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Manual de Portugues; da Teoria à Pratica – 2007 Elaborado Por : Dr. Carlito Companhia 1 
1. LEITURA E COMPREENSÃO TEXTUAL 
1.1. Introdução 
A presente unidade pretende fornecer alguns elementos básicos fundamentais para o 
desenvolvimento de habilidades de leitura e compreensão textual. Com efeito, nela faz-se uma 
abordagem em torno dos objectivos da leitura, tipos de leitura, e sobre algumas estratégias aplicadas na 
de busca de compreensão do sentido do texto, terminando com um conjunto de exercícios sobre a 
leitura e compreensão textual. 
 
1.2. Leitura e Compreensão textual 
O processo de leitura pressupõe busca de informação. Para que o leitor se informe é necessário 
que haja entendimento daquilo que ele lê. Há textos cujo o assunto é inteiramente inteligível ao leitor, 
como os de jornais, revistas não especializadas, etc. Há outros porém, que a pessoa tenta ler, já 
sabendo, sem entender completamente o seu conteúdo. Neste último caso o leitor deve estar 
predisposto a superar essa difuculdade. 
Segundo P.S. P. Williams, autora de Reading: the key to independenty learning a capacidade de 
leitura é uma combinação de quatro habilidades: 1) identificação de palavras; 2) vocabulário; 3) 
compreensão e 4) habilidades de estudo (Molina, 1992). 
Assim, um bom leitor seria capaz de praticar os níveis de leitura propostos por Mortiner J. Adler 
e Charles van Doren no livro Como ler um livro (apud, 1992): leitura elementar, leitura inspecional, 
leitura analítica, leitura sintópica. 
Observemos em seguida a definição de cada um destes tipos de leitura: 
 
1. Leitura elementar: leitura básica ou inicial, ao leitor cabe reconhecer cada palavra de uma 
página. Leitor que dispõe de treinamento básico e adquiriu rudimentos da arte de ler; 
2. Leitura inspecional: arte de folhear sistematicamente; 
3. leitura analítica: tem em vista o entendimento global do texto; 
4. leitura sintópica: leitura comparativa de quem lê muitos livros, correlacionando-os entre si. 
 
Considera-se que uma prática de leitura bastante difundida é a técnica SQ3R de Morgan e Deese a 
qual compreende as seguintes etapas: 
1. Survey (levantamento) 
2. Question (pergunta) 
3. Read (leitura) 
4. Recite (repetição) 
5. Review (revisão) 
 
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1.3. Objectivos da leitura 
Os objectivos básicos da leitura são a assimilação, a busca de conhecimentos, a preparação 
intelectual para posicionamentos críticos diante da realidade circundante. 
 
Para a concretização desses objectivos, é necessário que o leitor busque, em primeiro lugar, a ideia 
central, o tópico frásico, que indicará a direcção das ideias expostas. Por isso o leitor deve concentrar-
se na procura e na identificação da hierarquia das ideias expostas. Infere-se desse facto necessidade de 
exercícios em que se pratique a identificação da ideia principal e a hierarquização das secundárias. 
Somente com essa prática é possível melhorar a qualidade da leitura, cujo objectivo não é outro que 
captar, reter, integrar conhecimentos para, posteriormente, reformulá-los, recriá-los, transformá-los. 
Outro exercício recomendável para a prática da leitura é a paráfrase, o refrasear das ideias encontradas, 
o comentário. 
 
1.4. Tipos de leitura 
1. Leitura funcional – é uma leitura feita para a pesquisa de dados e informações, por exemplo 
consulta de ficheiros de bibliotecas e arquivos, enciclopédias, dicionários especializados e gramáticas. 
 
2. Leitura analítica – é uma leitura direccionada para a compreensão crítica do texto. Neste tipo de 
leitura, procura-se isolar a estrutura da mensagem: identificar a questão-problema, a palavra-chave, 
distinguir a informação essencial das informações acessórias 
 
3. Leitura recreativa – é uma leitura de lazer, ou seja, é uma leitura comandada pela satisfação de 
interesses e ritmos individuais. 
 
 2. Compreensão de texto 
Analisando problemas relativos à leitura, Enilde L. De J. Faulstich, autora de Como ler, 
entender e redigir um texto, afirma a existência de textos inteiramente inteligíveis ao leitor e textos cujo 
conteúdo não é compreensível completamente pelo leitor. Neste último caso, o leitor buscará superar 
essas dificuldades mediante vários procedimentos. 
 
Para o efeito, a autora considera que um dos passos fundamentais no processo de leitura é a 
selecção de ideias-chave do texto e crítica. De um modo, geral a expressão-chave de um parágrafo é 
compreendida pelo tópico frásico ou seja a frase inicial que expõe sintecticamente as ideias que serão 
desenvolvidas no parágrafo. 
 
 
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Exemplo: 
“O assim chamado best-seller suscita todo o tipo de indagação. Alguns factos parecem 
suficientemente sólidos. Ele é produto de pelo menos três circunstâncias: a alfabetização quase 
universal nos países ricos, a industrialização editorial propiciadora de imensas tiragens, e uma 
necessidade, que, se não natural, é extremamente antiga, de narrativa, própria aos seres humanos” 
(Ascer, 1991 p. 6-3). 
 
Qual é a palavra-chave do parágrafo apresentado? 
As ideias expostas giram em torno do conceito de best-seller. O autor busca esclarecer o 
fenómeno, expondo as suas causas. Uma vez identificadas a palavra-chave, buscam-se as palavras-
chave secundárias. No texto de Nelson Acher as ideias secundárias são: as causas do fenómeno best-
seller – a alfabetização massiva, os modernos processos de reprodução do livro e a necessidade que o 
homem revela de consumir narrativa. 
A selecção de palavras-chave deve ser feita em todos os parágrafos. Elas possibilitam a 
elaboração do resumo do texto. 
 
 
Vejamos um outro exemplo seguinte exemplo: 
“O reflorestamento tornou-se uma actividade em expansão no país, servida por pesquisa 
minuciosas e alta tecnologia. Duas empresas paulistas exemplificam bem até que ponto chegou o 
desenvolvimento no sector. Uma delas exporta, para 40 países, cerca de 15 milhões de dólares anuais 
de chapas, portas divisórias. A outra, 20 milhões de dólares em chapas e fibra prensada para os Estados 
Unidos e a Europa. O facturamento bruto das indústrias que utilizam madeira (predominantemente 
oriunda de reflorestamento) como matéria-prima chegou a um terço do facturamento bruto da indústria 
automobilística. Apenas uma empresa mineira plantou, até 1979, 250 milhões de eucalíptos” 
 
Neste parágrafo a palavra-chave é o termo reflorestamento, porque ela constitui o núcleo da 
ideia do autor e serve de base para que se derive um grupo de vocábulos em que todas as unidades 
estejam em relação de inclusão com ela, como se pode depreender no esquema que se segue: 
 
 
 
 
 
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Reflorestamento ----- Actividade em expansão ----- Pesquisas minucioas 
 
 Alta tecnologia 
 
 Desenvolvimento Chapas 
 Portas 
 Divisórias 
 Fibra prensada 
 
 Facturamento Matéria-prima 
 
 
 
 Eucalipto 
 
 
A compreensão do texto pode também ocorrer com recurso ao procedimento da segmentação 
textual (por temas). Esta visa distinguir as ideias para que o leitor possa hierarquizá-las ou perceber 
como se estruturam. 
 
 
3. Bibliografia 
Ascer, N. (1991). Nunca tantas pessoas leram tanto à beira da piscina. São Paulo: Folha de S. 
Paulo. 
Faulstich, E. (1988). Como ler, entender e redigir um texto. Petropolis: Vozes. 
Molina, O. (1992). Ler para aprender: desenvolvimento de habilidades de estudo. São Paulo: EPU. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Exercícios 
1. Com base nos conhecimentos que adquiriu, faça a leitura e interpretação dos textos que se 
seguem recorrendo ao método de identificação de palavras-chave e ao método da segmentação 
textual. 
TEXTO A 
Nas últimas décadas da Idade Média, surgiu na Itália um movimento a que se chamou Humanismo 
e que foi o responsável imediato pela radical modificação no sistema de vida do homem ocidental, na 
sua filosofia, na sua maneira de encarar o mundo e a religião, na sua literatura. 
O Humanismo tem, pelo menos, dois significados. Em primeiro lugar, foi um movimento de 
carácter filológico que redescobriu, traduziu, restaurou e explicou a partir do século XIV, 
principalmente, grande número de obras literárias, históricas e filosóficas da antiguidade clássica. 
Não se pode dizer que no período medieval tais obras fossem inteiramente desconhecidas. Vários 
autores antigos já eram lidos antes do humanismo; entretanto, o manuseio desses autores estava 
limitado a um número mínimo de leitores, a uns poucos eruditos e, principalmente, ao clero, 
depositário da obra e da cultura clássicas. A tendência do pensamento medieval era considerar tudo 
aquilo que tivesse sido produzido pela antiguidade clássica como manifestação de paganismo e, por 
consequência, pecaminoso. Além disso, o alto preço do livro e a ignorância do homem comum 
impediam-no de ter acesso a essas manifestações culturais, fossem literárias, fossem filosóficas. 
Assim sendo, a maior parte da produção clássica estava esquecida ou era desvalorizada, quando 
não atendia aos propósitos da Igreja. 
Coube exactamente aos humanistas, Petrarca, em primeiro lugar, a redescoberta e revalorização 
dessas obras. Surpreenderam-se eles ao encontrar, vinda da época anterior, uma produção artística 
incomparavelmente superior à literatura da sua própria época. Não há termo de comparação entre, 
por exemplo, os grandes poemas épicos gregos e latinos com as produções similares da Idade Média, 
as chamadas Canções de Gesta; entre a produção histórica de César ou Tito Lívio com os cronicões 
portugueses; entre os poemas líricos de Horácio ou de Ovídio com as cantigas provençais. Daí a sua 
admiração por tudo o que vinha do mundo antigo e a valorização dele, que passou a ser visto com 
outros olhos. 
Em segundo lugar, temos o outro significado de Humanismo: a valorização do homem como tal. 
Aliás, o movimento filológico que recebeu o mesmo nome teria ficado provavelmente perdido, ou, pelo 
menos, não teria a importância que realmente teve, não fosse a valorização do homem. 
Sabe-se que, na Idade Média, o homem era, regra geral, presa de superstições, dominado pelo 
medo e pela angústia diante do desconhecido, vivendo exclusivamente em função de Deus e 
 
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procurando com Ele identificar-se, menos por amor do que por temor do castigo eterno. Tudo, então, 
girava em torno de Deus, centro único de todas as coisas. Dominava o teocentrismo. 
Certos acontecimentos, porém, vieram fazer com que o homem medieval passasse por uma 
modificação, a bem dizer, total. Entre eles devem-se ressaltar a descoberta da pólvora, da bússola e a 
invenção da imprensa. 
O uso da pólvora e as grandes navegações, propiciadas pela bússola, vêm encher de orgulho o 
homem amedrontado e ignorante da Idade Média. Novas portas se abrem com as navegações. 
Desbrava os oceanos, enfrenta tempestades no alto mar e consegue voltar ao ponto de partida ou 
atingir o porto desejado. Os mares despovoam-se, diante dos seus olhos maravilhados, de todos os 
seres fantásticos e monstruosos que fervilhavam na sua mente atormentada e supersticiosa. Entra em 
contacto directo com a Natureza e procura desvendar os seus segredos, tentando compreendê-la e 
explicá-la através da perquirição, à luz do estudo e da razão, e não mais através do sobrenatural. 
Começa a ser banida toda a subordinação em que vivia, subordinação ao inexplicável, ao misterioso, 
ao inatingível e ao sobrenatural. Nasce, então, no homem aquele orgulhoso espírito de independência 
que o coloca como ser supremo no mundo em que vivia. Como consequência disso, valorizam-se a sua 
vida e o seu estar no mundo, relegando-se para segundo plano a vida espiritual, até então 
predominante. Tudo isso, o orgulho de ser homem e a certeza de saber, substituem o teocentrismo 
medieval pelo antropocentrismo. 
A invenção da imprensa, por seu lado, coloca o livro nas mãos de um número muito maior de 
pessoas e não somente nas mãos de poucos privilegiados. Os humanistas já têm condições de divulgar 
todas as maravilhas que haviam descoberto no mundo antigo. 
Senhor de si, orgulhoso da sua condição puramente humana, da sua inteligência, do seu saber, as 
ideias religiosas, a subordinação da carne ao espírito ficam relegadas para segundo plano. O homem, 
então, aceita aquilo que lhe havia sido mostrado: novo sistema e nova filosofia de vida, novos valores 
filosóficos e literários. 
Foi exactamente ao reviver da antiguidade clássica, ao retorno aos padrões de vida desconhecidos 
pelo grosso da humanidade ocidental, à revalorização do mundo greco-latino, a partir do humanismo, 
das suas artes, da sua filosofia de vida, da sua literatura, foi a isso que se chamou Renascimento. 
 
 
Audemaro Taranto Goulart e Óscar Vieira da Silva, in Introdução ao Estudo da Literatura 
(Adaptado) 
 
 
 
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2. Leia os textos que se seguem e depois responda às questões que lhe são colocadas: 
 
TEXTO A 
As estratégias identitárias 
Se a identidade é tão difícil de captar e de definir, é precisamente devido ao seu carácter 
multidimensional e dinâmico. É o que lhe confere a sua complexidade, mas também o que lhe dá a sua 
flexibilidade. A identidade conhece variações, presta-se a reformulações, quando não manipuladas. 
É para sublinhar esta dimensão mutante da identidade, que nunca constituiuma solução definitiva, que 
certos autores utilizam o conceito de estratégia identitária. Nesta perspectiva, a identidade surge como 
um meio visando atingir um fim. A identidade não é, portanto, absoluta, mas relativa. O conceito de 
estratégia indica também que o indivíduo, como actor social, não está desprovido de uma certa margem 
de manobra. Em função da sua apreciação da situação, utiliza de modo estratégico os seus recursos 
identitários. Na medida em que é que uma parada de lutas sociais de “classificação”, segundo a 
expressão de Bordieu, que visam a reprodução ou a transformação das relações de dominação, a 
identidade constrói-se através das estratégias dos actores sociais. 
No entanto, o recurso ao conceito de estratégia não deve levar-nos a pensar que os actores sociais são 
completamente livres de definirem a sua identidade segundo os seus interesses materiais e simbólicos 
do momento. As estratégias devem necessariamente ter em conta a situação social, as relações de força 
entre os grupos, as manobras dos outros, etc. Se pela sua plasticidade, a identidade se presta, pois, à 
instrumentalização – sendo, como diz Devereux, uma “ferramenta” e até mesmo uma “caixa de 
ferramentas” -, não é possível aos grupos e aos indivíduos fazerem não importa o quê em matéria de 
identidade: a identidade é sempre a resultante da identificação que nos vemos ser imposta pelos outros 
e da que nós próprios afirmamos. 
Um tipo extremo de estratégia de identificação consiste em ocultar a identidade que se assume a fim de 
escapar à descriminação, ao exílio ou inclusivamente ao massacre. Um caso histórico exemplar desta 
estratégia é dos marranos. Os marranos são esses judeus da Penísula Ibérica que exteriormente se 
converteram ao Catolicismo no século XV, para escaparem à perseguição e à expulsão, permanecendo 
fiéis à sua fé ancestral e mantendo em segredo um certo número de ritos tradicionais. A identidade 
judáica pôdel, assim, transmitir-se clandestinamente no interior de cada família ao longo dos séculos, 
de geração em geração, até lhe ser dado afirmar-se de novo publicamente. 
Emblema ou estigma, a identidade pode ser, portanto, instrumentalizada nas relações entre grupos 
sociais. A identidade não existe em si, independentemente das estratégias de afirmação identitária dos 
 
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actores sociais que são ao mesmo tempo o produto e o suporte das lutas sociais e políticas (Bell, 1975). 
A insistência posta no carácter estratégico fundamental da identidade permite superar o falso problema 
da veracidade científica das afirmações identitárias. 
 
Denys Cuche, A Noção de Cultura nas Ciências Sociais, pp. 135-136 (Adaptado) 
 
Assinale com um círculo (O) a resposta correcta. 
 
1. De acordo com o texto, a identidade surge para 
a. escapar à descriminação, ao exílio ou ao massacre 
b. a reprodução ou transformação das relações de dominação 
c. instrumentalizar as relações entre grupos 
d. afirmar a diferença entre os grupos 
 
2. Os factores condicionantes da estratégia identitária são 
a. actores sociais, o conhecimento de ritos tradicionais, as lutas sociais e políticas 
b. as lutas sociais e políticas, a capacidade de manipular a identidade 
c. a apreciação da situação social, o Catolicismo, a tradição 
d. os interesses materiais e simbólicos do momento, a situação social, as relações de força 
entre grupos 
 
3. A adopção da noção de estratégia identitária é vantajosa porque 
a. sublinha a dimensão mutante e relativa da identidade, e permite superar o falso 
problema da veracidade científica das afirmações identitárias 
b. concebe a identidade como um meio para atingir um fim 
c. reconhece que a identidade pode ser instrumentalizada nas relações entre grupos sociais 
d. afirma a dificuldade de captar e definir a identidade 
 
4. A estratégia de identificação pode comportar as seguintes atitudes: 
a. a reprodução ou transformação das relações de dominação 
b. a identificação imposta pelos outros e a auto-afrimação da nossa identidade 
c. a identificação imposta pelos outros, a auto-afirmação da nossa identidade e a ocultação 
da identidade 
d. a auto-afirmação da nossa identidade, a ocultação da identidade e a transforma,ão das 
relações de dominação 
 
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TEXTO B 
A identidade não é algo que nos seja entregue na sua forma inteira e definitiva; ela constrói-se e 
transforma-se ao longo da nossa existência. Muitos livros já o afirmaram e explicaram copiosamente, 
mas não é inútil sublinhá-lo uma vez mais: os elementos da nossa identidade que já estão em nós ao 
nascermos não são muito numerosos – algumas caracteríticas físicas, o sexo, a cor...e mesmo aí, além 
do mais, nem tudo é inato. Ainda que não seja evidentemente o meio social que determina o sexo, é 
este, apesar de tudo, que determina o sentido dessa pertença: nascer rapariga em Cabul ou em Oslo não 
tem o mesmo significado, a jovem não vive a sua feminilidade (ou qualquer outro lemento da sua 
identidade) da mesma maneira... 
Tratando-se da cor, poder-se-ia formular um comentário similar. Nascer negro em Nova Iorque, em 
Lagos, em Pretória ou em Luanda, não tem a mesma significação, poder-se-ia dizer wue não se trata da 
mesma cor, do ponto de vista identitário. Para uma criança que vê a luz na Nigéria, o elemento mais 
determinante para a sua identidade não é o ser negro, mas o ser ioruba, por exemplo, em vez de haussa. 
Na África do Sul, ser negro ou branco continua a ser um elemento significativo da identidade; mas a 
pertença étnica – zulu, xhosa – é pelo menos igualmente importante. Nos Estados Unidos, descender de 
um antepassado ioruba em vez de haussa é perfeitamente indiferente; é sobretudo entre os brancos, 
ingleses, irlandeses e outros – que a origem étnica é detyerminante para a identidade. Por contraste, 
uma pessoa, uma pessoa que tivesse, entre os seus antepassados, brancos e negros seria apelidada 
“negra” nos Estados Unidos, enquanto na África do Sul seria considerada “mestiça”. 
Que razão leva a mestiçagem a ser tida em conta em certos países enão em outros? Porquê será a 
pertença étnica determinante em certas sociedades e não em outras? Poderíamos avançar, para cada 
caso, algumas explicações mais ou menos convincentes. Mas não é isso o que me preocupa nesta altura. 
Apenas mencionei estes exemplos para insistir no facto de que mesmo a cor e o sexo não são elementos 
“absolutos” da identidade....Com maior razão, todos os outros elementos s~ao ainda mais relativos. 
 
 
Amin Maalouf, As identidades Assassinas, 1999, pp.33-34. 
 
Em cada uma das questões seguintes, assinale com um círculo a alternativa de resposta – e só uma – 
que melhor corresponde ao sentido do texto. 
 
 
 
 
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1. Segundo o texto: 
a. Todos os elementos da nossa identidadenascem connosco 
b. Muitos elementos da nossa identidade nascem connosco 
c. Nem todos os elementos da nossa identidade nascem connosco 
d. Nehum elemento da nossa identidade nasce connosco. 
 
2. Para o autor do texto: 
a. a importância das características físicas é determinada pelo meio social 
b. a importância das características físicas é indiferente ao meio social 
c. importância do meio social é condicionada pelas características físicas 
d. importância do meio social é indiferente às características físicas 
 
3. De acordo com o texto: 
a. as características fícas, o sexo e a cor são elementos absolutos da nossa identidade; 
b. as características fícas, o sexo e a cor são elementos inalteráveis da nossa identidade; 
c. as características fícas, o sexo e a cor são elementos exclusivos da nossa identidade; 
d. as características fícas, o sexo e a cor são elementos relativos da nossa identidade; 
 
4. A expressão “muitos livros já o afirmaram copiosamente” quer dizer que: 
a. muitos livros já o afirmaram e explicaram de forma extensa; 
b. muitos livros já o afirmaram e explicaram de forma repetida; 
c. muitos livros já o afirmaram e explicaram de forma reflectida; 
d. muitos livros já o afirmaram e explicaram de forma intermitente; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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TEXTO C 
As Identidades Assassinas 
Sem pretender estudar em detalhe um fenómeno tão complexo como as relações entre os homens e as 
suas línguas, parece-me importante evocar, no quadro bem delimitado deste ensaio, certos aspectos que 
dizem especificamente respeito à noção de identidade, para constatar, desde logo, que em cada ser 
humano existe a necessidade de uma língua identitária. Esta é, por vezes, comum a centenas de milhões 
de indivíduos; outras vezes, a alguns milhares apenas. A este nível, apenas conta o sentimento de 
pertença. Cada um de nós tem necessidade deste laço identitário poderoso e reconfortante. 
Nada é mais perigoso do que tentar romper o cordão maternal que liga um homem à sua língua. 
Quando ele se rompe, ou quando fica seriamente enfraquecido, isso repercute-se desastrosamente sobre 
o conjunto da sua personalidade. O fanatismo que ensanguenta a Argélia explica-se por uma frustração 
ligada ainda mais à língua do que à religião. A França nunca tentou converter os muçulmanos da 
Argélia ao cristianismo, mas quis substituir a língua deles pela sua, de modo expedito, e sem lhes dar 
em troca uma verdadeira cidadania. Seja dito, a propósito, que nunca compreendi como um Estado que 
se diz laico pôde alguma vez atribuir a alguns dos seus elementos a classificação de “franceses 
muçulmanos” e privá-los de alguns dos seus direitos, pela simples razão de terem uma religião 
diferente da sua… 
Mas fecho rapidamente este parêntese, pois ele não passa de um exemplo trágico entre muitos outros. 
Faltar-me-ia o espaço, se quisesse descrever em detalhe tudo o que os homens têm de suportar, hoje 
ainda, e em todos os países, pela simples razão de se exprimirem numa língua que suscita à sua volta a 
desconfiança, o desprezo ou a troça. 
É essencial que o direito de todo o homem a conservar a sua língua identitária e a dela se servir 
livremente, seja claramente estabelecido, sem a menor ambiguidade, e que seja vigiado sem descanso. 
Essa liberdade parece-me mais importante ainda do que a liberdade da religião, pois esta última 
protege, por vezes, doutrinas hostis à liberdade e contrárias aos direitos fundamentais de homens e 
mulheres. Teria, quanto a mim, alguns escrúpulos em defender o direito de expressão daqueles que 
defendem a abolição das liberdades e propõem diversas doutrinas de ódio e de sujeição. Ao contrário, 
proclamar o direito de todo o homem a falar a sua língua não deveria suscitar qualquer hesitação desse 
tipo. 
Nem sempre esse direito é fácil de pôr em acção. Uma vez enunciado o princípio, fica por fazer o 
essencial. Será que todos podem reivindicar o direito de ir a uma repartição e aí falar a sua língua 
identitária, tendo a certeza de que o funcionário sentado por detrás do guichet os compreende? Será que 
 
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uma língua, que durante muito tempo foi oprimida, ou pelo menos negligenciada, pode legitimamente 
reafirmar o seu lugar à custa de outra, e com o risco de instaurar um outro tipo de discriminação? Não 
se trata aqui, evidentemente, de nos debruçarmos sobre os diferentes casos emblemáticos, do Paquistão 
ao Quebeque, e da Nigéria à Catalunha. Trata-se de entrar, com bom senso, numa era de liberdade e de 
diversidade serena, desembaraçando-nos das injustiças passadas sem as substituir por outras injustiças, 
por outras exclusões, reconhecendo, ao mesmo tempo, a cada um o direito de fazer coexistir, no seio da 
sua identidade, variadas pertenças linguísticas. 
Bem entendido, nem todas as línguas nasceram iguais. Mas direi acerca delas o que digo sobre as 
pessoas, a saber: que todas elas têm o mesmo direito ao respeito pela sua dignidade. Do ponto de vista 
da necessidade de identidade, a língua inglesa e a língua islandesa preenchem exactamente o mesmo 
papel: é quando se considera a outra função da língua, a de instrumento de troca, que elas deixam de ser 
iguais. 
Adaptado de Amin Maalouf in Identidades Assassinas 
 
1. De acordo com o texto, em cada ser humano existe a necessidade de uma língua identitária 
porque: 
A. a identidade é importante para o sentimento de pertença 
B. a identidade é, por vezes, comum a centenas de milhões de indivíduos; 
C. cada um de nós tem necessidade do laço identitário 
D. a língua é um intrumento poderoso e reconfortante. 
 
2. Quando o laço identitário se rompe, ou quando fica seriamente enfraquecido, a 
consequência imediata é que: 
A. o conjunto da personalidade repercute-se 
B. o conjunto da personalidade fica destruído 
C. o conjunto da personalidade é afectado 
D. o conjunto da personalidade renova-se 
 
3. Para o autor, o fanatismo que ensanguenta a Argélia explica-se por uma frustração ligada 
ainda mais à língua do que à religião porque: 
A. A França nunca tentou converter os muçulmanos da Argélia ao cristianismo 
B. A França substituiu a língua deles pela sua, de modo expedito 
C. A França trocou a sua verdadeira cidadania. 
 
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D. A França atribuiu a alguns dos seus elementos a classificação de “franceses 
muçulmanos” 
4. Segundo o texto, é essencial que o direito de todo o homem a conservar a sua língua 
identitária seja claramente estabelecido, porque 
A. o homem dela se servir livremente, sem a menor ambiguidade, 
B. a liberdade no uso da língua protege doutrinas hostis à liberdade 
C. proclamar o direito de todo o homem a falar a sua língua não deve suscitar qualquer 
hesitação 
D. nem sempre esse direito é fácil de pôrem acção. 
 
5. Numa de liberdade e de diversidade serena, torna-se importante: 
A. reconhecer a cada um o direito de fazer coexistir, 
B. reconhecer a pertença da sua identidade do indivíduo 
C. reconhecer as variadas pertenças linguísticas. 
D. Reconhecer a que língua é um direito inalienável 
 
6. Para o autor, nem todas as línguas nasceram iguais: 
A. mas todas elas têm o mesmo direito ao respeito pela sua dignidade 
B. todas elas expressam valores identitários 
C. todas elas preenchem exactamente o mesmo papel: 
D. todas as línguas são instrumentos de troca 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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TEXTO D 
A Cultura (As Culturas) – Entre a vaidade de Deus e e Reino das pedras 
 
Uma das marcas do século que agora termina consiste no zelo tantas vezes feroz com que certos grupos 
se erguem na defesa de uma retórica identitária. Em 1974, pôde-se estimar (Greely) que os conflitos 
étnicos provocaram a morte a 20 milhões de pessoas depois da II Guerra Mundial. Após essa data, este 
número, sem dúvida impreciso, aumentou de forma considerável, e isto, todos os dias. O que anima o 
discurso identitário fechado que serviu de base de sustentação a todos os regimes totalitários deste 
século é invariavelmente «uma ideia de morte». Está, assim, estabelecido o grau de pertinência 
simbólica que a identidade cultural possui para grande número de pessoas. Isto, mau grado as reservas 
praticamente unânimes que os cientistas sociais colocam quanto à sua pertinência empírica. 
Falam, sobretudo, de generalizações abusivas, associadas a essa memória semântica em que consistiria 
a identidade cultural cujo conteúdo tem um carácter muito mais instável do que aquilo que os puristas 
(e purificadores) pensam ou fazem crer que pensam. É certamente a este fenómeno, entre todos 
epistemologicamente impertinente e eticamente desconfortável que Denis Cuche se refere quando 
afirma: «A tendência para a mono-identificação, para a identidade exclusiva, conquista terreno em 
numerosas sociedades contemporâneas. A identidade colectiva é declinada no singular, de si para si 
próprio, quer para os outros.» 
Esta elaboração teórica identitária que, como já se referiu, teve (tem) neste século consequências 
sufocantes, assenta numa noção de cultura-identidade rígida, ossificada, que, mau grado as suas 
diversas tonalidades, é geralmente por relativismo cultural. Na verdade, o que se verifica é que o 
percurso do que chamamos relativismo cultural não se revelou ele próprio unilinear, já que oscilou 
entre o relativismo aberto, assente na noção de equivalência, e o fechado que supõe a singularidade 
intransponível das culturas. 
Neste tecido inextricável de posições teóricas, talvez seja oportuno lembrar que, na sua origem, o 
relativismo cultural foi uma noção elaborada pelos antropólogos sociais que procuravam dar uma base 
de sustentação à tolerância, aos valores que irrigam as diversas culturas. Foi constituída pelo 
antropólogo americano Franz Boas e consistia no reconhecimento da pluralidade das sociedades 
humanas por oposição à natureza única da «civilização». O seu carácter inovador traduziu-se no facto 
de o relativismo se opor à teoria do evolucionismo unilinear da cultura que se tinha imposto na segunda 
metade do século XIX e que servia de apoio ao desprezo pelos povos chamados primitivos, 
considerados atrasados. 
 
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No entanto, terminada a II Guerra Mundial e com o movimento de independência das colónias, essa 
dinâmica política provocou uma alteração na designação dessas sociedades até então tidas como 
primitivas, passando a ser conhecidas por subdesenvolvidas ou, através de um eufemismo, por «em vias 
de desenvolvimento», o que inculca a ideia da necessidade de uma cooperação entre os países 
desenvolvidos e aqueles «em via» de desenvolvimento. Perante esta circunstância, a noção de 
relativismo cultural na sua versão fechada foi posta em crise já que dificultava, para não dizer que 
tornava impossível, essa cooperação. 
 
Fernando Gandra in A Noção de Cultura nas Ciências Sociais 
 
 
1. O texto aborda o seguinte tema: 
A. Os conflitos étnicos 
B. O relativismo cultural 
C. A identidade 
D. A civilização 
 
2. De acordo com o texto, os conflitos étnicos são uma forma usada pelos grupos para: 
A. promover a sua retórica identitária 
B. promover um discurso identitário fechado 
C. promover um regime totalitário 
D. promover a identidade cultural 
 
3. A pertinência simbólica que a identidade cultural possui é determinada por: 
A. um discurso identitário fechado 
B. todos os regimes totalitários 
C. uma «ideia de morte» 
D. pelo relativismo cultural 
 
4. A afirmação de Denis Cuche no texto refere-se a: 
A. o carácter muito instável da identidade cultural 
B. as genrealizações abusivas 
C. a identidade colectiva 
D. a identidade exclusiva 
 
 
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5. A elaboração teórica identitária de Denis Cuche assenta na noção de : 
A. relativismo cultural 
B. relativismo aberto 
C. relativismo fechado 
D. equivalência 
 
6. Na sua origem, o relativismo cultural foi uma noção elaborada: 
A. por antropólogos sociais 
B. pelo antropólogo americano Franz Boas 
C. pelo evolucionismo 
D. por sociólogos 
 
7. O carácter inovador do relativismo cultural tem a ver com o facto de: 
A. haver reconhecimento da pluralidade das sociedades humanas 
B. ele se opor à teoria do evolucionismo unilinear da cultura 
C. haver uma visão mais abrangente dos povos primitivos 
D. a teoria do evolucionismo se opor ao relativismo cultural 
 
8. A noção de relativismo cultural na sua versão fechada foi posta em crise porque: 
A. houve uma alteração na designação dessas sociedades primitivas 
B. houve necessidade de uma cooperação entre os países no mundo 
C. A noção era bastante aberta e não permitia manipulações flexíveis 
D. O fim da II Guerra Mundial precipitou a revisão dos conceitos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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TEXTO E 
Todos estamos conscientes dos equívocos que derivam de, tendo culturas diferentes, falarmos a mesma 
língua. Estes equívocos resultam sobretudo do facto de, sendo as palavras as mesmas, um certo nível do 
seu conteúdo semântico eventualmente aquele que os dicionários não registam – ser muito diferente. 
A língua é, como se sabe, uma parte da cultura. O seu contexto integra muitos outros sistemas 
simbólicos –sistemas de observaçãodo mundo, sistemas de avaliação das coisas, sistemas de 
construção de inferências. Estando sempre implícitos nos actos de falar (e de escrever), não fazem 
parte dos processos de aprendizagem de uma língua estrangeira nem se transmitem integralmente 
quando uma língua é exportada para outra cultura como língua corrente ou veicular. 
Quando uma língua é recebida de fora, ela é integrada num outro universo simbólico. Nesta medida, as 
suas palavras ganham sentidos novos, muitas vezes tão inefáveis, indirectos e subtis que nem sequer 
são registados nos melhores dicionários. Articulando as mesmas palavras, os interlocutores dizem, de 
facto, coisas diferentes. Por vezes a língua originária nem sequer resiste, na morfologia das das suas 
palavras, à força deste novo contexto comunicacional. Nesse caso, surgem, por exemplo, os crioulos, 
que articulam de forma completamente autónoma o sentido (semântica) com a forma (fonética, sintaxe) 
Salvo neste caso, em que as diferenças linguísticas já são patentes, o mais grave deste diálogo frustrado 
numa mesma língua é que o desentendimento não é aparente. Aparentemente está-se falando do 
mesmo. Mas, de facto, cada um está a falar de coisas diferentes. 
No seio das organizações que reúnem falantes da mesma língua, as fórmulas diplomáticas, filhas ou da 
boa vontade ou de interesses menos bonitos, encobrem este facto da incomunicação com a retórica da 
fraternidade linguística e do entendimento que ela promoverá. A língua comum suporta um discurso de 
fraternidade, da história, dos destinos comuns, dos interesses comuns. Quando chegamos aos interesses, 
claramente vemos que eles não são tão comuns como isso, como é natural e inevitável. 
Por isso é que parece que uma política sã e honesta da língua comum deve partir de uma análise 
rigorosa das especificidades. Das especificidades das culturas (que frequentemente nem sequer 
correspondem, ponto por ponto, aos Estados envolvidos, já que há Estados multiculturais), das 
especificidades das políticas linguísticas quanto à cultura veicular, da especificidade dos interesses 
subjacentes. 
Só do reconhecimento dos particularismos da posição de cada uma das partes pode surgir uma 
estratégia linguística e cultural convergente (ou apenas parcialmente convergente) que seja plural e 
franca. 
 
