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Tecido nervoso Anatomicamente é dividido em SNC (encéfalo e medula espinhal) e SNP (nervos, gânglios e terminações nervosas). Apresenta dois componentes principais: neurônios (células nervosas com longos prolongamentos) e vários tipos de células da glia ou neuroglia. Surge na terceira semana de gestação com a neurulação. Função: detectar, transmitir, analisar e utilizar as informações geradas pelos estímulos sensoriais e organizar e coordenar, direta ou indiretamente, o funcionamento de quase todas as funções do organismo (função motora, visceral, endócrina...). Junto com sist. Endócrino controla o corpo. É multicelular, com escassa MEC, altamente vascularizado, células não trabalham em hipoxia. Sinapses: contato especializado entre células nervosas (interneural) ou entre células nervosas e eferentes. Pode ser química (mensageiro intermediário é neurotransmissor e pode estimular –abre canais de sódio- ou inibir – fecha canais- impulso nervoso) e elétrica (mensageiro intermediário, principalmente, íons e ocorre nas junções comunicantes- somente estimulatória). Membrana pré-sináptica libera neurotransmissores no espaço/fenda sináptica e membrana pós-sináptica tem receptores para esses neurotransmissores. Neurônios ou células nervosas São responsáveis por receber, transmitir e processar estímulos. Os neurônios tem a capacidade de responder a alterações do meio em que se encontram (estímulos) com modificação do potencial elétrico que existe entre as superfícies internas e externas da membrana celular. As células que possuem essa propriedade são chamadas excitáveis (neurônios, células musculares e de algumas glândulas). A alteração de potencial pode restringir-se ao local do estímulo ou se propagar pela célula, através da membrana (impulso nervoso). São células que têm a capacidade de serem estimuladas por substâncias químicas ou estímulos elétricos geralmente originados em outras células e, por sua vez, gerar um potencial de ação ("impulso nervoso") que é transmitido ao longo da membrana plasmática que recobre seus prolongamentos. Possuem 3 regiões: dendritos (prolongamentos numerosos que recebem os estímulos), corpo celular ou pericário e axônio (prolongamento único que conduz impulso nervoso). Morfologicamente são classificados em: unipolar (possui um corpo celular e um axônio), multipolar (possui vários dendritos e um axônio, maioria dos neurônios), bipolar (possui um dendrito e um axônio) e pseudo-unipolar (apresenta próximo ao corpo celular prolongamento único, que se comporta como dendrito em uma de suas porções e como axônio na outra porção. O estímulo capitado pelos dendritos transita diretamente pelo terminal axônico, sem passar pelo corpo celular). Segundo sua função são divididos em: neurônio motor (controla órgãos efetores, como glândulas endócrinas e exócrinas e fibras musculares), neurônios sensoriais (recebem estímulos sensorias do meio ambiente e do próprio organismo) e interneurônios ou neurônios associativos (estabelecem conexões entre os outros neurônios). Quanto à forma do corpo podem ser: esférico, triangular, piriforme (pera), estrelado, piramidal (triangular). Corpo celular ou pericário: parte do neurônio que contem núcleo e citoplasma envolvente do núcleo. Na maioria, núcleo é esférico, pouco corado, com um nucléolo grande e central. Corpo celular é rico em RER que forma cisternas paralelas e juntamente com os ribossomos recebe o nome de corpúsculos de Nissl, manchas basófilas. Mitocôndrias em quantidade moderada, abundância de citoesqueleto (microtúbulos e neurofilamentos). Possui complexo de Golgi, que é exclusivo do pericário. Dendritos: aumentam superfície celular na altura do corpo celular, são geralmente curtos e bastante ramificados e sua espessura diminui à medida que o dendrito se afasta do corpo celular. Dendroplasma (citoplasma dos dendritos). Axônios: geralmente único, tem espessura constante e somente se ramifica na sua extremidade, local onde pode estabelecer sinapses. Axoplasma (citoplasma dos axônios) é pobre em organelas. Muitas mitocôndrias (energia para transmitir impulso nervoso e para fluxo de moléculas), algumas cisternas do REL e muitos microfilamentos e microtúbulos. Ausência de RER e ribosomos demonstra sua dependêcia da atividade sintética do pericário. Ao conjunto de axônio + célula de revestimento (oligodendrócitos ou células de Schwann) se dá o nome de fibra nervosa. As células que envolvem os axônios podem produzir um material composto de várias moléculas de lipídeos complexos, denominado mielina. As fibras nervosas cujas células de revestimento contêm mielina são chamadas fibras nervosas mielínicas ou mielinizadas, ao contrário das fibras nervosas não-mielinizadas ou amielínicas