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Epidemiologia UNIDADE 4 1 4ª UNIDADE DISCIPLINA: EPIDEMIOLOGIA Palavras do Professor Prezado (a) aluno (a), na unidade 3, você conheceu os tipos de estudos epidemiológicos e estes se obje- tivam a captar informações nas quais os sistemas de informação de saúde, estudados na unidade 2, não conseguem captar ou as informações lá contidas estão incompletas. Entre os tipos de estudos, você viu que a Epidemiologia tem à disposição estudos mais rápidos, mais baratos e mais fáceis de serem execu- tados, outros nem tanto, e ainda aqueles que são mais custosos e demorados como os estudos de Coorte, que podem durar décadas. Ainda na unidade 3, você aprendeu sobre a vigilância em saúde e sua importância para o monitoramento e acompanhamento desses dados, entre estas, a vigilância epidemiológica e a sanitária. Enquanto a epidemiológica se preocupa em obter, analisar e divulgar essa informação, a vigilância sanitária, por sua vez, tem poder de polícia, tendo foco nos serviços e estabelecimentos que se relacionam com a saúde das pessoas como hospitais, salão, supermercado etc.; exercendo funções como de fiscalização e cadastra- mento para funcionamento desses. Por fim, a unidade 3 apresentou a você as doenças transmissíveis e não transmissíveis, suas caracterís- ticas, bem como os seus perfis epidemiológicos. Você já aprendeu que por conta da transição epidemio- lógica ,as doenças transmissíveis estão em queda, dando lugar as doenças não transmissíveis (DANT); influenciadas pelo estilo de vida, pelas condições sociais e pelo acesso aos serviços de saúde. Este ritmo de vida trazido pelo desenvolvimento e a industrialização também mudou o modo das pessoas se alimentarem, houve um aumento considerado no número de pessoas com sobrepeso e obesidade, co- nhecida como transição nutricional. Essas doenças nutricionais são consideradas um problema de saúde pública pela dimensão que vem alcançando, principalmente, em jovens e crianças. orientações da disciPlina Você agora vai entrar na unidade 4, vai conhecer como a epidemiologia pode aprimorar os serviços de saúde e como as doenças nutricionais vêm se apresentando na popu- lação brasileira, bem como qual é o papel da epidemiologia no enfrentamento destas. Para tanto é importante que você leia toda a unidade 4 do seu livro texto e as leituras complementares sugeridas durante esse guia de Estudo. Bom estudo! 2 avaliaçÃo de serviços de saÚde Você compreendeu durante as unidades passadas que tivemos uma melhora considerável na qualidade de vida das pessoas, pois antigamente os serviços de saúde eram restritos às pessoas que pagavam por eles, ficando o resto da população desassistida, à mercê de caridade. Com a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), o acesso passa a ser universal, ou seja, todas as pessoas passam a ter assistência. Você deve ter conhecido bem esse sistema lá na disciplina de saúde coletiva. Pois bem, o acesso aos serviços melhorou bastante as condições de saúde da população em geral que, além do tratamento, passaram a receber ações de prevenção e promoção, reduzindo assim o número de adoecimento. Você deve ter percebido essa mudança no seu contexto de vida. Nesse sentido, novos serviços de saúde com o olhar no território foram implantados, dentre eles, a Es- tratégia de Saúde da Família na qual houve o entendimento de que para se superar doença(s), tanto os hábitos quanto os costumes das famílias, devem ser conhecidos, visto que muitas vezes estes últimos eram responsáveis pela manutenção da doença. As equipes de profissionais passaram a ir para dentro das casas das pessoas para promover ação, além da assistência, no sentido de mudança de hábitos. Por outro lado, o Brasil se desenvolveu, suas políticas sociais permitiram mudança de faixa de renda, acesso à formação e ao estudo, além de que pessoas de extrema pobreza passaram a ter acesso a bens de consumo, bem como houve o enriquecimento de uma parcela da população. Isso fez com que as pessoas mudassem consideravelmente seus hábitos, passando a adquirir o uso de comidas industrializadas e com menor valor nutricional. A vida moderna nos trouxe adoecimento, tais como: sobrepeso e a obesidade, além do estresse, problemas de saúde mental, por exemplo: a depressão. Você deve ter percebido essas mudanças, não é? Essas doenças, conhecidas como crônicas, são de longa duração e, muitas vezes, deixam sequelas que vão exigir dos serviços de saúde mais disponibilidade e especialistas, assim como os tratamentos são mais longos e caros em sua maioria. Além tudo isso, muitas dessas pessoas deixam de exercer suas fun- ções porque são afastadas do trabalho por conta dessas doenças. A doença crônica tem sido responsável pelo maior número de óbitos junto às causas externas como: os acidentes e violências; sem falarmos que esse tipo de doença vem em companhia do envelhecimento populacional. Outro ponto importante a ser percebido é que a população idosa passa a exigir dos serviços de saúde, mudanças no seu processo de trabalho, inclusive em sua estrutura, uma vez que muitos têm dificuldade de locomoção; além disso, as unidades precisam ser adaptadas com rampas de acesso para atender essa nova realidade. O leito de UTI, em sua maioria, tem sido ocupado por doentes crônicos e com idade avançadas. Diante disso, é importante que esses serviços sejam avaliados continuamente no sentido de observar se atendem às necessidades dessa população e do novo perfil de adoecimento. A partir desse momento será apresentado a você a Epidemiologia como instrumento importante de me- lhoria da qualidade de vida da população. Vamos começar? 3 A Epidemiologia se mostra como um instrumento essencial e entre suas atribuições, junto aos serviços, estão: • Análise da situação de saúde; • Identificação de perfis e fatores de risco; • Avaliação epidemiológica de serviços; • Vigilância em saúde pública. A análise da situação de saúde trata de analisar os indicadores demográficos, sociais, econômicos e de saúde visando identificar os fatores determinantes e condicionantes do processo saúde-doença, se cons- tituindo um instrumento fundamental para o planejamento. leitura comPlementar Você sabe o que é planejamento em saúde? Acesse o link para você saber mais sobre o assunto. A partir da identificação do perfil de adoecimento da população e seus fatores de risco, é possível planejar ações que de fato intervenham com foco na realidade da comunidade, além de elencar as prioridades des- tas. A industrialização e o desenvolvimento possibilitaram o aparecimento de diversos riscos à saúde tais como: a contaminação dos rios, da terra, o uso de pesticidas, a poluição e os próprios riscos no ambiente de trabalho, como os acidentes de trabalho. A partir do reconhecimento desses fatores de risco, a Epide- miologia tem capacidade de desenvolver condições de avaliar os riscos que condicionam e determinam doenças, a fim de propor soluções efetivas e que de fato respondam as demandas da população. Outro ponto importante que você deve entender é que os serviços de saúde caminharam junto com as necessidades atuais da população e, para tanto, é necessário que avaliemos estes com rotina a ponto de conhecer suas potencialidades. Mas não entenda avaliação como uma coisa ruim, e sim como um impor- tante meio para chegarmos onde queremos chegar, que é a qualidade na prestação dos serviços. A avaliação pode ser feita de diversas maneiras, levando em conta o acesso e a cobertura dos serviços de saúde, a partir dos programas existentes, como por exemplo: a vacinação, o atendimento a gestante e ao hipertenso. O processo de avaliação se propõe conhecer a realidade desses serviços e a percepção dos usuários e profissionais quanto a estes. Então, é importante que fique claro para você que a avaliação permitirá avaliar efetividade e eficiência.Você sabe o que significa efetividade e eficiência? Entenda que a efetividade está relacionada aos resultados e a eficiência ao alcance desses resultados como, por exemplo, menor custo possível, ou seja, não bastam apenas os resultados, mas gastar menos. A avaliação se faz indispensável visando identificar e analisar as diferentes percepções para, depois, in- tervir, buscando maneiras de aproximá-las de modo a satisfazer às necessidades tanto do usuário, como 4 profissional e gestor, além de promover a melhoria contínua da saúde. A avaliação de qualidade dos serviços é feita a partir de três dimensões, seguindo Donabedian: • estrutura - como o nome já diz, envolve os recursos físicos, humanos, materiais, equipamentos e financeiros; • processo - se refere às atividades envolvendo os profissionais da saúde e usuários. Inclui, por exemplo: diagnóstico, trabalho, tratamento e relação profissional, equipe(s) de saúde e paciente; • resultado - corresponde ao produto final da assistência prestada como a satisfação dos usuá- rios e da equipe. Por fim a avaliação permitirá analisar se esses serviços correspondem a real necessidade da população assistida. Na unidade 3 você aprendeu sobre vigilância em saúde que é uma das atribuições da epidemiologia, revisite a unidade. leitura complementar: Leia mais sobre avaliação no link. Os estudos epidemiológicos e os sistemas de informação que você conheceu nas unidades 2 e 3 são fer- ramentas importantes para captar dados utilizados nas avaliações. Então, se você precisar revisite essas unidades e leia atentamente sobre o assunto nas páginas 86 e 90, do seu livro texto. a transição nutricional Como você leu no início desta unidade e durante as unidades passadas, a transição epidemiológica