 
 
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1. De acordo com o texto, a língua é uma parte da cultura porque: 
a. O contexto da língua integra outros sistemas simbólicos 
b. O contexto da língua integra sistemas de observação 
c. O contexto da língua integra sistemas de construção de inferências 
d. O contexto da língua integra sistemas de avaliação das coisas 
 
2. Quando uma língua é recebida de fora: 
a. as suas palavras ganham sentidos novos 
b. ela adapta-se ao novo contexto comunicacional 
c. surgem os crioulos, que articulam de forma completamente autónoma 
d. surgem grandes diferenças linguísticas 
 
3. No seio das organizações que reúnem falantes da mesma língua, com base na retórica da 
fraternidade linguística e do entendimento que ela promoverá: 
a. as fórmulas diplomáticas encobrem a incomunicação 
b. o discurso de fraternidade, da história, dos destinos comuns, dos interesses comuns e 
suportado por uma língua 
c. uma língua que respondera aos interesses de índole diversa 
d. uma língua de comunicação intercultural para toddos os falantes 
 
4. Uma política sã e honesta da língua comum deve partir de uma análise rigorosa: 
a. das especificidades linguistico-culturais 
b. das especificidades culturais 
c. das especificidades linguísticas 
d. das especificidades dos interesses subjacentes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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TEXTO F 
Até onde pode ir a tolerância? 
No mundo de incerteza que é o nosso, perdeu-se colectivamente a noção de absoluto. Tudo se equivale, 
desde que seja um sujeito “falante” que o diz. Escuta-se com a mesma atenção o enunciado estudado, 
meditado, experimentado e a opinião nascida no momento sem que nada a alicerce. Esta atitude, 
aparentemente cheia de respeito pelo outro, conduz na prática à própria negação do respeito. “Tanto 
faz” o que o outro diz, já que tem o direito de pensar e dizer o que quiser. É a suprema indiferença 
perante o bem do outro. É o desprezo consentido da sua dignidade de pessoa. É o esquecimento de que 
o outro não é “coisa” mas devir, projecto, sujeito histórico. E a quem, por essa mesma dignidade, me 
cabe contrapor o que julgo estar mais perto da “verdade”. 
É a este outro comportamento que não nega nem se nega que se chama “diálogo”, etimologicamente 
“conhecimento através de”. É um processo vivo, caloroso, em que o pensamento e a emoção se 
confundem e mutuamente se estimulam. É o oposto da prática do consenso – que, muitas vezes, nem 
bom senso é! – e que tudo reduz a um menor denominador comum. Por essa vala comum onde se 
enterram valores têm desaparecido grupos e ideias, projectos sociais e propostas políticas. 
A tendência para uma tolerância “total” é muitas vezes na sua raiz uma dramática incapacidade de 
admirar, de “olhar para”, e, no termo, de escolher e de amar o que a razão aponta como mais certo, 
mais nobre, mais verdadeiro. Não são apenas as ideias ou as pessoas que são portadoras de uma 
qualidade capaz de inovar e de trazer novos valores à sociedade que são, delicadamente é certo, 
empurradas para as margens. 
(Porque a máquina, essa, interpessoal ou institucional, continua entregue ao jogo subtil da tolerância 
que ergue em “verdade” o concerto das opiniões.) Outro processo mais grave tem paradoxalmente 
lugar: aquele que “tolera” raramente se entrega, se abre a quem só “tolera”. É, no plano social e 
político, a mera “coexistência pacífica”, uma máscara exterior a esconder os antagonismos e as reais 
incapacidades de coexistência. No plano pessoal, é uma confiança ( ou apenas uma táctica, não isenta 
de um certo grau de cinismo) em que o tempo tudo resolverá... 
Quando vejo a tolerância nesta sua forma primária, agindo ao nível político, sinto-me perante um 
travão impedindo perversamente o que deve ser o próprio cerne da vida política: o conhecimento e a 
invenção de regras próprias da ciência política para as aplicar à acção política no seu inexorável e 
exigente quotidiano. Porquê então tanta tolerância que impede essa acção e estrangula o que é evidente 
e, por isso, inovador? Como nas relações interpessoais ou num pequeno grupo, também aquele que 
cultiva – sem dúvida com virtude e esforço – a tolerância tem um grande desejo, talvez inconsciente, 
 
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mas que a sua atitude vai estrategizando: como o explicou há muito tempo Serge Moscovici, o que ele 
verdadeiramente quer é ser amado, muito amado, por todos, sejam eles quem forem. Não quer 
conflitos: vê neles não a expressãoda vitalidade do real mas uma situação que o vai talvez tornar 
menos amado por alguns. Daí a sua ambivalência: aos olhos dos que tolera, ama cada um e o seu 
contrário. O seu comportamento pode ser racionalizado, explicado até por razões altruístas, mas a sua 
sede de ser tolerante pode torná-lo intolerante face às normas que quer defender, face mesmo aos 
valores que julga serem os motores da sua vida e da sua acção. Numa análise da multiplicidade 
identitária em qualquer sociedade ( ou grupo), Alain Touraine põe claramente os limites da tolerância: 
“A procura da tolerância não é aceitável senão quando é acompanhada pela rejeição do intolerável”. 
A tolerância não se esgota na denúncia que acabo de fazer. Ela tem uma “face luminosa” e “lugares” 
próprios no corpo social. Em primeiríssimo lugar, a escuta daqueles cuja actividade é guiada pela ética 
freudiana que Lou Andreas-Salomé descreve, “como a de um aquiescer escrupuloso, uma consciência 
delicada do próprio Freud face a toda a realidade, por mais contraditória, insignificante ou incómoda 
que fosse”. Em segundo lugar, uma grande questão filosófica e espiritual que é quase insolúvel e que a 
vida inteira não chega para aprofundar. É o que Jankélévitch, reconhecendo que ele “implica o 
sentimento de uma contradição irracional e quase absoluta”, chamou “o mistério do absoluto plural”. 
Só nesse absoluto, a tolerância é expressão do respeito pela dignidade do outro e via de harmonia 
social. 
 
Maria de Lourdes Pintasilgo, in VISÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Manual de Portugues; da Teoria à Pratica – 2007 Elaborado Por : Dr. Carlito Companhia 21 
1. De acordo com o autor do texto, no mundo actual perdeu-se a noção do absoluto 
porque: 
A. é um mundo de incertezas 
B. todos os enunciados são escutados com a mesma atenção 
C. tudo o que as pessoas dizem se equivale 
D. tudo o que as pessoas dizem é válido 
 
2. Para o autor do texto, do ponto de vista social e político, a tolerância pode 
significar: 
A. uma máquina institucional 
B. uma coexistência pacífica 
C. uma máscara exterior para esconder os antagonismos e as reais 
incapacidades de coexistência 
D. uma confiança 
 
3. A tendência para a tolerância total é muitas vezes uma dramática incapacidade de 
adimirar porque: 
A. não são apenas as ideias ou as pessoas que são portadoras de uma 
qualidade capaz de inovar e de trazer novos valores à sociedade 
B. de escolher e de amar o que a razão aponta como mais certo, mais nobre, 
mais verdadeiro 
C. a tolerância é, na sua essência um diálogo 
D. a tolerância suporta o valor digno da humanidade 
 
4. De acordo com o autor do texto, a tolerância pode de forma perversa constituir o 
cerne da vida política, o qual consiste: 
A. no conhecimento e a invenção de regras próprias da ciência política para 
as aplicar à acção política no seu inexorável e exigente quotidiano 
B. na tolerância que impede essa acção e estrangula o que é evidente e, por 
isso, inovador 
C. nas relações interpessoais ou num pequeno grupo 
D. no facto de a tolerância ter um grande desejo 
 
 
 
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TEXTO G 
Maputo 
É Maputo singular a muitos títulos e por alguma razão muita gente que visita fica surpreendida ou 
mesmo deslumbrada, com a paisagem da cidade. Bastam apenas uns dias para se ficar cativo da terra e 
da vida. Qualquer sortilégio se exerce nas almas porque o ambiente envolve os espíritos e as pessoas 
gostam de estar. Os moradores sabem há muito que é assim e dizem que a água do Umbelúzi tem 
feitiço. Talvez o fascínio da cidade venha ter sido amorosamente erguido. Ainda hoje ela nos surge 
quase de surpresa e de repente no fim do mato, numa enxurrada de oficinas, guindastes, navios e longas 
centopeias de vagões vazios atulhados, quando se chega de comboio; ou no fim do mar, escondida na 
pequena baixa à beira-rio, com o colorido, desenho e a graça duma construção imaginosa de pequenos 
blocos a encaixar, com que tivessem estado crianças a entreter-se de fantasia entre árvores e flores. Mas 
também se atinge a cidade serpenteando as fitas extensas das estradas, de Oeste, do Sul e do Norte, 
passando mato, vilórias, casas isoladas com patrulhas da Civilização avançando, até se desembarcar na 
confusão dos arrabaldes. Mas o comum e corrente é pousar do ar, suavemente, em Mavalane. 
 É saborosa e espectacular, à chegada, uma volta pelo ar. Convergem de longe rios que se perdem no 
horizonte, e a terra cobre-se toda, pelo Norte, gradualmente, de verrugas, que se adensam como bexigas 
negras, a revesti-la de um tecido grosso e rugoso sob o imenso cajual. Dum lado é o cais pejado de 
navios, armazéns e mercadorias a granel, lanças de guindastes a funcionar dia e noite como espadas de 
combate, filas de vagões em madeixas de linhas que se estendem pela terra fora, ao longo da água, tudo 
a negro, cinzento, ferrugens e prata. Do outro são os grandes blocos comerciais da baixa depois a 
heterogénea paisagem das zonas industriais da confusão das fábricas, oficinas e armazéns que se 
preparam para dar a volta ao estuário porque já não cabem na orla marítima ao fundo onde fumegam 
chaminés de grandes fábricas. 
 Outra surpresa é a noite que envolve a cidade num carnaval de cor. Do ar, à noite, a cidade é um 
arraial feérico e festivo e certas ruas largas e extensas parecem longas pistas iluminadas à espera de 
aterrar o nosso avião. Mais viva ainda é a toalha que cobre extensamente o cais, as linhas férreas e as 
fábricas, numa densa claridade de dia artificial para o trabalho não parar a noite fora. Onde ainda 
existem reminiscências antigas é na larga cintura negra que do ar parece, de noite, um grande 
acampamento improvisado semeado de pequenas fogueiras vermelhas nos quintais. 
 
 
Alexandre Lobato In Boletim Municipal nº 3, 1971 
 
 
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Manual de Portugues; da Teoria à Pratica – 2007 Elaborado Por : Dr. Carlito Companhia 23 
 
1. De acordo com o texto, muita gente que visita a cidade de Maputo fica surpreendida e 
mesmo deslumbrada porque: 
A. Maputo é uma cidade bela 
B. Maputo é uma cidade singular 
C. Maputo tem belas paisagens 
D. Maputo tem um bom ambiente 
 
2. O autor refere que qualquer sortilégio se exerce nas almas porque: 
A. O ambiente é envolvente 
B. As pessoas gostam de viver em Maputo 
C. Maputo é uma cidade singular 
D. As paisagens são belas 
 
3. “Talvez o fascínio da cidade venha ter sido amorosamente construído”. A expressão 
significa que: 
A. O ambiente de Maputo foi amorosamente construído 
B. A beleza de Maputo foi amorosamente construída 
C. A atracção de Maputo foi amorosamente construída 
D. As ruas de Maputo foi amorosamente construídas 
 
4. É mais comum e o corrente pousar do ar, suavemente, em Mavalane porque: 
A. É saborosa e espectacular, à chegada, uma volta pelo ar. 
B. De longe convergem rios que se perdem no horizonteC. É possível entreter-se de fantasia entre árvores e flores 
D. Se atinge a cidade serpenteando fitas de longas estradas 
 
5. À noite que envolve a cidade é uma surpresa porque: 
A. do ar, à noite a cidade é um arraial feérico e festivo 
B. a cidade, à noite, é movimentada 
C. o ambiente de Maputo, à noite, é óptimo 
D. a beleza de Maputo, à noite, é fascinante 
 
 
 
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TEXTO H 
A necessidade do cepticismo político 
Uma das peculiaridades do mundo de língua inglesa é o seu imenso interesse e crença nos partidos 
políticos. Uma grande percentagem de gente que fala inglês acredita realmente que os males de que 
sofre seriam curados se estivesse no poder determinado partido político. Há um motivo para o pêndulo 
oscilar. Um homem vota num partido e continua infeliz; conclui, assim, que o outro partido é que lhe 
daria a superioridade. Quando afinal se desencanta de todos os partidos, já é um velho com o pé na 
cova; os filhos retêm a crença da juventude, e o erro continua. 
 
Desejo sugerir que, para obtermos algum resultado em política, devemos encarar as questões de 
maneira totalmente diferente. Numa democracia, o partido que deseja galgar o poder deve fazer um 
apelo ao qual responde a maioria da nação. É difícil que não seja nocivo, na democracia existente, um 
apelo de amplo êxito. Portanto, não é provável que nenhum partido político tenha um programa útil, e, 
para que sejam tomadas providências úteis, devem ser levadas a efeito por outra organização diferente 
do governo partidário. Um dos problemas mais urgentes da nossa época é combinar essa organização 
com a democracia. 
 
Há actualmente dois tipos muito diferentes de especialistas em questões políticas. De um lado, os 
políticos práticos de todos os partidos; do outro, os peritos, principalmente os funcionários públicos, 
mas também os economistas, financeiros, cientistas, médicos, etc. Cada grupo possui um género de 
habilidade. A do político consiste em adivinhar quem pode ser convencido a pensar a favor do seu 
partido; a habilidade do perito consiste em calcular o que, na verdade, é vantajoso contanto que possa 
convencer o povo. (Esta condição é essencial, porque as providências que provocam ressentimentos 
sérios raramente são vantajosas, por mais méritos que possam ter noutro plano). O poder do político, 
numa democracia, depende do facto de adoptar as opiniões que pareçam correctas ao cidadão comum. 
É inútil clamar que os políticos deveriam ser suficientemente patriotas para advogar o que a opinião 
esclarecida considerasse bom, porque se o fizessem seriam varridos do caminho. Além disso, a 
habilidade intuitiva de que necessitam para prever a opinião alheia não implica qualquer capacidade na 
formação das suas próprias opiniões, de modo que muitos dos mais capazes (do ponto de vista político-
partidário) estarão em condições de advogar, com toda a sinceridade, medidas que a maioria acha boas, 
mas que os peritos sabem ser más. Portanto, é inútil exortar os políticos a procederem 
desinteressadamente, excepto na forma mais crua de se absterem do suborno. 
 
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Onde quer que exista a política partidária, o político recorre primariamente a um sector da opinião 
pública, enquanto os seus adversários se dirigem ao sector oposto. O seu sucesso depende da 
transformação do seu sector em maioria. Uma medida que interessa igualmente a todos os sectores, será 
presumivelmente terreno comum a todos os partidos e, portanto, de nada servirá o político. 
Consequentemente, ele concentra a sua atenção nas medidas que desagradam ao sector que forma o 
núcleo dos adeptos do adversário. Além disso, por mais admirável que seja uma providência, será inútil 
ao político, a menos que lhe possa dar razões que, expostas num discurso, pareçam convincentes para o 
homem comum. Temos assim duas condições que devem ser preenchidas pelas medidas que os 
políticos mais realçam: (1) devem parecer favoráveis a um sector do país; (2) os argumentos a seu favor 
devem ser da maior simplicidade. Naturalmente, isto não se aplica em tempo de guerra, porque então o 
conflito partidário suspende-se em favor do embate com o inimigo exterior. Na guerra, as artes do 
político são aplicadas aos neutros, que correspondem ao eleitor hesitante da política normal. A última 
guerra demonstrou que, como seria de esperar, a democracia constitui um treino admirável para a tarefa 
de apelar para os neutros. Foi essa uma das razões principais da democracia ter ganho a guerra. É 
verdade que perdeu a paz; mas isso já é outra questão. 
 
A habilidade específica do político consiste em saber que paixões pode com maior facilidade 
despertar, e como evitar, quando despertas, que sejam nocivas a ele próprio e aos seus aliados. Na 
política, tal como na teoria da moeda, há uma lei de Gresham; o homem que visar objectivos mais 
nobres será expulso, excepto naqueles raros momentos ( principalmente revoluções ) em que o 
idealismo se conjuga com um poderoso movimento de paixão interesseira. Além disso, como os 
políticos estão divididos em grupos rivais, tendem a dividir a nação, a menos que tenham a sorte de 
uni-la numa guerra contra outra nação. Vivem à custa do “ruído e da fúria, que nada significam”. Não 
podem prestar atenção a algo que seja difícil de explicar, nem ao que não acarrete divisão ( seja entre 
nações seja ao nível nacional), ao que reduza o poder dos políticos como classe. 
 
O perito é um tipo curiosamente diferente. Via de regra, é um indivíduo que não almeja o poder 
político. A sua reacção natural a uma solução política é indagar se esta seria benéfica, em vez de 
perguntar se seria popular. Em certos campos, possui excelente conhecimento técnico. Se for 
funcionário público ou chefe duma grande empresa, tem considerável experiência dos cidadãos, e pode 
ser um juiz arguto das suas acções. Tudo isto são circunstâncias favoráveis, que conferem peso à sua 
opinião sobre o assunto. 
 
 
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Todavia, ele apresenta em geral defeitos correlativos. Como o seu saber é especializado, sobrestima 
provavelmente a importância da sua profissão. Se formos sucessivamente a um cirurgião-dentista, a um 
oftalmologista, a um cardiologista, a um tisiólogo, a um neurologista, e assim por diante, cada um dará 
conselhos admiráveis sobre a maneira de evitar as doenças das suas especialidades. E se seguirmos os 
conselhos de todos, verificaremos que as vinte e quatro horas do dia serão poucas para conservar a 
saúde, não nos sobrando tempo para gozarmos a mesma. Isto aplica-se facilmente aos peritos em 
política; se todos os seus conselhos fossem seguidos, a nação não teria tempo para a vida normal. 
 
Bertrand Russel 
 
1. Segundo o texto, o interesse e a crença do mundo inglês nos partidos políticos justifica-se 
pelo factode: 
A. grande percentagem de gente que fala inglês acreditar realmente nos partidos políticos 
B. grande percentagem de gente que fala inglês acreditar realmente que os partidos 
políticos resolvem os problemas 
C. grande percentagem de gente que fala inglês acreditar realmente que os seus problemas 
seriam resolvidos com um outro partido político no poder 
D. grande percentagem de gente que fala inglês acreditar realmente que os seus problemas 
seriam resolvidos com um determinado partido político no poder 
 
2. De acordo com o texto, encarar as questões de maneira totalmente diferentes em política, é 
importante para: 
A. obter um bom resultado em política 
B. ganhar a simpatia do maioria da nação 
C. o partido galgar o poder 
D. aprofundar a democracia 
 
3. No texto podemos encontrar uma referência à dois tipos de especialistas em questões 
políticas. Aqueles cujo o poder depende da percepção comum do cidadão são: 
A. políticos práticos 
B. peritos 
 
C. médicos 
D. C.funcionários públicos 
 
 
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4. De acordo com o texto, a habilidade do político consiste em: 
A. adivinhar quem pode ser convencido a pensar a favor do seu partido 
B. calcular o que, na verdade, é vantajoso contanto que possa convencer o povo 
C. saber que paixões pode com maior facilidade despertar, e como evitar, quando que 
sejam nocivas a ele próprio e aos seus aliados 
D. indagar se a atitude seria benéfica, em vez de perguntar se seria popular 
 
5. O autor do texto considera que, é inútil exortar os políticos a procederem 
desinteressadamente, excepto na forma mais crua de se absterem do suborno porque: 
A. é inútil clamar que os políticos deveriam ser suficientemente patriotas 
B. o poder político numa democracia depende do facto de adoptar as opiniões que pareçam 
correctas ao cidadão comum 
C. a habilidade intuitiva de que necessitam para prever a opinião alheia não implica 
qualquer capacidade na formação das suas próprias opiniões 
D. muitos políticos estarão em condições de advogar, com toda a sinceridade, medidas que 
a maioria acha boas, mas que os peritos sabem ser más. 
 
6. De acordo com o texto, o político recorre primariamente a um sector da opinião pública, 
porque: 
A. o seu sucesso depende da transformação do seu sector em maioria. 
B. ele concentra a sua atenção nas medidas que desagradam ao sector que forma o núcleo 
dos adeptos do adversário. 
C. os argumentos a seu favor devem ser da maior simplicidade. 
D. a habilidade específica do político consiste em saber que paixões pode com maior 
facilidade despertar 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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7. No texto, a expressão “na política, tal como na teoria da moeda, há uma lei de Gresham 
quer dizer: 
A. que o homem que visar objectivos mais nobres será expulso, excepto naqueles raros 
momentos em que o idealismo se conjuga com um poderoso movimento de paixão 
interesseira. 
B. que os políticos estão divididos em grupos rivais, tendem a dividir a nação, a menos que 
tenham a sorte de uni-la numa guerra contra outra nação. 
C. que os políticos vivem à custa do “ruído e da fúria, que nada significam”. 
D. que os políticos não podem prestar atenção a algo que seja difícil de explicar, nem ao 
que não acarrete divisão 
 
8. O perito é um tipo curiosamente diferente porque: 
A. é um indivíduo que não almeja o poder político. 
B. a sua reacção natural a uma solução política é indagar se esta seria benéfica, em vez de 
perguntar se seria popular. 
C. possui excelente conhecimento técnico. 
D. tem considerável experiência dos cidadãos, 
 
9. De acordo com o texto, um dos defeitos correlativos do perito é: 
A. saber de mais os assuntos da sua especialidade 
B. sobrestimar a importância da sua profissão. 
C. Conhecer as arte da política 
D. Analisar os factos com base no conhecimento que possui 
 
10. “....o para que sejam tomadas providências úteis, devem ser levadas a efeito por outra 
organização diferente do governo partidário”. O que está sublinhado pode ser substituído 
por: 
A. necessidades 
B. medidas 
C. cautelas 
D. acções 
 
 
 
 
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TEXTO I 
 
A Filosofia, enquanto sistema de ideias, visão do mundo, formou-se na sociedade de escravidão. O 
regime comunitário-primitivo só assinalou a gestação do pensamento filosófico. Os homens da 
sociedade primitiva, ainda sem noções científicas da estrutura do organismo humano, das causas da 
morte, dos sonhos, etc., concluíram que os pensamentos e as sensações provêm de um princípio 
particular – a alma que está no corpo e que o abandona depois da morte. F. Engels escreveu a este 
respeito: “Como qualquer religião, a questão suprema da filosofia, a questão da relação entre o 
pensamento e o ser, o espírito e a natureza, mergulha as suas raízes nas concepções limitadas e incultas 
dos homens da época de selvajaria”. 
 
Portanto, as opiniões idealistas tal como as religiosas baseiam-se no conceito de que o pensamento, 
a ideia, existem independentemente da matéria. A primeira forma primitiva da visão do mundo foi a 
religião resultante da incapacidade do homem selvagem de se opor à natureza, do receio perante as 
forças misteriosas e espontâneas. O homem primitivo tinha uma ideia deturpada sobre as suas relações 
com a natureza e expressava a sua rendição sob a forma de imagens fantasmagóricas, produtos da 
imaginação. 
 
A divisão da sociedade em classes, em escravos e seus senhores, incentivou as concepções 
idealistas e religiosas, pois à dependência do homem das forças da natureza somou-se a das forças 
espontâneas sociais, cuja pressão não era menor que a das primeiras. No entanto, as primeiras 
concepções do mundo realistas e ingénuas apareceram e formaram-se já sob o regime comunitário-
primitivo. A vida quotidiana e as suas experiências, o trabalho e o desejo de conhecer a realidade 
contribuíram para a formação da ideia sobre a existência objectiva do mundo, embora sob uma forma 
ingénua. O homem via quer fora e independentemente dele existem objectivamente outros indivíduos, 
animais, plantas, etc. Assim, formavam-se as suas opiniões materialistas, ingénuas e empíricas, assim 
como os elementos de uma visão do mundo materialista e espontânea. 
 
Na consciência do homem selvagem colidiam tendências materialistas empíricas relacionadas 
intimamente com o trabalho e a prática, e idealistas e religiosas que reflectiam a rendição do homem no 
seu conflito com a natureza. O materialismo e o idealismo, como sistemas filosóficos mais ou menos 
inteiros, constituem-se nas sociedades escravistas. À medida que estas sociedades se desenvolvem,e 
 
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com a separação do trabalho manual do intelectual, com o aparecimento do Estado, modificam-se 
também as concepções do homem. Os deuses, outrora símbolos das forças da natureza, adquirem 
atributos sociais, personificando as forças sociais, tão enigmáticas e incompreensíveis como as da 
natureza.. Elaboraram-se doutrinas teológicas que deificam os soberanos e a aristocracia, exaltam o 
regime da escravatura. Aparecem sistemas teóricos que interpretam o mundo como materialização da 
“vontade divina”, apregoam a criação do mundo por deuses, a fragilidade da existência e a imortalidade 
da alma. Simultaneamente, o desenvolvimento das forças produtivas – da agricultura, da irrigação, da 
construção – na Antiguidade Oriental e o aparecimento de novas produções contribuem para a 
acumulação e sistematização dos conhecimentos na matemática, astronomia, mecânica, química e 
tecnologia dos materiais. Ao mesmo tempo que se colhem estes conhecimentos científicos 
embrionários, formam-se as concepções materialistas do mundo. 
 
O desenvolvimento da concepção materialista do mundo sincroniza-se com a luta das forças 
avançadas da sociedade escravista favoráveis ao progresso das indústrias, do comércio e dos 
conhecimentos científicos, contra o domínio político e económico dos clãs da aristocracia conservadora 
tribal interessada na estagnação da vida social. 
Na sua luta contra o materialismo, a aristocracia reaccionária escravista começa a elaborar as 
concepções idealistas e a fortalecer ideologicamente a religião com o intuito de as opor à interpretação 
materialista dos processos que ocorrem no mundo. Ora, desde o seu aparecimento, o materialismo e o 
idealismo travam uma luta inexorável e constante. 
 
 
V. Krapivine, in Que é o Materialismo Dialéctico 
 
 
1. A tese defendida no texto é a de que 
a. a filosofia formou-se na escravidão. 
b. as opiniões idealistas baseiam-se no conceito de que o pensamento, a ideia, existem 
independentemente da matéria. 
c. O materialismo e o idealismo, como sistemas filosóficos mais ou menos inteiros, 
constituem-se nas sociedades escravistas. 
d. o materialismo e o idealismo travam uma luta inexorável e constante. 
 
 
 
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2. Para o autor a primeira forma primitiva da visão do mundo foi a religião. Isso 
significa que 
a. a religião foi a primeira forma de visão do mundo 
b. a religião foi a forma mais antiga de visão do mundo 
c. a religião foi a forma primária de visão do mundo 
d. a religião foi a forma mais ultrapassada de visão do mundo 
 
3. O desenvolvimento da concepção materialista do mundo foi o resultado da 
a. da modificação das concepções do homem 
b. da elaboração de novas doutrinas teológicas 
c. da luta das forças avançadas da sociedade escravista 
d. do fortalecimento das ideologias religiosas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2. ESTRUTURA DA LÍNGUA - MORFOLOGIA 
2.1. Introdução 
Nesta unidade, o objectivo principal é de apresentar algumas ferramentas teóricas no domínio 
da Morfologia - estudo da estrutura e formação das palavras. Assim, propomo-nos a equipar os 
candidatos com conhecimentos sobre as classes de palavras e suas especificidades bem como sobre os 
processos de formação de palavras. 
 
2.2. Classes das palavras 
Uma língua é constituída de um conjunto infinito de frases. Cada uma delas possui uma face 
sonora, ou seja a cadeia falada, e uma face significativa, que corresponde ao seu conteúdo. Uma frase, 
por sua vez, pode ser dividida em unidades menores de som e significado. 
As palavras em dois grandes grupos conhecidos como o grupo dos morfemas lexicais e o grupo 
dos morfemas gramaticais. O grupo dos morfemas lexicais é constituído pelos substantivos (nomes), 
adjectivos, verbos e advérbios. Por sua vez, o grupo dos morfemas gramaticais é formado pelos artigos, 
pronomes, numerais, os determinantes, as preposições, as conjunções e os demais advérbios. Exemplo: 
 
 Ela pronome come verbo depressa advérbio o determinante bolo nome quente adjectivo porque conjunção está 
verbo com preposição fome nome 
 
 
2.2.1 O Artigo 
 
O artigo definido 
 SUAS FORMAS 
 Singular Plural 
Masculino.......................................................o os 
Feminino.........................................................a as 
 
 
 
 
 
 
 
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O artigo definido português contrai-se com as preposições a, de, em, e por, dando lugar às seguintes 
formas: 
 
 
 
SINGULAR 
 Masculino Feminino 
Com a..............................................................ao à 
Com de............................................................do da 
Com em...........................................................no na 
Com por...........................................................pelo pela 
 
 
 PLURAL 
Masculino Feminino 
Com a..............................................................aos às 
Com de............................................................dos das 
Com em...........................................................nos nas 
Com por...........................................................pelos pelas 
 
 
O artigo indefinido 
 SUAS FORMAS 
 Singular Plural 
Masculino....................................................um uns 
Feminino.....................................................uma uma 
 
Exemplo: 
Um garoto 
Uma cobra 
Uns doidos 
Umas fitas 
 
 
 
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Contracções 
O artigo indefinido português contrai-se com as preposições de e em, dando lugar às seguintes 
formas: 
 SINGULAR 
 Masculino Plural 
Com de........................................................dum duma 
Com em.......................................................num numa 
 
 
PLURAL 
 Masculino Plural 
Com de........................................................dunsdumas 
Com em.......................................................nuns numas 
 
 
Exemplos: 
Uma criança dum meu amigo 
Numa rua pequena 
 
 
2.2.2. O Substantivo 
O género 
Regras para a formação do feminino 
1. Os substantivos terminados em o átono fazem geralmente o feminino mudando o o em a: 
cozinheiro cozinheira 
aluno aluna 
 
2. Os substantivos terminados em e átono são umas vezes invariáveis e outras mudam o –e em 
–a, -esa, -essa ou –isa: 
 hóspede hóspeda 
duque duquesa 
conde condessa 
sacerdote sacerdotisa 
 
 
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3. Os substantivos terminados em a átono mudam o –a em -isa. 
profeta profetisa 
poeta petisa 
 
4. Os substantivos terminados em –eu fazem o feminino em –eia. 
europeu europeia 
lebreu lebreia 
 
Exceptuam-se, todavia: 
judeu judeia 
sandeu sandeia 
 
5. Os substantivos terminados em –ão podem fazer o feminino das seguintes maneiras: 
a) Mudando a terminação –ão em –ã ou –ana. 
 