cujas células de revestimento não contêm mielina. Maioria dos neurônios multipolar, é possível visualizar citoplasma, núcleo, nucléolo e prolongamentos. Células da glia ou células da neuroglia Estas células não têm as propriedades dos neurônios: não são estimuladas por estímulos elétricos ou químicos e não transmitem estímulos ao longo de seus prolongamentos. As células da glia exercem importantes funções na nutrição e trofismo dos neurônios, sustentação do tecido nervoso e uma população especial de células da glia age como macrófagos dentro do tecido nervoso. Células com núcleos bem menores do que os núcleos de neurônios Nas lâminas coradas pelo HE, as células da glia não se destacam bem, aparecendo apenas os seus núcleos. Para estudo morfológico dessas células usa-se impregnação pela prata ou ouro. Calcula-se que haja no SNC 10 células da glia para cada neurônio. Células de Schawnn e oligodendrócitos: Oligodendrócitos produzem bainha de mielina em neurônios do SNC, por meio da emissão de prolongamentos que se envolvem em redor do axônio. As células de Schwann produzem bainha de mielina em neurônios do SNP, elas mesmas enrolam em volta do axônio. A bainha de mielina serve como isolante elétrico para os neurônios. Astrócitos: células de forma estrelada com inúmeros processos irradiando do seu corpo celular. Astrócitos fibrosos: prolongamentos menos numerosos e maiores, encontrados na substância branca. Astrócitos protoplasmáticos: maior número de prolongamentos curtos e ramificados, localizados na substância cinzenta, o corpo celular dos astrócitos protoplasmáticos geralmente fica encoberto pelos seus prolongamentos. Ligam os neurônias aos capilares sanguíneos e à pia-máter (sustentação). Alguns astrócitos fibrosos possuem prolongamentos, chamados de pés vasculares, que transferem moléculas e íons do sangue para neurônios (nutrição). Os astrócitos comunicam-se uns com os outros, formando rede, que permite transmissão de informações para longas distâncias no sistema nervoso. Liberam glicose (podem armazenar glicogênio). Os espaços deixados por neurônios mortos no SNC são preenchidos por astrócitos por meio de hiperlasia (proliferação) e hipertofia (aumento do volume), processo chamado de gliose. Células ependimárias: São células epiteliais colunares que revestem os cavidades do cérebro e o canal central da medula espinhal (neuroglia ependimária de revestimento) e vesículas, que secretam líquor (neuroglia ependimária secretora). Em algumas regiões, estas células são ciliadas, facilitando a movimentação do líquido cefalorraquidiano. Líquor é produzido nos ventrículos e absorvido nas meninges. Microgliócitos: células pequenas e alongadas, com prolongamentos curtos e irregulares, núcleos escuros e alongados. Origina de um monócito (célula que sai do sangue e vai para corrente sanguínea, formando macrófago que se ambientalizou no SNC). Participam da inflamação e reparação do SNC; secretam fatores inflamatórios; remove os restos celulares que surgem nas lesões do SNC e realizam fagocitose. A menor quantidade de prolongamentos é uma maneira de diferenciar oligodendrócitos de astrócitos fibrosos, com os quais têm alguma semelhança.Outra diferença entre os dois tipos de células reside nofato de que a técnica para demonstrar os astrócitos não é a mesma usada para demonstrar os oligodendrócitos. Por esta diferença de técnica, as preparações de astrócitos fibrosos costumam ter um fundo amarelo/dourado e no caso dos oligodendrócitos é azulado/arroxeado. Sistema nervoso central: Quando cortados, cérebro, cerebelo e medula espinhal mostram regiões branca e cinzenta. Essa diferença de cor é devido à distribuição de mielina. Substância branca: tem prolongamentos de neurônios e células da glia, não contem corpos celulares. Possui essa cor devido à mielina, material esbranquiçado, que envolve os axônios. Seus principais constituintes são neurônios mielinizados, oligodendrócitos e outras células da glia. Predomina nas partes mais centrais e nela é possui encontrar ilhas de substância cinzenta (núcleos). Substância cinzenta: é formada por corpos celulares de neurônios, dendritos, porção inicial não mielinizada dos neurônios e células da glia. Predomina na superfície do cérebro e cerebelo ( córtex cerebral e cerebelar) No córtex cerebral, a substância cinzenta está organizada em seis camadas diferenciadas pela forma e tamanho dos neurônios. As células dessas camadas integram informações sensoriais e iniciam respostas voluntárias. O córtex cerebral, formado por substância cinzenta, quando observado em aumento pequeno exibe uma grande quantidade de núcleos, de neurônios e de células da glia. A substância branca tem menor quantidade de núcleos (sâo de células da glia) e exibe claramente um aspecto