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Gravidez e Sexualidade

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Gravidez e Sexualidade
	
	
	
	A procura de uma nova identidade acontece sempre em momentos marcantes como na puberdade, na gravidez, na menopausa e no envelhecimento. São fases da vida que nem sempre estamos preparados para enfrentá-las.
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“A gravidez leva à reformulação da identidade existente. É uma situação de crise, pois existe a perda de sua identidade anterior e a procura de outra que não está muito bem definida. A gestante deixa de ser o que era - filha - e com a possibilidade da vinda de um filho, passa a ter dúvidas de como agir no seu novo papel que é o de mãe.” (Décio Teixeira Noronha, 1997).
 
Todo fato novo, mesmo considerado normal, gera angústia. Toda a angústia pode ser interpretada como um esforço do ego para as exigências do instinto frente às limitações de ação que a realidade exige.
 
Mesmo sendo uma luta interna, a sua expressão corporal se modifica com o aparecimento de sintomas, como os distúrbios neurovegetativos que estão presentes em todas as atividades somáticas.
 
A incerteza cria dificuldades para o equilíbrio emocional.
 
Nesta fase de transição emocional, muitos mecanismos psicológicos podem estar presentes no período de gestação, como os de repressão, regressão, agressividade, ambivalência, negação, etc.
 
Os problemas bioquímicos e hormonais interferem no processo psicológico gestacional e modificam o comportamento, levando em alguns casos a problemas depressivos.
 
Sexualidade
O primeiro trimestre gestacional significa muito mais que uma adequação à nova situação de vida da mulher. Medo da relação sexual nesse período é uma constante, pois o perigo de abortamento é uma realidade que gera muitas inseguranças nessa fase.
 
A gestante precisa entender que se acontecer um abortamento, vai ser independente de se fazer sexo ou não, pois numa gravidez, quando normal, as relações sexuais não interferem na gestação.
 
Os homens também necessitam ser orientados adequadamente pelo ginecologista nas visitas do pré-natal para que se sintam mais seguros.
 
Nesta fase inicial da gravidez, também acontecem certos fenômenos diretamente ligados ao estado gestacional, como enjôos e vômitos matutinos.
 
Outras mudanças por questões hormonais são relacionadas ao aumento e dores nos seios.
 
Os problemas psicológicos influenciados pela cultura estão presentes na exacerbação destes sintomas.
 
Segundo Trimestre
É repleto de fantasias que estão ligadas ao nascimento do neném que vai se tornando mais viável. Como seria o momento do parto, o primeiro contato com bebê, etc.
 
O Terceiro Trimestre
O nível de ansiedade tende a elevar-se com a proximidade do parto e das mudanças na rotina da vida após a chegada do bebê.
“A ansiedade é, especialmente, aguda nos dias que antecedem a data prevista e tende a intensificar-se ainda mais quando a data prevista é ultrapassada.” (Maria Tereza Maldonado, 1997).
Nesta fase, o interesse sexual diminui diante dos incômodos relacionados ao tamanho da barriga e outros sintomas que geralmente estão presentes neste final do período gestacional.
O Papel Masculino
Como a mulher, o homem também vai sofrer transformações e necessita adaptar-se às novidades que vão surgir, desde a simples descoberta do seu desconhecimento da fisiologia gestacional e dos aspectos psicológicos de sua companheira.
 
Alimentação e o Estado Gestacional
Por mais fisiológica que seja uma gravidez vai existir a necessidade de uma alimentação mais adequada, visando um melhor equilíbrio durante todo o período da gestação.
 
É importante estar atenta às modificações dos hábitos alimentares, pois podem indicar distúrbios na área orgânica, como também nos aspectos psicológicos.
 
Na área psicológica tanto a necessidade de uma alimentação abusiva, como a sua restrição, estão ligadas à angústia que o estado gestacional desencadeou.
 
Em muitos casos, a gestante com distúrbios na área alimentar estão vinculadas às relações familiares conflituosas e infelizes.
O Corpo e a Sexualidade na Gravidez
A preocupação com as transformações do corpo na gravidez é um aspecto que preocupa várias mulheres.
 
“No decorrer da gravidez o corpo modifica-se gradualmente. A mulher cria uma nova imagem de si própria. É um corpo novo e consequentemente outra estética. Mulheres e homens sentem coisas diversas com relação ao corpo grávido. Há homens que olham a gestante sensual e excitante, enquanto outros se retraem à medida que a barriga cresce.” (Maria Tereza Maldonado).
Surge alegria, orgulho e plenitude por mostrar a fecundidade. Já outras se sentem feias e pouco atraentes quando engordam, ou incham muito, se distanciam do ideal estético de uma silhueta delgada.
Sexo na gravidez ainda é um assunto difícil de ser discutido às claras na consulta pré-natal, entre amigos ou até mesmo entre o casal.
Assustados, o homem e a mulher passam a evitar não só a penetração, como também outras carícias e maneiras diferentes de fazer amor.
 
As Transformações do Corpo na Gravidez e as Oscilações do Desejo
As transformações iniciais do primeiro trimestre e o temor de perder o bebê provocam diminuição do desejo e da atividade sexual em muitos casais.
 
O maior volume da barriga, aliado ao cansaço e a dificuldade de movimentação, costuma desestimular a atividade sexual nos últimos meses de gravidez. É, portanto, no segundo trimestre, que a maioria dos casais relata a maior facilidade em manter o ritmo habitual de atividade sexual.
 
As vivências em relação ao corpo grávido refletem, também, a preocupação com as mudanças em outras áreas da vida.
 
A maior preocupação dos aspectos psicológicos do ciclo grávido constitui um aspecto importante para a formação de uma visão mais completa e equilibrada para a mulher e o homem na vivência do nascimento de um filho.
 
