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APOSTILA DIGITAL 3 DE 5 Delegado de Polícia Substituto Polícia Civil GO

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02_Realidade_Etnica.pdf
 
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PC/GO 
Delegado de Polícia Substituto 
 
Formação econômica de Goiás: a mineração no século XVIII, a agropecuária nos séculos XIX e XX, a 
estrada de ferro e a modernização da economia goiana, as transformações econômicas com a construção 
de Goiânia e Brasília, industrialização, infraestrutura e planejamento. ..................................................... 1 
 
Modernização da agricultura e urbanização do território goiano .......................................................... 5 
 
População goiana: povoamento, movimentos migratórios e densidade demográfica. ........................ 13 
 
Economia goiana: industrialização e infraestrutura de transportes e comunicação. ........................... 19 
 
As regiões goianas e as desigualdades regionais. ............................................................................. 25 
 
Aspectos físicos do território goiano: vegetação, hidrografia, clima e relevo. ..................................... 28 
 
Aspectos da história política de Goiás: a independência em Goiás, o coronelismo na República Velha, 
as oligarquias, a Revolução de 1930, a administração política de 1930 até os dias atuais. .................... 39 
 
Aspectos da história social de Goiás: o povoamento branco, os grupos indígenas, a escravidão e a 
cultura negra, os movimentos sociais no campo e a cultura popular. ..................................................... 44 
 
Atualidades econômicas, políticas e sociais do Brasil, especialmente do Estado de Goiás. .............. 56 
 
Candidatos ao Concurso Público, 
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todo o prazo do concurso para auxiliá-lo em suas dúvidas e receber suas sugestões. Muito zelo e técnica 
foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida 
conceitual. Em qualquer situação, solicitamos a comunicação ao nosso serviço de atendimento ao cliente 
para que possamos esclarecê-lo. Entre em contato conosco pelo e-mail: professores @maxieduca.com.br 
 
A linha do tempo da formação de Goiás explica, paulatinamente, a atual situação do Estado e seu 
posicionamento dentro do território brasileiro. Fatos e figuras históricas, famosos e anônimos, que 
construíram um Estado forte, desenvolvido em ciclos de lavoura, gado e mineração, às custas de 
negociações, estratégias e, mesmo da sorte – por vezes – a arraigar uma estrutura consolidada e, hoje, 
moderna e dinâmica. Da distribuição espacial dos povos pré-históricos, passando pelo ouro vilaboense, 
até as marchas de progressos vindas rumo ao oeste, e a criação do Tocantins e de Brasília, Goiás tem, 
sim, muita história para contar. 
A ocupação do território de Goiás teve início há milhares de anos com registros arqueológicos mais 
antigos datados de 11 mil anos atrás. A região de Serranópolis, Caiapônia e Bacia do Paranã reúne a 
maior parte dos sítios arqueológicos distribuídos no Estado, abrigados em rochosos de arenito e quatzito 
e em grutas de maciços calcários. Também há indícios da ocupação pré-histórica nos municípios de 
Uruaçu, em um abrigo de micaxisto, e Niquelândia, cujo grande sítio superficial descoberto por 
pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) guarda abundante material lítico do homem 
Paranaíba. 
 
COLÔNIA 
Após o descobrimento do Brasil pelos portugueses, durante os séculos XVI e XVII, o território goiano 
começou a receber diversas expedições exploratórias. Vindas de São Paulo, as Bandeiras tinham como 
objetivo a captura de índios para o uso como mão de obra escrava na agricultura e minas. Outras 
expedições saíam do Pará, nas chamadas Descidas com vistas à catequese e ao aldeamento dos índios 
da região. Ambas passavam pelo território, mas não criavam vilas permanentes, nem mantinham uma 
população em número estável na região. 
A ocupação, propriamente dita, só se tornou mais efetiva com a descoberta de ouro nessas regiões. 
Na época, havia sido achado ouro em Minas Gerais, próximo a atual cidade de Ouro Preto (1698), e em 
Mato Grosso, próximo a Cuiabá (1718). Como havia uma crença, vinda do período renascentista, que o 
ouro era mais abundante quanto mais próximo ao Equador e no sentido leste-oeste, a busca de ouro no 
“território dos Goyazes”, passou a ser foco de expedições pela região. 
 
Bandeiras 
O território goiano recebeu bandeiras diversas, sendo que a de Francisco Bueno foi a primeira a achar 
ouro na região (1682), mas em pequena quantidade. Essa expedição explorou até as margens do Rio 
Araguaia e junto com Francisco Bueno veio seu filho, Bartolomeu Bueno da Silva, conhecido por 
Anhanguera (Diabo velho). Segundo se registra, Bartolomeu Bueno da Silva teria se interessado sobre o 
ouro que adornava algumas índias de uma tribo, mas não obteve êxito em obter informações sobre a 
procedência desse ouro. Para conseguir a localização, resolveu então ameaçar pôr fogo nas fontes e rios 
da região, utilizando aguardente para convencer aos índios de que poderia realmente executar o feito – 
o que lhe conferiu o apelido. 
Seu filho, também chamado de Bartolomeu Bueno da Silva, 40 anos depois, também tentou retornar 
aos locais onde seu pai havia passado, indo em busca do mito da “Serra dos Martírios”, um lugar 
fantástico onde grandes cristais aflorariam, tendo formas semelhantes a coroas, lanças e cravos, 
referentes à “Paixão de Cristo”. Chegou, então, as regiões próximas ao rio Vermelho, onde achou ouro 
(1722) em maior quantidade do que noutros achados e acabou fixando na região a Vila de Sant'Anna 
(1727), chamada depois Vila Boa de Goyaz. 
Após retornar para São Paulo para apresentar os achados, foi nomeado capitão-mor das “minas das 
terras do povo Goiá”. Entretanto, seu poder foi sendo diminuído à medida que a administração régia se 
Formação econômica de Goiás: a mineração no século XVIII, a 
agropecuária nos séculos XIX e XX, a estrada de ferro e a modernização da 
economia goiana, as transformações econômicas com a construção de 
Goiânia e Brasília, industrialização, infraestrutura e planejamento. 
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organizava na região. Em 1733, perdeu direitos obtidos junto ao rei, sob a alegação de sonegação de 
rendas, vindo a falecer em 1740, pobre e praticamente sem poder. 
Nessa época, as principais regiões ocupadas no período aurífero foram o Centro-Sul (próximo ao 
caminho para São Paulo), o Alto Tocantins e Norte da capitania, até próximo a cidade de Porto Nacional 
(hoje Estado do Tocantins). Grandes áreas como o Sul, o Sudoeste, o Vale do Araguaia e as terras ao 
Norte de Porto Nacional só foram ocupadas mais intensamente no século XIX e XX, com a ampliação da 
pecuária e da agricultura. 
O ouro goiano era principalmente de aluvião (retirado na superfície dos rios, pela peneiragem do 
cascalho), e se tornou escasso depois de 1770. Com o enfraquecimento da extração, a região passou a
viver principalmente da pequena agricultura de subsistência e de alguma pecuária. 
 
As primeiras divisões do Estado 
Durante o período colonial e imperial, as divisas entre províncias eram difíceis de serem definidas com 
exatidão, muitas vezes sendo definidas de forma a serem coincidentes com os limites das paróquias ou 
através de deliberações políticas vindas do poder central. No entanto, no decorrer do processo de 
consolidação do Estado de Goiás, o território sofreu diversas divisões, com três perdas significativas no 
período colonial. 
 
Separação da Capitania de São Paulo 
Durante parte do período colonial o território que hoje é o Estado de Goiás foi administrado pela 
Capitania de São Paulo, na época a maior delas, estendendo-se do Uruguai até o atual estado de 
Rondônia. Seu poder não era tão extenso, ficando distante das populações e, também, dos rendimentos. 
A medida que se achava ouro pelas terras do sertão brasileiro, o governo português buscava 
aproximar-se da região produtora. Isso aconteceu em Goiás depois da descoberta de ouro em 1722. 
Como uma forma de controlar melhor a produção de ouro, evitando o contrabando, responder mais 
rapidamente aos ataques de índios da região e controlar revoltas entre os mineradores, foi criado através 
de alvará régio a Capitania de Goiás, desmembrada de São Paulo em 1744, com a divisão efetivada em 
1748, pela chegada do primeiro governador a Vila Boa de Goyaz, Dom Marcos de Noronha. 
 
Triângulo mineiro 
A região que hoje é chamada de “Triângulo Mineiro” pertenceu à capitania de Goiás desde sua criação 
em 1744 até 1816. Sua incorporação à província de Minas Gerais é resultado de pressões pessoais de 
integrantes de grupos dirigentes da região, sendo que em 1861 a Assembleia Geral foi palco de 
discussões acaloradas entre parlamentares de Minas Gerais, que tentavam ampliar ainda mais a 
incorporação de territórios até o Rio São Marcos e de Goiás. 
 
Leste do Mato Grosso 
Em 1753, começaram as discussões entre a administração da Capitania de Mato Grosso e de Goiás 
para a definição de divisas entre as duas. Nesse período, a divisa entre elas ficou definida a partir do Rio 
das Mortes até o Rio Pardo. Em 1838, o Mato Grosso reiniciou as movimentações de contestação de 
divisa, criando a vila de Sant'Ana do Paranaíba. Apenas em 1864, a Assembleia Geral cria legislação 
para tentar regular o caso. 
Durante a república, com a criação do município de Araguaia (1913) por parte do Mato Grosso e de 
Mineiros por parte de Goiás, o conflito se intensificou. A questão ficou em suspenso até 1975, quando 
uma nova demarcação foi efetuada. Por fim, em 2001, o STF definitivamente demarcou a nascente A do 
Rio Araguaia como ponto de partida das linhas demarcatórias entre os estados. 
 