 órfão órfã 
 irmão irmã 
 sultão sultana 
 
 
b) Mudando a terminação –ão em –oa ou –ona 
 
 patrão patroa 
 leão leoa 
 solteirão solteirona 
 
 
c) De uma maneira irregular: 
 cão cadela 
 ladrão ladra 
 barão baronesa 
 tecelão tecedeira 
 
 
 
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6. Os substantivos terminados em s, r, z, l e u formam o feminino acrescentando um o: 
 deus deusa 
camponês camponesa 
leitor leitora 
juiz juíza 
espanhol espanhola 
peru perua 
 
 
Mas alguns substantivos terminados em – dor ou –tor fazem o feminino em –triz. 
imperador imperatriz 
embaixador embaixatriz 
actor actriz 
 
E outros, acabados em –dor, fazem o feminino em –deira 
 
lavrador lavradora ou lavradeira 
comendador comendadeira 
 
 
7. Existem, por último muitos substantivos que formam o feminino de um modo de todo 
irregular, não havendo, por vezes, relação alguma entre as femininas e masculinas. 
 
avô avó 
réu ré 
rei rainha 
ilhéu ilhoa 
cônsul consulesa 
boi vaca 
bode cabra 
carneiro ovelha 
 
 
 
 
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 O número 
Na sua maioria, os substantivos portugueses podem ser utilizados no singular e no plural. Existem, 
todavia, alguns como os nomes dos metais, dos ventos e os substantivos abstractos, que carecem 
normalmente de plural, enquanto outros só possuem este número. 
 o ferro o aço 
 a Além o suão 
 alíssaras cócegas 
 núpcias matinas 
 
E casos há em que o significado da palavra varia com o número: 
 fonte fontes 
 ânsia ânsias 
miolo miolos 
óculo óculos 
prata pratas 
face faces 
feição feições 
 
Regras de formação do plural 
1. Os substantivos terminados em vogal oral ou nasal ou em ditongo que não seja –ão formam o plural 
acrescentando um s. 
 casaco casacos 
 maçã maçãs 
 chapéu chapéu 
 boi bois 
 mãe mães 
 
2. Os substantivos terminados em –ão podem fazer o plural das seguintes maneiras: 
a) acrescentando um –s, geralmente quando provêm de substantivos latinos terminados em –anum. 
Todos os substantivos terminados em –ão átono fazem o plural em –ãos como são os seguintes casos: 
 irmão (< lat. germanum) irmãos 
 mão (<lat. manun) mãos 
 órfão (<lat. orphanum) órfãos 
 
 
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b) mudando de terminação –ão em –ães, geralmente quando provêm de palavras latinas terminadas em 
–anem: 
 pão (<lat. panem) pães 
 cão (<lat. canem) cães 
 
c) Mudando a terminação –ão em – ões, quando provêm em geral de palavras latinas acabadas em –
onem ou se trata de palavras derivadas com este sufixo: 
 oração (<lat. orationem) orações 
 lição (lat. lectionem) lições 
 
d) Alguns substantivos em –ão têm duas ou mais formas no plural: 
 aldeão aldeãos, aldeões ou aldeães 
 guardião guardiãos ou gurdiães 
3. Os substantivos terminados em consoante que não seja l ou m formam o plural acrescentando a 
terminação -es: 
 dor dores 
 deus deuses 
 rapaz rapazes 
Mas grande parte dos substantivos terminados em –s permanece invariável: 
 o lápis os lápis 
 o cais os cais 
 o alferes os alferes 
E outros, acabados em –x, fazem o plural em – ces, ainda que a existência no singular de formas em –
ce leve a crer que se trata de plurais regulares das mesmas: 
 o cálix ou cálice os cálices 
 o códex ou códice os códices 
 
 
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Formação de palavras compostas 
Consideram-se palavras compostas aquelas cujos elementos distintos estão separado por um hífen. 
Quando a palavra tem hoje ortograficamente o aspecto simples, a formação do plural não apresenta 
qualquer particularidade. 
 
 1. Se a palavra e composta por dois substantives unidos por urn hífen, ambos tomam a marca do 
plural: 
 couve-flor couves-flores 
 redactor-chefes redactores-chefes 
 
 2. Se a palavra e composta por dois substantivos unidos por uma preposição, apenas o primeiro 
toma a marca do plural: 
 pão-de-ló pães-de-ló 
 estrela-do-mar estrelas-do-mar 
 3. Se a palavra e composta por substantivo e adjectivo, ambos tomam a marca do plural 
 amor-perfeito amores-perfeitos 
 obra-prima obras-primas 
 capitão-mor capitães-mores 
 
5. Se a palavra é composta por adjectivo e substantivo, só este último toma a marca do plural 
grão-mestre grãos-mestres 
baixo-relevo baixo-relevos 
 
 Exceptuam-se, todavia, entre outros, os nomes dos dias da semana e a palavra gentil-homem. 
 a quarta-feira as quarta-feiras 
 o gentil-homem as gentis-homens 
 a má-línguas as más-línguas 
 
 
 
 
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 5. Se a palavra é composta por verbo e substantivo ou adjectivo, apenas estes últimos tomam a 
marca do plural: 
 quebra-luz quebra-luzes 
 mata-borrão mata-borrões 
 vira-casacas vira-casacas 
 
 
 Mas, nos compostos em que uma das partes e constituída pela palavra guarda, esta leva ou não a 
marca do plural consoante seja sentida como substantive ou como verbo pelos falantes: 
 o guarda-nocturno os guardas-nocturnos 
 o guarda-marinha os guardas-marinhas 
 o guarda-lama os gurada-lamas 
 
6. Se a palavra e composta por dois verbos, apenas o segundo toma a marca do plural: 
 o pisca-pisca os pisca-piscas 
 o chupa-chupa os chupas-chupas 
 
7. Se a palavra e composta por uma palavra invariável e outra variável, apenas esta última 
toma a marca do plural: 
o recém-nascido os recém-nascidos 
o vice-rei os vice-reis 
 
 
 
 
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Derivação 
 
 
 Formação Exemplos 
Derivação prefixal prefixo + palavra primitiva 
a + pôr = apor 
semi + círculo = semicírculo 
tri + ângulo = triângulo 
contra + pôr = contrapor 
ex + pôr = expor 
im + pôr = impor 
per + correr = percorrer 
Derivação sufixal palavra primitiva + sufixo 
casa + arão = casarão 
chuva + oso = chuvoso 
calma + mente = calmamente 
casa + inha = casinha 
casa + eiro = caseiro 
Derivação parassintética 
prefixo + palavra primitiva + 
sufixo 
a + funil + ar = afunilar 
en + gaiola + ar = engaiolar 
a + manh(ã) + ecer = 
amanhecer 
Derivação regressiva 
A palavra primitiva reduz-se 
ao formar a palavra derivada 
abalar > abalo 
errar > erro 
cortar > corte 
debater > debate 
recuar > recuo 
Derivação imprópria 
Mudança gramatical nas 
palavras sem alteração da 
forma 
Porto - porto (vinho) 
pereira - Pereira 
(árvore) (apelido) 
 
 
 
 
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2.3. Adjectivo 
Existem em português adjectivos qualificativos que possuem uma única forma para o masculino e para 
o feminino, mas na sua maior parte são biformes. As regras dadas para a formação do feminino, do 
plural e dos diminutivos e aumentativos dos substantives servem para os adjectivos. 
 
Grau dos adjectivos 
Os graus do adjectivo português são três: positivo, comparativo e superlative. 
COMPARATIVO. — O comparativo pode ser de superioridade, de inferioridade e de igualdade. 
O comparativo de superioridade e o de inferioridade formam--se antepondo ao adjective, 
respectivamente, os advérbios mais e menos (por vezes reforçados por ainda, bem ou muito) e pos-
pondo-lhe que ou do que quando no segundo termo da comparação não figura nenhum verbo: 
 
Esta andorinha e mais linda que (ou do que) aquela 
 O menino e menos louro que (ou do que) a menina 
 João e ainda mais simptitico que (ou do que) a irmã 
Este lápis e bem menos duro que (ou do que) o outro 
 
Quando o segundo termo da comparação contem algum verbo, a forma empregada e sempre do que: 
Era mais nova do que eu julgava 
O livro era menos interessante do que me tinham dito 
 Este pane e inferior aquele A ponte e anterior a igreja 
O comparativo de igualdade forma-se antepondo ao adjectivo a forma contraída de tanto, tão—que 
pode também suprimir--se —, e pospondo-lhe como: 
Esta garota é tão esperta como aquela 
O vestido não era tão bonito como o da irmã 
Este lerifol esta branco como a neve 
 
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Em linguagem muito literária pode empregar-se como segundo termo de comparação a forma 
contraída de quanto, quão, quando se comparam duas ou mais qualidades de uma ou varias pessoas ou 
coisas: 
Maria e tão bonita quão simpática 
A sola estava adornada tão rica quão formosamente 
Esta rapariga e tão trabalhadora quanto o marido e preguiçoso 
O segundo termo duma comparação pode, por vezes, ser introduzido por que nem: 
 
Come que nem um bruto 
SUPERLATIVO. — O superlativo pode ser absoluto ou relativo, consoante refira uma qualidade no 
mais alto grau ou a compare com as que possuem os outros. 
O superlativo absoluto pode ser simples ou composto. 
O superlativo absoluto simples forma-se por meio do sufixo -issimo ou, menos frequentemente, -
ilimo e errimo. 
Quando o adjectivo termina em vogal átona, esta desaparece ao acrescentar-se a terminação -
issimo, e quando acaba em -ao, -m, -z ou -vel, dá-se uma regressão de carácter erudito às velhas formas 
latinas em -n, -ce e -bil. Assim: 
 vaidoso vaidosíssimo 
comum comuníssimo 
 
Os superlativos em -ílimo e -érrimo são, em geral, muito literários e pouco usados, a excepção de 
facílimo (de fácil) e dificílimo (de difícil), que se ouvem inclusivamente na linguagem familiar. 
O superlative absoluto composto forma-se antepondo ao adjectivo os advérbios muito, bastante, 
bem, assaz, extremamente, consideravelmente, sumamente, etc. 
 Este homem é muito rico. 
 A lição é extremamente difícil. 
 O jardim era bem bonito. 
O superlativo relativo forma-se antepondo o artigo definido ou um adjectivo possessivo ao comparativo e 
pospondo-lhe a preposição de, que por vezes e substituída por entre ou dentre e por vezes se suprime: 
 
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O dia mais frio do Inverno 
A Maria é a mais bonita das irmãs 
António era o mais rico entre (ou dentre) os primos 
Ofélia é a mais jeitosa 
FORMAS ESPECIAIS DE COMPARATIVO E SUPERLATIVO. — Alguns adjectivos muito comuns possuem 
formas especiais de comparativo e superlativo, derivadas directamente do latim. Assim: 
 
bom melhor óptimo 
 
mau pior péssimo 
 
grande maior máximo 
 
pequeno menor mínimo 
 
alto superior supremo 
 
baixo inferior ínfimo
 
 
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2.4. Numerais 
Consoante venham seguidos de substantivos ou os substituam os numerais podem ser adjectivos ou 
pronomes. Servem para indicar: a quantidade (cardinais), a ordem (ordinais), que umaunidade é 
multiplicada ou dividida um número determinado de vezes (proporcionais) ou mesmo uma colecção 
de pessoas, animais ou coisas (colectivos). 
 
Cardinais ordinais multiplicativos partitivos 
0 zero 
1 um, uma primeiro, -a 
2 dois, duas segundo, -a duplo, dobro meio, -a, metade 
3 três Terceiro, -a triplo ter,co, terça parte 
4 quatro quarto, -a quadrúpulo quarto, quarta parte 
5 cinco quinto, -a quintúplo quinto, quinta parte 
6 seis sexto, -a sêxtuplo sexto, sexta parte 
7 sete sétimo, -a séptulo étima, sétima parte 
8 oito oitavo, -a óctuplo oitavo, oitava parte 
9 Nove nono, -a nónuplo nono, nona parte 
10 dez Décimo, -a décuplo décimo, décima parte 
11 onze Décimo primeiro, -a undécuplo undécimo, undécima parte 
12 doze Décimo segundo, -a duodécima, duodécima parte 
13 treze Décimo terceiro, -a 
14 catorze Décimo quarto, -a 
15 quinze Décimo quinto, -a 
16 dezasseis Décimo sexto, -a 
17 dezassete Décimo sétimo, -a 
18 dezoito Décimo oitavo, -a 
19 dezanove Décimo nono, - a 
20 vinte vigésimo vigésimo, vigésima parte 
21 vinte e um vigésimo primeiro, -a 
 
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22 vinte e dois vigésimo segundo, -a 
30 trinta trigésimo, -a trigésimo, trigésima parte 
31 trinta e um trigésimo, primeiro, -
a 
 
40 quarenta quadragésimo, -a 
50 cinquenta quinquagésimo, -a 
60 sessenta sexagésimo, -a 
70 setenta septagésimo, -a 
80 oitenta octogésimo, -a 
90 noventa nonagésimo, -a 
100 cem centésimo, -a centésimo, centésima parte 
200 duzentos, -as ducentésimo, -a 
300 trezentos, -as trecentíssmo 
400 quatrocentos, -
as 
quadrigentésimo, -a 
500 quinhentos, -as quingentésimo, -a 
600 seiscentos, -as seiscentésimo, -a 
700 setecentos, -as septigentésimo, -a 
800 oitocentos, -as octigentésimo, -a 
900 novecentos, -as nongentésimo, -a 
1000 mil, um milhar milésimo, -a cêntuplo milésimo, milésima parte 
2000 dois (duas) mil 
10 000 dez mil 
100 000 cem mil décimo milésimo, décima 
milésima parte 
1000000 um milhão, 
um conto 
milionésimo, -a 
Um bilião 
Um trilião 
 
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Colectivos 
par, parelha, dístico, dueto, biénio 
trio, terceto, terno, triénio 
quadra, quarteto, quadrénio 
quina, quintilha, quinteto, quinquénio, lustro 
sena, sextilha, sexteto 
semana 
oitava 
noventa 
dezena 
dúzia 
quinzena 
vintena 
cento, centena, século, centenário 
milha, milheiro 
 
2.5. Pronomes 
2.5.1. Pronomes Pessoais 
Os pronomes pessoais caracterizam-se por denotarem as três pessoas gramaticais, isto é, quem fala (1ª 
pessoa), com quem fala (2ª pessoa) e de quem se fala (3ª pessoa). Exemplos: 
(1) a. Tu preferes ficar aqui numa miséria. 
b. Um dos nadadores lançou-se à piscina e apanhou-o lá em baixo. 
c. Já lhe tinha falado disso. 
Quanto à função, os pronomes pessoais podem ser rectos ou oblíquos. Designam-se rectos quando 
funcionam como sujeito da oração (ex. (1a)) e oblíquos quando funcionam como complemento directo 
(ex. (1 b)) ou indirecto (ex. (1c)). 
Quanto à acentuação, os pronomes pessoais sujeito só têm a forma tónica, enquanto os oblíquos 
podem ser tónicos ou átonos. O quadro que se segue sistematiza estas informações. 
 
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Pronomes pessoais 
Pronomes Pessoais Oblíquos Número Pessoa Pronomes 
Pessoais 
Rectos átonos Tónicos 
Singular 1a pessoa 
2a pessoa 
3a pessoa 
Eu 
tu 
ele, ela 
me 
te 
o, a, lhe 
mim, comigo 
ti, contigo 
ele, ela, si 
Plural 1a pessoa 
2a pessoa 
3a pessoa 
Nós 
vós 
eles, elas 
nos 
vos 
os, as, lhes 
nós, connosco 
vós, convosco 
eles, elas 
 
2.5.2. Pronomes relfexos 
As formas me, te, nos, vos, os de complemento directo dos pronomes pessoais da 1ª e 2ª pessoaservem 
também como reflexos. Assim: 
Levantei-me às sete horas. 
Encaminhávamo-nos para a estação 
Mas para a 3ª pessoa existem formas especiais que servem para os dois géneros e os dois números: 
 Singular e Plural 
 Comp. sem preposição se 
 Comp. com preposição (excepto com com) si 
 Comp. com a preposição com consigo 
Exemplos: 
 Os rapazes feriram-se com a faca. 
 Você está a falar consigo ou comigo? 
 Ela é muito egoísta, só vive para si. 
 
 
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2.5.3. Pronomes possessivos 
Para um só possuidor 
 Singular Plural 
1a pessoa Masc meus meus 
 Fem minhas minhas 
 
2 pessoa Masc teu teus 
 Fem tua tuas 
3 pessoa Masc seu seus 
 Sua suas 
 
Para vários possuidores 
 Singular Plural 
1a pessoa Masc nosso nossos 
 Fem nossa nossas 
2 pessoa Masc vosso vossos 
 Fem vossa vossas 
3 pessoa Masc seu seus 
 suas 
 
 
 
 
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2.5.4. Pronomes demonstrativos 
Formas variáveis 
 Singular Plural 
Masc este estes 
 esse esses 
 aquele aqueles 
 
Fem esta estas 
 Essa essas 
 aquela aquelas 
 
Formas invariáveis: isto, isso, aquilo. 
As formas variáveis dos demonstrativos podem ser usadas como adjectivos ou pronomes, enquanto 
as invariáveis só são utilizadas pronominalmente. 
 
2.5.5. Pronomes relativos 
Formas variáveis 
 Singular Plural 
 Masc cujo, quanto cujos, quantos 
 Fem cuja, quanta cujas, quantas 
 Masc/Fem qual quais 
 
Formas invariáveis: que, qual 
 
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2.5.6. Pronomes interrogativos 
Todos os relativos podem ser usados como interrogativos, à excepção de cujo, que podia ser 
interrogativo na época clássica. Não existe em português qualquer distinção ortográfica entre as 
formas interrogativas e relativas. Exceptuando quem,que nem sempre é pronome, os interrogativos 
podem ser utilizado como valor pronomina ou adjectival. 
 
2.5.7. Pronomes indefinidos 
Os pronomes idefinidos são aqueles que quantificam o núcelo do nome no interior de um sintagama 
nominal. Os pronomes indefinidos apresentam formas variáveis e invariáveis 
 
Variáveis 
Algum alguns alguma algumas 
Nenhum nenhuns nenhuma nenhumas 
Todo todos toda todas 
Outro outros outra outras 
Muito muitos muita muitas 
Pouco poucos pouca poucas 
Certo certos certa certas 
Vário vários vária várias 
Tanto tantos tanta tantas 
Quanto quantos quanta quantas 
Qualquer quaiquer 
 
 
 
 
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Invariáveis 
Alguém 
Ninguém 
Tudo 
Outrem 
Nada 
Cada 
Algo 
As formas variáveis são também designadas pronomes adjectivos porque concordam em género e 
número com o núcleo nominal. Exemplos: 
Aqui há muitos feitiços. 
Esse é outro assunto. 
 
 
2.6. Verbo 
O verbo é uma palavra variável que desempenha na oração, a função de predicado. Pode exprimir um 
estado (O Luís é meu irmão), um estado transitório (o dia está quente), uma mudança de estado (Cai a 
noite) e uma acção (o cão ladra). Os verbos também caracterizam-se por trazer em si uma ideia 
temporal (escrevo o teu nome, Camões escreveu os Lusíadas, daqui a pouco escreverás melhor). 
 
Conjugações 
Existem em Português três conjugações: a 1ª em –ar, a 2ª em –er e a 3ª em –ir. Constituem execepção 
o verbo pôr e os seus compostos – compor, depor, dispor, expor, propor, repor, etc, que se 
consideram como integrados na 2ª conjugação, por a sua terminação –or constituir uma contracção 
arcaica –oer < lat. – onere. 
 
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Modos e Tempos verbais 
Os modos que a gramática tradicional distingue nos verbos portugueses são os seguintes: indicativo, 
conjuntivo, condicional e imperativo. As formas finitas do verbo são o particípio ou abjectivo verbal, o 
gerúndio ou advérbio verbal e o infinitivo ou substantivo verbal. 
O modo indicativo consta de cinco tempos simples – presente, imperfeito, perfeio simples, mais-que-
perfeito simples e futuro imperfeito e três tempos compostos – perfeito composto, mais-que-perfeito 
composto e futuro perfeito. O condicional consta dum tempo simples – o condicional presente e de 
outro composto – o condicional perfeito. Os tempos compostos formam-se geralmente em português 
com o correspondente tempo simples do verbo ter e o particípio passado do verbo que se conjuga. 
 
O perfeito simples do indicativo é o mais usado que o perfeito composto do mesmo modo. Os dois 
mais-que-perfeitos do indicativo – simples e composto – são equivalentes semanticamente. Os dois 
futuros do conjuntivo – imperfeito e perfeito – nos verbos regulares coincidem, respectivamente, com 
o infinito pessoal presente e o infinito pessoal perfeito. 
 
O infinito – tanto impessoal como pessoal – e o gerúndio podem ser presentes ou perfeitos. O 
participio presente, pelo contrário, perdeu o seu carácter verbal ficando reduzido à categoria de 
simples adjectivo: ouvinte, pedinte, estudante, etc. 
 
2.7. Advérbio 
 
ADVÉRBIOS DE MODO 
A maior parte dos advérbios de modo portugueses derivam, como os espanhóis, de adjectivos 
qualificativos a cuja forma femenina se junta a terminaçao – mente, que foi originariamente um 
substantivo empregado em frases do tipo lat. bona mente ‘’como mente boa‘’, sana mente ‘’com mente 
sã‘’. Assim, de rigoroso, rigorosamente; de perfeito, perfeitamente; de terno, ternamente; de limpo, 
limpamente, etc. 
Nos adjectivos que possuem uma única forma para o masculino e para o femenino, o advérbio deriva 
dessa forma. Assim, de simples, simplesmente; de cortês, cortesmente; de nobre, nobremente, etc. A 
 
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aparente irregularidade de portuguesmente (portuguesamente), inglesmente (por inglesamente), e 
doutros advérbios derivados de adjectivos gentilícos terminados em – ês, é devida ao facto de os 
femeninos destes adjectivos serem muito modernos e a criação do advérbio ter tido lugar quando 
existia ainda uma forma única para os dois géneros. 
Outras vezes é o próprio adjectivo masculino que passa a ter o valor adverbial, como sucede também 
em espanhol: 
 
Fala faixo! 
Vinha muito ligeiro 
 
Mas existem muitos advérbios de modo com formas especiais como: bem, mal, assim, como, deveras, 
aliás, devadar, depressa, debalde. 
E existem também inúmeras locuções adverbiais de modo, como: de cor, de facto, à toa, tintim por 
tintim, por um tris, por pouco, em vão, a sós, de repente, de súbito, de bom grado, de mau grado, de 
boa mente, à má cara, de joelhos, de pé, de afogadilho, à francesa, às avessas, às escondidas, às 
cegas, às escuras, ao de leve, à vondade, em geral, à antiga, à moda, a torto e a direito, a trouxe-
mouxe, no fim de contas, ainada assim, mesmo assim, já agora, em resumo, etc. 
 
 
ADVÉRBIOS DE TEMPO 
Os principais advérbios de tempo portugueses são: hoje, amanhã, ontem, anteontem, agora,já, ora, 
nunca, sempre, cedo, tarde, então, depois, jamais, antes, ainda, logo, entretanto, quando, outrora, 
antanho, doravamente, etc. 
As locuções adverbiais de tempo mais importantes são: depois de amanhã, por enquanto, por ora, a 
desoras, de vez em quando, de tempos a tempos, de longe a longe, às vezes, fora de horas, a miúdo, 
ainda não, ainda agora, hoje em dia, quanto antes, etc. 
 
ADVÉRBIO DE LUGAR 
Os principais advérbios de lugar portugueses são: aqui, cá, ali, lá, acolá, aquém, além, aí, acima, 
abaixo, dentro, fora, debaixo, adiante, diante, atrás, perto, loge, junto, onde, donde, aonde, cadê? ( 
Brasil), algures, nenhures, defronte, avante. 
 
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As locuções adverbiais de lugar mais importantes são: ao pé de, longe de, em frente de, detrás de, por 
detrás de, ao lado de, etc. 
 
ADVÉRBIOS DE QUANTIDADE 
Os principais advérbios de quantidade portugueses são: demais, muito, pouco, nada, mais, menos, 
bastante, assaz, apenas, mal, tão, tanto, quão, quanto, quase, mesmo. 
Locuções: ao todo, de todo em todo, a meias, nem tão- pouco, tão-só, tão-somente, ao menos, pelo 
menos, ao certo. 
 
ADVÉRBIOS DE ORDEM 
Os principais advérbios de ordem portugueses são: primeiro, segundo e outros ordinais empregados 
adverbialmente: primeiramente, sucessivamente, consecutivamente, etc. As locuções adverbiais de 
ordem mais importantes são: em primeiro lugar, em segundo lugar, etc. 
 
ADVÉRBIOS DE COMPARAÇÃOOs principais advérbios de comparação portugueses são: como, melhor, pior, mais, menos, tão, quão, 
tanto, quanto. 
E as locuções: tal-qualmente, etc. 
 
ADVÉRBIOS DE AFIRMAÇÃO 
Os principais advérbios de afirmação portugueses são: sim, claro, certamente, realmente, também, 
outrosim, pois. 
As principais locuções adverbiais: sem dúvida, com certeza, pois sim, pois não*, pois é ou é, etc. 
 
ADVÉRBIOS DE NEGAÇÃO 
Os principais advérbios de negação portugueses são; não, nunca, jamais, nem. 
As locuções adverbiais mais importantes são: também não, em tempo algum, nunca mais, não mais, 
pois não*, etc. 
 
ADVÉRBIOS DE DÚVIDA 
Os principais advérbios de dúvida portugueses são:talvéz, acaso, porventura, quiçá. 
E as locuções: pois não?, pode ser..., etc. 
 
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ADVÉRBIO DE DESIGNAÇÃO 
O advérbio de designação mais empregue em português é eis, juntamente com as locuções eis aqui, ei-
lo cá e eis ali. 
 
ADVÉRBIOS DE EXCLUSÃO 
Os principais advérbios de exclusão portugeses são os seguintes: só, somente, apenas, unicamente, 
senão. E as locuções: a menos que, a menos de, etc. 
 
GRAUS DOS ADVÉRBIOS 
Os advérbios derivados de adjectivos qualificativos, e alguns dos de tempo e dos de quantidade, 
admitem graus como os adjectivos: 
 
António trabalha muitíssimo mas João estuda muito pouco. 
Todos devemos proceder o mais dignamente possível 
Alguns advérbios formam irregularmente, como em espanhol, o seu grau de comparação. Assim, bem 
faz melhor, mal faz pior. 
 
Agora trabalhas melhor que antes 
O doente está a pior hoje do que estava ontem. 
 
Mas estes comparativos irregulares não se utilizam em português diante de um particípio. Assim: 
 
O casaco dela estava mais bem frio do que o meu 
Este prédio parece mais mal construído do que o outro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CONTRACÇÕES DOS ADVÉRBIOS 
 COM AS PREPOSIÇÕES “DE” E “A” 
 
Alguns advérbios de lugar contraem-se com as prep. de ou a: 
 
dacolá dalí 
daí daquém 
dalém daqui 
dalgures donde 
 aonde 
A PREPOSIÇÃO 
 
São estas as principais preposições portuguesas: 
 
a entre 
ante para 
após por 
até perante 
com sem 
contra sob 
de sobre 
desde trás 
em 
 
Em português arcaico existiu a preposição per (mod. por), que se mantém nas contracções com o 
artigo. Também pós (atrás de) e empós caíram hoje em desuso. 
Considera-se também preposições outras palavras de origem verbal ou nominal, como: 
conforme segundo 
consoante excepto 
durante salvo 
fora, afora mediante 
tirante 
 
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Muito numerosas são também as locuções preposicionais: 
 
ao pé de dentro de 
junto a, junto de fora de 
a para de à roda de 
ao longo de por baixo de 
além de debaixo de 
a fim de em cima de 
em torno de por cima de 
antes de a respeito de 
depois de em volta de 
acima de a propósito de 
debaixo de acerca de 
por causa de quanto a 
longe de apesar de 
perto de através de 
em vez de cerca de 
em lugar de 
 
A CONJUNÇÃO 
As principais conjuções e sintagmas conjuntivos portugueses são: 
 
COPULATIVAS 
e que 
nem 
 
DISJUNTIVAS 
ou já...já 
ou...ou quer...quer 
nem...nem seja...seja 
ora...ora quando...quando 
 
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ADVERSATIVAS 
 
mas no entanto 
mas sim não só...mas também 
mas antes não apenas...mas também 
senão não apenas...mas ainda 
porém 
contudo 
todavia 
 
CONCLUSIVAS 
 
logo por conseguinte 
portanto por consequência 
pois consequentemente 
ora conseguintemente 
donde 
por isso 
 
COMPARATIVAS 
 
que assim também 
como tanto...quanto 
conforme tanto mais...quanto mais 
consoantetal...quaal 
segundo assim como...assim também 
assim como tal como 
bem como 
do mesmo modo que 
 
 
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CONDICIONAIS 
 
se desde que 
quando a menos que 
a não ser que contanto que 
salvo se suposto que 
excepto se dado que 
sem que nem que 
se não como se 
no caso que 
 
CAUSAIS 
 
que porquanto 
porque visto que 
pois visto como 
como pois que 
por isso que por causa de 
já que uma vez que 
por via de (pop.) 
 
FINAIS 
 
que a fim de que 
porque a fim de 
para que 
 
 
 
 
 
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CONCESSIVAS 
 
embora conquanto 
ainda que se bem que 
posto que mesmo que 
apesar de que quando 
sem embargo de não obstante 
por mais que 
 
CONSECUTIVAS 
 
que ( levando, em geral, as palavras de jeito que 
 tal, tanto, tão, etc. por antecedente) de tal maneira que 
de maneira que de forma que 
de modo que de sorte que 
de tal modo que tanto mais que 
 
TEMPORAIS 
 
quando antes que 
enquanto depois que 
enquanto (que) sempre que 
entretanto tanto que 
logo que apenas 
assim que à medida que 
desde que ao passo que 
até que no momento en que 
mal primeiro que 
todas as vezes que 
 
 
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A INTERJEIÇÃO 
Existe em português uma grande variedade de interjeições e de locuções exclamativas que, apesar da 
sua aparente espontaniedade, se transmitem por tradição como os restantes elementos da linguagem. 
Devido ao estreito parentesco que une as duas línguas ibéricas, as interjeições portuguesas coicidem 
muitas vezes com as espanholas, embora nem sempre haja uma correspondência do seu significado ( 
que, aliás, varia com a entoção), pelo que se torna dificil consenguir uma boa tradução. As mais 
importantes são as seguintes: 
Para manifestar alegria: Oh!, Ah!, Ai!, Óptimo!, Magnifíco!, Belo!, Estupendo! 
 
Como exclamação ou grito de dor: Ai!, Ui!, Ah!, Oh!, Ai meu Deus!, Deus meu! 
 
Como expressão de desagrado ou pena: Ai!, Hui!, Uf!, Ai Jesus!, Oh!, Valha-me Deus!, 
Coitadinho!, Meu Deus!, Ai de mim!, Coitado do homem!, Que pena! 
 
Para manifestar admiração ou surpresa: Oh!, Ah!, Ih!, Olá!,Olé-, Eia!, Ena!, Ih caramba!, Cáspite!, 
Essa é boa!, Ora toma!, 
 
Para expressar entusiasmo ou dar ânimo: Viva! ( que se emprega também como cumprimento familiar 
equivalente ao espanhol ‘Hola!’), Bravo!, Bis!, Magnífico!, Hip, hip hurra!, Muito bem!, Coragem!, 
Ânimo!, Vamos!, Anda!, Agora!, Avante!, Avante!, Olé!, Eia! 
 
Para manifestar indignação, repulsa ou cólera: Morra!, Abaixo!, Fora!, Safa!, Alto!, Alto lá!, Credo!, 
Apre!, Irra!, Abrenúncio!, Basta!, Diacha!, Diabo! 
 
Para impor silêncio: Pschiu!, Schiu!, Chut!, Caluda!, Cale-se!, Pouco barrulho!, Silêcio! 
 
Com expressão de desejo: Oxalá!, Tomara eu!, Quem dera!, Deus queira!, Deus o permita!, Provera 
Deus!, Quem nos dera! 
Como expressão de dúvida e falta de confiança no que diz o interlocutor: Hum!, Heim! 
Para chamar a atenção de alguém ou pedir socorro: Olá!, Escuta!, Escuta!, Ouve cá!, Olha lá!, 
Cuidado!, Atenção!, Cautela!, Socorro!, antigamente: Aqui-d’el-Rei!, Ó-da-guarda! 
 
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Para chamar uma pessoa qualquer, usa-se em português a partícula vocativa ó, que se coloca antes do 
nome desta. Assim: Ó Maria!, Ó João!, Ó Catarina!, Ó paizinho!, Ó menina!, Ó senhor Almeida!, Ó 
senhor doutor!, Ó senhora dona Amélia! 
 
Mas, em linguagem popular de algumas regiões de Portugal, emprega-se á em vez de ó, e noutras 
ouve-se é , ainda que esta última interjeição esteja menos difundida com valor de vocativo.Assim: Á 
Maria!, Á tia Anice!, É a senhora Manuela!, É tio Manuel! 
Para nos dirigirmos aos animais existem em português, como em espanhol, palavras especiais, que 
variam conforme as regiões. Citaremos, todavia, pela sua grande difusão: bich-bichi! (que provém do 
bicho, bicho!), que se utiliza para chamar os gatos; prr, prr!, te, te, te!, pio, pio!, que se emprega para 
chamar as galinhas; xó!, xó!, que se utiliza para fazer parar os animais de carga, enquanto arre!, se 
utiliza para os incitar; xo! Utiliza-se também para espantar aves; e uxtix!, uxte!, é usado pelos arreeiros 
para incitar os muares quando não querem andar. 
 
FUNÇÕES DAS PALAVRAS COMO, QUE E SE 
Função da palavra COMO 
Conjunção Subordinativa Causal 
Introduzorações que dão idéia de causa. Equivalente a porque, é usado no início da frase. 
Ex1: Como estive doente, não compareceu ao serviço. 
Ex2: Como passou mal, não foi a festa. 
Conjunção Subordinada Comparativa 
Introduz orações que exprimem o segundo elemento de uma comparativa, equivale a quanto, é 
precedido de tanto, tão,... 
Ex1: Ela é tal como me disseram. 
Ex2: Você o conhece tão bem como eu. 
Conjunção Subordinativa Conformativa 
Introduz orações que exprimem conformidade de um fato com outro, equivale a conforme. 
Ex1: Fizemos o trabalho como o professor pediu. 
Ex2: Em certas situações, devemos agir como manda nossa consciência. 
 
