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Interpretação de texto e redação oficial

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Português p/ ANA 
Teoria e exercícios comentados 
Prof Marcos Van Acker – Aula 05 
 
 
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AULA 05: Interpretação de texto 
 
SUMÁRIO PÁGINA 
1. Apresentação 1 
2. Um texto 2 
3. Tipos de texto 3 
4. Ideia central 5 
5. Síntese 14 
6. Análise 18 
7. Reescrever 20 
8. Noções de Redação Oficial 29 
8. Questões Comentadas 43 
8. Lista das questões apresentadas 60 
9. Gabarito 80 
 
Olá, meus caros amigos, hoje temos uma aula conclusiva, fundamental, a 
interpretação de textos é o fim último de toda a capacidade de 
linguagem. Digo isso porque não existe enunciado fora do texto, meus 
amigos, e não há texto sem contexto, como vimos na aula passada. 
E, nas provas de concurso, já há muito tempo as bancas reconheceram 
isso, formulando cada vez mais questões relacionadas à interpretação de 
textos. 
Bem, apresento a vocês o programa de nossa aula de hoje. 
Aula 05 – Interpretação de texto. Tipos e gêneros textuais, adequação 
de linguagem. Coerência e progressão semântica do texto; inferências 
válidas, pressupostos e subentendidos na leitura do texto. Sentido global 
do texto; síntese do texto. Noções de redação oficial. Questões resolvidas 
e comentadas sobre os pontos da aula. 
 
Uma verdade evidente é que, para interpretar um texto, o primeiro passo 
fundamental é ler o texto. 
Convido então vocês à leitura de um texto. É um texto curto, espero que 
gostem. 
Português p/ ANA 
Teoria e exercícios comentados 
Prof Marcos Van Acker – Aula 05 
 
 
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Água de Cuíca 
Nei Lopes1 
Nelsinho Leiser é um tremendo cuiqueiro. E no ano passado recebeu 
um convite pra ir à Alemanha com a bateria de sua escola. 
— Alemanha... gringo... legal! Vou descolar uns dólar nessa viagem! 
Pensou longe o Nelsinho. E aí embarcou pra terra de Schumacher 
levando umas quinze cuícas sobressalentes: — É estepe... mandou 
na alfândega, na maior cara de pau. O federal achou engraçado e 
refrescou. 
Em Frankfurt, depois de muito chope preto com lingüiça branca, 
Nelsinho botou pra quebrar: solou o hino do Flamengo, deu 
gargalhada, tocou o Brasileirinho, tudo isso numa das cuícas que 
levou pra vender 
Os gringos ficaram malucos e acharam que era mole. Aí Nelsinho 
vendeu uma, duas, três... as quinze. A preço de salsicha: 2 marcos 
cada uma. 
Só que os quinze gringos esfregavam, esfregavam e não saía nada. 
Então, começaram a se encrespar, achando que tinham sido vítimas 
de um logro. 
Foi aí que o Nelsinho Leiser deu o golpe de misericórdia: 
— Calma, calma! – É que tem que molhar o pano. 
— Com água comum? — pergunta um dos gringos, através de um 
intérprete brasileiro. 
— Não, não! Tem que ser água de cuíca. É um preparo especial que 
faz elas até falar. Eu tenho aqui... 
Vendeu 15 vidrinhos no ato. A 500 marcos cada um. 
http://www.releituras.com/neilopes_cuica.asp 
Acredito que todos vocês já tenham ouvido o som de uma cuíca, 
conhecem o instrumento. Não sei quantos de vocês já tentaram tocar 
uma cuíca; o som é produzido esfregando-se, com um pano molhado, 
uma haste que fica presa ao couro do instrumento. É difícil, acreditem (eu 
já tentei). 
 
1 Grande pesquisador da cultura afro-brasileira e do samba em especial. 
Português p/ ANA 
Teoria e exercícios comentados 
Prof Marcos Van Acker – Aula 05 
 
 
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Bem, essa é uma informação de contexto muito importante, sem a qual 
não conseguiremos compreender o texto em sua totalidade, não 
conseguiremos chegar ao cálculo de sua coerência: é difícil tocar cuíca, e 
o esperto personagem oferece aos alemães incautos o que parece ser a 
solução mágica, uma água que de especial não tem nada. 
Então, a compreensão de um texto depende não apenas da construção do 
texto, conforme vimos na aula passada, respeitando a coesão de forma a 
garantir a coerência; é preciso também que o receptor, o leitor 
compreenda o contexto, certos dados subjacentes que são necessários. 
Num texto curto como esse, o autor não julgou necessário explicitar a 
informação acima, a chave para a compreensão do texto. E é assim 
mesmo. Com explicação, ficava pesado, sem graça o texto leve, bem 
humorado. Nem tudo, no texto (em qualquer texto), é enunciado. 
Veremos isso com mais atenção adiante. 
Peço a atenção de vocês agora para um detalhe da construção do texto. 
Não apenas o personagem toma liberdades com a língua, como ―Vou 
descolar uns dólar‖, como mesmo o narrador acaba por relaxar no uso da 
língua, a exemplo de ―mandou na alfândega, na maior cara de pau. O 
federal achou engraçado e refrescou.‖ Bem, meus caros, o contexto da 
história justifica tais usos informais, a coerência do texto é mais 
importante do que a estrita observância da norma culta, que, neste caso, 
não caberia; uma história assim, de malandragem, de um certo ambiente 
do samba, não ficaria bem com o colarinho engomado e as abotoaduras 
da norma culta. 
O uso da linguagem, portanto, está associado ao contexto, e, como vimos 
na aula passada, à coerência. Nos textos que estudaremos nesta aula, 
predomina o emprego da norma culta, em virtude do programa do edital. 
É a norma predominante nas provas, mas o importante é perceber que o 
registro de linguagem deve se adequar ao texto. 
A história de Nei Lopes é uma narrativa, bem simples, com um 
personagem apenas, e uma trama bem resumida – em resumo, um 
acontecimento. A narrativa, como todos sabemos, é um tipo de texto. 
Tipos de texto 
Outro tipo de texto é a descrição, que busca retratar um objeto, uma 
paisagem, uma pessoa, de forma estática ou dinâmica, pela enumeração 
de suas características. Vejamos um exemplo, nesta passagem de José de 
Alencar: 
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Quando o sol descambava sobre a crista dos montes, e a rola desatava do fundo da mata os 
primeiros arrulhos, eles descobriram no vale a grande taba; e mais longe, pendurada no 
rochedo, à sombra dos altos juazeiros, a cabana do Pajé. 
O ancião fumava à porta, sentado na esteira de carnaúba, meditando os sagrados ritos de 
Tupã. O tênue sopro da brisa carmeava, como frocos de algodão, os compridos e raros 
cabelos brancos. De imóvel que estava, sumia a vida nos olhos cavos e nas rugas profundas. 
ALENCAR, José de. Iracema. 24. ed. São Paulo: Ática, 1991. (Bom Livro). 
Texto proveniente de: 
A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro <http://www.bibvirt.futuro.usp.br> 
 
Vemos aí um texto predominantemente descritivo, que se demora em 
traçar a paisagem, tenta dar caráter as coisas, à natureza, às pessoas 
que apresente. 
O gênero de texto que mais nos interessa é o dissertativo, a que pertence 
aquele texto que pretende discutir uma questão, apresentar um 
problema, expor uma discussão. É o tipo de texto predominante nas 
provas de concurso. Vejamos um exemplo: 
Degradação do Judiciário 
Dalmo de Abreu Dallari 
 