IMPÉRIO 
A partir de 1780, com o esgotamento das jazidas auríferas, a Capitania de Goiás iniciou um processo 
de ruralização e regressão a uma economia de subsistência, gerando graves problemas financeiros, pela 
ausência de um produto básico rentável. 
Para tentar reverter esta situação, o governo português passou a incentivar e promover a agricultura 
em Goiás, sem grandes resultados, já que havia temor dos agricultores ao pagamento de dízimos; 
desprezo dos mineiros pelo trabalho agrícola, pouco rentável; a ausência de um mercado consumidor; e 
dificuldade de exportação, pela ausência de um sistema viário. 
Com a Independência do Brasil, em 1822, a Capitania de Goiás foi elevada à categoria de província. 
Porém, essa mudança não alterou a realidade socioeconômica de Goiás, que continuava vivendo um 
quadro de pobreza e isolamento. As pequenas mudanças que ocorreram foram apenas de ordem política 
e administrativa. 
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A expansão da pecuária em Goiás, nas três primeiras décadas do século XIX, que alcançou relativo 
êxito, trouxe como consequência o aumento da população. A Província de Goiás recebeu correntes 
migratórias oriundas, principalmente, dos Estados do Pará, Maranhão, Bahia e Minas Gerais. Novas 
cidades surgiram: no sudoeste goiano, Rio Verde, Jataí, Mineiros, Caiapônia (Rio Bonito), Quirinópolis 
(Capelinha), entre outras. No norte (hoje Estado do Tocantins), além do surgimento de novas cidades, as 
que já existiam, como Imperatriz, Palma, São José do Duro, São Domingos, Carolina e Arraias, ganharam 
novo impulso. 
Os presidentes de província e outros cargos de importância política, no entanto, eram de livre escolha 
do poder central e continuavam sendo de nacionalidade portuguesa, o que descontentava os grupos 
locais. Com a abdicação de D. Pedro I, ocorreu em Goiás um movimento nacionalista liderado pelo bispo 
Dom Fernando Ferreira, pelo padre Luiz Bartolomeu Marquez e pelo coronel Felipe Antônio, que recebeu 
o apoio das tropas e conseguiu depor todos os portugueses que ocupavam cargos públicos em Goiás, 
inclusive o presidente da província. 
Nas últimas décadas do século XIX, os grupos locais insatisfeitos fundaram partidos políticos: O 
Liberal, em 1878, e o Conservador, em 1882. Também fundaram jornais para divulgarem suas ideias: 
Tribuna Livre, Publicador Goiano, Jornal do Comércio e Folha de Goyaz. Com isso, representantes 
próprios foram enviados à Câmara Alta, fortalecendo grupos políticos locais e lançando as bases para as 
futuras oligarquias. 
 
A abertura da fronteira agrícola na região Centro-Oeste 
O desenvolvimento agrícola da região Centro-Oeste é intensificado a partir da década de 1930, com o 
objetivo de atender ao mercado consumidor de produtos agrícolas da região Sudeste, assim, o 
desenvolvimento agrícola do Centro-Oeste esteve diretamente ligado ao desenvolvimento industrial do 
país, que se iniciou na região Sudeste nesse período. 
A necessidade de um custo de mão-obra mais barato levou a indústria a pressionar o setor agrícola, 
para que ele elevasse a oferta de bens primários, buscando, consequentemente, uma redução dos preços 
dos produtos agrícolas. Com uma maior oferta de produtos agrícolas, menor seria o custo da força de 
trabalho industrial, sendo que isso seria fundamental para o fortalecimento do setor industrial brasileiro. 
Dessa forma, o processo de industrialização da região Sudeste passou a demandar da agricultura uma 
evolução técnica e produtiva. Com isso, a região Sudeste promoveu uma reestruturação do espaço 
agrário nacional, reorganizando-o de acordo com os interesses do capitalismo industrial que começava 
desenvolver-se no país. 
É nesse contexto que a região Centro-Oeste e, portanto, o estado de Goiás passam a integrar a nova 
dinâmica capitalista do país, como uma região capaz de contribuir, por meio do fornecimento de bens 
primários, para a consolidação do capital industrial. 
A construção de Goiânia, na década de 1930, foi um marco na inserção do estado no processo de 
divisão inter-regional do trabalho e de interiorização do país, sendo considerada um símbolo 
governamental na inserção do Centro-Oeste na dinâmica capitalista nacional. 
Apesar de no período em análise ter ocorrido uma reorientação do padrão de acumulação capitalista 
no país, passando de agropecuário para industrial, o estado de Goiás não acompanha a tendência da 
região Sudeste, pois continuou alicerçado na agropecuária. Assim, a ocupação de novas áreas na 
fronteira e a redução dos custos de produção tornaram-se a base do crescimento da produção 
agropecuária goiana. 
 
Os obstáculos ao processo de integração regional do Centro-Oeste 
As dimensões continentais do Brasil redundavam sempre em impasses para a sua integração 
econômica e geográfica, visto que as grandes distâncias entre os centros regionais dificultavam a 
expansão do capital pelo país, e, como salienta Cunha (2002), a incorporação do interior à economia 
nacional estava calcada num mercado
interno inexpressivo e na precariedade das estruturas de 
transporte, de energia e de comunicações. Tendo em vista esses aspectos, é importante mostrar o papel 
que os meios de transportes e comunicações tiveram frente à integração nacional. 
A ferrovia foi o meio de transporte que iniciou a integração nacional, pois ela contribuiu para estender 
a fronteira agrícola, criando e ligando os pontos de produção agropecuária. 
A construção de ferrovias faz parte da própria gênese do processo de constituição do mercado 
nacional, permitindo a absorção das mercadorias mais elaboradas que vinham dos núcleos urbanos mais 
avançados e viabilizando o escoamento dos bens agropecuários as outras regiões. A melhoria das 
condições do translado das mercadorias induz à maior especialização produtiva de diversas áreas 
geográficas, possibilitando uma crescente complementaridade entre suas estruturas produtivas. Assim, o 
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papel do aperfeiçoamento das comunicações entre diferentes áreas vai desenhando uma divisão inter-
regional do trabalho (BRANDÃO, 1999, p. 51). 
Dessa forma, como em diversas outras regiões do país, o estado de Goiás possuía as características 
necessárias para ser considerado uma nova fronteira agrícola, porém existiam algumas barreiras que 
inibiam a sua inserção no novo processo de acumulação capitalista. Essas barreiras eram as péssimas 
condições de transportes e comunicação. Devido à localização do estado, o alto custo dos transportes 
elevava o valor final dos bens e, ao mesmo tempo, reduzia a competitividade do produto goiano na região 
Sudeste. Para a consolidação do estado como fornecedor de bens primários, seriam necessários meios 
de transportes mais rápidos e eficientes, a fim de obter custos mais baixos e maiores condições de 
comercialização na região Sudeste. 
A Estrada de Ferro Goiás teve suas obras iniciadas na primeira metade do século XX, e, apesar de 
apresentar graves deficiências, como a grande lentidão de suas obras, problemas técnicos, entre outros, 
teve papel relevante. Foi o primeiro meio de transporte que propiciou ao estado de Goiás condições reais 
de escoamento da sua produção para a região Sudeste, embora ainda não atendesse todas as percorriam 
todas as regiões do estado, servindo, inicialmente, às regiões mais ao sul do estado. 
O trem-de-ferro – simbolizado na maria-fumaça – com seu silvo estridente e cauda em aço, emplumada 
em fumaça, serpenteando pelos sertões, despertava Goiás de séculos de isolamento e transformava a 
paisagem regional através de um processo dialético marcado pela destruição/reconstrução do espaço 
(BORGES, 2000, p. 41). 
Além de fazer todo o transporte de produtos destinados à exportação, levava, também, os produtos 
manufaturados do Sudeste para Goiás. 
Assim, a estrada de ferro, mais especificamente, os terminais ferroviários desempenharam a função 
de transformar a vida econômica e social das populações que viviam naqueles locais, pois, aos redores 
dos terminais ferroviários, desenvolveram-se vilas, vilarejos, acompanhados de um dinâmico comércio. 
A Estrada de Ferro de Goiás foi importante para a inserção de Goiás no processo de acumulação de 
capital industrial que estava ocorrendo no país. Porém os problemas financeiros e técnicos, em conjunto 
com a chegada da rede rodoviária federal na região Centro-Oeste, levaram a Estrada de Ferro de Goiás 
a assumir um papel secundário como um meio de transporte. Em última análise, a ferrovia, além de ter 
constituído uma via de transporte estratégica na ocupação do Centro-Oeste, foi um elemento fundamental 
na reorganização do espaço agrário regional e na estruturação da economia goiana. 
Nesse contexto, a malha rodoviária viria complementar a infraestrutura de transportes, necessária à 
plena inserção do estado de Goiás ao mercado nacional. Até a década de 1950, o desenvolvimento das 
rodovias no estado ficava a cargo da iniciativa privada, dos governos estadual e municipal, não 
apresentando grande desenvolvimento, em razão da escassez de recursos para aplicar nessa área. A 
escolha pela expansão da rede rodoviária e não pela expansão e melhorias da rede ferroviária teve como 
pano de fundo o interesse político, pois os governos estaduais distribuíam subsídios ao capital privado. 
Com a construção de Brasília, o contexto foi alterado, passando a ser de interesse federal o 
desenvolvimento da estrutura rodoviária do Centro-Oeste. Com esse objetivo, foram feitos grandes 
investimentos em melhorias e na construção de novas rodovias, visando atender às necessidades da 
nova capital do país e, com isto, consolidar a posição da região como fronteira agrícola e grande 
exportadora de bens primários para a região Sudeste do país. 
A rodovia Belém-Brasília teve, também, papel relevante ao beneficiar as regiões localizadas mais ao 
norte do estado, proporcionando a essas áreas maior integração aos mercados das regiões Norte e Sul 
do país. Mais uma vez, o interesse político foi responsável pela maior vontade governamental em levar o 
projeto ao fim, visto que a emergente indústria automobilística multinacional, que estava sendo implantada 
no país, necessitava de novos mercados consumidores, e a expansão da malha rodoviária era o caminho 
para esse mercado. 
 
