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Os Regimes de bens do casamento

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UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA
QUÉSIA JOYCE GARCIA MELLO
OS REGIMES DE BENS DO CASAMENTO PREVISTO PELO CÓDIGO CIVIL DE 2002
São Paulo
2017
Quésia Joyce Garcia Mello RA: B648EC-3
OS REGIMES DE BENS DO CASAMENTO PREVISTO PELO CÓDIGO CIVIL DE 2002
Trabalho da disciplina Direito de Família apresentado a 
Universidade Paulista, como parte dos
 Requisitos necessários a obtenção de Graduação em 
Direito, orientado pela prof. Pedro Paulo Vargas.
INTRODUÇÃO
De acordo com o doutrinador Carlos Roberto Gonçalves o regime de bens é o conjunto de normas que regulamenta as relações econômicas entre os cônjuges, no decorrer do casamento. Existem três princípios básicos, são eles: imutabilidade, variedade de regimes e livre estipulação.[1: Gonçalves, Carlos Roberto. Direito de Família. ed 11. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 379]
A imutabilidade, ou irrevogabilidade, é por duas razões simples: garantir o interesse do cônjuge e de terceiros, ou seja, o princípio evita que um dos cônjuges abuse de sua posição para obter proveito em seu benefício. O interesse de terceiros fica também preservado contra modificações do regime de bens, que possam ser prejudiciais. A imutabilidade não é absoluta conforme o artigo 1.639, § 2º, do Código Civil, o qual autoriza a modificação do regime ao dispor que “é admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiro.” Importante ressaltar que a motivação não pode ser iniciativa por apenas um dos cônjuges, isto é, o artigo diz tem que ter a iniciativa de ambos para o processo litigioso.[2: Código Civil, 16ª ed. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 267]
A variedade de regimes concede no instante que a lei coloca à disposição dos nubentes, quatro regimes de bens, que estão estabelecidos no Código Civil, são estes: comunhão parcial, comunhão universal, separação convencional ou legal e participação final nos aquestos. Sendo que o regime de participação final nos aquestos entrou em vigor no Código Civil de 2002 e os restantes já estavam previstos no diploma de 1916.
Por fim, o princípio de livre e estipulação pode ser extraído do artigo 1.639 do Código Civil que “é ilícito aos nubentes, antes de celebrar o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprouver”, ou seja, os nubentes estão livres para estipular o que os agradarem sobre seus bens. De acordo com o parágrafo único do artigo 1.640 do Código Civil, estabelece que os nubentes também possam optar por qualquer um dos regimes no processo de habilitação. Quanto à forma o parágrafo único também diz “reduzir-se-á a termo a opção pela comunhão parcial, fazendo-se o pacto antenupcial por escritura pública, nas demais escolhas”.[3: Código Civil, 2016, p. 266. loc. cit.][4: Código Civil, 2016, p. 267. op. cit.]
Com a expressa fixação do regime de bens por lei a exceção neste princípio, como por exemplo, o artigo 1.641 do CC. Diz que “é obrigatório o regime da separação de bens no casamento: I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento; II - da pessoa maior de setenta anos; III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial".[5: Código Civil, 2016, p. 266. loc. cit.]
Este princípio também não é absoluto, conforme o artigo 1.655 do CC, “é nula a convenção ou cláusula dela que contravenha disposição absoluta de lei". Desta forma, qualquer cláusula que não obriga os cônjuges das obrigações conjugais, não será válida. Se os nubentes não optarem por um regime de bens específico ou o regime sendo inválido ou nulo, será adotado o regime comunhão parcial.[6: Código Civil, 2016, p. 268. loc. cit.]
ADMINISTRAÇÃO E DISPONIBILIDADE DOS BENS
	O artigo 1.642, inciso I, do Código Civil regulamenta que "qualquer que seja o regime de bens, tanto o marido quanto a mulher podem livremente: praticar todos os atos de disposição e de administração necessários ao desempenho de sua profissão, com as limitações estabelecidas no inciso I do art. 1.647". Os incisos do artigo 1.647 do CC, define os cônjuges podem, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: "I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis; II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos; III - prestar fiança ou aval; IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meação".[7: Código Civil, 2016. p. 267. op. cit.][8: Código Civil, 2016. p. 267. op. cit.]
