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Epidemiologia UNIDADE 1 1 1ª UNIDADE DISCIPLINA: EPIDEMIOLOGIA Palavras do Professor Prezado (a) aluno (a), a partir de agora você está convidado a conhecer a disciplina de Epidemiologia. O tamanho da palavra já dá a dimensão da sua importância na área da saúde, pois ela permitirá que você, futuro profissional de saúde, se debruce sobre os processos de adoecimento da população humana, na medida em que a Epidemio, como é conhecida, se preocupa em estudar a distribuição das doenças em populações e o que as ocasionam. Você, aluno (a) de nutrição, ainda durante seu cotidiano acadêmico e futuramente profissional, vai se deparar com doenças importantes como diabetes, hipertensão, obesidade ou mesmo câncer, que tem relação direta com os hábitos das pessoas, inclusive alimentares. As doenças predominantes no passado eram as doenças transmissíveis, infecciosas, característica da pobreza e da baixa distribuição de renda. Para início de conversa Para início de conversa, você terá uma explanação de como o estudo epidemiológico é importante para a humanidade. Aproveite todo conteúdo que será exposto porque será de suma importância para sua vida acadêmica e, principalmente, profissional. (MEU TEXTO). O desenvolvimento e a industrialização fizeram a sociedade moderna conviver com um grande número de doenças crônicas resultado de uma alimentação mais industrializada e com pouco teor de vitaminas, somado ao estresse diário, e a não realização de atividades físicas, tudo isso muitas vezes associados a hábitos como tabagismo e alcoolismo. As doenças transmissíveis e crônicas não transmissíveis (DCNT) serão abordadas com mais detalhes na unidade 3 desta disciplina. A partir da Epidemiologia, você será capaz de conhecer instrumentos que permitirão o conhecimento dos fatores que ocasionam estas doenças dando condições para o enfrentamento dessas a partir da imple- mentação de ações voltadas à prevenção e ao controle, na medida em que se preocupa em descrever este adoecimento entendendo como, quando, onde e quem é acometido. O que chamaremos no final dessa unidade de Epidemiologia Descritiva. Você é capaz de perceber que se trata de um olhar para além do individual, a epidemiologia como a pró- pria palavra já traz no seu significado, preocupa-se com o coletivo, com as pessoas, nos seus contextos de vida, por isso é considerada por muitos autores parte integrante da disciplina de Saúde Coletiva. 2 orientações da disciPlina 1. EPIDEMIOLOGIA: CONCEITO, BASES HISTÓRICAS, OBJETIVOS, IMPORTÂNCIA E USO 1.1. Os Principais usos da Epidemiologia 2. EPIDEMIOLOGIA E PREVENÇÃO: HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA O PROCESSO SAÚDE-DOENÇA 3. EPIDEMIOLOGIA DESCRITIVA Agora que você já conheceu um pouco mais desta disciplina, está na hora de aprofundarmos o conteúdo conhecendo os conceitos, a história, a importância e uso da Epidemiologia, a história natural da doença e por fim, a epidemiologia descritiva. Neste momento é importante que você leia com atenção a unidade 1 do livro texto na integra para que possamos seguir em frente. Ao final desta unidade você deverá compreender a importância da Epidemiologia e suas contribuições para o controle e redução de doenças em populações. 1. ePideMioloGia: conceito, Bases HistÓricas, oBJetivos, iMPortÂncia e Uso Você deve ter observado durante sua leitura ao livro texto que, os conceitos da epidemiologia são varia- dos e que sofreram mudanças no tempo. De uma maneira geral, a epidemiologia analisa a situação de saúde e estuda a distribuição das doenças e agravos em populações com finalidade de reduzir o número de pessoas acometidas, a partir de ações de prevenção e medidas de controle. você sabe como surgiu a história da epidemiologia? Para entender como se chegou até esses conceitos atuais se faz necessário conhecer como se deu a história da Epidemiologia, lembro a você que esta coincide com a própria história da Medicina com Hipócrates, quando o mesmo relatava que as doenças eram influenciadas por fatores ambientais. leitUra coMPleMentar Nesse momento você conhecerá melhor quem foi Hipócrates, o pai da medicina, fazen- do a leitura complementar do texto “A Epidemiologia de Hipócrates ao século XXI” no link. ??? 