A consolidação da fronteira agrícola e a industrialização da agricultura 
A região Centro-Oeste e o estado de Goiás participaram do processo de desenvolvimento do 
capitalismo no campo, como uma nova região de fronteira agrícola e produtora de bens primários com 
um baixo custo. 
O desenvolvimento da produção agropecuária do estado de Goiás, inicialmente, ocorreu de acordo 
com as necessidades do mercado consumidor existente na região Sudeste. A primeira atividade, que veio 
substituir o modelo de subsistência, foi a rizicultura. O arroz era plantado de forma tradicional e as 
condições naturais favoráveis, como o clima e o solo, facilitavam o cultivo. As culturas temporárias foram 
utilizadas basicamente para desbravar a terra e prepará-la para a atividade pastoril, aliado a isso, havia 
pouco crédito destinado ao pequeno produtor, promovendo, assim, a sua expulsão gradativa e um 
processo de concentração fundiária. 
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O processo de desenvolvimento agropecuário goiano acompanhou o estímulo trazido pelos meios de 
transporte. Dessa forma, na década de 1940, a primeira região a incorporar-se à zona de fronteira foi o 
sudeste goiano e, consequentemente, a primeira a estagnar-se e entrar em decadência. 
A expansão da atividade pastoril no estado de Goiás foi assentada no seu relacionamento comercial 
com a região Sudeste, pois as maiores facilidades de transporte que o gado propiciava e também as 
condições naturais, tais como clima e solo favoreceram a especialização do estado nessa atividade 
econômica. Enfim, na década de 1950, o estado de Goiás já estava incorporado ao processo de 
desenvolvimento capitalista, que ocorria em quase todo país, atendendo à demanda da região Sudeste. 
Porém, possuía baixos níveis de produtividade, o que era justificado pelas práticas tradicionais utilizadas 
na agricultura, inclusive no tocante a relações de sociais de trabalho. 
 
A consolidação do capital agroindustrial no Centro-Oeste e no estado de Goiás 
O processo de modernização agrícola no Centro-Oeste e no estado de Goiás trouxe consequências 
perversas, como impactos ambientais, êxodo rural, problemas populacionais nas grandes cidades, 
concentração de renda e, principalmente, a subordinação da agropecuária goiana aos setores antes da 
porteira, ou seja, enquanto o estado se especializava na cultura de commodities e na pecuária, 
aumentava, assim, a sua dependência aos setores a jusante da agricultura, que estavam
instalados na 
região Sudeste. 
Essa subordinação da agricultura, como salienta Estevam (2000), significa que, com o tempo, parte 
substancial dos lucros da produção goiana foi se canalizando para os setores a jusante da agricultura, ou 
seja, para a região Sudeste do país. 
A consolidação desse processo ocorreu na década de 1980, e, ao mesmo tempo, o reconhecimento 
do potencial agroindustrial do Centro-Oeste, sendo que, a região passou a responder por 40% da 
produção nacional de grãos. Porém o aumento da produção não foi correspondido na mesma proporção 
pela implantação de unidades de armazenamento e esmagamento. 
No final da década de 1980, o quadro começa a modificar-se, pois foram implantadas as primeiras 
agroindústrias na região, que tinham como principal objetivo o aumento da competitividade. 
Esses investimentos em nova capacidade produtiva ocorreram basicamente na região de cerrado do 
Centro-Oeste [...] tiveram o objetivo de assegurar o seu acesso privilegiado às fontes de matérias-primas 
(soja) e a mercados regionais de crescente importância (carne de frango) (CASTRO e FONSECA, 1995, 
p. 5). 
 
 
 
Modernização agrícola e o êxodo rural entre 1960 e 2010 no Estado de Goiás1 
 
INTRODUÇÃO 
A ocupação populacional em Goiás foi lenta e diversificada. Sua intensificação ocorreu com a 
descoberta do ouro a partir do século XVII. Com a formação da segunda expedição para desbravar as 
jazidas de ouro do estado, formaram-se alguns núcleos populacionais em torno das lavras auríferas, os 
quais se tornaram aglomerados urbanos. Antes do descobrimento do ouro em Goiás, inexistia modalidade 
produtiva no território que não fosse a dos silvícolas nativos. As pastagens extensivas surgiram 
juntamente com as primeiras minerações. O grande distanciamento, e a decorrente dificuldade de 
abastecimento, fizeram com que lavoura e pecuária coexistissem com a extração metalífera, que, por sua 
vez, servia como amenizadora das crises. 
Com o declínio da mineração, os moradores foram abandonando os núcleos urbanos em direção ao 
campo e ruralizaram a vida social na maior parte do território (PÁDUA, 2008). A lavoura e pecuária 
forneciam a possibilidade de ter um rendimento, e por esse motivo, o aumento da população em Goiás 
provém da exploração agropecuária. A tendência da população foi dirigir-se para as lavouras e produção 
agropastoril sustentada pela qualidade das terras goianas. Esses fatores condicionaram o aumento do 
número de estabelecimentos rurais. 
Goiás, no século XIX, tem como base de organização sócio produtiva, as propriedades rurais, ou seja, 
as fazendas (FERREIRA & MENDES, 2009). A apropriação do espaço goiano foi realizada por uma 
 