	De acordo com o artigo 1.642, inciso V, do CC, ambos podem livremente “reivindicar os bens comuns, móveis ou imóveis, doados ou transferidos pelo outro cônjuge ao concubino, desde que provado que os bens não foram adquiridos pelo esforço comum destes, se o casal estiver separado de fato por mais de cinco anos". Sendo que compete ao cônjuge prejudicado e aos seus herdeiros requerer pelo dano causado nas hipóteses do artigo 1.642, III, IV e V, do CC.[9: Código Civil, 2016. p. 267. op. cit.]
	E conforme os artigos 1.649 e 1. 650 do CC "a falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária (art. 1.647), tornará anulável o ato praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois de terminada a sociedade conjugal" e "a decretação de invalidade dos atos praticados sem outorga, sem consentimento, ou sem suprimento do juiz, só poderá ser demandada pelo cônjuge a quem cabia concedê-la, ou por seus herdeiros".[10: Código Civil, 2016. p. 267. op. cit.]
PACTO ANTENUPCIAL
	A apuração do regime de bens é efetuada no pacto antenupcial. Se este não for realizado, ou for nulo ou ineficaz, a lei vigorará o regime comunhão parcial, sendo assim, chamado também de regime legal ou supletivo.
	O artigo 1.640 do CC, diz que “não havendo convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial".[11: Código Civil, 2016. p. 267. op. cit.]
	De acordo com o Carlos Roberto Gonçalves "pacto antenupcial é um contrato solene e condicional, por meio do qual os nubentes dispõem sobre o regime de bens que vigorará entre ambos, após o casamento". Solene porque só será considerado se executado por escritura pública e condicional porque sua eficácia depende da realização do casamento.[12: Gonçalves, Carlos Roberto, 2014. p. 397. loc. cit.]
A competência obrigada para promover o pacto antenupcial é a mesma obrigada para celebrar o casamento e os menores necessitam a autorização dos pais para casar e de seu auxílio para estipular o pacto. Se o pacto antenupcial for criado por menor de idade, terá sua eficácia condicionada à permissão de seu representante legal, salvo se o regime obrigatório for o da separação de bens.
	Contra terceiro, o pacto estará considerado válido quando registrado em livro especial do registro de imóveis do domicílio dos cônjuges. Sendo assim, não registrado, só valerá o regime somente entre os nubentes. O regime comunhão parcial será considerado contra terceiros.
	 O artigo 1.656 do CC, diz “no pacto antenupcial, que adotar o regime de participação final nos aquestos, poder-se-á convencionar a livre disposição dos bens imóveis, desde que particulares".[13: Código Civil, 2016. p. 268. loc. cit.]
ESPÉCIES
Comunhão parcial
	Este regime será estabelecido por lei, se os nubentes não definirem regime diverso no pacto antenupcial, ou se o regime adotado for nulo ou ineficaz. A comunhão parcial define que os bens obtidos antes da celebração do casamento não serão considerados bens comuns entre os cônjuges. Desta forma, o regime institui a separação dos bens passados e comunhão quanto aos bens futuros.
	Ocorrem três massas de bens, são eles: os comuns, os do marido e os da esposa. E, assim, estes bens ficam classificados como comunicáveis ou incomunicáveis. No artigo 1.659 e 1.661 do CC está previstos os comuns, queconstituem o patrimônio particular de um dos cônjuges, à medida que os do marido e os da esposa são introduzidos na comunhão.
	Excluem da comunhão são os bens adquiridos por cada cônjuge que possui antes da celebração do casamento e também todo bem adquirido por doação ou sucessão e os sub-rogados em seu lugar, ou seja, os bens contraídos pela alienação dos recebidos a título gratuito. São da essência do tratado regime as suas incomunicáveis. Já mencionado o artigo 1.659 do CC, diz que “excluem-se da comunhão: os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar; os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens particulares; as obrigações anteriores ao casamento; as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal; os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão; os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes".[14: Código Civil, 2016. p. 268. op. cit.]