Os Cuidados com a Saúde e a Aparência Física são Fundamentais nesta Fase da Vida da Mulher
Seguir as orientações que recebe mensalmente durante o pré-natal, no que se refere à alimentação, os cuidados com o aumento do peso e medicamentos, são aspectos imprescindíveis para uma gestação saudável.
 
A mulher não pode se esquecer também dos cuidados com sua aparência física e a vaidade durante os nove meses de gestação.
 
É importante a mulher entender que vai se tornar mãe, mas que após o parto continuará sendo uma mulher e que sentir-se bem consigo mesma é fundamental para seu equilíbrio emocional e seu relacionamento conjugal.
 
A feminilidade e a sensualidade não devem desaparecer no período gestacional. Já que este é um período na vida de mulher de intensa plenitude e beleza.
 
Após o nascimento do bebê, muitas mulheres esquecem-se de si mesmas e do companheiro para viver somente em função do filho.
 
Este tipo de comportamento pode ser até compreensivo nos primeiros três meses do bebê, mas, em muitos casos, estas atitudes se estendem durante vários anos, levando a quadros de inibição do desejo sexual, dificultando o relacionamento do casal.
 
Trabalhando há muitos anos com problemas sexuais de casais no consultório e em ambulatório é frequente a queixa dos homens em relação às mudanças da vida sexual do casal após o nascimento dos filhos, principalmente no que se refere ao desejo sexual da companheira, que diminui e deixam de procurar o companheiro, mesmo quando a criança atinge uma idade mais independente.
 
As crises no relacionamento estão presentes nestes casamentos onde não conseguem equilibrar de uma forma mais adequada à nova realidade de vida para os dois.
 
As mudanças da rotina e o estresse da adaptação da mulher a esta nova fase da vida como mãe, nem sempre é administrada de uma forma satisfatória, dificultando a qualidade de vida como um todo.
 
Realizar atividade física antes e após o parto é determinante para que a mulher retorne de maneira mais breve ao seu peso anterior.
 
Cuidados com a hidratação e o uso de cremes corporais, orientados pelo dermatologista, podem ajudar na prevenção de manchas e estrias.
 
A prevenção de problemas físicos e estéticosdurante a gestação é importante para evitar futuras insatisfações corporais que refletem diretamente na vida sexual da mulher.
 
Atualmente existem muitos tratamentos estéticos e cirurgias plásticas para que a mulher possa retornar a se sentir bem, bonita e atraente para seu companheiro diante de algum tipo de problema de ordem estética que por ventura tenha ocorrido após o parto.
 
O importante é que esta mulher volte a se sentir bem com seu próprio corpo e sua sexualidade.
Pensar na sua sexualidade e priorizar momentos a dois na rotina de sua vida é muito importante. Ter momentos a dois, sem a presença do bebê, servem para revitalizar a afetividade, o companheirismo, a cumplicidade e a sexualidade.
Ser mãe não é esquecer-se de si mesma em função dos filhos. Ser mãe é viver a maternidade com intensidade sem esquecer-se da sua individualidade, do seu companheiro e de seus ideais de vida como pessoa.
 
Procurar ajuda de profissionais especializados diante de conflitos psicológicos que estejam interferindo na sequência normal das atividades de sua vida é de fundamental importância, no sentido de vivenciar de maneira mais plena e satisfatória esta nova fase da vida de ser ao mesmo tempo mãe e mulher.
 
“Ser mãe não é padecer no paraíso.” Ser mãe é um presente divino que precisamos vivenciar com maturidade e serenidade.
 
 
 
Depressão Pós-Parto
Muito se fala sobre depressão pós-parto, porém pouco se faz para evitar que ela aconteça em um grande número de mulheres.
 
O estado gestacional se caracteriza por muitas perdas. Perde-se o papel de filha que significa toda a proteção familiar e ganha o papel de mãe, que é o de assumir uma nova realidade que, na maioria dos casos, geram conflitos existenciais. É como se a gestante adquirisse uma nova consciência sobre si mesma.
 
Desde o momento que a mulher recebe a notícia da confirmação que está grávida, vários mecanismos psicológicos começam a ser gerados em sua mente. Mesmo quando a gravidez é desejada, o momento da consciência de estar grávida direciona a mente feminina a vários questionamentos e inquietações.
 
As preocupações de como será o período dos nove meses de gestação, o nascimento do bebê, como equilibrar a vida profissional e os cuidados com o bebê, são frequentes.
 
Nem sempre o desejo de ter um filho está associado à maternidade e ao equilíbrio emocional para vivenciar uma gravidez e os cuidados com o filho.
 
Diante de sintomas emocionais, que não são muito adequados durante a gravidez, é de extrema importância que os familiares e o ginecologista tenham a sensibilidade de encaminhar a gestante para um acompanhamento psicológico especializado.
 
Muitos problemas emocionais como a depressão pós-parto podem ser evitados quando existe um diagnóstico prévio de determinados sintomas durante a gravidez, que acompanhados por profissionais qualificados, podem ajudar no controle e na administração de sintomas psicológicos inadequados durante a gestação e após o parto.
 
 
 