3 A partir desse momento a história é dividida em três eixos que estão descritos com detalhes no seu livro texto (retome as páginas de 5 a 8 para relembrar). Sendo o primeiro eixo conhecido como clínica médica de Thomas Sydenham, este eixo por sua vez, se deu em Três momentos culminando por fim no surgimento da fisiologia moderna. O segundo eixo tratava da Estatística que buscava quantificar as doenças e um terceiro e último eixo conhecido como da Medicina Social estudou o processo saúde–doença a partir das práticas sociais. Figura 1 - Thomas Sydenham Fonte: http://opioids.com/opium/thomas-sydenham.jpg Outro marco importante que você precisa saber aconteceu em 1854, quando John Snow observou uma associação entre a origem da água utilizada para beber e as mortes por cólera ocorridas em Londres. Na página 9 do seu livro texto, você poderá conhecer melhor quem foi John Snow e sua importância para Epidemiologia. Lembre-se que a cólera é uma doença infectocontagiosa que está associada à falta de saneamento e higiene. leitUra coMPleMentar Leia mais sobre a cólera no link. Na década de 1920 assolaram várias epidemias pelas péssimas condições de higiene e saneamento. No Brasil, entre os anos de 1960 e 1970, as práticas de saúde públicas vão se limitar a campanhas para con- trole e erradicação de doenças infectocontagiosas (exemplos varíola e poliomielite). As doenças infecto- contagiosas ou transmissíveis são aquelas doenças que se transmite diretamente de pessoa a pessoa ou a partir de um veículo como a água contaminada. Essas doenças se caracterizam por terem relação direta com as condições de vida das pessoas, como moradia, alimentação e higiene. Quando essas doenças aco- metem um número maior de pessoas, acima do que é esperado, estamos falando de Epidemia. Você terá 4 oportunidade de conhecer melhor sobre as doenças transmissíveis e epidemias nas próximas unidades. O desenvolvimento e a industrialização, reflexo da revolução industrial, o acesso aos bens de consumo culminou no que se chamou de “transição epidemiológica”. O acesso aos serviços de saúde e as vacinas, além de melhores condições de vida diminuíram as doenças infecciosas até então predominantes, e com isso a expectativa de vida da população aumentou, as pessoas passaram a viver mais dando assim origem as doenças não infecciosas conhecidas como doenças da Modernidade como Hipertensão, Diabetes e a obesidade. Ao mesmo tempo em que a população vive a transição demográfica com o envelhecimento a partir do aumento da expectativa de vida. Que serão vista com maiores detalhes na Unidade 2. É importante que você entenda que as doenças infectocontagiosas apesar de diminuírem não foram er- radicadas ou extintas, pois se lembre de que temos muitas áreas de pobrezas ainda, apesar do desenvol- vimento vivido. Então, pode-se dizer que hoje existe um modelo conhecido como dupla carga de doenças onde se convive tanto com doenças da pobreza, que são as doenças transmissíveis, como com as do desenvolvimento que são as doenças crônicas. Lembre-se também que quanto melhores as condições de vidas das pessoas, elas tendem a viver mais e com mais saúde; então passamos a conviver numa população mais envelhecida onde a expectativa ou esperança de vida aumentou. leitUra coMPleMentar Leia mais sobre a expectativa de vida no link. 1.1 os Principais usos da epidemiologia Dentro desse contexto de realidade de saúde em que vivemos, podemos entender os objetivos da Epi- demiologia que se encontram bem definidos nas páginas 15 e 16 do seu livro texto. Entre seus objetivos pode-se destacaro diagnóstico de saúde da população. A partir da epidemiologia é possível se realizar o diagnóstico dos problemas que mais acometem as pessoas num determinado local e tempo, para que a partir daí se possa descrever o perfil epidemiológico de uma determinada população. A partir do momento em que se conhece esse perfil é possível propor ações e estratégias para prevenir e mudar a realidade daquela localidade. A epidemiologia, além de propor essas ações, também permite medir estas quanto à efetividade e resposta frente à redução daquela doença ou agravo. exeMPlo Para você melhor entender, coloque na prática o exemplo relatado abaixo: Dando um exemplo prático do nosso cotidiano, a Dengue que tanto nos assola, você já deve ter tido ou muito possivelmente conhece inúmeras pessoas do seu convívio que já sofreu com a doença. A dengue, como você bem sabe, é uma doença infecciosa causada por um vírus e transmitida por um mosquito. 