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Pronome Relativo 
Possui um antecedente que dá idéia de "modo": maneira, jeito, forma,... 
Ex1: Este foi o único modo como ele fez o trabalho. 
Ex2: Esta é a maneira como faço o meu serviço. 
Substantivo 
Através da derivação imprópria (conversão) a palavra como muda de classe gramatical e passa a ser 
sujeito. 
Ex1: Não sei o como de tudo isso. 
Ex2: Diga-me o como daquilo. 
Advérbio Interrogativo 
O advérbio interrogativo como (de modo) pode aparecer tanto nas interrogativas diretas quanto nas 
indiretas. 
Ex1: Não sei como resolver o problema. 
Ex2: Como resolver o problema? 
Preposição 
Aparece como preposição acidental por ser proveniente de outra classe gramatical, geralmente 
equivale a "por" 
Ex1: Obtiveram como resposta o bilhete. 
Ex2: Os ganhadores tiveram como prêmio uma medalha de ouro. 
Interjeição 
Classifica-se como interjeição devido além da classe gramatical como também devido o seu tom 
exclamativo 
Ex1: Como você não! 
Ex2: Como é assim e acabou! 
Advérbio de modo 
Aparece em frases não interrogativas e sem antecedente. 
Ex1: Não sei como você veio. 
Ex2: Gosto como você se veste. 
 
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Função da palavra QUE 
A palavra QUE pode pertencer a várias categorias gramaticais, exercendo as mais diversas funções 
sintáticas. Veja abaixo quais são essas funções e classificações. 
Advérbio 
Intensifica adjetivos e advérbios, atuando sintaticamente como adjunto adverbial de intensidade. Tem 
valor aproximado ao das palavras quão e quanto. 
Ex1: Que longe está meu sonho! 
Ex2: Os braços...;oh! Os braços! Que bem-feitos! 
Substantivo 
Como substantivo, tem o valor de qualquer coisa ou alguma coisa. Nesse caso, é modificado por um 
artigo, pronome adjetivo ou numeral, tornando-se monossílabo tônico ( portanto, acentuado). Pode 
exercer qualquer função sintática substantiva. 
Ex1: Um tentador quê de mistério torna-a cativante. 
Ex2: "Meu bem querer 
Tem um quê de pecado..."( Djavan) 
Também quando indicamos a décima sexta letra do nosso alfabeto usamos o substantivo quê. 
Ex: Mesmo tendo como símbolo kg, a palavra quilo deve ser escrita com quê. 
Preposição 
Equivale à preposição de ou para, geralmente ligando uma locução verbal com os verbos auxiliares ter 
e haver. Na realidade, esse QUE é um pronome relativo que o uso consagrou como substituto da 
preposição de. 
Ex1: Tem que combinar? (= de) 
Ex2: Amanhã, teremos pouco que fazer em nosso escritório. (= para) 
Além disso, a partícula QUE atua como preposição quando possui sentido próximo ao de exceto ou 
salvo. 
Ex: Chegara sem outro aviso que seu silêncio inquietante. 
 
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Interjeição 
Como interjeição, a palavra QUE (exclamativo) também se torna tônica, devendo ser acentuada. 
Exprime um sentimento, uma emoção, um estado interior e, equivale a uma frase, não desempenhando 
função sintática em oração alguma. 
Ex1: Quê! Você por aqui! 
Ex2: Quê! Nunca você fará isso! 
Partícula expletiva ou de realce 
Neste caso, a retirada da palavra QUE não prejudica a estrutura sintática da oração. Sua presença, 
nestes contextos, é um recurso expressivo, enfático. 
Ex1: Quase que ela desmaia! 
Ex2: Então qual que é a verdade? 
Obs: Pode aparecer acompanhado do verbo ser, formando a locução é que. 
Ex: Mas é que lá passava bonde. 
Pronome relativo 
O pronome relativo refere-se a um termo (por isso mesmo chamado de antecedente), substantivo ou 
pronome, ao mesmo tempo que serve de conectivo subordinado entre orações. Geralmente, o pronome 
relativo introduz uma oração subordinada adjetiva, nela desempenhando uma função substantiva. 
Neste caso, pode ser substituído por qual, o qual, a qual, os quais, as quais. 
Ex1: João amava Teresa que amava Raimundo. 
Ex2: Às pessoas que eu detesto diga sempre que eu detesto. 
Pronome Indefinido Substantivo 
Quando equivale a "que coisa". 
Ex1: Que caiu? 
Ex2: A fantasia era feita de quê? 
Pronome Indefinido Adjetivo 
Quando, funcionando com adjunto adnominal, acompanha um substantivo. 
Ex1: Que tempo estranho, ora faz frio, ora faz calor. 
Ex2: Que vista linda há aqui! 
 
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Pronome substantivo interrogativo 
Substitui, nas frases da língua, o elemento sobre o qual se deseja resposta, exercendo sempre uma das 
funções substantivas, significando que coisa. 
Ex1: Que terá acontecido? (= que coisa) 
Ex2: Que adiantaria a minha presença? (= que coisa) 
Pronome adjetivo interrogativo 
Acompanha os substantivos nas frases interrogativas, desempenhando função de adjunto adnominal. 
Ex1: Que livro você está lendo? 
Ex2: "Por aquela que foi tua, 
Que orvalho em teus olhos tomba?" ( Cecília Meireles) 
Obs: Caso semelhante (o qual não figura entre os tipos de pronomes registrados pela NGB) ocorre em 
frases exclamativas. Nesse caso, teríamos um pronome adjetivo exclamativo, sintaticamente atuando 
como 
adjunto adnominal. 
Ex1: Que poema acabamos de declamar! 
Ex2: Meu Deus! Que gelo, que frieza aquela! 
A conjunção QUE: o QUE pode ser conjunção coordenativa ou subordinativa. Conjunção 
coordenativa Como conjunção coordenativa, a palavra QUE liga orações coordenadas, ou seja, 
orações sintaticamente equivalentes. 
Aditiva 
Liga orações independentes, estabelecendo uma seqüência de fatos. Neste caso, o QUE não tem valor 
bastante próximo de conjunção e. 
Ex1: Anda que anda e nunca chega a lugar algum. 
Ex2: Fica lá o tempo com aquele chove que chove...! 
Explicativa 
A oração coordenada explicativa aponta a razão de se ter feito a declaração contida em outra oração 
coordenada. Quando introduz esse tipo de oração, oQUE tem valor próximo ao da conjunção pois. 
 
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Ex1: Mantenhamo-no unidos, que a união faz a força. 
Ex2: Deixe, que os outros pegam. 
Adversativa 
Indica oposição, ressalva, apresentando valor equivalente a mas. 
Ex1: Outro, que não eu, teria de fazer aquilo. 
Ex2: Outro aluno, que não eu, deveria falar-lhe, professor! 
Conjunção subordinativa A conjunção QUE é subordinativa quando introduz orações subordinadas 
substantivas e adverbiais. Essas orações são subordinadas porque desempenham, respectivamente, 
funções substantivas e adverbiais em outras orações ( chamadas principais ). 
Integrante 
O QUE é conjunção subordinativa integrante quando introduz oração subordinada substantiva. 
Ex1: "E ao lerem os meus versos pensem que eu sou qualquer coisa natural."( Alberto Caeiro) 
Ex2: Parecia-me que as paredes tinham vulto. 
Causal 
Introduz as orações adverbiais causais, possuindo valor próximo a porque. 
Ex1: Fugimos todos, que a maré não estava pra peixe. 
Ex2: Não esperaria mais, que elas podiam voar. 
Final 
Introduz orações subordinadas adverbiais finais, equivalendo a para que, a fim de que. 
Ex1: "...Dizei que eu saiba." ( João Cabral de Melo Neto) 
Ex2: Todos lhe fizeram sinal que se calasse. 
Consecutiva 
Introduz as orações subordinadas adverbiais consecutivas. 
Ex1: A minha sensação de prazer foi tal que venceu a de espanto. 
Ex2: "Apertados no balanço 
Margarida e Serafim 
 
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Manual de Portugues; da Teoria à Pratica – 2007 Elaborado Por : Dr. Carlito Companhia 69 
Se beijam com tanto ardor 
Que acabam ficando assim." ( Millôr Fernandes) 
Comparativa 
Introduz orações subordinadas adverbiais comparativas. 
Ex1: Eu sou maior que os vermes e todos os animais. 
Ex2: As poltronas eram muito mais frágeis que o divã. 
Concessiva 
Introduz orações subordinada adverbial concessiva, equivalente a embora. 
Ex1: Que nos tirem o direito ao voto, continuaremos lutando. 
Ex2: Estude, menino, um pouco que seja! 
Temporal 
Introduz oração subordinada adverbial temporal, tendo valor aproximado ao de desde que. 
Ex1: "Porém já cinco sóis eram passados que dali nos partíramos." ( Camões) 
Ex2: Agora que a lâmpada acendeu, podemos ver tudo. 
 
Função da palavra SE 
A palavra SE pode exercer diversas funções dentro da língua portuguesa. 
Tais funções são as seguintes: 
Pronome apassivador ou Partícula apassivadora 
Aparece na formação da voz passiva sintética com verbos transitivo direto, e transitivo direto e 
indireto; com verbo transitivo apenas indireto, não há possibilidade. Na prática, a frase pode ser 
transposta para a passiva analítica ( com dois verbos ). 
Ex1: Reformam-se móveis velhos. (= Móveis velhos são reformados. ) 
Ex2: Entregou-se o prêmio ao aluno que obteve a melhor nota. (= O prêmio foi entregue ao aluno que 
obteve a melhor nota. ) 
Índice de indeterminação do sujeito 
 
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Também chamado de pronome impessoalizador, pronome apassivador impessoal ou, ainda, 
símbolo de indeterminação do sujeito, aparece junto a verbo intransitivo ou transitivo indireto. 
Como o nome já diz, quando exerce essa função, a palavra SE indetermina o sujeito da oração. Esse 
tipo de oração não admite a passagem para a voz passiva analítica e o verbo estará sempre na 3º pessoa 
do singular. 
Ex1: Vive-se bem naquele país. 
Ex2: Precisava-se de novas fontes de riquezas. 
Pronome reflexivo 
Usado para indicar que a ação praticada pelo sujeito recai sobre o próprio sujeito ( voz reflexiva). É 
substituível por: a si mesmo, a si próprio etc. 
Ex1: O lenhador machucou-se com a foice. (= machucou a si mesmo) 
Ex2: Localize-se no mapa. (= localize a si próprio) 
Pronome reflexivo recíproco 
Usado para indicar que a ação praticada por um dos elementos do sujeito recai sobre o outro elemento 
do sujeito e vice-versa. Na prática, é substituível por: um ao outro, uns aos outros etc. 
Ex1: Pai e filho abraçaram-se emocionados. (= abraçaram um ao outro ) 
Ex2: Amigo e amiga deram-se as mão afetuosamente. (= deram as mãos um ao outro) 
Parte integrante do verbo 
Há verbos que são essencialmente pronominais, isto é, são sempre apresentados e conjugados com o 
pronome. Não se deve confundi-los com os verbos reflexivos, que são acidentalmente pronominais. Os 
verbos essencialmente pronominais geralmente se referem a sentimentos e fenômenos mentais: 
indignar-se, ufanar-se, atrever-se, admirar-se, lembrar-se, esquecer-se, orgulhar-se arrepender-se, 
queixar-se etc. 
Ex1: Os atletas queixaram-se do tratamento recebido. 
Ex2: Ele não se dignou de entrar. 
Partícula expletiva ou de realce 
O SE é considerado partícula expletiva ou de realce quando ocorre, principalmente, ao lado de verbos 
 
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intransitivos, de movimento ou que exprimem atitudes da pessoa em relação ao próprio corpo ( ir-se, 
partir-se, chegar-se, passar-se, rir-se, sentar-se, sorrir-se, etc. ), em construções em que não apresenta 
nenhuma função essencial para a compreensão da mensagem. Trata-se de um recurso estilístico, um 
reforço de expressão. 
Ex1: Acabou-se a confiança no próximo. 
Ex2: Lá se vai mais um caminhão de verduras. 
A conjunção SE: Atuando como conjunção, o SE sempre introduz oração subordinada. 
Conjunção subordinativa integrante 
Inicia orações subordinada substantiva ( subjetiva, objetiva direta etc.). 
Ex1: Ninguém sabe se ele venceu a partida. 
Ex2: Não sei se tudo isso vale a pena. 
Conjunção subordinativa condicional 
Introduz as orações subordinadas adverbiais condicionais. Essas orações exprimem a condição 
necessária para que se realize ou deixe de realizar o fato expresso na oração principal. Essa relação 
também se pode dar num nível hipotético. 
Ex1: Se não chover, partiremos à tarde. 
Ex2: O material será devolvido se você quiser. 
Sujeito de um infinitivo 
Trata-se das estruturas formadas pelos auxiliares causativos (deixar, mandar e fazer) e sensitivos ( ver, 
ouvir, sentir, etc.) quando seguidos de objeto direto na forma de oração reduzida. Nesse casos, o 
pronome SE atuará sintaticamente como sujeito. 
Ex1: Deixou-se ficar à janela a tarde toda. 
Ex2: O jovem professor sentiu-se fraquejar. 
Objeto direto 
Acompanha verbo transitivo direto que tenha sujeito animado. 
Ex1: Ergueu-se, passou a toalha no rosto. 
Ex2: Vestiu-se rapidamente, telefonou pedindo um táxi, saiu. 
 
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Objeto indireto 
Aparece quando o verbo é transitivo direto e indireto. 
Ex1: Ele arroga-se a liberdade de sair a qualquer hora. 
Ex2: Ele impôs-se uma disciplina rigorosa. 
Bibligrafia 
Cuesta, P. V. & Da Luz. M. A. (1971). Gramática da Língua Portuguesa. Lisboa: Edições 70. 
Pessoa, B. & Monteiro, D. (1999). Guia Prático dos Verbos Portugueses. Lisboa: Lidel 
 
 
Exercícios 
 
A. Escolha a alternativa que lhe parecer correcta 
 
1. Como e tão são: 
a. ambos advérbios 
b. adjectivos 
c. conjunções 
d. preposições 
 
2. Talvez e porventura são: 
a. ambos advérbios 
b. adjectivos 
c. conjunções 
d. locuções adverbiais 
 
3. Decerto e também são: 
a. ambos advérbios 
b. adjectivos 
c. conjunções 
d. preposições 
 
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4. Dali e daqui são: 
a. ambos advérbios 
b. adjectivos 
c. conjunções 
d. contracções de advérbios com preposições 
 
5. Desde e durante são: 
a. advérbios 
b. adjectivos 
c. conjunções 
d. preposições 
 
6. Ao pé de e a fim de são: 
a. ambos advérbios 
b. locuções preposicionais 
c. conjunções 
d. preposições 
 
7. Debaixo de e depois de são: 
a. advérbios 
b. locuções preposicionais 
c. conjunções 
d. preposições 
 
8. nem e que são: 
a. advérbios 
b. adjectivos 
c. conjunções 
d. preposições 
 
 
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9. Porém e contudo são 
a. advérbios 
b. adjectivos 
c. conjunções 
d. preposições 
 
10. Se e pois são 
a. ambos advérbios 
b. adjectivos 
c. conjunções 
d. preposições 
 
11. Qual das seguintes expressões não é uma interjeição: 
a. Ah! 
b. Que Deus permita! 
c. De maneira alguma. 
d. Oh menina! 
 
12. Na frase “A obra na qual trabalho fica óptima” a expressão sublinhada é: 
a. um pronome 
b. uma locução 
c. uma conjunção 
d. uma preposição 
 
13. Na frase “A casa em que eu moro vai ser vendida” a expressão sublinhada é: 
a. um pronome 
b. uma locução 
c. uma conjunção 
d. uma preposição 
 
 
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14. Na frase “O livro de que lhe falei ontem já está a venda” as expressões sublinhadas são: 
a. pronomes 
b. locuções 
c. conjunções 
d. preposições 
 
15. Na frase anterior a expressão lhe desempenha a função sintáctica de: 
a. sujeito 
b. objecto directo 
c. objecto indirecto 
d. complemento circunstancial 
 
16. Na frase “Perguntou-me o que é que o senhor procurava” a expressão sublinhada é: 
a. um pronome 
b. uma locução 
c. uma conjunção 
d. uma preposição 
 
17. Na frase “Todo o país está arruinado” a expressão sublinhada é um: 
a. pronome 
b. locução 
c. conjunção 
d. preposição 
 
18. Na frase “O Senhor diz ter estudado a quarta classe antiga” a a expressão sublinhada é 
um: 
a. substantivo 
b. adjectivo 
c. advérbio 
d. preposição 
 
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19. Na frase anterior a mesma expressão desempenha uma função: 
a. atributiva 
b. predicativa 
c. enfática 
d. coesiva 
 
20. Na frase “A criança não espera ser educada” a expressão sublinhada é um: 
a. substantivo 
b. adjectivo 
c. advérbio 
d. preposição 
 
21. Na frase anterior a mesma expressão desempenha uma função: 
a. atributiva 
b. predicativa 
c. enfática 
d. coesiva 
 
 
B. Diz em que tempo se encontram os verbos em cada uma das frases que se seguem 
 
1. Quando ela vê o cão grande a aproximar, foge logo para casa. 
a. presente do indicativo 
b. pretérito perfeito simples do indicativo 
c. pretérito imperfeito do indicativo 
d. pretérito mais que perfeito do indicativo 
 
2. No frigorifico há mais bebida do que carne 
a. presente do indicativo 
b. pretérito perfeito simples do indicativo 
c. pretérito imperfeito do indicativo 
d. pretérito mais que perfeito do indicativo 
 
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3. Eu já agradeci aos meus tios pelo presente que me ofereceram. 
a. presente do indicativo 
b. pretérito perfeito simples do indicativo 
c. pretérito imperfeito do indicativo 
d. pretérito mais que perfeito do indicativo 
 
4. Os trabalhos demoraram mais tempo porque choveu. 
a. presente do indicativo 
b. pretérito perfeito simples do indicativo 
c. pretérito imperfeito do indicativo 
d. pretérito mais que perfeito do indicativo 
 
5. Tu abriste a janela muito cedo. 
a. presente do indicativo 
b. pretérito perfeito simples do indicativo 
c. pretérito imperfeito do indicativo 
d. pretérito mais que perfeito do indicativo 
 
6. Aqueles homens disseram que o motorista foi morto. 
a. presente do indicativo 
b. pretérito perfeito simples do indicativo 
c. pretérito imperfeito do indicativo 
d. pretérito mais que perfeito do indicativo 
 
7. Então Pedro, tu ainda nau viu o prémio. 
a. presente do indicativo 
b. pretérito perfeito simples do indicativo 
c. pretérito imperfeito do indicativo 
d. pretérito mais que perfeito do indicativo 
 
 
 
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8. Nos estávamos tão envergonhadas que nem sabíamos o que fazer. 
a. presente do indicativo 
b. pretérito perfeito simples do indicativo 
c. pretérito imperfeito do indicativo 
d. pretérito mais que perfeito do indicativo 
 
9. O inimigo atacava em todas as frentes. 
a. presente do indicativo 
b. pretérito perfeito simples do indicativo 
c. pretérito imperfeito do indicativo 
d. pretérito mais que perfeito do indicativo 
 
10. Durante o ano passado encontrei me com ele. 
a. presente do indicativo 
b. pretéritoperfeito simples do indicativo 
c. pretérito imperfeito do indicativo 
d. pretérito mais que perfeito do indicativo 
 
11. O meu tio gostava de sair de mota. 
a. presente do indicativo 
b. pretérito perfeito simples do indicativo 
c. pretérito imperfeito do indicativo 
d. pretérito mais que perfeito do indicativo 
 
12. Ele disse que o homem descende do macaco. 
a. presente do indicativo 
b. pretérito perfeito simples do indicativo 
c. pretérito imperfeito do indicativo 
d. pretérito mais que perfeito do indicativo 
 
 
 
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13. Tens ido ao cinema sempre que tiveres dinheiro. 
a. presente do indicativo 
b. pretérito perfeito composto do indicativo 
c. pretérito imperfeito do indicativo 
d. pretérito mais que perfeito do indicativo 
 
14. Em Portugal tem nevado bastante. 
a. presente do indicativo 
b. pretérito perfeito composto do indicativo 
c. pretérito imperfeito do indicativo 
d. pretérito mais que perfeito do indicativo 
 
15. A Idalina tem escrito belos poemas. 
a. presente do indicativo 
b. pretérito perfeito composto do indicativo 
c. pretérito imperfeito do indicativo 
d. pretérito mais que perfeito do indicativo 
 
16. Tínhamos proposto um outro nome para o cargo. 
a. presente do indicativo 
b. pretérito perfeito composto do indicativo 
c. pretérito imperfeito do indicativo 
d. pretérito mais que perfeito composto do indicativo 
 
17. Quem terá continuado a obra nau tem muito que falar. 
a. presente do indicativo 
b. pretérito perfeito do indicativo 
c. futuro imperfeito do indicativo 
d. pretérito mais que perfeito do indicativo 
 
 
 
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18. Espero que este negocio corra bem. 
a. presente do conjuntivo 
b. pretérito perfeito do indicativo 
c. pretérito imperfeito do indicativo 
d. pretérito mais que perfeito do indicativo 
 
19. Os vizinhos lamentavam que ele fizesse tanto barulho. 
a. presente do indicativo 
b. pretérito perfeito do indicativo 
c. pretérito imperfeito do conjuntivo 
d. pretérito mais que perfeito do indicativo 
 
20. Se o concerto principiar as dezoito horas, chegaremos muito tarde. 
a. presente do indicativo 
b. pretérito perfeito do indicativo 
c. futuro imperfeito do conjuntivo 
d. pretérito mais que perfeito do indicativo 
 
C. Nas frases que se seguem diga, qual a alternativa correcta no que diz respeito ao tipo de 
conjunção: 
 
1. Quando a modista me apresentou a conta, eu quase desmaei. 
A. temporal 
B. condicional 
C. comparativa 
D. consecutiva 
 
2. Devem internar o homem num manicómio antes que faça mais alguma tolice. 
A. temporal 
B. condicional 
C. comparativa 
D. consecutiva 
 
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3. Logo que puseram o anúncio na imprensa apareceram logo candidatos ao emprego. 
A. temporal 
B. condicional 
C. comparativa 
D. consecutiva 
 
4. Eu tomei conta das crianças até que as dores do Pedro passassem por completo. 
A. temporal 
B. condicional 
C. comparativa 
D. consecutiva 
 
5. Não faltei um único dia desde que trabalho nesta empresa. 
A. temporal 
B. condicional 
C. comparativa 
D. consecutiva 
 
6. Se o banco já estiver encerrado, ainda podes levantar o dinheiro na ATM mais 
próxima. 
A. temporal 
B. condicional 
C. comparativa 
D. consecutiva 
 
7. O concerto poder-se-à realizar no jardim, desde que o estado do tempo permita. 
A. temporal 
B. condicional 
C. comparativa 
D. consecutiva 
 
 
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8. Caso o seu filho tenha de novo esta alergia, deve levá-lo ao médico especialista. 
A. temporal 
B. condicional 
C. comparativa 
D. consecutiva 
 
9. Eles propõem-se chegar mais cedo, contanto que o autocarro não demore tanto. 
A. temporal 
B. condicional 
C. comparativa 
D. consecutiva 
 
10. Tenho que escolher os alunos que farão parte do grupo de estudo a menos que haja 
voluntários.. 
A. temporal 
B. condicional 
C. comparativa 
D. consecutiva 
 
11. Hoje uma calça de pano leve custa dez vezes mais do que custava em 1980. 
A. temporal 
B. condicional 
C. comparativa 
D. consecutiva 
 
12. Tudo se passou tão rapidamente que nem sequer esboçaram uma reacção. 
A. temporal 
B. condicional 
C. comparativa 
D. consecutiva 
 
 
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13. O acidente causou-lhe ferimentos tais que ele teve de ficar internado no hospital. 
A. temporal 
B. condicional 
C. comparativa 
D. consecutiva 
 
14. Tratou o empregado com tanto desprezo que ele se sentiu humilhado. 
A. temporal 
B. condicional 
C. comparativa 
D. consecutiva 
 
15. Achei o encontro pouco produtivo que nem sequer deu para levantar questões. 
A. temporal 
B. condicional 
C. comparativa 
D. consecutiva 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3. ESTRUTURA DA LÍNGUA – SINTAXE 
 
3.1. Frase, Oração e período 
Uma frase pode conter uma ou mais orações. A frase contém uma oração quando apresenta 
uma única forma verbal (incluindo locuções verbais) 3(a). Se a frase tiver duas formas verbais, terá 
igual número de orações 3(b). Exemplos: 
 
3 (a) Ela feriu-se gravemente. 
 (b) Quando ela se feriu, eu estava por perto. 
 
 Um período é uma frase organizada em oração ou orações. O período pode ser simples, quando 
constituído de uma só oração(3c); ou composto, quando formado de duas ou mais orações (3d). 
Exemplos: 
 
 3 (c) Saí de casa cedo. 
 (d) Não chovia, não fazia vento. 
 
 Em suma, a frase pode apresentar uma ou mais orações, dependendo das forma verbais que 
contemplar. Um período é uma unidade gramatical maior que a frase, uma vez que esta se encontra 
envolvida e agrupada no período. Por outro lado, o período termina sempre com uma pausa bem 
definida por um sinal de pontuação(ponto, ponto de exclamação, interrogação, dois pontos, etc.). 
 
3.2. Análise sintagmática 
 A análise sintagmática refere-se à análise da frase em sintagmas, isto é, em grupos. Numa frase 
cada sintagma apresenta um núcleo, que corresponde a uma determinada classe de palavra (nome, 
verbo, adjectivo, advérbio). Assim tendo em conta a classe de palavra do núcleo, teremos os diversos 
sintagmas: Sintagma Nominal, Sintagma Verbal, Sintagma Adjectiva e Sintagma Adverbial. Por 
exemplo, um Sintagma Nominal tem como núcleo um substantivo (nome) que, normalmente, ocorre 
com um determinante, enquanto o Sintagma Verbal tem como núcleo o verbo. Exemplo: 
 
 
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4 (a) [SN O António] [SV Comeu [SN2 uma Laranja]]. 
 
 F 
 
 
 SN SV 
 
 Det N V SN2 
 
 Det N 
 
 
 O António comeu uma laranja 
 
 
 Na representação acima, o núcleo do primeiro Sintagma Nominal é o António e o determinante 
é o. No segundo Sintagma Nominal o núcleo é laranja e o determinante é uma. No sintagma verbal o 
núcleo é o verbo comer. 
 
3.3. Tipos e formas de frase 
A intenção comunicativa do emissor determina o tipo de frase que aquele utilizará. 
Frases declarativas — São utilizadas para transmitir informações, relativas quer ao referente, quer 
aos próprios intervenientes do acto comunicativo (emissor e receptor). Nestas frases predomina a 
função informativa da linguagem. 
Na fala, estas frases caracterizam-se por uma entoação ascendente a que se segue, na parte final, uma 
entoação descendente. Na escrita, são normalmente sinalizadas por ponto final. 
Amanhã, não posso vir à aula de Português. 
 
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Frases interrogativas — Permitem formular perguntas. Como é evidente, este tipo de frase visa 
colmatar uma lacuna de informação, pelo que normalmente se relaciona com a função informativa da 
linguagem. 
Este tipo de frase pode também ser utilizado para exprimir espanto ou indignação, pelo que está 
igualmente relacionado com a função expressiva da linguagem. 
Possuem uma entoação claramente ascendente que, na escrita, é representada pelo ponto de 
interrogação, se se tratar de uma interrogativa directa. 
Vais ao cinema? 
Frases exclamativas — Exprimem as emoções, o estado de espírito do emissor. O seu conteúdo 
informativo é reduzido; servem, sobretudo, para dar vazão à tensão emocional do emissor. Portanto, 
são elas que asseguram a função expressiva ou emotiva da linguagem. 
Oralmente caracterizam-se pela articulação muito intensa de uma sílaba (Que desgraaaça!). Na 
escrita, terminam por ponto de exclamação e, frequentemente, são introduzidas por uma interjeição. 
Ó meu Deus, que desgraça! 
Frases imperativas — São utilizadas para exprimir ordens, pedidos, conselhos, exortações. 
Relacionam-se com a função apelativa da linguagem. 
É difícil caracterizar a entoação da frase imperativa: por vezes, tem uma entoação mais ou menos 
neutra, semelhante à das frases declarativas ("Entre.", quando reagimos ao toque dos nós dos dedos 
na nossa porta); mas, se a intenção apelativa se associa à expressão de emoções, é normal marcar 
intensamente uma das sílabas ("Sai daííí, rapaz!"). 
O que parece caracterizar, sobretudo, este tipo de frase é o uso de formas verbais do imperativo, ou do 
conjuntivo com valor imperativo ("Entre.", "Entrem."), ou até do infinitivo ("Contra os canhões, 
marchar, marchar!"). 
 
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Na escrita, as frases imperativas são sinalizadas por ponto final ou ponto de exclamação e pelo uso 
das formas verbais indicadas (imperativo, conjuntivo, infinitivo). No entanto, uma frase pode nem 
sequer ter o verbo expresso ("Fora!", significando "Sai para fora!"). 
Passa-me o sal, por favor. 
Sai da minha frente! 
 
Cada tipo de frase pode assumir formas diferentes. 
Activa / Passiva — No primeiro caso, o sujeito é apresentado como agente, no segundo como 
paciente. A distinção implica o recurso a conjugações verbais diferenciadas: voz activa ou voz 
passiva. 
Aquele carro atropelou um cão. 
O cão foi atropelado por um carro. 
Afirmativa / Negativa — A acção ou processo expressos pelo verbo podem ser afirmados ou 
negados, o que se traduz pela ausência ou presença de um advérbio de negação. 
Vou ao cinema. 
Não vou ao cinema. 
Neutra / Enfática — Algumas frases assumem uma forma enfática, caracterizada pela presença de 
elementos que não introduzem informação nova, limitando-se a reforçar a informação fornecida pelos 
restantes elementos da frase. 
Ele sabe o que faz. 
Ele é que sabe o que faz. (enfática) 
Ele lá sabe o que faz. (enfática) 
Como se depreende facilmente, essas formas são alternativas, isto é, a presença de uma implica a 
impossibilidade da outra: uma frase ou é activa ou passiva, ou afirmativa ou negativa, ou neutra ou 
 
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enfática. Por outro lado, estas formas aplicam-se a todos os tipos de frase, com excepção da forma 
passiva que não é possível nas frases imperativas. 
Come a sopa. 
A sopa é comida por ti. (Não tem valor imperativo) 
 
 
3.3. Relações gramaticais 
De acordo com Mateus et.al (1999) uma oração contém dois termos fundamentais: o predicado, 
isto é, o constituinte ou sequência de constituintes formado pelo predicador e pelo(s) seu(s) 
argumento(s) interno(s), e o sujeito, isto é, o constituinte que satura o predicado ou, por outras 
palavras, o argumento externo do predicador. 
Em Português são as seguintes as relações gramaticais: Sujeito (SU), Objecto Directo (OD), 
Objecto Indirecto (OI), Predicativo de Sujeito (Pred SU), Predicativo de Objecto Directo (Pred OD) e 
Oblíquo (OBL). 
 
3.4. Colocação dos Pronomes Pessoais 
Os pronomes pessoais átonos podem estar colocados (a) depois do verbo (enclíticos) (ex. (2 a), 
(b) antes do verbo (próclíticos) (ex. (2b)) e no meio da forma veral (mesoclíticos), posição em que é 
possível com as formas do futuro e do condicional. Exemplos: 
(2) a. Eu retirei-me do exército moçambicano no ano passado. 
b. Daqui não saio, daqui ninguém me tira! 
c. Isso ser-me-à difícil este ano. 
Em frases básicas (SVO) com as formas simples do verbo, os pronomes pessoais átonos 
ocupam normalmente a posição enclítica, isto vêm depois do verbo. 
Os pronomes pessoais podem ocupar a posição proclítica (isto é podem aparecer antes do verbo), quer 
se trate de forma simples do verbo, quer de formas complexas em que os verbos auxiliaressão os 
verbos ter ou ser. 
 
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De acordo com Mateus et al. (1989: 330-333), entre os diferentes contextos em que é usada a 
próclise, destacam-se os casos em que: 
- ocorre um operador em posição pré-verbal, isto é, um advérbio de negação (ex. Não me 
deixavam sair de casa); 
- ocorre um SN quantificado (ex. Aqui tudo se faz à distância) 
- ocorre um pronome interrogativo (ex. Quando é que me levas para tua casa?) 
- ocorrem certos advérvios como só, já, também, até, sempre, etc. (ex. Sim, eu já lhe disse isso) 
- existe um introdutor de subordinação (ex. Quando ele se levantou para lá aquele homem 
fugiu) 
Note-se que, em frase básicas, quando são usadas formas verbais complexas, construídas com verbos 
auxiliares como dever, ir, começar, os pronomes pessoais podem ocorrer depois do verbo auxiliar (ex. 
Vou-me responsabilizar por esta actividade) ou da forma infinitiva (ex. Vou responsabilizar-me por 
esta actividade). 
 
Nos contextos acima indicados, em que é permitida a próclise (ver casos citados de Mateus et. al), 
quando são usadas formas verbais complexas, os pronomes pessoais átonos podem ocorrer antes do 
verbo auxiliar (ex. Ele não se vai sentir a vontade) ou depois do verbo principal (ex. Ele não vai 
sentir-se à vontade). 
 
 
3.5. Orações 
Orações integrantes 
As orações integrantes são o resultado de uma operação de encaixe de uma frase noutra. Elas podem 
ser de complemento directo de verbos de várias classes semânticas (declarativos, perceptivos, de 
actividade mental, volitivos, optativos, etc). 
 
Exemplos: 
Ela pensa que pode subir o preço. 
O professor não vê que os alunos não entendem. 
 
 
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As orações integrantes também podem ser um complemento preposicional do verbo. 
Exemplo: 
O Manuel insistitu em que todos acabassem o trabalho. 
 
