
Portanto, o direito como ciência se preocupa antes e principalmente com a ordem e a segurança da sociedade. São as necessidades sociais e a vontade do homem que atuam na interpretação dessas necessidades e transformam as regras que essas necessidades impõem naquilo que se denomina direito positivo.
Função social do direito e suas finalidades (ordem, disciplina, certeza, segurança, paz social e justiça)
Para a sociologia, o Direito tem a sua origem nos fatos sociais, nos acontecimentos da vida em sociedade. Todas as nossas práticas e condutas acabam refletindo nos costumes, valores, tradições, sentimentos e cultura. Essa elaboração do Direito ocorre de maneira lenta e espontânea da vida social.
Cada costume diferente implica em fatos sociais diferentes, por isso, pode-se observar a razão pela qual cada povo tem a sua história e seus fatos sociais.
O Direito não pode se’ formar alheio a esses fatos sociais por ser um fenômeno decorrente do próprio convívio do homem em sociedade. Chegamos a essa conclusão por uma razão bem simples, o homem é um ser social, e não pode viver isolado. Os homens são obrigados a viver necessariamente ao lado uns dos outros, há uma necessidade clara de regras de como proceder, normas que levem disciplina à vida em coletividade.
A sociedade necessita de uma organização que oriente a vida coletiva, que discipline a atividade dos indivíduos que vivem nela. Esta organização pressupõe regras de comportamento que permitem uma boa convivência social.
Nesse sentido Sérgio Cavalieri Filho (Programa de Sociologia Jurídica, pág.17) defende:
O Direito é para a Sociologia Jurídica uma ciência essencialmente social, oriunda da sociedade e para a sociedade. As normas do Direito são regras de conduta para disciplinar o comportamento do indivíduo no grupo, as relações sociais; normas ditadas pelas próprias necessidades e conveniências sociais. Não são regras imutáveis e quase sagradas, mas sim variáveis e em constante mudança, como o são os grupos onde se originam.
O Direito surge na sociedade, justamente, como o conjunto de normas que regulam a vida social. Sua função básica, portanto, é garantir a segurança da organização social.
Com muita propriedade, Francisco José Carvalho faz uma interessante análise da função social do Direito:
A função social do direito é o fim comum que a norma jurídica deve atender dentro de um ambiente que viabilize a paz social. O direito sempre teve uma função social. A norma jurídica e criada para reger relações jurídicas, e nisso, a disciplina da norma deve alcançar o fim para o qual foi criada. Se ela não atinge o seu desiderato não há como disciplinar as relações jurídicas, e, portanto, não cumpre sua função, seu objeto.(...)
Por meio da função social do direito, o legislador objetiva humanizar as relações jurídicas, adotando novos valores que o mundo, em especial, o mundo ocidental, adotou com a evolução dos processos humanos e dos anseios das camadas sociais de alcançar melhores dias, pondo fim aos valores individualistas que presidiram os séculos XVII ao XIX e parte do século XX. Nesse processo de humanização, é vedado ao homem obter vantagens em descompasso com os comandos normativos.
A seguir faremos uma breve explanação, pela ótica da sociologia, sobre as principais funções do direito na sociedade.
2. FUNÇÃO DE ORGANIZAÇÃO
Por excelência, o Direito é o instrumento de organização da sociedade. È um meio para a própria subsistência e sobrevivência da sociedade. Sem o direito a vida em sociedade seria um verdadeiro caos, por isso, ele é tão importante para a manutenção da ordem social.
Há predominância no entendimento de que não há sociedade sem direito: UBI SOCIETAS IBI JUS. O Direito não existe senão na sociedade e não pode ser concebido fora dela, o Direito tem origem na sociedade, mais especificamente, nas inter-relações sociais.
Na vida em sociedade o homem se confronta com regras e condutas sociais que não foram diretamente criadas por eles, mas que existem e são aceitas na vida em sociedade, devendo ser seguidas e aceitas por todos. Em toda e qualquer sociedade existem leis que visam organizar a vida no meio social. O individuo isolado não cria regras nem pode individualmente modificá-las, mas quando vive em sociedade deve se submeter às regras sob a pena de sofrer o castigo por violá-las.
A correlação entre sociedade e direito está na função que o direito exerce na sociedade: a função ordenadora, isto é, de coordenação dos interesses que se manifestam na vida social, de modo a organizar a cooperação entre as pessoas e compor os conflitos que surgem entre eles.
A sua função é trazer harmonia às relações sociais intersubjetivas, resolver os conflitos com o mínimo de desgaste e sacrifícios. A busca para a solução de conflitos deve ser coordenada e harmoniosa, deve usar critérios justos e equitativos de acordo com as convicções prevalentes da sociedade.
