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A MULTIDETERMINAÇÃO DO HUMANO

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A MULTIDETERMINAÇÃO DO HUMANO: UMA VISÃO EM PSICOLOGIA
Os Mitos Sobre o “Ser Humano”
Pau que nasce torto, não tem jeito, morre torto!”
Crença popular que está presente na ideia de que o ser humano nasce já dotado das qualidades que no decorrer de sua vida, irão ou não se manifestar.
Mitos filosóficos que apresentam ideia de que o homem nasce pronto:
O mito do ser humano natural: concebe-o como possuidor de uma essência original que o caracteriza como bom, possuindo qualidades que, por influência da organização social, se manifestariam, perderiam ou modificariam, isto é, o ser humano nasce bom, mas a sociedade o corrompe.
O mito do ser humano isolado: o supõe como um ser isolado, não-social, que desenvolve gradualmente a necessidade de relacionar-se com os outros indivíduos. Alguns teóricos consideram necessário, para esse relacionamento, um instinto especial denominado instinto gregário.
O mito do ser humano abstrato: considera-o como um ser cujas características independem das atuações de vida. O ser está isolado das situações históricas e presentes no ambiente em que transcorre sua vida. O ser humano é estudado como o “Ser humano em geral”, e seus atributos ou propriedades passam a ser apresentados como universais, independentes do momento histórico e tipo de sociedade em que se insere e das relações que vive. Neste caso, uma pessoa que viveu na época do Brasil Colônia não diferiria de uma pessoa do Brasil atual, como se o desenvolvimento econômico e tecnológico não interferisse na formação do indivíduo.
A percepção atual é de que o ser humano não pode ser concebido como ser (somente) natural, porque ele é um produto histórico, nem pode ser estudado como ser isolado, porque ele se torna humano em função de ser social, nem ser concebido como ser abstrato, porque o homem é o conjunto de suas relações sociais.
Quem é o ser humano?
Várias respostas podem ser dadas a esta pergunta, expressando diferentes pontos de vista ou diferentes visões de ser humano.
Uma delas: O SER HUMANO É UM SER SÓCIO-HISTÓRICO
A primeira coisa que podemos dizer sobre o homem é que ele pertence a uma espécie animal – Homo sapiens.
Todos nós dependemos dos genes que recebemos de nossos ancestrais para formar nosso corpo, obedecendo às características de nossa espécie.
Temos, portanto um conjunto de traços herdados que em contato com um ambiente determinado, têm como resultado um ser específico, individual e particular.
O que a natureza (o biológico) dá ao homem quando ele nasce não basta, porém, para garantir sua vida em sociedade.
Ele precisa adquirir várias aptidões, aprender as formas de satisfazer as necessidades, apropriar-se do que a sociedade humana criou no decurso de seu desenvolvimento histórico.
Pensem nas coisas que sabemos fazer – escovar os dentes, comer com os talheres, beber água no copo, jogar futebol e vídeo game, escrever, ler este texto, discuti-lo, etc...
Nossas aptidões, nosso saber-fazer, não são transmitidos por hereditariedade biológica, mas adquiridos no decorrer da vida, por um processo de apropriação da cultura criado pelas gerações precedentes.
Isso quer dizer que o ser humano está sujeito a ação das leis biológicas, mas reconhece que as modificações biológicas hereditárias não determinam o desenvolvimento sócio-histórico do mesmo e da humanidade; mas sim, dão-lhe sustentação
As condições biológicas permitem ao homem apropriar-se da cultura e formar as capacidades e funções psíquicas
As aptidões se formarão a partir do contato com o mundo dos objetos e com fenômenos da realidade objetiva, resultado da experiência sócio-histórica da humanidade
Para apropriar do mundo da ciência, da arte, instrumentos, tecnologia, conceitos, ideias, oser humano desenvolve atividades que produzem os traços essenciais da atividade acumulada e cristalizada nesses produtos da cultura
Os exemplos prototípicos de tal percepção são a aprendizagem do manuseio de instrumentos e a linguagem
Os instrumentos humanos levam em si os traços característicos da criação humana
Pense numa enxada ou em um lápis. A mão humana, que produziu esses objetos, subordina-se a eles, reorganizando os movimentos naturais do homem e formando capacidades motoras novas, capacidades que ficam incorporadas nesses instrumentos.
O domínio da linguagem não é outra coisa senão o processo de apropriação das significações e das operações fonéticas fixadas na língua
A assimilação pelo homem de sua cultura é um processo de reprodução no indivíduo das propriedades e aptidões historicamente formadas pela espécie humana.
A criança, colocada diante do mundo dos objetos humanos, deve agira adequadamente nesse mundo para se apropriar da cultura, isto é, deve aprender a utilizar os objetos.