As orações integrantes pode ser finitas ou infinitivas. No primeiro caso, são introduzidas por que ou 
se e o verbo pode estar no modo indicativo ou no conjuntivo, e no segundo ocorre o infinitivo. 
 
Exemplos: 
Eu penso que o namoro é indispensável 
Eu gostaria que os meus filhos casassem. 
Não se esta ideia é boa ou não. 
Nos lamentamos o facto de as crianças não terem educação moral 
 
As orações integrantes podem resultar de uma operação de encaixe do discurso directo. 
Exemplos: 
Ele disse: “eu vou à África do Sul”. 
Ele disse que ele ia à Africa do Sul 
 
Orações relativas 
Designam-se relativas as orações subordinadas adjectivas introduzidas por um pronome pessoal 
relativo. 
Exemplo: 
 Este é o livro de que te falei. 
 
 3.6. Transitividade e intrasitividade dos verbos 
 Os verbos quando predicam o sujeito podem transitar ou não a sua acção para os complementos. 
Quando os verbos exigem termos para completarem o seu sentido são chamados verbos transitivos, 
visto estarem a transitar a sua acção para o complemento. Ao complemento do verbo transitivo é dado 
o nome de complemento directo. Além do complemento directo, numa frase podemos encontrar 
 
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também o complemento indirecto, que indica o destinatário da acção expressa pelo verbo. Trata-se de 
um complemento que, normalmente é regido pela preposição a. 
 
 
 5 (a) [sujeito A Júlia] [ predicado contou [ complem. dir. uma história] [complem. ind.à irmã]] 
 
 Na frase 5 (a) o verbo contar exige um termo para completar o seu sentido, visto que quem 
conta, conta alguma coisa, e no caso do exemplo essa alguma coisa é uma história. Uma história é o 
complemento directo do verbo, porque representa o objecto ou argumento da acção do verbo. O 
segmento à irmã é o complemento indirecto, justamente por indicar o destinatário da acção do verbo. 
 
 Os verbos podem conservar o sentido da sua acção, isto é, podem não transitar a sua acção para 
os complementos. Quando os verbos observam estas propriedades são designados verbos intransitivos: 
 5 (b) Ontem choveu. 
 No exemplo acima o verbo chover é um verbo intransitivo porque não requer nenhum 
complemento para completar o seu sentido, ou seja, a acção está integralmente contida no verbo. 
 
 
 Bibliografia 
Cuesta, P. V. & Da Luz. M. A. (1971). Gramática da Língua Portuguesa. Lisboa: Edições 70. 
Gonçalves, P. & Stroud, C. (1998). Panorama do Português Oral de Maputo- Estruturas Gramaticais 
do Português: Problemas e Exercícios.Maputo: INDE 
 
Exercícios 
Escolha a alternativa que lhe parecer correcta. 
1. A oração sublinhada na frase “Houve seca em Moçambique por não ter chovido” é: 
A. oração causal 
B. oração final 
C. conclusiva 
D. condicional 
 
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2. A oração sublinhada na frase “O João está mal disposto porque comeu muito chocolate” 
é: 
A. oração causal 
B. oração final 
C. conclusiva 
D. condicional 
 
3. A oração sublinhada na frase “conduz como se a rua fosse tua” é” 
A. oração causal 
B. oração final 
C. conclusiva 
D. condicional 
 
4. A oração sublinhada na frase: “Saí cedo para chegar a tempo ao seminário”, é: 
A. oração causal 
B. oração final 
C. conclusiva 
D. condicional 
 
5. A oração sublinhada na frase: “Embora esteja muito calor está a chover”, é: 
A. oração causal 
B. oração final 
C. conclusiva 
D. contrastiva 
 
6. A oração sublinhada na frase: “Quando cheguei ao estádio estava a chover, é: 
A. oração temporal 
B. oração final 
C. conclusiva 
D. condicional 
 
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7. A oração sublinhada na frase: “Estacionado o carro, o Pedro tocou a campainha”, é: 
A. oração causal 
B. oração final 
C. oração gerundiva 
D. oração participial 
 
8. A oração sublinhada na frase: “o Estacionado o carro, o Pedro tocou a campainha”, é: 
A. oração causal 
B. oração final 
C. oração gerundiva 
D. oração participial 
 
9. Na oração “Olhando para a janela, eu vi a menina”, a oração gerundiva é uma: 
A. oração causal 
B. oração final 
C. oração gerundiva 
D. oração participial 
 
B. Escolha a alternativa que lhe parecer correcta: 
1. Na frase “Todo os alunos concordaram com a ideia. O elemento sublinhado é um:A. complemento directo 
 B. complemento indirecto 
 C. complemento circunstancial 
 D. oblíquo 
 
2. Na frase “Não oferecemos tantos prémios aliciantes porque não há cabimento orçamental” 
 A. complemento directo 
 B. complemento indirecto 
 C. complemento circunstancial 
 D. complemento frásico 
 
 
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3. Na referida frase, o elemento sublinhado pode ser substituído pelo pronome: 
 A. os 
 B. lhes 
 C. o 
 D. lhe 
 
 4. Na frase “Quem tudo tudo perde” o elemento sublinhado é: 
 A. complemento directo 
 B. complemento indirecto 
 C. complemento circunstancial 
 D. complemento frásico 
5. Na frase “O Presidente recebeu ontem a presidente irlandesa”, o elemento sublinhado é” 
 A. complemento directo 
 B. complemento indirecto 
 C. complemento circunstancial 
 D. oblíquo 
 
 6. Na frase “O professor prefere que os alunos façam o exercício primeiro” 
 A. complemento directo 
 B. complemento indirecto 
 C. complemento circunstancial 
 D. complemento frásico 
 
7. Na frase “Tudo o que é humano é mortal” 
 A. complemento directo 
 B. complemento indirecto 
 C. complemento circunstancial 
 D. frase relativa 
 
 
 
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 8. Na frase “Todos nós sabemos o que se passa na sua cabeça”, o elemento sublinhado é um: 
 A. frase relativa 
 B. complemento indirecto 
 C. complemento circunstancial 
 D. complemento frásico 
 
 9. Na frase anterior, o pronome pode ser substituído pelo pronome: 
 A. o 
 B. lo 
 C. la 
 D. a 
 
10. Na frase “os miúdos comeram o suficiente para estarem satisfeitos” o elemento sublihado 
é um: 
A. complemento directo 
B. complemento frásico 
C. complementp adjectival 
D. complemento adverbial 
 
C. Correcção sintáctica de frases agramaticais 
 
1. Escolhe a alternativa que julgar gramaticalmente correcta: 
A. Como ele não está a cumprir com as tarefas, vou aconselhar-lhe a mudar de atitude. 
B. Como ele não está a cumprir com as tarefas, vou aconselhar-lo a mudar de atitude. 
C. Gostavamos de ver ela a estudar sem muitas dificuldades. 
D. Aos domingos, a minha mãe pede para lhe ajudar a cozinhar. 
 
2. Escolhe a alternativa que julgar gramaticalmente correcta: 
A. O seu amigo se esforça para aprender, e é muito inteligente. 
B. Os jovens dizem que os adultos não os compreendem. 
C. O José escreveu uma carta e entregou a ele para meter no Correio. 
D. Ele sabe de que amanhã não haverá aulas no Colégio? 
 
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3. Escolhe a alternativa que julgar gramaticalmente correcta: 
A. Eeles não podem entrar neste jogo sem saberem quais são as regras. 
B. Há divórcios que devem-se a problemas financeiros. 
C. Há muitas pessoas desempregadas que pegam o trabalho que lhes aparece primeiro. 
D. Todos sabemos onde ir nos domingos. 
 
4. Escolhe a alternativa que julgar gramaticalmente correcta: 
A. Como ele não está a cumprir com as tarefas, vou aconselhar-lhe a mudar de atitude. 
B. Como ele não está a cumprir com as tarefas, vou aconselhar-lo a mudar de atitude. 
C. Gostavamos de ver ela a estudar sem muitas dificuldades. 
D. Aos domingos, a minha mãe pede para lhe ajudar a cozinhar. 
 
5. Escolhe a alternativa que julgar gramaticalmente correcta: 
A. Vou conhecer Namaacha porque se vai organizar uma excursão na escola. 
B. Vou conhecer Namaacha porque vai-se organizar uma excursão na escola. 
C. Todos os alunos correm de manhã cedo porque aqui faz se exercícios físicos. 
D. Não chegamos de conhecer bem o chefe que foi morto. 
 
6. Escolhe a alternativa que julgar gramaticalmente correcta: 
A. Quando eu era pequena, os meus pais não me deixavam sair sozinha. 
B. Quando eu era pequena, os meus pais não deixavam-me sair sozinha. 
C. Como é que te vais arranjar nestas condições? 
D. Nunca vou me esquecer do teu apoio. 
 
7. Escolhe a alternativa que julgar gramaticalmente correcta: 
A. Se nos tivessem ensinado, não perdíamos muito tempo. 
B. Se tivessem nos ensinado, não perdíamos muito tempo. 
C. Mandou a criança para voltar mais tarde. 
D. O exercício exigia com que o aluno trabalhasse muito. 
 
 
 
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8. Escolhe a alternativa que julgar gramaticalmente correcta: 
A. A pessoa que eu dei recado não estava lá. 
B. O apagador que apaguei com ele o quadro foi roubado. 
C. Os carros andam superlotados que podem criar problemas. 
D. Há dias que tenho passado a fome aqui no lar. 
E. Aos domingos, a minha mãe pede para lhe ajudar a cozinhar. 
 
9. Escolhe a alternativa que julgar gramaticalmente correcta: 
A. Fala, expressa-te, não seja acanhada. 
B. Senhor, tens que receber o teu fardamento. 
C. O professor sabe o que quer dizer interlocutor? 
D. Senhora, responde o questionário correctamente. 
 
10. Escolhe a alternativa que julgar gramaticalmente correcta: 
A. Diz, estás logo à noite em casa? 
B. Tu Preferes viver cá em Maputo. 
C. O Papa! Nem todos poderão ver-lhe à sua chegada. 
D. O repórter há-de entrevistar ao jogador no fim. 
 
Diga qual das seguintes frases está correctamente construída. Apresente as alternativas de 
correcção para o caso das frases que julgar incorrectas. 
a. O professor aconselhou aos amigos para assistir o jogo. 
b. Ela não gosta de atender aos clientes na loja. 
c. Eu fui avisar aos estudantes para ficarem na sala. 
d. A Rádio Moçambique comunicou os ouvintes sobre o memorando de reversão da 
barragem de Cahora Bassa para Moçambique. 
e. Foi difícil convencer aos colegas sobre a realização do teste. 
f. O treinador incentivou os jogadores a fazerem testes de aptidão física. 
g. Toda criança deve obedecer as ordens dos pais. 
h. Não persuadimos ao João para evitar confusão. 
i. É preciso respeitar os mais velhos. 
 
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j. Ninguém respondeu a pergunta da professora. 
k. Todoterreno tem dono. 
l. Não tinha alguém que me podia sustentar. 
m. Não fui ao encontro porque ela chamou-me para casa do padre. 
n. Eles sempre mantiveram-se em silêncio. 
o. O detective despediu o amigo. 
p. Eu vi ela a me agarrar aqui. 
q. Ele diz que deixou a ti lá no espectáculo. 
r. Parece que ele arrependeu-se bastante. 
s. Apareceu o homem a quem tanto fizeram mal 
t. Naquele dia que você saiu da escola. 
u. Foi pela primeira vez eu meter-me naquele jogo. 
v. O dinheiro que venderam, a que entregaram? 
w. Senhor, tens que receber fardamento. 
x. Depende da região onde as pessoas saíram. 
y. Tudo isso é para nos não gostarmos de sairmos à noite. 
z. Esta é a pergunta a qual todos esperavam. 
 
5. ESTRUTURA DA LÍNGUA - SEMÂNTICA E PRAGMÁTICA 
Expressões Idiomáticas 
Trata-se de expressões que funcionam como uma unidade simples e cujo significado não pode ser 
inferido a partir do sentido separado das suas partes. 
Exemplo: 
O que se entorna, não se apanha (=o que não tem remédio, remediado está) 
 
Bibliografia 
Richards, J.; Platt, J.; & Platt, H. (1992). Dictionary of Language Teaching and Apllied Linguistics 
 
 
 
 
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Exercícios 
Em cada uma das frases seguintes encontra-se em itálico uma expressão idiomática. Escolha de entre 
as quatro hipóteses dadas, a que corresponde ao significado dessa expressão: 
 
 1. Quando a Rosa pediu um aumento de ordenado ao patrão, ele foi aos arames. 
A. sentiu-se pouco à vontade 
B. foi buscar dinheiro 
C. virou-lhe as costas 
D. ficou irritado 
 
 2. Parece-me que o rapaz tem um parafuso a menos. Já viste o que ele fez? 
 A. revela grande imaginação 
 B. não tem juízo 
 C. é extremamente habilidoso 
 C. tem falta de material 
 
3. A minha irmã caiu das nuvens quando lhe disse que a Leonor ia casar. 
 A. sentiu-se indgnada 
 B. mostrou grande alegria 
 C. ficou surpreendida 
 D. sentiu inveja 
 
4. Nestas circunstâncias, o projecto de construção de um novo aeoroporto vai por água 
abaixo. 
 A. não se concretiza 
 B. tem de ser acelerado 
 C. será realizado em breve 
 D. não se mostra rentável 
 
5. Não se importam com o que possa acontecer, pois têm as costas quentes. 
 A. estão em situação desesperada 
 B. sentem-se protegidos 
 C. vestiram roupa grossa 
 D. acham que o pior já passou 
 
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6. Talvez por causa dos acontecimentos de ontem, esta noite não preguei olho. 
 A. tive pouca vontade 
 B. não consegui adormecer 
 C. fui cedo para a cama 
 D. dormi perfeitamente 
 
7. Durante a entrevista, o Secretário-Geral provou mais uma vez que não tem papas na 
língua. 
 A. expressa-se de modo pouco claro 
 B. não tem razões de queixa 
 C. diz francamente o que pensa 
 D. não se enerva facilmente 
 
8. Quando alguém se refere ao assunto, ela faz ouvidos de mercador. 
 A. finge não ouvir 
 B. muda logo de tema 
 C. protesta de forma veemente 
 D. mostra-se particularmente interessada 
 
9. Nessas ocasiões, o Filipe nunca gosta de dar o braço a torcer. 
 A. reconhecer que está errado 
 B. dançar ritmos modernos 
 C. medir forças com que se lhe opõe 
 D. cumprimentar outras pessoas 
 
10. O chefe da repartição põe as mãos no fogo pela empregada do consultório. 
 A. está apaixonado 
 B. mostra antipatia 
 C. tem a máxima confiança 
 D. sacrifica-se 
 
 
 
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 Relação semântica entre palavras 
Sinonímia 
Palavras sinónimas são palavras que têm um significado idêntico, ou muito semelhante, ou seja, que 
se podem substituir na mesma frase, sem lhe alterar o sentido. 
Exemplos: 
(1) a. Que dia lindo! 
 b. Que dia bonito! 
 (2) a. O João vive em Tete. 
 b. O João mora em Tete. 
Antonímia 
Palavras antónimas são palavras que têm um significado oposto, ou seja, que ao serem substituídas 
na frase esta fica com o sentido contrário. 
Exemplos: 
(3) a. Está muito calor nesta sala. 
 b. Está muito frio nesta sala. 
 
 (4) a. Ele mora perto da escola. 
 b. Ele mora longe da escola. 
 
 
6. RELAÇÃO FONÉTICA E GRÁFICA ENTRE AS PALAVRAS 
 
Homonímia 
Palavras homónimas são palavras com pronúncia e grafia igual (isto é, que se pronunciam e 
escrevem da mesma maneira), mas com significado diferente. 
Exemplos: 
(5) a. Antigamente a comunicação entre os povos era bastante complicada. 
 b. Actualmente, na era das telecomunicações, tudo está facilitado. 
 
 era (forma do verbo ser) vs. era (substantivo usado para dessignar época) 
 
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Homofonia 
Palavras homófonas são palavras com pronúncia igual, mas com grafia e significados diferentes. 
Exemplos: 
(6) a. Gosto muito de bolo de noz 
 b. E nós também saímos. 
 
 noz (fruto seco) vs. nós pronome pessoal 
 
Homografia 
Palavras homógrafas são palavras com grafia igual, mas com pronúncia e significado diferentes. 
Exemplos: 
(7) a. A roupa está seca. Agora é só engomar. 
 b. Moçambique é um país castigado pela seca. 
 
 Seca (/ê/ = enxuta) vs seca (/é/) = falta de chuva, calamidade) 
 
NB: A acentuação gráfica não é considerada, ou seja, pôr (verbo) por (preposição) são 
palavras homógrafas. 
 
Paronímia 
Palavras parónimas são palavras com significado diferente, mas com grafia e essencialmente 
pronúncia muito parecidas, o que por vezes, pode dar origem a confusão. 
Exemplos: 
(8) a. Encontrei hoje o João e ele mandou cumprimentos para si, mãe. 
 b. A sala tem três metros e meio de comprimento. 
 cumprimento (saudação) vs. comprimento (largura) 
 
 
 
 
 
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Exercícios 
Sinónimos 
PARTE I 
Qual, das quatro hipóteses, é que tem o significado mais próximo da palavra destacada? 
 
1. Apesar de já estar na casa dos quarenta, continua com óptimo aspecto. 
a. carácter b. ar c. feitio d. rosto 
 
2. Talvez por ser tímida é que não gosta de falar em público.a. fraca b. importante c. acanhada d. corajosa 
 
3. Nunca o vi falar de uma maneira tão doce. Habitualmente é uma pessoa muito ríspida. 
a. lenta b. exaltada c. amarga d. suave 
 
4. O espectáculo de ontem foi simplesmente sensacional. 
a. estupendo b. importante c. sensaborão d. maçador 
 
5. A sua pretensão era vir a ser medico cardiologista. 
a. vaidade b. previsão c. ambição d. Projecção 
 
 
PARTE II 
Em relação à palavra indicada em primeiro lugar, qual é, das quarto seguintes a que tem 
significado mais próximo? 
 
1. ALEGRE simpatico feliz bondoso calmo 
2. LUTAR ferir ganhar combater opor 
3. SABOR juízo gusto cheiro ciência 
4. ROBUSTO engraçado casaca forte débil 
5. LEVANTAR erguer orientar descrever lever 
 
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6. FARDA banquete satisfeita uniforme completa 
7. AUXILIAR ajudar obter propor autorizar 
8. MENDIGO esmola maldição pedinte mentira 
9. OCULTAR cultivar esconder abrir acolher 
10. OBRA operetta missão trabalho destruição 
11. VENCER perder derrotar invader convencer 
12. POEIRA estrada capoeira pó cesta 
13. SISMO penso naufrágio reflexão terramoto 
14. CUSTOSO moderado difícil barato acessível 
15. RECEAR temer jantar retirar duvidar 
16. CAMA almofada camarote leito gaveta 
17. BIRRA capricho bebida ignorância cerveja 
18. ESTAFAR passear fugir cansar corer 
19. FAÇANHA proeza cobardia hesitação cara 
20. SENSATO razoável notável sensível confiado 
21. CADÊNCIA queda pressa lentidão rítmo 
22. GRAÚDO igual graduado semelhante grande 
23. LASTIMAR carregar lamenter convidar desatar 
24. ILÍCITO permitido nobre proibido elevado 
25. BISAR repetir atirar tentar apontar 
26. TROCA graça substituição riso discussão 
27. DECIDIR matar morrer ponderar resolver 
28. REMÉDIO frasco mediano medicamento atrasado 
29. NUNCA agora portanto nenhum jamais 
30. ROUBAR furtar volver emprestar vestir 
 
 
 
 
 
 
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Antónimos 
PARTE I 
Qual é o contrário das palavras assinaladas? 
1. Não achas que a comida está muito salgada?_____________________________ 
2. A selecção nacional jogou claramente à defesa.___________________________ 
3. Tragam as malas e os sacos para baixo._________________________________ 
4. O vestido que me emprestaste para o casamento está-me muito largo.__________ 
5. A manifestação está prevista para o fim da tarde.__________________________ 
 
PARTE II 
Qual é o contrário das palavras em itálico? 
1. Os resultados do teste foram péssimos. 
2. Encontramos o Alfredo à saida do teatro. 
3. O teu padrinho está bastante magro. 
4. É de esperar a subida de preços. 
5. Elas limparam o chão da cozinha. 
6. Afinal, estas pêras estão verdes. 
7. Moramos num bairro muito sossegado. 
8. Acende também o outro candeeiro. 
9. O relógio está atrasado cinco minutos. 
10. O lucro foi superior ao do ano passado. 
11. O avião chega ao princípio da tarde. 
12. Agora lembrei-me do nome do autor da peça. 
13. A loja fecha durante o mês de Julho para balanço. 
14. O professor estava presente no encontro. 
15. É verdade que ela ama o patrão? 
16. Estás com um ar bastante fatigado. 
17. Nós sabemos que destino tiveram esses inquéritos. 
18. O inimigo já construiu mais uma ponte nesse rio. 
19. É proibido estacionar em frente do Museu de Arte. 
20. A Leonarda ficou aprovada no exame de condução. 
 
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Homónimos 
Para cada palavra dada, construa duas frases de modo a explicitar os seus diferentes sentidos. 
1. canto a)_______________________________ b)_________________________ 
2. era a)_______________________________ b)________________________ 
3. fumo a)________________________________ b)________________________ 
4. rio a)________________________________ b)________________________ 
5. são a)________________________________ b)_______________________ 
6. vaga a)_________________________________ b)_______________________ 
Homófonos 
Construa frases com as palavras que a seguir se indicam. 
1. a) aço b) asso 
2. a) acento b) assento 
3. a) à b) há c) ah 
4. a) concerto b) concerto 
5. a) houve b) ouve 
6. a) coser b) cozer 
7. a) eminente b) iminente 
8. a) elegível b) ilegível 
9. a) roído b) ruído 
10. a) traz b) trás 
11. a) tenção b) tensão 
12. a) ora b) hora 
13. a) conselho b) concelho 
14.a) censo b) senso 
15. a) estofar b) estufar 
16. a) cela b) sela 
17. a) moral b) mural 
18. a) consolar b) consular 
19. a) vês b) vez 
20. a) cem b) sem 
 
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Homógrafos 
 
Faça frases com os seguintes pares de palavras, de modo a ilustrar os seus diferentes sentidos. 
1. a) cor b) cor 
2. a) habito b) hábito 
3. a) pode b) pôde 
4. a) secretaria b) secretária 
5. a) cerca (n) b) cerca (v) 
6. a) cópia (n) b) copia (v) 
7. a) governo (n) b) governo (v) 
8. a) por (prep) b) pôr (v) 
9. a) sábia (n) b) sabia (v) 
 
 
Parónimos 
 
Construa frases com os seguintes pares de palavras de modo a ilustrar os seus significados: 
1. a) crer b) querer 
2. a) cumprimento b) comprimento 
3. a) evasão b) invasão 
4. a) previdente b) providente 
5. a) perfeito b) prefeito 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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7. LITERATURA 
7.1. NOTAS SOBRE A LITERATURA PORTUGUESA 
 
SÉCULOS XII-XV 
ÉPOCA ARCAICA OU MEDIEVAL 
 
POESIA TROVADORESCA. A poesia medieval – que marca o início da literatura portuguesa escrita 
que hoje conhecemos – tem uma longa tradição oral. Os trovadores foram os primeiros agentes da sua 
propagação frequentando cortes de reis e de nobres e participando em espectáculos em que a poesia 
era cantada, acompanhada por instrumentos musicais e mesmo dançada. 
Apresenta duas espécies principais: a lírico-amorosa, constituída pelas cantigas de amor e pelas 
cantigas de amigo e a satírica pelas cantigas de escárnio e mal-dizer. Estão escritas em galaico-
português e encontram-se reunidas em Cancioneiros. 
 
Exemplo de cantigas de amigo 
 Ondas do mar de Vigo 
 Se vistesmeu amigo! 
 E ai Deus se verrá cedo! 
 
 Ondas do ma levado, 
 Se vistes meu amado! 
 E ai Deus se verrá cedo! 
 
 Se vistes meu amigo, 
 O por que eu sospiro! 
 E ai Deus, se verrá cedo! 
 
 Se vistes meu amado, 
 O por que ei gran cuidado! 
 E ai Deus, se verrá cedo! 
 Martin Codax 
 
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As cantigas de amigo de forma mais simples apresentam-nos uma mulher integrada num meio rural: 
na fonte ou na romaria, lugares de namoro, sob as flores do pinheiro ou de avelaneira; no rio, onde 
lava a roupa e os cabelos, ou se desnuda para tomar banho; na praia onde aguarda o regresso dos 
barcos. 
 
Exemplo de cantiga de amor 
Mia senhor fremosa, direi-vos ua ren: 
Vós sodes mia morte, e meu mal, e meu bem! 
E mais...Por quê vo’-lo ei eu já mais a dizer?... 
Mia morte sodes, que me fazedes morrer! 
 
Vós sodes mia mort’ e meu mal, mia senhor, 
E quant’ eu no mund’ ei de ben e de saabor! 
E mais...Por quê vo’-lo ei eu já mais a dizer?... 
Mia morte sodes, que me fazedes morrer! 
 
Nestas cantigas quem fala é um homem, que se dirige ou se refere a uma dona oriunda de um estrato 
social superior (residindo em ambientes palacianos) 
 
 
Exemplo de cantigas de escárnio 
Roi queimado morreu com amor 
En seus cantares, por sanota maria 
Por ua dona que gran ben queria; 
E por se meter por mais trabador 
Por que lhe ela non quis ben fazer 
Faze-s el en seus cantares morrer, 
Mais resurgiu, depois ao terceiro dia! 
Esto fez el por ua sa senhor 
Que quer grun ben, e mais vos en diria 
 
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Por que cuida que fez i ma estria 
E nos cantares que faz, a saber 
De morrer i e des i d’ar viver 
Esto fez el que x’o pode fazer 
Mais otr’omen per ren nono faria 
 
E no já sa morte pavor, 
Senon sa morte mais la temeria 
Mais sabe ben, per sa sabedoria 
e faz- (s’) en seu cantar morte prender 
que viverá, de quando morto for’ 
de si ar vive: vedes que poder 
que lhi Deus deu, mais quen non cuidaria 
 
E, se mi Deus a min desse poder 
Qual oj’ e lá, Pois morrer, de viver, 
Já mais morte nunca temeria. 
As cantigas de escárnio, tal como as de mal dizer apresentam as seguintes caracterísiticas: 
- são concretas e particulares; 
- não atacam o vício em si mas os viciosos em concreto; 
- têm objectivo social e não psicológico; 
- satirizam tipos sociais e não tipos psicológicos; 
- falam de alguém usando palavras cobertas 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SÉCULOS XVII-XVIII 
O BARROCO 
1. O Conceito de Barroco 
As normas rígidas do classicismo literário seguidas com fervoroso entusiasmo no século XVI fartaram 
depressa a inteligência e a imaginação de toda a gente, tanto autores como público. Um outro estilo 
começou a alastrar-se pela Itália, pela Penísula e mesmo por toda a Europa, fazendo o gosto de 
pequenos e grandes, de nobres e plebeus. Esse estilo, muito semelhante nas Artes e Letras, é 
conhecido nos livros de História e Crítica pelo nome barroco. 
A etimologia da palavra parece ser o vocábulo latino verruca, que significa a princípio pequena 
elevação de terreno e até qualquer excrecência ou mancha numa superfície lisa (donde o derivado 
popular português verruga). A semântica, porém, cedo começou a dar voltas ao termo e Plínio 
empregou-o já, num sentido mais restrito, para significar determinadas imperfeições das pedras 
precisosas. Daí que, no século XVI, em Espanha e em França, se qualificassem de barruecas e 
barroques as pérolas não redondas ou manchadas. Esta acepção generalizou-se ao longo do tempo e 
no francês do século XVIII a palavra barroque, depois de se aplicar genericamente a qualquer coisa 
de forma irregular, desigual, bizarra, começou a ser usada para qualificar determinada música, 
determinada arquitectura, determinadas artes plásticas. 
Em 1860, Carducci teve a ideia de empregar o adjectivo barroco para qualificar a literatura do século 
XVII. Desde então, o vocábulo barroco passou a exprimir o estilo dos artistas e escritores, que apesar 
de não ser homogéneo em todas as manifestações culturais, se apresenta com características próprias 
que mais adiante mencionaremos. 
 
2. Limites cronológicos do barroco 
O fenómeno histórico do barroco não atingiu ao mesmo tempo todos os países da Europa (se é que 
atingiu a todos). 
Na Itália manifestou-se já em pleno século XVI; na Espanha não começou antes de 1590; em França 
surgiu na primeira metade do século XVII; em Portugal vigorou em todo século XVII e na primeira 
metade do seguinte. 
3. Génese do estilo Barroco 
O surgimento do estilo barroco deve-se essencialmente à força dos seguintes factores: 
 
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- a saturação dos valores estéticos do Renascimento e a sua transformação; 
- crise da síntese de valores renascentistas; 
 - os serões do Paço e as academias. 
 
4. Características do estilo Barroco 
Os autores costumam reduzir a duas as características da literatura barroca: cultismo e conceptismo. 
 
4.1. O Cultismo 
O cultismo consiste numa sobrecarga de elementos ornamentais na escrita, com dicção pomposa, 
superlativização e uso de metáforas, hipérboles, perífrases e de outros recursos de expressão 
puramente verbais tendentes a salientar a forma, mas contribuindo muito para prejudicar a clareza e 
concisão de ideias. Numa palavra: é a extravagância dos vocábulos, das frases, da expressão, ou, se 
quisermos, a fuga à expressão linear e singela dos quinhentistas. 
 
O cultismo serve-se de três artifícios principais: jogo de palavras, jogo de imagens e figuras e jogo de 
construções. 
 
a) Jogo de palavras 
Com o ludismo das palavras pretendia o escritor barroco causar no leitor um choque à base da 
surpresa. Para o fazer lançava ambas as mãos à paronímia, à homofonia, aos trocadilhos, a 
semelhanças puramente casuais e fora de toda a lógica, como se pode ver na poesia que se seguem: 
 
Levai grande coração 
contra o carracena grulha 
que bem se há-de haver na bulha 
um soldado que é bulhão. (A. S. António, de Jerónimo Baía) 
 
 b) Jogo de imagens e figuras 
O jogo imagens controem-no os escritores à base de metáforas acumuladas sobre metáforas, de 
hipérboles, de contrastes, antíteses, trocadilhos e paradoxos, de repetições e aliterações, de 
adjectivação encarecedora e enfática. 
 
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 c) Jogo de construções 
Outro aspecto típico do cultismo é o ludismo de construção frásica. Os poetas barrocos entretiveram-se 
com frequência a disporem as palavras em forma de cruzes, de pirâmedes e de outras figuras 
geométicas, entreteceram labirintos (poesias com frases tais que permitem leitura em várias direcções), 
obrigaram-se a rimas impostas e motes estravagantes, etc. No entanto, o jogo de construções mais 
engenhoso e frequente é a chamada alternância de construção frásica. 
Para compreendermos este artifício, passemos já os olhos por estas quadras de um sonteto de 
Francisco de Vasconcelos: 
Esse jasmim que arminhos desacata, 
essa aurora que nácares aviva, 
essa fonte que aljôfares deriva, 
essa rosa que púrpuras desata: 
troca em cinza voraz lustrosa prata, 
brota em pranto cruel púrpura viva, 
profana em turvo pez prata nativa, 
muda em luto infeliz tersa escarlata. 
 
4.2. O Conceptismo 
O Conceptismo é o desdobramento discursivo de um conceito ou de uma premissa, em que se torna 
como realidade uma metáfora e dela se vai discorrendo, por raciocínios engenhosos, até dar num 
imprevisto paradoxo. Tal qual o cultismo é a extravagância da expressão, o cultismo é a extravagância 
da ideia. Esta através de um raciocínio, umas vezes expresso e mais frequentemente oculto, passa de 
um antecedente metafórico para um consequente real. 
Compreenderemos melhor esta definição, depois de examinarmos o trecho que se segue, extraído de 
um sermão de P. António Vieira: 
 
“O oficial da pena, a cujos rasgos mede o regimento das regras e conta as letras, se ele 
quer gastar sem conta e sem medida, que há-de fazer? Troca as suas penas com as dos 
gaviões e minhotos, e não há ave de repina que tanto leve nas unhas. 
 
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O letrado ou julgador cuja autoridade constava antigamente de uma mula mal pensada 
com sua gualdrapa preta, se hoje, fora de casa, há-de sustentar a liteira e, dentro, as 
alfaias que lhe correspondem, não bastando os ordenados para a terceira parte do ano, 
quem há-de suprir a despesa das outras duas partes, senão as partes e a justiça (partes – 
litigantes). O que entre fumos de nobreza e fidalguia vive à mercê da sua herdade, a qual, 
quando as novidades não mentiam, só dava para sarja no verão e baeta no inverno, agora 
que já às lãs não sabe o preço, de que se há-de vestir, sendo o galo da sua aldeia, senão 
das penas (dores) dos que podem menos?” 
 
Este trecho, começa por nos colocar diante do jogo de palavras (cultismo) e de um raciocínio baseado 
em metáforas (conceptismo). 
Vejamos como joga com as metáforas e quais as condições a que chega depois de raciocinar com elas. 
A pena do escrivão será trocada pelas penas do gavião. A pena primeira é um instrumento de 
escrever. A segunda é um revestimento de ave. Como gavião é uma ave de rapina, conclui Vieira, 
que o escrevente, uma vez munido das penas do gavião, outra coisa não fará senão rapinar. 
A seguir, joga o autor com a palavra partes. Partes, no primeiro lugar, designa uma porção de 
tempo; no segundo, litigante. Assim, com as partes (litigantes) sustentará as partes do tempo (dois 
terços do ano). 
Finalmente, compara o fidalgo vaidoso ao galo da aldeia. O galo tem de ter penas. Onde as há-de ir 
bscar tal fidalgo, transformado em galo? Às penas dos que podem menos. Penas, no primeiro lugar, 
são ornamentos, cobertura de ave; no segundo, são sofrimentos. 
 
