Buscar

LINGUÍSTICA ROMANICA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Universidade de São Paulo.
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas.
Departamento de Filologia e Língua Portuguesas.
Disciplina: Introdução ao Estudo da Língua Portuguesa I.
Professora Doutora Marli Quadros Leite.
Avaliação.
Nome: ILSA SILVA LIMA DA CUNHA 
Número USP: 10271197 - Matutino
Responda às questões a seguir apresentadas;
Questão 1.
Comente as seguintes cadeias etimológicas:
Roma (latim) > Romanus (latim) > România (latim) > România (português);
Roma (latim) > Romanus (latim) > romanice (latim) > romance/romanço (português).
RESPOSTA: 
Da palavra roma provém a palavra romanus que significa o povo latinizado em distinção aos povos bárbaros (não-latinizados). Estes povos latinizados foram conceituados assim porque compartilhavam de uma unidade linguística e cultural chamada românia, ou seja, os romanus são os povos que fazem parte da românia antiga. Atualmente, ou segundo os conceitos modernos, România representa a área ocupada por línguas de origem latina, portanto, a representação geográfica da românia atual difere da românia antiga porque o Brasil, com o perdão do anacronismo, por exemplo não era falante de uma variação do proto-romance, ao passo que áreas inclusas na românia antiga antes da tomada por anglo-saxões não falam hoje uma variação do latim.
Seguindo o percurso contrário, o substantivo romance/romanço é derivado do advérbio romanice, o qual provém de romanus, que por fim provém de Roma. Se romanus é o povo latinizado, romanice significa “à maneira romana”, “segundo o costume romano”, ou seja, era a caracterização deste povo latinizado. E romance, à princípio, designa qualquer composição escrita em uma das línguas vulgares. Embora a língua portuguesa, assim como as demais línguas latinas, tenha sua origem no latim vulgar, ela vai buscar, através da literatura, uma aproximação com a língua clássica.
Questão 2.
Quanto a certa comparação entre o latim clássico e o latim vulgar, discorra sobre a relação entre, de um lado, o caráter sintético do clássico (relativamente ao vulgar) e o caráter menos sintético do vulgar (relativamente ao clássico) e, de outro lado, o maior uso das preposições no vulgar. 
RESPOSTA: 
O latim clássico tem caráter sintético porque possui terminações próprias (desinências), que, no fim da palavra, indicam a função sintática. Essas palavras que possuem flexão são os nomes (substantivos, adjetivos e pronomes) e os verbos. Assim, a ordem das palavras não é tão imprescindível como no português, por exemplo, pois a palavra já diz se é um sujeito, um objeto direto etc., dispensando o uso de artigos, pronomes etc. A concisão é outra característica mais estreita ao clássico que ao vulgar; busca-se dizer o maior número de informações com o menor número possível de palavras de uma forma clara.
Do ponto de vista gramatical, o latim vulgar é mais analítico, as relações da palavra com a frase e o contexto dão informações sobre quem é o sujeito, o objeto etc. É analítico na construção da sentença, pois, devido à progressiva perda dos casos, começa a exprimir as funções gramaticais por meio de preposições (complementos indiretos e circunstâncias) e pela ordem das palavras (sujeito e objeto). 
Dentre as variações entre o latim clássico e o vulgar encontrasse a riqueza em concretude e expressividade deste sobre aquele; redução das cinco declinações do latim clássico a três, proveniente da confusão da quinta com a primeira e da quarta com a segunda; e redução dos casos, tendo-se igualado, em todas as declinações, o vocativo com o nominativo; o genitivo, o dativo e o ablativo, já desnecessários pelo uso mais frequente das preposições com o acusativo.
No latim clássico, usava-se um termo sem preposição para indicar o caso ablativo (de comparação); no latim vulgar, adicionou-se a preposição de à oração para esclarecer essa imprecisão. Por exemplos como este, deu-se o caso de considerar o latim vulgar mais preposicionado que o clássico.
Questão 3.
Quanto à dita passagem do latim vulgar para o português, discorra sobre a relação entre, de um lado, a passagem do caráter sintético do latim vulgar (relativamente ao português) para o caráter analítico do português (relativamente ao latim vulgar) e, de outro lado, o aumento do uso das preposições.
RESPOSTA: 
Assim como o latim vulgar em relação ao clássico sofre um processo de análise maior que no analítico, o português em relação ao latim vulgar aumenta o relacionamento entre palavras, orações e partes do texto, marcando estratégias interativas, expressando noções como tempo, aspecto, modo, entre outras.