1 Conjuntura Econômica Goiana. Março/2016, nº 36 – SEGPLAN. JÚNIOR, Ademir Rodrigues Silva; VALE, Najla Kauara Alves do; WANDER, 
Alcido Elenor. Modernização agrícola e o êxodo rural entre 1960 e 2010 no Estado de Goiás. Disponível em: 
http://www.imb.go.gov.br/pub/conj/conj36/artigo_06.pdf. 
Modernização da agricultura e urbanização do território goiano. 
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ocupação sem maiores ordenações ou formalidades. A interiorização do povoamento se deu na posse de 
terras, o que possibilitou para alguns a ocupação de grandes áreas. 
A Lei de Terras esbarrou na realidade socioeconômica de Goiás. Sua valorização impulsionava o 
interesse pela regularização da propriedade fundiária. Por outro lado, esse processo era caro, e a situação 
irregular possibilitava a incorporação de novas terras, modificando a estrutura agrária de forma 
concentrada com poucas famílias assegurando o controle das terras (MAIA, 2011). 
A ocupação das zonas rurais no interior de Goiás se deu pelo fato dos despossuidores adentrarem no 
sertão na busca de estabelecer sua posse ou agregar-se a uma propriedade. O acréscimo nos valores 
das terras incitou a incorporação de regiões de fronteira, pela especulação de lucros com a valorização 
fundiária. O Estado de Goiás era essencialmente agrário, com população quase totalmente rural, e 
dedicada à agropecuária. 
Anos depois, a passagem dos anos 1930 representou um marco no desenvolvimento econômico 
brasileiro, ocasionando o deslocamento do centro dinâmico da economia e das atividades primárias para 
a indústria. Tal fato eliminou as barreiras do comércio interno propiciando a integração do mercado 
nacional (ESTEVAM,1997). Com a política de integração do governo Vargas, o território Goiano é inserido 
em um projeto que busca articular as regiões produtivas do Estado de Goiás com as Regiões Sudeste e 
Sul. A apropriação do território goiano sucedeu de maneira planejada com funções políticas e econômicas 
bem definidas (OLIVEIRA et al, 2009). As Regiões Sul e Sudeste tiverem um grande aumento em sua 
produção e ampliaram a comercialização com outros estados, que em virtude do crescimento econômico 
buscou ampliar participação no processo político e de integração com estados periféricos (ESTEVAM, 
1997). 
A integração do Estado de Goiás com as Regiões Sul e Sudeste dinamizou as vias de comunicação e 
introduziu meios de transportes mais eficientes como a estrada de ferro. 
Estabeleceu-se, portanto, maior agilidade nas comunicações e na capacidade de transporte 
(OLIVEIRA, 2008). 
A grande corrente migratória emergiu na década de 1940, quando o governo criou projetos que 
promoveram o assentamento de colonos na região do planalto central brasileiro em uma parceria de 
governos federal e estadual. A Colônia Agrícola Nacional de Goiás (CANG) foi a primeira de uma série 
de oito colônias criadas pelo governo federal. A CANG foi inserida em um terreno fértil, ao norte de 
Goiânia, em uma área ainda inexplorada (ESTEVAM, 1997). 
Nas décadas de 1940 e 1950, a imigração para Goiás, avolumou-se substancialmente, e a implantação 
da GANG foi responsável pelo assentamento de significativa parte dos imigrantes, além de fazer 
nascerem as cidades de Ceres e Rialma no vale do rio São Patrício. Em Ceres, na década de 1950, a 
população chegou a 29.522 habitantes, impulsionados pela promessa de terra gratuita garantida pelo 
governo federal. A cidade obteve um acréscimo populacional relativo superior ao do próprio Estado de 
Goiás (ESTEVAM, 1997). A maioria dos imigrantes em Ceres eram mineiros, nortistas e as próprias 
pessoas que residiam no interior de Goiás. As principais culturas desenvolvidas na região foram o arroz, 
milho e feijão, que fizeram a cidade se tornar fornecedor de alimentos no centro-sul de Goiás (ESTEVAM, 
1997). 
Até meados de 1950, a CANG foi responsável por 38,0% do arroz produzido em Goiás, atraindo 
algumas empresas transformadoras de alimentos para sua área de abrangência. Todavia, a partir de 
então, a colônia enfrentou sérios problemas de desarticulação, e o capital mercantil forçou os colonos, 
destituídos de recursos, a se subordinarem aos fornecedores de créditos e comerciantes, principalmente 
de Anápolis, comprometendo o rendimento da colheita (ESTEVAM, 1997). 
A implantação da CANG foi bem sucedida, mesmo que temporariamente, permitindo ao governo 
federal a criação de uma rodovia de acesso ao médio-norte goiano. Essa estrada permitiu a ligação de 
zonas pioneiras com os principais centros urbanos de Goiás (ESTEVAM, 1997). 
Os projetos colonizadores e a marcha de interiorização foram responsáveis por modificações na área 
centro-sul do estado, ocasionando alterações na composição populacional da região. Nas décadas de 
1940 e 1950, o estado tornou-se foco da migração do processo de marcha para o oeste. A implantação 
de indústrias, abertura de estradas, projetos de colonização e o desenvolvimento regional são alguns dos 
fatores que influenciam a distribuição populacional em Goiás (OLIVEIRA et al., 2009). A implantação
da 
ferrovia colaborou para um novo ordenamento econômico, político e social em Goiás, representando uma 
nova divisão inter-regional do trabalho e incorporando a economia goiana no corpo capitalista. A 
modernização e o desenvolvimento do estado eclodiram durante o governo de Pedro Ludovico Teixeira, 
atenuando a partir da década de 60 com a implantação das estatais do governo Mauro Borges. 
(QUEIROZ, 2010). 
A expansão da fronteira agrícola no Centro-Oeste teve início da década de 40 com a “Marcha para o 
Oeste”, e seu principal objetivo era atender a demanda de produtos primários da região sudeste. Goiás 
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. 7 
foi incorporado ao processo produtivo nacional como fornecedor de gêneros alimentícios e matérias-
primas. Essa foi considerada uma frente pioneira em que o estado teve importante papel ao acelerar o 
seu deslocamento sobre os territórios novos, já ocupados pela frente de expansão (BEZERRA & CLEPS 
JÚNIOR, 2004). O crescimento agrícola em Goiás foi direcionado pelas políticas governamentais que 
tinham como objetivo obter uma maior participação nas exportações a partir do aumento da produção de 
commodities. A infraestrutura indispensável aos novos investimentos foi estimulada com os projetos de 
integração nacional ocorridos na década de 50 com a construção de Brasília e de rodovias que 
direcionavam a mobilidade do capital e do trabalho no território brasileiro (MENDONÇA & TOMAZ 
JÚNIOR). 
A partir da década de 1960, surge uma nova forma de ocupação do solo, resultantes das formas 
modernas implantadas na agricultura e pecuária. O processo de modernização da agricultura fomentou 
com a inserção de novas tecnologias, desenvolvimento em pesquisa e na construção de infraestrutura 
como forma de viabilizar os interesses do capital privado nacional (SILVA & MENDES, 2012). O progresso 
tecnológico inserido no campo representou a dominação do capital sobre o trabalho. Avaliando esse 
contexto, o progresso no meio rural deveria melhorar as condições de vida do sertanejo. Essa forma de 
abordar o sertão expressa o controle do capital sobre os trabalhadores. 
O Estado de Goiás tornou-se celeiro agrícola a partir das melhores condições de infraestrutura e da 
ocupação indiscriminada do uso de suas terras. Tal fato reforçou o poderio das elites do poder político e 
econômico do período. A partir dos anos 1970, a concretização das inovações tecnológicas no estado, 
aliado com as políticas governamentais, provoca o êxodo de milhares de trabalhadores do campo que 
foram obrigados a se deslocarem para os centros urbanos. Gonçalves Neto (1997, p. 78), ressalta que: 
A década de 70 assistirá a uma profunda mudança no conteúdo do debate. Impulsionada por uma 
política de créditos facilitados, que se inicia na segunda metade dos anos 60, pelo desenvolvimento 
urbano-industrial daquele momento, que se convencionou chamar de “milagre brasileiro”, a agricultura 
brasileira não apenas respondeu às demandas da economia, como foi profundamente alterada em sua 
base produtiva. O maciço crescimento do uso da tecnologia mecânica, de defensivos e adubos, a 
presença da assistência técnica, o monumental êxodo rural, permite dizer que o Brasil mudou e o campo 
também. 
A consolidação da industrialização da agricultura ocorre a partir dos Complexos Agroindustriais (CAIs). 
Nesse processo, as atividades agropecuárias tornaram-se subordinadas à indústria. Essa modernização 
proporcionou uma diminuição significativa de oferta de trabalho no campo, promovendo a migração 
forçada de milhares de famílias do campo para os grandes centros urbanos. Graziano da Silva (1998) 
ressalta que a modernização da agricultura brasileira foi concentrada e excludente, sendo essas 
particularidades arraigadas pelos atos executados pelo governo. Amstalden (1991, p. 07) analisa a 
modernização da agricultura como: 
...o processo de utilização de técnicas avançadas como adubação química, controle de pragas por 
meios químicos, mecanização e desenvolvimento de novas espécies vegetais e animais etc., mas 
entendemos também o aprofundamento das relações capitalistas no campo. Essas relações capitalistas 
se dão pelo uso de trabalho assalariado, produção para um mercado (e não para autoconsumo) e 
constituição de verdadeiras empresas rurais, que nada têm a ver com antigas propriedades rurais 
familiares. 
O uso de máquinas e implementos é sinalizado como uma mudança para o novo padrão agrícola. Essa 
agricultura que se moderniza foi evidenciada pela internalização da indústria de equipamentos, pelos 
incentivos dos mercados e pela criação de créditos e subsídios. (ABRAMOVAY, 1992). 
Diante das considerações evidenciadas, esse artigo fará uma descrição do volume de êxodo rural nas 
mesorregiões do Estado de Goiás e as decorrências que permearam esse processo. 
 
METODOLOGIA 
As análises foram baseadas em uma pesquisa bibliográfica sobre o histórico de Êxodo rural em Goiás 
e nos aspectos dessa problemática. Lima e Mioto (2007) definem pesquisa bibliográfica como 
procedimento metodológico que consiste em um resgate histórico e qualitativo de informações na busca 
de contextualizar o assunto tratado. Segundo Fortin (2003), a metodologia é “o conjunto de métodos e 
das técnicas que guiam a elaboração do processo de investigação científica”. Para garantir rigor científico, 
a presente pesquisa assegurou seu desenvolvimento em um determinado número de etapas e regras. 
Foram utilizados dados secundários do êxodo rural, entre os períodos de 1960 a 2010, fornecidos pelo 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados foram tabulados através do software 
Microsoft Excel para a representação gráfica da série histórica, cálculo de média e desvio padrão. Assim, 
foi realizada uma análise descritiva buscando observar o comportamento do Êxodo rural ao longo do 
período delimitado em Goiás, nas suas mesorregiões, bem como as causas e consequências. 
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. 8 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
Na década de 70, observa-se que houve uma apropriação acelerada da terra, modernização técnica 
do campo, concentração das propriedades, recursos financeiros e modificação das relações sociais de 
produção, como alterações nas relações de trabalho. Essas reduções da estrutura fundiária levaram a 
uma diminuição da necessidade de mão-de-obra no campo, e consequentemente, a uma mobilidade 
ocupacional e espacial da força de trabalho. Esses anos ficaram marcados pela absorção de excedentes 
populacionais de outras regiões pela agricultura regional e fluxo de trabalhadores agrícolas em direção 
às cidades. A grande questão no que diz respeito às migrações era o êxodo rural que relaciona a 
modernização agrícola com estrutura fundiária (Amaral et al, 2004). Observando tal fato, Caio Prado 
Júnior (1979, p. 20) afirma: 
A parcela da humanidade que vive em função da agropecuária brasileira, nada tem de homogênea, e 
muito pelo contrário, se encontra profundamente diferenciada e classificada em setores largamente 
apartados, que são de um lado, uma pequena minoria de grandes proprietários que não atingem 10% da 
população rural (incluindo famílias, empregados), e do outro lado, a grande maioria dessa população que 
vive em péssimas condições. 
No processo de modernização, priorizaram-se determinadas culturas, e o crédito rural foi tendencioso 
para grandes produtores. Esse destaque é crucial para entender a grande migração de pequenos 
produtores do campo. Delgado (1985) relata que o processo de modernização da agricultura intensifica a 
disparidade entre as regiões e exclui grupos sociais, ou seja, não contribui para diminuir a distância entre 
o grande e o pequeno produtor. 
Em um panorama geral, a população goiana, até a década de 70, era predominantemente
rural. O 
esvaziamento das áreas rurais, como já foi afirmado, ocorreu em função da adoção de formas capitalistas 
de produção na agricultura, da valorização das terras, e da apropriação fundiária. Gonçalves Neto (1997, 
p. 109), afirma que 
É interessante notar que as transformações que ocorrem no agro, a partir da segunda metade dos 
anos 60, fortemente pressionada pela expansão do capital industrial, promovem uma reviravolta das 
violentas transferências de populações para o setor urbano, que é promovido por amplo conjunto de 
fatores, tais como mecanização, a substituição de culturas intensiva em mão-de-obra pela pecuária, o 
fechamento da fronteira, a aplicação da legislação trabalhista no campo, ou simplesmente pelo uso da 
violência, etc., ocorre também uma reformulação na mão-de-obra restante no interior das propriedades, 
com eliminação dos parceiros, agregados, etc., pela disseminação do trabalho assalariado, sobretudo 
nas grandes propriedades, que se modernizam e se transformam em empresas. Restou às pequenas 
propriedades a possibilidade da subordinação ao capital industrial, a marginalização, o esfacelamento ou 
a venda e migração para os centros urbanos. 
A mudança nas relações de trabalho ocasionou diferenciação social no campo, e isso se consolidou 
nos anos 1970 e 1980 em Goiás. Os meeiros e posseiros foram transformados em diaristas, nos grandes 
empreendimentos de terras do cerrado, provocando uma drástica mudança na condição de acesso à terra 
e de assalariamento. Em outras palavras, houve estruturação da fazenda em organização de classes, 
rompendo as tradicionais relações de parcerias. (ESTEVAM, 1997). Com a ploretarização, algumas 
categorias sociais, como agregados e meeiros, tenderam ao desaparecimento, outras se adequaram 
como os vaqueiros, e foi possível perceber o surgimento de tratoristas, diaristas e boias frias, por exemplo. 
Esse processo demonstra que as inovações técnicas e o emprego de capital intensivo mudaram as 
relações de trabalho em Goiás, com a troca da mão-de-obra por volantes, pequenos produtores e 
empregados semiqualificados. (ESTEVAM, 1997) 
No aprofundamento da diferenciação de classes, os novos moldes de acesso à terra, a deterioração 
de laços tradicionais de convivência e a proeminência de relações monetárias fizeram surgir uma nova 
organização socioeconômica regional. As empresas agrícolas e agroindústrias representaram as 
produções avançadas e capitalistas, e os pequenos produtores tiveram que se adaptar em suas novas e 
limitadas possibilidades. Conforme ESTEVAM (p.116) o êxodo rural em Goiás foi muito intenso nessa 
época. 
E uma redistribuição urbano/rural ocorreu, principalmente, em função da adoção de formas capitalistas 
de produção na agricultura, da valorização das terras, da apropriação fundiária especulativa e ainda tendo 
em vista a legislação que instituiu direitos trabalhistas para os antigos colonos, levando fazendeiros a 
preferir “expulsá-los” — por falta de condições econômicas — do que obedecer às normas legais. 
Em outros termos, o crescimento demográfico em Goiás caracterizou-se por um processo de intensa 
urbanização e ostentou acelerada redução do contingente rural. Os maiores adensamentos estiveram no 
Centro-Sul do estado em função, principalmente, das influências de Goiânia-Anápolis, no entorno do 
Distrito Federal e, em menor monta, na zona do Sudoeste goiano (ESTEVAM, 1997). 
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. 9 
Durante o século XIX, o território goiano esteve ligado ao Sudeste brasileiro por uma relação de 
subordinação econômica baseada na agricultura de subsistência, e na pecuária tradicional. A construção 
da estrada de ferro contribuiu com o processo de industrialização. A ferrovia, através da Viação Férrea 
Centro-Oeste, foi o primeiro meio de transporte e comunicação modernos (ESTEVAM, 1997). 
A ferrovia fez surgir cidades goianas como Cumari, Anhanguera, Urutaí, Goiandira, Pires do Rio, 
Vianópolis, Senador Canedo, e reativou outras cidades como Ipameri, Catalão, Silvânia, Orizona, 
Leopoldo de Bulhões, além de destacar o papel da cidade de Anápolis como centro polarizador de todo 
o sul-sudeste de Goiás (QUEIROZ, 2010). 
Evidentemente, essa explosão urbana exigiu diversificação das atividades econômicas para 
acomodação e sustento dos fluxos migratórios. O grau de urbanização refletiu na composição de renda 
interna do Estado de Goiás, com participação indústria, e setor de serviços que se sustentou em virtude 
da acelerada urbanização regional. Outro fator que explicita isso é a estrutura de ocupação e emprego 
da população conforme Tabela 1: 
 