Nenhum Estado moderno pode ser considerado democrático e civilizado se não 
tiver um Poder Judiciário independente e imparcial, que tome por parâmetro 
máximo a Constituição e que tenha condições efetivas para impedir 
arbitrariedades e corrupção, assegurando, desse modo, os direitos consagrados 
nos dispositivos constitucionais. 
Sem o respeitoaos direitos e aos órgãos e instituições encarregados de protegê-
los, o que resta é a lei do mais forte, do mais atrevido, do mais astucioso, do mais 
oportunista, do mais demagogo, do mais distanciado da ética. 
Essas considerações, que apenas reproduzem e sintetizam o que tem sido 
afirmado e reafirmado por todos os teóricos do Estado democrático de Direito, são 
necessárias e oportunas em face da notícia de que o presidente da República, 
com afoiteza e imprudência muito estranhas, encaminhou ao Senado uma 
indicação para membro do Supremo Tribunal Federal, que pode ser considerada 
verdadeira declaração de guerra do Poder Executivo federal ao Poder Judiciário, 
ao Ministério Público, à Ordem dos Advogados do Brasil e a toda a comunidade 
jurídica (...). 
leia o texto integral em http://filosomidia.blogspot.com.br/2012/06/dalmo-dallari-sobre-gilmar-mendes-eu.html 
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Teoria e exercícios comentados 
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Neste tipo de texto, o autor pretende defender um ponto de vista acerca 
de uma questão, discutir um problema, refutar ou defender ideias, por 
meio de um processo de argumentação. Como é o tipo de texto 
predominante nos concursos, será o que mais estudaremos. 
Uma característica importante deste tipo de texto é que pretende ter 
objetividade em relação aos assuntos que aborda, a seus temas; assim, a 
linguagem empregada tende a ser mais objetiva, restringindo-se o 
emprego de termos expressivos, subjetivos; no limite, o texto dissertativo 
almeja a impessoalidade, um sintoma disso é que ―escamoteia‖ a primeira 
pessoa do discurso, o enunciador usa com frequência a terceira pessoa. O 
uso da linguagem também tende a ser restrito à norma culta, em um 
registro mais formal. 
É o caso, sem dúvida, do nosso texto de exemplo; não o reproduzimos 
inteiro, apenas uma parte, recomendo que leiam depois na íntegra, no 
endereço apontado logo abaixo do texto. Por ora, vamos examinar mais 
de perto nosso exemplo. 
HIERARQUIA DE IDEIAS – Notem, no primeiro parágrafo, que temos um longo 
período composto. Qual a ideia central? É muito importante identificá-la. 
Quero que você tente por si. 
Tudo bem? 
Chegou lá? 
Sim, meus caros, a ideia central do primeiro parágrafo está enunciada 
logo no início: Nenhum Estado moderno pode ser considerado 
democrático e civilizado se não tiver um Poder Judiciário independente e 
imparcial, uma afirmativa forte, generalizante. Vejam que a ideia central 
é a essência, o sumo; não que o resto seja dispensável, de jeito nenhum; 
mas notem que o trecho depois do primeiro que de certa forma retoma a 
ideia central e a explicita melhor, delimitando-a. Mas a ideia central 
mesmo já está enunciada. 
Identificar a ideia central é algo quase que intuitivo, algo que se mostra 
como essencial logo que lemos o texto. No entanto, pode haver dúvidas. 
Tentando isolar a ideia central – A ideia central de um texto, de um 
trecho de texto, é o que sobra quando retiramos tudo o que é acessório; 
bem, e como identificamos o que é acessório? Simples, é o que retiramos 
sem descaracterizar completamente o texto, visto como unidade. 
Vamos começar com um enunciado simples. Por exemplo: Nosso amigo 
comum, Paulo, mora no fim da rua em uma casa amarela. 
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O enunciado é tão simples que ficamos em dúvida sobre o que é possível 
tirar, sem descaracterizar o texto. Mas temos ―cortar‖: temos de ser 
impiedosos se quisermos deixar apenas o essencial. Então, façamos duas 
perguntas: o sujeito é Paulo. Para identificar este Paulo, temos o seu 
nome próprio, e um adjunto que o identifica, ―nosso amigo comum‖. Sem 
qualquer um dos dois elementos, o destinatário corre sério risco de não 
entender, ou 1 -que se trata de Paulo, aquele amigo comum que tem com 
o emissor, e não outro Paulo qualquer, ou 2 – que se trata de um 
determinado amigo comum – Paulo – e não qualquer outro amigo que 
porventura tenham em comum. 
Ora, com isso vemos que as duas informações são relevantes, são 
essenciais para a compreensão do enunciado. Vejamos agora o 
predicado: mora no fim da rua em uma casa amarela. O verbo é central 
na frase, evidentemente não pode ser retirado, sob pena de 
descaracterizar todo o predicado. E quanto ao resto do predicado? Bem, 
poderemos considerar uma das duas expressões – no fim da rua e em 
uma casa amarela – acessória. Mas isso vai depender do contexto. 
Por exemplo, se antecede ao enunciado o seguinte diálogo: 
- Acho a cor amarela horrível. Detesto o amarelo. 
- É mesmo? Diz o interlocutor, e atalha: - Nosso amigo comum, Paulo, 
mora no fim da rua em uma casa amarela. Neste caso, casa amarela 
torna-se mais central por ganhar apoio do contexto. A progressão de 
ideias apoia-se na característica ―amarela‖ da casa de Paulo, mas não na 
sua localização ―no fim da rua‖. Notem que a coerência do texto, no 
contexto, não seria afetada, se trocássemos ―no fim da rua‖ por ―lá em 
Piracicaba‖, mas sofreria grave abalo se em vez de ―amarela‖ 
escrevêssemos ―vermelha‖. Percebem? 
Vejamos agora um enunciado um pouco mais longo (adaptado de O 
Estado de São Paulo): 
Mais um dos seis alunos expulsos da Universidade de São Paulo (USP) no ano passado 
conseguiu reverter a situação na Justiça. A 6ª Vara de Fazenda Pública concedeu um 
mandado de segurança anulando o ato administrativo da reitoria que eliminava o estudante 
Yves de Carvalho Souzedo, de 29 anos, da USP. Esse já é o segundo caso de decisão judicial 
favorável aos alunos. Em março, Marcus Padraic Dunne também obteve na Justiça liminar 
para a readmissão. 
Faço agora duas perguntas: primeiro, qual seria a ideia central, 
utilizando-se apenas das construções do texto, das orações, expressões 
do texto, sem mudar nada? 
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Teoria e exercícios comentados 
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Meus amigos, inevitavelmente a ideia central, utilizando apenas as 
construções do texto, será aquela que exprime a ideia mais geral, sendo 
que o que exprime as ideias particulares daquela derivadas serão 
acessórias. Assim, o primeiro período, Mais um dos seis alunos expulsos 
da Universidade de São Paulo (USP) no ano passado conseguiu reverter a 
situação na Justiça será central no texto de exemplo. 
Podemos dizer que, quando houver ideias gerais e ideias particulares em 
um mesmo parágrafo, em continuidade, as ideias gerais tenderão a ser 
centrais. 
A segunda pergunta que farei é: qual a ideia central, se pudéssemos 
escrevê-la, com base no texto, mas sem ter de reproduzir o texto como 
está? Proporia como tentativa o seguinte: dois dos seis alunos expulsos 
da Universidade de São Paulo no ano passado conseguiram reverter a 
medida na justiça. 
Notem como todas as outras informações constantes do texto remetem 
de alguma forma a alguma parte do enunciado acima. 
Todo texto tem de ter uma dose de redundância, a ideia exposta é 
retomada, acrescentando-se alguma coisa, com ênfase a algum aspecto; 
é um mecanismo importante para a inteligibilidade. Ao mesmo tempo, é 
importante em provas saber localizar a ideia central. 
Bem, agora voltemos ao nosso exemplo anterior, ao texto de Dalmo 
Dallari. Havíamos localizado a ideia central no primeiro parágrafo; é muito 
importante, é a ideia central de todo o trecho reproduzido.O 2º parágrafo 
tem também uma ideia central, vamos isolá-la inicialmente em: Sem o 
respeito aos direitos e aos órgãos e instituições encarregados de protegê-
los, o que resta é a lei do mais forte. O que vem depois é reiterativo, são 
frases com a mesma função sintática de do mais forte, e, por repetição, 
são substitutas dela, acrescentando nuances de sentido – não são, notem 
bem, expressões sinônimas rigorosamente falando. Agora vejam o 
complemento composto: ―Respeito aos direitos e aos órgãos e instituições 
encarregados de protegê-los‖. Entre direitos e órgãos e instituições..., 
creio ser legítimo afirmar que a noção essencial aqui é direitos, sendo 
todo o resto acessório. Para isolar mais sinteticamente ainda a ideia 
central, vamos formulá-la assim: Sem o respeito aos direitos, o que resta 
é a lei do mais forte. 
Agora, e vejam como opera a coesão textual, manifestando a coerência 
do texto, o que me dizem da relação entre o 1º e o 2º parágrafo? O 
segundo não seria de certa forma reiterativo em relação ao primeiro? Não 
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Teoria e exercícios comentados 
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reafirma o que ficou dito no parágrafo anterior? Sim; no entanto, o 
emissor não está se repetindo, o conteúdo é diferente, o enunciado 
mantém uma relação com o primeiro, não o repete literalmente, como 
vocês perceberam. 
Então, o 2º parágrafo retoma a ideia central do texto até aqui; o 3º 
parágrafo introduz uma ideia nova, relacionada a tudo o que foi dito –e 
este é um importante fator de coesão. A ideia nova é um fato - o 
presidente da República encaminhou ao Senado uma indicação para 
membro do Supremo Tribunal Federal, caracterizado: com afoiteza e 
imprudência muito estranhas; que pode ser considerada verdadeira 
declaração de guerra do Poder Executivo federal ao Poder Judiciário, ao 
Ministério Público, à Ordem dos Advogados do Brasil e a toda a 
comunidade jurídica. 
Vamos resumir ao essencial essa ideia nova do 3° parágrafo? 
Façam isso. 
Será que vocês chegaram a algo similar a ―o presidente da República 
encaminhou ao Senado uma indicação para membro do Supremo Tribunal 
Federal ofensiva a toda a comunidade jurídica‖? Se sim, ótimo. 
Vocês evidentemente já perceberam que o 3º parágrafo anuncia um fato 
concreto que o autor pretende examinar à luz da afirmativa abstrata, de 
valor genérico, do 1º parágrafo. 
Este percurso, e as relações estabelecidas, constituem a progressão de 
ideias no texto. A progressão é um dado fundamental da coerência do 
texto. As ideias relacionam-se entre si, com um sentido. Veremos muitas 
questões relacionadas com isso. 
A primeira delas trata mais da sequência do texto, que não deixa de ser a 
manifestação mais imediata da progressão. Vejam como caiu em provas: 
Exercícios 
ESAF/Susep/2010 
1 - Assinale a opção que constitui continuação coesa, coerente e 
gramaticalmente correta para o trecho a seguir. 
No Brasil, tudo indica que o endividamento pessoal vai crescer nos 
próximos anos: uma ligeira melhora de rendimentos se traduz, em nosso 
país, por um aumento desproporcional do endividamento, em razão do 
uso disseminado dos cartões de crédito que o sistema financeiro 
incentiva. 
Português p/ ANA 
Teoria e exercícios comentados 
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(O Estado de S. Paulo, Editorial, 18/02/2010, com adaptações) 
a) Por isso conseguimos até agora escapar de um surto de desemprego 
de grande proporção, o que permite que o consumo continue crescendo. 
b) Sendo assim, esse exemplo dos Estados Unidos mostra que, num 
período de crise, com crescimento do desemprego, têm registrado forte 
queda do consumo e aumento da inadimplência. 
c) Mas isso se traduz por uma ampliação involuntária da poupança com a 
forte redução do uso dos cartões de crédito. 
d) Além desse fator, a expansão dos financiamentos imobiliários nas 
instituições financeiras essencialmente públicas também contribui para o 
aumento do endividamento de longo prazo. 
e) Isso é consequência de uma campanha em favor de uma poupança 
maior, que certamente tem por efeito uma redução dos custos e um 
crescimento dos investimentos. 
__________ 
Comentários 
Uma questão em que temos de indicar a sequência do texto, entre as 
alternativas; devemos julgar a coerência do texto resultante. Precisamos 
indicar o trecho que seja continuação coerente do parágrafo proposto pelo 
examinador. Em primeiro lugar, para resolver a questão, devemos 
identificar qual o ponto central do texto do enunciado. Chegamos a 
conclusão que o ponto central está na expressão o endividamento 
pessoal vai crescer nos próximos anos, cujo núcleo é 
endividamento. Se conseguirmos enxergar que esse é o núcleo do texto 
proposto pelo enunciado, o resto fica fácil. Vejam que, depois dos dois 
pontos, todo o enunciado se dedica a explicar a parte antecedente. 
Identificada a noção central do texto, vamos às alternativas: a primeira 
traz o indicativo – por isso – referindo-se a um aumento desproporcional 
do endividamento, ou a uso disseminado dos cartões de crédito que o 
sistema financeiro incentiva; referências incompatíveis com a significação 
do período ―por isso conseguimos até agora escapar de um surto de 
desemprego de grande proporção, o que permite que o consumo continue 
crescendo‖. Pode-se até relacionar a expansão do crédito com o 
crescimento do consumo, mas não a evitar o desemprego, a não ser 
como conseqüência do crescimento. Aqui, a relação causal está invertida. 
Temos um problema de coerência externa, em que o texto contradiz o 
conhecimento do mundo real. 
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Teoria e exercícios comentados 
Prof Marcos Van Acker – Aula 05 
 