5 Pois bem, a epidemiologia nos permitiu conhecer essa doença a fundo, como ela se transmite, seus sinais e sintomas, o número de pessoas acometidas; se utilizando de sistemas de informação (que você verá nas próximas unidades) onde é notificado cada caso de dengue suspeito. A partir daí se faz um diagnóstico do perfil da doença numa determinada localidade, que no caso da Dengue muitas vezes resultou em Epide- mia ou surto, com um número muito grande de pessoas acometidas pela doença. Esse diagnóstico permite que ações de prevenção e promoção sejam propostas, outro objetivo da epide- miologia, como por exemplo, as campanhas de prevenção em massa com a distribuição de panfletos com orientações como o cuidado com pneus, caixas de água destampadas e lixo. E essas ações e estratégias precisam ser avaliadas para saber se refletiram no número de casos, se elas de fato são efetivas, outro papel da epidemiologia; pois a partir do momento que os dados epidemiológicos demostrarem que esses números diminuíram, significa a positividade dessas ações. Quer conhecer melhor como a dengue está no Brasil? veJa o vídeo! Assista ao vídeo, com duração de três minutos e quarenta segundos. Foi utilizado o exemplo da dengue para que você pudesse entender em que momento a epidemiologia se faz presente e sua importância no cotidiano das pessoas. 2. ePideMioloGia e PrevençÃo: HistÓria natUral da doença o Processo saÚde-doença Agora que você já entendeu o que é a Epidemiologia não podemos deixar de falar de saúde e de doença. Estas duas palavras foram sendo conceituadas ao longo da história da humanidade. É fato que a saúde e a doença não têm a mesma representação para todas as pessoas. Dependendo de vários fatores como lugar, condição social e tempo, além disso, depende dos valores que as pessoas carregam inclusive reli- giosos. Aquilo que é considerado doença variou muito, e o que é saúde para um não pode ser para outro e vice-versa (leia atentamente as páginas de 16 a 20, do seu livro texto). Observe que cada civilização tinha uma definição própria quando se tratava de doença. A definição de doença foi dividida em fases, na Antiguidade, considerada primeira fase, foram consideradas por algumas civilizações como sendo de cunho religioso em resposta a um mau feito, de origem demoníaca; já para ou- tras se tratava de um desequilíbrio entre os quatro elementos da natureza (água, ar, fogo e terra). A Idade Média, no período feudal, se caracterizou pelas grandes epidemias advindas das doenças contagiosas. Já no período do Renascimento, partículas invisíveis são consideradas responsáveis pela produção de doença que atinge o homem de diferentes formas de contágios. A segunda fase culmina na teoria miasmática, os ‘’miasmas’’, que se caracterizavam por gases que ad- vinham do solo ou do ar, supostamente nocivos, como o chorume do lixo e sujeiras que vinham produzir 6 a doença. O corpo passa a ser objeto de estudo na anatomia a partir das alterações sofridas durante a doença. Com a Revolução Francesa surge a Teoria Social da Medicina onde o ambiente deixa de ser na- tural passa a se vestir de cunho social. A terceira fase conhecida como biológica ou microbiológica, que se destaca pela descoberta do micros- cópio e das bactérias. Nasce a Teoria Unicausal, na qual para cada doença existia apenas um agente etiológico (causador) que poderia ser identificado mediante microscópio e combatido por meio de vacinas ou antibióticos. Na quarta fase há a compreensão de que a doença está associada não mais a apenas uma causa e sim a múltiplas causas, definindo assim a teoria Multicausal, como fatores biológicos, psicossociais, físicos dentre outros. A balança de Gordon é uma representação de que a doença parte do princípio da interação de três elementos: agente, ambiente e hospedeiro. Figura 2 - “Estrutura Epidemiológica” por CostaPPPR - Obra do próprio. Licenciado sob CC BY-SA 3.0, via Wikimedia Commons. Fonte. Praticando Trazendo para sua prática do dia-a-dia é sabido que a hipertensão, por exemplo, é uma doença crônica ocasionada por inúmeros fatores que vão para além de uma má alimen- tação. E é importante você, futuro profissional, ter esse olhar ampliado para o cuidado em saúde, e que combater doenças crônicas como a hipertensão exigirá mudanças no estilo de vida das pessoas. E que caberá a você, a partir da compreensão do envolvi- mento desses múltiplos fatores, estimular essas mudanças. As doenças crônicas são multicausais e o envolvimento de vários