Tabela 1: População economicamente ativa em Goiás 
 
População economicamente ativa Agricultura Indústria Serviços 
1970 60% 8,9% 11,5% 
1980 39,2% 16,5% 18,6% 
 
Fonte: ESTEVAM, 1997. 
 
Houve alteração gradativa em função do setor agrícola em favor do setor industrial e de serviços. Os 
programas, Fomentar nos anos 1980 e 90, e o Produzir, de 2000, possibilitando novos investimentos, e 
os recursos do Fundo Constitucional do Centro-Oeste (FCO), financiando projetos, fizeram cidades se 
transformaram em polos econômicos, como Catalão, Itumbiara, Anápolis, Aparecida de Goiânia, Rio 
Verde e Jataí. 
Diante disso, cabe ressaltar, Goiás e suas cinco mesorregiões (Noroeste Goiano, Norte Goiano, Leste 
Goiano, Centro Goiano e Sul Goiano) que são um conjunto de microrregiões, contíguas e contidas na 
mesma unidade da federação, sendo elas: São Miguel do Araguaia, Rio Vermelho, Aragarças, Porangatu, 
Chapada dos Veadeiros, Ceres, Anápolis, Iporá, Anicuns, Goiânia, Vão do Paranã, Entorno de Brasília, 
Sudoeste de Goiás, Vale do Rio dos Bois, Meia ponte, Pires do Rio e Catalão. (IBGE, 2010). Em um 
histórico de decréscimo populacional, evidenciamos por meio de dados secundários o êxodo rural as 
mesorregiões do estado: 
 
MESORREGIÃO NOROESTE GOIANO 
O noroeste goiano abarca 3 microrregiões, sendo elas: São Miguel do Araguaia, Aragarças e Rio 
Vermelho. Conforme o Gráfico 1, o ápice da população residente no campo na mesorregião noroeste 
ocorre no ano de 1970 com 113.817 pessoas residindo no meio rural. Após esse período observa-se um 
decréscimo populacional, caracterizando um fluxo migratório do campo para as zonas urbanas para 
54.018 pessoas, em 2010, totalizando 53,5% de queda habitacional. 
Analisando as atividades econômicas existentes e observando as características da mesorregião, 
observa-se que em algumas cidades tinham atividades auríferas, remetendo ao período inicial da inserção 
populacional em Goiás. Outra atividade refere-se à pecuária, em que boa parte da mesorregião ainda 
carece de fomentos para transformar-se em terras férteis (SUESS & CARVALHO SOBRINHO, 2014). 
 
 
 
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. 10 
MESORREGIÃO NORTE GOIANO 
A mesorregião do Norte Goiano compreende as microrregiões de Porangatu e Chapada dos 
Veadeiros. Com base no Gráfico 2, o pico populacional foi no ano de 1970 com 133.118 pessoas residindo 
no campo. Em 2010 são 66.910, evidenciando 50% de decréscimo no número de pessoas dessa 
mesorregião. O pouco desenvolvimento e o processo histórico de ocupação justificam tal fato que é 
paralelo à ausência de infraestrutura e incentivos políticos para essa porção do estado. 
 
 
 
Vale ressaltar ainda que as mesorregiões norte e noroeste goiano apresentam um menor desempenho 
econômico, evidenciando uma menor modernização das atividades agropecuárias. 
 
MESORREGIÃO CENTRO GOIANO 
A Mesorregião Centro Goiano foi consolidada a partir da participação econômica do estado, remetendo 
a década de 30 que tinha como objetivo urbanizar o território goiano. O Centro Goiano foi alvo de 
transformações nas formas de produção,
caracterizadas por buscar novas terras para a expansão da 
fronteira agrícola. As terras garantiam a produção por certo período de tempo, porém, com o desgaste do 
solo, os agricultores procuravam outras áreas para o cultivo. A forte necessidade da chegada da fronteira 
econômica induziu os agricultores a modernizarem-se, e isso modificou as formas de ocupação e de 
produção da terra. Esse processo de modernização impactou principalmente no campo. Queiroz (2010) 
destaca que o povoamento das microrregiões de Goiânia, Ceres e Anápolis, foi impulsionado pela 
construção das capitais Goiânia e Brasília, além dos vínculos com São Paulo que teve uma influência 
direta com a modernização da agricultura. 
Devido às inovações químicas do uso de calcário e dos fertilizantes, essa mesorregião tornou-se 
importante no mercado de exportação agrícola do estado, com a soja se tornando uma das principais 
matérias-primas (SUESS & CARVALHO SOBRINHO, 2014). 
 
 
 
A Mesorregião Centro Goiano é composta pela Microrregião de Anápolis, Goiânia, Anicuns, Ceres e 
Iporá. Essa Mesorregião apresenta uma polarização do crescimento econômico goiano decorrente de um 
maior recebimento de investimentos públicos. Além de possuir localização estratégica e instalação de 
agroindústrias. Todos esses fatores contribuem para diversificação de ofertas de empregos, estudo e 
saúde de melhor qualidade. Observa-se no Gráfico 3 que a população residente na zona rural, no ano de 
1960, correspondia a 498.269 pessoas, declinando em 2010 para 148.509, representando queda de 70%. 
Pode – se afirmar que existe maior concentração de pessoas que saíram da zona rural para as cidades 
nessa mesorregião, evidenciando fortemente uma grande perca populacional. 
 
MESORREGIÃO LESTE GOIANO 
A Mesorregião Leste Goiano é composta pelas microrregiões: Entorno de Brasília e Vão do Paranã. 
Com base no Gráfico 4, em 1970, a população rural era de 159.498 pessoas. No ano de 2007, o 
decréscimo em evidência foi de 116.803, ou seja, 27%. Nessa mesorregião, um adendo deve ser feito 
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. 11 
para o ano de 2010, em que se observa um aumento populacional de residentes nas zonas rurais. O fato 
pode ser justificado, também, pela falta de atração dos centros urbanos, considerando as peculiaridades 
negativas da região do entorno de Brasília e nos evidentes projetos de assentamento agrário existentes. 
Na década de 1960, houve a criação de rodovias federais e de Brasília no governo de Juscelino 
Kubitschek. Aliado ao processo de modernização da agricultura, o estado, por meio de políticas de 
financiamento, foi agente ativo no apontamento das localidades produtivas. As migrações, como fruto do 
capitalismo, representam uma mudança na dinâmica espacial e na força de trabalho. 
 