 
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A seguir, temos a alternativa iniciada por Sendo assim, esse exemplo dos 
Estados Unidos; ora, a contextualização é inexata, pois texto de base 
inicia-se com No Brasil (...). 
Em c, temos contradição flagrante entre forte redução do uso dos cartões 
de crédito e uso disseminado dos cartões de crédito, no original. 
A alternativa d apresenta uma continuação coerente para o texto de base, 
a toda vista, pois acrescenta outra idéia relacionada a aumento do 
endividamento, corretamente introduzida por Além desse fator... 
também, elementos coesivos apropriados para a relação aditiva. 
Para afastar qualquer dúvida, vamos ler a última alternativa: notem que 
há contradição entre campanha em favor de uma poupança maior e 
endividamento maior, mais um problema de coerência externa, pois são 
poupança e endividamento são conceitos excludentes. 
Gabarito: D 
2. ESAF/CVM/2010 
Assinale a opção que preenche de forma coesa, coerente e 
gramaticalmente correta o trecho a seguir. 
Até agora os jornalistas e os jornais se apoiavam na ideia de que eles 
sabiam o que era bom para os leitores. 
___________________________________________________________
___________________________________________________________
Não é uma mudança simples, pois afeta um conjunto de valores e rotinas 
associadas à atividade informativa. 
(http://www.observatoriodaimprensa.com.br/, acesso em 1/11/2010) 
a) As novas ideias invertem totalmente essa concepção e também o 
processo de circulação de informações, pois é o público que dirá o que 
deseja que seja investigado e noticiado pelos meios de comunicação. 
b) Assim, os blogueiros independentes estão começando a criar suaspróprias redes de informantes surgidas a partir de comentários postados 
por leitores, afirma Alfred Hermida, professor da Columbia, especializado 
em mídias sociais. 
c) E muitos profissionais do jornalismo poderiam acabar exercendo 
funções muito próximas às de um ―curador de notícias‖, ou seja, 
selecionar e aglutinar informações, como fazem os curadores de museus 
ou exposições, responsáveis pela escolha das obras que serão expostas. 
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Teoria e exercícios comentados 
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d) Embora alguns críticos afirmam que esse novo jornalismo adotava uma 
prática parecida à dos assistentes sociais ou psicólogos sociais. Até pode 
ser, mas a ironia embutida nesta comparação apenas comprova o quanto 
o jornalismo está distante de sua função social depois de ter se 
transformado numa atividade quase industrial. 
e) Se isto for verdade, se o jornalista passar a atuar como gestor de 
comunidades sociais, como coordenador de redes sociais de comunicação 
pela Internet, ao invés de atuar em redações tradicionais, estará 
corrigindo uma velha distorção em vez de criar algo revolucionário. 
__________ 
Comentários 
Uma questão que envolve a coesão e a coerência textuais; temos de 
examinar os mecanismos de coesão no enunciado de cada alternativa. 
Além disso, é preciso considerar o sentido geral do texto, a partir dos dois 
fragmentos. 
Temos que a situação descrita inicialmente sofreu uma mudança recente, 
são índices disso o advérbio, e o tempo verbal em Até agora os jornalistas 
e os jornais se apoiavam (...); além disso, temos a referência ao texto 
anterior, à lacuna a ser preenchida, em Não é uma mudança simples. Ou 
seja, nosso texto descreverá ou aludirá a uma mudança. E é uma 
mudança no tempo presente (pois afeta); vejam a importância das 
formas verbais na determinação do contexto, um dado de coerência 
fundamental. 
Examinemos as alternativas começando pela última: começa por se isto 
for verdade...; será que refere-se ao primeiro fragmento, ao enunciado 
―os jornalistas e os jornais se apoiavam na ideia de que eles sabiam o que 
era bom para os leitores‖? É cabível; no entanto, vemos logo a seguir que 
o pronome isto é retomado por ―o jornalista passar a atuar como gestor 
de comunidades sociais‖; ora, nada disso é mencionado no primeiro 
fragmento, a coerência ficaria prejudicada se esta fosse a continuação. 
Descartamos a d ao perceber a referência a esse novo jornalismo, em que 
o pronome deve referir-se a termo ou expressão anterior; nada no 
fragmento inicial pode ser alvo da referência no pronome. Quanto a c, 
vemos que a conjunção aditiva não expressa bem a relação com o trecho 
anterior, ainda mais se considerarmos o verbo no futuro do pretérito, a 
expressar fato hipotético, não fato dado ou verificável. Ora, sabemos já 
que mudança houve, não que pode haver ou haveria. 
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Em b, podemos ser enganados pelo fato de o fragmento indicar uma 
realidade que surge (estão começando a criar...), eventualmente pode ser 
a mudança de que fala o texto. No entanto, teríamos um problema de 
coesão, pois o período é introduzido pela conjunção conclusiva assim, o 
que cria uma relação indevida com o primeiro trecho; talvez fosse de 
esperar uma conjunção adversativa, ou mesmo alternativa, com a idéia 
de oposição. 
A primeira alternativa, enfim, atende todos os requisitos, pois trata de 
uma ação presente (invertem), e descreve a mudança que o final do texto 
nos faz esperar; vejam que em as novas idéias invertem totalmente essa 
concepção (...) temos a referência ao trecho anterior, e a ela associada a 
idéia de mudança. É a alternativa correta. 
Gabarito:A 
3 - Assinale a opção que preenche de forma coesa, coerente e 
gramaticalmente correta o trecho a seguir. 
A ideia de liberalismo sugere uma sociedade estruturada sobre a base do 
livre-mercado. Na visão dos liberais, o livre-mercado seria o espaço em 
que o confronto de interesses privados produziria, por meio dos próprios 
mecanismos econômicos de oferta, procura e preços, uma tendência à 
harmonia social. 
_________________________________________ 
_________________________________________ 
_________________________________________ 
Ou seja, a ideia de liberalismo sugere ausência do Estado na economia. 
No entanto, a rigor, mesmo o liberalismo clássico do século XIX sempre 
escondeu que o papel decisivo do Estado era agir em função e a favor dos 
endinheirados: os capitalistas da Inglaterra – berço do liberalismo – 
jamais deixaram de utilizar a força direta do Estado, por exemplo, para 
colonizar a Índia. 
(Grupo de São Paulo, disponível em http://www.correiocidadania.com.br/ 
content/view/5158/9/, acesso em 28/10/2010) 
a) Em primeiro lugar, se é certo que as mercadorias e os capitais – o 
dinheiro – passaram a circular quase livremente pelo espaço mundial, o 
mesmo não se pode dizer dos trabalhadores –das pessoas. Ao contrário, 
as pressões contra imigrantes nos países centrais nunca deixaram de 
existir, desde a I Guerra, e são cada vez maiores. 
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b) Sob esse prisma, o mercado – e não mais a força direta do Estado – 
passaria a ser o fundamento da coesão e da harmonia social. Ao Estado 
caberia simplesmente garantir o funcionamento do mercado. 
c) Quanto ao liberalismo no capitalismo contemporâneo, é verdade que a 
crise da social-democracia, ou do ―keynesianismo‖, na década de 1970, 
levou à desconstrução de um conjunto de mecanismos que, desde a II 
Guerra, garantiram uma presença forte do Estado na economia. 
d) De outro lado, mesmo antes da ―Era Bush‖, as intervenções militares 
do Estado foram um suporte fundamental para os lucros dos grandes 
