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Redes de Bibliotecas no Brasil

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PATRÍCIA SOUZA
GISLAYNE CRISTINA
REDES DE BIBLIOTECAS NO BRASIL
HISTÓRICO
BRASÍLIA
2017
INTRODUÇÃO
É de fundamental importância que as ações de cooperação sempre estiveram presentes dentro das bibliotecas, com a aproximação uma das outras, os serviços de empréstimos e fornecimento de documentos entre bibliotecas teve demasiada ênfase.  O grande avanço e a intensificação do uso das tecnologias informacionais e tecnológicas deram-se várias oportunidades na automação de acervos das bibliotecas, criação de bases de dados e outros serviços prestados. Por conta disso as atividades de cooperação foram tomando novos rumos, necessitando de maior formalização para o cumprimento de objetivos derivados e ampliando o compartilhamento de recursos. Portanto, surgiram assim as redes de bibliotecas, que acarretou novas questões tanto na literatura quanto na prática profissional trazendo múltiplas formas de trabalho cooperativo. As cooperativas de bibliotecas são organizações, formalmente constituídas, sem fins lucrativos que prestam serviços de automação, processamento técnico, serviços administrativos, e compra de material bibliográfico e de consumo para um grupo de bibliotecas localizadas na mesma região geográfica. A evolução do trabalho cooperativo no Brasil não se percebe a existência de hierarquia de funções entre as redes de bibliotecas, redes bibliográficas e consórcios. Uma exceção pode ser observada entre duas redes brasileiras coordenadas pelo IBICT, como é o caso do Catálogo Coletivo Nacional de Publicações Seriadas (CCN), que, sendo uma rede para controle bibliográfico, é também instrumento para o funcionamento do Programa de Computação Bibliográfica. Iniciar o funcionamento de uma rede de bibliotecas não é uma tarefa fácil. Ao contrário, uma multiplicidade de aspectos técnicos, tecnológicos, administrativos e culturais deve ser considerada, o que torna o trabalho complexo e demorado. O apoio político das instituições envolvidas, motivação e confiança das equipes nas vantagens do trabalho cooperativo e um planejamento de sucesso, sendo que bibliotecas em geral seguem metodologias de planejamento adotadas por suas instituições que nem sempre são apropriadas às peculiaridades de um projeto dessa natureza. Portanto a solução será, o desenvolvimento de uma rede de bibliotecas incluindo o desenho completo e detalhado de como a rede irá funcionar. Recomenda-se a elaboração de projetos específicos para cada função a ser desempenhada, onde quais serão especificadas as estratégias, os processos e as tarefas a cada função. Se tratando de um trabalho coletivo, é importante que todas as bibliotecas indiquem profissionais com as competências adequadas para especificar as tarefas de cada função. E ainda políticas para orientar cada uma das funções e o estabelecimento dos cronogramas devem ser formuladas pelo grupo de coordenação para orientar os grupos de trabalho. É igualmente importante que o grupo de coordenação prepare relatórios, entre outros, sobre o andamento dos trabalhos, para mantê-la na agenda de interesse desses apoiadores. Nesta fase, é definida também a metodologia para o sistema operacional. Sendo que este é um documento em construção, se necessário, existe uma modificação nas metas e nos objetivos com base nas informações do ambiente e dos resultados do esforço de planejamento.
Conceito de Redes de Bibliotecas
	A rede de informação é uma organização que segura bases de dados em redes. Permitindo empréstimos e intercambio de acervos, processos, revistas, documentos em mídia e entre outros, entre bibliotecas. 
	Há diversas definições do que é rede de bibliotecas. O Sindicato das Mantenedoras do Ensino Superior, SEMESP, descreve:
Interligações de bibliotecas independentes que usam ou constroem uma base de dados comum, vendem e/ou oferecem serviços e produtos, ou têm membros em muitos lugares ou regiões, e desejam programas cooperativos com outras redes. Bibliotecas que se unem para uma determinada finalidade ou para a execução de um determinado serviço.