Semíramis Prado
Resumo: No presente artigo foram elaboradas reflexões e intervenções com grupos de gestantes, previamente denominados “Grupos de Famílias Grávidas”, por ser um grupo aberto a toda a família, que assim como a gestante, tem dúvidas, receios e sofre transformações durante a gestação, bem como após o nascimento do bebê. Tendo como foco principal o tema “Sexualidade Durante a Gestação”, este objetiva compreender a importância de abordar o assunto com as gestantes, para que estas possam continuar com uma vida sexual saudável durante a gestação, que ao contrario do que muitas mulheres acreditam, é uma prática muito importante nesta fase tão nova e única, pois auxilia na melhora da autoestima e autoimagem da futura mamãe, que por vezes, se sente feia e gorda neste momento em que além de alterações físicas, sofre muitas alterações emocionais. Para o desenvolvimento dos grupos, foram elaboradas atividades dirigidas, dinâmicas e discussões para auxiliá-las frente as questões abordadas. Acreditando que a sexualidade durante a gestação é uma prática que envolve a melhora da autoestima e autoimagem, a proposta de ser um grupo aberto também aos parceiros se mostrou muito importante, pois eles exercem um papel fundamental na manutenção e melhora do “sentir-se bem”, muitos sentem medo, de alguns tipos de contato por receio de machucar o bebê, sanando estas dúvidas, o casal passa tranquilamente por esta fase, além do grupo proporcionar a troca de experiência entre as participantes, pois cada uma tem um ponto de vista frente aos questionamentos, o que torna rica a discussão e abre novos pontos de vista.
Palavras-chave: Sexualidade, Gestação, Grupos de Gestantes.
1. Introdução
Para o presente trabalho foram desenvolvidas atividades nas Unidades Básicas de Saúde do Município de Itupeva - SP, onde foram realizados Grupos de Famílias Grávidas, através de rodas de conversa, atividades dirigidas, vídeos, músicas e dinâmicas, visando compreender na prática aspectos recolhidos durante a revisão bibliográfica.
O objetivo foi observar a importância da manutenção da sexualidade durante a gestação, buscando auxiliar e sanar dúvidas das gestantes referentes ao assunto, através de atividades e da própria integração entre as gestantes, pois cada uma esta vivenciando este momento de uma forma única e diferente da outra, assim, possibilitando novos pontos de vista à respeito do tema. Para isto, são realizados encontros semanais, com grupos de 4 a 8 gestantes e seus acompanhantes (que podem ser os maridos, filhos, mãe).
De acordo com CAMACHO (et all, 2010) “é possível assegurar que a sexualidade na gestação é um dos aspectos que valoriza o processo de gestar, porém, isto dependerá de como a mulher percebe esta etapa da vida”. E os grupos, são justamente para auxiliar na forma de percepção desta fase tão importante da vida da mulher.
Foram realizadas observações e atividades com vídeos educativos sobre a gestação e parto, relaxamento com musicas, dinâmicas, atividades dirigidas e rodas de conversas, durante a realização dos grupos para famílias gestantes, visando compreender e discutir a sexualidade destas mulheres nesta fase cheia de transições.
Neste trabalho é apresentado a importância da sexualidade durante a gestação para uma melhor qualidade de vida da gestante, e melhor compreensão do seu corpo como mulher além de futura mamãe, para isso, foram realizados grupos semanais tornando possível a discussão sobre o tema entre as gestantes. A seguir, será apresentado o Pré- Natal no Sistema Único de Saúde, processo pelo qual todas as gestantes são submetidas para cuidado e manutenção da saúde da mãe e do bebê.
2. Pré-Natal nos Sistema Único de Saúde [2]
Segundo dados do Ministério da Saúde, o número de consultas pré-natal vem crescendo a cada ano, em 2003, foram realizadas 8,6 milhões de consultas durante o pré-natal, já em 2009, foram aproximadamente 19,4 milhões, este crescimento pode ser relacionado principalmente pela ampliação do acesso ao pré-natal pelas mulheres.
O acompanhamento pré-natal é importante, pois ajuda na prevenção e diagnóstico de doenças no bebê e na mãe durante a gestação, ajudando a diminuir também problemas que podem levar a complicações durante o parto. Para isso, as gestantes devem realizar exames de sangue, de urina para verificar a existência de doenças, tendo todos os dados referentes à saúde anotados no Cartão da Gestante. O pré-natal também é a oportunidade de conversar com os profissionais de saúde e tirar dúvidas sobre onde será o parto. A gestante tem o direito de conhecer o local e as pessoas antes da data do parto (Lei n°11634, de 2007), e também da presença de um acompanhante durante o trabalho de parto, parto e pós-parto (Lei nº 11.108...de..2005).
3. A Gestação
Durante a gestação mudanças enormes ocorrem tanto no corpo quanto nas emoções da mulher, e assim perduram por aproximadamente quarenta semanas a serem contadas a partir da data da ultima menstruação (Muller, 2009). Segundo Bee (2003) o período gestacionalpode ser contado 38 semanas (aproximadamente 265 dias) a partir da data da possível concepção, o que deve ter ocorrido aproximadamente duas semanas após a ultima menstruação, ou 40 semanas a contar da data da ultima menstruação (cerca de 280 dias), mas em geral, utiliza-se a contagem de 38 semanas.
De acordo com Guyton (2008) ocorrem modificações nos órgãos reprodutivos, e nas mamas para garantir um bom desenvolvimento fetal e nutrição do bebe após o nascimento, alterações nas funções metabólicas para ser capaz de suprir as necessidades nutricionais e de crescimento do feto e uma enorme produção hormonal que causa efeitos colaterais que não estão diretamente relacionados à reprodução.