capitalistas. Quando, por exemplo, o exército estadunidense avança sobre 
o Oriente Médio por conta dos lucros do petróleo. 
e) E, além disso, grandes especuladores ganham muito dinheiro nas 
bolsas fazendo negócio com ações de empresas do complexo industrial-
militar, as fabricantes de aviões, tanques e bombas –, isso não deixa de 
ser uma profunda conexão entre o Estado e a economia. 
__________ 
Comentários 
Questão nos moldes da anterior. Aqui temos de trabalhar mais com o 
sentido geral de cada fragmento proposto. Temos de achar a alternativa 
que mantém a continuidade do texto, preenchendo a lacuna. A chave aqui 
será a frase Ou seja, a ideia de liberalismo sugere ausência do Estado na 
economia, que retoma o trecho anterior, a lacuna que tentamos 
preencher. Ora, qual trecho poderia com propriedade ser retomado pela 
frase destacada? Sem dúvida o da alternativa b, confiram. 
Em caso de dúvida, analisemos as demais alternativas; a primeira, se 
mantém certa continuidade em relação ao primeiro trecho, não se 
relaciona com o treco final. A frase destacada acima não pode se referir a 
esta alternativa, haveria um problema de coerência. A única dúvida 
plausível pode ser em relação à alternativa c; no entanto, nesta o tópico 
discutido passa a ser ―o liberalismo no capitalismo contemporâneo‖, o que 
não se mantém no trecho final, que trata do liberalismo simplesmente, 
assim como o trecho inicial. Então há um problema na progressão de 
idéias, que afeta a coerência do texto. 
Gabarito:BVejam então, meus caros, como a coerência se constrói a partir da 
relação estabelecida entre as ideias do texto. 
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Ideia Central e Síntese 
Bem, acredito que vocês tenham percebido a importância da síntese das 
ideias apresentadas por um texto. É uma competência fundamental em 
toda prova de interpretação de texto. Por isso, vamos fazer alguns 
exercícios dedicados a isso. 
Veja esse texto, editorial de O Estado de S. Paulo, de 29/08/2012: 
O governo terá de cuidar de uma grave deformação da economia brasileira - 
a atrofia da indústria -, se quiser conduzir o País a uma nova fase de 
crescimento prolongado e seguro. Sinais dessa atrofia são visíveis nos 
empréstimos do BNDES, com participação decrescente da indústria de 
transformação nos últimos cinco anos. É muito cedo para o Brasil se tornar 
uma economia de serviços, ou, em termos mais precisos, movida 
principalmente pela produção de serviços e de bens não materiais. Nos 
países mais avançados, a mudança na composição das atividades decorreu 
da expansão e da modernização dos serviços (incluídos os financeiros), do 
intenso desenvolvimento da produção científica e tecnológica e da 
conveniência de transferir boa parte da fabricação de mercadorias para 
outros países. Redução de custos foi um dos principais objetivos dessa 
transferência, realizada como parte de uma ampla redivisão internacional 
do trabalho. O cenário brasileiro é muito diferente, tanto pelas 
possibilidades da atividade industrial como pelas condições do setor de 
serviços. 
Bem, proponho agora que achemos a ideia central do texto. Qual é? 
Como podemos formulá-la de forma sintética? 
O essencial neste texto não é o que o governo deve fazer, o que o BNDES 
está fazendo, o que ocorre nos países mais avançados. 
Todas essas ideias são relevantes, mas estão em torno de outra ideia, 
essa sim central: a de que a o setor industrial brasileiro está diminuindo, 
está atrofiando. A ideia que não podemos retirar do texto, sem que ele 
desmonte, a ideia em torno da qual as outras giram, esta é a ideia 
central. 
Muito bem, esta é um parte do exercício de síntese. A outra é reescrever 
o texto em apenas um período composto, que não fique muito extenso 
ou obscuro. 
Proponho o seguinte: A atrofia da indústria é um problema grave da 
economia brasileira, como revelam os números dos empréstimos do 
BNDES, e preocupa, pois o Brasil ainda não deveria se tornar uma 
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economia de serviços, como os países mais desenvolvidos; o governo tem 
de cuidar disso. 
Ainda poderia ser mais sintético, retirando tudo o que não é essencial, 
como as expressões comparativas: 
A atrofia da indústria é um problema grave da economia brasileira, e 
preocupa, pois o Brasil ainda não deveria se tornar uma economia de 
serviços; o governo tem de cuidar disso. 
Acho que a extensão está boa agora. Bem, o exercício de reescrever é 
importante, mostra a nossa capacidade de leitura, e de síntese, que será 
avaliada na prova. 
Sugiro agora que você faça o mesmo, isto é, primeiro encontre a ideia 
central do texto, e depois redija-o novamente em apenas um período 
composto, a partir dos seguintes textos: 
I – O processo de industrialização do Brasil teve algumas fases: na primeira metade do 
século passado, país forte era país que tivesse uma indústria forte, principalmente baseada 
no binômio do carvão e do aço. Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, França e Itália 
estavam no bloco das nações fortes - tinham carvão, tinham aço e tinham uma indústria 
forte, de navios, de trens, de máquinas para fazer máquinas. O Brasil não tinha nada, ou 
quase nada disso. Era a razão do nosso atraso. "O Brasil é um país essencialmente agrícola", 
diziam muitos, inclusive um presidente da República, de maneira resignada e conformista. 
"O quê? Uma indústria siderúrgica nos trópicos? Só pode ser brincadeira", ironizou um 
magnata inglês quando ouviu falar de uma pretensão brasileira por volta da 1.ª Guerra 
Mundial. Claro que ele não sabia, mas já tinha existido uma, muito tempo antes, no Brasil 
colônia, a Real Fábrica de Ferro de Sorocaba, em São Paulo, ainda hoje monumento histórico 
na cidade. Não era bem uma usina siderúrgica, mas dava para fabricar enxadas, machados e 
arados. 
(adaptado de editorial d´ O Estado de São Paulo, de 27/08/2012) 
II - O carro elétrico não é a solução para o cenário de transportes no Brasil, definiu o 
secretário de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e 
Energia (MME), Marco Antônio Martins Almeida, em evento realizado na capital 
fluminense. 
Debatendo soluções para o abastecimento de combustíveis em seminário do governo 
estadual dedicado ao etanol, Almeida definiu o carro elétrico como uma boa alternativa para 
a diminuição da poluição nas grandes cidades, mas uma solução incompleta. 
“A energia a ser suprida [para ser armazenada nos carros elétricos] exigiria uma fonte 
adicional, que tem de ser fóssil”, explicou o gestor, que defende o investimento em melhoria 
na eficiência dos motores dos carros flex. Ele também destacou a importância do veículo 
híbrido flex. “O nível de consumo é a metade de um veículo normal. Se eu conseguir 
expandir a frota de veículos híbridos eficientes, a demanda diminui”, disse. 
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O secretário apontou ainda que os níveis atuais de consumo de combustíveis, em especial da 
gasolina, e a demanda crescente têm alarmado o governo, que procura alternativas para o 
médio e longo prazo, evitando gastos excessivos com importação de combustíveis. 
Segundo o Sindicato Nacional das Distribuidoras de Combustíveis, o aumento do consumo 
de gasolina, somente nos últimos três anos, foi de mais de 50% em relação ao volume 
consumido em 2008. 
Jornal do Brasil, 27/08/2012 
Um grande número de questões de interpretação de texto trata da ideia 
central de algum texto dado. 
4 – ESAF/CVM/2010 
Assinale a opção em que o trecho do texto apresenta a sua ideia principal. 
1 
 