	A Organização Internacional de Normalização (ISO) define a rede de bibliotecas que trabalham em equipe compartilhando recursos e serviços que resultam em melhorias aos usuários e bibliotecas.
	De acordo com o estudo Redes de Bibliotecas de Valera Orol, Garcia Merelo e Gonzalez Gustian (1988), “o desenvolvimento deste tipo de rede surgiu em resposta a organismos, avanços tecnológicos e do grande volume de documentação, juntamente com o aumento do custo de publicações.” Sendo assim, restabeleceu projetos de cooperação entre bibliotecas. Os autores diferem três componentes que compõe uma rede de bibliotecas. a) Elementos institucionais; b) Elementos técnicos; c) Elementos de governança e gestão. São fatores que desempenham a arquitetura de redes, areias geográficas, tipos de bibliotecas e especialização da rede.
	Com o sentido mais amplo, Cunha e Cavalcanti (2008, p. 309) englobaram as características das redes bibliográficas e redes de informação como: 
Rede bibliotecária é um grupo de bibliotecas, criado formal ou informalmente, que tem por objetivo realizar atividades cooperativas com o objetivo de mostrar o conteúdo de um grande número de bibliotecas ou de um grande número de publicações, principalmente por meio do acesso a bases de dados catalográficos, com emprego de interfaces de catálogos em linha de acesso público.
Também surgiu duas estruturas de cooperação e compartilhamento nos EUA em torno das redes de bibliotecas que são os consórcios e as cooperativas. A US Code of Federal Regulations e o International Coalition of Library Consortia (Icolc) dividem um conceito de melhorar e facilitar o acesso, o serviço e o conteúdo de qualidade aos usuários.
Consórcios conduzem seus negócios para o avanço da pesquisa e aprendizagem, compartilhar riscos, facilitar o acesso à informação, fornecer conteúdo de alta qualidade (recursos eletrônicos), possibilitar o desenvolvimento profissional contínuo, reforçar a liderança da biblioteca como provedora de educação e informação, e moldar o futuro (Icolc).
	Para os autores, (Hant e Potter, 1997; Allen e Hirshon, 1998), constatam que os consórcios criados a partir de 1990 foram desenvolvidos para solucionar problemas como, compartilhamento de acervos de catálogos coletivos, redução dos custos de operações de licenças e direitos de recursos eletrônicos. As cooperativas de bibliotecas são instituições construídas sem fins lucrativos que prestam serviços de processamento técnico, serviço administrativo compra de material bibliográfico e de consumo para bibliotecas localizadas na mesma região geográfica.
Há uma hierarquia nas definições dessas estruturas que funcionam entre as redes. No topo, temos as redes de bibliográficas, que abrange o âmbito nacional que facilita o empréstimo entre bibliotecas e oferecer o serviço de catalogação cooperativa. As cooperativas estão num nível intermediários, elas reúnem várias bibliotecas com assuntos e tipos de um mesmo estado para executarem um procedimento técnico do acervo e enviam os registros. Já os consórcios ajudam o contato entre as bibliotecas com as redes bibliográficas e com as bibliotecas cooperativas, estão no nível mais baixo. No Brasil a evolução da biblioteca cooperativa tem como destaque os esforços de cooperação mais representativos (Krzyzanowski, 2017). 
REDES DE BIBLIOTECAS NO BRASIL
	No Brasil, em 1942 foi criado o Serviço de Intercambio de Catalogação (SIC) pelo Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP), foi umas das primeiras bibliotecas colaborativas no Brasil, com o objetivo de melhorar a qualidade da catalogação numa época que não havia muitos graduados em biblioteconomia no país (Campelo, 2006). 
Em 1954, o Catálogo Coletivo Nacional de Publicações Seriadas (CCN) é uma rede cooperativa disponível nas bibliotecas brasileiras, que reúne em um único Catalogo Nacional disponível publicações seriadas nacionais e estrangeirasdisponível ao publico. Esse Catálogo é coordenado pelo IBICT, tendo a vantagem de intercambio entre bibliotecas participantes, aperfeiçoamento do acervo.