Em geral, durante a gestação as mulheres engordam aproximadamente 10 kg durante a gestação, sendo este aumento de peso a soma do peso do feto, útero, placenta e membranas, mamas, gordura, aumento de sangue e liquido extracelular. Porém este valor pode variar drasticamente de acordo com cada gestante, pois esta diretamente relacionada aos hábitos alimentares, e quantidade de hormônios secretados. Com tal aumento de peso, o metabolismo também sofre alterações e fica mais acelerado, para que possa suprir a quantidade de energia que o corpo exige para carregar toda esta nova carga, assim, o fígado, o coração, a respiração, a digestão e a assimilação de alimentos ficam mais rápidas (GUYTON, 2008).
Nesta fase, a mulher precisa se adaptar ao seu novo ritmo metabólico, hormonal e fisiológico. As mudanças físicas mais perceptíveis são obviamente o aumento do volume abdominal e dos seios, e com estas mudanças, vem muitas vezes um declínio da autoestima, e um sentimento de incapacidade de sedução. Além de levar a mulher a rever a infância, os modelos que teve quando criança, e os modelos que pretende seguir como mãe, leva o casal a reorganizar as rotinas diárias se preparando para esta nova fase cheia de novidades (Silva e Figueiredo, 2005).
 4. A Sexualidade Durante a Gestação
Teoricamente a sexualidade simboliza as práticas corporais e se relacionam com uma dimensão intima e subjetiva das relações entre os pares, porém a sexualidade não pode ser tratada apenas neste contexto, pois se trata de um processo bastante amplo, que envolve as relações afetivas dos casais, vai alem dos aspectos orgânicos e se une a fatores psicossociais.
Porém, na prática, sexo e sexualidade se inter-relacionam, dificultando a diferenciação entre eles, pois se apresentam fortemente sobrepostos, assim, trataremos a fusão dos dois assuntos, nos atendo mais às questões relacionadas à sexualidade (CAMACHO; VARGENS e PROGIANTI, 2010).
Conforme citado anteriormente, durante a gestação, a mulher passa por diversas mudanças, e com a vida sexual não podia ser diferente, surgem algumas dúvidas, medos, muitos mitos, questões religiosas e socioculturais sobre o assunto, além é claro, das mudanças físicas e emocionais, que tornam a pratica sexual diferente e que levam muitas mulheres a acreditar que não devem ter relações sexuais nesta fase, além de passarem a se sentir menos sensuais e desejadas (CAMACHO; VARGENS e PROGIANTI, 2010).
Camacho, Vargens e Progianti (2010) afirmam que atualmente vive-se um momento de maior liberdade sexual, e maior acessibilidade a informações sobre o assunto, o que estimula cada vez mais a participação da mulher no prazer sexual, até mesmo durante a gravidez. Neste período, a vida sexual vai muito além da relação genital, e traz consigo, um maior comprometimento entre o casal, que neste momento, deve desenvolver o erotismo da mulher, fazer com que ela possa se sentir desejado, e sensual, mesmo com todas as alterações corporais provenientes da gestação. Quando há liberdade de expressão da sexualidade entre o casal, a vida sexual durante a gestação tende a melhorar, porém, a mulher vive um conflito interno, por estar gerando um filho, e ao mesmo tempo sentindo vontades, desejos que são sentimentos, que culturalmente não são permitidos durante a gestação, são comum que mesmo durante a gestação, a libido não diminua, porém, pode ser inibida por influência de questões socioculturais. (CAMACHO; VARGENS e PROGIANTI, 2010).
Normalmente, não existem problemas com relação à prática sexual durante a gestação, esta só não é recomendada em casos específicos, nos quais o médico irá pontuar a necessidade da abstinência por um tempo determinado, desconsiderando tais exceções, o sexo durante a gestação é muito positivo, pois aumenta a cumplicidade do casal (Muller, 2009).
De acordo com Savall (et all, 2008), comparando a frequência sexual anterior ao período gestacional ao período gestacional, durante o primeiro trimestre da gravidez 40% das mulheres afirmam a manutenção da frequência, 40% notaram uma diminuição na frequência, enquanto apenas 10% aumentaram a frequência sexual. No segundo trimestre, 48% mantiveram a frequência sexual, 30% notaram uma diminuição e cerca de 20% aumentaram a frequência. Por fim, durante o terceiro trimestre, apenas 20% mantiveram a frequência, 60% diminuíram a frequência e apenas 20% relataram aumento da frequência sexual. Analisando tais dados, é possível verificar, que durante o primeiro trimestre muitas mulheres diminuem a frequência sexual, por conta dos primeiros sintomas causados pela gestação, como por exemplo, as náuseas, vômitos, fadiga, inchaço, sonolência e a sensibilidade corporal, enquanto no segundo trimestre, tais desconfortos diminuem, e as náuseas e vômitos deixam de acontecer, ou ao menos diminuem drasticamente, e durante o ultimo trimestre, o inchaço, sonolência e sensibilidade corporal voltam a aumentar, além de considerar o grande volume abdominal, que acaba se tornando um dificultador da relação sexual, que passa a ser mais cansativa e desconfortável para algumas mulheres.
Além das questões orgânicas, é possível verificar que alguns companheiros se tornam mais carinhosos e afetuosos com as parceiras durante a gestação, e com isso a sexualidade de muitas mulheres aflora, além de desejarem que este comportamento permaneça após o nascimento do bebê, bem como os casais que tem uma percepção positiva da beleza da gestante, passam a ter um melhor desempenho na vida sexual, enquanto os que acham que a mulheres não ficam bonitas e atraentes durante esse período ou que sofrem com as questões socioculturais de que mulheres grávidas não podem ter relações sexuais por ser pecado, errado, ou qualquer outra definição, tendem a ter uma diminuição do desejo e da frequência sexual durante a gestação, portanto, a autoestima e autoimagem do casal esta diretamente ligada à sexualidade durante a gestação (SAVALL et all, 2008; CAMACHO et all, 2010).
5. Considerações Finais
O objetivo deste foi observar e abordar à sexualidade durante a gestação. Ao longo do desenvolvimento, observou-se assim como apresenta a teoria, muitas mulheres se sentem pouco sensuais e sem atrativos físicos durante a gestação em decorrência das transformações que o corpo passa neste período, e que neste momento, o parceiro exerce um papel fundamental para a melhora da autoestima e da autoimagem da futura mamãe, pois cabe a ele ser carinhoso, e elogiá-la enfatizando a permanência do seu desejo por ela, mesmo com um “novo formato corporal”.