fatores dificulta seu tratamento quando comparadas às doenças infectocontagiosas, por exemplo; onde é sabido qual é o agente causador e que este pode ser evitado a partir de vacinas ou mesmo tratados com soros e antibióticos. Então, caro (a) alu- 7 no (a) tratar de um doente crônico vai exigir de você um olhar macro da saúde, não apenas da alimentação dele, mas um olhar em seu contexto de vida. você sabe qual a definição de saúde? A própria definição da Organização Mundial da Saúde que aparece lá na Constituição de 1988, na criação do SUS (Sistema Único de Saúde), entende que saúde é um com- pleto bem-estar, ou seja, que vai muito além da ausência de doença. É importante que você consiga fazer a conexão com esses assuntos que são trados também na saúde coletiva. Lembre-se que houve mudança no perfil saúde-doença da população, pois, esta adoece menos de doenças transmissíveis que são tratáveis e preveníveis median- te vacinação, e passam a conviver com o resultado da industrialização com alimentos pouco saudáveis, com poucas frutas e verduras, além de um estilo de vida estressante, sem lazer e boas noite de sono. Essas doenças podem restringir de maneira importante à vida das pessoas, na medida em que se não controladas podem deixar sequelas para o resto da vida destas. Além disso, você precisa compreender que essas doenças são caras para o Sistema, pois quando um doente crônico precisa de tratamento ele não resolve seu problema em uma única consulta, ele precisa voltar várias vezes para acompanhamento. É sabido também que grande parte dos leitos de UTI são ocupados por doentes crônicos que tiveram suas doenças agravadas no percurso de suas vidas. e aí você pode estar se perguntando: essas doenças aparecem da noite para o dia? Não, elas passam por um processo conhecido como história natural da doença que nada mais é que um conjunto de processos interativos que compreendem as inter-re- lações do agente, do suscetível e do meio ambiente. Peço a você que atente para a leitura das páginas 20 a 22, do seu livro texto. O modelo da história natural da doença que é adotado pela Epidemiologia foi elaborado por Leavell e Clark (1976) e este se divide em dois estágios: o pré-patogênico como o próprio nome já diz, o período antes da doença e o período patogênico que se caracteriza pela doença já instalada que pode inclusive estarapresentando seus sinais e sintomas. • No período pré-patogênico, o suscetível, que é a figura do hospedeiro, sofre a influência direta de vários fatores entre eles: sociais, ambientais e genéticos. Você precisa saber que existe uma relação direta entre os fatores sociais e as doenças. É fato que uma pessoa mais pobre e de baixa renda tende a adoecer mais, pois nasce muitas vezes com baixo peso, acesso limi- tado aos serviços de saúde, de moradia, de alimentação e de saneamento. Vimos a pouco que as doenças infectocontagiosas ou doenças transmissíveis são ditas da pobreza. Já os fatores ??? ??? 8 ambientais englobam, por exemplo, o local de trabalho e suas condições, o uso de pesticidas, e as condições do ambiente que pode interferir no estado de saúde de um indivíduo. As con- dições genéticas são inerentes às pessoas e que apesar dos avanços da medicina genética se tem pouca interferência nesses fatores. As somas de todos esses fatores vão ser responsáveis pelo surgimento de várias doenças. E ao contrário das doenças causadas por um único fator, as doenças conhecidas como multifatoriais são mais difíceis de serem tratadas já que para isso é necessário que todos os fatores envolvidos sejam tratados. Por isso, dizemos que as doenças crônicas são de difícil tratamento já que para seu surgimento envolve vários determinantes. • O período da patogênese se caracteriza por ser o da doença propriamente dita, onde há a interação do suscetível com o estímulo que irá provocar alterações fisiológicas e bioquímicas, neste aparecem os sinais e sintomas. Quando pensamos em tratamento deve ficar claro para você que quanto mais cedo intervimos melhor será a resposta a esses agravos e doenças. A partir do entendimento da história natural da doença foram propostos os três níveis de prevenção. E que seu conhecimento é de fundamental importância para a prevenção, controle e enfretamento das doenças. Você deve ter observado, ao ler o livro texto, que pode se distinguir três níveis de prevenção: primária, secundária e terciária. A prevenção primária