	Dispõe o artigo 1.664 do CC "os bens da comunhão respondem pelas obrigações contraídas pelo marido ou pela mulher para atender aos encargos da família, às despesas de administração e às decorrentes de imposição legal". Isto é, ambos dos cônjuges são responsáveis pelos débitos provindos na constância do casamento e qualquer um deles compete à administração do patrimônio comum.[15: Código Civil, 2016. p. 268. op. cit.]
	Conforme o artigo 1.571 do CC, este regime será considerado extinto pelo divórcio; pela nulidade; pela morte de um dos cônjuges; ou anulação do casamento.
Jurisprudência:
TJ-RS - Apelação Cível : AC 70056475585 RS[16: Conjunto de páginas acessíveis através da internet.]
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE DIVÓRCIO. CASAMENTO REALIZADO PELO REGIME DA COMUNHÃO PARCIAL DE BENS. ART 1.660, I, DO CCB. PARTILHA. PRINCÍPIO DA COMUNICABILIDADE. BENFEITORIAS REALIZADAS PELO CASAL, DURANTE O MATRIMÔNIO, EM IMÓVEL DE TERCEIRO. POSSIBILIDADE DE DIVISÃO IGUALITÁRIO DOS VALORES RESPECTIVOS, A SEREM APURADOS EM LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA. BENS MÓVEIS ADQUIRIDOS DURANTE O CASAMENTO. AQUISIÇÃO DE VEÍCULO DE FORMA FINANCIADA. CONSTRUÇÃO DE ESTUFAS. HORTALIÇAS CULTIVADAS PELO EX-CASAL, DURANTE O MATRIMONIO. DIVISÃO DOS VALORES OBTIDOS COM A COMERCIALIZAÇÃO.
1. A teor do art. 1.660, I, do CCB., no casamento regido pela comunhão parcial de bens, comunicam-se os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges, 2. Caso concreto em que resta incontroverso nos autos que os litigantes, durante o matrimônio, realizaram benfeitorias no imóvel que serviu de morada para o casal, de propriedade do genitor do varão, sendo possível estabelecer, desde logo, que a virago tem direito à metade dos valores despendidos, os quais devem ser apurados em liquidação de sentença. Precedentes jurisprudências. 3. Comprovado que o casal possuía 04 (quatro) aeromodelos, sendo 01 (um) adquirido antes do matrimônio, cabível a partilha igualitária dos 03 (três) restantes. 4. Ocorrendo a aquisição de automóvel de forma financiada, apenas as prestações quitadas até a separação do casal devem integrar a partilha. Inexistindo prova de que primeira parcela do financiamento foi quitada com valores percebidos pelo varão com a alienação outro veículo de sua exclusiva propriedade, impõe-se a divisão pro rata das duas parcelas quitadas no curso do casamento. 5. Não comprovada a construção de estufas em propriedade de terceiro, impõe-se partilhar, de forma igualitária, unicamente os valores percebidos pelo varão após a separação de fato, mas referentes a hortaliças cultivadas pelos litigantes, durante a sociedade conjugal. RECURSOS PARCIALMENTE PROVIDOS. (Apelação Cível Nº 70056475585, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sandra Brisolara Medeiros, Julgado em 16/04/2014).
 Comunhão universal
	No regime da comunhão universal resta instituído que todos os bens dos cônjuges irão se comunicar após a celebração do casamento, independente de serem atuais ou futuros, e mesmo que adquiridos em nome de um único cônjuge, assim como as dívidas adquiridas antes do casamento. Salvo os bens expressamente excluídos pela lei ou pela vontade dos nubentes, expressa em convenção antenupcial. Por ser considerado um regime convencional, deve ser estipulado em pacto antenupcial.
Jurisprudência:
STJ - AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO: AgRg no Ag 1277577 RS 2010/0023537-6[17: Conjunto de páginas acessíveis através da internet.]
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. DECISÃO EM AGRAVO DEINSTRUMENTO. EXECUÇÃO. TRANSAÇÃO. CONTRATO DE MÚTUO. EMBARGOS DETERCEIRO. CITAÇÃO DO CÔNJUGE. REGIME DE COMUNHÃO UNIVERSAL DE BENS.NÃO NECESSIDADE. DIREITO PESSOAL. LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO.INEXISTÊNCIA. INTIMAÇÃO. SUFICIÊNCIA. DIVERGÊNCIA NÃO DEMONSTRADA.AUSÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA.