	A partir de 1967 surgiu várias iniciativas governamentais e das bibliotecas que se organizaram em redes de bibliotecas, redes bibliográficas e consórcios, (Krzyzanowski, 2007). Uma das pioneiras foi a Biblioteca Regional de Medicina (BIREME), constituíam-se diversos convênios entre bibliotecas universitárias e centro de documentação que reforçava o acervo na área da saúde, Ela facilita copias de artigos científicos e a vinculação. Hoje, o programa Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em ciência da Saúde, originou a Rede Brasileira de Informação de ciência da Saúde representada pela Biblioteca Virtual em Saúde (BVS).
A Rede Virtual de Bibliotecas (RVBI) é uma rede de poder público do Distrito Federal. Atualmente é composta por 15 bibliotecas de instituições dos três poderes: Judiciários, Legislativo e Executivo. RVBI é gerenciada pela Biblioteca do Senado e é um novo software para gerenciamento de bibliotecas digitais. Suas ações cooperativas são de catalogação e indexação dos documentos; orientar e coordenar a participação das bibliotecas e controlar a qualidade das informações que serão cadastradas no site. Todo seu material registrado está disponível para consulta.
	O Projeto Bibliodata CALCO, com participação da FGV, IBICT e a BN, tem como objetivo possibilitar o intercâmbio de catalogação entre as bibliotecas. De acordo com o autor Krzyzanowski, na década de 80, a crise econômica causou restrições orçamentarias que dificultavam pedidos de novas publicações pelas bibliotecas. 
O programa de Comutação Bibliográfica (COMUT) envolve bibliotecas universitárias e sua especialidade é disponibiliza cópias de acervos, artigos, capítulos de livros, anais de congressos, teses e dissertações. O usuário pegar o material em uma das bibliotecas que faz parte da COMUT. A definição de comutação bibliográfica é definida por Cunha e Cavalcante (2008):
Técnica mediante a qual se distribuem dinamicamente os recursos de comunicação às entidades múltiplas que realizam a comunicação. As mensagens entre essas entidades são divididas em segmentos, chamados pacotes, os quais passam através de uma rede de comunicação para o armazenamento e envio até que alcancem o seu destino. Os pacotes são novamente reunidos formando uma mensagem similar ao original, quando alcançam seu destino.
	O objetivo da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertação (BDTD) é reunir teses e dissertações com informações do Brasil em um único portal. A BDTD, também coordenada pelo IBICT, submete o Catalogo Nacional de Teses e Dissertações, que disponibiliza textos integrados e são acessados através da Networked Digital Library of Theses and Dissertations – NDLTD, que é uma biblioteca de âmbito mundial.
	A necessidade e o papel de uma biblioteca têm no processo de letramento intelectual dos usuários é primordial. O surgimento das redes tem como essencial preservar e disponibilizar conteúdos gratuitamente para os usuários. 
CONCLUSÃO
Portanto o objetivo de criar uma rede  surge do reconhecimento de que os recursos disponíveis na biblioteca não são suficientes para apoiar a instituição no cumprimento de sua missão e objetivos. O crescimento e a sofisticação da demanda, o custo crescente dos materiais e a redução dos orçamentos requerem recursos informacionais, financeiros e de pessoal que vão além das possibilidades individuais de qualquer instituição. A reflexão sobre os benefícios desejados é um dos primeiros passos para a tomada de decisão para criar uma nova rede ou participar de uma rede já existente. 