Torna-se, então, condição fundamental para que isso ocorra, que as relações do indivíduo com o mundo dos objetos sejam mediadas pelas relações com os outros indivíduos
A criança é introduzida no mundo da cultura por outros indivíduos, que a guiam nesse mundo
“A criança, no momento do nascimento, não passa de um candidato à humanidades, mas não a pode alcançar no isolamento: deve aprender a ser um homem na relação com os outros homens” (LEONTIEV)
Catástrofe de Leontiev:
Se houvesse uma catástrofe no planeta que eliminasse todos os adultos e preservasse as crianças pequenas, a história seria interrompida
“Os tesouros da cultura continuariam a existir fisicamente, mas não existiria ninguém capaz de revelar às novas gerações o seu uso. As máquinas deixariam de funcionar, os livros ficariam sem leitores, as obras de arte perderiam a sua função estética. A história da humanidade teria de recomeçar”.
Todos aprendem a fazer, só que colorem seu fazer com alguns trações particulares, singulares, individuais.
As nossas diferenças sociais são muito maiores – temos crianças que sabem fazer e outras que não aprenderam e, portanto, não desenvolveram certas aptidões.
Essas diferenças estão fundadas no acesso à cultura, que em nossa sociedade se dá de forma desigual.
O QUE CARACTERIZA O SER HUMANO?
O ser humano trabalha e utiliza instrumentos
O mais inábil trabalhador humano difere do mais “habilidoso” animal, pois, antes de iniciar seu trabalho, já o planejou em sua cabeça.
O trabalho humano está subordinado à vontade e ao pensamento conceitual.
O uso de instrumentos não é uma novidade no mundo animal. Mas esse uso está marcado pelo fato de o animal não ter consciência disso.
O macaco tem a imagem do instrumento, mas não tem o conceito de instrumento. Ele aprende a utilizá-lo, mas não pode dizer ou pensar para que serve.
Ex: “Poxa, e aquele pauzinho que eu usei ontem, onde será que eu deixei?”
Apesar de manipular a máquina fotográfica à semelhança do homem, o macaco não tem consciência de sua utilidade.
O humano cria e utiliza a linguagem
A linguagem é o elemento concreto que permite ao homem ter consciência das coisas
O ser humano teve sua origem a partir de um antropoide. As condições para desenvolver a linguagem foram:
Esse antropoide aprendeu a andar sem usar as mãos, ficou ereto e com as mãos livres;
Esse antropoide vivia em grupo (como ocorreu com muitas espécies de macacos);
Esse grupo de antropoide tinha dedo opositor, o que permitia a utilização de instrumentos (por exemplo, um pedaço de pau para apanhar alimentos);
O sistema nervoso dispunha de suporte mínimo para o desenvolvimento da linguagem.
O ser humano compreende o mundo ao seu redor
Observe o comportamento de uma aranha na sua teia
A teia é tecida para garantir sua alimentação e, quando um inseto bate nessa teia, fica preso a ela. O inseto debate-se tentando escapar da armadilha.
Essa vibração é uma espécie de aviso para a aranha, que dispara em direção a ela e envolve o inseto, aplicando-lhe seu veneno.
O ser humano, diferentemente, compreende o que ocorre na realidade do ambiente.
Quando percebe algo, reflete esse real na forma de imagem em pensamento.
Este fator fundamental, a consciência, separa o ser humano dos outros animais e é o que lhe dá condiçõesde avaliar o mundo que o cerca e a si mesmo.
Só o ser humano é capaz de fazer uma poesia perguntando uma coisa muito difícil de responder: Quem sou eu? De onde vim?
O ser humano sabe seu mundo de várias formas: através das emoções e sentimentos e através do inconsciente.
Afinal, quem é o ser humano?
Agora retomamos o provérbio “pau que nasce torto, não tem jeito, morre torto”.
Esse provérbio abandona por completo a noção de ser histórico, social e concreto, quando liga definitivamente o ser que nasce ao ser que morre, ou seja, supõe que não há transformação do ser humano.
As experiências concretas de vida em determinada época, cultura, classe social, grupo étnico, grupo religioso, etc são, na concepção do provérbio, absolutamente inofensivas, inúteis, sem influência alguma sobre o ser que nasce.
O ser que morre não é pensado como resultante de toda uma vida real, de todo um conjunto de condições materiais experienciadas, que determinam o desenvolvimento do ser que nasceu.
As propriedades que fazer do ser humano um ser particular, que fazem deste animal um ser humano, são:
Um suporte biológico específico;
O trabalho e os instrumentos;
A linguagem;
As relações sociais, e
Uma subjetividade caracterizada pela consciência e identidade (pelos sentimentos e emoções e pelo inconsciente).
Ele é multideterminado.

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