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Aula 01 Direito Constitucional p/ OAB 1ª Fase XXIV Exame - Com videoaulas Professores: Diego Cerqueira, Ricardo Vale Direito Constitucional 1ª Fase - XXIV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 01 a Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 1 de 107 DIREITO CONSTITUCIONAL P/ OAB - 1ª FASE XXIV EXAME DE ORDEM Ol, amigos do Estratgia OAB! Hoje daremos continuidade a nossa preparao para o XXIV Exame de Ordem. A abordagem dessa aula um pouco densa, pois entraremos de ÒcabeaÓ no tema dos direitos fundamentais. H muita teoria e jurisprudncia sobre esse assunto, ento ateno redobrada combinado? Forte abrao a todos e bons estudos! Diego e Ricardo Facebook do Prof. Diego Cerqueira: https://www.facebook.com/coachdiegocerqueira Periscope: @dcdiegocerqueira Instagram: @coachdiegocerqueira Facebook do Prof. Ricardo Vale: https://www.facebook.com/profricardovale Canal do YouTube do Ricardo Vale: https://www.youtube.com/channel/UC32LlMyS96biplI715yzS9Q Periscope do Prof. Ricardo Vale: @profricardovale SUMçRIO PçGINA 1 Ð Teoria Geral dos Direitos Fundamentais 2-7 2 Ð Direitos Individuais e Coletivos Ð Parte 01 7-36 3 - Direitos Individuais e Coletivos Ð Parte 02 36-86 4 Ð Questes FGV 87-98 5 Ð Caderno de prova OAB 101-106 6 Ð Gabarito 107 Direito Constitucional 1ª Fase - XXIV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 01 a Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 2 de 107 1. TEORIA GERAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 1.1 Direitos do Homem x Direitos Fundamentais x Direitos Humanos Valrio Mazzuoli afirma que Òdireitos do homemÓ diz respeito a direitos naturais aptos proteo global do homem e vlido em todos os tempos. No esto previstos em textos constitucionais ou em tratados de proteo aos direitos humanos. A expresso reservada aos direitos cuja existncia se justifica apenas no plano jusnaturalista.1 Os Direitos fundamentais se referem aos direitos da pessoa humana consagrados em um dado momento histrico. So direitos constitucionalmente protegidos e positivados em uma determinada ordem jurdica. Por fim, Òdireitos humanosÓ est ligado aos direitos positivados em tratados internacionais, protegidos no mbito do direito internacional pblico mediante convenes globais. (Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Polticos) ou regionais (Conveno Americana de Direitos Humanos). importante no confundir direitos fundamentais e garantias fundamentais. Os direitos fundamentais so os bens protegidos pela Constituio. o caso da vida, da liberdade, da propriedade. j as garantias so formas de se protegerem esses bens, ou seja, instrumentos Constitucionais. Ex: habeas corpus, que protege o direito liberdade de locomoo. Ressalte-se que, para Canotilho, as garantias so tambm direitos.2 1.2.! As ÒgeraesÓ de direitos Os direitos fundamentais so tradicionalmente classificados em geraes, o que busca transmitir uma ideia de que eles no surgiram todos em um mesmo momento histrico. Foram frutos de uma evoluo histrico-social, de conquistas progressivas da humanidade. Assim, tem-se trs geraes: a) Primeira Gerao: buscam restringir a ao do Estado sobre o indivduo, impedindo que este se intrometa de forma abusiva na vida privada das pessoas. So as liberdades negativas. Cumprem a funo de direito de defesa dos cidados, bem como conferem ao indivduo poder para exerc-los e 1 MAZZUOLI, Valrio de Oliveira. Curso de Direito Internacional Pblico, 4» ed. So Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010, pp. 750-751. 2 CANOTILHO, Jos Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituio, 7» edio. Coimbra: Almedina, 2003. Direito Constitucional 1ª Fase - XXIV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 01 a Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 3 de 107 exigir do Estado a correo das omisses a eles relativas. Possuem como valor- fonte a liberdade. So os direitos civis e polticos, reconhecidos no final do sculo XVIII, com as Revolues Francesa e Americana. Ex: Direito de propriedade, locomoo, associao e o de reunio. b) Segunda gerao: so os direitos que envolvem prestaes positivas do Estado aos indivduos (polticas e servios pblicos) e, em sua maioria, caracterizam-se por ser normas programticas. So as chamadas de liberdades positivas. Para o Estado, constituem obrigaes de fazer algo em prol dos indivduos; tambm so chamados de Òdireitos do bem-estarÓ. Possuem como valor fonte a igualdade. So os direitos econmicos, sociais e culturais. Ex: direito educao, sade, trabalho. c) Terceira gerao: no protegem interesses individuais, mas que transcendem a rbita dos indivduos para alcanar a coletividade. Tambm chamados de direitos transindividuais ou supraindividuais. Aqui, o valor-fonte a solidariedade, a fraternidade. So os direitos difusos e os coletivos. Ex: direito do consumidor, ao meio-ambiente ecologicamente equilibrado e o direito ao desenvolvimento. Meus amigos, perceberam como as trs primeiras geraes seguem a sequncia do lema da Revoluo Francesa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade? Parte da doutrina considera a existncia de direitos de quarta gerao. Paulo Bonavides inclui aqui os direitos relacionados globalizao, direito democracia, informao e ao pluralismo. Por outro lado, Norberto Bobbio considera como de quarta gerao os Òdireitos relacionados engenharia genticaÓ. H quem entenda em direitos de quinta gerao, representados pelo direito paz, por exemplo. 3 Importante frisar que a expresso Ògerao de direitosÓ no quer dizer que h excluso de uma sobre a outra. O que ocorre que os direitos de uma gerao seguinte se acumulam aos das geraes anteriores. Em virtude disso, a doutrina tem preferido usar a expresso Òdimenses de direitosÓ. 1.3. Caractersticas dos Direitos Fundamentais A doutrina aponta as seguintes caractersticas para os direitos fundamentais e que devemos levar para fins de prova: 3 BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. So Paulo: Malheiros, 2008. Direito Constitucional 1ª Fase - XXIV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 01 a Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 4 de 107 ! Universalidade: so comuns a todos, respeitadas suas particularidades. H um ncleo mnimo de direitos que deve ser outorgado a todas as pessoas (Ex: direito vida). Mas h, todavia, alguns direitos que no podem ser titularizados por todos, pois so outorgados a grupos especficos (Ex: os direitos dos trabalhadores). ! Historicidade: os direitos fundamentais no resultam de um acontecimento histrico determinado, mas de todo um processo de afirmao. Surgem a partir das lutas do homem, em que h conquistas progressivas. So mutveis e sujeitos a ampliaes. ! Indivisibilidade: so indivisveis, isto , formam parte de um sistema harmnico e coerente de proteo dignidade da pessoa humana. Os direitos fundamentais no podem ser considerados isoladamente, mas sim integrando um conjunto nico. ! Inalienabilidade: so intransferveis e inegociveis, no podem ser abolidos pelo titular; no possuem contedo econmico- patrimonial. ! Imprescritibilidade: no se perdem com otempo, sendo sempre exigveis; so personalssimos e no cabe a prescrio. ! Irrenunciabilidade: no pode haver disposio, embora possa deixar de exerc-lo. Admite-se, entretanto, situaes de autolimitao voluntria de seu exerccio. Ex: Òreality showsÓ e o direito privacidade. ! Relatividade ou Limitabilidade: no h direitos fundamentais absolutos. Eles so relativos, limitveis no caso concreto por outros direitos fundamentais. No caso de conflito, h uma concordncia prtica ou harmonizao: nenhum deles sacrificado definitivamente. Busca-se uma reduo proporcional de ambos, visando alcanar a finalidade da norma. (*Ateno. a mais cobrada em prova! J) ! Complementaridade: a plena efetivao dos direitos fundamentais deve considerar que eles compem um sistema nico. Nessa tica, os diferentes direitos (das diferentes dimenses) se complementam e, portanto, devem ser interpretados conjuntamente. ! Concorrncia: podem ser exercidos cumulativamente, podendo um mesmo titular exercitar vrios direitos ao mesmo tempo. ! Efetividade: os Poderes Pblicos tm a misso de concretizar (efetivar) os direitos fundamentais. ! Proibio do retrocesso: por serem resultados de um processo evolutivo e de conquistas graduais, no podem ser enfraquecidos ou suprimidos. As normas que os instituem no podem ser revogadas ou substitudas por outras que os diminuam, restrinjam ou suprimam. Direito Constitucional 1ª Fase - XXIV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 01 a Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 5 de 107 No menos importante, vale destacar que os direitos fundamentais possuem uma dupla dimenso: Na dimenso subjetiva, so direitos exigveis perante o Estado: as pessoas podem exigir que o Estado se abstenha de intervir indevidamente na esfera privada (1» gerao) ou que o Estado atue ofertando prestaes positivas, atravs de polticas e servios pblicos (2» gerao). J na dimenso objetiva, os direitos fundamentais so vistos como enunciados dotados de alta carga valorativa: eles so qualificados como princpios estruturantes, cuja eficcia se irradia para todo o ordenamento. 