Para Sergio Cavalieri Filho afirma que o direito é o instrumento de organização da sociedade que ajuda a alcançar o bem comum de todos (2011, pag.28)
No artigo 187 do novo Código Civil a função social do Direito é colocada como limite para o exercício de todo e qualquer direito, verdadeiro cinto de segurança, além do qual se toma abusivo. Em outras palavras, o exercício de todo direito subjetivo está condicionado ao fim que a sociedade se propôs: a paz, a ordem, a solidariedade e a harmonia coletiva, enfim, [p. 20] ao bem comum, porque o Direito, repita-se, é o instrumento de organização social para atingir essa finalidade.
O direito tem a função organizativa em dois âmbitos, seja nas relações jurídico-públicas e nas relações jurídico-privadas.
3. FUNÇÃO DE CONTROLE SOCIAL
Pelo aspecto sociológico, o direito é apresentado como uma das formas mais importantes e eficazes de controle social, entendido como um conjunto de instrumentos que a sociedade dispõe para a resolução de conflitos e tensões que lhe são próprios.
O direito é uma das principais formas de controle social, caracterizado pelo vínculo especial que as suas normas possuem com os destinatários, pois decorre das necessidades da própria sociedade, inspirado em modelos culturais, ideais coletivos, busca de valores e superação de diferenças. Esse vínculo é derivado de uma coercitividade institucionalizada, ou seja, o poder de punir do estado.
Esse controle tem uma justificativa e um limite, o controle social, embora seja permanente e necessariamente contínuo, nunca é total. O controle social é sempre limitado, porque uma sociedade não dispõe de mecanismos de controle capazes de atuar com a mesma intensidade e muito menos capaz de abarcar todos os domínios da vida social. Nenhuma comunidade dispõe de sanções sociais que assegurem a não violação da totalidade das normas de conduta.
A função de controle social pode ocorrer de diferentes maneiras uma delas é o incentivo as condutas desejáveis, que se trata de um processo de inserir uma noção, ideia ou valor na consciência do sujeito, de forma que ela passe a fazer parte de seu pensamento. Nesse sentido, doutrina Ana Lucia Sabadell (2002, pág.134)
A rnaior parte do controle social é efetuada de forma interna. O indivíduo é ao mesmo tempo objeto do controle e seu fiscalizador. Ciente da norma e da eventualidade da sanção, ele opta, em geral, por conformar-se aos requisitos sociais. Conhecendo, por exemplo, as regras de trânsito, o indivíduo não estaciona no meio da rua por medo da reação dos outros motoristas a da polícia. As raízes da “autodisciplina” não se encontram na livre vontade do indivíduo, mas sim no condicionamento realizado através de mecanismos de controle social (“socialização”, isto é, aprendizado de regras e submissão a limites).
Normas e valores específicos do meio social, considerados indispensáveis para a ordem, são introduzidos ao processo de construção da identidade do sujeito, que passa a delimitar suas ações de acordo comesse conjunto normativo.
Outra forma de controle social é o desencorajamento a manifestação de uma conduta indesejável, que se caracteriza pela existência das normas e garantia de aplicação da lei, e por último a repressão às condutas indesejáveis, refere-se ao isolamento e exclusão permanente do desviante da sociedade. Trata-se do controle social externo, descrito por Ana Lucia Sabadell (2002, pág.134) como
O controle social externo se efetua sobre os indivíduos através da atuação dos outros e objetiva restaurar a ordem. Isto acontece, sobretudo, quando falha o controle interno e o indivíduo transgride as normas. O controle externo é, na maior parte dos casos, repressivo: manifesta-se através da aplicação de sanções (exemplo: multa por excesso de velocidade). Porém, este controle pode ser também preventivo, tendo a finalidade de confirmar o valor das normas sociais e de descobrir eventuais violações (exemplo: controle dos torcedores na entrada de um estádio).
O controle social objetiva impor regras e padrões de comportamento para preservar a coesão social, diminuir os conflitos e garantir o convívio pacífico, exprimindo o interesse de todos por usufruir uma vida social ordenada.
4. RESOLUÇÃO DE CONFLITOS
A resolução de conflitos constitui uma importante função do direito. O senso comum admite ser esta uma função por excelência, do Direito, é sua razão de existência.
O conflito é um processo presente em todas as sociedades e revela o choque de interesses, é a luta por valores ou pretensão a posição, a poder ou a recursos. O Direito está ligado e refere-se sempre a situações de conflito, o direto sempre busca prevenir e solucionar os conflitos sociais.
Há várias formas do direito enfrentar os conflitos:
Reguladora: quando o que motivou o conflito encontra apoio na opinião pública. Então o direito o aceita e absorve em novas normas reguladoras.
Repressora: quando a razão do conflito não se ajusta ao sentimento da sociedade democrática ou aos interesses da maioria ou da classe dominante.
Orientadora: orienta e canaliza o conflito. Só orienta quando não atenta os valores que vem de encontro ao direito instituído.