 
 
5 
 
 
 
 
10 
 
 
 
 
15 
 
 
 
 
O potencial das energias propriamente ―limpas‖ 
e renováveis é enorme, comparativamente 
ao que já existe: ventos, marés, correntes 
marítimas e fluviais, energia solar. Elas deverão 
constituir um nó importante na matriz energética 
mundial. Entretanto, admite-se que ainda assim 
continuarão sendo apenas complementares e 
não suficientes para substituir o petróleo. 
Um dos problemas dessas energias limpas é 
que o seu potencial não é regularmente distribuído 
no mundo entre as nações consumidoras. O Saara, 
Mogavi e o Nordeste brasileiro são exemplos de 
ricos potenciais de energia solar, mas em que 
isso beneficia os grandes consumidores do norte 
da Europa? O Nordeste brasileiro, assim como a 
região de Bengala e outras regiões tropicais, tem 
enorme potencial eólico. Mas não são só eles: a 
Dinamarca produz 75% da energia que consome 
pelos ventos. Poucos países podem rivalizar com 
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20 o Brasil quanto à energia hidrelétrica. Nenhuma 
dessas fontes energéticas limpas e renováveis 
poderá, por si, constituir-se no sucessor do 
petróleo em nível mundial. 
(Pergentino Mendes de Almeida disponível em 
http://www.correiocidadania. com.br/content/view/4881/9/, 
acesso em 29/10/2010) 
a) ―Um dos problemas dessas energias limpas é que o seu potencial não é 
regularmente distribuído no mundo entre as nações consumidoras.‖(ℓ.9 a 
11) 
b) ―O Nordeste brasileiro, assim como a região de Bengala e outras 
regiões tropicais, tem enorme potencial eólico. Mas não são só eles: a 
Dinamarca produz 75% da energia que consome pelos ventos.‖(ℓ.15 a 19) 
c) ―O Saara, Mogavi e o Nordeste brasileiro são exemplos de ricos 
potenciais de energia solar, mas em que isso beneficia os grandes 
consumidores do norte da Europa?‖(ℓ.11 a 15) 
d) ―O potencial das energias propriamente ―limpas‖ e renováveis é 
enorme, comparativamente ao que já existe: ventos, marés, correntes 
marítimas e fluviais, energia solar.‖(ℓ.1 a 4) 
e) ―Nenhuma dessas fontes energéticas limpas e renováveis poderá, por 
si, constituir-se no sucessor do petróleo em nível mundial.‖(ℓ.20 a 23) 
__________ 
Comentários 
Temos aqui uma questão de interpretação de texto. A hierarquização das 
informações lidas é indispensável para a compreensão de qualquer texto. 
Entre as alternativas oferecidas, qual representa a idéia principal do 
texto, qual pode resumi-lo? São as de significado mais geral; idealmente, 
a conjunção das alternativas d e e resumiria bem o texto; infelizmente, 
essa opção não está disponível. 
Notem que a alternativa e retoma, em dessas fontes energéticas, a 
referência às formas de energia discutidas no texto, o que a torna mais 
completa que a alternativa d; esta, apesar de tratar mais completamente 
das formas de geração de energia discutidas, não abarca nem faz 
referência à restrição posta pelo texto à estas formas de energia: ― (as 
energias limpas) continuarão sendo apenas complementares e não 
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suficientes para substituir o petróleo (...)‖. Assim, a última alternativa 
tem mais elementos, entre as elencadas, para apresentar a idéia principal 
do texto. É o caso da escolha da alternativa ―mais correta‖ ou ―menos 
errada‖; considero que o tópico frasal ideal do texto, que representa sua 
idéia central, seria na verdade ―o potencial das energias propriamente 
“limpas” e renováveis é enorme (...),ainda assim continuarão sendo 
apenas complementares e não suficientes para substituir o petróleo‖. 
As demais alternativas trazem idéias acessórias, não centrais, mas 
auxiliares no texto; em a, temos um argumento contrário à generalidade 
do uso das energias limpas, ou seja, serve de apoio à idéia central de que 
estas energias são ―apenas complementares‖; a b trata de questões 
relativas apenas à energia eólica, particularidades; c faz o mesmo em 
relação à energia solar. Então o dilema estaria mesmo entre d e e, 
resolvido da forma que indicamos acima. 
Gabarito: E 
Análise de Texto 
Vamos ler um texto atentando para certas características importantes da 
sua construção, como o uso dos instrumentos coesivos, a reiteração e a 
retomada de ideias anteriormente enunciadas, a remissão ao contexto, 
enfim, várias questões que vimos tratando nesta e em outras aulas. Os 
comentários estão na margem direita. 
Deste mesmo recanto modesto de página 10 de 
O Cruzeiro já tive ocasião de referir-me à chamada 
"história em quadrinhos" como forma moderna de 
literatura ou de arte: uma literatura ou arte cujo mal - o 
de conteúdo ou substância - não deve ser confundido 
levianamente com a forma. 
O autor contextualiza o seu 
texto: já havia falado do 
assunto antes; e anuncia o 
tema, antecipando uma 
opinião sobre ele. 
A forma tanto pode se prestar a fins educativos 
como deseducativos. Correspondendo a um gosto 
moderno de síntese, tanto da parte do público infantil 
como do adulto, deve ser aproveitada pelos educadores 
e moralistas e não apenas abandonada aos 
exploradores da vulgaridade ou da sensação. 
Veja como o autor retoma o 
último período anterior, 
iniciando o parágrafo falando 
da forma, retomando a 
distinção entre o mal das HQ 
e sua forma, no 1°§. 
Em vez de assim procederem, que fazem alguns 
educadores e moralistas? Investem contra a história em 
quadrinhos como os caturras de outrora investiram 
contra os primeiros jornais, os primeiros cinemas, os 
primeiros rádios. Até que ficou evidente que jornal, 
cinema, rádio, tanto se podiam prestar a fins educativos 
como deseducativos. Que os próprios padres ou 
Nova retomada, reforçando 
os elos coesivos, com assim 
procederem retomando a 
frase abondonada aos 
exploradores (...), no final do 
§ anterior. 
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sacerdotes podiam utilizar-se do jornal, do cinema, do 
rádio para a propaganda da fé e da moral cristã. Que 
jornal ou imprensa não queria necessariamente dizer 
perigo para a ordem estabelecida ou a ortodoxia 
dominante, mas, ao contrário, podia ser posta a seu 
serviço. Que cinema não queria necessariamente dizer 
moça quase nua fazendo pecar os adolescentes, homem 
beijando escandalosamente mulher, ladrão arrombando 
cofre, mas, ao contrário, podia ser posto ao serviço da 
ciência, da história clássica e da própria religião. Que o 
rádio não queria necessariamente dizer maior 
divulgação de samba, com excessos lúbricos, de 
anedota picante, de canção obscena, mas também de 
música clássica e da própria música de igreja. 
Notem duas particularidades 
de construção: a reiteração 
da enumeração jornal, 
cinema, rádio, juntos ou 
alternadamente. E a sucessão 
de subordinadas, iniciadas 
por que, todas ligadas à 
oração Até que ficou evidente 
que. A coesão chega ao nível 
sintático aqui. 
A história em quadrinhos está na mesma 
situação. Também ela pode tornar-se instrumento de 
divulgação de vidas de heróis, de santos, de sábios, de 
façanhas de vaqueiros do Nordeste e de gaúchos do Rio 
Grande do Sul; e não apenas de aventuras de gângsters 
e de cow-boys. 
Os exemplos anteriores, 
reiterados, são recuperados 
pela expressão mesma 
situação. 
Também ela pode tornar-se, para os brasileiros, força 
de conservação de tradições nacionais, em vez de 
superação dessas tradições por mitos de povos 
imperiais sem que, entretanto, o justo zelo nacionalista 
degenere em "nossismo" intolerante. "Nossismo" 
doentio que não admita história com Papai Noel, mas só 
com Vovô Índio; nem biografia que exalte Marconi, mas 
só que glorifique Santos Dumont; nem canto onde 
apareça lobo ou olmo, mas só onde brilhe a ramagem 
do cajueiro ou arreganhe a dentuça a suçuarana 
Note o pronome ela, no 
início, retomando e 
reiterando a referência 
história em quadrinhos, no 
parágrafo anterior. 
Note as duas oposições de 
ideias operadas pelo autor, 
com em vez de – sem que, 
entretanto. A expressão 
“nossismo” intolerante é 
explicada pelos períodos 
coordenados subsequentes. 
Compreende-se a campanha de nacionalização 
da história em quadrinhos iniciada vigorosamente pelo 
jornalista Homero Homem. Mas seria uma lástima que a 
mística de nacionalização nos levasse àqueles exageros. 
E nos fechasse, nas nossas revistas e jornais,às 
histórias em quadrinhos que não falassem em índio, 
cajueiro, vaqueiro do Nordeste, suçuarana, pitanga, 
Caxias, Santos Dumont. 
Referência ao contexto da 
época do texto, em que havia 
campanha “nacionalista” 
contra as HQs. 
Veja a enumeração final: qual 
a noção comum aos termos 
enumerados? O 
nacionalismo, o nossismo 
mencionado no § anterior – 
reiteração. 
Atualmente, o extremo que domina nas histórias em 
quadrinhos publicadas em nossos jornais é o de quase 
exclusiva estrangeirice de motivos, símbolos e 
Outra referência ao contexto 
da época. O seu repúdio ao 
tal nossismo justifica o 
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personagens. Devemos reagir contra essa exclusividade 
lamentável. Mas não ao ponto de nos fecharmos dentro 
de motivos, símbolos e personagens exclusivamente 
brasileiros. Apenas escolhendo para publicação, 
histórias, tanto brasileiras como estrangeiras, mais 
capazes de deleitar o público, sem corromper-lhe o 
gosto. Pois não nos esqueçamos de que vivemos num 
mundo que é, cada dia mais, um mundo só, dentro do 
qual o Brasil deve ser o Brasil sem deixar de ser 
fraternalmente humano e cordialmente americano. 
posicionamento que anuncia 
no último parágrafo. Desta 
forma, percebe-se a 
progressão das ideias. O que 
foi dito em cada parágrafo 
tinha um objetivo, era um 
passo do caminho para a 
conclusão final. 
Fonte: FREYRE, Gilberto. Histórias em quadrinhos, nacionalismo e internacionalismo. O Cruzeiro. Rio de 
Janeiro, 09 jun. 1951. 
Bem, meus caros, trata-se de um texto de um grande prosador da nossa 
língua, o ilustre sociólogo Gilberto Freyre. Neste texto, vimos em ação 
vários mecanismos que estudamos. Quero chamar a atenção de vocês 
para a progressão das ideias do autor no texto. Os elos coesivos são 
usados de forma que as ideias são retomadas, e a cada passo 
retrabalhadas, de forma que o percurso do pensamento até a conclusão 
proposta pelo autor parece natural, necessário: esse é o efeito de um 
texto bem construído. 
Reescrever 
É comum a banca pedir para que seja avaliada pelo candidato a reescrita 
de um texto ou trecho de texto. Está em jogo nesse tipo de questão a 
nossa capacidade de abstrair o sentido do texto e reconhece-lo no trecho 
reescrito. 
Por exemplo, dado o texto: ―Autoproclamado popstar da música clássica, 
André Rieu é o protagonista de um dos maiores fenômenos da indústria 
fonográfica da atualidade. Para isso, ele aposta numa fórmula que vem 
aprimorando desde o início da década de 1990‖2, o examinador propõe 
algumas hipóteses de reescrita, como por exemplo: 
- Popstar da música clássica segundo ele mesmo, um dos maiores 
fenômenos da indústria fonográfica é protagonizado por André Rieu. Para 
isso, vem aprimorando desde o início da década de 1990 uma fórmula de 
aposta. Como julgar a reescrita? Reproduz o original sem alterar o 
sentido? Há erros? 
Temos de avaliar se o sentido do original se manteve, e acompanhar 
quais foram as alternações feitas, e qual seu efeito. Vejam, temos a 
substituição de autoproclamado por segundo ele mesmo, expressões que 
 