Outro fator importante observado, foi que em alguns casos as gestantes têm muitas dúvidas a respeito do tema, e por isso, não se sentem bonitas, sensuais, e em alguns casos, até mesmo sem praticar sexo, por acreditar que podem machucar o bebê, ou até mesmo por ser “errado” uma gestante manter relações sexuais com o parceiro.
Quando apresentadas ao tema, e dada a oportunidade de discutir sobre o assunto, muitas duvidas e medos foram abortados, sendo tranquilamente debatidos e explicados, proporcionando assim, um visível alivio a maioria das futuras mamães que estavam cheias de restrições sobre o assunto.
Em linhas gerais, os objetivos foram alcançados, pois foi possível sanar as duvidas apresentadas por todas as gestantes, e ainda, ter a oportunidade de obter um retorno de cada uma delas sobre asmudanças obtidas após a apresentação do tema, e em geral, os relatos foram de melhorias, tanto com relação a autoimagem, que antes estava distorcida e passaram a se sentir mais bonitas e sensuais, e também com relação ao relacionamento com os parceiros, algumas que antes haviam perdido o interesse sexual, relataram ter voltado a sentir desejo, mesmo que tenham praticado sexo menos vezes por se sentirem mais cansadas e desconfortáveis no final da gestação.
O desenvolvimento adquirido ao longo dos grupos de gestantes, certamente ajudaram muito à todas as participantes, a passarem por este momento tão importante da vida da mulher, de forma mais tranquila, e saudável, pois tiveram a oportunidade de conversar com outras mulheres que estão passando pelo mesmo momento que elas, e ainda, tiveram o apoio e direcionamento de toda a equipe das unidades de saúde e das estagiárias de psicologia.
Sendo assim, comprova-se a importância do apoio do parceiro durante a gestação, o que consequentemente acarretará em uma vida sexual saudável durante este período. Além de visualizar a importância da realização de grupos de gestantes, e da discussão do tema sexualidade ao longo destes
Fonte: https://psicologado.com/psicologia-geral/sexualidade/sexualidade-durante-a-gestacao © Psicologado.com
pesar dos receios, preconceitos e medos ligados ao assunto, homens e mulheres estão cada vez mais dispostos a viver este tempo intensamente. Descobrindo novas formas de prazer, caminhando ao encontro do desejo um do outro.
“Nunca sentimos qualquer alteração ao nível do desejo sexual, nem eu nem o meu marido. Mas como nas primeiras semanas de gravidez tínhamos receio de prejudicar o bebé e eu vir a abortar, a nossa actividade sexual passou a ser mais pensada”, comenta Cátia N, 32 anos, explicando que logo depois superaram os receios, mantendo a mesma frequência nos encontros sexuais, sensivelmente até ao último mês. “Por essa altura estava muito pesada e cansada, a Inês estava quase a nascer, pelo que a actividade diminuiu um pouco”.
Dois anos depois, esta professora de Lisboa está novamente grávida, mas a gestação do Dinis não está a ser “tão santa” como a da irmãzinha. Um pouco pesada, pois o bebé nasce daqui a um mês e meio, mas muito bem-disposta, Cátia N revela a sua intimidade sem pudores numa cama da sala 114 da Maternidade Dr. Alfredo da Costa, em Lisboa, onde está internada devido a uma gravidez que passou a ser de risco. São 18 horas de uma tarde de Outono chuvoso, e os vários compartimentos daquela unidade enchem-se de homens que vêm dizer ‘até amanhã’ às suas companheiras. Trocam-se afagos e palavras, sonha-se e fazem-se projectos. Não há como não ouvir do que falam, apesar de sussurrarem. A proximidade das camas torna a privacidade relativa.
“O Dinis tem dado mais trabalho. Logo no terceiro mês comecei a perder sangue, pelo que o médico proibiu as relações com penetração vaginal”, explica Cátia, admitindo que foi “um pouco difícil acatar o conselho”, pois a proibição parecia vir aumentar o desejo dela como o do companheiro.
“Sempre tivemos um entrosamento sexual muito grande, mas também uma capacidade de diálogo muito boa, pelo que trocamos ideias sobre o assunto e arranjamos alternativas”. Tornaram-se “ainda mais criativos”, diz, descobrindo e apurando outras formas de prazer, igualmente prazeirosas para ambos.
É altura de ditar novas regras
Quando a gravidez acontece, alterações hormonais tomam conta do corpo da mulher. Mas não só! Também surgem alterações emocionais urgentes que ela precisa aprender a gerir, ao mesmo tempo que tem que enfrentar crenças e preconceitos relativamente ao seu novo estado. Nos homens, também o desejo sexual e de actividade sexual podem conhecer outros contornos. E, no limite, os mitos relativamente à gravidez, presentes em ambos os elementos do casal, ditar novas regras.
A gravidez é um tempo de crise para o casal, de acordo com algumas teses. E a actividade sexual durante este tempo um assunto ainda pouco abordado. Ao que parece, os casais têm algum receio de pedir informações, detectando-se na maioria deles uma diminuição da actividade sexual em 40 a 60 por cento.
Em “Sexualidade na Gravidez e Após o Parto” (Editora Clínica Psiquiátrica dos Hospitais Universitários de Coimbra), Ana Isabel Silva e Bárbara Figueiredo escrevem que “o período de gravidez e pós-parto é caracterizado por mudanças biológicas, psicológicas, relacionais e sociais intensas, que podem ter uma influência directa e indirecta na vivência da sexualidade”. Várias investigações a respeito apontam que a gravidez e o pós-parto “constituem uma fase crítica para o início ou o agravamento de problemas sexuais”, uma vez que o desejo e o interesse sexual “tendem a diminuir”.