Geradora de conflito: em alguns casos é o próprio direito que dá origem ao conflito
A teoria do contrato social concebe o Direito como um meio obtido pelos seres humanos através de um acordo comum para resolver os conflitos que ameaçam suas vidas a partir do estado de natureza (condição humana na ausência de qualquer ordem social estruturada).
Segundo essa teoria, as pessoas abrem mão de certos direitos para um governo ou outra autoridade a fim de obter as vantagens da ordem social. Com o Direito adquirem a vantagem da segurança e a submissão dos conflitos às normas jurídicas obrigatórias para todos e instaurada pelo Estado.
5. SEGURANÇA JURÍDICA
A segurança jurídica é uma função básica do Direito. Está diretamente relacionada com o fato de que os indivíduos devem conhecer seus direitos e deveres com antecedência, quais dos seus comportamentos estão proibidos, são obrigatórios ou são permitidos.
A segurança jurídica se refere à possibilidade do indivíduo poder planejar condutas, assim ele sabe de antemão que consequências serão derivadas de seus atos e assim poder atuar com conhecimento de causa. Os atores sociais podem conhecer e prever os efeitos de seu próprio comportamento e do comportamento dos outros, e planejar, assim, sua interação social.
Para que isso seja possível as normas devem ser claras e precisas. É necessário também, que as normas sejam conhecidas e que o Estado cumpra com suas próprias normas e as faça cumprir. A segurança jurídica existe para que a justiça, finalidade maior do Direito, se concretize.
Vale dizer que a segurança jurídica concede aos indivíduos a garantia necessária para o desenvolvimento de suas relações sociais, tendo, no Direito, a certeza das consequências dos atos praticados.
6. ORIENTAÇÃO E PERSUASÃO
O direito representa um poderoso fator de orientação social, pois tem vínculo com campos psíquicos e éticos, pois é associado a valores éticos como o ideal de justiça, de igualdade e de liberdade. Nesse sentido, a professora Luzia Gomes da Silva, em seu artigo “A Sociologia Jurídica e o Conceito Sociológico do Direito”, preconiza que:
A possibilidade de regulação social deriva diretamente do caráter persuasivo das normas jurídicas. Estas têm o poder de influenciar, condicional e persuadir os membros de um grupo social. Esta função permite conduzir uma multidão de pessoas relativamente independentes em direção à execução de um certo número de modelos de comportamento relativamente coerentes e universais. Modelos capazes de sugerir decisões quanto a todo dilema de comportamento que possa se apresentar ao longo da interação social. Nessa função, o direito estrutura-se como instrumento de persuasão e consenso social.
Há normas de direito que são de natureza imperativa, normas meramente dispositivas, normas coativas, normas de promoção, normas de conduta e normas de apoio.
Além de preverem uma coação estatal àqueles que a infringem, as normas de direito contêm em si modelos que influenciam o comportamento das pessoas, mesmo quando não preveem sanções, pela mera possibilidade de repressão, pela vinculação simbólica com o Estado, pelo fato de ser certo fazer algo direito ou também por estarem ligadas a ideais de justiça, ou até mesmo pela aprovação coletiva ou institucional.
7. REALIZAÇÃO DA JUSTIÇA
Outra função importantíssima do direito, é que ele é um instrumento para a concretização e realização da justiça.
Dentre os aspectos mais importantes do Direito no sistema democrático, está o acesso à justiça, que é um direito humano fundamental. Ao se falar em acesso a justiça, somos levados a pensar, primeiramente, em acesso aos órgãos judiciários, mas a ideia deve nos levar além, em acesso a uma ordem de valores e direitos fundamentais ao homem.
O acesso à justiça é direito essencial ao completo exercício da cidadania. Mais que o acesso ao judiciário, o acesso à justiça alcança também o acesso a aconselhamento jurídico, consultoria, enfim, justiça social. Quando um direito é violado, o indivíduo procura auxílio no poder judiciário para reivindicar seu cumprimento das leis e garantir a realização de tratamento justo, garantido por lei.
Para que o direito realize a justiça, é absolutamente necessário o conhecimento dos direitos por parte dos cidadãos e a existência de meios necessários para que tais direitos sejam exercidos e reconhecidos. O Estado desempenha um papel importante nesse processo, pois é responsável pela facilitação do acesso ao ordenamento jurídico sem discriminação de qualquer tipo.
8. LEGITIMAÇÃO DO PODER
Legitimidade deriva de legítimo, que por sua vez se origina do latim, legitime (legitimus, a, um), que significa, segundo as leis, licitamente. A legitimidade é decorrente do sentimento expresso por uma comunidade de que determinada conduta é justa, correta. Daí dizer-se que esta implica sempre reconhecimento.
O poder só é estável quando passa a ser reconhecido por aqueles sobre quem ele se exerce. De maneira geral todo poder busca legitimar-se, predispondo à obediência e tornando-se aceitável.