Não apenas a literatura, mas também os exemplos de redes, como: a Biblioteca virtual em saúde, Rede Brasileira de Bibliotecas da Área de Psicologia, Rede Pergamum, National Network of Libraries of Medicine, 
EPA National Library Network. Relatam que redes de bibliotecas são mecanismos eficazes para o compartilhamento de ideias, competências e serviços. Em época de orçamentos curtos, equipes e demandas crescentes, a formação ou  com participação em redes bibliotecárias, passam a ser uma estratégia privilegiada para trazer inovações e valor agregado para o setor de informação, como um todo e para cada biblioteca,  As tecnologias de informação e comunicação hoje disponíveis com baixo custo trazem novas possibilidades de atuação em rede, não apenas para  esforços e recursos, mas para levar informações organizadas a todos os que dela precisam. Para o cumprimento deste papel social, é importante que as redes bibliotecárias façam de seu espaço, web portais qualificados para divulgação de notícias e documentos de planejamento e funcionamento, ou seja,  tudo o que possa trazer  credibilidade e transparência às suas ações assim como para seu público-alvo e à sociedade em geral. Estes exemplos de redes citados acima  podem servir de exemplos a serem seguidos por conta de seus modelos de governança, funções e benefícios. 
Referências 
KRZYZANOWSKI, R. F. Cooperação em bibliotecas no Brasil: um panorama da década de 50 até nossos dias. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, São Paulo, v. 3, n. 1, p. 1-24, jan./jun. 2007. 
ICOLC – International Coalition of Library Consortia. In: Wikipedia. [s.d.] Disponível em:<https://en.wikipedia.org/wiki/International_Coalition_of_Library_Consortia> Acesso em: 12 maio. 2017.
VALERA OROL, C. et al. Redes de Bibliotecas. Boletín de La Anabad, La Coruña, v. 38, n. 1-2, p. 215-242, 1988. Disponível em: <http://dialnet.unirioja.es/servlet/revista?codigo=210> Acesso em: 19 maio. 2017
RUBENIKI, Fernandes de Lima; CAMPELLO, Bernadete Santos. Redes de bibliotecas escolares no Brasil: estudos de casos em sistemas municipais de ensino. Disponível em: <www.revistas.usp.br/berev/article/view/113284> Acesso em: 26 maio. 2017.
MARCIAL, Viviana Fernandez. INOVAÇÃO EM BIBLIOTECAS. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/livros/livros/170105_biblioteca_do_seculo_21_cap02.pdf>. Acesso em: 01 jun. 2017.
LOPES, Marcos Luiz Pereira. Catalogação Cooperativa em Redes de Informação: Estudo de Caso da Rede Bibliodata. Disponível em: <http://bdm.unb.br/handle/10483/959>
BIREME. Biblioteca Virtual em Saúde. Disponível em: <http://regional.bvsalud.org> Acesso em: 03 jun. 2017.
IBICT. Catálogo Coletivo Nacional. Disponível em: <http://www.ibict.br/informacao-para-ciencia-tecnologia-e-inovacao%20/catalogo-coletivo-nacional-de-publicacoes-seriadas%28ccn%29/sobre-o-ccn>. Acesso em: 03 jun. 2017.
IBICT. Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações. Disponível em: <http://www.ibict.br/Sala-de-Imprensa/noticias/2015/biblioteca-digital-brasileira-de-teses-e-dissertacoes-apresenta-nova-interface> Acesso em: 03 jun. 2017.
IBICT. Programa de Comutação Bibliográfica. Disponível em: <http://www.ibict.br/informacao-para-ciencia-tecnologia-e-inovacao%20/programa-de-comutacao-bibliografica-%28comut%29/apresentacao/?searchterm=comut> Acesso em 04 jun. 2017.
Senado Federal. Histórico RVBI. Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/institucional/biblioteca/sobre-a-biblioteca/missao-historico> Acesso em: 04 jun. 2017.
Senado Federal. Diretrizes para construção do tesauro da Rede Virtual de Bibliotecas – Congresso Nacional – RVBI. Disponível em: <http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/81838>. Acesso em: 06 jun. 2017.
MARCIAL, Viviana Fernandez. INOVAÇÃO EM BIBLIOTECAS. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/livros/livros/170105_biblioteca_do_seculo_21_cap02.pdf>. Acesso em: 11 jun. 2017.

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