é a realizada ainda no período pré-patogênico, antes da doença propriamente dita. Esse nível de prevenção por sua vez se divide: em promoção da saúde (1° Nível) e proteção especifica (2° Nível). • Na promoção da saúde as medidas adotadas não se dirigem à determinada doença e sim são medidas coletivas e genéricas que quando aplicadas servem para aumentar a saúde e o bem-estar de uma maneira geral. Por exemplo, a alimentação adequada a qual você tem tanta propriedade quanto futuro profissional, faz parte desse nível assim como demais hábitos sau- dáveis, como a prática de exercícios. • Já a proteção específica como próprio nome já diz utiliza-se de medidas aplicáveis a uma doença ou grupo específico. Como exemplos: as vacinas e controle de vetores. No período da patogênese temos a prevenção secundária e a terciária. A prevenção secundária por sua vez é composta do diagnóstico precoce e tratamento imediato (3º nível) que tem como objetivo curar ou mesmo estacionar o processo evolutivo da doença e a limitação da invalidez (4° nível) que busca evitar futuras complicações e sequelas. E a reabilitação (5º nível) tem como principal objetivo de reinserir o indivíduo na sociedade. O quadro 1.1 da página 22 do seu livro texto você encontrará exemplos de cada um desses níveis. É importante que você compreenda que no ciclo da evolução da doença, esta pode ter como desfecho: a cura, a invalidez e até mesmo a morte; sendo assim, é fundamental que a intervenção frente a uma doença seja feita ainda nos primeiros níveis de prevenção. Os enfretamentos tardios das doenças oneram o SUS, pois demandarão tratamentos mais caros e mais frequentes como as reabilitações, além disso, o agravamento dessas doenças leva a ocupação dos leitos de UTI. 9 3. ePideMioloGia descritiva Caro (a) aluno (a), as páginas 24,25 e 26 do seu livro texto tratam da Epidemiologia descritiva que tem como objetivo compreender o comportamento de uma doença ou agravo à saúde na medida em que se ocupa em descrever a distribuição destes em relação a variáveis de tempo, lugar e pessoas. Ao entender este comportamento é possível se intervir nestas variáveis de modo a controlar ou mesmo evitar que estas doenças e agravos atinjam a população. Você precisa saber que existem doenças que aumentam ou diminuem no tempo, sabemos que em deter- minadas épocas do ano doenças como a Dengue tem um maior número de casos devido ao clima mais favorável à reprodução do agente causador, além de ser mais propício ao acúmulo de água; ao mesmo tempo em que são alterações típicas da doença e que devem ser esperadas. Quando a doença aumenta de forma inesperada ou num período que não é típico, nos alerta para os casos de epidemia ou surto destas. Epidemia é o aumento de caso para além do esperado do mesmo jeito que o surto ocorre em áreas res- tritas, por isso a importância de se conhecer, a partir da epidemiologia, o comportamento das doenças. Quanto à variável lugar, existem localidades que propiciam ambiente favorável para proliferação de doen- ças. A zonal rural, por exemplo, favorece ambiente para proliferação do barbeiro, causador da doença de chagas, que é muito comum em casa de taipas (barro). A filariose, causada pelo mosquito, encontrou na região metropolitana do Recife ambiente favorável para se reproduzir sendo endêmica nessa região. Leitura complementar Agora você deve aprofundar seus conhecimentos sobre a filariose lendo o artigo no link. Em relação ao tempo, as doenças podem apresentar variações no seu curso. As variações próprias das doenças ou esperadas são conhecidas como endêmicas, e estas se classificam como: tendência secular, variações cíclicas e a variação sazonal. • A Tendência secular por sua vez corresponde a variações observadas na incidência ou preva- lência, ao longo de um período grande de tempo; • As Variações cíclicas consistem em um aumento periódico da incidência de certas doenças; • A Variação sazonal corresponde a aumentos periódicos da incidência em determinadas épocas do ano, geralmente relacionados ao modo de transmissão de cada doença. As variações irregulares constituem as epidemias que podem ser definidas como uma elevação na inci- dência da doença. A variável lugar “onde” ocorre determinada doença é muito importante na epidemio- logia para caracterização do evento. Vários elementos geográficos podem influenciar a distribuição das doenças, como fatores climáticos e a localização urbana ou rural. As variáveis pessoas “quem” estão relacionadas às características como: idade, sexo, ao grupo étnico, renda, escolaridade e ocupação. 