Para o sociólogo e jurista alemão, Max Weber, o poder tem que ser reconhecido e aceito pelos súditos para ser um poder estável. Se o poder for reconhecido e aceito pela sociedade, o poder se torna legítimo.
No artigo escrito por Amarildo Ferreira, intitulado “Max Weber e os três tipos puros de dominação legítima”, o autor explica que:
Muitos autores, dentre eles o próprio Weber, a consideram como uma probabilidade de exercer Poder, pois, para tanto, não basta a si somente os motivos citados anteriormente, mas, numa relação entre dominador e dominados, também um apoio em "bases jurídicas", onde surge a Legitimação, ou seja, aquilo que vai possibilitar a crença dos dominados de que a Dominação é legítima, sendo, portanto, fundamental ao seu exercício. Assim, Autoridade é o estado que permite o uso de certo Poder, mas que, paratanto, necessita de preceitos que, segundo Weber, estão ligados - em seu estado ideal - a uma estrutura social e a um meio administrativo diferente para cada um dos três tipos para ser legitimada.
Quando nos referimos à legitimidade se quer chegar à ideia de obrigação política de obediência, por meio da qual as pessoas aceitam e justificam um poder político. Um poder só pode ser considerado legítimo se quem o detém o exerce a justo título, ou seja, se foi derivado de leis e normas, dentro da legalidade.
A legitimidade consiste na crença de que quem manda possui boas razões para isso e, portanto, gera na sociedade a convicção do dever moral de obediência, enquanto se respeitem as bases que a fundamentam.
Nas sociedades modernas, o poder só terá legitimidade se tiver legalidade nele. A legitimidade refere-se à obrigação política de obediência, pela qual as pessoas aceitam e justificam um poder político Em um Estado democrático quem dá legitimidade ao poder é a Constituição de cada Estado.
9. INTEGRAÇÃO SOCIAL
A integração social está diretamente associada com a ideia de ordem, de controle social. O conflito acaba por gerar o litígio e consequentemente quebra o equilíbrio e a paz social. A sociedade necessita de ordem, tranquilidade, equilíbrio, integração em suas relações e por isso, faz tudo para evitar ou prevenir o conflito. O direito assume a função social de prevenir conflitos, o que tende a gerar uma sociedade pacífica e sem a presença de conflitos.
Sociólogos, como Robert Merton e Talcott Parsons, entendem que o Direito tem como função mitigar os elementos potenciais de conflito. Nesse diapasão a professora Luzia Gomes da Silva, no artigo “A Sociologia Jurídica e o Conceito Sociológico do Direito”, explica que
Do ponto de vista do funcionalismo clássico (Parsons) essa função do direito é interpretada estritamente no sentido de resolução do conflito. Isto significa que o direito identifica, organiza e resolve os conflitos que poderiam perturbar o equilíbrio e a ordem social. Se o que caracteriza o sistema social é a coesão social em torno de um determinado número de valores básicos, então o direito tem como missão restabelecer a paz social e o equilíbrio, quando os conflitos de interesse os perturbam. Assim, o conflito existe, mas é sempre produzido sob o controle do sistema jurídico.
Para que a integração social do direito ocorra, o sistema de normas deve possibilitar aos seus destinatários uma obediência a essas normas, mas também o reconhecimento por parte destes destinatários sobre a validade dessas normas.
10. CONFERIR LEGITIMIDADE AOS ATORES SOCIAIS
As normas jurídicas têm o poder de conferir legitimidade à posição social ocupada pelos indivíduos na sociedade. Os indivíduos ocupam as posições sociais (status), que na maioria dos casos o direito já pré-determinou um comportamento para ela.
Conhecer o respectivo papel social que vai desenvolver é uma condição fundamental para a concretização de uma convivência social harmônica.
O indivíduo ao ocupar qualquer posição social, deve conhecer o papel respectivo que deve desempenhar assim ele irá corresponder às expectativas dos demais.
11. FORTALECER O PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO
O processo de socialização é fundamental para a construção da sociedade. É pelo processo de socialização que os indivíduos interagem e se integram por meio da comunicação, ao mesmo tempo em que constroem a sociedade.
O Direito contribui para o fortalecimento da compreensão e entendimento dos valores morais da sociedade. Muitos dos valores morais acabam sendo positivados e tornam-se, desse modo, formalmente descritos. Esse processo de formalização acaba facilitando a compreensão e absorção desses valores pelos membros da sociedade.
Durante toda a sua vida, o indivíduo tem contato com o Direito das mais diversas formas, este acaba formando uma consciência. Trata-se de um elemento subjetivo que consiste na criação de uma consciência da obrigatoriedade da norma, no convencimento íntimo do individuo de que a prática de tais normas é o mais correto, é o adequado, estabelecendo assim um vínculo com a realidade jurídica.