1.4. Limites aos Direitos Fundamentais Conforme j comentamos, nenhum direito fundamental absoluto: eles encontram limites em outros direitos consagrados no texto constitucional. Alm disso, conforme j se pronunciou o STF, um direito fundamental no pode servir de salvaguarda de prticas ilcitas. Para tratar das limitaes, a doutrina desenvolveu duas teorias: i) a interna e; ii) a externa. A teoria interna (teoria absoluta) considera que o processo de definio dos limites a um direito interno a este. No h restries a um direito, mas uma simples definio de seus contornos. Os limites do direito lhe so imanentes, intrnsecos. A fixao dos limites a um direito no , portanto, influenciada por aspectos externos (extrnsecos), como, por exemplo, a coliso de direitos fundamentais. 4 Para esta teoria, o ncleo essencial de um direito fundamental insuscetvel de violao, independentemente da anlise do caso concreto. Esse ncleo essencial, que no poder ser violado, identificado a partir da percepo dos limites imanentes ao direito. A teoria externa (teoria relativa), por sua vez, entende que a definio dos limites aos direitos fundamentais um processo externo a esses direitos. Em outras palavras, fatores extrnsecos iro determinar os limites dos direitos fundamentais, ou seja, o seu ncleo essencial. somente sob essa tica que se admite a soluo dos conflitos entre direitos fundamentais pelo juzo de ponderao (harmonizao) e pela aplicao do princpio da proporcionalidade. Para a teoria externa, o ncleo essencial de um direito fundamental tambm insuscetvel de violao; no entanto, a determinao do que exatamente esse Òncleo essencialÓ depender da anlise do caso concreto. Os direitos fundamentais so restringveis, observado o princpio da proporcionalidade e/ou a proteo de seu ncleo essencial. Exemplo: o direito vida pode sofrer restries no caso concreto. 4 SILVA, Virglio Afonso da. O contedo essencial dos direitos fundamentais e a eficcia das normas constitucionais. In: Revista de Direito do Estado, volume 4, 2006, pp. 35 Ð 39. Direito Constitucional 1ª Fase - XXIV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 01 a Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 6 de 107 Questo muito relevante a ser tratada sobre a teoria dos Òlimites dos limitesÓ, que incorpora os pressupostos da teoria externa. A pergunta que se faz a seguinte: a lei pode impor restries aos direitos fundamentais? A resposta sim. A lei pode impor restries aos direitos fundamentais, mas h um ncleo essencial que precisa ser protegido, que no pode ser objeto de violaes. Assim, o grande desafio do exegeta (intrprete) e do prprio legislador est em definir o que esse ncleo essencial, o que dever ser feito pela aplicao do princpio da proporcionalidade, em suas trs vertentes (adequao, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito). No Brasil, a CF/88 no previu expressamente a teoria dos limites aos limites. Entretanto, o dever de proteo ao ncleo essencial est implcito na Carta Magna, de acordo com vrios julgados do STF e com a doutrina, por decorrncia do modelo garantstico utilizado pelo constituinte. Isso porque a no-admisso de um limite atuao legislativa tornaria incua qualquer proteo fundamental5. Por fim, vale ressaltar que os direitos fundamentais tambm podem ser restringidos em situaes de crises constitucionais, como na vigncia do estado de stio e estado de defesa.6 1.5. Eficcia Horizontal dos Direitos Fundamentais At o sculo XX, acreditava-se que os direitos fundamentais se aplicavam apenas s relaes entre o indivduo e o Estado. Como essa relao de um ente superior (Estado) com um inferior (indivduo), dizia-se que os direitos fundamentais possuam Òeficcia verticalÓ. A partir do sculo XX, entretanto, surgiu a teoria da eficcia horizontal dos direitos fundamentais, que estendeu sua aplicao tambm s relaes entre particulares. Tem-se a chamada Òeficcia horizontalÓ ou Òefeito externoÓ dos direitos fundamentais. Existem duas teorias sobre a aplicao dos direitos fundamentais: i) a da eficcia indireta e mediata e; ii) a da eficcia direta e imediata. Para a teoria da eficcia indireta e mediata, os direitos fundamentais s se aplicam nas relaes jurdicas entre particulares de forma indireta, excepcionalmente, por meio das clusulas gerais de direito privado (ordem pblica, liberdade contratual, e outras). Essa teoria incompatvel com a 5 MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocncio Mrtires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. P. 319. 6 O estado de defesa e estado de stio esto previstos nos art. 136 e art. 137, da CF/88. Direito Constitucional 1ª Fase - XXIV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 01 a Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 7 de 107 Constituio Federal, que, em seu art. 5¼, ¤ 1¼, prev que as normas definidoras de direitos fundamentais possuem aplicabilidade imediata. J para a teoria da eficcia direta e imediata, os direitos fundamentais incidem diretamente nas relaes entre particulares. Estes estariam to obrigados a cumpri-los quanto o Poder Pblico.Esta a tese que prevalece no Brasil, tendo sido adotada pelo Supremo Tribunal Federal. 1.6. Os Direitos Fundamentais na CRFB/88 Os direitos fundamentais esto previstos no Ttulo II, da CF/88. O Ttulo II, conhecido como Òcatlogo dos direitos fundamentaisÓ, vai do art. 5¼ at o art. 17 e divide os direitos fundamentais em 5 (cinco) diferentes categorias: a) Direitos e Deveres Individuais e Coletivos (art. 5¼) b) Direitos Sociais (art. 6¼ - art. 11) c) Direitos de Nacionalidade (art. 12 Ð art. 13) d) Direitos Polticos (art. 14 Ð art. 16) e) Direitos relacionados existncia, organizao e participao em partidos polticos. importante ter ateno para no cair em uma ÒpegadinhaÓ na hora da prova. Os direitos individuais e coletivos, os direitos sociais, os direitos de nacionalidade, os direitos polticos e dos partidos polticos so espcies do gnero Òdireitos fundamentaisÓ. Outro detalhe. O rol de direitos fundamentais no exaustivo. H outros direitos, espalhados pela Constituio, como o direito ao meio ambiente (art. 225) e o princpio da anterioridade tributria (art.150, III, ÒbÓ), por exemplo. 1. (FGV / XXII Exame de Ordem Ð 2017) A teoria dimensional dos direitos fundamentais examina os diferentes regimes jurdicos de proteo desses direitos ao longo do constitucionalismo democrtico, desde as primeiras Constituies liberais at os dias de hoje. Nesse sentido, a teoria dimensional tem o mrito de mostrar o perfil de evoluo da proteo jurdica dos direitos fundamentais ao longo dos diferentes paradigmas do Estado de Direito, notadamente do Estado Liberal de Direito e do Estado Democrtico Social de Direito. Essa perspectiva, calcada nas dimenses ou geraes de direitos, no apenas projeta o carter cumulativo da evoluo protetiva, mas tambm demonstra o contexto de unidade e indivisibilidade do catlogo de direitos fundamentais do cidado comum. A partir dos Direito Constitucional 1ª Fase - XXIV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 01 a Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 8 de 107 conceitos da teoria dimensional dos direitos fundamentais, assinale a afirmativa correta. a) Os direitos estatais prestacionais, ligados ao Estado Liberal de Direito, nasceram atrelados ao princpio da igualdade formal perante a lei, perfazendo a primeira dimenso de direitos. b) A chamada reserva do possvel ftica, relacionada escassez de recursos econmicos e financeiros do Estado, no tem nenhuma influncia na efetividade dos direitos fundamentais de segunda dimenso do Estado Democrtico Social de Direito. c) O conceito de direitos coletivos de terceira dimenso se relaciona aos direitos transindividuais de natureza indivisvel de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstncias de fato, como ocorre com o direito ao meio ambiente. d) Sob a gide da estatalidade mnima do Estado Liberal, os direitos negativos de defesa dotados de natureza absentesta so corretamente classificados como direitos de primeira dimenso. Opa! Questo recente, pessoal! 