2 Trecho de artigo publicado na revista Concerto em julho de 2012. 
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a toda vista são sinônimas, ou de sentido muito próximo. Em seguida, 
temos que ―André Rieu‖ passa de sujeito ativo para agente da passiva, 
em um dos maiores fenômenos da indústria fonográfica é protagonizado 
por André Rieu, com a passagem para a voz passiva, mantendo, no 
entanto, o sentido do original. No último período, veremos que ―Para isso, 
ele aposta numa fórmula que vem aprimorando desde o início da década 
de 1990” não é equivalente a ―vem aprimorando desde o início da década 
de 1990 uma fórmula de aposta”, em que há a inversão entre aposta 
numa fórmula e fórmula de aposta, em que a palavra ―aposta‖ deixou de 
ser verbo e passou a ser nome. O significado é evidentemente diferente, 
então houve mudança de sentido, temos de recusar a reescrita proposta. 
Certo? O que é preciso é comparar o enunciado de base com a reescrita 
proposta. E um olho atento aos detalhes, geralmente o examinador irá 
mudar uma estrutura acessória. 
Vejam agora outra proposta de reescrita do trecho de exemplo: 
André Rieu - autoproclamado popstar da música clássica – é o 
protagonista de um dos maiores fenômenos da indústria fonográfica da 
atualidade. Para isso, vem apostando numa fórmula que aprimora desde 
o início da década de 1990. 
Bem, meus caros, no primeiro período temos apenas uma mudança de 
ordem, com o deslocamento do sujeito (André Rieu) para a posição inicial. 
No segundo período, o que muda? Temos a mudança importante das 
formas verbais – aposta por vem apostando, e, inversamente, vem 
aprimorando por aprimora. Quanto à forma, houve mudança, mas quanto 
ao sentido, meus caros, vamos lembrar do aspecto verbal, que já 
estudamos em aula anterior: o presente do indicativo, no caso, é 
empregado com valor durativo, exatamente como a locução com verbo 
auxiliar no presente mais verbo no gerúndio, como vem aprimorando, 
vem apostando. Ou seja, meus caros, as locuções são intercambiáveis; 
são equivalentes. O sentido do texto ficou mantido com as alterações. 
Com isso, vimos que certas alterações, como a mera inversão ou 
mudança de ordem, não alteram o sentido da frase. 
Por outro lado, alterações de menor monta, em palavras instrumentais, 
como preposições e conjunções, podem provocar grandes mudanças no 
sentido do texto. Existem, é claro, conjunções e locuções conjuntivas 
equivalentes, como mas, no entanto, entretanto etc. 
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Quanto aos verbos, as noções de tempo, correlação e aspecto, que 
estudamos, são centrais para perceber se a alteração proposta de fato 
leva a uma mudança de sentido. 
Vejamos como costuma cair em provas. 
Exercícios 
5. ESAF-SUSEP-2010 
 
 
 
 
5 
 
 
 
 
 