O direito contribui para fortalecer o entendimento dos valores morais da sociedade, por que é por meio dele, que esses valores morais são detalhados e positivados. O direito tem influência educativa, moldando as opiniões e as condutas individuais.
12. INSTITUCIONALIZAR A MUDANÇA SOCIAL
O direito reconhece, direciona e consolida as mudanças da sociedade. As mudanças que ocorrem na sociedade, apesar de levarem algum tempo para serem absorvidas por ela, acabam sendo submetidas ao ordenamento jurídico.
Essas mudanças que ocorrem na sociedade, muitas vezes são fontes de vários conflitos sociais, esses conflitos acabam sendo levados ao poder judiciário para que haja resolução do problema.
Quando o direito reconhece essas mudanças sociais, juntamente com a sociedade, as mudanças que ocorreram ao longo do tempo acabam por se consolidar. Tais mudanças só se legitimam e se positivam com as normas jurídicas.
O Direito, naturalmente, responde à mudança social. Os processos legais refletem os problemas sociais e as insatisfações coletivas. O direito deve acompanhar as mudanças sociais, refletindo as percepções, atitudes, valores, problemas, experiências, tensões e conflitos da sociedade.
13. FUNÇÃO DISTRIBUTIVA
É a função do direito que se torna cada vez mais relevante para a sociedade, pois se refere ao estabelecimento de critérios para a distribuição de vantagens e perdas entre os cidadãos e grupos da sociedade.
Daniel Coutinho da Silveira faz uma breve análise sobre essa importante função:
Qual ou quais as funções do direito? Não é nova a análise que postula para o direito uma função distributiva, conferindo a membros do grupo social recursos econômicos e não-econômicos. Relaciona-se o exemplo do historiador do direito James Williard Hurst, de origem americana. Tal autor já destacava em sua obra o estímulo e apoio que o direito pode conferir, além da possibilidade de alocar recursos.[4] Na verdade identifica que qualquer grupo social é, além de prevenir conflitos e resolvê-los, distribuir recursos disponíveis.
Tais funções identificadas ganham papel ainda mais proeminente no Estado Social. Essa função do direito não foi tradicionalmente reconhecida diante do peso fortíssimo exercido na cultura ocidental em que o Estado e o direito restringir-se-iam a um papel mínimo ante a esperança de auto-regulação da economia e da sociedade. O direito teria o papel de facilitar o estabelecimento das relações privadas, garantir sua continuidade e segurança e impedir a dominação recíproca.
Prova dessa longa tradição jurídica é a permanente relação que se faz entre direito e moral (nunca à economia), pois ambas teriam função de garantir a estabilidade e a segurança das relações inter-individuais. Mesmo definições doutrinárias modernas destacam apenas esse caráter protetivo-repressivo (conjunto de regras de conduta individual, resolução de conflitos, reparação de erros e repressão de atos desviantes).
O Direito procura redistribuir os recursos escassos existentes no meio da sociedade a fim de diminuir as desigualdades no campo social.
A sociedade funciona em condição de competição por recursos escassos, o direito atua no sentido de dividir perdas e ganhos entre os indivíduos, diminuindo ou agravando as desigualdades 
A teoria tridimensional do direito é um arcabouço teórico esboçado pelo jurista e filósofo brasileiro Miguel Reale no trabalho de tese "Fundamentos do Direito" (1940) e elaborado em caráter definitivo em seu livro homônimo de 1968. Em termos gerais, ela prega a interpretação do direito sob três ópticas simultâneas e complementares - a normativa, a fática e a axiológica -, unificando três correntes filosófico-jurídicas até então independentes (a normativista, a sociologista e a moralista, nessa ordem) e se tornando, se não a principal, uma das mais importantes teorias gerais do direito no Brasil e na América Latina.
O trabalho de Reale surgiu,em grande parte, como uma reação às interpretações exclusivistas do direito pelas três principais escolas de pensamento na área, que são:
a normativista, com enfoque no caráter normativo do direito;
a sociologista, com enfoque nos fatos e contextos;
e a moralista, com enfoque nos valores (axiologia) do direito.
Embora essas três correntes não fossem totalmente isoladas, tendo até havido esforços de se as interpretar em conjunto antes de Reale (a exemplo do jurista alemão Gustav Radbruch no início do séc. XX), a visão dominante era de que o direito podia ser analisado com somente um desses três elementos, nascendo aí uma "competição" entre escolas para decidir qual interpretação era a mais eficiente.