O Barroco constitui uma grande revolução formal que corresponde a uma nova visão do mundo, muito 
mais dinâmica do que estática, particularmente atenta às metamorfoses da natureza e do ser humano, 
contrapondo pemanentemente ao gosto excessivo pelo ornato uma dolorosa ou desabusada conciência 
do nada, da intrínseca vacuidade de todas as coisas. 
A produção mais abundante no século XVII, é sem dúvida a de propaganda e edificação religiosas 
sobretudo importante pelo papel que desempenhou na fixação da língua literária portuguesa. Trata-se 
de uma literatura de persuação, com carácter marcadamente funcional, recorrendo muitas vezes aos 
processos cultistas e aos efeitos teatrais nos sermões. 
 
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António Vieira, jesuíta, pregador, missionário, diplomata, político e ptretenso profeta, é a expressão 
mais rica da nossa mentalidade seiscentista e do debate, que lhe está subjacente, entre as novas 
condições económico-sociais europeias e uma ideologia já desactualizada. Nos inúmeros sermões, 
cartas, documentos de natureza política e diplomática, opúsculos religiosos e de exegese profética ou 
de defesa perante a Inquisição, revela-se antes do mais e entranhada ligação com a vida pública, sendo 
o seu discurso humano, directo e persuasivo. Os seus sermões desenvolvem-se num estilo vernáculo 
mais esplendoroso e vivo, de par com a uma excepcional capacidade de argumentação. As suas cartas 
valem, entretanto, não apenas pelo interesse literário, mas também pela informação histórica, política, 
científica e etnográfica de que estão impregnadas, e que nomeadamente reflectem a diversificada 
experiência deste extraordinário prosador, não só em Portugal, mas também nas terras do Brasil, onde 
prolongadamente viveu e onde foi acérrimo defensor dos direitos dos nativos, bem como em Roma, 
junto da Cúria, onde alcançou os mais assinaláveis êxitos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SÉCULO XIX 
ROMANTISMO 
 
1. Antecedentes Mundiais 
Assistimos no século XVIII à demonstração quase total da arte literária nos autores e nos temas. Com 
o correr dos dias, essa mesma arte foi-se democratizando também, pouco a pouco, no público que lia. 
Não foi estranho a este fenómeno o progresso das classes mais baixas e o seu quase nivelamento social 
com a nobreza e o clero, conseguido na passagem do século XVIII para o século XIX. Paralelamente, 
o avanço da técnica industrial tornou possível um considerável aperfeiçoamento da arte de imprimir, o 
que contribuiu em larga escala para a vulgarização do livro. 
Ou fosse porque o grande público não entendia a estética clássica, por ser demasiado académica, ou 
fosse porque o género tinha atingido a saturação, os escritores começaram a tentar novos temas e um 
novo modo de os comunicar.. 
Foi na Inglaterra e na Alemanha que, em meados do século XVIII, alguns poetas voltaram as costas 
aos modelos do classicismo, inspirando-se na Natureza, tal qual a viam e não tal qual Horácio e outros 
antigos lha mandavam ver. O sentimentalismo subjectivo veio assim substituir a gama imensa, mas 
limitada, de temas catalogadospelos gregos e romanos. Nunca mais os escritores aceitariam temas 
impostos do exterior. Deixaram-se arrastar – isso sim – 
 pela evocação do popular, do medievo, do exótico 
 pela exaltação da liberdade, 
 pelo “eu”, medida do universo, 
 pela fascinação do abissal, da noite, da morte, do nada. 
Dessa maneira se foi gerando uma nova escola, que depressa alastrou pela Alemanha, Itália, França, 
Portugal, por toda a Europa, a qual passaria à história com o nome de romantismo. 
 
2. Romantismo em Portugal 
De um modo geral, os decénios cobertos pela designação de Romantismo foram aqueles em que o 
individualismo económico e político da ideologia burguesa adquirem uma faceta liberal e em que o 
ponto de vista histórico se come,ca a impor nos diversos domínios científicos. Na literatura assiste-se 
ao culto da originalidade pessoal, ao sentimentalismo amoroso, ao gosto pelo sonho, à apologia do 
herói insociável e amoral, ao refúgio em certas formas de exotismo onde o cabe o gosto pelas tradições 
 
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medievais, muitas delas conservadas nos romanceiros populares. Aliás, etimologicamente, o adjectivo 
romântico deriva do substantivo francês roman, que designa o romance medieval de acenturas. 
 
3. Características do Romantismo 
 
3.1. Quanto ao público que lê 
 
a) Democratização – deixa a literatura de ser só para reis, para fidalgos e para círculos fechados de 
eruditos e torna-se a literatura do povo. 
b) Tom da mensagem ao próximo – a obra literária não já um mundo fechado de valores para 
eleitos; é um comunicação franca de ideias práticas e vitais a todo o leitor; 
 
3.2. Quanto ao génio criador 
Vai notar-se o predomínio da emoção, do sentimento sobre a razão e o espírito ordenador dos 
clássicos. Ortega Y Gasset escreveu que o homem, mais do que pela razão, se deixa governar pelo 
coração. Os românticos assim procedem. 
 
3.3. Quanto aos temas 
 Culto da idade Média 
O romantismo deixou de ter admiração por tudo quanto era greco-romano e baniu o uso da mitologia. 
Esta evasão para os tempos medievos proporcionou aos escritores o contacto com lugares, factos e 
tipos capazes de inspirarem a imaginação mais fria: castelos musgosos, lendas e tradições, cavaleiros, 
monges, cruzados, mouros, judeus. Note-se, porém, que os temas de actualidade não foram 
postergados (por exemplo em Viagens na Minha Terra de Garret) e até estiveram em voga nas poesias 
revolucionárias dos epígonos do romantismo, para só falarmos no caso do Português. 
 
Descobrimento da paisagem 
O romantismo descobriu a paisagem tal qual é no particular, e pôs de parte a natureza sempre igual e 
artificial dos clássicos. A paisagem é a que melhor se adapta aos sentimentos melancólicos dos 
autores. 
 
 
 
 
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O homem real 
Sabemos que a beleza para o escritor clássico residia na imitação da natureza, não no particular, mas 
no universal. O autor romântico procede de maneira diferente: desenterra, cria tipos humanos 
autênticos. Sente gosto em particularizar, em referir aos traços individuais dos heróis, sendo assim fiel 
à história e à cor local.. Dá até preferência aos que vivem fora da lei, aos aleijões físicos e morais: o 
ladrão, o pirata, o assassino, o traidor, o perjuro, o incestuoso, o adúltero, a prostituída, o sacrílego, o 
cego, o corcunda, o mutilado. 
 
Pessoalismo e melancolia 
O romântico porfia em expandir o que nele há mais de pessoal, desde a sensibilidade e os voos da 
fantasia até aos impulsos do subconsciente. Mostra uma especial predilecção pela melancolia, de todos 
os sentimentos o mais sentimental. Daí que, prefira ambientes de nebulosidade nórdica, o entardecer, o 
escurecer, a noite, as florestas sombrias, as cavernas, os agouros, os sonhos. 
 
 
3.4. Quanto ao estilo 
- usa de um vocabulário rico em alusões concretas, menos selecto, mais correntio, mais familiar do que 
o clássico; 
- o estilo é mais sensorial, mais musical, mais falado, com nova adjectivação a substituir os lugares; 
- sente gosto especial pelas hipérboles, pelo desmesurado, pelas esclama,cões, pelo belo horrível; 
- coloca fisicamente as personagens humanas em interiores autênticos e exteriores paisagísticos, dando 
à narração realismo descritivo e cor local; 
- recorre à história, ao romnesco, à intriga de enredo, à peripécia inesperada, que prende o leitor sem 
lhe dar descanso. 
 
Almeida Garret teve uma formação arcádica. No entanto, os anos que passou em Inglaterra e o 
contacto com as obras de Walter Scott e de Byron determinaram nele uma nova orientação que, o 
impõe como o introdutor do Romantismo em Portugal. 
 
 
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Sinteticamente, as características do Romantismo podem assim ser resumidas: 
 
· ênfase na natureza e no retrato do poder e da beleza do mundo natural, sempre idealizados de 
acordo com um eu; 
· O coração, a sensibilidade, a imaginação, o subjectivo, o pessoal. 
· O mistério, o sonho, a meditação 
· O cristianismo. 
· As sensações, a sensibilidade. 
· A melancolia, o abatimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SÉCULO XIX 
REALISMO 
Génese do Realismo 
Na segunda metade do século XIX, a Europa vê-se sacudida de lés a lés por novos ventos políticos, 
científicos, sociais e religiosos. 
A Espanha proclama a república em 1868; a França imita-a pouco depois; Vitor Manuel destrói os 
Estados Pontifícios em 1870; anos atrás esboroava-se a Santa Aliança, último reduto contra a expansão 
do liberalismo. 
Lamark insiste na evolução dos seres por influência do meio; Darwin apregoa a mesma evolução pela 
selecção natural; Huxley aplica as doutrinas transformistas ao próprio homem; Mendel descobre as leis 
da hereditariedade. Começa desta maneira a gerar-se uma visão materialista, pampsiquista e 
monista do cosmos, ao mesmo tempo que se abre caminho para o estudo do homem sob os aspectos 
psíquico e físico. 
A Revolução Francesa tinha conduzido ao apogeu a burguesia capitalista. Para maior desiquilíbrio 
económico, o motor de explosão e o eléctrico lançam agora no desemprego milhões de braços. O 
proletariado começa a ser um facto alarmante. Engels e Marx apontam a solução comunista da 
“questão social”. Saint Saimon, Prudhon, Fourier e outros preferem a solução socialista. A luta de 
classes prepara-se para deixar na literatura o seu rasto de dor e sangue. 
 
Os literatos reagem contra o idealismoromântico 
Depois de 1850, os homens de letras constatam que a Química, a Física, a Biologia, a Zoologia, a 
Botânica, para não falarmos da Matemática, numa palavra, constatam que todas as ciências 
procuravam alicerçar-se em comprovadas certezas e que até os cultores da Arte se esforçavam por ser 
verídicos. 
Deste modo, em todos os ramos do saber se ia dizendo adeus a velhas teses, outrora admitidas sem 
discussão mas na altura arrumadas na lixeira das falsidades. 
Ora, sendo as coisas assim, porque é que os literatos haviam de continuar presos 
 a um sentimentalismo doentio 
 a um idealismo aéreo, divorciado da realidade 
 a uma expressão hipócrita da paixão amorosa 
 
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 a um carpir inútil de saudades, 
 a um descrever de um mundo irreal? 
Sentindo que perdiam um comboio a correr vertiginosamente para o campo da verdade nua e crua 
reagiram. Como as restantes actividades do espírito humano, a literatura começou a buscar a 
realidade, não a deformada pelos românticos, mas a autêntica, tal qual se apresenta sem artifícios sem 
retoques. 
Ainda por analogia com a técnica e a indústria e a ciência, que não conhecem fronteiras, a nova arte 
literária deixou de ser nacionalista e revestiu-se de carácter cosmopolita. 
Como consequência desta reacção, nasceu o realismo na literatura. 
 
Características do realismo 
- análise e síntese da objectividade, da realidade, da verdade, em oposição ao subjectivismo e 
idealismo românticos; 
- indiferença do “eu” subjectivo e pensante diante da natureza que deve ser reproduzida com 
exactidão, veracidade e abundância de pormenores, num retrato fidelíssimo; 
- neutralidade do coração e do espírito diante do bem e do mal, do vício e da virtude, do belo e do feio; 
- análise corajosa dos aspectos baixos da vida, sobretudo dos vícios e taras, não os ocultando e 
chamando-lhes pelo seu próprio nome; 
- relacionação lógica entre as causas (biológicas e sociais) do comportamento das personagens do 
romance e a natureza (interior e exterior) desse comportamento; 
- admissão na literatura do país de temas cosmopolitas, em vez de nacionais e tradicionais românticos; 
- uso da expressão simples e tom desafectado, de modo que as ideias, sentimentos e factos 
transpareçam sem esforço e sem convencionalismos 
 
Geração de setenta 
A primeira geração romântica foi fundamentalmente influencida pelos romances de Victor Hugo, pela 
poesia de Lamartine, pelo espiritualismo francês, pela histórica à Chateaubriand. À altura de 1850, 
essa corrente alarga-se à uma permeabilidade crescente às ideias do socialismo e à fase panfletária e 
humanista de Victor Hugo. A partir de 1865, a ligação do país à rede europeia de caminhos de ferro 
 
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intensifica contactos com a cultura estrangeira que, entretanto, sofrera uma renovação que ultrapassava 
em muito as concepções em que se detivera o primeiro romantismo português. 
De tal renovação se fará eco o grupo da Geração de 70 , que a partir da polémica que ficou conhecida 
pela “Questão Coimbrã”, e de um opúsculo de Antero de Quental intitulado “Bom Senso Bom Gosto”, 
opõe o novo espírito científico e europeu ao velho sentimentalismo, domesticado e retórico, do 
ultraromantismo perfilhado por Castilho. 
Antero de Quental, o principal mentor da Geração de 70 é um dos mais importantes, bem informados 
e complexos escritores do século XIX. Ao lado de Antero, uma das personalidades a quem coube a 
chefia dessa rebeldia da geração que então se estava formando em Coimbra foi Teófilo Braga, que 
viria a afirmar-se pelos estudos de teoria e de história literária. 
 
Conclusão 
O movimento realista, iniciado com a “Questão Coimbrã” recebeu, enorme impulso das “Conferências 
do Casino”1 e começou a ser concretizado nos artigos d’As Farpas. Depois de 1870, mesmo os seus 
mais irredutíveis adversários, como Camilo, vergavam a cerviz ao jugo das novas teorias da arte. E ou 
as tentavam (foi o caso do velho romancista) ou então perdiam os leitores. Eça de Queirós não tardaria 
a captar as simpatias do público com os seus romances e com uma prosa diferente da antiga. O 
romantismo sofreu uma remodelação total. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 Foram no total quarto conferências: 
 Primeira Conferência: Causas da decadências dos povos penisulares. 
 Segunda Conferência: Literatura Portuguesa. 
 Terceira Conferência: O Realismo como nova expressão da arte. 
 Quarta Conferência: O ensino. 
 
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SÉCULO XIX 
A REACÇÃO PARNASIANA 
 
1. O parnasianismo 
O vocábulo parnasianismo deriva de Parnaso, monte da antiga Grécia, na Fócida, consagrando a 
Apolo, deus da poesia, e às musas. 
Como designação de escola literária, deve a sua origem ao título de uma publicação francesa Le 
Parnasse Contemporain. (Trata-se de uma revista ou colectânia, editada pelo livreiro parisiense 
Lemerre, a partir de 1866, na qual se publicaram as primeiras obras poéticas que reagiram contra o 
romantismo 
 
2. Características gerais da escola 
O parnasianismo surgiu e alastrou como reacção contra o romantismo. No seu aspecto negativo, 
coincide, pois, com a estética realista. Apresenta duas características essenciais: 
 impessoalidade do poeta (quanto aos temas) e 
 expressão literária exacta e correcta (quanto à forma) 
 
a) impessoalidade do poeta 
A poesia tem de ser impessoal. Substituirá, pois, os temas subjectivos, de confidência autobiográfica e 
íntima, por temas objectivos, buscados na História, na vida, na natureza. 
 
b) Expressão literária exacta e correcta 
A objectividade dos temas há-de exprimir-se em formas impecavelmente correctas, nítidas, perfeitas, 
adequadas, evitando-se quer os adornos exagerados. 
 
 
 
 
 
 
 
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SÉCULO XIX 
SIMBOLISMO 
 
Chama-se simbolismo a um movimento literário de reacção contra o parnasianismo, que eclodiu em 
França entre 1880 e 1890 e atingiu a maturidade artística no do século. 
 
Características gerais do simbolismo 
a) Nos temas 
- interioridade, culto do sonho, de tudo quanto parece secreto; 
- paixão pelo ocultismo e pelo orientalismo e biblicismo, cheios de mistério; 
- ideias desconexas, envoltas em sombra, névoa, obscuridade; 
- pessimismo. 
 
b) Na forma 
 - uso do verso livre e novos agrupamentos estróficos; 
 - uso da prosa rítmica; 
 - emprego de vocabulário rico, raroe requintado 
 - construção de matáforas e imagens inéditas que sejam capazes de sugerir em vez de significar 
directamente, o seu uso sistemático; 
 - valorização da entidade física sónica dos vocábulos pelo recurso à aliteração e rimas sucessivas; 
 - o recurso ao símbolo, à parábola, à alegoria. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SÉCULO XX - ÉPOCA CONTEMPORÂNEA: MODERNISMO 
 
a) Primeiro Modernismo 
Em fins de Março de 1915, apareceu em Lisboa a revista Orpheu, fundada por Fernando Pessoa, 
Mário Sá-Carneiro, José Pacheco, Armando Cortes Rodrigues, Alfredo Guisado e outros. 
Os autores citados, a que depressa se juntaram Almada Negreiros, Santa Rita Pintor, Ângelo de Lima, 
António Botto e Raúl Leal, mostraram-se entusiasmados com as novidades do futurismo e começaram 
a espalhar a estética modernista nos meios literários do país. 
Serviram-se para isso das revistas seguintes revistas, todas de vida efémera, mas com sérias 
repercussões na poesia: 
 Orpheu (números em 1915) 
 Centauro (1 número 1916) 
 Exílio, Portugal Futurista (1 número em 1917) 
 Comtemporânea (13 números de 1922 a 1923) e 
 Athena (5 números em 1924 e 1925) 
 
b) O segundo modernismo. O grupo da “Presença” 
Apesar do que se disse, o “grupo do Orpheu” pouca influência teve na literatura portuguesa, que 
continuou a explorar o sentimentalismo romântico, o historicismo e o tradicionalismo, servidos num 
estetecismo frásico à Camilo e à Eça. Foi assim que a nova escola não obstou a que se notabilizassem 
por outros caminhos Teixeira de Pascoais, Afonso Lopes Vieira, Florbela Espanca, António Correia de 
Oliveira, Júlio Dantas, Carlos Malheiro Dias, Mário Beirão e mais: Quer dizer: simultâneamente com 
uma literatura de rotura declarada continuou uma literatura de tradição. 
Muito maior foi o prestígio do grupo “grupo da Presença”, a que chamamos segundo modernismo. 
Em 10 de Março de 1927, sugriu em Coimbra uma revista literária lançada por jovens audaciosos, 
acabados de sair da Universidade. Denominava-se Presença cujos fundadores foram José Régio, João 
Gaspar Simões e Branquinho da Fonseca. Foi graças à Presença que o movimento modernista se 
impôs a valer. 
 
 
 
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NEO-REALISMO 
O Neo-realismo é um prolongamento ou uma simples reedição do realismo. É um movimento literário 
do século XX que revitalizou as melhores lições e experiências do Realismo, no sentido da 
interpretação artística e da problemática humana contemporânea com o auxílio das modernas doutrinas 
filosóficas, históricas e económicas. 
O Neo-realismo procura uma visão mais concreta e integral do Homem, a consciência do dinamismo 
da realidade e a identificação do escritor e forças transformadoras do mundo. 
O Neo-realismo acredita na função revolucionária dentro da arte, razão pela qual interpreta o Homem 
e a sociedade à luz da doutrina Marxista e socialista. A arte desempenha uma função social. 
 
Características do Neo-realismo 
O Neo-realismo apresenta as seguintes características fundamentais: 
· reacção contra o individualismo, contra o psicologismo; é a humanização da arte; 
· baseia-se em documentos humanos e no estudo das lutas de classes, as injustiças sociais, 
exploração do Homem pelo Homem; 
· presta maior atenção aos sofredores e oprimidos; 
 
Os temas mais visados na literatura neo-realista serão aqueles que se ligam ao proletariado a sua 
condição económica, conflito social, alienação e consciência de classe, posse de terra, opressão, 
decadência dos estratos sociais dominantes, etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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7.2. NOTAS SOBRE LITERATURA BRASILEIRA 
Introdução 
O problema das origens da literature brasileira não pode formular-se em termos de Europa, onde foi a 
maturação das grandes nações modernas que condicionou toda a história cultural, mas nos mesmos 
termos das outras literaturas americanas, isto é, a partir da afirmação de complexo colonial de vida e 
de pensamento. 
 
A colónia é, de início, o objecto de uma cultura, o “outro” em relação à metrópole: no caso da 
literatura brasileira, foi a terra a ser ocupada, o pau-brasil a ser explorado, a cana-de-açucar a ser 
cultivada, o ouro a ser extraído; numa palavra, a materia-prima a ser carreada para o Mercado externo. 
A colónia só deixa de o ser quando passa a sujeito da sua história. Mas essa passagem fez-se no Brasil 
por um lento processo de aculturação do português e do negro à terra e às raças natives; e fez-se com 
naturais crises e desequilíbrios. 
 
Nos primeiros séculos, os ciclos de ocupação e de exploração formaram ilhas sociais (Bahia, 
Pernambuco, Minas, Rio de Janeiro, São Paulo), que deram a colónia uma fisionomia de arquipélago 
cultural. Assim, de um lado houve a dispersão de subsistemas regionais, até hoje relevantes para a 
história literária. 
 
2. Romantismo 
 (fim do século XVIII e início do século XIX) 
Início: Publicação de Sus-piros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de Magalhães (1836) 
Término: Abolicionismo 
Contexto da época: 
· Processo crescente de industrialização 
· Importância da Revolução Francesa 
· Ascensão da burguesia 
· Oposição ao clássico 
 
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· A literatura torna-se mais popular 
· Desenvolvimento de temas nacionais 
· Exaltação da natureza pátria 
· Criação do herói nacional (no Brasil ? o índio) 
· Exaltação do passado histórico: culto a Idade Média 
· Supervalorização das emoções pessoais 
· Egocentrismo 
· Fuga da realidade: álcool, doenças, suicí-dios,mortes. 
 Síntese do Romantismo no Brasil 
 
 1ª GERAÇÃO ( 
Nacionalista ou Indianista) 
Gonçalves de Magalhães: 
poesia religiosa; poema épico - 
Suspiros Poéticos e Saudades. 
Gonçalves Dias: indianismo, 
natureza pátria, religiosidade, 
sentimentalismo e brasilidade - 
Canção do Exílio. 
 
 
 
 
 
 
2ª GERAÇÃO (geração 
Byroniana) Álvares de 
Azevedo: mal-do-século; 
amor, morte, mulheres 
idealizadas; influência de 
Byron. 
Casimiro de Abreu: 
repetição do estilo dos 
outros autores. 
Junqueira Freire: tema do 
celibato, análise da 
religião, morte (fuga). 
 
Fagundes Varela: 
sintetizou todos os temas 
do romantismo. 
3ª GERAÇÃO (Condoreira) 
Castro Alves: egocentrismo; 
subjeti-vismo; observação da 
realidade; poesia social; luta 
abolicionista: Navio NegreiroSousândrade: causas 
abolicionistas e republicanas; 
experiências de viagens; 
padrões diferentes do 
Romantismo. 
 
 
 
 
 
 
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REALISMO 
Contexto da época 
· Desenvolvimento do pensamento científico e das doutrinas filosóficas e sociais (Comte, Marx 
e Engels, Darwin) 
· Questão Coimbrã: conflito das transformações políticas, sociais e económicas 
· Objectivismo com negação ao Romantismo 
· Determinismo 
Autores 
Aluísio Azevedo 
Machado de Assis 
Raul Pompeia 
PARNASIANISMO 
· A poesia deixa de ser sentimento exacerbado e denuncia as injustices; 
· Forma perfeita: rimas raras, vocábulos sonorous 
· Pricípio da arte pela arte: o objecto da poesia é ela mesma 
· A tríade Parnasiana: Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac 
· Versos longos, decassílabos ou Alexandrinos 
Autores 
· Olavo Bilac 
· Raimundo Correia 
 
 
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SIMBOLISMO 
Início: obra Missal e Broquéis, Cruz e Sousa. 
Término: início do século XX com o início do pré-romantismo 
 
Contexto da época 
· Antiparnasianismo 
· A busca pelo espiritual, o místico, o estado da alma. 
· Retorno de aluns temas românticos mas com uma estrutura poética mais livre 
Autores 
Cruz e sousa 
Alphonsus de Guimaraens 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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MODERNISMO 
1ª GERAÇÃO DO MODERNISMO BRASILEIRO 
INÍCIO: 1922 - evento da “SEMANA DE ARTE MODERNA” no teatro municipal de São 
Paulo. 
TÉRMINO: 1930 - publicação do livro “Alguma Poesia”, de Carlos Drummond de Andrade. 
 
CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS: 
· Definições de posições bem determinadas e próprias. 
· Rompimento com as estruturas do passado. 
· Caráter anárquico e destruidor. 
· Nacionalismo. 
· Pesquisa através da volta às origens. 
· Tentativa de criar uma língua brasileira; a língua falada nas ruas, pelo povo. 
· Repensar a história da literatura no Brasil através da paródia e do humor. 
· Valorização do índio-autêntico brasileiro. 
· É uma fase rica em manifestos: “Pau-Brasil”, Oswald de Andrade - "Verde-Amarelo", e 
do "Grupo da Anta", com Plínio Salgado, 
· Nacionalismo crítico x utópico. 
AUTORES 
MÁRIO DE ANDRADE 
· Liberdade formal. 
· Combate a sintaxe tradicional. 
· Nacionalismo. 
· Procura da linguagem brasileira. 
· Tema principal: a cidade de São Paulo. 
· Expressões ítalo-paulistanas. 
· Linguagem coloquial. 
 
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· Pesquisa folclórica. 
· Principais obras: “Paulicéia Desvairada” (1922); “Lira Paulistana” (1946); “Contos 
Novos” (1946); “Amar,Verbo Intransitivo” (1927); “Macunaíma” (1928); “A escrava 
que não era Isaura” (1925). 
OSWALD DE ANDRADE 
· Lançou o movimento "Pau-Brasil" (1924) e o "Antropofágico" (1927). 
· Linguagem telegráfica. 
· Rupturas sintáticas. 
· Capítulos curtos. 
· Neologismos. 
· Técnica cinematográfica. 
· Linguagem coloquial e sintética. 
· Humor, paródia. 
· Temas do cotidiano. 
· Quebra de fronteiras entre a prosa e poesia. 
· Principais obras: “Memórias Sentimentais de João Miramar” (1924); “Serafim Ponte 
Grande” (1933); “A Morta” (1937); “O Rei da Vela” (1937). 
MANUEL BANDEIRA 
· No início, influências simbolistas com ligações parnasianas. 
· Fez poemas autobiográficos. 
· Tom melancólico e lírico. 
· É muito triste em seus textos. 
· Temas relacionados a doenças e mortes, principalmente a tuberculose. 
· Linguagem coloquial, tese social e folclore negro. 
· As vezes usa a ironia. 
· Versos livres. 
· Rebeldia e sátira como no poema “Os sapos”. 
· Temas populares. 
 
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· Saudade da infância. 
· Desejo de libertação. 
· Principais obras: “A cinza das horas” (1917); “Ritmo Dissoluto” (1924); “Libertinagem” 
(1930); “Estrela da Manhã” (1936); “Itinerário de“Itinerário de Pasárgada” (1954). 
OUTROS AUTORES 
· Alcântara Machado: Brás, Bexiga e Barra Funda. 
· Cassiano Ricardo: Martim Cererê. 
· Guilherme de Almeida: A flor que foi um homem. 
· Menotti del Picchia: Juca Mulato. 
· Plínio Salgado: O cavaleiro de Itararé. 
· Raul Bopp: Cobra Morato. 
MODERNISMO 2ª FASE (1930-1945) 
CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS: 
· Iniciou com o livro Alguma Poesia, de Carlos Drummond de Andrade. 
· Aprofundou os ideais e propostas da 1ª fase. 
· Verso livre. 
· Poesia sintética. 
· Questionamento da Realidade. 
· Busca o “eu-indivíduo” e o seu “estar no mundo”. 
· Investigação do papel do artista. 
· Metalinguagem. 
· Corrente mais intimista e espiritualizada. 
· Evidencia-se a fragilidade do Eu. 
· Domínio da prosa com o Romance regionalista nordestino, social e politicamente 
engajado. 
 
 
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POETAS DO MODERNISMO 2ª FASE 
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE: 
a) Temas específicos: 
 o indivíduo; a terra natal; a família; os amigos; o social; o amor; a própria poesia; exercícios 
lúdicos com a poesia; visão de existência. 
b) Características: 
· 1925 - 1940: Poesia irônica; humor; saudosismo; individualismo; contempla o mundo e a 
si mesmo. 
 Obras: Alguma Poesia; Brejo das Almas e Sentimento de Mundo 
· 1941 - 1945: Poesia social; guerra; ditadura; denúncias; a metalinguagem. 
 Obras: A Rosa do Povo; poemas José e A Procura da Poesia. 
· 1946 - 1958: Poesia metafísica; ideologia; negativismo; descrença. 
 Obras: Poesia até Agora; Claro Enigma e Fazendeiro do Ar. 
· 1962 - 1968: Poesia objectual; liberdade poética; atitude lúdica; o prosaico; o irônico; 
poesia experimental. 
 Obra: Lição de coisas. 
· 1968 - 1987: Últimas obras: certo erotismo e ecletismo. 
 Obra: Boi tempo; entre outras. 
 
 
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CECÍLIA MEIRELES 
a) temas específicos: 
a solidão; o amor perdido; a saudade; o espaço; o oceano; temas históricos; a fugacidade do 
tempo; a fragilidade do ser humano; os desacertos dos homens; o isolamento; a sombra; o nada. 
 b) Características: 
· Escreve obras em poesia, prosa e também traduções. 
· Influência simbolista (neo-simbolismo). 
· Uso de lirismo. 
· Ceticismo e melancolia. 
· Musicalidade como apoio para seus lamentos. 
· Versos curtos e com ritmo. 
· Jogo de imagens, sons e cores. 
· Subjetivismo. 
· Corrente espiritualista do Modernismo. 
 c) Algumas obras: 
· Espectros (1919) 
· Viagem (1939) 
· Vaga Música (1942) 
· Mar Absoluto (1945) 
· Romanceiro da Inconfidência (1953) 
· A Rosa (1957) 
· etc. 
 
 
 
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VINICIUS DE MORAES 
a) Temas específicos: 
espiritualidade; amor platônico; amor real; a mulher; a sensualidade. 
 b) Características: 
· Transcendental e místico numa 1ª fase. 
· Versos mais longos e melancólicos. 
· Proximidade com o mundo material; 2ª fase. 
· Versos mais curtos; sonetos; às vezes um modelo de Camões; versos decassílabos e 
alexandrinos. 
· Antíteses e paradoxos. 
· Letras de músicas e criação de histórias infantis. 
 c-) Algumas obras: 
· O Caminho para a distância (1933) 
· Ariana, a mulher (1936) 
· Novos Poemas (1938) 
· Cinco Elegias (1943) 
· Arca de Noé (1970) 
· etc. 
 
 
 
 
 
 
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PROSA DO MODERNISMO 2ª FASE 
JOSÉ AMÉRICO DE ALMEIDA 
· A Bagaceira, 1928 ? início da corrente regionalista nordestina. Retrata a vida dos engenhos 
de cana-de-açúcar, os retirantes, a seca. 
· Valores morais do homem nordestino. 
RACHEL DE QUEIRÓS 
· Falou do Ceará; da seca; do povo que lá vive; da Terra. 
· O Quinze, 1930: o tema é a grande seca de 1915; aspecto social junto com aspecto 
psicológico. 
JOSÉ LINS DO REGO 
· Decadência dos engenhos desmantelados pelas usinas. 
· Ciclo da cana-de-açúcar: sua vivência no engenho. 
· O narrador de Menino de Engenho é o reflexo do próprio autor em alguns momentos. 
· Em 1943, o autor publica Fogo Morto, sintetiza o ciclo e conta a história de um engenho 
chamado Santa Fé. 
JORGE AMADO 
· Regionalismo baiano, zonas rurais do cacau e zona urbana de Salvador. 
· Tipos marginalizados. 
· Análise da sociedade. 
· Utilização em suas obras da “fala do povo”. 
· 
a) Romances Proletários: mostram a vida em Salvador com um retrato social - Suor, O País 
do Carnaval e Capitães de 
 Areia. 
b) Ciclo do Cacau: a vida nas fazendas nas regiões de Ilhéus e Itabuna - Cacau, Terras do 
 
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Sem-Fim, São Jorge dos 
 Ilhéus. 
c) Crônicas de Costumes e depoimentos líricos: novelas, romances com temáticas 
amorosas. - Mar Morto, Gabriela, Cravo e Canela, A Morte e a Morte de Quincas Berro 
D’água. 
GRACILIANO RAMOS 
· Início do trabalho com a publicação de Caetés (1933). 
· Actividades subversivas; preso político ? Memórias do Cárcere. 
· Viagem aos países socialistas ? Viagem. 
· Clima de tensão; relações do homem com o meio natural; meio social. 
· Final trágico: o suicídio. 
· O homem muitas vezes se animaliza. 
· A seca, os retirantes, a vida na catinga. 
· 
a) Romances em 1ª pessoa: Caetés, São Bernardo e Angústia: pesquisa da alma humana 
com análise da sociedade. 
b) Romances em 3ª pessoa: Vidas Secas: visão distanciada da realidade com enfoque nos 
diversos modos de ser. 
c) Autobiografias: Infância e Memórias do Cárcere: o autor problematiza a si mesmo com 
temática humana. 
PÓS-MODERNISMO OU 3ª FASE: 1945 ATÉ OS DIAS DE HOJE 
CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS: 
· a poesia renova-se. 
· surge a poesia concreta, a poesia social e a poesia praxis. 
· na prosa temos o romance e o conto em grande desenvolvimento. 
· estilo mais objectivo e maior densidade. 
· pesquisas e inovações linguísticas. 
 
