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DITADURA E SERVIÇO SOCIAL, JOSÉ PAULO NETTO (ED SERVIÇO SOCIAL III UFRJ DA MAVI PACHECO)

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Por que JPN não refere a ditadura de 64 como ditadura militar?
Pois ele explicita em todo o seu texto que a ditadura possuiu um significado e caráter classista. A ditadura correspondeu a instauração de um regime autocrático burguês. Fora patrocinada e incentivada pela grande burguesia (nacional e estrangeira) para que seus interesses fossem assegurados, já que o cenário era de efervescência política. 
Quais elementos do passado do país foram reforçados pela ditadura?
Há desenvolvimento do capitalismo sem superar elementos pré-capitalistas da estrutura brasileira. Não há rompimento com atraso e configura-se dependente e associado aos interesses capitalistas. Além disso, heteronomia (traço antinacional), que consiste na obediência passiva aos costumes por conformismo ou temor à reprovação da sociedade, exclusão das forças populares dos processos de decisão política, e soluções por alto, que não toca nos pilares do sistema capitalista. O Estado é tido como instância neutra e natural que se situa como espaço privilegiado para trânsito e confronto dos interesses econômico-sociais em enfrentamento.
O que a ditadura trouxe de novidade para o país? 
A problematização da continuidade do padrão de desenvolvimento dependente e associado trazida as vésperas de 1964, fez como que houvesse alterações estruturais no aparato Estatal a partir de um rearranjo político das forças socioeconomicas. O Estado que se configura concretiza o pacto contra-revolucionário para que o esquema de acumulação fosse assegurado, mas readequando-o às novas condições internas e externas. O Estado erguido no pós 64 tem por funcionalidade assegurar a reprodução do desenvolvimento dependente e associado, quando intervém diretamente na economia, o papel de repassador de renda para os monopólios, e politicamente mediando os conflitos setoriais e intersetoriais em benefício estratégico das corporações transnacionais. Ou seja, o Estado é refuncionalizado na fase monopolista do capitalismo.
ED DA XEROX
Era do interesse da autocracia burguesa ruir com aquelas práticas profissionais caracterizadas como pertencentes ao “serviço social tradicional”? Como seria o serviço social mais funcional burguesa?
Não, inclusive até havia um discurso e ação governamental de validação e reforço do seso tradicional. A erosão ocorrida nos anos 60 não fora uma estratégia e nem intenção da autocracia burguesa. Apenas ocorreu pois a “modernização conservadora”
Defina “Serviço Social Tradicional” segundo JPNetto
Pratica empirista, reiterativa, paliativa e burocratizada dos profissionais, parametradas “por uma ética leiberal-burguesa” e cuja teleologia “consiste na correção – desde um ponto de vista claramente funcionalista – de resultados psicossociais considerados negativos ou indesejáveis, sobre o substrato de uma concepção (aberta ou velada) idealista e/ou mecanicista da dinâmica social, sempre pressuposta a ordenação capitalista da vida como um dado factual ineliminável.
Em que níveis as mudanças ocorridas na sociedade e na organização do Estado no período da autocracia burguesa feriram o Seso e explique de forma isso se deu.
Não exclusivamente, mas especialmente em 2 níveis: o da prática profissional e o da formação profissional.
 A primeira ocorre pois o processo de “modernização conservadora” engendrou um mercado nacional de trabalho macroscópico e consolidado. Mercado que é expandido nas décadas de cinquenta e sessenta, é intimamente ligado com a industrialização pesada. O tradicional grande empregador dos assistentes sociais [ESTADO] reformula, a partir de 1966, substancialmente as estruturas onde se inseriam os profissionais, o que alterou conjunto de instituições e aparatos governamentais. Além disso, o mercado nacional é dinamizado por outro polo: medias e grandes empresas. Ou seja, a consolidação do mercado nacional de trabalho não derivou apenas da reorganização do Estado.
A segunda é o novo padrão de exigências para o desempenho profissional a partir deste mercado. A racionalidade burocrático-administrativa com que a “modernização conservadora” rebateu nos espaços institucionais do exercício profissional passou a requisitar do assistente social uma postura “moderna”, no sentido da compatibilização do seu desempenho com as normas, fluxos, rotinas e finalidades dimanantes daquela racionalidade. Com efeito, as referidas condições novas reclamavam uma inteira refunconalização das agencias de formação dos ass. Sociais, apta a romper de vez com o confessionalismo, paroquialismo e provincianismo.
Qual era o cenário do serviço social pre renovação?
Até a primeira metade da década de sessenta o Serviço social brasileiro não apresentava polemicas de relevo, mostrava relativa homogeneidade nas suas projeções profissionais, sinalizava uma formal assepsia de articipação político-partidaria, carecia de uma elaboração teórica significativa e plasmava-se numa categoria profissional onde parecia imperar sem disputas de vulto, uma consensual direção interventiva cívica.