Para os normativistas, as leis deveriam ser compreendidas pelo seu valor intrínseco, o que se entende por normativismo. Segundo esta corrente, fatores culturais ou julgamentos de valor têm pouco peso na interpretação do direito, sendo que as leis são uma causa e um fim em si mesmo. Já a escola do sociologismo, acreditando que as leis são um produto de seu tempo e espaço, muda o foco para os fatos do direito, interpretando a legislação segundo sua necessidade (a sociedade precisa de tais leis?) e resultados (tais leis são eficazes? Se sim, como?). Por fim, os moralistas se concentram na ancestral dúvida de se uma lei é ou não justa. Para eles, o valor (axioma) do código legal é mais importante, devendo a lei estar em harmonia com o que aqueles a ela subordinados julgam ser justo ou correto.
Segundo Reale, todas as interpretações são corretas, sendo o erro de cada escola excluir ou diminuir a importância das demais. Para o brasileiro, o fenômeno jurídico acontece simultaneamente nos âmbitos da norma, do fato e do valor, sendo incorreto interpretá-lo com a exclusão de qualquer outro.
Tome-se como exemplo a recente Lei 13.290/2016, vulgo "Lei do Farol Baixo". Como se poderia defendê-la mediante a teoria tridimensional de Reale? Segundo a norma, a lei cumpriu com todos os procedimentos requeridos para sua promulgação e foi aprovada por todas as autoridades competentes em todas as suas etapas de análise. Segundo os fatos, argumenta-se que ela é necessária e eficiente para o aumento da segurança do transporte rodoviário, uma questão que muito concerne a sociedade brasileira. Segundo a valor, a medida é justa por considerar o bem-estar dos motoristas e a proteção do coletivo, fins cuja moralidade é auto-evidente.
Claro, argumentos contrários também podem ser feitos, mas o fundamental é notar que, para a teoria tridimensional do direito, estes devem considerar cada base do tripé norma-fato-valor, não apenas uma ou duas, e ver como elas interagem entre si. Por essa consideração complementar, e não excludente, dos três elementos, a abordagem de Reale é formalmente conhecida como "dialética da complementariedade", gerando maior flexibilidade interpretativa no estudo das leis
Mecanismo de controle social 	
O estudo do Direito deve partir, necessariamente, da constatação de que se trata de um fenômeno SOCIAL. Ou seja, o direito só existe na sociedade.
Dito isso, torna-se um requisito definir a sociedade. Numa disciplina de Introdução ao Direito, essa definição corre o risco de ser classificada de superficial. Não é seu papel problematizar a noção, feito reservado a outra disciplina, a Sociologia.
Porém, mesmo correndo o risco da simplificação exagerada, é importante apresentar uma definição, pois sua falta acarretaria prejuízos maiores para o aluno que busca compreender o direito.
Muitos pensadores concordam que o ser humano é naturalmente dotado da sociabilidade, ou seja, tende a constituir sociedades. O mesmo fenômeno seria observável em outros animais, como as abelhas e as formigas, por exemplo. Mas somente o ser humano é capaz de transformar sua sociedade natural em uma sociedade cultural, modificando-a conforme seus objetivos.
Podemos definir a sociedade como um conjunto de pessoas que se comportam para atingir determinados objetivos. Não existe sociedade com apenas um indivíduo, mas, sim, com vários. Não existe sociedade com apenas um comportamento, mas com um conjunto de comportamentos.
Há de se notar que os comportamentos humanos em sociedade tendem a se pressupor, ou seja, cada comportamento espera outro comportamento de outra pessoa e foi, do mesmo modo, esperado pelos demais. Os comportamentos são marcados, assim, pela previsibilidade.
A razão de as pessoas se comportarem de um modo previsível é justamente o fato de a sociedade buscar a realização de valores. Espera-se que cada comportamento e/ou a soma dos comportamentos permita à sociedade transformar alguns valores desejáveis em realidade, modificando essa realidade. Podemos afirmar, ainda, que a sociedade natural torna-se uma sociedade cultural a partir dessa busca valorativa.
Mas, o que é um valor? O valor é uma qualidade ideal que se pode atribuir às coisas, constatando-se que, caso essas coisas correspondam ao valor almejado, tornar-se-ão satisfatórias. Por exemplo: o respeito é um valor. Quando uma pessoa se relaciona com outra e demonstra respeito nesse relacionamento, seu comportamento será bem visto, pois corresponde a um valor esperado. Do contrário, se a pessoa demonstra desrespeito, seu comportamento não possui a qualidade valorativa que dele se espera, sendo considerado indesejável.
Ora, os seres humanos se reúnem em sociedades culturais e se comportam de um modo previsível porque, precisamente, buscam concretizar nas relações sociais determinados valores. Uma sociedade ideal, por exemplo, seria aquela em que os seres humanos, entre outros valores, concretizariam, em todas as relações com os demais, o valor dignidade da pessoa humana.
Infelizmente, todavia, nem sempre é fácil identificar quais os valores efetivamente concretizados por uma sociedade. Nem sempre esses valores verificados na realidade correspondem aos valores proclamados pela sociedade como almejados. As sociedades capitalistas, por exemplo, pregam buscar a concretização de vários valores mas, na prática, muitas vezes, apenas buscam concretizar um valor, de natureza econômica, chamado valor de troca.