fibrilar, devido à grande quantidade de axônios que se dispõem organizadamente na substância branca. O cortex cerebelar tem 3 camadas: - Camada molecular: mais externa, ocupada por dendritos das células de Purkinje, por isso possui células mais espaçadas. - Camada central: possui células de Purkinje, que são grandes e bem visíveis. - Camada granulosa: formada por neurônios muito pequenos e organizados de modo compacto. O plexo corióide é uma estrutura existente no encéfalo, responsável pela secreção do líquido céfalo raquidiano ou líquor. Este líquido está presente no interior de cavidades existentes no sistema nervoso central (ex: os ventrículos, o canal central da medula espinhal) e também está presente em torno das estruturas que compõem o sistema nervoso central. O plexo corióide possui muitas pequenas dobras e é revestido por um epitélio cúbico simples o qual é responsável pela produção do líquido. A medula espinhal está localizada no canal vertebral e nela a substância branca localiza-se externamente e a substância cinzenta internamente, na forma de H. No centro da medula há um canal denominado canal central da medula ou canal ependimário, que contém líquido céfalo-raquidiano. A cavidade do canal ependimário se continua com a cavidade de quarto ventrículo. Este canal é um remanescente da cavidade do tubo neural formada durante o período embrionário e é revestida por um epitélio cilíndrico ou cúbico simples ciliado. A subst cinzenta, central, é mais corada por hematoxilina e eosina por causa dos corpos celulares dos neurônios e de células da glia que nela existem e sua coloração cor de rosa resulta da grande quantidade de prolongamentos de neurônios e de células da glia. A substância branca é menos corada principalmente devido à presença de grande número de fibras mielinizadas. A mielina é uma mistura de lipídeos complexos e os lipideos costumam ser dissolvidos durante a preparação de cortes histológicos devido ao uso de etanol e solventes orgânicos (xilol, benzol, toluol). Desta maneira, onde havia mielina existem agora espaços claros. Sistema nervoso periférico O sistema nervoso periférico (SNP) está distribuído e é constituído de nervos e de gânglios nervosos. Os nervos são feixes de fibras nervosas, isto é, de axônios e suas células envoltórias. O número de fibras nervosas de um nervo varia muito, desde algumas dezenas até milhares. Os nervos mais calibrosos são constituídos de vários fascículos, isto é, de vários subconjuntos de fibras. Os nervos podem ser: sensitivos, motores ou mistos. Os axônios presentes nos nervos podem ser de três tipos: 1 - axônios de neurônios multipolares situados na medula espinal, que irão inervar fibras musculares esqueléticas. 2 - axônios sensitivos de neurônios pseudounipolares que trazem informação da periferia para a medula espinhal, dirigindo-se aos gânglios sensitivos. 3 - axônios do sistema nervoso autônomo que se dirigem a um gânglio nervoso do sistema autônomo. No SNC os oligodendrócitos revestem continuadamente os axônios, enquanto que no SNP há um pequeno espaço entre uma célula de Schwann e a seguinte. Este pequeno espaço se denomina nó de Ranvier. Nesses nódulos de Ranvier, ocorre mudança de potencial de membrana (polarização e despolarização), gerando impulso saltatório ( + rápido do que impulso no neurônio amielinizado). Da mesma forma como no SNC, as células envoltoras dos axônios do SNP podem ou não produzir mielina. Desta maneira, existem tanto no SNC como no SNP fibras nervosas mielínicas e amielínicas. Os nervos podem ser constituídos de misturas de fibras mielínicas e amielínicas, do amplo predomínio de um destes tipos ou somente de um dos tipos. Os gânglios nervosos são acúmulos de corpos celulares de neurônios situados fora do sistema nervoso central. Eles funcionam como estações de interligação entre neurônios e estruturas do organismo assim com estações de interligação entre partes do SNC com vários tipos de estruturas e órgãos. O SNP está organizado em dois sistemas: sistema nervoso somático e sistema nervoso autônomo. O sistema nervoso somático controla fundamentalmente a musculatura esquelética, de contração voluntária. Seus neurônios se localizam na medula espinal e seus axônios saem da medula, constituem nervos e inervam diretamente os músculos do corpo. O sistema nervoso autônomo exerce controle de funções involuntárias, ex: secreção de glândulas e contração de musculatura lisa e cardíaca. Seus neurônios também estão na medula espinal, porém em locais diferente dos neurônios do sistema nervoso somático. Diferentemente do sistema somático, os axônios destes neurônios não inervam diretamente músculo ou glândulas. Seus axônios se dirigem inicialmente a gânglios nervosos onde estabelecem sinapses com neurônios