2017...saindo do forno... XXII Exame de Ordem. Muita ateno, pois a FGV tem cobrado cada vez mais tpicos relacionados Teoria Geral. Vamos ao gabarito? J Comentrios: Letra A: errada. Os direitos prestacionais esto ligados ao Estado Social de direito (direitos 2a gerao). Letra B: errada. A clusula da reserva do possvel deve ser levada em considerao na tarefa de concretizao dos direitos sociais. O Estado, para concretizar direitos sociais, depende de recursos econmicos e financeiros. Letra C: errada. De fato, o direito ao meio ambiente um direito de 3a gerao, possuindo natureza indivisvel. Trata-se, porm, de um direito difuso, cuja titularidade indeterminada. Todas as pessoas so titulares do direito ao ambiente, independentemente de quaisquer circunstncias de fato que as liguem. Letra D: correta. Temos aqui o gabarito! Os direitos de defesa (liberdades negativas) so classificados na 1agerao de direitos fundamentais. Esto relacionados ao Estado Liberal de direito. Direito Constitucional 1ª Fase - XXIV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 01 a Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 9 de 107 2. DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS Meus amigos, faremos agora o estudo dos pontos fundamentais do art. 5¼ da Constituio. Passaremos a analisar os dispositivos de maior incidncia e aqueles com entendimento doutrinrio e jurisprudencial relevante. Mas, vale a ttulo de complemento, uma leitura deste art. 5¼ na ntegra. Combinado? J Art. 5¼ Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade, nos termos seguintes: (...) Primeiro ponto. Apesar de o art. 5¼, caput, referir-se apenas a Òbrasileiros e estrangeiros residentes no pasÓ, h consenso na doutrina de que os direitos fundamentais abrangem qualquer pessoa que se encontre em territrio nacional, ainda que seja estrangeiro no residente no pas. Nesse sentido, entende o STF que o sdito estrangeiro, mesmo aquele sem domiclio no Brasil, tem direito a todas as prerrogativas bsicas que lhe assegurem a preservao do status libertatis e a observncia, pelo Poder Pblico, da clusula constitucional do due process7. Nessa linha, para o STF Òo direito de propriedade garantido ao estrangeiro no residenteÓ.8 No que tange ao direito vida, h um importante julgado do Supremo sobre a possibilidade de interrupo de gravidez de feto anencfalo, entendendo a Corte pela garantia do direito gestante de Òsubmeter-se a antecipao teraputica de parto na hiptese de gravidez de feto anencfalo, previamente diagnosticada por profissional habilitado, sem estar compelida a apresentar autorizao judicial ou qualquer outra forma de permisso do EstadoÓ. Para o Supremo, no haveria coliso real entre direitos fundamentais, apenas conflito aparente, uma vez que o anencfalo no seria titular do direito vida. Ainda que biologicamente vivo, este seria juridicamente morto, de maneira que 7HC 94.016, Rel. Min. Celso de Mello, j. 16-9-2008, Segunda Turma, DJE de 27-2-2009. 8 RE 33.319/DF, Rel. Min. Cndido Motta, DJ> 07.01.1957. Direito Constitucional 1ª Fase - XXIV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 01 a Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 10 de 107 no deteria proteo jurdica. 9 Assim, a interrupo da gravidez de feto anencfalo no tipificada como crime de aborto. Outra controvrsia levada apreciao do STF envolvia a pesquisa com clulas- tronco embrionrias. Segundo a Corte, legtima e no ofende o direito vida nem a dignidade da pessoa humana, a realizao de pesquisas com clulas-tronco embrionrias, obtidas de embries humanos produzidos por fertilizao Òin vitroÓ e no utilizados neste procedimento.10 Cabe destacar, ainda, que os direitos fundamentais no tm como titular apenas as pessoas fsicas; as pessoas jurdicas e at mesmo o prprio Estado so titulares de direitos fundamentais. I - homens e mulheres so iguais em direitos e obrigaes, nos termos desta Constituio; Trata-se do princpio da igualdade, que determina a isonomia aos que esto em condies equivalentes e tratamento desigual aos que esto em condies diversas, dentrode suas desigualdades. O legislador fica, aqui, obrigado a obedecer Òigualdade na leiÓ, no podendo criar leis que discriminem pessoas que se encontram em situao equivalente, exceto quando houver razoabilidade para tal. Os intrpretes e aplicadores da lei, por sua vez, ficam limitados pela Òigualdade perante a leiÓ, no podendo diferenciar aqueles a quem a lei concedeu tratamento igual. Nesse sentido, o Supremo Tribunal entende que as aes afirmativas, como a reserva de vagas em universidades pblicas para negros e ndios, so consideradas constitucionais.11 Na mesma linha, o programa concessivo de bolsa de estudos em universidades privadas para alunos de renda familiar de pequena monta, com quotas para negros, pardos, indgenas e portadores de necessidades especiais. 12 A realizao da igualdade material no probe que a lei crie discriminaes, desde que estas obedeam ao princpio da razoabilidade. Ex: Concurso para agente penitencirio de priso feminina restrito a mulheres e a adoo de critrios distintos para a promoo de integrantes do corpo feminino e masculino da Aeronutica13. 9 STF, Pleno, ADPF 54/DF, Rel. Min. Marco Aurlio, deciso 11 e 12.04.2012, Informativo STF no 661. 10 ADI 3510/DF, Rel. Min. Ayres Britto, DJe: 27.05.2010 11 RE 597285/RS. Min. Ricardo Lewandowski. Deciso: 09.05.2012 12 STF, Pleno, ADI 3330/DF, Rel. Min. Ayres Britto, j. 03.05.2012. 13RE 498.900-AgR, Rel. Min. Carmen Lcia, j. 23-10-2007, Primeira Turma, DJ de 7-12-2007. Direito Constitucional 1ª Fase - XXIV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 01 a Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 11 de 107 Note, todavia, que s a lei ou a prpria Constituio podem determinar discriminaes entre as pessoas. Os atos infralegais (Ex: edital de concurso) no podem determinar tais limitaes sem que haja previso legal14. Um ltimo ponto que precisamos levar para prova. O princpio da isonomia no autoriza ao Poder Judicirio estender a alguns grupos vantagens estabelecidas por lei a outros, sob pena do Judicirio estar ÒlegislandoÓ, em flagrante ofensa ao princpio da separao dos Poderes. II - ningum ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa seno em virtude de lei; Trata-se do princpio da legalidade, que se aplica de maneira diferenciada aos particulares e ao Poder Pblico. Para os particulares, traz a garantia de que s podem ser obrigados a agirem ou a se omitirem por lei. Tudo permitido na falta de norma legal proibitiva. J para o Poder Pblico, a legalidade reside em fazer o que permitido pela lei. Professor, qual a diferena entre o princpio da legalidade e reserva legal? O princpio da legalidade ÒleiÓ em um sentido mais amplo, todo e qualquer ato normativo estatal, incluindo atos infralegais, que obedea s formalidades que lhe so prprias e contenha uma regra jurdica. A legalidade determina a submisso e o respeito ÒleiÓ, ou a atuao dentro dos limites legais; a referncia que se faz aqui lei em sentido material. J o princpio da reserva legal evidenciado quando a Constituio exige expressamente que determinada matria seja regulada por lei formal ou atos com fora de lei (Ex: decretos autnomos). Jos Afonso da Silva classifica a reserva legal do ponto de vista do vnculo imposto ao legislador como absoluta ou relativa. Na reserva legal absoluta, a norma constitucional exige, para sua integral regulamentao, a edio de lei formal, entendida como ato normativo emanado do Congresso e elaborado de acordo com o processo legislativo. Ex: art. 37, inciso X, da CF/88. 14 RE 523737/MT Ð Rel. Min. Ellen Gracie, DJe: 05.08.2010 Smula vinculante 37 STF: ÒNo cabe ao Poder Judicirio, que no tem funo legislativa, aumentar vencimentos de servidores pblicos sob fundamento de isonomia.Ó Direito Constitucional 1ª Fase - XXIV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 01 a Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 12 de 107 Na reserva legal relativa, embora a Constituio exija lei formal, permite-se que a lei fixe apenas parmetros de atuao para o rgo administrativo, que poder complement-la por ato infralegal, respeitados os limites legais. A doutrina tambm afirma que a reserva legal pode ser classificada como simples ou qualificada. N reserva legal simples aquela que exige lei formal para dispor sobre determinada matria, mas no especifica qual o contedo ou a finalidade do ato.