1. A admissão do recurso especial pela divergência jurisprudencial reclama exata similitude fática entre os julgados confrontados, oque não ocorreu no caso presente.
2. Em senda de direito pessoal, não há necessidade de citação do cônjuge do executado casado pelo regime de comunhão universal de bens, pois não é litisconsorte passivo necessário na execução nem pode opor obstáculo ao título executivo.
3. Os embargos de terceiro são suficientes à defesa da meação da esposa que não se beneficiou com o produto do contrato de mútuo.
4. Agravo regimental a que se nega provimento.
Acordão
A Quarta Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora. Os Srs. Ministros Antonio Carlos Ferreira, Marco Buzzi, Luis Felipe Salomão (Presidente) e Raul Araújo votaram com a Sra. Ministra Relatora.
 Regime da participação final nos aquestos
	No termo do artigo 1.672 do Código Civil que diz "no regime de participação final nos aquestos, cada cônjuge possui patrimônio próprio, consoante disposto no artigo seguinte, e lhe cabe, à época da dissolução da sociedade conjugal, direito à metade dos bens adquiridos pelo casal, a título oneroso, na constância do casamento". Desta forma, Carlos Roberto Gonçalves define sobre este regime "é misto: durante o casamento aplicam-se todas as regras da separação total e, após sua dissolução, as da comunhão parcial. Nasce da convenção, dependendo, pois, de pacto antenupcial". [18: Código Civil, 2016. p. 268. op. cit.][19: Gonçalves, Carlos Roberto, 2014. p. 415. loc. cit.]
	Os bens que cada cônjuge possuía ao casar serão incluídos no patrimônio próprio, assim como os por ele adquiridos, a qualquer título, desde que na constância do casamento. Cada cônjuge ficará responsável pela administração de seus bens e poderá aliená-los livremente dispor dos móveis, mas para os imóveis um dos cônjuges depende da autorização do outro. Somente após a dissolução do casamento, deverá ser apurados os bens de cada cônjuges, cabe a um deles, ou herdeiros em caso de morte, a metade dos bens adquiridos pelo casal na constância do casamento. E excluir da soma dos patrimônios próprios dos cônjuges: os bens anteriores ao casamento e os que em seu lugar se sub-rogaram; os que sobrevieram a cada cônjuge por sucessão ou liberalidade; e as dívidas relativas a esses bens. 
Em respeito a um princípio de ordem pública, que não pode ser contrariado pela vontade das partes, o direito à meação não é renunciável, cessível ou penhorável na vigência do regime matrimonial. Quando por separação judicial ou divórcio, de acordo com o artigo 1.683 do CC, o montante dos aquestos deverá ser verificado à data em que cessou a convivência, ou seja, não sendo a data da decretação ou homologação judicial. 
Não sendo possível ou sendo inconveniente a divisão de tais bens, admite o artigo 1.684, parágrafo único do CC, que diz "não se podendo realizar a reposição em dinheiro, serão avaliados e, mediante autorização judicial, alienados tantos bens quantos bastarem".Ou seja, será calculado o valor de alguns ou de todos para que o cônjuge não proprietário reponha em dinheiro.[20: Código Civil, 2016. p. 269. loc. cit.]
Por fim, o artigo 1.686 do CC determina que "as dívidas de um dos cônjuges, quando superiores à sua meação, não obrigam ao outro, ou a seus herdeiros".[21: Código Civil, 2016. p. 269. op. cit.]
Jurisprudência:
TJ-SP - Agravo de Instrumento: AI 604880420128260000 SP 0060488-04.2012.8.26.0000[22: Conjunto de páginas acessíveis através da internet.]
Agravo de Instrumento. Inventário e partilha. Insurgência contra determinação judicial, visando formalização da renúncia à herança, através de termo nos autos ou escritura pública. Inteligência da Súmula 377 do Supremo Tribunal Federal que prevê o regime de participação final dos aquestos. Renúncia que depende de ato solene, através de termo nos autos ou escritura pública. Decisão mantida. Recurso não provido.