 
 
MESORREGIÃO SUL GOIANO 
A mesorregião Sul Goiano compreende as microrregiões do Vale do Rio dos Bois, Pires do Rio, Meia 
Ponte, Catalão e Quirinópolis. O êxodo rural intensificou-se devido ao processo de urbanização 
desordenado que atraiu para as cidades os mesmos problemas enfrentados pelos habitantes da zona 
rural, como a falta de educação, moradia e saneamento. 
Essa mesorregião recebeu grandes investimentos por parte de vários governos, como vias de créditos, 
incentivos fiscais que beneficiaram grandes grupos econômicos e construção de infraestrutura 
(QUEIROZ, 2010). 
Conforme o Gráfico 5, verifica - se decréscimo populacional a partir da década de 80 devido ao 
deslocamento da população para as cidades. O pico populacional foi em 1970, com 426.932 pessoas na 
zona rural, e em 2007, uma redução para 160.934, ou seja, 62% evidenciando a segunda maior 
porcentagem de êxodo em Goiás. A modernização agrícola impulsionou o êxodo rural, e a consequente 
busca por melhores condições de vida nos meios urbanos. 
 
 
 
Essa mesorregião é caracterizada pelo desenvolvimento da agricultura moderna, melhores solos e 
proximidade com os grandes centros do país que é base para explicação do deslocamento observado no 
Gráfico 5. 
As mesorregiões mais desenvolvidas são do Centro Goiano, onde está localizada a região 
metropolitana de Goiânia e a mesorregião Leste goiano, em que se encontram a microrregião entorno de 
Brasília e o próprio Distrito Federal. A mesorregião com maior média de êxodo rural foi a Centro Goiano, 
com 278.969 pessoas por década. Isso pode ser evidenciado pela busca de grandes polos econômicos 
existentes em sua proximidade. 
Segundo Queiroz (2010), os fluxos migratórios foram influenciados pela dinâmica econômica induzida 
pela presença do estado, que, em associação a grandes grupos privados e programas de colonização, 
ampliou as políticas voltadas para doação de lotes em áreas urbanas, ampliação da fronteira agrícola e 
programas assistenciais. 
 
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. 12 
 
 
O Gráfico 6 demonstra as mesorregiões do estado e o êxodo rural de 1960 a 2010. As regiões Centro 
e Sul Goiano são as que mais apresentaram evidência de migração. A modernização e a evolução da 
agricultura goiana estão diretamente associadas ao desenvolvimento econômico, agrícola e rural do 
estado, e tal fato ressalta o desempenho dessas mesorregiões (Centro e Sul) que se inseriram no 
mercado internacional de produtos agrícolas, inserção essa comandada por grandes empresas 
agroindustriais (QUEIROZ, 2010). 
O processo de industrialização da agricultura, urbanização e migração campo/cidade e cidade/cidade, 
propiciaram a formação dos centros metropolitanos de Goiânia e Brasília. Tal fato pode ser evidenciado 
com os complexos industriais da soja no Sudoeste Goiano, com a industrialização de Catalão no Sudeste 
Goiano, Anápolis no Centro, e Aparecida de Goiânia na Região Metropolitana de Goiânia, bem como a 
evolução dos setores terciários em Goiânia e Anápolis. Relevante destacar a importância de regiões como 
Iporá, Ceres, Rio Verde, dentre outras, com seus aglomerados urbanos. (OLIVEIRA et al., 2009). Por 
outro lado, as tecnologias informacionais ligam cidades pequenas, médias, e grades polos ao mercado 
global, negociam seus produtos e serviços sem a intermediação das demais cidades. Isso possibilita o 
fortalecimento das dimensões econômicas, políticas, produtivas e culturais e a consolidação das tradições 
festivas de cidades como Goiás, Pirenópolis e Trindade. (OLIVEIRA, et al., 2009). 
Em Goiás, o fluxo migratório é acelerado e concentrado, o que permite dizer que há cidades polos 
econômicos regionais. Porém, cabe relatar que a cada ano, essas cidades perdem habitantes para outros 
centros, ou seja, ele movimenta capital e pessoas que migram para as grandes regiões metropolitanas e 
intensificam o processo de desterritorialização e reterritorialização (HAESBAERT, 2004). 
Todo o processo de modernização agrícola de Goiás trouxe consequências perversas como êxodo 
rural, impactos ambientais, falência de pequenos fazendeiros e desemprego de trabalhadores rurais 
migrados para os grandes centros urbanos, concentração de renda e subordinação da agropecuária aos 
segmentos antes da porteira. 
A falta de empregos no campo e a baixa remuneração do trabalho nas áreas rurais são fatores 
responsáveis pelas migrações inter-regionais das áreas de mais antigos povoamentos para as de 
expansão da fronteira agrícola (SZMRECSÁNYI, 1990. 
Os programas de crédito agrícola, o fortalecimento da economia nacional e a ligeira melhoria na 
qualidade de vida no campo (energia elétrica, telefone, internet e educação) ajudaram a manter as 
famílias no campo. No entanto, a quantidade de pessoas no meio rural continua diminuindo. Tais 
melhorias se mostram longe do ideal, e os impactos na vida dos produtores rurais permanecem. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Nas
décadas de 1940 e 1950, o estado tornou-se foco da migração do processo de marcha para o 
oeste. A implantação de indústrias, aberturas de estradas, projetos de colonização e o desenvolvimento 
regional são alguns dos fatores que influenciam a distribuição populacional em Goiás. A transição entre 
o rural e o urbano foi marcada pela construção de Goiânia, com a marcha para o oeste, e pela 
modernização da agricultura. 
A economia do território Goiano nos anos de 1960 e 1970 era basicamente sustentada por dinâmicas 
agropecuárias, como a pecuária extensiva e a agricultura camponesa. A cidade não cumpria o seu papel 
substancial e nem remetia grande significância econômica, como apresentava o meio rural. A partir da 
década de 70, Goiás enfrentava uma frente migratória impulsionada pela modernização da agricultura 
que culminou na superpopulação dos centros urbanos. A mecanização e os investimentos de 
infraestrutura levaram Goiás a participar do apogeu econômico no período estudado. Em contrapartida, 
o homem do campo se viu obrigado a sair do meio rural pela inserção do processo modernizante. As 
composições agrárias foram se dissolvendo e levaram os camponeses a buscar novos meios de 
sobrevivência na cidade. Ressaltando que a modernização não ocorreu de forma homogênea nas 
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mesorregiões, visto a disparidade de incentivos, as microrregiões Sul, Leste e Centro goiano foram as 
mais representativas no êxodo rural com suas formas de incentivos das fontes de financiamento, seus 
custeios na implantação das agroindústrias, as indústrias de base, e pela construção de Brasília. 
Goiás passou por um processo dinâmico e de transformação estrutural com grande influência dos 
modelos de planejamentos que foram implantados durante seu processo de modernização, constituindo 
múltiplos territórios de diversas dimensões sócio espaciais. 
É notório que o Êxodo rural provoca mudanças na sociedade. Em Goiás, suas consequências 
trouxeram problemas sociais que irão se perpetuar por muito tempo. As políticas governamentais devem 
estar atentas para o fortalecimento do campo em um sentido amplo e inclusivo, pois irá permitir a 
diminuição do inchaço das grandes cidades, garantirá a segurança alimentar da população e o 
fortalecimento da economia goiana. 
 
 
 
 
 
Goiânia, capital e cidade mais populosa de Goiás 
 
A população de Goiás é composta por 6.003.788 habitantes, conforme dados do Censo Demográfico 
de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse contingente 
populacional, o maior do Centro-Oeste e o décimo segundo do país, corresponde a aproximadamente 
3,15% da população atual do Brasil. 
 
A densidade demográfica, também conhecida como população relativa, é de 17,6 habitantes por 
quilômetro quadrado, portanto, o estado possui vazios demográficos. A taxa de crescimento demográfico 
é de 1,8% ao ano, impulsionada pelo crescimento vegetativo e pelo intenso fluxo migratório com destino 
ao estado. 
 
De acordo com dados do IBGE, cerca de 25% da população de Goiás é formada por imigrantes, ou 
seja, pessoas oriundas de outros estados. Esse fluxo migratório é resultado de algumas políticas públicas 
para ocupação da porção oeste do território brasileiro, fato que se intensificou a partir da década de 1950. 
 
A construção de Goiânia, capital de Goiás, e de Brasília, capital Federal, atraiu pessoas de diferentes 
partes do país, em especial de São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Ceará, Maranhão e Piauí. A expansão 
da fronteira agrícola e o desenvolvimento econômico registrado em Goiás também contribuíram para esse 
processo. 
 
Seguindo uma tendência nacional, a população urbana é maioria em Goiás (90%). Goiânia é a cidade 
mais populosa, com 1.302.001 habitantes. Existem outros 245 municípios, sendo que os mais populosos 
são: Aparecida de Goiânia (455.657), Anápolis (334.613), Rio Verde (176.424), Luziânia (174.531) e 
Águas Lindas de Goiás (159.378). 
 