Nos países em geral, economistas, políticos e o 
noticiário gostam é de índices sobre macroeconomia, 
números abstratos que indicam a situação geral da 
economia, mas não revelam o que se passa em seu 
interior. A internet, por exemplo, apareceu em grande 
escala em 1992, e o mundo se deu conta da revolução 
que ela fizera nos negócios, na cultura e na vida das 
pessoas 10 anos depois. 
(Antônio Machado, Mundo invisível. Correio Braziliense, 14 de fevereiro 
de2010, com adaptações) 
No texto acima, provoca-se erro gramatical ou incoerência na argumentação do 
texto ao 
a) inserir os antes de ―economistas‖(ℓ.1) e de ―políticos‖(ℓ.1). 
b) retirar ―é‖(ℓ.2). 
c) retirar o pronome ―o‖, do termo ―o que‖(ℓ.4). 
d) substituir ―fizera‖(ℓ.7) por havia feito. 
e) inserir apenas depois de ―pessoas‖(ℓ.8). 
__________ 
Comentários: 
Uma questão em que são sugeridas formas de reescritura do texto, e precisamos 
encontrar aquela que provoca erro gramatical ou incoerência. A introdução do 
artigo definido antes de ―economistas‖ e ―políticos‖ não leva a erro. O ―é‖, em 
economistas, políticos e o noticiário gostam é de índices sobre... é meramente 
enfático, e pode ser retirado sem prejuízo.Por outro lado, suprimir o pronome o em mas não revelam o que se passa em 
seu interior causa um problema, pois o pronome é a referência para a oração 
seguinte (o/aquilo/a coisa que se passa em seu interior), e sua exclusão torna o 
texto incoerente. Pelo visto, essa é nossa alternativa. 
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A locução ―havia feito‖ é a forma analítica do mais que perfeito ―fizera‖, são 
intercambiáveis; inserir mais um advérbio, apenas, em ―revolução que ela fizera 
nos negócios, na cultura e na vida das pessoas apenas 10 anos depois‖ tem o 
efeito de intensificar a idéia de que certas realidades não são percebidas 
facilmente pelos observadores. 
Gabarito:C 
6. ESAF – SUSEP- 2010 
Assinale a opção que ao substituir a oração sublinhada, no texto abaixo, provoca 
erro gramatical e/ou incoerência textual. 
Sem vitória ou derrota, na comparação entre o pré e o pós-crise, a turbulência 
financeira que abalou o mundo trouxe perdas ao Brasil, mas no decorrer de 
2009 os prejuízos foram recuperados e, se o país não cresceu, conseguiu ao 
menos fazer com que importantes indicadores econômicos e sociais empatassem 
com os que eram registrados em 2008 – ano do pico de desenvolvimento 
brasileiro. 
(Correio Braziliense, 11 de fevereiro, 2010, com adaptações) 
a) caso o país não cresceu 
b) apesar de o país não crescer 
c) mesmo o país não crescendo 
d) embora o país não crescesse 
e) ainda que o país não tenha crescido 
__________ 
Comentários 
A questão envolve a semântica e a sintaxe; a conjunção concessiva caso é usada 
na expressão de fatos hipotéticos, e portanto exige o uso do modo subjuntivo; o 
correto então seria – caso o país não tenha crescido. Evidente que a construção 
não figura entre as alternativas. A dissonância entre a conjunção empregada e o 
modo subjuntivo da forma verbal fere a coerência textual. Todas as demais 
formas são admissíveis. 
Gabarito:A 
7. FMP – TJ/AC – 2010 (adaptada) 
Leia o trecho: O Diogo Mainardi é um assunto de polícia. Entende de 
Getúlio Vargas, decodificação do DNA, Brecht, clonagem da Dolly. Se você 
procurar no dicionário a palavra petulância, vai encontrar a foto dele. 
A alternativa que apresenta uma reescritura clara e correta e mantém o 
sentido do período acima é: 
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(A) O Diogo Mainardi é um assunto de polícia: entende de Getúlio Vargas, 
decodificação do DNA, Brecht, clonagem da Dolly. E, se você procurar no 
dicionário a palavra petulância, vai encontrar a foto dele. 
(B) O Diogo Mainardi: é um assunto de polícia, entende de Getúlio 
Vargas, decodificação do DNA, Brecht, clonagem da Dolly. Mas, se você 
procurar no dicionário, a palavra petulância,vai encontrar a sua foto. 
(C) Um assunto da polícia é o Diogo Mainardi, porque entende de Getúlio 
Vargas, decodificação do DNA, Brecht, clonagem da Dolly. Se você 
procurar no dicionário a palavra petulância vai encontrar a foto dele. 
(D) O Diogo Mainardi, é um assunto de polícia, porque entende de Getúlio 
Vargas, decodificação do DNA, Brecht, clonagem da Dolly. Se você 
procurasse no dicionário a palavra petulância, vai encontrar a foto dele. 
(E) O Diogo Mainardi é um assunto de polícia. Entende de Getúlio Vargas 
à decodificação do DNA, Brecht, clonagem da Dolly. Conquanto você 
procurar no dicionário a palavra petulância,vai encontrar a foto dele. 
_____________ 
Comentário: 
Diante de uma questão como essa temos de ler todas as alternativas, 
descartando as incorretas. Em uma primeira leitura, notamos que, na 
alternativa b, a adversativa mas introduzida altera o sentido do texto, 
pois não há oposição entre as idéias ―ele é sinônimo de petulância‖ e ―fala 
sobre os assuntos mais disparatados‖, pelo contrário. 
Além disso, observa-se que há uma possível ambigüidade, que prejudica 
a clareza do texto, no emprego do pronome ―sua‖ em se você procurar no 
dicionário, a palavra petulância, vai encontrar a sua foto. Há ambigüidade 
entre 2ª e 3ª pessoa na forma ―sua‖ (sua-tua e sua-dele), ou seja, o 
pronome pode ser referir a ―você‖, 2ª pessoa, ou a ―Diogo Mainardi‖, 
referido antes. 
A alternativa seguinte traz uma alteração de sentido, pois a expressão 
―assunto de polícia‖, ―caso de polícia‖ tem um sentido específico, e as 
expressões idiomáticas são formas fixas. Com a alteração para ―assunto 
da polícia‖, o sentido é outro, perde a conotação típica da expressão 
idiomática, temos de ler em sentido literal, apenas denotativo. 
Evidentemente ninguém há de chamar a polícia porque o sujeito se arvora 
a falar sobre tudo na TV, no jornal etc. 
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Além disso, temos no segundo período a omissão da vírgula da oração 
adverbial. 
Na alternativa d, outro erro salta aos olhos: temos uma correlação verbal 
problemática no último período, com a alteração da forma ―procurar‖ para 
―procurasse‖. Nesse caso, para manter a correção do período, seria 
necessário alterar a locução ―vai encontrar‖, utilizando as formas 
―encontraria‖, ou ―iria encontrar‖, para a correlação correta das formas 
verbais. 
Uma boa maneira de tornar óbvia a relação entre os verbos é aproximá-
los 
Se você procurasse no dicionário a palavra petulância, vai encontrar a 
foto dele 
Se você procurasse, vai encontrar --- Se você procurasse, encontraria 
encontraria 
encontrava 
(coloquial) 
Desse modo, fica evidente que a continuidade da ação expressa na 
correlação verbal é prejudicada com as formas propostas na alternativa. 
Além disso, há um erro de pontuação, porque sujeito e verbo estão 
separados por vírgula em O Diogo Mainardi, é um assunto de polícia. 
A última alternativa traz um erro evidente no uso da conjunção 
―conquanto‖, que introduz uma ressalva, equivalente a ―apesar de‖, é 
uma adversativa. Resta-nos portanto a primeira alternativa, que 
reescreve o período sem prejuízo do sentido, com clareza e correção. 
Gabarito: A 
A Importância da Literalidade 
Meus caros amigos, para resolver questões de interpretação do texto, o 
guia mais precioso com que contamos é justamente... o texto! A 
esmagadora maioria das questões de interpretação prende-se ao sentido 
literal, ao sentido imediatamente apreensível a partir de uma leitura. 
Importante ter em mente antes de tudo que o examinador não deseja 
saber a opinião do candidato a respeito do assunto tratado no texto; o 
que ele deseja saber é se o candidato entendeu de fato o que o texto diz. 
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E o que o texto diz? É um desafio realmente a compreensão de um texto, 
dado que sabemos que a polissemia é uma característica das palavras, 
conforme estudamos em aula anterior. 
Imaginem vocês então um texto, que envolve uma série de palavras, 
cada uma delas potencialmente polissêmica, quantas interpretações não 
poderá ter, não é? 
Calma, meus caros; atenhamo-nos ao sentido primário, próprio das 
palavras; lembrem-se do que eu disse, nas provas predominam os textos 
de cunho dissertativo, de linguagem objetiva. 
Darei um exemplo extremo, para quefique bem clara a questão para 
vocês. Veja o texto: 
A Lua é um corpo celeste habitado por um povo semelhante aos 
humanos, que moram não na superfície, mas no interior do satélite. 
Certo, está dito. Você acredita nisso? Você acha verossímil? Eu, 
francamente, não. Embora, é claro, nunca tenha ido à lua. 
Agora, se este texto aparece em uma prova, seguido da pergunta – de 
acordo com o texto, a lua é habitada? Sua resposta será: sim! 
Isso porque você se ateve à literalidade do texto, àquilo que o texto 
disse. De fato, lemos no texto ―A Lua é um corpo celeste habitado (...)‖. É 
prova suficiente de que a pergunta deve ser respondida com afirmativa. 
 
Questões de interpretação não 
procuram saber nossa opinião, 
mas o que o texto diz! 
Inferências Válidas, Pressupostos, Subentendidos 
Certo, o terreno da literalidade é seguro, mas por vezes o texto nos 
desafia com a necessidade de inferir informações que nem sempre estão 
presentes literalmente. O que podemos inferir, ou seja, concluir a partir 
do texto, sem possibilidade de discussão, será uma inferência válida. 
Estão relacionadas aos pressupostos do texto, noção que se relaciona ao 
contexto que o emissor não achou que devesse especificar. 
Vejamos um exemplo bem simples: se digo José almoçou mais cedo 
ontem, posso inferir, sem discussão, que José costuma almoçar mais 
tarde, geralmente, do que ontem. É um pressuposto do enunciado. E é, 
por isso mesmo, uma inferência válida. Não está dito no texto que José 
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costuma almoçar mais tarde do que ontem. Mas nesse caso podemos 
dispensar a literalidade, a inferência válida é aquela autorizada pelo texto. 
O pressuposto geralmente tem relação com o contexto da enunciação, 
com as circunstâncias e os dados tidos como aceitos pelos receptores do 
texto. 
Por exemplo, veja o trecho abaixo, retirado de notícia de O Estado de São 
Paulo: 
Nem bem havia acabado o jogo contra a Suécia, em que sua equipe 
venceu por 3 a 0, e Mano Menezes já estava pensando no próximo 
compromisso, contra a África do Sul, no dia 7 de setembro. 
Uma inferência válida a partir desse trecho é que trata da seleção 
brasileira de futebol, pois este é um pressuposto, um dado que o emissor 
considerou que o receptor saberia. 
Meus caros, sem os pressupostos, a comunicação verbal seria 
praticamente impossível, pois várias informações contextuais teriam de 
ser reiteradas continuamente. 
Agora, é preciso atentar para o limite dos pressupostos, pois se não 
corremos o risco de fazer inferências inválidas, além dos limites do que 
está pressuposto. Por exemplo, com base no fragmente acima, não 
podemos inferir se a seleção brasileira é um time bom, médio ou ruim; 
isso porque o texto não autoriza a inferência. Mesmo que alguém 
considere que vencer por três a zero seja suficiente para classificar o time 
como um bom time, ou um mau time, isso será irremediavelmente uma 
opinião própria, e não uma inferência a partir do texto. Então, as 
inferências válidas tem de estar apoiadas na literalidade do texto. 
SUBENTENDIDOS – Os subentendidos são gerados pelo emprego intencional 
do emissor de palavras ou expressões, ou textos, com a finalidade de 
dizer algo, com um significado, e deixar um sentido oculto sob o manto 
do sentido literal das palavras, de forma a que possa ser percebido. 
Então é preciso que haja a intenção do emissor, de dizer algo sem dizê-lo 
literalmente. E a interpretação do subentendido depende exclusivamente 
do destinatário. Daí a complexidade do problema. 
O subentendido sempre alude ao contexto. E realiza aquela possibilidade 
da polissemia a que aludimos: as palavras adquirem, ao mesmo tempo, 
dois sentidos. 
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Um exemplo clássico de subentendido está nos versos da canção Cálice, 
de Chico Buarque e Gilberto Gil – veja em 
http://www.chicobuarque.com.br/construcao/mestre.asp?pg=calice_73.ht
m -, que começa por se apoiar na homofonia, que estudamos, entre as 
formas do substantivo cálice e do verbo cale-se, para fazer referência ao 
contexto social e político de sua época, em que o Estado usava de 
violência para combater a oposição e exercia a censura do pensamento, 
aludindo, em primeiro plano, à Paixão de Cristo. Evidente que a 
duplicidade de sentido foi intencional, e foi compreendida pelos 
destinatários, tendo a canção alcançado um grande sucesso. 
A ironia pode ser feita através do subentendido, pois a literalidade muitas 
vezes tem significação oposta do que se pretende dizer. 
Por exemplo: -- Ah, chegou cedo, hein, meu caro? Diz o chefe, olhando 
para o relógio com impaciência: evidente que se subentende que o sujeito 
chegou tarde, e não cedo. 
Os subentendidos, para resumir, fazem referência ao contexto, são 
produzidos intencionalmente, e dependem do destinatário perceber a 
intenção e ―desvendar‖ o significado encoberto: é um fenômeno bastante 
complexo na comunicação verbal. 
 