Com a queda no número de casos, o português brasileiro empregou palavras funcionais de outras classes gramaticais como preposições com vista a suprir esta falta de sentido, configurando-se como elemento necessário para estabelecer determinados conteúdos semânticos, que foram esvaziados. Por exemplo, a subordinação dos termos na frase, estabelecendo tanto a regência nominal, relacionando um substantivo a outro, quanto a regência verbal, subordinando o complemento ao verbo.
Além disso, as preposições, no PB atual, desempenham, no nível sintático, diversas funções em uma oração, como, por exemplo: no acusativo, para indicar o complemento direto de um verbo de ação; no ablativo, modificando ou limitando o significado de verbo; no dativo, para indicar o complemento indireto do verbo; no genitivo, para indicar posse. É evidente a multifuncionalidade atual que desempenham as preposições.
No latim vulgar, como assinala Coutinho (1973: 268), as preposições apresentavam-se de duas formas: as compostas – combinação de duas ou mais preposições – que eram frequentes, e as simples, constituídas por um só vocábulo. Já no português, há também um grande número de locuções prepositivas, que são combinações de substantivos ou advérbios + preposições e, apesar do grande número das preposições portuguesas, a maior parte, ter vindo do latim, o número de preposições no português é maior porque palavras como adjetivos, particípios passados e particípios presentes passaram a ser empregadas como preposições.
Embora o latim vulgar tenha servido de fonte para as preposições portuguesas, ele apresenta menor quantidade de preposições que o português porque este também usou adjetivos, particípios passados e particípios presentes gramaticalizados como preposições
Questão 4.
Observe o seguinte trecho de Ilari (1992: capítulo IV, item 4.1):
“Quanto à relação latim vulgar/vulgarismos, ela não chega propriamente a nos representar uma língua: afinal, uma língua é muito mais do que um catálogo de ‘erros’ (...)” [realces nossos].
Defina o que é que, segundo o trecho, “não chega propriamente a nos representar uma língua”. Se julgar conveniente, reformule a expressão do texto.
RESPOSTA: 
A variedade culta e o latim vulgar conviveram em um mesmo espaço e tempo sociolinguístico, e isto facilitou o estranhamento ou comparação entre elas. Ao contrário do que alguns dizem, o proto-romance - ou latim vulgar -, não é uma variação que surgiu a partir da corrupção do latim clássico, pois existem dados que demonstram sua formação em conjunto com o clássico, prova disto são os arcaísmos encontrados no vulgar cujos correlatos no clássico já haviam sido abandonados há tempos. Outro conceito incorreto é a ideia de que o clássico foi mais fortemente influenciado pelo grego que o vulgar, pois o latim vulgar, muito mais aberto às variações que o conservador aristocrático, sofreu uma influência maior tanto de gregos como de outros povos. Também existe quem classifique o clássico e o vulgar atribuindo a este a modalidade falada e aquele a modalidade, exclusivamente escrita, incorrendo em erro, pois o latim clássico também era falado – com alguma expressividade coloquial aristocrática - e o vulgar também encontrou representação escrita, mesmo em escritos antigos como os de Plauto. Conclui-se, pois, que a relação vulgar/vulgaridade, na verdade, é uma relação social, já que as variações se confundem coma estrutura da pirâmide social, onde aquilo que não é comum aos que estão na estrutura mais elevada é associado à vulgaridade por sua conotação popular, provinciana ou arcaizante. Portanto, não há espaço para defender que se tratam de duas línguas; ambas são a mesma com algumas variações.
Questão 5.
Explique a relação existente entre: contato linguístico > variação linguística > mudança linguística.
RESPOSTA:
 O contato linguístico é um fator externo da língua que explica algumas variações sofridas nela. Ele se classifica em: adstrato, quando uma língua convive ou conviveu com outra língua concorrendo em igualdade de condições, como no bilinguismo; substrato, quando um povo dominado adota a língua do dominador; e superstrato, quando o dominador opta pela adoção da língua do dominado causando o desaparecimento da sua ali. A variação linguística pode se dar também por uma relação vertical (quanto a classificação social dos falantes), geográfica (quando povos mais isolados começam a variar o uso da língua por causa do distanciamento com os demais falantes dessa língua) e ainda de informalidade entre os falantes.
A mudança linguística é o último passo do processo de formação da variação linguística. Embora o sistema seja aberto, não é permitido que os falantes de uma língua, se esquecendo do fator social de unidade, passem a variar desmedidamente a língua, pois em pouco tempo eles não entenderiam uns aos outros. Então, quando uma variação é posta em contato com a língua, a sociedade, a depender da estranheza que este novo uso cause, o invalidará, ou em outros casos o validará resultando numa mudança. Ou seja, nem toda variação resultará em uma mudança, mas toda mudança será precedida pela variação linguística.

Outros materiais