(art.5¼, inciso VII, da CF/88) Ò assegurada, nos termos da lei, a assistncia religiosa nas entidades civis e militares de internao coletivaÓ. A reserva legal qualificada, alm de exigir lei formal, j define, previamente, o contedo da lei e a finalidade do ato. Ex: art. 5¼, inciso XII, da CF/88, Ò inviolvel o sigilo da correspondncia e das comunicaes telegrficas, de dados e das comunicaes telefnicas, salvo, no ltimo caso, por ordem judicial, nas hipteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigao criminal ou instruo processual penalÓ. III - ningum ser submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; IV - livre a manifestao do pensamento, sendo vedado o anonimato; Em relao ao inciso IV, temos a liberdade de expresso, que verdadeiro fundamento do Estado democrtico de direito. Todos podem manifestar, oralmente ou por escrito, o que pensam, desde que isso no seja feito anonimamente. Com base na vedao ao anonimato, o STF entende que as denncias annimas jamais podero ser a causa nica de exerccio de atividade punitiva pelo Estado. As autoridades pblicas no podem iniciar qualquer medida de persecuo (penal ou disciplinar), apoiando-se apenas em peas apcrifas ou em escritos annimos. Essas peas no podem ser incorporadas, formalmente, ao processo, salvo quando tais documentos forem produzidos pelo acusado, ou, ainda, quando constiturem, eles prprios, o corpo de delito (como sucede com bilhetes de resgate no delito de extorso mediante sequestro, por exemplo). Pessoal, o que a delao annima pode servir de base para que o Poder Pblico adote medidas destinadas a esclarecer, em sumria e prvia apurao, a verossimilhana das alegaes que lhe foram transmitidas.15 Em caso positivo, poder, ento, ser promovida a formal instaurao da "persecutio criminis", 15 STF, Inq 1957/ PR, Rel. Min. Carlos Velloso, Informativo STF n¼ 393. Direito Constitucional 1ª Fase - XXIV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 01 a Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 13 de 107 mantendo-se completa desvinculao desse procedimento estatal em relao s peas apcrifas. Tambm com base no direito manifestao do pensamento e no direito de reunio, o STF considerou inconstitucional qualquer interpretao do Cdigo Penal que possa ensejar a criminalizao da defesa da legalizao das drogas, inclusive atravs de manifestaes e eventos pblicos16. Esse foi um entendimento polmico, que descriminalizou a chamada Òmarcha da maconhaÓ. Cuidado! No est se legalizando as drogas. Agora, muito cuidado! O que se entendeu constitucional foi o direito manifestar-se a favor ou no sobre a legalizao. Ainda com fundamento na liberdade de expresso, o STF considerou que a exigncia de diploma de jornalismo e de registro profissional no Ministriodo Trabalho no so condies para o exerccio da profisso de jornalista. V - assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, alm da indenizao por dano material, moral ou imagem; Essa norma traduz o direito de resposta manifestao do pensamento, que aplicvel em relao a todas as ofensas, independentemente de elas configurarem ou no infraes penais. Dever ser sempre proporcional, ou seja, veiculada no mesmo meio de comunicao utilizado pelo agravo, com mesmo destaque, tamanho e durao. Salienta-se, ainda, que o direito de resposta se aplica tanto a pessoas fsicas quanto a jurdicas ofendidas. Outro aspecto importante que as indenizaes material, moral e imagem so cumulveis17; aplicam-se tambm s pessoas jurdicas, so proporcionais ao dano e extenso e independem de o direito resposta ter sido, ou no, exercido, ou o dano caracterizar a infrao penal. VI - inviolvel a liberdade de conscincia e de crena, sendo assegurado o livre exerccio dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteo aos locais de culto e a suas liturgias; VII - assegurada, nos termos da lei, a prestao de assistncia religiosa18 nas entidades civis e militares de internao coletiva; 16 ADPF 187, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 15-6-2011, Plenrio. 17 Smula STJ n¼ 37: ÒSo cumulveis as indenizaes por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato. 18 Consagra-se, nesses incisos, a liberdade religiosa. Observe que no Poder Pblico o responsvel pela prestao religiosa, pois o Brasil um Estado laico. Direito Constitucional 1ª Fase - XXIV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 01 a Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 14 de 107 VIII - ningum ser privado de direitos por motivo de crena religiosa ou de convico filosfica ou poltica, salvo se as invocar para eximir-se de obrigao legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestao alternativa, fixada em lei; No inciso VIII, tem-se a denominada Òescusa de conscinciaÓ, garantindo como regra a no privao de direitos por no cumprir obrigao legal a todos imposta devido a suas crenas religiosas ou convices filosficas/polticas. Entretanto, havendo o descumprimento de obrigao legal, o Estado poder impor, pessoa que recorrer a esse direito, prestao alternativa fixada em lei. E o que acontecer se essa pessoa se recusar, tambm, a cumprir a prestao alternativa? Nesse caso, poder excepcionalmente sofrer restrio de direitos. Veja que, para isso, so necessrias, cumulativamente, duas condies: recusar-se a cumprir obrigao legal e ainda a cumprir a prestao alternativa fixada pela lei. Nesse caso, poder haver a perda de direitos polticos, na forma do art. 15, IV, da Constituio. O art. 5¼, inciso VIII, uma norma constitucional de eficcia contida. Todos tm o direito, afinal, de manifestar livremente sua crena religiosa e convices filosfica e poltica. Essa uma garantia plenamente exercitvel, mas que poder ser restringida pelo legislador. No existindo lei que estabelea prestao alternativa, aquele que deixou de cumprir a obrigao legal no poder ser privado de seus direitos. Mas, no momento em que o legislador edita norma fixando prestao alternativa, ele est restringindo o direito escusa de conscincia. IX - livre a expresso da atividade intelectual, artstica, cientfica e de comunicao, independentemente de censura ou licena; O que voc no pode esquecer sobre esse inciso? vedada a censura. Entretanto, a liberdade de expresso, como qualquer direito fundamental, relativa; limitada por outros direitos protegidos pela Carta Magna, como a inviolabilidade da privacidade e da intimidade do indivduo, por exemplo. Entretanto, esse profissional responder, penal e civilmente, pelos abusos que cometer, sujeitando-se ao direito de resposta a que se refere a Constituio em seu art. 5¼, inciso V. A liberdade de imprensa plena em todo o tempo, lugar e circunstncias, tanto em perodo no-eleitoral, quanto em perodo de eleies gerais19. 19 ADI 4.451-MC-REF, Rel. Min. Ayres Britto, Plenrio, DJE de 24-8-2012. Direito Constitucional 1ª Fase - XXIV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 01 a Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 15 de 107 X - so inviolveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenizao pelo dano material ou moral decorrente de sua violao; ÒDissecando-seÓ esse inciso, percebe-se que ele protege: ! O direito intimidade e vida privada. Resguarda, portanto, a esfera mais secreta da vida de uma pessoa, tudo que diz respeito a seu modo de pensar e de agir. ! O direito honra. Blinda, desse modo, o sentimento de dignidade e a reputao dos indivduos; o Òbom nomeÓ ! O direito imagem. Defende a representao que as pessoas possuem perante si mesmas e os outros. A intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas so inviolveis: elas consistem em espao ntimo intransponvel por intromisses ilcitas externas. 20 A violao a esses bens jurdicos ensejar indenizao, devendo observar o grau de reprovabilidade da conduta. 21 Destaque-se que as indenizaes por dano material e por dano moral so cumulveis. Meus amigos, em relao a este inciso, temos diversas jurisprudncias importantes, dos mais variados temas, que precisamos tomar nota: ! As pessoas jurdicas podero ser indenizadas por dano moral22, uma vez que so titulares dos direitos honra e imagem. ! O STF considera que para que haja condenao por dano moral, no necessria ofensa reputao do indivduo. Assim, a dor e o sofrimento de se perder um membro da famlia, por exemplo, pode ensejar indenizao por danos morais. ! O STF entende que no se pode coagir suposto pai a realizar exame de DNA. Essa medida feriria outros direitos humanos, como a dignidade da pessoa humana e a intangibilidade do corpo humano. ! Outra importante deciso do STF diz respeito privacidade dos agentes polticos. Esta relativa, uma vez que estes devem sociedade as contas da 20 MORAES, Alexandre de. Constituio do Brasil Interpretada e Legislao Constitucional, 9» edio. So Paulo Editora Atlas: 2010, pp. 159. 21 AO 1.390, Rel. Min. Dias Toffoli. DJe 30.08.2011 22 Smula 227 STJ - A pessoa jurdica pode sofrer dano moral. Direito Constitucional 1ª Fase - XXIV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 01 a Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 16 de 107 atuao desenvolvida23. O direito se mantm apenas no que diz respeito a fatos ntimos e da vida familiar. O direito privacidade tambm foi objeto de anlise pelo STF na ADI 4815, na famosa questo das Òbiografias no autorizadasÓ. Concluiu-se pela prevalncia, nessa situao, do direito liberdade de expresso e de manifestao do pensamento. Entendeu-se que Òinexigvel o consentimento de pessoa biografada relativamente a obras biogrficas literrias ou audiovisuais, sendo por igual desnecessria autorizao de pessoas retratadas como coadjuvantes ( familiares ou pessoas falecidas...)