 Separação de bens (legal ou obrigatória)
	A separação legal ou obrigatória independe do pacto antenupcial. No artigo 1.641 do CC, determina que este regime é obrigatório no casamento:[23: Código Civil, 2016. p. 267. op. cit.]
	I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento; 
	II - da pessoa maior de setenta anos; 
	III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial.
	As causas suspensivas da celebração do casamento estão previstas nos incisos I ao IV do artigo 1.523 do CC, são eles: 
	I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros; [24: Código Civil, 2016. p. 258. loc. cit.]
II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez; 
III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal; 
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas.
Jurisprudência:
STJ - RECURSO ESPECIAL : REsp 1371086 SP 2013/0054984-5[25: Conjunto de páginas acessíveis através da internet.]
RECURSO ESPECIAL. TESTAMENTO. AÇÃO DE REDUÇÃO DE DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS. PROVA. PERÍCIA PARA AVALIAÇÃO DE BENS DOADOS PELO TESTADOR À VIÚVA CASADA PELO REGIME DE SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA DE BENS. LIBERDADE DO JUIZ NA CONDUÇÃO DA PROVA. ALEGAÇÃO DE DESNECESSIDADE DA PERÍCIA AFASTADA. RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO.
1.- Em ação movida por herdeiros necessários visando à redução de disposições testamentárias em prol da viúva, para preservação da legítima (CC, art. 1.789), pode o Juízo, visando à formação do livre convencimento futuro sobre os temas envolvidos, que não podem ser prematuramente decididos, determinar a realização de perícia para verificação dos valores envolvidos no patrimônio, nas doações e no testamento do de cujus, limitando-se a matéria, por ora, ao campo exclusivamente da produção de prova para a análise futura em meio às controvérsia de fundo.
2.- Recurso Especial improvido.
Acordão
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, prosseguindo no julgamento, após o voto-vista da Sra. Ministra Nancy Andrighi, acordam os Ministros da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao recurso especial, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Paulo de Tarso Sanseverino, Ricardo Villas Bôas Cueva (Presidente), Nancy Andrighi (voto-vista) e João Otávio de Noronha votaram com o Sr. Ministro Relator.
 Separação de bens convencional
	No regime de separação convencional cada cônjuge permanece sendo proprietário exclusivo de seus próprios bens, assim como se conserva na integral administração destes, podendo aliená-los e gravá-los de ônus real livremente, seja bem móvel ou imóvel.
Conforme o artigo 1.687 do CC, "estipulada à separação de bens, estes permanecerão sob a administração exclusiva de cada um dos cônjuges, que os poderá livremente alienar ou gravar de ônus real". Por fim, ambos os cônjuges são obrigados a colaborar para as despesas do casal na proporção dos rendimentos de seu trabalho e de seus bens, salvo estipulação em sentido contrário no pacto antenupcial.[26: Código Civil, 2016. p. 269. op. cit.]
Jurisprudência:
STJ - RECURSO ESPECIAL : REsp 1430763 SP 2014/0011346-2 [27: Conjunto de páginas acessíveis através da internet.]
CIVIL. DIREITO DAS SUCESSÕES. CÔNJUGE. HERDEIRO NECESSÁRIO. ART. 1.845 DO CC. REGIME DE SEPARAÇÃO CONVENCIONAL DE BENS. CONCORRÊNCIA COM DESCENDENTE. POSSIBILIDADE. ART. 1.829, I, DO CC.
1. O cônjuge, qualquer que seja o regime de bens adotado pelo casal, é herdeiro necessário (art. 1.845 do Código Civil).
2. No regime de separação convencional de bens, o cônjuge sobrevivente concorre com os descendentes do falecido. A lei afasta a concorrência apenas quanto ao regime da separação legal de bens prevista no art. 1.641 do Código Civil. Interpretação do art. 1.829, I, do Código Civil.
3. Recurso especial desprovido.
Acordão
Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA (1123)
Separação de bens absoluta
No regime de separação absoluta os cônjuges unem suas vidas, mas por meio do pacto antenupcial, haverá separação no patrimônio. Mesmo sendo marido e mulher, cada um continuará sendo o proprietário exclusivo dos bens que vier ser adquiridos e cada um dos cônjuges será o administrador dos bens que lhe pertence, por só interessar a ele.