fez com que surgissem doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) advindas do processo de industrialização e que levaram às mudanças no estilo de vidas das pessoas, inclusive, na alimentação. As pessoas passa- ram a consumir alimentos pouco saudáveis e sem valor nutricional, somada a uma rotina intensa de muito estresse, somado a falta de atividade física. Consequentemente, a obesidade e o sobrepeso passaram a acometer essas pessoas, tornando-se um problema de saúde pública. A partir da epidemiologia Nutricional é possível avaliar e investigar a dieta e seus componentes e suas consequências para a saúde das pessoas. A avaliação leva em consideração outros fatores, a prática de atividade física, fumo, álcool, entre outros. Os estudos epidemiológicos têm um importante papel na medida em que relacionam a dieta aos riscos de adoecimento e morte. É importante que você relembre os tipos de estudo da unidade passada. As mudanças nos padrões dietéticos e nutricionais da população brasileira vêm sendo analisadas no processo chamado transição nutricional. 5 A transição nutricional, por sua vez, caracteriza-se pela redução nas prevalências dos déficits nutricionais e aumento expressivo de sobrepeso e obesidade. Na verdade, o que houve foi um acréscimo do consumo de ácidos graxos saturados, açúcares, refrigerantes, álcool, produtos industrializados com excesso de ácidos graxos “trans”, carnes, leite e derivados ricos em gorduras, guloseimas como doces, chocolates, balas, etc. Por outro lado, é possível notar que atualmente há a redução no consumo frutas, verduras e legumes. Tudo isso somado a uma baixa atividade física, o sedentarismo e a incorporação de hábitos que não ge- ram gasto calórico: como assistir TV, usar o computador e videogame. Essa transição nutricional é influenciada por modificações, como, por exemplo: • Carga de trabalho excessivo - modifica o padrão de alimentação caseira e em família; • Estresse - sobretudo, das grandes cidades onde se dispõe de tempo limitado para as refeições, favorecendo a procura por alimentos rápidos (fast-foods); • Indústria alimentícia - disponibiliza uma enorme variedade de produtos congelados para o rá- pido preparo e consumo, como: lanches, salgados, pizzas e lasanhas. Os índices de doenças relacionadas a obesidade e ao sobrepeso vem aumentando na faixa etária mais jovens . As crianças e os jovens têm sido alvo importante do sobrepeso e da obesidade, basta saber que houve um aumento de 50% nos casos de obesidade, na última década. Eles têm em cada vez menos espaços para praticar atividades físicas e incorporam formas de lazer sedentárias, como computadores e televisão. A alimentação fora de casa e o alto consumo das refeições rápidas, acompanhadas pelo uso de refrige- rantes, salgadinhos, sanduíches e biscoitos substituíram o tão famoso arroz com feijão, a carne e verdura, até mesmo a merenda escolar. O uso constante dessa prática não estimula uma alimentação saudável e proporciona o surgimento de diversas doenças, vistas já por você aqui. Já se foi o tempo em que os pais preparavam a merenda dos seus filhos. Somado a tudo isso, as comidas orgânicas quando comparadas as não- orgânicas, são mais caras, e, consequentemente, restringe o aces- so a apenas alguma classes sociais. Esses hábitos fazem da obesidade um problema de saúde pública. Existe uma maior chance de surgirem doenças associadas à obesidade e ao sedentarismo, como hiper- tensão, diabetes, infarto, acidente vascular cerebral, câncer de intestino e mama; sendo assim se faz necessário a implantação de programas que estimulem a prática de atividades físicas e uma alimentação mais saudável. leitura complementar Leia atentamente sobre o assunto nas páginas 91 e 92 do seu livro texto. Acesse o link do artigo sobre a transição nutricional no Brasil: tendências regionais e temporais. 6 investigação de dados epidemiológicos em nutrição Para mudança desse perfil de adoecimento da população se faz necessário a utilização do estudo e a investigação dessas condições, a partir da pesquisa epidemiológica que utiliza instrumentos para se quantificar e avaliar a ingestão de nutrientes. Entre os instrumentos mais apropriados estão aqueles capazes de coletar a informação detalhada sobre o consumo, no que se refere aos alimentos consumidos e às quantidades ingeridas. É importante que você reforce a leitura das páginas 92 a 96 do seu livro texto. No estudo nutricional, os métodos mais utilizados são utilizados são: • Inquérito Recordatório de 24 horas (R24h) - o entrevistado relata tudo o que ele consumiu nas últimas 24horas, ou seja, busca da memória da pessoa tudo o que ele se alimentou nas ultimas horas; • Registro de consumo de alimentos (RCA) - a pessoa vai registrar o tipo e a quantidade de ali- mentos e bebidas ingeridos