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· complexidade psicológica. 
· tensões entre o indivíduo e a sociedade. 
· realismo fantástico. 
· regionalismo universal. 
POESIA PÓS-MODERNA 
 JOÃO CABRAL DE MELO NETO 
· Linguagem objectiva e seca 
· Simplicidade. 
· Temas sociais do Nordeste em algumas obras. 
· Obras: Pedra do Sono (1942); O Engenheiro (1945); Morte e Vida Severina (1956); etc. 
· Poesia sintética; objectiva; escreve como um engenheiro. 
CONCRETISMO 
· Fim do verso. 
· Eliminação da sintaxe tradicional. 
· Força visual das palavras. 
· Nova forma de comunicação poética: o gráfico. 
· Exploração de formas, cores, montagem de palavras. 
· Principais Poetas: Haroldo de Campos, Décio Pignatari e Augusto de Campos. 
FERREIRA GOULART E POESIA SOCIAL 
· Luta social. 
· O meio e o homem. 
· Obras: A Luta Corporal (1954); Quem Matou Aparecida (1962) etc. 
 
 
 
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POESIA PRAXIS 
· Rompimento com o grupo dos concretistas. 
· Retomada da palavra; do engajamento histórico. 
· Superação da dialética de 22. 
· Pesquisa de uma nova estrutura para o poema. 
· Autor: Mário Chamie - Laura - Laura (1962) 
PROSA PÓS-MODERNA 
CLARICE LISPECTOR 
· Aproxima-se de James Joyce, Virginia Woolf e Faulkner. 
· Fluxo de consciência compondo com o enredo factual. 
· Momento interior é o tema mais importante. 
· Subjetividade. 
· Amostras do mundo de forma metafísica. 
· A exploração do eu. 
· Um novo sentido de liberdade a partir da sua leitura do mundo. 
· Esquema: 
 
* A personagem está diante de uma situação do cotidiano. 
* Acontece um evento. 
* O evento lhe “ilumina” a vida: aprendizado, descoberta. 
* Ocorre o desfecho: situação da vida do personagem após o evento. 
· Obras: 
* Perto do Coração Selvagem (1947) - estréia. 
* O lustre (1946). 
* A cidade Sitiada (1949).* A maçã no escuro (1961). 
 
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* A Paixão Segundo GH (1961). 
* A Hora da Estrela (1977), entre outras. 
 GUIMARÃES ROSA 
· Aproveitamento da fala regionalista com seus arcaísmos. 
· Neologismos. 
· Recorrência ao grego e latim. 
· Processo fonético na criação escrita. 
· Além da experimentação formal, temos uma visão profunda do ser humano e suas 
experiências. 
· Cenário: o sertão brasileiro. 
· Regionalismo universalizante: a problemática atinge o homem em qualquer lugar. 
· Questionamentos sobre Deus e Diabo; significado da vida e da morte; o destino. 
· Obras: 
 
* Sagarana (1948) 
* Corpo de Baile (1956) 
* Grande Sertão: Veredas (1956) 
* Primeiras Estórias (1962) etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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7.3. NOTAS SOBRE LITERATURAS AFRICANAS DE EXPRESSÃO PORTUGUESA 
A afirmação das Literaturas Africanas de Língua Portuguesa no período 1945-1975 
A literatura africana, como um conjunto de obras literárias que traduzem uma certa 
africanidade, toma esta designação porque a África é o motivo da sua mensagem ao mundo, 
porque os processos técnicos da sua escrita se erguem contra o modismo europeu e 
europeizante. 
 
1. A recepção do Movimento Pan-Africanismo e da Negritude 
O Pan-Africanismo e a Negritude consideram os fundamentos históricos e culturais das 
Literaturas Africanas em Língua Portuguesa. Daí, o estudo destas literaturas requer em geral, a 
análise ainda que muito resumida, daqueles movimentos. 
 
1.1. O Pan-africanismo 
O fenómeno da negritude surge numa primeira fase como a descoberta do continente africano, 
por parte dos escritores negros da Jamaica e das Antilhas bem como dos EUA. 
Com efeito, no século XIX perante a possibilidade de pôr em prática a abolição da escravatura 
já decretada foi preciso adoptar como solução o regresso a África resumida na fórmula “Back 
to Africa”, tendo sido enviados vários grupos para a Serra Leoa onde se formou o Estado 
Negro da Libéria. 
Esta solução, no entanto, não se mostrou definitiva porque havia negros que queriam 
permanecer na América, além de que os emancipados eram formados das mais diversas etnias. 
Entre o final do século XIX e princípios do século XX, surgiram na História Americana várias 
personalidades decididas a acabar com o racismo, as quais defenderam teses que divergiam em 
duas direcções: 
- uma das teses encabeçada por William Du Bois, luta por uma aceitação do negro pelo 
homem branco dentro da sociedade americano; 
- outra dirigida por Marcus Garvey preconiza a unificação dos povos africanos para formar o 
“Império Negro” denominado Estados Unidos de África. 
 
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Assim, designaremos Pan-africanismo a este movimento que pretendia congregar todos os 
escravos negros libertados a América e levá-los de regresso à África. 
 
1.2. A Negritude 
A expressão “Negritude” deve-se a Aimé Cesaire e foi empregue pela primeira vez em 1939 
no “Cahier d’un retour au pays natal” e tem como antecedentes o renascimento negro norte 
americano – Black Rennaissance, Harlem Renaissance ou New Negro (anos 20 e 30). Além do 
proponente a materialização do conceito deve-se igualmente a L’eopold Senghor e Léo 
Damas. 
A negritude define-se como a revelação do património cultural, dos valores e sobretudo do 
espírito da civilização negro-africana vinculada a uma atitude reflectida e crítica reorientada 
para o protexto contra o colonizador e para a recusa da ingerência dos dados culturais 
europeus. 
Apesar do aspecto reacionário com que foi interpretada a negritude teve como virtudes: 
- assumir tendências e aquisições históricas desalienantes, nacionalistas e progressistas; 
- constituir um conceito de libertação nacional, esclarecedor e unificador; 
- promover a busca de identidade profanada por séculos de escravatura e de desprezo, por 
parte do homem negro; 
- transformar a identidade sócio-cultural dos povos negros numa arma de emancipação e num 
projecto de renascimento; 
- lutar contra o euro-centrismo, os preconceitos, a imcompreensão e a arrogância das 
potênciais coloniais; 
- rejeitar a aculturação, a assimilação e a alienação; 
- dessacralizar a cultura ocidental; 
 
1.3. Influência da Negritude nas Manifestações literárias 
Elementos constitutivos da cosmovisão da Negritude são o modo de vida simples, o institnto, 
os hábitos ancestrais, as manifestações espontâneas, a inocência e pureza originais da raça e da 
 
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Manual de Portugues; da Teoria à Pratica – 2007 Elaborado Por : Dr. Carlito Companhia 144 
cultura. O negro expressa o seu desjo de regresso às origens, o “retour au pays natal”, 
recusando aos opressores (“eles”) a dominação do corpo, do espírito e do espaço. O negro 
recusa qualquer espécie de alienação provocada pela assimilação, isto é, recusa os valores do 
mundo ocidental e proclama a sua substituição pelos das culturas africanas. 
Deste modo, no texto se tornam temas genéricos: Negro/Branco, Europa/África, 
Mestre/Escravo, Colono/Colonizado, Crueldade/Inocência, Ódio/Amor, Falso/Verdadeiro, 
Explorador/Explorado. 
O humor, a ironia, são um instrumento retórico que, na ausência da denúncia directa, servem 
ao negro como estratégia de ataque. 
As influências da negritude fizeram-se sentir em todas as manifestações literárias, 
especialmente no campo da poesia. Assim, vamos encontrar marcas do movimento em poetas 
como Kalunganu dos primeiros tempos, José Craveirinha e outros, marcas essas relativas a 
afirmação dos valores culturais africanos, a identidade africana, etc. 
 
2. A recepção do Modernismo Português e Brasileiro nas literaturas africanas de 
lingual portuguesa 
2.1. Factores 
A modernidade literária nas literturas africanas de lingua portuguesa surge a partir de 1945 
determinada pelos seguintes factores: 
- o renascimento africano marcado pelas correntes do pan-africanismo e da negritude. 
- a 2ª Guerra Mundial que despoletou o sentimento de igualdade, fraternidade e liberdade. 
- correntes europeias como o modernismo portugu^es e brasileiro, o neo-realismo. 
 
2.2. Veículos e autores 
Constituiram veículos desta literatura, a imprensa e revistas, nomneadamente: 
- Claridade (Cabo Verde, 1936-1960) 
- Mensagem (Angola, 1951-1952) 
- Msaho (Moçambique, 1952) 
 
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- Ilha de Nome Santo (1943) Francisco José Tenreiro 
 
 De entre os autores podemos referir: 
- Agostinho Neto e António Jacinto (Angola) 
- Francisco José Tenreiro (São Tomé e Principe) 
- Fernando Ganhão, Kalunganu, Craveirinha, Noémia de Sousa e Fonseca Amaral 
(Moçambique) 
 
2.2. Consequências do Modernismo nas Literaturas Africanas de Lingua Portuguesa 
Em termos formais 
- Transformação formal da literatura particularmente com a adopção do verso librismo 
Em termos temáticos 
- Tal como o modernismo brasileiro passa a incorporar o índio e negro como personagens 
centrais, nas literaturas africanas reflecte-se também esta abordagem 
- Denúncia da dominação colonial caracterizada pela humilhação, violência, repressão 
- Evocação de acontecimentos internacionais em consonância com aspirações libertárias 
- Valorização da cultura negra 
- Propostas de renovação social, da libertaçao efectiva 
 
Em consequência das lutas de libertação e consequente incremento da repressão colonial, 
verifica-se um silêncio na literatura e em contrapartida, o surgimento da poesia da guerrilha 
como Poesia de Combate em Moçambique, Ngunga e Yaka em Angola. 
 Mas ainda antes da luta de libertação é publicado o livro “Nós Matamos o Cão Tinhoso” 
(1964) de Luis Bernardo Honwana que reflecte o ambiente de tensão e de medo com a 
aproximação da Guerra. 
E durante a luta de libertação produz-se outro tipo de literatura assinada por Carneiro 
Gonçalves que não tem caráter nacionalista que outras reflectem e por Orlando Mendes, 
marcada pelo Neo-realismo português. 
 
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Mais produção literária observa-se em Angola Angola, Moçambique e Cabo Verde, No 
entanto, neste observa-seuma pequena metamorphose caracterizada por uma literatura 
intimista da 1ª geração e por uma literature nacionalista da 2ª geração. No caso de Cabo Verde 
não há Negritude mas a saudade, mar isolamento da ilha, desejo de evasão e anseio para 
descoberta da outra vida. 
No caso de Tomé observa-se uma forte negritude e o reflexo das revoltas de escravos, com 
uma certa relação com a Igreja. 
 
3. Breve retrospectiva das Literaturas Africanas de Língua Portuguesa 
CABO VERDE 
Todos sabemos que há um conjunto de factores de ordem geo-política, econômica e social que levou a 
que Cabo Verde, desde muito cedo, ficasse praticamente entregue a si próprio em termos de 
homogenização racial e cultural. O impacto do colonialismo não é tão drástico, impulsivo e dramático 
como nas outras regiões. Embora reconhecendo o risco de tal afirmação, diria que Portugal, como 
potência colonizadora, e com todas as expectativas do regime, acabou por criar algumas condições 
necessárias para o aparecimento da literatura caboverdiana. Desde muito cedo que a terra, bem como 
os centros de controle e administração, passam para as mãos de. O grupo uma burguesia nascida em 
Cabo Verde, formada maioritariamente por mestiços. 
Entre 1920 e 1930 já existe uma elite muito consciente dos problemas que afectam as ilhas. Esta gente 
está sobretudo concentrada em S. Nicolau, S. Antão e S. Vicente, e muitos são comerciantes, 
professores estudantes e jornalistas que estão em contacto com as correntes e movimentos literários de 
Portugal, como o modernismo e o neorealismo. Mas é sobretudo o modernismo brasileiro que 
influencia esta geração que se familiariza com Jorge Amado, Graciliano Ramos, José Lins do Rego, e 
poetas como Jorge Lima, Ribeiro Couto , Manuel Bandeira, e os sociólogos como Gilberto Freyre. A 
partir, sobretudo, dessa altura os escritores de Cabo Verde começam a tomar uma consciência cada vez 
mais nítida da realidade das ilhas, a romper com os modelos de tipo europeu. A atenção é focada cada 
vez mais na terra, no ambiente sócio-económico e no povo das ilhas. 
 
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O grande passo para a viragem total de temática da literatura produzida em Cabo Verde é dado , em 
1936, por um grupo de intelectuais que lança a revista Claridade. O grupo, que para a história literária 
passou a ser conhecido por claridosos, integra, para além de outros, Baltazar Lopes, Manuel Lopes e 
Jorge Barbosa. 
As linhas mestras dos movimentos dos claridosos estão praticamente condensadas na obra daquele que 
também é o seu maior responsável- Jorge Barbosa.A preocupação fundamental da sua poesia é revelar 
as situações com que diariamente se defronta o cabo-verdiano: a fome, a miséria, a falta de esperança 
no dia de amanhã, as secas e os seus efeitos devastadores. Os grandes tópicos são o lugar, o ambiente 
sócio-económico e o povo; e todos em relação constante com o mar.O mar é o elemento provocador 
do aparecimento de outras duas realidades soberbamente tratadas na poética barbosiana : a viagem e o 
sonho de encontrar uma terra prometida. 
A ilha, o mar, a viagem e o sonho são os signos de maior densidade na poesia de Jorge Barbosa. Toda 
essa temática se distribui pelas suas três obras: Arquipélago (1935), Ambiente (1941) e Caderno de um 
Ilhéu (1956).Mas, quanto a mim, é em Ambiente que Jorge Barbosa se define como poeta inovador, 
que dá à sua poesia uma tonalidade dramática nova, trazida "pela intimidade, a denúncia, a epopéia do 
homem isleno vivendo no drama “. Não resisto à tentação de citar aqui um poema que, quanto a mim, 
é revelador da dualidade em que Jorge Barbosa coloca os referentes de quase todos os seus poemas. 
Há sempre um "eu" em constante tensão com um ambiente exterior. Repare-se no poema Prisão 
Pobre do que ficou na cadeia 
de olhar resignado, 
a ver das grades quem passa na rua! 
 
pobre de mim que fiquei detido também 
na Ilha tão desolada rodeada de Mar!... 
...as grades também da minha prisão! 
Este poema é paradigmático quando se procura organizar uma amostragem comparativa da poesia de 
Cabo Verde.É que toda poesia dos claridosos, se por um lado rompeu com os diques das normas 
 
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temáticas do colonialismo, não se terá libertado completamente de um certo miserabilismo herdado do 
neo-realismo português. Esta poesia é toda ela virada para o homem caboverdiano e o mundo que o 
rodeia; no entanto não aponta grandes soluções. É pois, uma poesia de descrição, profundamente 
lírica, intimista , mais ainda falha de coragem para apontar outra solução ao homem caboverdiano que 
não seja a evasão do mundo que lhe pertence. É por isso que os calaridosos, e Jorge Barbosa, 
evidentemente, são freqüentemente criticados pelo carácter "evasionista" e "escapista da sua poesia. 
A geração da Claridade lançou os alicerces da nova poesia que depois é continuada pelos escritores 
pelos escritores que colaboram em outras duas publicações, a Certeza (1944) e o Suplemento Cultural 
(1958). Nas duas revistas colaborarampoetas como António Nunes, Aguinaldo Fonseca , Gabriel 
Mariano, Onésimo Silveira (um dos primeiros a utilizar o crioulo de parceria com o português, no seu 
livro Hora Grande, 1962) e Ovídio Martins, que combate abertamente o evasionismo dos claridosos. 
Apesar de tudo a geração da Claridade influenciou, e continua a influenciar, grande parte da produção 
poética e ficcionista de Cabo Verde. 
O salto qualitativo e a ruptura com a influência dos claridosos devem-se a dois escritores que 
chegaram a participar na revista Claridade. Estou a referir-me a João Varela (aliás João Vário, aliás 
Timótio Tio Tiofe) que publicou em 1975, O primeiro livro de Notcha, e Corsino Fortes, autor de dois 
importantes trabalhos poéticos, Pão & Fonema (1975) e Árvore & Tambor (1985). É sobretudo 
Corsino Fortes que provoca o maior desvio de conteúdo temático e formal. O livro Pão & Fonema 
deixa perceber a intenção do autor em reescrever a história do povo em termos de epopéia. O livro 
abre com uma Proposição que constitui, por si só, uma demarcação da poesia de tipo estático dos 
claridosos. Repare-se na primeira estrofe: 
Ano a ano 
_____ crânio a crânio 
Rostos contornam 
_____ o olho da ilha 
com poços de pedra 
_____ abertos 
_____ no olho da cabra 
 
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Esta cadência ritmada do esforço humano marca o compasso da epopéia que se pretende escrever, 
intenção que o autor condensa na epígrafe da autoria de Pablo Neruda:Aqui nadie se queda 
inmóvel./Mi pueblo es movimiento ./mi pátria es um camino. O poema desenrola-se depois em dois 
cantos que justificam o título. 
Este livro de Corsino Fortes é, quanto a mim, o desenvolvimento e expansão de uma metáfora que se 
inicia com o título. O povo tomou conta da sua terra (o Pão) e do seu destino (a fala que dá nome às 
coisas, que indica posse). A utilização do crioulo em muitos poemas é intencional, uma vez que fala, 
anterior à escrita,é o grande sinal da liberdade que se tornou patrimônio, tal como a terra. Daqui o 
subtítulo do canto primeiro- Tchon de Pove Tchon de Pedra; Daqui também os subtítulos de outros 
dois cantos- Mar & Matrimónio e Pão & Matrimónio. 
É evidente que toda problemática de raiz caboverdiana está presente na obra de Corsino Fortes. Ao 
contrário dos claridosos, a nova poesia é uma expressão artística cuja formulação sugere, reflecte e 
intervém na dinâmica do real. A grande diferença no entanto, reside no facto de que este autor, para 
além de criar uma nova dinâmica de ralações entre o sujeito e o objecto poético, colocar toda a 
problemática caboverdiana num contexto muito mais vasto que é o da África. Cabo Verde, com sua 
especificidade, que é o isolamento de arquipélago, participa na viagem de construção da África de 
rosto e corpo renovado: 
Dos seios da ilha ao corpo da África 
O mar é ventre E umbigo maduro 
E o arquipélago cresce 
SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE 
Em termos quantitativos, a produção poética de São Tomé e Príncipe corresponde as suas dimensões 
físicas, se compararmos com o que se passa nos outros países. A literatura deste pequeno país de duas 
ilhas no noroeste da costa africana é ainda pouco representativa no contexto das literaturas africanas de 
expressão portuguesa. No entanto, e qualquer que seja o futuro da sua produção poética, São Tomé e 
Príncipe tem assegurada a presença na panorâmica histórica da literatura africana. Com efeito, 
 
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Francisco José Tenreiro, nascido em São Tomé, em 1921, é um dos marcos da poesia africana de 
expressão portuguesa. 
Sobre outros poetas, valerá a pena mencionar um dos precursores da negritude lusófona, Francisco da 
Costa Alegre, nascido em 1864. A sua única obra, Versos, foi editada postumamente,em 1916.Costa 
Alegre é um dos primeiros poetas africanos que se exprime em língua portuguesa e que tem a 
consciência da sua cor. Ele não articula uma resposta à injustiça social que deixa transparecer em 
alguns dos seus versos, pelo que a sua poesia se parece mais com um queixume sobre a sua situação de 
africano de cor:a minha cor é negra,/Indica luto e pena;/(...)Todo eu sou um defeito,/Sucumbo sem 
esperanças,/.Estes e outros lamentos são a tónica de sua poesia, que, no entanto, significa um 
despertar para a cor, um dos passos importantes para uma tomada de consciência nacional que a poesia 
africana toma em determinada altura, mas que se segue ao que Manuel Ferreira e outros críticos 
identificam como a "alienação racial". 
Devemos referir também a poetisa Alda do Espírito Santo que figura em todas as antologias de poesia 
africana. A sua poesia, que tem também a diferença racial e a exploração colonial como pano de 
fundo, caracteriza-se por uma grande dose de combatividade e panfletarismo. No entanto, no seu único 
livro publicado até à data, É Nosso o Solo Sagrado da Terra: Poesia de protesto e luta, encontramos 
também os poemas de grande profundidade lírica, que descrevem com traços de verdadeira 
sensibilidade artística, a vida dos habitantes de São Tomé. Outros poetas , como Tomaz Medeiros, 
Maria Manuela Margarido, Marcelo da Veiga e Carlos do Espírito Santo , mantêm uma linha de 
continuidade em que a temática de fundo é a luta contra o colonialismo, a exploração dos negros nas 
plantações, a consciência da diferença que a cor provoca , e a alienação. 
Como já me referi, o expoente da poesia sãotomense , e da poesia africana, é Francisco José Tenreiro. 
Duas razões fundamentais para esta facto . A primeira é uma razão que se reveste de carácter histórico 
de muita importância. Francisco José Tenreiro foi, de parceria com outro importante nome da lteratura 
de Angola( Mário Pinto de Andrade), o autor do célebre Caderno de Poesia Negra de Expressão 
Portuguesa, lançado em Lisboa, em 1953. A publicação, com uma introdução de Mário Pinto de 
Andrade, é uma pequena antologia de poetas de Angola, Moçambique e São Tomé e Príncipe e ainda 
um poema de Nicolás Guillén,a quem o caderno é dedicado. Tem como objectivo fundamental uma 
 
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reflexão sobre o que devia entender por negritude na África sob dominação portuguesa. O último 
período da introdução é bem explícito com relação ao propósito da publicação do caderno, que se 
destina "fundamentalmente aos que sabem encontrar-se reflectidosnesta poesia, e aos que, 
compreendendo a hora presente de formação de um novo humanismo à escala universal, entendem que 
os negros exercitam também os seus timbres particulares para cantar a grande sinfonia humana." 
A segunda razão por que Francisco José Tenreiro é um marco de máxima importância na literatura 
africana vem resumida na introdução atrás citada. As palavras do poeta angolano sintetizam, a meu 
ver, o conteúdo temático e formal da poesia de Tenreiro.É por tal motivo que me permito terminar a 
referência ao grande da negritude em portuguêscom as palavras de Mário Pinto de Andrade: " Quem 
pela primeira vez exprimiu a <> em língua portuguesa foi sem sombra de dúvida Francisco José 
Tenreiro no seu livro Ilha de Nome Santo, datado de 1942. Devemos assinalar que ele encontrou por 
si, individualmente, as formas mais autênticas de expressão subjectiva e objectiva da <>. A Ilha de 
Nome Santo aparece assim como um feliz encontro dos temas da sua terra de origem ( S. Tomé) e 
ainda como exaltação do homem negro de todo o mundo". 
A obra poética de Tenreiro, particularmente Ilha de Nome Santo, foi desde sempre uma leitura 
obrigatória de todos quantos participaram dos movimentos sociais, políticos e literários, sobretudo a 
partir da década de 50. Tais movimentos foram-se a partir de organizações como a Casa dos 
Estudantes do Império e o Centro de Estudos Africanos, em Lisboa , de que Tenreiro foi um dos 
fundadores, em 1951. Em tais organizações militou a maioria dos intelectuais cujas obras passaram a 
integrar o que de mais representativo existe na poesia e na ficção dos países africanos de expressão 
portuguesa. E é sobretudo a poesia desses autores que absorve, com maior grau de profundidade, a 
tonalidade de negritude existente na obra de Francisco José Tenreiro. Eu diria que Tenreiro serviu de 
charneira na moldagem da literatura africana ; literatura esta que não constitui uma ruptura essencial 
com a cultura dominante de cinco séculos, mas segue, para utilizar a idéia de Frantz Fanon, num 
movimento dirigido que começa na assimilação e vai até à luta pela libertação. 
 
 
 
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ANGOLA 
Como acontece com os outros países, a literatura de Angola também não nasce por método 
espontâneo. Vários são os antecedentes e os precursores que influenciam sobremaneira o carácter 
social, cultural e estético da literatura e da poesia, em particular. E não podemos nunca descurar, como 
factor de grande influência, a tradição da oralidade em África, quanto a mim, um dos antecedentes de 
maior responsabilidade. O peso da oralidade exerce-se em muita da obra poética africana, conferindo-
lhe uma grande carga de "espiritualismo telúrico". Podemos considerar a história da poesia de Angola 
em duas fases, sendo a primeira a da escrita colonial, e a Segunda a da poesia moderna e nacional, que 
se inicia com a publicação da revista Mensagem , em 1951. 
Mensagem marca, assim, o início da poesia moderna de Angola. Nesta revista participa uma pleiade de 
escritores que serão os responsáveis pela construção da literatura do novo país, nascido em 1975. No 
primeiro número de Mensagem colaboram, entre outros, Mário António, Agostinho Neto, Viriato da 
Cruz, Alda Lara, António Jacinto e Mário Pinto de Andrade. A publicação da revista , no dizer de Ana 
Mafalda Leite, "foi o resultado concreto da ambição desta nova geração de intelectuais de Angola de 
amplificar o movimento cultural iniciado nos anos 40 por Viriato da Cruz." 
A produção poética angolana abrange três grandes períodos: de 1950 a 1970; o período de inovações - 
a década de 70; e a geração de 80. Vejamos, em resumo, em resumo, o que se passa em tais espaços de 
tempo. 
As duas décadas de 1950 a 1970, marcam a fase da viragem para a conciencialização da problemática 
angolana, sobretudo em três grandes vertentes - a terra, a gente, e as suas origens. A temática dos 
escriotres da Mensagem gira à volta de tópicos que vão caracterizar a poética que existe até aos nossos 
dias: a valorização do homem negro africano e da sua cultura a sua capacidade de auto-determinação, 
a nação africana que se antevê como estado com autoridade e existência próprias. Muita da poesia é 
uma poesia de protesto anti-colonial, sem deixar de ser humanista e social. Agostinho Neto, Viriato 
Cruz e Mário António concentram muito da sua produção nesta temática. 
O protesto anti-colonial toma uma feição muito mais directa e acutilante com a publicação da revista 
Certeza, em 1957. Esta revista, que se publica até 1961, revelou a existência de novos poetas, entre 
 
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eles António Cardoso e Costa Andrade. Para além da contestação contra o colonialismo, desenvolve-se 
progressivamente uma temática que tem a ver com a evocação e a invocação da "mãe-pátria", da "terra 
grande" de África. Quase todos estes poetas tratm os temas da identidade , da fraternidade, da terra de 
Angola pátria de todos, negros, brancos e mestiços; de grande importância é também o tópico da 
alienação ( sobretudo a que respeita ao estado de espírito do branco nascido e criado em Angola). 
Muita da poesia é também de carácter intimista, como é o caso da de Mário António. 
Toda esta geração, utilizando recursos líricos e dramáticos, consegue criar uma poesia de fundo e cariz 
emocional. Através da poesia, descobre-se Angola, as suas origens , as suas tradições e mitos. A 
poesia adquire uma intencionalidade pedagógica e didáctica: com ela tenta-se recriar África e Angola, 
os valores ancestrais do homem africano e da sua terra, bem como ensinar esse mesmo homem a 
descobrir-se como individualidade. Esta poesia põe em prática a reposição da tradição oral, onde as 
próprias línguas nacionais ocupam um espaço importante. É, numa palavra, a poesia da 
"angolanidade". 
O autor que representa melhor toda esta problemática é, sem dúvida, Agostinho Neto. A sua obra 
principal, Sagrada Esperança, é uma amostra valiosa não só da poesia de combate e contestação (sem 
ser panfletária, no entanto) mas também da poesia lírica e intimista, frequentemente modulada por 
uma religiosidade profunda. Agostinho Neto revela um grande humanismo, em que são evidentes o 
amor profundo pela vida e o conhecimento do sofrer humano, que amiúde obriga o poeta a utilização 
de um realismo feroz nos seus versos. Leia-se , como exemplos poemas "Velho Negro" e "Civilização 
Ocidental". Se dizemos que há poemas intimistas, tal não significa que o poeta se isole de habitat 
social e perde a referência fundamental da sua poesia. É constante a relação estabelecida por Neto 
entre o "eu" poético e o "outro"; um "eu" que é povoado pela humanidade e colocado no contexto da 
vida do seu povo. Veja-se ,por exemplo, o poema "Confiança" e o poema intitulado "Não me peças 
sorrisos", que, a meu ver, é um dos melhores poemas de Agostinho Neto. Como o próprio título 
sugere, é evidente que a esperança é o tópico raiz e motor desta poesia. A esperança é o núcleo à volta 
do qual se constroem unidades poéticas de ralação dialéctica, como sejam a dor e o optismo, o sonho 
do poeta e o despertar do povo, a escravidão e a fé de transcender a opressão. Não podemos falar de 
sentimentalismo nesta poesia, mas sim de realismo poético. Eu chamaria atenção para o bom exemplo 
que é o poema "O choro de África". Neste poema o poeta fala do "sintoma de África", que é uma 
 
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combinatóriadialéctica do sofrimento e da alegria que temperam, durante séculos, o homem africano, 
cujo destino é "criar amor com os olhos secos". Como resultado desta temática, o estilo de Agostinho 
Neto revela grande contenção de forma, onde não há lugar para floreados poéticos e apelos fáceis à 
emoção, pese embora o seu cunho profundamente religioso. 
Na década de 70 surgem três nomes que vão ser os principais responsáveis por uma mudança profunda 
na estética e na temática: David Mestre, Ruy Duarte de Carvalho e Arlindo Barbeitos. Por um lado, 
procura-se maior rigor literário; por outro, e como consequência do anterior, evita-se 
propositadamente o panfletarismo.. Entra-se também numa fase de maior experimentalismo . Estes 
autores tentam também reconciliar os temas políticos do passado com a procura de uma linguagem 
poética mais universal.Por exemplo, Ruy Duarte de Carvalho é autor de uma poesia que, ao lado de 
uma grande ambiência de oralidade e de um apontar para as consequências da guerra constitui também 
uma reflexão sobre o próprio discurso poético. É, no entanto, Arlindo Barbeitos a voz poética que 
melhor assume a viragem e a ruptura com a tradição da Mensagem. 
Arlindo Barbeitos tem ,até o momento, dois livros publicados: Angola Angolê Angolema (1976) e 
Nzoji (1979). Numa nota de introdução a Angola Angolê Angolema, Barbeitos traça as linhas mestras 
de sua poética. Assim, a sua poesia tenta ser uma reconciliação do homem com a sua condição; é um 
testemunho e um instrumento de libertação. A poesia tem como função primordial sugerir; ela é um 
compromisso entre a palavra e o silêncio. A outra função é a de relatar as formas culturais africanas e 
a vivência do autor. Arlindo Barbeitos afirma, a propósito, que "só é poesia se sugere, só tem 
expressão, só tem força, só é arte em forma de palavra, se simultaneamente retém e transcende a 
palavra"23. Sobre as características da sua poesia, devemos dizer que ela é religiosa na medida em que 
nela se relata a experiência do ser humano que procura sempre a perfeição; por outro lado, há sempre o 
desejo de retorno à imanência, e a vontade de construir a irmandade universal. É, também, uma poesia 
que reflecte a dor, a guerra , a situação colonial. Em relação à língua, Arlindo Barbeitos tenta, e 
consegue, africanizar a língua colonial, numa tentativa continuada de repossuir todos os valores e 
tradições culturais do país. 
A partir dos anos 80, surge uma nova geração de escritores cujo ecletismo é a característica mais 
marcante. Digna de nota é uma pequena antologia publicada em 1988, e intitulada no Caminho 
Doloroso das Coisas. Na introdução, o organizador da antologia deixa perceber o rumo de uma certa 
 
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descontinuidade que a nova poesia angolana vai tomando: "São jovens, mas dentre eles há poetas que 
são artistas nos seus versos como carpinteiros nas tábuas. Tiveram que por (sic) verso sobre verso 
como quem constrói um muro. Analisaram se estava bem e tiraram sempre que não estivesse, sentados 
na esteira do Pessoa, [...] Jovens subscritores de uma auto-explicação metalinguística em que a ruptura 
formal não é tudo." 
MOÇAMBIQUE 
O processo de formação da literatura de Moçambique segue, mutatis mutandis , os mesmos trâmites 
que o de Angola. A formação, sobretudo nas zonas urbanas da Beira e Lourenço Marques (agora, 
Maputo), de uma elite de alguns negros, mestiços e brancos que se apoderou, aos poucos, dos canais e 
centros de administração e poder, é factor preponderante na emergência de uma literatura que passa 
pelas mesmas fases até aqui referidas para Angola: pré-colonial e colonial, afro-cêntrica e luso-
tropicalista, nacional e pós-colonial. 
Em termos de precursores desta literatura, há que referir Rui de Noronha, João Dias e Augusto 
Conrado. Entre eles merece realce Rui de Noronha ,cujo livro de Sonetos foi publicado seis anos após 
a sua morte. A sua poesia reveste-se de algum pioneirismo, não pela forma, mas pelo conteúdo, uma 
vez que alguns dos sonetos mostram sensibilidade para a situação dos mestiços e negros, o que 
constitui a primeira chamada de atenção para os problemas resultantes do domínio colonial. Rui de 
Noronha representa também uma das primeiras tentativas de sistematizar, em termos poéticos, o 
legado da tradição oral africana. Sirva, como exemplo, o poema carregado de imagens do mundo 
mítico africano, intitulado "Quenguelequêze! ..." 
Uma parte significativa da produção literária moçambicana deve-se aos poetas da "literatura européia" 
ou seja, aqueles que, sendo brancos, centram toda, ou quase toda a sua temática nos problemas de 
Moçambique; foram eles que contribuíram decisivamente para a formação da identidade nacional 
moçambicana. Merecem especial realce: Alberto de Lacerda , Reinaldo Ferreira, Rui Knopfli, Glória 
Sant'Anna, Sebastião Alba, Luis Carlos Patraquim e António Quadros. Alguns destes poetas escrevem 
poesia de carácter mais pessoal, enquanto os outros estão virados para o aspecto "social". Por exemplo, 
Reinaldo Ferreira e Rui Knopfli são poetas cuja obra se debruça fundamentalmente sobre a África, a 
 