De acordo com o artigo 1.688 do CC, “ambos os cônjuges são obrigados a contribuir para as despesas do casal na proporção dos rendimentos de seu trabalho e de seus bens, salvo estipulação em contrário no pacto antenupcial.” Podendo no pacto antenupcial determinar a quota de participação.[28: Código Civil, 2016. p. 269. op. cit.]
Jurisprudência:
TJ-DF - Agravo de Instrumento: AGI 20150020144292[29: Conjunto de páginas acessíveis através da internet.]
DIREITO CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. CÔNJUGE SOBREVIVENTE. HABILITAÇÃO EM INVENTÁRIO. NÃO CABIMENTO. CASAMENTO SOB O REGIME DE SEPARAÇÃO ABSOLUTA DE BENS. OCORRÊNCIA. BEM ADQUIRIDO ANTES DO INÍCIO DA RELAÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL QUE ANTECEDEU AO CASAMENTO.
1. Conforme expressamente dispõe o art. 1.829 do Código Civil, o cônjuge casado sob o regime de separação obrigatória de bens foi excluído da ordem sucessória.
2. No caso em exame, a ora agravante foi casada com o de cujus sob o regime da separação obrigatória de bens, razão por que não há como admitir sua habilitação no inventário.
3. Ademais, não há nos autos elementos probantes hábeis a demonstrar que o imóvel tenha sido adquirido na época em que manteve relação de união estável com o falecido.
4. Agravo de Instrumento conhecido e não provido.
Acordão
CONHECER E NEGAR PROVIMENTO, UNÂNIME.
BENS EXCLUÍDOS
Os bens excluídos da comunhão estão previsto no artigo 1.668 do Código Civil, são eles:
I - os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar; [30: Código Civil, 2016. p. 268, loc. cit.]
II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada a condição suspensiva; 
III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos, ou reverterem em proveito comum; 
IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de incomunicabilidade; 
V - os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659.
Os incisos V a VII do artigo 1.659 do CC, são excluídos da comunhão:
V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão; [31: Código Civil, 2016. p. 268. op. cit.]
VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; 
VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.
CONCLUSÃO
Verifica-se que excetuando as hipóteses de obrigatoriedade do regime patrimonial, os nubentes e também conviventes podem livrementeadotar o regime que lhe convier. 
Lembrando que para os regimes de separação convencional, participação final nos aquestos e comunhão universal de bens é necessária à celebração do pacto antenupcial, que como já informado deve ser feito por escritura pública. 
No tocante a possibilidade de mutabilidade do regime de bens, deverá observar os requisitos específicos para a alteração e por tratar-se de inovação legislativa o tema com certeza será objeto de diversas discussões.
Este trabalho não tem a intenção de esgotar o tema, todavia, por tratar-se de assunto presente no dia a dia, destina-se a explicar de forma simples as peculiaridades de cada regime e fornecer subsídios para o aprofundamento deste tema.
BIBLIOGRAFIA 
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito de Família. Volume 6. São Paulo: Editora Atlas, 2006;
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito de Família. Volume 6, 11ª edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2014. 
Código Civil, 16ª ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
Disponível em: <https://tj-rs.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/117154537/apelacao-civel-ac-70056475585-rs?ref=topic_feed> acesso em: 15/05/2017.
Disponível em: <https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/22852618/agravo-regimental-no-agravo-de-instrumento-agrg-no-ag-1277577-rs-2010-0023537-6-stj> acesso em: 15/05/2017.
Disponível em: <https://tj-sp.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/22485189/agravo-de-instrumento-ai-604880420128260000-sp-0060488-0420128260000-tjsp?ref=topic_feed> acesso em: 16/05/2017.
Disponível em: <https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/25102671/recurso-especial-resp-1371086-sp-2013-0054984-5-stj> acesso em: 16/05/2017.
Disponível em: <https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/154837318/recurso-especial-resp-1430763-sp-2014-0011346-2> acesso em: 17/05/2017.
Disponível em: <https://tj-df.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/216594382/agravo-de-instrumento-agi-20150020144292> acesso em: 17/05/2017.

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