Defina “laicização” segundo o autor
O processo de Laicização foi a base de rompimento com o cenário do serviço social pré-renovação a partir da diferenciação da categoria profissional em todos os seus níveis e a consequente disputa pela hegemonia do processo profissional em todas as suas instâncias
Explique de que forma a autocracia burguesa ao tentar produzir profissionais adequados ao seu projeto profissional acabou criando simultaneamente condições que possibilitaram um acumulo teórico ato a ir no sentido oposto
Ao mesmo tempo que a autocracia criava estratégias de produção de profissionais aptos a atender às suas demandas “modernizadoras” a partir das políticas educacionais e culturais, a inserção profissional no circuito universitário permitiu que pesquisa e investigação questionassem as bases da autocracia burguesa.
Como o autor define a Renovação profissional no serviço social?
Processo global que envolve a profissão como um todo. É definida por um conjunto de características novas que, no marco das constrições da autocracia burguesa, o Serviço Social articulou, à base do rearranjo de suas tradições e da assunção do contributo de tendência do pensamento social contemporâneo, procurando investir-se como instituição de natureza profissional dotada de legitimação prática, através de respostas a demandas sociais e da sua sistematização, e de validação teórica, mediante a remissão às teorias e disciplinas sociais. As modalidades de sua concretização, em decorrência da laicização, configuram perspectivas diversificadas. 
Defina pluralismo profissional segundo o autor
Decorrência da laicização do serviço social, a renovação conta com um pluralismo profissional inédito se comparado ao cenário profissional anterior de homogeneidade de visões e práticas. 
Qual a importância da validação teórica para o processo de renovação?
A validação teórica é importante pois é este elemento que amplifica o processo renovador. O esforço pela validação teórica da profissão permitiu ao serviço social um dado novo em sua historia: credibilização como produtores de conhecimento junto às tradicionais fontes fornecedoras de insumos teóricos. Ou seja, serviço social deixa de ser um mero receptor passivo e acrítico (consumidores) de conhecimentos já produzidos por outras áreas
Segundo o autor, quais são os 4 aspectos mais decisivos para o processo de renovação do serviço social?
Instauração do pluralismo teórico, ideológico e político no marco profissional, deslocando uma solida tradição de monolitismo
Crescente diferenciação das concepções profissionais (natureza, funções, objeto, objetivos e práticas do serviço social), derivada do recurso diversificado a matrizes teórico-metodológicas alternativas, rompendo com a homogeneidade de visões e de práticas
Sintonia da polemica teórico-metodologico profissional com as discussões em curso no conjunto das ciências sociais, inserindo o Serviço Social na interlocução acadêmica e cultural contemporânea como protagonista que tenta cortar com a subalternidade(intelectual) posta por funções meramente executivas
Constituição de segmentos de vanguarda, sobretudo mas não exclusivamente inseridos na vida acadêmica, voltados para a investigação e a pesquisa
Qual a contribuição do Desenvolvimento de Comunidade na erosão do Serviço Social “tradicional” no Brasil?
Destaque três elementos elencados no II Congresso Brasileiro de Assistentes sociais realizado no Rio de Janeiro em 1961 que nos permitem detectar o processo de erosão do Serviço Social Tradicional no cenário brasileiro
Reconhecimento de que a profissão ou se sintoniza com “as solicitações de uma sociedade em mudança e em crescimento” ou se arrisca a ver seu exercício “relegado a um segundo plano”
Necessidade “de aperfeiçoar o aparelhamento conceitual do Serviço social e de elevar o padrão técnico, cientifico e cultural dos profissionais desse campo de atividade
Reivindicação de funções não apenas executivas na programação e implementação de projetos de desenvolvimento
Quais são os detonadores extraprofissionais da crise do Serviço social tradicional? Ela se deu somente no Brasil? Quais são os seus rebatimentos na categoria profissional?
Os detonadores de fundo compreendem o estágio de afobação da dinâmica sociopolítica da vida brasileira, entre 1960/1964, com aprofundamento e a problematização do processo democrático na sociedade e no Estado. Os rebatimentos na categoria profissional são: 
Amadurecimento de setores da categoria profissional, na sua relação com outros protagonistas sociais. Ex: equipes multiprofissionais, grupos de pop politicamente organizados, núcleos administrativos e politicamente organizados
Desgarramento de segmentos da Igreja católica em face do seu conservadoris tradicional
Expansão do movimento estudantil, que faz seu ingresso nas escolas de Seso 
É o referencial próprio da parte significativa das ciências sociais do período, imantada por dimensões criticas nacional-populares
Qual impacto do golpe de abril de 1964 sobre o processo de erosão do serviço social?