Segundo Ana Isabel Silva, investigadora no Departamento de Psicologia da Universidade do Minho e na Maternidade Júlio Dinis, no Porto, e Bárbara Figueiredo, professora associada do Departamento de Psicologia da Universidade do Minho, as alterações que ocorrem no corpo da mulher ao longo do tempo de gestação, por vezes dão lugar “a sentimentos de perda de auto-estima devido a percepções subjectivas de fraca atractividade física e incapacidade de sedução”, escrevem na tese “Sexualidade na Gravidez e Após o Parto”. Ora, como se sabe, quando este sentimento ocorre é bem possível que o desejo tenda a se retrair.
Importância das alterações da imagem corporal
A gravidez tem, de facto, um impacto nos padrões de relacionamento sexual do casal, o qual varia nos diferentes trimestres. Pelo menos é o que garante um estudo recente sobre a sexualidade na gravidez, desenvolvido pela psicóloga clínica Patrícia Pascoal, em parceria com Helena Carmo, do Centro de Saúde de Alvalade, Lisboa. «A relação com as alterações da imagem corporal é um dos factores mais referidos como estando associado às alterações na sexualidade, quer pela sensação da mulher de que está indesejável, quer, por outro lado, pela sensação de que os peitos e as curvas estão mais apetecíveis», diz Patrícia Pascoal.
Da mesma forma que algumas mulheres convivem melhor com as suas formas redondas, achando inclusivamente que estas a tornam mais femininas e atraentes, também alguns homem admitem sentirem – se mais atraídos. De qualquer forma, homens e mulheres deste grupo parecem estar em minoria.
A relação de Cátia N com o corpo tentou ser o mais natural possível, assegura a própria, de forma peremptória. «Não convivo mal com as alterações corporais mas também não as elogio ou acho que me tornaram mais sedutora.»
Seja como for, «hoje em dia a mulher grávida pode ser atraente, sexy e desejável, desde que assim o deseje», observa a sexóloga Marta Crawford, autora do livro “Viver o Sexo com Prazer” (Esfera dos Livros), lembrando que apenas há duas décadas e meia, por exemplo, a roupa disponível para grávidas era muito má, sem graça. As mulheres tinham que andar todas tapadas, com vestidos largos. «Hoje, a oferta é muito interessante e abundante, da mais cara à mais barata. Há modelos giríssimos, decotados, e na praia as grávidas andam de biquíni. Actualmente há uma cultura da grávida que é uma mulher bonita e sexy.»
Os receios do casal
“O meu interesse sexual pela Marta manteve-se igual”, observa Fernando C, 30 anos. Convivendo naturalmente com as alterações corporais da companheira, este criativo de profissão admite que era unicamente “o receio de a magoar e ao bebé, que fazia com que não estivesse tão descontraído” no momento de fazerem amor, nos primeiros tempos de gestação.
Marta C, 30 anos, professora, anui relativamente a estes primeiros tempos: “Sentia o Fernando sempre um pouco receoso. No fundo ele sabia que [a actividade sexual] não fazia mal algum ao bebé, estava esclarecido a esse respeito, mas não conseguia evitar. Penso que é mais psicológico do que outra coisa.” Quanto à sua própria experiência no que respeita a eventuais alterações do desejo, admite não ter sentido qualquer flutuação. “Nem mais nem menos, era um desejo perfeitamente igual ao de antes de ter engravidado”.Também o estudo sobre a sexualidade na gravidez, levado a cabo o ano passado pelas especialistas portuguesas, demonstrou que para algumas mulheres e companheiros “a existência do feto é perturbadora quer pelo receio de magoá-lo com práticas coitais, quer pela sensação que ‘o bebé está a ver’”, explica a psicóloga clínica Patrícia Pascoal, acrescentando que também existe o receio de que o sexo possa precipitar o parto. De qualquer forma, esclarece que a globalidade dos casais que entraram no estudo português, referiam manter uma vida sexual satisfatória durante a gravidez.
Mitos sobre a sexualidade
Os mitos sobre a actividade sexual durante a gravidez encontram-se classificados e constituem, por vezes, um obstáculo relevante a uma relação gratificante. Histórias de que as relações sexuais podem causar aborto no primeiro trimestre, que as grávidas não sentem prazer ou que a penetração pode magoar o bebé atravessaram os séculos. Ainda hoje sobrevivem, apesar da vitória da ciência. São fantasmas ancestrais a interferir em campos tão importantes e íntimos da nossa vida. Da mesma forma, se foi cultivando a lenda de que o orgasmo pode afectar o desenvolvimento fetal e que o bebé é capaz de ver e ouvir a partir do útero, assumindo o papel de observador. E, por fim, que o sexo [leia-se com penetração] se torna mais difícil na gravidez, o que de todos poderá encerrar uma verdade relativa.
Importância da criatividade
Mas para a qual há um ‘remédio’ simples. Chama-se criatividade na procura do prazer, através de outros jogos e posições sexuais.
Tabus e ideias feitas à parte, a relação sexual com penetração é perfeitamente inofensiva durante a gravidez desde que não exista contra-indicação médica expressa. “E quando há contra-indicações nesse sentido, isso não quer dizer que o casal fique impedido de se relacionar intimamente e não tenha outros comportamentos sexuais”, diz-nos Marta Crawford esclarecendo que ainda existe muito a ideia errada de que sexo é penetração. “A mulher pode estar impedida de ter uma relação coital, mas não está impossibilitada de ter outro tipo de sexualidade como a masturbação ou o sexo oral, por exemplo, que podem ser perfeitamente praticados se ela se sentir à-vontade e necessidade”. A especialista aconselha as mulheres que tem contra-indicação médica para a actividade sexual a pedir sempre ao especialista que a clarifique exactamente sobre o que lhes está realmente interdito.
Marta C está agora a um mês de ter o primeiro filho, vai ser uma Leonor, e com contra-indicação à actividade sexual. Na consulta de rotina das 28 semanas, a médica avançou a possibilidade de um parto prematuro. Aconselhou-a “a abrandar o ritmo” de vida, e relativamente “às relações sexuais, que fossem suspensas.”
Diálogo aberto é regra de ouro