 
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Redigir um documento requer cuidado e atenção, principalmente quando 
se trata de redação de atos administrativos e de comunicação do poder 
público. As características necessárias do documento oficial são 
 Concisão 
 Clareza 
 Objetividade e impessoalidade 
 Respeito à norma culta 
 Respeito a certas formalidades 
A simplicidade na redação oficial é condição essencial. Opõe-se ao 
rebuscamento, ao preciosismo exacerbado que, mesmo na redação de 
atos processuais, é um recurso anacrônico. 
Além disso, o documento oficial deve obedecer aos princípios 
administrativos. 
Princípios administrativos e redação oficial 
Os atos administrativos expressos em documentos devem, 
necessariamente, respeitar os princípios administrativos pelos quais se 
pauta o serviço público. 
O princípio da legalidade, segundo o qual a administração pública só pode 
fazer o que é permitido por lei, é obedecido com a fundamentação legal, 
referência textual importante. A isenção de interferência da 
individualidade, da subjetividade e da passionalidade de quemelabora o 
ato é exigida pelo princípio da impessoalidade. 
O princípio da publicidade discorre sobre a ampla divulgação dos atos 
praticados pela administração pública, daí a obrigatoriedade de publicação 
da maioria dos atos no órgão oficial. 
Embora não sejam princípios administrativos, e sim diretrizes que 
orientam a redação oficial, a formalidade e a uniformidade também 
devem ser cumpridas. A formalidade deve ser seguida no uso das formas 
de tratamento adequadas a cada autoridade. A uniformidade deve ser 
cumprida com o uso sistemático e padronizado dos elementos 
constitutivos dos atos administrativos (cabeçalhos, vocativos, fechos, 
identificação de signatário e outros). 
E, por fim, uma redação oficial eficiente deve propiciar a qualquer pessoa 
entendimento sobre o enunciador, o enunciatário e o motivo da 
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comunicação. Com isso, será atingida a eficiência, princípio constitucionaladministrativo inserido pela Emenda Constitucional 19, de 04/06/1998. 
Entre todos esses princípios, o da impessoalidade necessita ser mais 
aprofundado. 
Impessoalidade 
Os textos oficiais devem isentar-se de impressões pessoais de quem os 
elabora e de marcas de individualidade de quem os recebe. Desse modo, 
a redação oficial deve ser caracterizada pela impessoalidade, tanto do 
enunciador como do enunciatário. E, também, deve ser dirigida aos 
cidadãos em geral, sem explicitação de identidade, ou a outro órgão 
público. Quando as mensagens oficiais forem encaminhadas 
especificamente a alguém, o direcionamento deve ser feito ao 
enunciatário na condição de ocupante do cargo. Ou seja, não se trata de 
uma mensagem pessoal, mas de uma comunicação oficial. 
A impessoalidade também deve constar da mensagem. Todo ato 
administrativo deve ter como principal finalidade o interesse público. 
Assim, os assuntos abordados pelas comunicações oficiais devem ser 
restritos a questões referentes ao interesse público, não devendo 
apresentar tom pessoal ou particular e nem tratar de interesse próprio ou 
de terceiros. 
Seguem algumas informações que ajudam a garantir a impessoalidade 
nos textos oficiais. 
- Imparcialidade: evite manifestações de impressão pessoal. 
Exemplo: 
Na minha opinião,... (inadequado) 
Deve ser considerado... (adequado) 
Agrada-me essa ideia... (inadequado) 
Esse posicionamento é favorável... (adequado) 
Impessoalidade verbal: utilize conjugação impessoal sempre que possível, 
conjugando o verbo na terceira pessoa ou utilizando verbos na forma 
passiva. 
Exemplo: 
Eu sei que o prazo é de uma semana. (inadequado) 
É sabido que o prazo é de uma semana. (adequado) 
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Redigiram o ofício... (inadequado) 
O ofício foi redigido... (adequado) 
Clareza 
É a qualidade do que é inteligível e não gera dúvidas e incertezas quanto 
à ideia que se deseja exprimir. Essa característica é de fundamental 
importância na elaboração dos atos administrativos, que não podem 
deixar margem a diferentes interpretações. Quanto mais clara a 
mensagem, menor a possibilidade de entendimentos equivocados. A 
clareza é atingida quando se atenta para algumas questões importantes:. 
- Precisão semântica: evite a ambiguidade. O duplo sentido de palavras 
ou expressões é um dos principais empecilhos à clareza. 
Exemplo: 
Fulano, o procurador pediu que deixasse o relatório em sua mesa. 
(inadequado) 
Fulano, o procurador pediu que deixasse o relatório na mesa dele. 
(adequado) 
- Frases curtas: evite frases demasiadamente compridas. A informação 
principal do texto pode tornar-se confusa em períodos muito longos. 
- Vocabulário usual: evite o uso de jargões técnicos ou palavras 
rebuscadas. É também importante certificar-se do significado correto das 
palavras utilizadas. 
Concisão 
Meus caros, se podemos dizer algo com menos palavras, é certo que há 
palavras sobrando em nosso texto. O esforço para atingir a concisão 
envolve eliminar o que é redundante e desnecessário, sem excluir 
elementos importantes à completa compreensão da mensagem a ser 
transmitida. Seguem algumas sugestões essenciais à concisão. 
- Locução enxuta: evite a construção verbo + artigo + substantivo, 
substituindo-a por verbo no infinitivo. 
Exemplo: 
Fazer uma organização... (inadequado) 
Organizar... (adequado) 
Acusamos o recebimento da documentação... (inadequado) 
Recebemos a documentação... (adequado) 
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- Excesso de palavras: evite o uso exagerado de adjetivos, preposições e 
outras palavras que não acrescentam significado ao texto. 
Exemplo: 
Vamos proceder sem demora ao envio da documentação solicitada. 
(inadequado) 
Enviaremos rapidamente a documentação solicitada. (adequado) 
... documentos que nos vemos obrigados a devolver-lhes, porque 
observamos que se encontram sem a devida assinatura. (inadequado) 
... documentos que lhes devolvemos por falta de assinatura. (adequado) 
Meus caros, os pronomes chamados ―de tratamento‖, que tivemos a 
oportunidade de estudar em nossa aula que tratou das classes de 
palavras (Aula 01), são um sinal na língua da posição social atribuída pelo 
falante aos interlocutores. E, na estrutura do Estado, a hierarquia e 
portanto a posição relativa de cada um é determinada, bem marcada, 
legalmente formalizada inclusive. Então, nada mais natural que haja uma 
preocupação, nos documentos oficiais, com o emprego correto dos 
pronomes de tratamento. 
Assim, é importante que as autoridades sejam tratadas pelo pronome 
adequado; reproduzo abaixo síntese interessante, de acordo com o 
Manual de Redação da Presidência da República, uma fonte relevante 
quanto à redação oficial. Os documentos oficiais têm, sem dúvida, um 
registro formal. 
 Os seguintes pronomes de tratamento aplicam-se aos ocupantes 
dos cargos e funções a seguir: 
 Vossa Excelência, em geral para os titulares de poder, e 
especificamente para as seguintes autoridades: 
a) do Poder Executivo; 
Presidente da República; 
Vice-Presidente da República; 
Ministros de Estado; 
Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Distrito Federal; 
 
3 Conforme o Manual de Redação da Presidência da República. 
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Oficiais-Generais das Forças Armadas; 
Embaixadores; 
Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocupantes de cargos de 
natureza especial; 
Secretários de Estado dos Governos Estaduais; 
Prefeitos Municipais. 
b) do Poder Legislativo: 
Deputados Federais e Senadores; 
Ministros do Tribunal de Contas da União; 
Deputados Estaduais e Distritais; 
Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais; 
Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais. 
c) do Poder Judiciário: 
Ministros dos Tribunais Superiores; 
Membros de Tribunais; 
Juízes; 
Auditores da Justiça Militar. 
O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos Chefes de 
Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo respectivo: 
Excelentíssimo Senhor Presidente da República, 
Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional, 
Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal. 
As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Senhor, seguido do 
cargo respectivo: 
Senhor Senador, 
Senhor Juiz, 
Senhor Ministro, 
Senhor Governador, 
Endereçamento – O endereçamento das comunicações dirigidas às 
autoridades tratadas por Vossa Excelência terá a seguinte forma: 
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A Sua Excelência o Senhor 
Fulano de Tal 
Ministro de Estado da Justiça 
70064-900 – Brasília. DF 
 
A Sua Excelência o Senhor 
Senador Fulano de Tal 
Senado Federal 
70165-900 – Brasília. DF 
 
A Sua Excelência o Senhor 
Fulano de Tal 
Juiz de Direito da 10a Vara Cível 
Rua ABC, no 123 
01010-000 – São Paulo. SP 
 
Em comunicações oficiais, está abolido o uso do tratamento 
digníssimoErro! Indicador não definido.

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