Supondo que se identifiquem os valores efetivamente buscados por determinada sociedade, logo se detecta que existe um risco: as pessoas podem se comportar de um modo que não os realize. A fim de evitar comportamentos indesejáveis ou até de corrigi-los, as sociedades desenvolvem mecanismos de controle social.
Surgem instrumentos que permitem à sociedade padronizar, de antemão, os comportamentos desejáveis, geralmente por meio de regras (normas). Os instrumentos mais comuns são: religião, moral, costumes e direito.
Chegamos, assim, ao direito. Consiste em um instrumento de controle social que se destaca dos demais, pois procura dirigir as condutas de forma a concretizarem determinados valores por meio de um conjunto de normas preciso e bem estruturado, tornando-se um mecanismo que gera maior segurança e certeza para as pessoas.
Recorrendo às normas jurídicas, os membros de uma sociedade sabem exatamente qual o comportamento que devem adotar para a concretização dos valores 
Direito e Moral: Normas Jurídicas e Normas Morais.
 
A relação existente entre Direito e Moral, pode ser tratado de forma a se indicar a experiência moral e a norma moral, sobretudo tem-se em vista o cronológico surgimento das regras de direito relativamente ás regras da moral. A norma moral não é cogente, pois não dispõe de um poder punitivo como o de uma autoridade pública para valer seus mandamentos. A norma moral não é sancionada e nem promulgada, pois essas são características de normas estatais que se regulamentam dentro de um procedimento formal, complexo e rígido.
O Direito pode caminhar juntamente com as regras morais de uma sociedade – direito moral; assim como andar com dissonância com os mesmo – direito imoral. Tais expressões mostram a pertinência ou impertinência do Direito em sua relação à moral.
O Direito imoral apesar de contrariar sentidos axiologicamente nasociedade, é mesmo assim um Direito exigível, que obriga que deva ser cumprido, que submete a sanções em seu descumprimento. Ele é tão válido quanto o Direito moral, que por sua vez é mais desejável, pois possui suas bases no consentimento popular, ou seja, constitui do conjunto de marcos morais de uma sociedade, refletindo anseios e valores cristalizados de modo expressivo e coletivo.
“Pode dizer que o Direito imoral é válido, tanto quanto o Direito moral, sua característica principal está no fato de ser um fenômeno desprovido de sentido, e esse fato nos faz presumir que o Direito se exerce como mero instrumento de poder e autoridade, destituído de legitimidade, de algo que o enobreça, como atividade prudencial, e não como atividade baseada na força. Por sua vez, o Direito moral, além de ser válido, tem algo a mais, que corrobora como prática social, ou seja, possui sentido, encontrando reforço de manutenção, durabilidade, constância e obediência no consentimento popular. A conclusão não é outra senão a de que o Direito instrumentaliza a justiça, e é carente de seu sentido.” (Curso de Filosofia do Direito. Eduardo C. B. Bittar, Guilherme Assis de Almeida.2002, p.438.)
 
Abordando as características do Direito e da Moral, pode-se perceber que o Direito possui características como: a heteronomia, a coercibilidade, a bilateralidade. O Direito é atributivo da conduta humana. Tais características seriam as notas essenciais do Direito, pois as obrigações jurídicas elaboram-se da sociedade para o indivíduo, e não o contrário, porque o descumprimento de comandos jurídicos pode ter como modo a aplicação de sanções, e mesmo o exercício do comando jurídico sob força física, uma vez que o Estado monopoliza a violência. E as relações jurídicas pressupõem de interação de pelo menos dois sujeitos para existir e serem cumpridas. As características da moral são a unilateralidade, incoercibilidade e autonomia, que exatamente significa o oposto das características do Direito.
Segundo Miguel Reale:
 “A qual dessas categorias pertencerá a moral? Podemos dizer que a Moral é o mundo da conduta espontânea, do comportamento que encontra em si próprio a sua razão de existir. O ato moral implica a adesão do espírito ao conteúdo da regra”. (Reale, Lições Preliminares de Direito. 1994, p.44.)
 
Sendo assim, se a moral demanda do sujeito uma atitude, seu estado de espírito, sua intenção e seu convencimento interiores devem estar ligados no mesmo sentido que vetorial das ações exteriores que realiza. E se o Direito demanda do sujeito uma atitude (não matar), conforma-se com a simples não ocorrência do fato considerado criminoso.
Assim, pode-se dizer que a moral se caracteriza por uma série de dados (espontaneidade, consciência, unilateralidade, conduta interior...) e é distinto do que se caracteriza Direito (coercitividade, bilateralidade, heteronomia, atributividade...).