A jovem professora desabafa a propósito: “Agora que estou com 35 semanas, sinto que também já deveria ser um pouco desconfortável termos relações mas, por outro lado, também sinto falta desses momentos de intimidade”. De momento, “a quantidade de almofadas que me tentam apoiar as costas, são uma barreira para os abraços e carinhos, que foram substituídos por festas e conversas com a barriga”.
A regra deste casal, desde o primeiro momento, tem sido falar do que vinham e foram sentindo e das dificuldades práticas, dialogando sempre no sentido de, juntos, encontrarem soluções. Têm conseguido. Tal como Catia N e o companheiro.
O diálogo aberto é indicado por todos os especialistas como o melhor instrumento para ultrapassar receios, e não permitir que mal entendidos se instalem. Isto é, que sentimentos de incompreensão, rejeição e insatisfação tomem conta da intimidade do casal no dia-a-dia.
Implicações das alterações físicas
Seja como for, há alterações físicas que não devem ser descuradas à medida que a gravidez progride, podendo em alguns casos alterarem o interesse sexual feminino. Neste caso, não se trata de mitos, mas coisas concretas que podem fazer influenciar o interesse sexual e diminuir a actividade sexual.
No primeiro trimestre de gravidez, por exemplo, ao mesmo tempo que novos pensamentos e sentimentos invadem a mulher, esta começa a sentir pequenas alterações físicas, corporais, e sintomas que podem fazer diminuir o seu interesse sexual. Entre muitas outros, a vagina fica mais sensível, a tensão mamária aumenta e podem surgir náuseas e vómitos. No segundo trimestre, porque ocorre uma diminuição dos desconfortos iniciais, o desejo sexual pode reacender, voltando a diminuir uma vez mais no último trimestre, pois os desconfortos voltam a aumentar, entre eles a fadiga.
A experiencia da gravidez não é vivida da mesma forma por todas as mulheres, uma sentem o interesse sexual aumentar outras diminuir, podendo o mesmo acontecer com o homem face ao corpo da companheira em mudança. Mas “o importante é mesmo que o casal possa falar no assunto, no que cada um está a sentir, e encontre formas de se relacionar afectivamente durante este tempo”, comenta Marta Crawford, sublinhando que o fundamental é que o casal mantenha a intimidade. «Porque há a ideia de que a partir do nascimento do bebé tudo se resolve e não é assim. Esta fase é mais difícil do que aquela em que eram só dois, é um momento de adaptação.»
Sexo após o parto
Já no que respeita a retomar a actividade sexual após o parto, «tem que ser a mulher a controlar um pouco o seu próprio corpo. Uma coisa é o médico dizer que ela está fisicamente pronta para isso, e outra coisa é a cabeça dela. A cabeça vai mais devagar», esclarece Marta Crawford, lembrando que no caso de a mulher estar a alimentar o bebé ao peito há mesmo a hipótese de não sentir tanto esse desejo. «O facto de estar a amamentar desencadeia uma alteração hormonal que muitas vezes faz com que haja uma alteração da libido.»
Também o estudo levado a cabo por Patrícia Pascoal e Helena Carmo sobre a sexualidade na gravidez revelou que no 3º trimestre há, de facto, uma diminuição da frequência das relações sexuais e «ainda uma alteração do tipo de práticas, optando muitas vezes o casal por actividades gratificantes que excluem a penetração vaginal», diz Patrícia Pascoal.
Como se comprova neste trabalho, a gravidez pode ser sempre uma oportunidade para o casal descobrir novas posições sexuais, em que ambos se sintam confortáveis, uma vez que a posição mais clássica, a do missionário, a certa altura não se adapta às alterações que o corpo da mulher, então, acabou por sofrer.
Em “Viver o Sexo com Prazer”, Marta Crawford escreve: «As posições em que a mulher fica por cima do parceiro são as mais confortáveis, uma vez que ela pode controlar a profundidade da penetração. A posição de lado é, contudo, uma das utilizadas durante a gravidez. Estando os dois de lado, a penetração é feita por trás, proporcionando assim melhor conforto à mulher, e evitando a compressão sobre a barriga». A posição por detrás, sendo mais uma opção, prossegue, é mais exigente para a mulher, e também mais difícil nos últimos meses de gestação. «Para as práticas não coitais, cada casal deve procurar as posições que forem menos exigentes fisicamente», resume.
Mas tudo deve ser pensado e discutido a dois, através do diálogo. Cada casal deve encontrar, assim, a sua própria forma de se relacionar em mais este aspectos das suas vidas, e da sua intimidade. O fim último deve ser sempre a alegria e a harmonia dos dois, abrindo espaço nas suas vidas para o filho que vai nascer.
Para uma melhor adaptação a este período, a psicóloga clínica Patrícia Pascoal, co-autora de um trabalho sobre Sexualidade na Gravidez, deixa alguns conselhos:
– Obter informação necessária e regular junto do obstetra relativamente à existência de contra-indicações para a prática sexual penetrativa e orgasmo.
– O casal deve conversar sobre as flutuações do desejo de ambos e da relação com a imagem corporal.
– A mulher deve fazer somente o que lhe apetece e a faz sentir bem.
– Deve lembrar-se que é uma fase diferente que coloca novos desafios e que pode experimentar a relação com o corpo de outra maneira.– É preciso respeitar as suas inibições.
– Retomar a vida sexual quando houver indicação mas apenas se se sentir preparada, não quando lhe disserem que deve.
O que pode acontecer
Alterações que podem ocorrer ao longo da gravidez e influenciar a sexualidade do casal:
-A alteração do interesse sexual feminino – tendencialmente um decréscimo do interesse no primeiro mês da gravidez., e diminuição marcada no 3º, sendo variável no 2º trimestre.
– O decréscimo da actividade sexual durante o período de gravidez.
– A necessidade de mudanças, ao nível do comportamento sexual, com marcada preferência por carícias não genitais.
– Alteração das tradicionais posições sexuais.
– A relação coital, que pode ser substituída pela masturbação e pela introdução de outras práticas sexuais gratificantes para ambos.
Nota: In “Viver o Sexo com Prazer”, Marta Crowford (Esfera dos Livros)
 