10 leitUra coMPleMentar Para você entender melhor sobre a epidemiologia descritiva dentro de um contexto mais prático, acesse a leitura complementar intitulada Associação entre incidência de dengue e variáveis climáticas, no link. É fato que o acesso aos serviços de saúde é essencial para prevenção e controle das doenças. Neste sen- tido, o SUS dentro do seu princípio da universalidade, tem proporcionado que a maior parte da população tenha acesso às ações de promoção, prevenção e recuperação. Além disso, o acesso aos bens de serviços e a melhor distribuição de renda são fundamentais para melhoria da qualidade de vida das pessoas e, consequentemente, faz com que esses vivam mais e com mais qualidade. Programas têm garantido para além da assistência - como a Estratégia da Família - que entende que as famílias precisam ser cuidadas dentro do seu contexto de vida; por outro lado, o acesso a medicamentos de controle de doenças como hipertensão e diabetes. Essa população mais envelhecida trouxe com ela a predominância das doenças crônicas como as doenças cardiovasculares, obesidade e as neoplasias, adquiridas no curso de suas vidas. leitUracoMPleMentar Aprofunde mais seus conhecimentos sobre doenças crônicas com a leitura do artigo “Doenças Crônicas Não Transmissíveis no Brasil: prioridade para enfrentamento e in- vestigação”, conforme o link. Por outro lado, essa melhora na qualidade de vida fez com que doenças transmissíveis típicas de po- pulações menos desenvolvidas diminuíssem, mas não fossem extintas, já que ainda vivemos em locais de muita desigualdade de distribuição de renda, os chamados bolsões da pobreza. Essas doenças são conhecidas como doenças negligenciadas. leitUra coMPleMentar Você pode ler mais sobre doenças negligenciadas, no link. Essas doenças infecciosas que acometem ainda um número importante de pessoas, o fazem em função do modo de contágio e das condições de vida da população. Mesmo após a descoberta da vacina e dos antibióticos muitas dessas doenças tornaram-se frequentes e novas outras doenças foram descobertas. São as chamadas doenças emergentes e reemergentes. É importante que você aprenda essas definições: • As doenças emergentes são aquelas que acometem uma determinada população, mas sem nunca a ter acometido antes; 11 • As doenças reemergentes por sua vez são aquelas que foram erradicadas, mas que voltam a aparecer, como o sarampo. E é nesse binômio de realidade que a epidemiologia convida você aluno (a) a mergulhar na busca de dimi- nuir esses números de acometimentos por doenças que nos perseguem há anos como a dengue e a AIDS. Mas não podemos deixar de reconhecer os avanços trazidos e responsáveis por erradicar tantas outras doenças. Para enfrentarmos de uma vez estas doenças é necessário o conhecimento dos instrumentos que essa epidemiologia nos dispõe para que através dela possamos conhecer as doenças em detalhes, como seu ciclo, sinais sintomas, modos de transmissão e prevenção, e evitar o adoecimento de novas pessoas. Podendo se identificar fatores que facilitam o aparecimento de alguns grupos de doenças como fatores geográficos. acesse o aMBiente virtUal Estamos chegando ao fim desta unidade esperando que você tenha compreendido o papel da epidemiologia e como ela fará parte de sua vida quanto profissional da saúde. A partir dela, você conhecerá as doenças e os agravos que acometem as pessoas para que possam propor mudanças que levem ao estilo de vida e práticas mais saudáveis. Você aprendeu que as doenças crônicas são uma realidade a ser enfrentada, uma vez que a população, com o aumento da expectativa ou esperança de vida, está envelhecendo mais, convivendo assim com essas doenças. A epidemiologia não se esgota aqui, é preciso o entendimento de como se chega a essa informação, quais os métodos que estão à disposição da epidemiologia. Esses são alguns dos assuntos que serão apresentados nas próximas unidades. Agora é com você, aprofunde seus estudos no livro texto e leituras complementares sugeridas ao longo desse guia de estudos e realize as atividades e exercícios propostos (de caráter avaliativo) para esta unidade I. Qualquer dúvida, entre sempre em contato com o seu tutor (a)! Ele (a) está à disposição!
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