existentes nos gânglios. Estes segundos neurônios é que emitem axônios que irão inervar músculo liso e glândulas. Desta maneira, no sistema nervoso autônomo existe sempre uma cadeia de dois neurônios (um na medula e outro fora) que irão inervar as estruturas efetoras, enquanto que no sistema somático o neurônio que está na medula inerva diretamente um músculo. O sistema nervoso autônomo tem duas divisões: sistema nervoso autônomo simpático e sistema nervoso autônomo parasimpático. Uma das grandes diferenças anatômicas entre ambos é a seguinte: os gânglios nervosos do sistema nervoso simpático se distribuem pelas grandes cavidades do corpo, principalmente cavidade torácica e abdominal. Os gânglios do sistema nervoso parasimpático se situam geralmente no interior dos órgãos a serem inervados e por esta razão estes gânglios são também denominados gânglios intramurais. Externamente aos nervos há uma capa de tecido conjuntivo propriamente dito, do tipo denso não modelado, chamada de epineuro. Em nervos calibrosos, formado por muitos fascículos, o epineuro pode avançar para o interior do nervo e envolver cada fascículo. Envolvendo cada feixe de fibras nervosas existe uma camada de tecido conjuntivo denominada perineuro. O perineuro é uma camada bastante compacta de células dispostas em camadas e nele existe barreira hematonervos, que controla o que entra e sai da célula. No interior dos fascículos existe um delicado tecido conjuntivo frouxo que contém capilares sanguíneos denominado endoneuro. O endoneuro envolve cada fibra nervosa, mas frequentemente está em quantidade tão pequ ena que não é percebido nos preparados histológicos.Nervos amielínicos: Geralmente são de pequeno calibre, não tem aquele aspecto rendilhado dos nervos mielínicos (porque não têm mielina) e têm um perineuro bem caracterizado. Os núcleos das células de Schwann são sempre muito evidentes. Uma característica importante dos neurônios ganglionares é a presença em sua volta de pequenas células que recobrem os neurônios. São denominadas células satélites de neurônios oucélulas satélites gliais. A imagem é de um trecho da parede de intestino delgado. Esta parede é formada por quatro camadas, três das quais presentes na imagem. Na camada submucosa há um plexo nervoso (rede formada por neurônios interligados por fibras nervosas) denominado plexo submucoso. Um gânglio deste plexo está apontado na figura superior. As terminações nervosas podem ser: especiais (mais complexos; relacionados com o neuroepitélio fazendo parte dos órgãos especiais dos sentidos) e gerais (distribuído por todo o corpo; mais concentrado na pele. Apresentam estruturas simples e podem ser classificados em livres ou encapsulados). Livres: são os mais freqüentes; não possuem cápsula e são responsáveis pela sensibilidade dolorosa; Encapsuladas: são mais complexas que as livres e apresentam cápsula conjuntiva. Exemplos: corpúsculos de Meissner (detectam tato, pressão e vibração em baixa frequência, são abundantes nas pontas dos dedos, lábios e outras áreas onde sensação de tato é bem desenvolvida); corpúsculos de Ruffini (percepção do calor, localizado na derme); corpúsculo de Krause (frio); corpúsculo de Vater- Paccini (sensível a pressão, mais profundo, tem ampla distribuição; estão associados com a sensibilidade vibratória, pressão e tato); Homúnculo de Penfield: como o cérebro vê a pessoa de acordo com as áreas mais sensíveis (mãos*, língua, lábios-face*-, genitálias). Regeneração dos axônios -Neuroma: acúmulo de tec. nervoso - Neuroma normal: secção de parte da fibra, não ocorre amputação Os prolongamentos dos neurônios podem, dentro de certos limites, sofrer regeneração, desde que o corpo celular não tenha sido destruído. Quando um axônio é cortado acidentalmente, o que ocorre no caso de ferimentos na pele, a região que fica ligada ao corpo celular é chamada coto proximal, e a que fica separada é chamada coto distal. Este último degenera e é fagocitado pelos macrófagos, que limpam a região lesada. Já o coto proximal cresce e se ramifica. Ao mesmo tempo, células que formam a bainha de mielina do coto distal modificam-se e proliferam, originando colunas celulares que servirão de guia para os ramos que estão crescendo a partir do coto proximal. -Cromatólise: núcleo para periferia, corpo aumenta tamanho- 2 semanas -Proliferação céls. Schwann- 3 semanas -Recomposição das fibras, que encontram membro- 3 meses -Neuroma de amputação: Quando o espaço entre o coto proximal e o distal é muito grande ou quando ocorre uma amputação, os ramos do coto proximal crescem desordenadamente, entrelaçam-se e formam uma estrutura muito sensível à dor, chamada neuroma de amputação, com isso, indivíduo sente dor e mantem sensação do membro perdido (dor do membro fantasma).