durante um período de tempo que é pré-determinado. A vantagem é que a anotação acontece no momento da ingestão do alimento, não exigindo assim muito da memória; • Questionário de freqüência de consumo de alimentos (QFCA) - é composto por uma lista de alimentos e bebidas cuja frequência de consumo é perguntada ao indivíduo. • História alimentar ou dietética (HÁ) - consiste em entrevista bem detalhada, realizada por um nutricionista, para obtenção de um padrão alimentar global. A transição nutricional reforça a necessidade de se conhecer e monitorar, o estado nutricional. Para você, futuro nutricionista, é uma ferramenta importantíssima para avaliação nutricional e com a qual você pode acompanhar as alterações no peso é a Avaliação Antropométrica. A antropometria é importante para indicar o excesso de peso além do risco de mortalidade infantil asso- ciado a desnutrição. Vamos conhecê-la? avaliação antropométrica A Avaliação antropométrica mede as variações físicas e a composição corporal para classificar os indi- víduos e grupos quanto ao seu estado nutricional. Os parâmetros utilizados para esta avaliação antro- pométrica são as medidas primárias (utilizadas isoladamente), como peso, estatura, dobras cutânease circunferências e as medidas secundárias (combinadas) como Índice de Massa Corporal (IMC), peso ideal, somatória de dobras cutâneas, entre outros. Por serem de uso em todo o mundo, esses indicadores antropométricos permitem que se façam compara- ções internacionais da situação nutricional. 7 Figura 1 - Silhuetas representando corpo saudável, com sobrepeso e obeso. Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/9e/obesity-waist_circumference.PnG Tabela 1 - Classificação do IMC Fonte: OMS Aprofunde ainda mais sobre o assunto: as medidas, lendo a página 94 até a página 102, no seu livro texto. Diante de tudo que foi discutido ao longo dessa unidade é real a necessidade de implantação de progra- mas que venham garantir uma alimentação saudável e que reduza esses números de adoecimento como: o sobrepeso e a obesidade. Para isso é necessário conhecer a dimensão do problema, a partir dos estudos epidemiológicos que vem demonstrando que houve um aumento importante dessas doenças, principal- mente, em crianças e jovens. 8 Duas políticas trabalham a nutrição dentro dos seus objetivos, ambas instituídas pelo Ministério da Saú- de: • Política nacional de alimentação e nutrição - apresenta entre seus eixos: a melhoria das condições de alimentação, nutrição e saúde da população brasileira, mediante a promoção de práticas alimentares adequadas e saudáveis, a vigilância alimentar e nutricional, a prevenção e o cuidado integral dos agravos relacionados à alimentação e nutrição; • Política nacional de Promoção à saúde - trata de práticas que busquem uma alimentação saudável visando à promoção da saúde e à segurança alimentar e nutricional, além de dis- seminar a cultura e desenvolvimento de ações para a promoção da alimentação saudável no ambiente escolar e implementar as ações de vigilância alimentar e nutricional. A segurança alimentar, por sua, vez é a garantia do direto ao cidadão a alimentos de qualidade e quan- tidade suficiente. Para o combate a todas as formas de má-nutrição, é preciso que sejam identificadas e implementadas prioritariamente políticas e ações diretas de nutrição materna e infantil. Uma vez que se faz importante a intervenção nas crianças já que os hábitos alimentares são formados nos primeiros anos de vida. O fortalecimento do SISVAN – Sistema de Vigilância Alimentar Nutricional quanto sistema capaz de obter dados relativos aos aspectos nutricionais também é outra medida que deve ser tomada. Você aprendeu sobre este sistema na unidade 2, revisite-a. acesse o ambiente virtual Aqui se encerra a unidade 4 e a disciplina de Epidemiologia. Espero que você tenha compreendido sua importância e possa levar para seu cotidiano de prática da nutrição e para sua própria vida os ensinamen- tos aqui deixados. A mudança na realidade das doenças crônicas parte da sensibilidade de nós profissionais em provocar- mos as mudanças de hábitos nas pessoas. Não sendo uma tarefa das mais fáceis. Ao mesmo tempo para intervir, precisamos conhecer a realidade de cada uma dessas famílias para que possamos propor medidas factíveis e que possam ser de fato atendidas. Pensar que vivemos em um país com áreas de pobreza importantes que impossibilitam, muitas vezes, as mudanças de estilo de vida. O poder de convencimento, nesse caso, e as alternativas dadas, serão o diferencial para atingirmos nosso objetivo final. Agora é com você! Faça as atividades (questionário e fórum) propostas nesta unidade. Qualquer dúvida, entre sempre em contato com o seu tutor (a)! Sucesso nos estudos!
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