“No tridimensionalismo, por exemplo,o direito é a um só tempo fato, valor e norma, ou seja, nele está imerso o juízo de valor, o costume, a axiologia... não podendo ser concebido como um fenômeno apartado da moral, com ela relaciona-se intensamente.” (Reale, Lições Preliminares de Direito. 1994, p. 57.)
 
Pode-se perceber a tese intensa da intimidade do Direito com a moral quando, na obrigação natural descrita pelo Código Civil nos seguintes termos:
 “Não se pode repetir o que se pagou para solver dívida prescrita, ou cumprir obrigação natural” (art.970 C. Civil).
 
Que se trata de uma obrigação puramente moral, mas não exigível judicialmente, mas que, se solvida, não pode ser motivo de ação judicial (pedido impossível). Tem-se aí absoluta indiferença do Direito por um ato (não pagamento de dívida decorrente de obrigação natural) moralmente recriminável.
O mau proceder moral dos pais, do ponto de vista moral, pode acarretar efeitos jurídicos sobre o pátrio poder, conforme se verifica da leitura deste artigo da legislação civil:
 “Perderá por ato judicial o pátrio poder o pai, ou mãe: I – que castigar imoderadamente o filho; II – que o deixar em abandono; III – que praticar atos contrários à moral e aos bons costumes” (art.395, C. Civil).
 
Após analisarmos os principais aspectos que os caracterizam. Pode-se afirmar que o Direito se alimenta da moral, tem seu surgimento a partir da moral, e convive com a moral, lhe enviando e recebendo novos conceitos e normas. A moral é e deve ser sempre o fim do Direito. A ordem moral pode ser espontânea, informal e não coercitiva, e se distingue da ordem jurídica. Porém ambas não se distanciam, mas sim se complementam na orientação do comportamento humano.
 
Teoria do Mínimo Ético versus Miguel Reale
 
A teoria do mínimo ético, exposta por Jeremias Bentham e aperfeiçoada por Georg Jellinek, consiste em dizer que o Direito possui o mínimo de Moral declarado obrigatório para que a sociedade possa viver harmoniosamente. Como nem todos querem ou podem realizar as obrigações morais, é indispensável armar de certos preceitos éticos para que a sociedade não se afunde.
A Moral como se sabe, é cumprida de maneira espontânea, mas como as violações são inevitáveis, é indispensável que se impeça a transgressão dos dispositivos que a comunidade considerar indispensável à paz social.
Desta forma, o Direito não é diverso da Moral, mas sim uma parte dela.
Alguns doutrinadores, como o Miguel Reale, se contrapõe à tal teoria, e afirma que:
“Entre o Direito e a Moral existem fatos que estão inseridos em normas de Direito, mas que não necessariamente inserem-se no campo da Moral como, por exemplo, uma norma de trânsito que determina como mão correta a da direita e que, se modificada, não traria nenhuma conseqüência em relação à Moral.” Preliminares de Direito. (Reale, Lições to. 2006 p.46.)
 
Tem-se como exemplo também um artigo do Código de Processo Civil:
“Segundo o qual o réu, citado para a ação, deve oferecer a sua contrariedade no prazo de 15 dias. E por que não de 10, de 20, ou de 30? Se assim fosse, porém, influiria isso na vida moral? Também não. Outro preceito do Código Civil estabelece que os contratos eivados de erro, dolo ou coação, só podem ser anulados dentro do prazo de 4 anos. Porque não no prazo de 5 anos ou de 3 anos e meio? São razões puramente técnicas, de utilidade social, que resolvem muitos problemas de caráter jurídico. Não é exato, portanto, dizer que tudo o que se passa no mundo jurídico seja ditado por motivos de ordem moral.” (Reale, Lições Preliminares de Direito. 2002, p. 43.)
 
Além disso, existem atos juridicamente lícitos que não o são do ponto de vista da moral. Na verdade, há requisitos no Direito que não são de ordem moral.
Para Reale a teoria do mínimo ético pode ser ilustrada através de dois círculos concêntricos, sendo o círculo maior da Moral e o círculo menor do Direito, sendo ele envolvido pelo da Moral, podendo assim se dizer que:
“Tudo que é jurídico é moral, mas nem tudo que é moral é jurídico.”
TEORIA DOS CIRCULOS E DO MÍNIMO ÉTICO.
Círculos Concêntricos
Betham diz que o direito esta contido na moral.
Segundo Lucas Paoly essa teoria de assemelha a um ovo, sendo a clara a moral e a gema o direito.
Círculos Secantes
Du Pasquer afirma que existe uma intercessão entre direito e moral porem existem casos que são Direitos e que não são parte da moral e aspectos morais que não estão normatizados.
Círculos Independentes
Hans Kelsen, criador da ‘Teoria Pura do Direito’ diz que Direito é o que está normatizado e Moral são os atos que são praticados de acordo com princípios éticos, ainda que haja aspectos morais que sejam normatizados, Direito é Direito e Moral é Moral.

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