Alterações psicológicas
Durante o período de gestação ocorre:
– A preocupação com o parto.
– As alterações voltam-se para o filho que está para nascer.
– Uma diminuição da atenção para com a mãe, o bebé passa a centrar todos os cuidados.
Contra-indicações à actividade sexual
Apenas as seguintes condições constituem razão para suspender a actividade durante o período de gravidez, de acordo com os documentos médicos:
– Ameaça de aborto.
– História de abortos anteriores.
– Placenta baixa.
– Deslocamento da placenta.
– Hemorragia vaginal.
– Rotura de bolsa.
– Incompetência do colo do útero.
– Existência de IST – infecção sexualmente transmitida.
SEXUALIDADE NA GRAVIDEZ
Com a gravidez, muita coisa se faz nova e a vida sexual faz parte dessa novidade. Tanto a gravidez quanto o pós-parto é cheio de mudanças biológicas, psicológicas e inter-relacionais que marcam – direta e indiretamente – a sexualidade. Tal momento poderá originar um aprofundamento da experiência sexual do casal, capaz de aumentar a cumplicidade ou gerar dificuldades.
As mulheres ficam mais carentes e precisam como nunca da aliança com o parceiro, da sua proximidade, carinho, proteção e do seu afeto. Se por um lado, algumas dificuldades podem acabar por distanciar o casal levando a uma expressiva diminuição do desejo, por outro, nessa fase alguns hormônios são capazes de deixá-las mais excitadas. Além da vantagem de não haver preocupação em se prevenir de uma gravidez ou mesmo em conseguir engravidar.
Os homens costumam, hoje em dia, a participar dessa época ativamente. Assim, o casal passa por momentos de adaptação físicas e emocionais, incluindo as relacionadas com a relação sexual. Alguns parceiros relatam sintomas de gravidez também. Eles não passam pelas mesmas alterações femininas, mas podem ser afetados por questões como a criação do filho, ansiedade referente ao momento do parto, a responsabilidade em ser pai, a visão da gravidez como um momento sagrado (levando a diminuição do seu desejo sexual), diminuição da atração sexual pela novas formas da parceira, medo de machucar o bebê ou a parceira com a penetração, sentimento de exclusão da relação e conseqüente ciúmes e o entendimento da figura da mãe e da mulher na mesma pessoa. Esse último fato também é relatado por algumas mulheres que hesitam em buscar a própria sexualidade sem culpa em um momento tão intenso e cheio de emoções diversas.
Assim, falar de sexo na gravidez é falar dos mitos e fantasmas que limitam o prazer sexual do casal. Alguns podem interferir na tranqüilidade sexual do casal, como o medo da penetração. Mas não há porque se preocupar; o bebê está bem protegido dentro do útero por algumas camadas de músculos, pelo saco gestacional e por uma mucosa que bloqueia a entrada uterina. Além disso, o sexo é capaz de fortalecer os músculos do períneo que ajudam na hora do parto, além de deixar a mãe feliz e relaxada. E se o bebê sente tudo o que a mãe sente, sexo é bom durante toda a gravidez.
Mas se o casal não se sente à vontade para que ocorra a penetração, outras maneiras podem ser experimentadas. Afinal sexo não se resume a ela, envolve jogos eróticos, sexo oral ou anal e a masturbação. Então, use a criatividade, pois há alternativas de se relacionar sexualmente caso o obstetra* avise que é melhor a abstenção sexual. Descubra novas fontes de prazer que não precisam ser deixadas de lado.
Claro que algumas patologias podem impedir o exercício da atividade sexual. Caso tenha ocorrido algum sangramento de escape (ou spotting) no início da gestação é aconselhável que não haja sexo com penetração até a 14ª semana. Também não se recomenda o sexo quando ocorre deslocamento da placenta, perda de líquido amniótico ou ameaça de aborto. Dilatação precoce do colo do útero e pressão alta no final da gravidez também pedem cuidado. Além desses, caso haja sensibilidade vaginal aumentada, infecções recorrentes, lesões vaginais ou dor, o sexo também deve ser interrompido. A situação sempre deve ser pensada com a ajuda do binômio: conforto X desconforto.
Claro que nos primeiros meses, enjôos, dores no seio, cansaço, náusea e preocupações gerais podem acabar diminuindo o bem estar e o desejo sexual da mulher. É o pico da progesterona no ovário também. Normalmente, as mulheres relatam que no 2º semestre é quando ocorre o desejo mais intenso de suas vidas sexuais por ganharem mais disposição e energia por conta do hormônio do crescimento GH. Além disso, a vagina está sensível devido à maior vascularização da região.
Nos últimos meses, o volume da barriga e o desconforto na lombar também podem influenciar na queda da libido, havendo um desligamento quase que automático em relação ao sexo. Os casais precisarão procurar por novas posições capazes de deixar a barriga mais à vontade, como lado a lado, ou por trás. Durante o último mês, não há um consenso entre os obstetras. Enquanto alguns recomendam abstinência até o final da gravidez, outros acreditam que seja necessário só na última semana.
Mas após o parto, a abstinência é recomendada. Além disso, a mulher normalmente apresenta um menor desejo sexual nessa época devido ao aumento da prolactina e ao próprio cansaço com a adaptação dos cuidados iniciais com o bebê, o que se associa para inibir o desejo. Essa falta inicial de desinteresse é natural e até mesmo desejável, pois o corpo necessita se recompor das mudanças e do estresse tanto da gravidez quanto do parto. Com o tempo, e aos poucos, o desejo e a vida sexual retornam. Conversar e ter paciência é bem vindo e o apoio desenvolvido nesse momento permite a aproximação e a continuação da sexualidade num futuro próximo.
*O primeiro cuidado que se deve pensar durante a gestação é um acompanhamento pré-natal adequado

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