No aspecto social, a população de Goiás enfrenta alguns problemas, como, por exemplo, o déficit nos 
serviços de saneamento ambiental: menos de 50% têm acesso à rede de esgoto. A taxa de mortalidade 
infantil é de 18,3 óbitos a cada mil nascidos vivos, abaixo da média nacional, que é de 22. Goiás ocupa 
9° lugar no ranking nacional de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).2 
 
2 Wagner de Cerqueira e Francisco. Disponível em: http://alunosonline.uol.com.br/geografia/populacao-goias.html. 
População goiana: povoamento, movimentos migratórios e densidade 
demográfica. 
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. 14 
Goiás é uma das unidades federativas que integram a região Centro-Oeste. Sua extensão territorial é 
de 340.103,467 quilômetros quadrados, correspondendo a 4% do território nacional. Conforme contagem 
populacional realizada em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sua população 
totaliza 6.003.788 habitantes, distribuídos em 246 municípios, sendo o estado mais populoso do Centro-
Oeste. O crescimento demográfico é de 1,8% ao ano e a densidade demográfica é de 17,6 habitantes por 
quilômetro quadrado. 
 
O povoamento do estado de Goiás intensificou-se em decorrência de uma série de políticas públicas 
para a ocupação e desenvolvimento econômico da porção oeste do território brasileiro, a chamada 
Marcha para o Oeste. Houve a expansão da fronteira agrícola e maiores investimentos em infraestrutura 
no estado, além da construção da nova capital, Goiânia, e da capital Federal, Brasília. Fatos estes que 
desencadearam grandes fluxos migratórios para Goiás. 
 
Como resultado dessa política de incentivo à ocupação do oeste brasileiro, a população de Goiás teve 
um aumento significativo, principalmente após o ano de 1950. Neste, segundo dados do IBGE, havia 
1.010.880 habitantes no estado, população essa que atingiu, conforme dados do mesmo instituto, 
6.003.788 habitantes em 2010. 
 
Além do crescimento demográfico da população goiana, sendo que pessoas de vários locais do país 
foram grandes responsáveis por tal ocorrência. Segundo dados do IBGE, aproximadamente 25% da 
população de Goiás é composta por imigrantes, vindos principalmente, dos estados de Minas Gerais, São 
Paulo, Maranhão, Bahia, Piauí, como também do Distrito Federal. 
 
A composição étnica da população goiana é a seguinte: 
 
Pardos: 50,9%. 
Brancos: 43,6%. 
Negros: 5,3% 
Indígenas: 0,2%. 
 
Goiânia, a capital de Goiás, é a cidade mais populosa do estado, sua extensão territorial é de 
aproximadamente 733 quilômetros quadrados, e possui 1.302.001 habitantes. Outras cidades populosas 
do estado são: Aparecida de Goiânia (455.657), Anápolis (334.613), Rio Verde (176.424), Luziânia 
(174.531), Águas Lindas de Goiás (159.378), Valparaíso de Goiás (132.982), Trindade (104.488), 
Formosa (100.085), Itumbiara (92.883). 
A expectativa de vida da população goiana é de 72 anos; 
A taxa de mortalidade infantil é de 18,3 óbitos a cada mil nascidos vivos. 
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) estadual é de 0,800, ocupando o 9° lugar no ranking 
nacional e o analfabetismo atinge 8,6% da população. 
No que se refere à rede de esgoto, a mesma alcança menos da metade das habitações.3 
 
Povo Goiano4 
 
 
 
Povos do passado e do presente se reuniram na formação do gentílico goiano. Seguindo a tendência 
do resto do país, na mistura de povos indígenas, africanos e europeus, mais tarde dos imigrantes e 
migrantes vindos de todas as partes do globo, Goiás reinventa a cada dia sua identidade. É um povo 
misturado, com fortes traços do sertanejo original e que contribuíram, cada qual a seu modo, na 
caracterização
desse povo goiano. 
 
3 FRANCISCO, Wagner De Cerqueria E. "A população de Goiás"; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/brasil/a-
populacao-goias.htm>. 
4 Governo do Estado de Goiás. Disponível em: http://www.goias.gov.br/paginas/conheca-goias/povo-goiano/. 
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. 15 
Goianos e Goianienses: 
 
 
 
A composição inicial da população de Goiás se deu por meio da convivência nem tão pacífica entre os 
índios que aqui residiam e as levas de paulistas e portugueses que vinham em busca das riquezas 
minerais. Estes por sua vez, trouxeram negros africanos à tira colo para o trabalho escravista, moldando 
a costumeira tríade da miscigenação brasileira entre índios, negros e brancos, e todas as suas derivações. 
Entretanto, a formação do caráter goiano vai além dessa visão simplista e adquiriu características 
especiais à medida que o espaço físico do Estado passou a ser ocupado. 
 
Até o início do século XIX, a maioria da população em Goiás era composta por negros. Os índios que 
habitavam o Estado ou foram dizimados pelo ímpeto colonizador ou migraram para aldeamentos oficiais. 
Segundo o recenseamento de 1804, o primeiro oficial, 85,9% dos goianos eram “pardos e pretos” e este 
perfil continuou constante até a introdução das atividades agropecuárias na agenda econômica do 
Estado. 
 
Havia no imaginário popular da época a ideia de sertão presente na constituição física do Estado. O 
termo, no entanto, remeteria a duas possibilidades distintas de significação: assim como na África, 
representava o vazio, isolado e atrasado, mas que por outro lado se apresentava como desafio a ser 
conquistado pela ocupação territorial. 
 
Essa ocupação viria acompanhada predominantemente pela domesticação do sertão segundo um 
modelo de trabalho familiar, cujo personagem principal, o sertanejo, assumiu para si a responsabilidade 
da construção do país, da ocupação das fronteiras e, por seguinte, da Marcha para o Oeste 
impulsionadora do desenvolvimento brasileiro. Registros da época dão conta de processos migratórios 
ao longo do século XIX e metade do século XX, com correntes migratórias de Minas Gerais, Bahia, 
Maranhão e Pará, resultando em uma ampla mestiçagem na caracterização do personagem sertanejo. 
O sertanejo, aí, habitante do vazio e isolado sertão, tinha uma vida social singela e pobre de 
acontecimentos. O calendário litúrgico e a chegada de tropas e boiadas traziam as únicas novidades 
pelas bocas de cristãos e mascates. Nessa época, a significação da vida estava diretamente ligada ao 
campo e dele resultaram, segundo as atividades registradas nos arraias, o militar, o jagunço, o funcionário 
público, o comerciante e o garimpeiro. 
Ao longo do século XX, novas levas migratórias, dessa vez do sul e de estrangeiros começam a ser 
registradas no território goiano, de modo que no Censo do ano 2000, os cinco milhões de habitantes se 
declararam como 50,7% de brancos, 43,4% de pardos, 4,5% de negros e 0,24% de outras etnias. 
 
Goianos e muitas goianas 
O último Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010 
confirmou uma população residente em Goiás de 6.003.788 habitantes, com crescimento acima da média 
nacional, que foi de 1,17% ao ano. 
Em termos de gênero, a população feminina sai na frente. São 3.022.161 mulheres, contra 2.981.627 
homens – em uma proporção de 98 homens para cada 100 mulheres. Reflexo também sentido na capital, 
Goiânia, com 681.144 mulheres e 620.857 homens (diferença de 60.287 pessoas). 
 
Indígenas: 
 
 
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Quando os bandeirantes chegaram a Goiás, este território, que atualmente forma os Estados de Goiás 
e Tocantins, já era habitado por diversos grupos indígenas. Naquela época, ao verem suas terras 
invadidas, muitos foram os que entraram em conflito com os bandeirantes e colonos, em lutas que 
resultaram no massacre de milhares de indígenas, aldeamentos oficiais ou migração para outras regiões. 
 
A maioria dos grupos que viviam em Goiás pertencia ao tronco linguístico Macro-Jê, família Jê (grupos 
Akuen, Kayapó, Timbira e Karajá). Outros três grupos pertenciam ao tronco linguístico Tupi, família Tupi-
Guarani (Avá-Canoeiro, Tapirapé e Guajajara). A ausência de documentação confiável, no entanto, 
dificulta precisar com exatidão a classificação linguística dos povos Goyá, Araé, Crixá e Araxá. 
 
Goyá 
Segundo a tradição, os Goyá foram os primeiros índios que a expedição de Bartolomeu Bueno da Silva 
Filho encontrou ao iniciar a exploração aurífera e foram eles, também, que indicaram o lugar – Arraial do 
Ferreiro – no qual Bartolomeu Bueno estabeleceu seu primeiro arranchamento. Habitavam a região da 
Serra Dourada, próximo à Vila Boa, e quatro décadas após o início do povoamento desapareceram 
daquela região. Não se sabe ao certo seu destino e nem há registros sobre seu modo de vida ou sua 
língua. 
 
Krixá 
Seus limites iam da região de Crixás até a área do rio Tesouras. Como os Goyá, também 
desapareceram no início da colonização do Estado e não se sabe ao certo seu destino, sua cultura e sua 
língua. 
 
Araé 
Também não há muitos registros a respeito dos Araé. Possivelmente teriam habitado a região do rio 
das Mortes. 
 
Araxá 
Habitavam o local onde se fundou a cidade de Araxá, que pertencia a Goiás e atualmente faz parte do 
território de Minas Gerais. 
 
Kayapó 
Filiados à família linguística Jê, subdividiam-se em Kayapó do Sul, ou Kayapó Meridionais, e Kayapó 
Setentrionais. Os Kayapó dominavam todo o sul da capitania de Goiás. Havia aldeias na região de rio 
Claro, na Serra dos Caiapós, em Caiapônia, no alto curso do rio Araguaia e a sudeste, próximo ao 
caminho de Goiás a São Paulo. Seu território estendia-se além dos limites da capitania de Goiás: a oeste, 
em Camapuã, no Mato Grosso do Sul; a norte, na região entre o Xingu e o Araguaia, em terras do Pará; 
a leste, na beira do rio São Francisco, nos distritos de Minas Gerais; e ao sul, entre os rios Paranaíba e 
Pardo, em São Paulo. Dedicavam-se à horticultura, à caça e à pesca, além de serem conhecidos como 
povo guerreiro. Fizeram ampla resistência à invasão de suas terras e foram registrados vários conflitos 
entre eles e os colonos. Vítimas de perseguições e massacres, foram também extintos no Estado de 
Goiás. 
 