Ó. Cabe ressaltar que a inexigibilidade do consentimento no exclui a possibilidade de indenizao em virtude de dano material ou moral decorrenteda violao da intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas. Tambm relacionado aos direitos intimidade e vida privada est o sigilo bancrio, que verdadeira garantia de privacidade dos dados bancrios. Assim como todos os direitos fundamentais, o sigilo bancrio no absoluto. Nesse sentido, tem-se o entendimento do STJ de que Òhavendo satisfatria fundamentao judicial a ensejar a quebra do sigilo, no h violao a nenhuma clusula ptrea constitucionalÓ. (STJ, DJ de 23.05.2005). A pergunta que se faz agora a seguinte: quais autoridades podem determinar a quebra do sigilo bancrio? A resposta a essa pergunta complexa e envolve conhecimento acerca da jurisprudncia do STF e do STJ. Seno vejamos: a) O Poder Judicirio pode determinar a quebra do sigilo bancrio e do sigilo fiscal. b) As Comisses Parlamentares de Inqurito (CPI`s) federais e estaduais podem determinar a quebra do sigilo bancrio e fiscal. Isso se justifica pela previso constitucional de que as CPI`s tm poderes de investigao prprios das autoridades judiciais. As CPI`s municipais no podem determinar a quebra do sigilo bancrio e fiscal. c) A LC n¼ 105/2001 permite que as autoridades fiscais procedam requisio de informaes a instituies. Opa! Em 2016, o STF reconheceu a constitucionalidade dessa lei complementar, deixando consignado que as autoridades fiscais podero requisitar informaes s instituies financeiras, desde que: 23Inq 2589 MS, Min. Marco Aurlio, j. 02.11.2009, p. 20.11.2009. Direito Constitucional 1ª Fase - XXIV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 01 a Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 17 de 107 ¥! 1) haja processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e; ¥! 2) as informaes sejam consideradas indispensveis pela autoridade administrativa competente. *Em sua deciso, o STF deixou claro que os dados fornecidos pelas instituies financeiras s autoridades fiscais continuaro sob clusula de sigilo. Os dados, antes protegidos pelo sigilo bancrio, passaro a estar protegidos por sigilo fiscal. Assim, no seria tecnicamente adequado falar-se em Òquebra de sigilo bancrioÓ pelas autoridades fiscais. d) O Ministrio Pblico pode determinar a quebra do sigilo bancrio de conta da titularidade de ente pblico. Segundo o STJ, as contas correntes de entes pblicos (contas pblicas) no gozam de proteo intimidade e privacidade. Prevalecem, assim, os princpios da publicidade e moralidade, e o dever de transparncia. *Na jurisprudncia do STF, tambm se reconhece, em carter excepcionalssimo, a possibilidade de quebra de sigilo bancrio pelo Ministrio Pblico, que se dar no mbito de procedimento administrativo que vise defesa do patrimnio pblico (quando houver envolvimento de dinheiros ou verbas pblicas). 24 Devido gravidade jurdica de que se reveste o ato de quebra de sigilo bancrio, este somente se dar em situaes excepcionais, sendo fundamental demonstrar a necessidade das informaes solicitadas e cumprir as condies legais. Alm disso, para que a quebra do sigilo bancrio ou do sigilo fiscal seja admissvel, necessrio que haja individualizao do investigado e do objeto da investigao. No possvel, portanto, a determinao da quebra do sigilo bancrio para apurao de fatos genricos. O Tribunal de Contas da Unio (TCU) e os Tribunais de Contas dos Estados (TCE`s) no podem determinar a quebra do sigilo bancrio. H que se mencionar, todavia, que o TCU tem competncia para requisitar informaes relativas a operaes de crdito originrias de recursos pblicos. Esse foi o entendimento firmado pelo STF no mbito do MS 24 MS n¼ 21.729-4/DF, Rel. Min. Francisco Rezek. Julgamento 05.10.1995. Direito Constitucional 1ª Fase - XXIV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 01 a Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 18 de 107 33.340/DF. No caso concreto, o TCU havia requisitado ao BNDES informaes relativas a operaes de crdito. Mas ateno! No que o TCU possa determinar a quebra do sigilo bancrio. Segundo o STF, Òas operaes financeiras que envolvam recursos pblicos no esto abrangidas pelo sigilo bancrioÓ. H uma relativizao do sigilo dessas informaes frente ao interesse de toda a sociedade de conhecer o destino dos recursos pblicos. XI - a casa asilo inviolvel do indivduo, ningum nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinao judicial; O princpio da inviolabilidade domiciliar tem por finalidade proteger a intimidade e a vida privada do indivduo, bem como de garantir-lhe, especialmente no perodo noturno, o sossego e a tranquilidade. Para o Supremo, o conceito de ÒcasaÓ revela-se abrangente, estendendo-se: i) qualquer compartimento habitado; ii) qualquer aposento ocupado de habitao coletiva; e iii) qualquer compartimento privado no aberto ao pblico, onde algum exerce profisso ou atividade pessoal.25 Assim, alcana no s a residncia do indivduo, mas tambm escritrios profissionais, consultrios mdicos e odontolgicos, trailers, barcos e aposentos de habitao coletiva (hotel). No esto abrangidos pelo conceito de casa os bares e restaurantes. Mas, professor, e quais hipteses se pode penetrar na casa de um indivduo? ! Com o consentimento do morador. ! Sem o consentimento do morador, sob ordem judicial, apenas durante o dia. ! A qualquer hora, sem consentimento do indivduo, em caso de flagrante delito ou desastre, ou, ainda, para prestar socorro. importante destacar que a inviolabilidade domiciliar tambm se aplica ao fisco e polcia judiciria. Segundo o STF, Ònem a Polcia Judiciria e nem a administrao tributria podem, afrontando direitos assegurados pela Constituio da Repblica, invadir domiclio alheio com o objetivo de apreender, 25 HC 93.050, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 10-6-2008, Segunda Turma, DJE de 1¼-8-2008. Direito Constitucional 1ª Fase - XXIV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 01 a Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 19 de 107 durante o perodo diurno, e sem ordem judicial, quaisquer objetos que possam interessar ao Poder PblicoÓ (AP 370-3/DF, RTJ, 162:249-250). No menos importante, o STF entende que, embora os escritrios estejam abrangidos pelo conceito de ÒcasaÓ, no se pode invocar a inviolabilidade de domiclio como escudo para a prtica de atos ilcitos em seu interior. A Corte considerou vlida ordem judicial que autorizava o ingresso de autoridade policial no estabelecimento profissional, inclusive durante a noite, para instalar equipamentos de captao de som (ÒescutaÓ). Agora, no entanto, possvel admitir que a fora policial, tendo ingressado na casa de indivduo, durante o dia, com amparo em ordem judicial, prolongue suas aes durante o perodo noturno. Por fim, a entrada de autoridade policial em domiclio sem autorizao judicial ser possvel nas situaes de flagrante delito. Isso particularmente relevante no caso da prtica de crimes permanentes, nos quais a situao de flagrncia se estende no tempo. Exemplo de crimes desse tipo seriam o crcere privado e o porte dedrogas. O STF deixou consignado o entendimento de que Ò a entrada forada em domiclio sem mandado judicial s lcita, mesmo em perodo noturno, quando amparada em fundadas razes, devidamente justificadas a posteriori, que indiquem que dentro da casa ocorre situao de flagrante delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade dos atos praticadosÓ.26 XII - inviolvel o sigilo da correspondncia e das comunicaes telegrficas, de dados e das comunicaes telefnicas, salvo, no ltimo caso, por ordem judicial, nas hipteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigao criminal ou instruo processual penal; Trata-se da inviolabilidade das correspondncias e das comunicaes. A princpio, a leitura pode dar a entender que o sigilo da correspondncia e das comunicaes telegrficas e de dados no poderia ser violado. No esse, todavia, o entendimento que prevalece. Como no h direito absoluto no ordenamento jurdico brasileiro, admite-se, mesmo sem previso na Constituio, que lei ou deciso judicial tambm possam estabelecer hipteses de interceptao das correspondncias e das 26 RE 603.616. Rel. Min. Gilmar Mendes. Julgamento: 05.11.2015. Direito Constitucional 1ª Fase - XXIV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 01 a Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 20 de 107 comunicaes telegrficas e de dados, sempre que a norma constitucional esteja sendo usada para acobertar a prtica de ilcitos.27 Sobre a comunicao de dados, relevante destacar importante jurisprudncia do STF. Suponha que, em uma operao de busca e apreenso realizada em um escritrio profissional, os policiais apreendam o disco rgido (HD) de um computador no qual esto armazenados os e-mails recebidos pelo investigado. Nesse caso, entende a Corte