Abortou o processo profissional que conduziria à plena erosão das formas “tradicionais” do serviço social e modificou substantivamente o cenário em que vinha se desenrolando. Em um primeiro momento, houve neutralização dos protagonistas sociopolíticos comprometidos com a democratização da sociedade e do Estado
Hegemonia norte americana dos anos 60 – patrocinaram contra revolução preventiva em escala planetária
<Contexto internacional> revolução cubana, aliança para progresso
Fins da contra-revolução preventiva:
1) adequar os padrões de desenvolvimento nacionais e de grupos de países ao novo quadro do inter-relacionamento econômico capitalista
2) golpear e imobilizar os protagonistas sociopolíticos habilitados a resistir a esta reinserção mais subalterna no sist. capitalista;
3) dinamizar em todos os quadrantes as tendências que podiam ser catalisadas contra a revolução e o socialismo
Consequencias da contra-revolução preventiva:
Afirmação de um padrão de desenvolvimento economico associado a subalternalmente aos interesses imperialistas, com uma nova integração, mas dependente, ao sistema capitalista;  
Articulação de estrutunistaras politicas garantidoras da exclusão de protagonistas comprometidos com projetos nacional-populares e democráticos
Discurso oficial zoologicamente anticomunista
Particularidades brasileiras:
Elementos particulares: Ausencia de um ruptura significativa com o estatuto colonial; Arcabouço de atividades economicas basicas internas cujo eixo de gravitação era o mercado externo; Desenvolvimento capitalista atipico com relação à experiencia euro-ocidental → ocasionaram: 1) desenvolvimento capitalista brasileiro operava-se sem eliminar as formas economico-sociais que a experiencia historica tinha demonstrado que lhe eram adversas. EX.: LATIFUNDIOS REFUNCIONALIZADOS E INTEGRADOS À DINAMICA CAPITALISTA; 2) recorrente exclusão das forças populares dos processos de decisão política para que forças comprometidas com classes subalternas nos processos e centros politicos decisórios fossem impedidas ou travadas;  3) Estado brasileiro como vetor de desestruturação das agências da sociedade que expressam os interesses das classes subalternas 
Precedentes socio-politicos à ditadura:
Protagonistas politicos comprometidos com massa do povo, forças democráticas vinculadas ao interesses das classes subalternas mobilizadas ferozmente, emersão de amplas camadas trabalhadoras, urbanas e rurais ao cenário politico
ATENÇÃO: este quadro de efevercencia politica não chegava a por diretamente em xeque a ordem capitalista e nem caracterizava um quadro pré-revolucionário, contudo, se não fosse o golpe, é bastante provavel que originassem um reordenamento político social
Resultado do golpe de 64:
Significado politico economico: expressão da derrota das forças democráticas, nacionais e populares
Significado historico social: derrota de uma alternativa de desenvolvimento economico-social e politico que era virtualmente a reversão do fio condutor da formação social brasileira
IMPORTANTE: Obtiveram o retardamento de uma inflexão política que poderia romper com a heteronomia economica do país e com a exclusão politica de massa do povo. Ou seja, o movimento civico-militar que foi reacionário indubitavelmente, simultaneamente resgatava o que escapava ao controle das classes dominantes e deflagrava uma nova dinamica que forçaria, a medio prazo, a ultrapassagem de seus marcos
Essencia dos dilemas brasileiros no periodo 1961-64: crise da forma da dominação burguesa no Brasil → ocasionada fundamentalmente pela contradição entre padrão de acumulação da industrialização pesada e o emergimento das exigências/demandas democraticas, nacionais e populares.
Conseq.: Erosão consistentemente o lastro hegemonico da dominação burguesa
2 alternativas possiveis aos estratos burgueses: 
Rearranjo para assegurar a continuidade daquele desenvolvimento → burguesia haveria de concorrer com projetos alternativos de direção de sociedade
Novo pacto com capital monopollista internacional → garantia sem alterações substanciais do regime economico capitalista e retirada do problema da hegemonia, a curto prazo.
Caracteristicas do Estado pós-64: antinacional e antidemocrático
AUTOCRACIA BURGUESA E O SERVIÇO SOCIAL
Serviço social tradicional até inicio dos anos 70 → atendia 2 necessidades distintas: 1) preservar os traços mais subalternos do exercicio profissional, de forma a continuar contando com um firme estrato de executores de P.S. localizadas bastante docil 2) contrarrestar projeções profissionais potencialmente conflituosas com os meios e os objetivos que estavam alocados às estruturas orgaanizacional-institucionais em que se inseriam tradicionalmente os assistentes sociais
Reformulação do cenário do Serviço Social devido a reorganização do Estado e às modificações profundas na sociedade que se efetivaram, durante o ciclo autocratico burguês

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