Akwen 
Os Akwen pertencem à família Jê e subdividem-se em Akroá, Xacriabá, Xavante e Xerente: 
 
- Akroá e Xacriabá: habitavam extenso território entre a Serra Geral e o rio Tocantins, as margens do 
rio do Sono e terras banhadas pelo rio Manoel Alves Grande. Estabeleceram-se, também, além da Serra 
Geral, em solo baiano e nas ribeiras do rio São Francisco, nos distritos de Minas Gerais. Depois de vários 
conflitos com os colonos que se estabeleceram em suas terras, foram levados para o aldeamento oficial 
de São Francisco Xavier do Duro, construído em 1750. Os Akroá foram dizimados mais tarde e os 
Xacriabá encontram-se atualmente em Minas Gerais, sob os cuidados da Funai. 
 
- Xavante: Seu território compreendia regiões do alto e médio rio Tocantins e médio rio Araguaia. 
Tinham suas aldeias distribuídas nas margens do Tocantins, desde Porto Imperial até depois de Carolina, 
e a leste, de Porto Imperial até a Serra Geral, limites das províncias de Goiás (antes da divisão) e 
Maranhão. Havia também aldeias na bacia do rio Araguaia, na região do rio Tesouras, nos distritos de 
Crixás e Pilar, e na margem direita do rio Araguaia. Na primeira metade do século XIX entraram em 
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. 17 
conflito com
as frentes agropastoris que invadiam seus territórios e, após intensas guerras, migraram para 
o Mato Grosso, na região do rio das Mortes, onde vivem atualmente. 
 
- Xerente: Este grupo possuía costumes e língua semelhante aos Xavantes e há pesquisadores que 
acreditam que os Xerentes são uma subdivisão do grupo Xavante. Os Xerentes habitavam os territórios 
da margem direita do rio Tocantins, ao norte, no território banhado pelo rio Manoel Alves Grande, e ao 
sul, nas margens dos rios do Sono e Balsas. Também viviam nas proximidades de Lageado, no rio 
Tocantins, e no sertão do Duro, nas proximidades dos distritos de Natividade, Porto Imperial e Serra 
Geral. Seus domínios alcançavam as terras do Maranhão, na região de Carolina até Pastos Bons. Como 
os Xavante, também entraram em intenso conflito com as frentes agropastoris do século XIX e, 
atualmente, os Xerente vivem no Estado de Tocantins. 
 
Karajá 
Os grupos indígenas Karajá, Javaé e Xambioá pertencem ao tronco linguístico Macro-Jê, família 
Karajá, compartilhando a mesma língua e cultura. Viviam nas margens do rio Araguaia, próximo à Ilha do 
Bananal. Ao longo do século XIX, entraram em conflito com as guarnições militares sediadas no presídio 
de Santa Maria, sendo que os Karajá de Aruanã são a única aldeia do grupo que atualmente vivem no 
Estado de Goiás. 
 
Timbira 
Eram bastante numerosos e habitavam uma vasta região entre a Caatinga do Nordeste e o Cerrado, 
abrangendo o sul do Maranhão e o norte de Goiás. Ao longo do século XIX, devido à expansão pecuária, 
entraram em conflitos com os criadores de gado que invadiam suas terras. O grupo Timbira é formado 
pelas etnias Krahô, Apinajé, Gavião, Canela, Afotogés, Corretis, Otogés, Porecramecrãs, Macamecrãs e 
Temembus. 
 
Tapirapés 
Pertencem ao tronco linguístico Tupi, família Tupi-Guarani. Este grupo inicialmente habitava a oeste 
do rio Araguaia e eventualmente frequentavam a ilha do Bananal. Com o passar do tempo, se 
estabeleceram ao longo do rio Tapirapés, onde atualmente ainda vivem os remanescentes do grupo. 
 
Avá-Canoeiro 
Pertencentes ao tronco linguístico Tupi, os Avá-Canoeiro habitavam as margens e ilhas dos rios 
Maranhão e Tocantins, desde Uruaçu até a cidade de Peixe, em Tocantins. Entre meados do século XVIII 
e ao longo do século XIX, entraram em graves conflitos com as frentes agropastoris que invadiam suas 
terras. Atualmente, os Avá-Canoeiro do Araguaia vivem na Ilha do Bananal, na aldeia Canoanã, dos 
índios Javaés, e os Avá-Canoeiro do Tocantins vivem na Serra da Mesa, município de Minaçu. 
 
Quilombolas: 
 
 
 
Ligados diretamente à história da ocupação do território brasileiro, os quilombos surgiram a partir do 
início do ciclo da mineração no Brasil, quando a mão de obra escrava negra passou a ser utilizada nas 
minas, especialmente de ouro, espalhadas pelo interior do Brasil. Em Goiás, esse processo teve início 
com a chegada de Bartolomeu Bueno da Silva, em 1722, nas minas dos Goyazes. Segundo relatos dos 
antigos quilombolas, o trabalho na mineração era difícil e a condição de escravidão na qual viviam 
tornavam a vida ainda mais dura. As fugas eram constantes e àqueles recapturados restavam castigos 
muito severos, o que impelia-os a procurar refúgios em lugares cada vez mais isolados, dando origem 
aos quilombolos. 
 
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Os Kalungas são os maiores representantes desses grupos em Goiás. Na língua banto, a palavra 
kalunga significa lugar sagrado, de proteção, e foi nesse refúgio, localizado no norte da Chapada dos 
Veadeiros, que os descendentes desses escravos se refugiaram passando a viver em relativo isolamento. 
Com identidade e cultura próprias, os quilombolas construíram sua tradição em uma mistura de elementos 
africanos, europeus e forte presença do catolicismo tradicional do meio rural. 
 
A área ocupada pela comunidade Kalunga foi reconhecida pelo Governo do Estado de Goiás, desde 
1991, como sítio histórico que abriga o Patrimônio Cultural Kalunga. Com mais de 230 mil hectares de 
Cerrado protegido, abriga cerca de quatro mil pessoas em um território que estende pelos municípios de 
Cavalcante, Monte Alegre e Teresina de Goiás. Seu patrimônio cultural celebra festas santas repletas de 
rituais cerimoniosos, como a Festa do Império e o Levantamento do mastro, que atraem turistas todos os 
anos para a região. 
 
Quilombolos registrados em Goiás 
 
Acaba Vida: na mesma região de Niquelândia, ocupavam terras férteis e era conhecido localmente, 
sendo citado em 1879. 
 
Ambrósio: existiu na região do Triângulo Mineiro, que, até 1816, pertencia a Goiás. Teve mais de mil 
moradores e foi destruído por massacre. 
 
Cedro: localizado no atual município de Mineiros, tinha cerca de 250 moradores que praticam a 
agricultura de subsistência. Sobreviveu até hoje. 
 
Forte: localizado no nordeste de Goiás, sobreviveu até hoje, tornando-se povoado do município de São 
João d'Aliança. 
 
Kalunga: localizado no Vão do Paranã, no nordeste de Goiás, existe há 250 anos, tendo sido 
descoberto pela sociedade nacional somente em fins dos anos 1960. Tem 5 mil habitantes, distribuídos 
em vários núcleos na mesma região. 
 
Mesquita: próximo à atual cidade de Luziânia, estendia sua população para diversas localidades no 
seu entorno. 
Muquém: próximo à atual cidade de Niquelândia e junto ao povoado de mesmo nome, foi notório, mas 
deixou poucas informações a seu respeito. 
 
Papuã: na mesma região do Muquém, foi descoberto em 1741 e destruído anos depois pelos 
colonizadores. 
 
Pilar: próximo à cidade de mesmo nome, foi destruído em lutas. Seus 300 integrantes chegaram a 
planejar a morte de todos os brancos do local, mas o plano foi descoberto antes. 
 
Tesouras: no arraial de mesmo nome, tinha até atividades de mineração e um córrego inclusive 
chamado Quilombo. 
 
Três Barras: tinha 60 integrantes, conhecidos pelos insultos e provocações aos viajantes. 
 
São Gonçalo: próxima à cidade de Goiás, então capital, seus integrantes atacavam roças e rebanhos 
das fazendas vizinhas. 
 
Fonte: Quilombos em Goiás de Martiniano José da Silva. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Política de inovação5 
A economia goiana está passando por uma fase de modernização e diversificação que busca maior 
inserção tanto no mercado nacional como internacional. A cadeia produtiva da agropecuária continua com 
grande relevância para a economia do Estado e para se manter em patamares competitivos em âmbito 
internacional é imprescindível que se mantenha atualizada com técnicas inovadoras de produção, 
utilizando de mão de obra qualificada e das mais avançadas tecnologias disponíveis. 
Para além da agropecuária, a economia goiana vem buscando se industrializar mais a cada dia. Outro 
setor de extrema importância, e que possui maior participação no PIB estadual, é o de serviços. O setor 
de serviços, em especial com as novas tecnologias da informação também necessita se manter atualizado 
no que se refere aos avanços tecnológicos. Devido a estes aspectos e à busca constante de 
modernização da economia goiana, os investimentos em ciência, tecnologia e inovação são essenciais 
para o desenvolvimento do Estado de Goiás nos próximos 4 anos. 
Neste sentido, várias iniciativas foram feitas no âmbito da antiga Secretaria de Ciência e tecnologia 
(Sectec). Dentre estas iniciativas está o Sistema Goiano de Inovação (SIGO). Este sistema tem por 
objetivo incentivar processos de inovação em Goiás integrando instituições, empresas e pesquisadores 
de ciência, tecnologia e inovação. O SIGO sistematiza informações das áreas de inovação e promove 
programas

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