que no h violao do sigilo da comunicao de dados. Isso porque a proteo constitucional da comunicao de dados e no dos dados em si. Em outras palavras, no h, nessa situao, quebra do sigilo das comunicaes (interceptao das comunicaes), mas sim apreenso de base fsica na qual se encontram os dados.28 Com o mesmo argumento, o STF considerou lcita a prova obtida por policial a partir da verificao, no celular de indivduo preso em flagrante delito, dos registros das ltimas ligaes telefnicas. A proteo constitucional, afinal, concedida comunicao dos dados (e no aos dados em si).29 importante destacar a diferena entre quebra do sigilo das comunicaes e interceptao das comunicaes telefnicas. So coisas diferentes. A quebra do sigilo das comunicaes consiste em ter acesso ao extrato das ligaes telefnicas (grosso modo, seria ter acesso conta da VIVO/TIM). Por outro lado, a interceptao das comunicaes telefnicas consiste em ter acesso s gravaes das conversas. A interceptao das comunicaes telefnicas , sem dvida, medida mais gravosa e, por isso, somente pode ser determinada pelo Poder Judicirio. J a quebra do sigilo das comunicaes telefnicas, alm do Poder Judicirio, a doutrina e a jurisprudncia entendem que pode ser determinada pelas Comisses Parlamentares de Inqurito (CPIÕs). Segundo a CF/88, a interceptao das comunicaes telefnicas somente ser possvel quando atendidos trs requisitos: ! ordem judicial ! existncia de investigao criminal ou instruo processual penal; ! lei que preveja as hipteses e a forma em que esta poder ocorrer; 27 Nas razes do Supremo: Òa administrao penitenciria, com fundamento em razes de segurana pblica, de disciplina prisional ou de preservao da ordem jurdica, pode, sempre excepcionalmente, e desde que respeitada a norma inscrita no art. 41, pargrafo nico, da Lei 7.210/1984, proceder interceptao da correspondncia remetida pelos sentenciados, eis que a clusula tutelar da inviolabilidade do sigilo epistolar no pode constituir instrumento de salvaguarda de prticas ilcitas.Ó27 28 STF, RE 418416/SC, Rel. Min. Seplveda Pertence, j. 10.05.2006, DJ em 19.12.2006. 29 STF, HC 91.867, Rel. Min. Gilmar Mendes. Julg: 24.04.2012, DJ de 20.09.2012. Direito Constitucional 1ª Fase - XXIV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 01 a Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 21 de 107 Vale dizer que, para a interceptao das comunicaes telefnicas, o art. 5¼, inciso XII, trata-se norma de eficcia limitada. necessrio que exista uma lei para que o juiz possa autorizar a medida por deciso judicial (de ofcio ou a requerimento da autoridade policial ou do Ministrio Pblico) e para fins de investigao criminal ou instruo processual penal. A deciso judicial dever ser fundamentada, devendo o magistrado indicar a forma de sua execuo, que no poder ter prazo maior que quinze dias, renovvel por igual perodo. O STF entende que pode haver renovaes sucessivas desse prazo, e no apenas uma nica renovao da medida, pois h situaes extremas que o exigem. 30 A interceptao telefnica autorizada pelo Poder Judicirio tem como objetivo subsidiar investigao de infrao penal punvel com recluso. No entanto, bastante comum que, no curso da efetivao da interceptao telefnica, novas infraes penais sejam descobertas, inclusive com autores e partcipes diferentes. Essas novas infraes penais so o que a doutrina chama de Òcrimes-achadosÓ, que so conexos com os primeiros. As informaes e provas levantadas por meio da interceptao telefnica podero subsidiar a denncia desses Òcrimes-achadosÓ, ainda que estes sejam punveis com a pena de deteno. 31 O STF tambm reconhece que Ò vlida a prova de um crime descoberto acidentalmente durante a escuta telefnica autorizada judicialmente para apurao de crime diversoÓ32. A interceptao telefnica ser admitida mesmo em se tratando de conversa entre acusado em processo penal e seu defensor. Segundo o STF, apesar de o advogado ter seu sigilo profissional resguardado para o exerccio de suas funes, tal direito no pode servir como escudo para a prtica de atividades ilcitas, pois nenhum direito absoluto. O simples fato de ser advogado no pode conferir, ao indivduo, imunidade na prtica de delitos no exerccio de sua profisso. 33 Tambm importante falarmos rapidinho sobre a Òprova emprestadaÓ. A prova emprestada uma prova que obtida no curso de uma investigao criminal ou instruo processual penal e, posteriormente, usada em um processo administrativo disciplinar. Para o Supremo Tribunal: 30 STF, HC 106.129, Rel. Min. Dias Toffolli. DJE de 23.11.2010). 31 STF, HC 83.515/RS. Rel. Min. Nelson Jobim, Informativo STF n¼ 361. 32 STF, HC 78098/SC, Rel. Min. Moreira Alves, j. 01.12.98. 33 HC 96.909/MT, Rel. Min. Ellen Gracie. J.10.12.2009, p. 11.12.2009. Direito Constitucional 1ª Fase - XXIV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 01 a Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 22 de 107 Òdados obtidos em interceptao de comunicaes telefnicas e em escutas ambientais, judicialmente autorizadas para produo de prova em investigao criminal ou em instruo processual penal, podem ser usados em procedimento administrativo disciplinar, contra a mesma ou as mesmas pessoas em relao s quais foram colhidos, ou contra outros servidorescujos supostos ilcitos teriam despontado colheita dessa prova.Ó34 XIII - livre o exerccio de qualquer trabalho, ofcio ou profisso, atendidas as qualificaes profissionais que a lei estabelecer; Trata-se de norma constitucional de eficcia contida que dispe sobre a liberdade da atividade profissional. Na inexistncia de lei que exija qualificaes para o exerccio de determinada profisso, qualquer pessoa poder exerc-la. Entretanto, existente a lei, a profisso s poder ser exercida por quem atender s qualificaes legais. No entanto, importante ressaltar que o Supremo Tribunal entendeu que tal exigncia vale apenas quando houver potencial lesivo na atividade. A atividade de msico, por exemplo, prescinde de controle. Constitui, ademais, manifestao artstica protegida pela garantia da liberdade de expresso35. Por outro lado, o STF considerou constitucional o exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Para a Corte, o exerccio da advocacia traz um risco coletivo, cabendo ao Estado limitar o acesso profisso e o respectivo exerccio. Nesse sentido, o exame de suficincia discutido seria compatvel com o juzo de proporcionalidade e no alcanaria o ncleo essencial da liberdade de ofcio. A ideia assegurar que as atividades de risco sejam desempenhadas por pessoas com conhecimento tcnico suficiente, de modo a evitar danos coletividade Ð sendo a aprovao do candidato elemento a qualific-lo para o exerccio profissional. 36 Ainda relacionada liberdade do exerccio profissional, destacamos entendimento do STF no sentido de que inconstitucional a exigncia de diploma para o exerccio da profisso de jornalista. 37 34 STF, Inq 2424, Rel. Min. Cesar Peluso, DJ. 24.08.2007. 35 STF, RE 414.426, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 1¼-8-2011, Plenrio, DJE de 10-10-2011. 36 STF, RE 603.583, Rel. Min. Marco Aurlio, DJe 26/10/11, Plenrio, Informativo 646, com repercusso geral. 37 STF, RE 511.961. Rel. Min. Gilmar Mendes. DJe 13.11.2009. Direito Constitucional 1ª Fase - XXIV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 01 a Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 23 de 107 XIV - assegurado a todos o acesso informao e resguardado o sigilo da fonte, quando necessrio ao exerccio profissional; Tal dispositivo busca assegurar o direito de acesso informao (desde que esta no fira outros direitos fundamentais) e resguardo dos jornalistas, possibilitando que estes obtenham informaes sem terem que revelar sua fonte. No h conflito, todavia, com a vedao ao anonimato. Caso algum seja lesado pela informao, o jornalista responder por isso. XV Ð livre a locomoo no territrio nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao pblico, independentemente de autorizao, desde que no frustrem outra reunio anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prvio aviso autoridade competente; Agora, j esse inciso XVI bastante cobrado em provas. O que voc precisar se lembrar? Simples! As caractersticas do direito de reunio. ! Esta dever ter fins pacficos, e apresentar ausncia de armas; ! Dever ser realizada em locais abertos ao pblico; ! No poder frustrar outra reunio convocada anteriormente para o mesmo local; ! Desnecessidade de autorizao; ! Necessidade de prvio aviso autoridade competente. O direito de reunio protegido por mandado de segurana, e no por habeas corpus. XVII - plena a liberdade de associao para fins lcitos, vedada a de carter paramilitar; XVIII - a criao de associaes e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorizao, sendo vedada a interferncia estatal em seu funcionamento; XIX - as associaes s podero ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por Direito Constitucional 1ª Fase - XXIV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 01 a Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 24 de 107 deciso judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trnsito em julgado; XX - ningum poder ser compelido a associar-se ou a permanecer associado; Para que exista uma associao, necessria a presena de trs requisitos: ! Pluralidade de pessoas: a associao uma sociedade, uma unio de pessoas com um fim determinado. ! Estabilidade: ao contrrio da reunio, que tem carter transitrio (espordico), as associaes tm carter permanente. ! Nascimento a partir de um ato de vontade. Presentes esses requisitos, restar caracterizada uma associao, a qual estar sujeita proteo constitucional. Destaque-se que a existncia da associao independe da aquisio de personalidade jurdica. E como a Constituio protege as associaes? Da seguinte forma: XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, tm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; Tem-se, aqui, o instituto da representao processual. Trata-se de instrumento pelo qual a associao, quando autorizada expressamente, pode representar seus filiados, atuando em nome destes e na defesa dos direitos deles. O representante processual no age como parte do processo, apenas em nome da parte, a pessoa representada. Nesse sentido, a representao processual difere da substituio processual. Nesta, o substituto parte do processo, agindo em nome prprio na salvaguarda de direito alheio. O substitudo, por sua vez, deixa de s-lo: sofre apenas os efeitos da sentena. No est no processo. A sentena, todavia, faz coisa julgada •A liberdade de associação para fins lícitos é ampla, independente de autorização dos Poderes Públicos e sem qualquer interferência em seu funcionamento. Já a criação de cooperativas também é livre, porém há necessidade de lei que a regule (norma de eficácia limitada). 1º •Só podem ser dissolvidas por decisão judicial transitada em julgado. Além disso, suas atividades só podem ser suspensas por decisão judicial (aqui não há necessidade de trânsito em julgado).2º Direito Constitucional 1ª Fase - XXIV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 01 a Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 25 de 107 tanto para o substituto quanto para o substitudo. Quando cabvel substituio processual, no h necessidade de autorizao expressa do substitudo. Vale destacar que a necessidade de autorizao expressa dos filiados para que a associao os represente no pode ser substituda por uma autorizao genrica nos estatutos da entidade. Òa autorizao estatutria genrica conferida associao no suficiente para legitimar a sua atuao em juzo na defesa de direitos de seus filiados, sendo indispensvel que a declarao expressa e especfica seja manifestada por ato individual do associado ou por assembleia-geral da entidadeÓ Nesse sentido, somente os associados que manifestaram sua autorizao expressa que estaro, a posteriori, legitimados para a execuo do ttulo judicial decorrente da ao ajuizada pela associao. 1) Na situao do inciso LXX, art. 5¼, CF, que a hiptese de Mandado de Segurana coletivo, temos caso de substituio processual, no se exigindo para tanto a autorizao expressa e especfica dos associados para a impetrao da ao coletiva,bastando, para tal, a autorizao genrica constante dos atos constitutivos da associao. 2) No caso da legitimao dos sindicatos, o entendimento do STF que se assegure ampla legitimidade ativa ad causam dos sindicatos como substitutos processuais das categorias que representam na defesa de direitos e interesses coletivos ou individuais de seus integrantes. Assim, o sindicato poder defender o empregado nas aes coletivas ou individuais para a garantia de qualquer direito relacionado ao vnculo empregatcio, com fundamento no art. 8, III, da Constituio Federal. XXII - garantido o direito de propriedade; XXIII - a propriedade atender a sua funo social; XXIV - a lei estabelecer o procedimento para desapropriao por necessidade ou utilidade pblica, ou por interesse social, mediante justa e prvia Direito Constitucional 1ª Fase - XXIV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 01 a Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 26 de 107 indenizao em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituio; Estudaremos esses trs incisos em conjunto. Eles tratam do direito de propriedade, que norma constitucional de eficcia contida e, portanto, est sujeita atuao restritiva por parte do Poder Pblico. Como todos os direitos fundamentais, o direito de propriedade no absoluto. Desse modo, no inciso XXIV do art. 5¼, garante-se que, se a propriedade estiver cumprindo a sua funo social, s poder haver desapropriao com base na tutela do interesse pblico, em trs hipteses: necessidade pblica, utilidade pblica ou interesse social. A indenizao, nesses casos, ressalvadas algumas excees determinadas constitucionalmente, dar-se- mediante prvia e justa indenizao em dinheiro. E quais so as excees professor? Olha s: ! Desapropriao para fins de reforma agrria; ! Desapropriao de imvel urbano no-edificado que no cumpriu sua funo social; ! Desapropriao confiscatria. A desapropriao para fins de reforma agrria (art. 184, CF) de competncia da Unio e tem por objeto o imvel rural que no esteja cumprindo sua funo social. Dar-se- mediante prvia e justa indenizao em ttulos da dvida agrria, com clusula de preservao do valor real, resgatveis no prazo de at vinte anos, a partir do segundo ano de sua emisso, e cuja utilizao ser definida em lei. No caso das benfeitorias teis e necessrias estas sero indenizadas em dinheiro. (O ¤ 1o art. 184, CF) No que se refere desapropriao de imvel urbano no edificado, subutilizado ou no utilizado (art. 182, ¤ 4o, III), a indenizao se dar mediante ttulos da dvida pblica de emisso previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de at dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenizao e os juros legais. A desapropriao, nessa situao, ser de competncia do Municpio. Existe, ainda, a possibilidade de que haja desapropriao sem indenizao. o que ocorre na expropriao de propriedades urbanas e rurais de qualquer regio do Pas onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrpicas ou explorao de trabalho escravo. Tem-se, ento, a chamada Òdesapropriao confiscatriaÓ (art. 243, CF). Direito Constitucional 1ª Fase - XXIV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 01 a Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 27 de 107 XXV - no caso de iminente perigo pblico, a autoridade competente poder usar de propriedade particular, assegurada ao proprietrio indenizao ulterior, se houver dano; Aqui, temos o instituto da requisio administrativa, que ocorre quando o Poder Pblico, diante de perigo pblico iminente, utiliza seu poder de imprio (de coao) para usar bens ou servios de particulares. Vejamos: ! ÒEm caso de iminente perigo pblico, o Estado pode requisitar a propriedade particularÓ. Ex: Uma enchente que destrua vrias casas de uma cidade; a Prefeitura pode requisitar o uso de uma casa intacta, para abrigar aqueles que no tm onde ficar. ! A requisio compulsria para o particular, devido ao poder de imprio do Estado. Veja que o interesse pblico (socorro s pessoas desabrigadas) maior que o particular (inconveniente de ter a casa cedida ao Poder Pblico gratuitamente). ! A propriedade continua sendo do particular. apenas cedida gratuitamente ao Poder Pblico. O titular do bem somente ser indenizado em caso de dano. No exemplo acima, o Estado no teria que pagar aluguel ao proprietrio pelo uso do imvel. ! O perigo pblico deve ser iminente. Deve ser algo que acontecer em breve. Ex: O Estado no poderia requisitar a casa j na estao da seca baseado na possibilidade de uma enchente ocorrer vrios meses depois. òltimo detalhe. Segundo o STF, no possvel, devido ao nosso modelo federativo, que um ente poltico requisite administrativamente bens, servios e pessoal de outro. Tal prtica ofenderia o pacto federativo, e, alm disso, o art. 5o, XXV, CF, limita o alcance da requisio administrativa propriedade privada, no cabendo extrapolao para bens e servios pblicos. XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela famlia, no ser objeto de penhora para pagamento de dbitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento; O legislador constituinte deu pequena propriedade rural trabalhada pela famlia, a garantia de impenhorabilidade, visando proteo dos pequenos trabalhadores rurais, que, desprovidos de seus meios de produo, no teriam condies de subsistncia. Entretanto, tal instituto depende da cumulao de dois requisitos: i) explorao econmica do bem pela famlia; ii) origem na atividade produtiva do dbito que causou a penhora. Com isso, possvel afirmar o seguinte: Direito Constitucional 1ª Fase - XXIV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 01 a Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 28 de 107 ! a pequena propriedade rural trabalhada pela famlia pode ser objeto de penhora para pagamento de dbitos estranhos sua atividade produtiva; no vale para dbitos de sua atividade produtiva. ! a pequena propriedade rural, caso no trabalhada pela famlia, pode ser penhorada para pagamento de dbitos decorrentes e dbitos estranhos sua atividade produtiva. Note, tambm, a exigncia, pela Carta Magna, de lei que defina quais propriedades rurais podero ser consideradas pequenas e como ser financiado o desenvolvimento das mesmas. Tem-se, aqui, reserva legal. XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilizao, publicao ou reproduo de suas obras, transmissvel aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; XXVIII - so assegurados, nos termos da lei: a) a proteo s participaes individuais em obras coletivas e reproduo da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas; b) o direito de fiscalizao do aproveitamento econmico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intrpretes e s respectivas representaes sindicais e associativas; Protege-se, aqui, o direito do autor. Perceba que, enquanto viver, este ter total controle sobre a utilizao, publicao ou reproduo de suas obras. S aps sua morte que haver limitao temporal do direito. Com efeito, o art. 5¼, inciso XXVII, dispe que o direito autoral transmissvel aos herdeiros apenas pelo tempo que a lei fixar. Nesse sentido, como se ver adiante, odireito ao autor diferencia-se do direito propriedade industrial, presente no inciso XXIX do mesmo artigo. XXIX - a lei assegurar aos autores de inventos industriais privilgio temporrio para sua utilizao, bem como proteo s criaes industriais, propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnolgico e econmico do Pas; A Constituio enumera expressamente a propriedade industrial como direito fundamental. O mais importante aqui sabermos que o criador de inventos industriais possui privilgio apenas temporrio. Direito Constitucional 1ª Fase - XXIV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 01 a Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 29 de 107 XXX - garantido o direito de herana; XXXI - a sucesso de bens de estrangeiros situados no Pas ser regulada pela lei brasileira em benefcio do cnjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que no lhes seja mais favorvel a lei pessoal do "de cujus"; No caso do inciso XXXI, a fim de resguardar mais ainda esse direito, a Carta Magna garantiu que, no caso de bens de estrangeiros localizados no Pas, seria aplicada a norma sucessria que mais beneficiasse os brasileiros sucessores. Assim, nem sempre ser aplicada a lei brasileira sucesso de bens de estrangeiros localizados no Pas; caso a lei estrangeira seja mais benfica aos sucessores brasileiros, esta ser aplicada. S para facilitar a leitura, a expresso Òde cujusÓ a pessoa que morreu, o defunto! Eu sei, tambm acho a expresso bastante engraada... 2. (FGV / XXI Exame de Ordem Ð 2016) Maria aluna do sexto perodo do curso de Direito. Por convico filosfica e poltica se afirma feminista e reconhecida como militante de movimentos que denunciam o machismo e afirmam o feminismo como ideologia de gnero. Aps um confronto de ideias com um professor em sala de aula e de cham-lo de machista, Maria colocada pelo professor para fora de sala e, posteriormente, o mesmo no lhe d a oportunidade de fazer a vista de sua prova para um eventual pedido de reviso da correo, o que um direito previsto no regimento da instituio de ensino. Em funo do exposto, e com base na Constituio da Repblica, assinale a afirmativa correta. a) Maria foi privada de um direito por motivo de convico filosfica ou poltica e, portanto, as autoridades competentes da instituio de ensino devem assegurar a ela o direito de ter vista de prova e, se for o caso, de pedir a reviso da correo. b) Houve um debate livre e legtimo em sala de aula e a postura do professor pode ser considerada ÒduraÓ, mas no implicou nenhum tipo de violao de direito de Maria. c) Embora tenha havido um debate acerca de uma questo que envolve convico filosfica ou poltica, no houve privao de direito j que a vista de prova e o eventual pedido de reviso da correo est contido apenas no regimento da instituio de ensino e no na legislao ptria. d) A soluo do impasse instaurado entre a aluna e o professor somente pode acontecer mediante o dilogo entre as duas partes, em que cada um considere seus eventuais excessos, uma vez que o que houve foi um mero desentendimento e no uma violao de direito por convico filosfica ou poltica. Comentrios: Direito Constitucional 1ª Fase - XXIV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 01 a Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 30 de 107 Questo tranquila, hein? Literalidade do art. 5¼, VIII, CF/88: Òningum ser privado de direitos por motivo de crena religiosa ou de convico filosfica ou poltica, salvo se as invocar para eximir-se de obrigao legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestao alternativa, fixada em leiÓ. Gabarito Letra A. 3. (XVIII Exame de Ordem Unificado Ð 2015) Luiz proprietrio de uma grande fazenda localizada na zona rural do Estado X. L, cultiva caf de excelente qualidade Ð e com grande produtividade Ð para fins de exportao. Porm, uma fiscalizao realizada por agentes do Ministrio do Trabalho e do Emprego constatou a explorao de mo de obra escrava. Independentemente das sanes previstas em lei, caso tal prtica seja devidamente comprovada, de forma definitiva, pelos rgos jurisdicionais competentes, a Constituio Federal dispe (A) a propriedade deve ser objeto de desapropriao, respeitado o direito justa e prvia indenizao a que faz jus o proprietrio. (B) a propriedade deve ser objeto de expropriao, sem qualquer indenizao, e, no caso em tela, destinada reforma agrria. (C) o direito de propriedade de Luiz deve ser respeitado, tendo em vista serem as terras em comento produtivas. (D) o direito da propriedade de Luiz deve ser respeitado, pois a expropriao instituto cabvel somente nos casos de cultura ilegal de plantas psicotrpicas. Comentrios: Segundo o art. 243, CF/88, Òas propriedades rurais e urbanas de qualquer regio do Pas onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrpicas ou a explorao de trabalho escravo na forma da lei sero expropriadas e destinadas reforma agrria e a programas de habitao popular, sem qualquer indenizao ao proprietrio e sem prejuzo de outras sanes previstas em leiÓ. O gabarito a letra B. 4. (XVIII Exame de Ordem Unificado Ð 2015) Um grupo autodenominado ÒSangue PuroÓ passou a se organizar sob a forma de associao. No seu estatuto, possvel identificar claros propsitos de incitao violncia contra indivduos pertencentes a determinadas minorias sociais. Diversas organizaes no governamentais voltadas defesa dos direitos humanos, bem como o Ministrio Pblico, ajuizaram medidas judiciais solicitando a sua imediata dissoluo. Segundo a Constituio Federal, a respeito da hiptese formulada, assinale a afirmativa correta. (A) A associao no poder sofrer qualquer interveno do Poder Judicirio, pois vedada a interferncia estatal no funcionamento das associaes. Direito Constitucional 1ª Fase - XXIV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 01 a Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 31 de 107 (B) Caso o pedido de dissoluo seja acolhido, a associao poder ser compulsoriamente dissolvida, independentemente do trnsito em julgado da sentena judicial. (C) A associao poder ter suas atividades imediatamente suspensas por deciso judicial, independentemente do seu trnsito em julgado. (D) Apenas se justificaria a interveno estatal se caracterizada a natureza paramilitar da associao em comento. Comentrios: Letra A: errada. O Poder Judicirio poder atuar para suspender as atividades da associao ou mesmo para promover a sua dissoluo compulsria. Letra B: errada. A dissoluo compulsria de associao depende de deciso judicial transitada em julgado. Letra C: correta. isso mesmo! A suspenso das atividades de associao depende simplesmente de deciso judicial, que no precisa transitar em julgado. o que se extrai do art. 5¼, XIX, CF/88. Letra D: errada. vedada a existncia de associaes de carter paramilitar. No entanto, possvel que o Poder Judicirio atue, em outros casos, para suspender as atividades ou dissolver compulsoriamente a associao. 5. (FGV / XVI Exame de Ordem Unificado Ð 2015) O diretor de RH de uma multinacional da rea de telecomunicaes, em reunio corporativa, afirmou que o mundo globalizado vem produzindo grandes inovaes, exigindo o reconhecimento de novas profisses
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