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"Mãe África" e o povo que vive e sofre as consequências do colonialismo. Por muita desta poesia 
perpassa também a centelha da esperança da libertação. São estes autores que contribuíram deum 
modo decisivo para a emergência da literatura da "moçambicanidade". Em muitos destes poetas 
podemos detectar a alienação em que se encontram perante a sociedade africana a que pertencem. 
Veja-se este exemplo de Rui Knopfli: 
Europeu me dizem. 
Eivam-me de literatura e doutrina 
europeias 
e europeu me chamam. 
Não sei se o que escrevo tem raiz de algum 
pensamento europeu, 
É provável...Não. É certo, 
mas africano sou. 
A poesia política e de combate em Moçambique foi cultivada sobretudo por escritores que militavam 
na Frelimo. Entre eles,destaque para Marcelino dos Santos, Rui Nogar e Orlando Mendes. Este tipo de 
poesia preocupa-se sobretudo com comunicar uma mensagem de cunho político e, algumas vezes , 
partidário. Como literatura, e salvo raras excepções (como é o caso de Rui Nogar, com alguns belos 
poemas de carácter intimista, no seu livro Silêncio escancarado, de 1982), esta poesia é pouco ou nada 
inovadora. 
Como nos outros países, surge também em Moçambique um número de escritores cuja obra poética é 
conscientemente produzida tendo em conta a factor da nacionalidade, anterior, como é evidente, à 
realidade do país que mais tarde se concretiza. São eles que forjam a consciência do que é ser 
moçambicano no contexto, primeiro da África e, depois, do mundo. Entre os principais autores deste 
tipo de poesia, encontram-se Noémia de Sousa, José Craveirinha, Jorge Viegas, Sebastião Alba, Mia 
Couto e Luis Carlos Patraquim. 
A figura de maior destaque na poesia da moçambicanidade, e referência obrigatória em toda a 
literatura africana, é José Craveirinha. De facto, a poesia de Craveirinha engloba todas as fases ou 
 
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etapas da poesia moçambicana, desde os anos 40 até praticamente aos nossos dias. Em Craveirinha 
vamos encontrar uma poesia tipo realista, uma poesia da negritude, cultural, social, política; há uma 
poesia de prisão; existe uma poesia carregada de marcas da tradição oral, bem como muito poema com 
grande pendor lírico e intimista. 
Porque nos propomos analisar, numa outra oportunidade, a poética de Craveirinha, fique, ao menos, a 
referência à obra publicada deste autor: Cela 1, (1980) Xigubo,(1980) Karingana Ua Karingana 
(1982) e Maria (1988). Uma leitura atenta leva-nos a perceber a diferença marcante entre cada uma 
destas obras de Craveirinha. Xigubo é um livro mais virado para a narratividade, para a descrição de 
elementos exteriores ao poeta. Neste livro, o poeta distancia-se do "eu" poético; ou , então, funciona 
como um narrador de estórias cuja voz é éco de um drama que se desenrola num universo (o de 
África) em que o poeta é participante. Pelo contrário, em Cela 1 e Maria, o "eu" poético identifica-se 
com o sujeito da narrativa. As últimas duas obras são um corolário da itinerância do poeta num clima 
de epopéia de que Xigubo e Karingana Ua Karingana são um registro. O poeta transfere-se da esfera 
de uma experiência colectivizante "narrada" em Xigubo, para uma escrita que individualiza a sua 
própria vivência "mimada" em Cela 1 e Maria. 
Nesta obra de José Craveirinha, que não se pode considerar vasta, encontra-se o que de melhor 
pertence à poética africana dos países de expressão portuguesa. 
Termino com uma breve referência à poesia do período pós-independência . Os poetas desta geração 
(é evidente que não me refiro aos "grandes" de antes de 1975, como Reinaldo Ferreira , Knopfli e 
Sebastião Alba) desviaram-se da poesia de cariz colectivo, preferindo o individual e o intimista com 
que relatam a sua experiência pós-colonial. Entre estes poetas , é obrigatória a referência a Mia Couto, 
mas sobretudo a Luis Carlos Patraquim. São dois grandes construtores da palavra, preocupados com a 
linguagem poética. No caso de Mia Couto, penso que ele acaba por transferir todo o seu potencial 
poético para a ficção. Luis Carlos Patraquim revela influências de Craveirinha e Knopfli, sobretudo 
nos seus poemas de maior pendor pessoal e lírico, a sua poesia revela-se de certo modo, caótica, 
sensual e, por vezes, surrealista. Patraquim desenvolve uma poesia que, em parte, é inovadora, 
focalizada sobretudo no amor e no erotismo. Nota-se também uma grande preocupação de ligar a sua 
experiência ao mundo universal dos poetas para além das fronteiras africanas. Autor de três livros 
 
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(Monção, A inadiável viagem; e Vinte e tal Formulações e Uma Elegia Carnívora) , Luis Carlos 
Patraquim representa a fusão entre as duas grandes vertentes da poesia moçambicana: a da 
moçambicanidade e a da linguagem lírica e sensual do "estar em Moçambique". 
Exercícios 
 
A. Preencha o quadro que se segue com os nomes dos autores das obras que se seguem: 
 
Escritores 
Obras 
 “Praça da Canção” “O Canto e as armas” “Um barco 
para Itaca” “Jornada e África” 
 “Mbelele e outros contos” 
 “Jubiabá” “Mar Morto”Capitães de Areia” “Terras sem 
fim” “Gabriela Cravo e Canela” “Tieta do Agreste” 
 “Poesia 71” 
 “Viola de Bolso” “A Paixão Medida” “Amor se 
aprende Amando” “Poesia Errante” “O Poder 
Ultrajovem” 
 “As mãos e os Frutos” “Os amantes sem dinheiro” 
“Obscuro domínio” “Levitar dos pássaros” 
 “Carol” “Mar novo” “Livro sexto” “Geografia” “O 
nome das coisas” “Ilhas” “A menina do mar” “Contos” 
 “Espelho dos Dias” 
 “Por cima de toda a folfa” 
 “Romance de um Homem Rico” “Amor de Perdição” 
“Amor de Salvação” “O bem e o Mal” “O Retrato de 
Ricardina” “ Novelas do Minho” “Eusébio Macário” 
 “A Luta é a minha Primavera” 
 “Os Lusíadas” 
 
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 “O Regresso do Morto” 
 “Bailado do Amor ao Vento” 
 Poemas junto à Fronteira” 
 “Xigubo” “Karingana wa Karingana” “Cela 1” 
“Maria” 
 “Godido” 
 “Livro de Mágoas” “Livro de chorar Saudades” 
“Charneca em flor” 
 “No Reino de Caliban” “50 Poetas Africanos” “A 
Aventura Crioula” “O Discurso do Percurso” 
 “Poemas” 
 “Viagens na minha Terra” “Os Dramas” “Frei Luís de 
Sousa” “Um auto de Gil Vicente” “A poesia de 
Camões” “Folhas Caídas” “Os Romances” 
“Andorinha” 
 “Movimento Perpétuo” “Teatro do Mundo” “Máquina 
do Fogo” “Poemas Póstumos” 
 
 “Nós matámos o Cão Tinhoso” 
 “Ualalapi” “A Orgia dos Loucos” 
 “O Pai das Outras” “Reino Submerso” “Mangas 
Verdes sem Sal” “A Ilha de Próspero” “Corpo de 
Atena” 
 “Eu, o Povo” 
 “77 Poemas” “Palácio” “Exílio” “Cor-azul” 
 Crónica dos Anos da Peste” “O segundo Modernismo 
em Portugal” “Poesia Portuguesa de Orfeu” “José 
Régio-a Obra e o Homem” “As 25 notas do Texto” 
 “Chiquinho” “Os Trabalhos e os Dias” “Caderneta” 
 
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Manual de Portugues; da Teoria à Pratica – 2007 Elaborado Por : Dr. Carlito Companhia 160 
“Cântico do Amanhã Futuro” 
 “Crónica de Dom Pedro” “Crónica de D. Fernando e 
D. João” 
 “Yó Mabalane” “Malungete” “Assim no Tempo 
Derrubado” 
 “Clima “Adeus de Cutucumbi” “País Emerso” “Lume 
florindo na Forja” “Portagem” “Produção com que 
Aprende” “Sobre Literatura Moçambicana” 
 “Forma e Exégese” “Pátria Minha” “Novos Poemas” 
“Livro de Sonetos” “Antologia Poética” “Orfeu da 
Conceição” 
 “Chama” “Eco” “Verdades dos Mitos” 
 “Poemas Sagrados” “Renúncia Impossível” “Náusea” 
“Ainda o meu Sonho” 
 “Silêncio Escancarado” “O Brado Africano” 
 “As Vozes que falam Verdade” 
 “Monção” “A inadiável Viagem” 
 “O Cronista” 
 “Muana Puó” ‘Mayombe” “Yaka’ “Weyi” ‘A Revolta 
da Casa dos Ídolos” 
 “Maliza e outros contos” 
 “O Primo Basílio” “O Mandarim” “Os Maias” “A 
Ilustre casa de Ramirez” “A Cidade e a Sena” 
“Contos” “O Conde Abranhos” “A Correspondência” 
“Fradique Mendes” “A Tragédia da Rua das Flores” 
 “Sonetos Complexos” Odes Modernas” “Primaveras 
Românticas” “Causas de decadências dos povos 
Peninsulares” 
 “Nyandayeyo” 
 
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Manual de Portugues; da Teoria à Pratica – 2007 Elaborado Por : Dr. Carlito Companhia 161 
 “Menina do Engenho” “ Doidinha” “Bangué” 
“Usina” “Pedra Bonita” “Cangaceiro” “ Pureza” 
“Euridice” 
 “Muende” “Omar Ali” “Era o 3o dia do Vento Sul” “ 
África Terra de Promissão” “Meque o Pescador 
Negro” “Para uma Cultura Moçambicana” “Poetas de 
Moçambique” 
 “Livro de Água” “Poemasdo Tempo Agreste” “Um 
denso azul silêncio” “Desde que o Mundo e 32 Poemas 
de Intervalo” “Amaranto” 
 “A promessa” “O logre” “O crime da Aldeia Velha” 
“António Marinheiro” “O Judeu” “Português escrito 
40 anos depois” 
 “Canto de Amor Natural” 
 “Provavelmente Alegria” “Manual de Pintura e 
Caligrafia” “Objecto quase” “Levantados do Chão” 
“Memorial do Convento” “O Ano da Morte de Ricardo 
Reis” “A Jangada de Pedra” “História do Cerco de 
Lisboa” 
 “Das Meninas da Malanga” “Xicandarinha na Lenha 
do Lume” 
 “Ilha do Nome Santo” 
 “A Criação do Mundo” “Bichos” “Contos da 
Montanha” “Cânticos do Homem” “Orfeu de Rebelde” 
“Vindima” “Traço de União” 
 “Clarissa” ‘O Continente” “Caminhos Cruzados” 
“Música ao Longe” “Um lugar ao Sol” “Sogra” “O 
Retrato” “Olhai os Lírios do Campo” “Gato Preto em 
campo de Neve” 
 
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 “Os Milagres” “O núcleo Tenaz” 
 “A cidade e a Infância” “Vidas Novas” “Laurentino” 
‘Nós e os Makuluyu” “João Vêncio e os Amores” 
‘Velhas Estórias” 
 “Amor sobre o Índico” “O País de Mim” 
 “Raiz de Orvalho” “Vozes Anoitecidas” “Cada 
Homem é uma Raça” “Terra Sonâmbula” 
 Sonetos 
 
 
B. Escolha a alternativa que lhe parecer correcta: 
 
1. Agostinho Neto escreveu: 
A. Claridade 
B. Sagrada Esperança 
C. A Renúncia Impossível 
D. Meu Amor da Rua Onze 
 
2. Aníbal Aleluia escreveu as seguintes obras: 
A. Mbelele e Outros Contos e o Gajo e Outros Contos 
B. Xicandarinha na Lenha do Mundo e Os Molwenes 
C. Xigubo e Karingana Wa Karingana 
D. Raíz do Orvalho e Terra Sonâmbula 
 
3. Aerosa Pena é autor da obra: 
A. O Cronista 
B. Mbele e Outros Contos 
C. Canto do Amor Natural 
D. Estrangeiros de Nós Próprios 
 
 
 
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4. Espelho dos Dias, O Hábito das Manhãs e Estrangeiros de Nós Próprios são obras de: 
A. Armando Artur 
B. Calane da Silva 
C. José Craveirinha 
D. Carlos Everdosa 
 
5. Sangue Negro é obra de: 
A. Noémia de Sousa 
B. Clotilde Silva 
C. Rui Knopfli 
D. Rui de Noronha 
 
6. Heliodoro Baptista é o autor de: 
A. Por cima de Toda a Folha 
B. O Núcleo Tenaz 
C. A Raíz e o Canto 
D. Ninguém Matou Suhura 
 
7. Nós Matámos o Cão Tinhoso é obra de: 
A. Luís Bernardo Honwana 
B. Machado da Graça 
C. Malangatana 
D. Manuel Lopes 
 
8. Marcelino dos Santos é autor de: 
A. Canto do Amor Natural 
B. Micaias 
C. Poemas dos Militantes da Frelimo 
D. A Pátria Dividida 
 
 
 
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8. Orlando Mendes é autor de: 
A. Portagem 
B. Ventos do Apocalipse 
C. Balada de Amor ao Vento 
D. O Sétimo Juramento 
 
9. Qual das seguintes obras não é de Paulina Chiziane: 
A. O Último Voo do Flamingo 
B. Ventos do Apocalipse 
C. Balada de Amor ao Vento 
D. O Sétimo Juramento 
 
10. Amor de Baoba é uma obra de: 
A. Suleiman Cassamo 
B. António Artur 
C. Ungulani Ba ka Khossa 
D. Marcelo Panguana 
 
 
 C. Responda às seguintes questões: 
 
1. Indique, dentre os versos abaixo, aquele que, sob o ponto de vista da métrica, tem a mesma 
contagem de sílabas do verso: 
Do ourives, saia da oficina: 
a) “A natureza apática esmaece” 
b) “Minha terra tem palmeiras” 
c) “Dobra o sino... soluça um verso de Direceu...” 
d) “Não morrrerás, Deusa sublime” 
 
 
 
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2. O ideal parnasiano do culto da “arte pela arte” significa que o objecto do poeta é criar obras 
que expressem: 
a) um conteúdo social, de interesse universal. 
b) a noção do progresso de sua época. 
c) uma mensagem educativa, de natureza moral. 
d) o Belo, criado pelo perfeito uso dos recursos estilísticos. 
 
3. Todas as afirmações abaixo estão corretas, com excepção de: 
a) O Parnasianismo é a manifestação poética do Realismo, mais voltada para o concreto. 
b) Os parnasianos assumiram o sentimentalismo quanto à observação da realidade, pregando uma 
atitude pessoal. 
c) Os parnasianos, negando a emoção, cultuam a Razão e revalorizam a Antigüidade Clássica. 
d) O Parnasianismo é uma estética preocupada com a arte pela arte, a poesia pela poesia. 
e) Os parnasianos fixam-se na observação de regras poéticas e têm, por isso, uma linguagem rebuscada 
e artificial. 
 
4. Assinale a alternativa que não se aplica à estética parnasiana. 
a) predomínio da forma sobre o conteúdo. 
b) tentativa de superar a sentimento romântico. 
c) constante presença da temática da morte. 
d) correta linguagem, fundamentada nos princípios dos clássicos. 
e) predilecção pelos géneros fixos, valorizando o soneto. 
 
 
 5. O romance O Primo Basílio é essencialmente: 
a) um romance de tese 
b) uma mera crítica ao comportamento burguês sem qualquer outra intensão 
c) uma descrição do mundo imaginário das mulheres 
d) uma narração crítica que visa ao retorno às bases românticas 
 
 
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6. A quem se refere a seguinte passagem? “Liderei a expedição que levou os portugueses por 
mares nunca dantes navegados. Narrei a gloriosa história de meu país a reis na África e nas 
Índias. Enfrentei todos os desafios, venci e fui recompensado com prazeres intensos na Ilha dos 
Amores." 
a) Gigante Adamastor, de "Os Lusíadas"; 
b) Dom Sebastião, rei de Portugal; 
c) O Velho da Horta, de "A Farsa do Velho da Horta"; 
d) Vasco da Gama, de "Os Lusíadas"; 
 
7. A quem se refere a seguinte passagem? “Todo mundo é campeão em tudo. Nunca conheci 
ninguém que tivesse levado porrada na vida. Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer 
ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. É impressionante como a 
evolução científica não foi acompanhada de evolução nos relacionamentos humanos. Talvez por 
isso, sou um homem só." 
a) Fernando Pessoa (heterónimo) 
b) Ricardo Reis; 
c) Álvaro de Campos 
d) Bernardo Soares; 
 
D. Responda as seguintes perguntas: 
 
1. O autor de Triste Fim de Policarpo Quaresma é um pré-modernista e aborda em seus 
romances a vida simples dos pobres e dos mestiços. Reveste seu texto com a linguagem 
descontraída dos menos privilegiados socialmente. 
O autor descrito acima é:a) Euclides da Cunha 
b) Graça Aranha 
c) Manuel Bandeira 
d) Lima Barreto 
e) Graciliano Ramos 
 
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2. Obra que opõe a supremacia ariana e a energia do dominador sobre o mestiço fraco à 
harmonia entre os povos. 
a) Vidas Secas 
b) Negrinha 
c) Clara dos Anjos 
d) Canaã 
e) Malasarte 
 
3. A alternativa que apresenta erro na correlação autor/obra/época, é: 
a) Fernando Pessoa / Clépsidra / Século XX 
b) Eça de Queirós / Os Maias / século XIX 
c) Bocage / Sonetos / século XVIII 
d) Vieira / Sermões / século XVII 
e) Camões / Os Lusíadas / século XVI 
 
4. O texto, extraído de “O Guardador de Rebanhos”, mostra a forma simples e natural de 
sentir e dizer de seu autor, voltado para a natureza e as coisas puras. A leitura do texto 
mais as informações acima permitem que se conheça o poeta a quem os versos são 
creditados. 
Assinale a alternativa em que se encontre o seu nome. 
a) Fernando Pessoa “ortónimo” 
b) Álvaro de Campos 
c) Ricardo Reis 
d) Alberto Caeiro 
e) Camilo Pessanha 
 
5. o autor do texto é considerado um dos maiores fenômenos da Literatura Portuguesa, 
tendo sido representante e porta-voz de um grande movimento literário. 
Assinale a alternativa em que se encontre o nome de tal movimento. 
a) Modemisrno 
b) Arcadismo 
 
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c) Simbolismo 
d) Romantismo 
e) Humanismo 
 
6. Assinale a alternativa correta: 
a) Mário de Sá-Carneiro foi um poeta importante da Geração Presencista portuguesa 
b) Os orfistas deram início ao Modernismo português, em 1915, com a publicação da revista 
“Orpheu", representaçãoda “Renascença Portuguesa”. 
c) José Régio introduziu o Neo-Realismo em Portugal, através da obra Gaibéus em 1940 
d) José Saramago escreveu O Evangelho Segundo Jesus Cristo e Memorial do Convento 
e) Alves Redol pertenceu à terceira geração do Modernismo português e escreveu o romance 
História do Cerco de Lisboa 
 
7. A respeito de Fernando Pessoa, é incorreto afirmar que: 
a) Não só assimilou o passado lírico de seu povo, como refletiu em si as grandes inquietações 
humanas, do começo do século 
b) Os heterônimos são meios de conhecer a complexidade cósmica impossível para uma só 
pessoa. 
c) Ricardo Reis simboliza uma forma humanística de ver o mundo através do espírito da 
Antiguidade Clássica. 
d) Junto com Mário de Sá-Carneiro, dirige a publicação do segundo número de “Orpheu" em 
1916. 
e) A Tabacaria de Alberto Caeiro, mostra seu desejo de deixar o grande centro em busca da 
simplicidade do campo. 
 
8. Participaram da primeira geração do movimento modernista português: 
a) Eugênio de Castro - Mário de Sá-Carneiro - João de Deus 
b) Camilo Pessanha - Antônio Nobre - Guerra Junqueiro 
c) Antero de Quental - Fernando Pessoa - Cesário Verde 
d) Fernando, Pessoa - Mário de Sá-Carneiro - Almada Negreiros 
e) Almada Negreiros - Eugênio de Castro - Fernando Pessoa. 
 
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9. A poesia modernista, sobretudo a da primeira fase (1922-1928): 
a) utiliza-se de vocabulário sempre vago e ambíguo que apreenda estados de espírito subjetivos 
e indefiníveis. 
b) faz uma síntese dos pressupostos poéticos que norteavam a linguagem parnasiano-
simbolista. 
c) incentiva a pesquisa formal com base nas conquistas parnasianas, a ela anteriores. 
d) enriquece e dinamiza a linguagem, inspirando-se na sintaxe clássica. 
e) confere ao nível coloquial da fala brasileira a categoria de valor literário 
 
10. Sua poesia recebeu o nome de objetividade telegráfica por estar ligada à técnica de 
comunicação industrial e por ser eminentemente sintética. 
Escreveu, também, Pau Brasil e Ponta de Lança. O autor do texto é: 
a) Oswald de Andrade 
b) Mário de Andrade 
c) Raul Bopp 
d) Carlos Drummond de Andrade 
e) Vinícius de Moraes 
 
11. A Semana de Arte Moderna, realizada em ______, ______, marca _______ do 
Modernismo no Brasil. 
a) 19 l 7 - em São Paulo / o advento 
b) 1920 - em São Paulo / a preparação 
c) 1921 - no Rio de Janeiro / a consagração 
d) 1922 - no Rio de Janeiro / o início 
e) 1922 - em São Paulo / a oficialização 
 
12. Um grande escritor brasileiro, realiza uma obra de ficção, que é , modernamente, um 
depoimento sociológico e econômico da região latifundiária do nordeste: a Zona da Mata 
e da Lavoura açucareira. Trata-se de: 
a) Érico Veríssimo. 
b) Graciliano Ramos. 
 
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c) Marques Rebelo. 
d) José Lins do Rego. 
e) n. d. a. 
 
 
Texto para as questões 4 e 5 
O mistério de cousas, onde está ele? 
Onde está ele que não aparece. 
Pelo menos a mostrar-nos que é mistério? 
Que sabe o rio disso e que sabe a árvore? 
E eu, que não sou mais do que eles, que sei disso? 
Sempre que olho para as cousas e penso no que 
os homens 
 Pensam delas, 
Rio como um regato que soa fresco numa pedra. 
Porque o único sentido oculto nas cousas 
É elas não terem sentido oculto nenhum, 
É mais estranho do que todas as estranhezas 
E do que os sonhos de todos os poetas 
E os pensamentos de todos os filósofos 
Que as cousas sejam realmente o que parecem ser 
E não haja nada a compreender 
Sim, eis o que os meus sentidos aprenderam sozinhos; 
As cousas não têm significação: têm existência. 
As cousas são o único sentido oculto das cousas... 
 
 
 
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8. TIPOLOGIA TEXTUAL 
8.1. A NARRATIVA 
Acção 
A acção é o conjunto de acontecimentos que se desenrolam num determinado espaço e tempo. 
Aristóteles na sua obra Poética, já afirmava que "sem acção não poderia haver tragédia". Sem 
dificuldade se estende o termo tragédia à narração, e assim a presença de acção é o primeiro elemento 
essencial ao texto narrativo. 
Estrutura da acção 
A acção da narrativa é constituida por três acções: Intriga, Acção principal e Acção secundária. 
· Intriga: Acção considerada como um conjunto de acontecimentos que se sucedem, segundo um 
princípio de causalidade, com vista a um desenlace. A intriga é uma acção fechada. 
· Acção principal: Integra o conjunto de sequências narrativas que detêmmaior importância ou 
relevo. 
· Acção secundária: A sua importância define-se em relação à principal, de que depende, por 
vezes; relata acontecimentos de menor relevo. 
Sequência 
A acção é constituida por um número variável de sequências (segmentos narrativos com princípio, 
meio e fim), que podem aparecer articuladas dos seguintes modos: 
· Encadeamento ou organização por ordem cronológica 
· Encaixe, em que uma acção é introduzida numa outra que estava a ser narrada e que depois se 
retoma 
· Alternância, em que várias histórias ou sequências vão sendo narradas alternadamente 
 
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pela forma que foi escrita esse eu lirico deve ser mais abrangente de forma que o leitor se familiarize 
com a leitura. 
A ação pode dividir-se em: 
· Apresentação ? é o momento do texto em que o narrador apresenta os personagens, o cenário, 
o tempo, etc. Nesse momento ele situa o leitor nos acontecimentos (fatos). 
· Desenvolvimento ? é nesse momento que se inicia o conflito (a oposição entre duas forças ou 
dois personagens). A paz inicial é quebrada através do conflito para que a ação, através dos 
fatos, se desenvolva. 
· Clímax ? momento de maior intensidade dramática da narrativa. É nesse momento que o 
conflito fica insustentável, algo tem de ser feito para que a situação se resolva. 
· Desfecho ? é como os fatos (situação) se resolvem no final da narrativa. Pode ou não 
apresentar a resolução do conflito. 
Tempo 
· Tempo cronológico ou tempo da história - determinado pela sucessão cronológica dos 
acontecimentos narrados. 
· Tempo histórico - refere-se à época ou momento histórico em que a acção se desenrola. 
· Tempo psicológico - é um tempo subjectivo, vivido ou sentido pela personagem, que flui em 
consonância com o seu estado de espírito. 
· Tempo do discurso - resulta do tratamento ou elaboração do tempo da história pelo narrador. 
Este pode escolher narrar os acontecimentos: 
o por ordem linear 
o com alteração da ordem temporal (anacronia), recorrendo à analepse (recuo a 
acontecimentos passados) ou à prolepse (antecipação de acontecimentos futuros); 
o ao ritmo dos acontecimentos (isocronia), como, por exemplo, na cena dialogada; 
o a um ritmo diferente (anisocronia), recorrendo ao resumo ou sumário (condensação dos 
acontecimentos), à elipse (omissão de acontecimentos) e à pausa (interrupção da 
história para dar lugar a descrições ou divagações). 
 
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Personagens 
Roland Barthes, além de retomar a importância que os clássicos davam à acção, avança ao afirmar que 
“não existe uma só narrativa no mundo sem personagens”. Aqui se entende personagem não como 
pessoas, seres humanos. Um animal pode ser personagem (ex. Revolução dos Bichos), a morte pode 
ser personagem (ex. As intermitências da morte), uma cidade decadente ou uma caneta caindo podem 
ser personagens, desde que estejam num espaço e praticando uma ação, ainda que involuntária. 
Relevo das personagens 
· Protagonista, personagem principal ou herói: desempenha um papel central, a sua actuação é 
fundamental para o desenvolvimento da acção. 
· Personagem secundária: assume um papel de menor relevo que o protagonista, sendo ainda 
importante para o desenrolar da acção. 
· Figurante: tem um papel irrelevante no desenrolar da acção, cabendo-lhe, no entanto, o papel 
de ilustrar um ambiente ou um espaço social de que é representante. 
Composição 
· Personagem modelada ou redonda: dinâmica, dotada de densidade psicológica, capaz de alterar 
o seu comportamento e, por conseguinte, de evoluir ao longo da narrativa. 
· Personagem plana ou desenhada: estática, sem evolução, sem grande vida interior; por outras 
palavras: a personagem plana comporta-se da mesma forma previsível ao longo de toda a 
narrativa. 
· Personagem-tipo: representra um grupo profissional ou social. 
· Personagem colectiva: Representa um grupo de indivíduos que age como se os animasse uma 
só vontade. 
 
 
 
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Caracterização 
· Directa 
o Autocaracterização: a própria personagem refere as suas características. 
o Heterocaracterização: a caracterização da personagem é-nos facultada pelo narrador ou 
por outra personagem. 
· Indirecta: O narrador põe a personagem em acção, cabendo ao leitor, através do seu 
comportamento e/ou da sua fala, traçar o seu retrato. 
Espaço ou Ambiente 
• Espaço ou Ambiente físico: é o espaço real, que serve de cenário à ação, onde as personagens se 
movem. 
• Espaço ou Ambiente social: é constituído pelo ambiente social, representando, por excelência, pelas 
personagens figurantes. 
• Espaço ou Ambiente psicológico: espaço interior da personagem, abarcando as suas vivências, os 
seus pensamentos e sentimentos. 
O espaço ou ambiente pode ser desde uma praia a um lago congelado. De acordo com espaço ou 
ambiente é que os fatos da narração se desenrolam. 
Narrador 
· Participação 
o Heterodiegético: Não participante. 
o Autodiegético: Participa como personagem principal. 
o Homodiegético: Participa como personagem secundária. 
· Focalização: É a perspectiva adoptada pelo narrador em relação ao universo narrado. 
o Focalização omnisciente: colocado numa posição de transcendência, o narrador mostra 
conhecer toda a história, manipula o tempo, devassa o interior das personagens. 
o Focalização interna: o narrador adopta o ponto de vista de uma ou mais personagens, 
daí resultando uma diminuição de conhecimento. 
o Focalização externa: o conhecimento do narrador limita-se ao que é observável do 
exterior. 
 
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9. RECURSOS ESTILÍSTICOS 
9.1. FIGURAS DE ESTILO 
Figuras de estilo 
 Toda a vez que uma palavra ou expressão for utilizada conotativamente com o objectivo de realçar 
uma ideia ou emoção, ocorre uma figura de estilo. Como são muitas as Figuras de Estilo, vamos tratar 
nessa somente as mais usadas na escrita convencional. 
 Figura de Estilo - é um recurso linguístico usado para realçar uma ideia ou emoção. 
 a) " - Suas mãos eram pura seda... " 
Nessa frase o narrador associa a suavidade das mãos de uma mulher a um tipo de tecido macio, sedoso 
e agradável ao toque, baseando-se na sua emoção. Surge assim, uma comparação subjectiva que fica 
subentendida no contexto geral da frase. Nesse confronto de ordem pessoal e emotivo do escritor 
reside o valor literário dessa figura denominada metáfora. 
 Metáfora - acontece quando o narrador usa um termo, para representar outroou para substitui-lo, 
baseando-se numa comparação de ordem pessoal ou subjetiva. Ex.: "Suas mãos eram pura seda" 
quando queria dizer "Suas mão eram muito macias". Veja outros exemplos: "Meu coração está 
ilhado" , "Não achei a chave do problema". 
 b) " - Estou a ler Jorge Amado " - Nessa frase é óbvio que o narrador não pode estar lendo Jorge 
Amado (pessoa), mas sim textos de Jorge Amado. Essa figura de estilo consiste na substituição de um 
termo ( lendo Jorge Amado) por outro ( Um livro de Jorge Amado). Esse tipo de figura de linguagem 
recebe o nome de metonímia. 
 Metonímia - é a substituição de um termo por outro, baseando-se numa estreita ligação de sentido 
entre eles. Assim podemos citar também como exemplos: "Todo Brasil vai torcer pela seleção na 
copa do mundo" ( onde todo Brasil refere-se ao povo brasileiro), "O careca não veio ao trabalho hoje" 
 
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( Onde uma característica física substitui uma pessoa), " Vamos tomar uma coca? " (onde uma marca 
substitui um produto), "O Ceará disse que seu filho nasceu" ( onde o lugar substitui a pessoa), etc. 
c) " - A perna da mesa está quebrada." A palavra perna, é usada com mais propriedade quando se 
refere a um ser animado, homem ou animal, no entanto, por falta de um termo apropriado para definir 
essa parte do móvel, usamos a palavra para defini-la. Essa figura de estilo chama-se catacrese. 
 Catacrese - aparece quando por falta de um termo próprio usamos um termo figurado. É um tipo de 
metáfora. Veja outros exemplos de catácrese: "Sentou no braço do sofá." , "Tempere com um dente de 
alho." , "A asa da xícara está quebrada." 
c) " - Não existiria som, se não houvesse o silêncio, não existiria luz se não fosse a escuridão..." 
(Lulu Santos) Para dar maior realce às suas ideias, o autor utilizou expressões de sentido oposto, 
colocando lado a lado, som / silêncio, luz / escuridão. Quando é usado esse recurso, ele recebe o 
nome de antítese. 
 Antítese - é uma figura de estilo pela qual se salienta a oposição entre palavras ou idéias. 
d) "- José entregou a alma à Deus ". Para não dizer que José morreu, o emissor utilizou uma 
expressão mais suave. Ao recurso de suavizar a expressão de uma idéia considerada chocante ou 
desagradável, damos o nome de eufemismo. 
 Eufemismo- é o emprego de uma expressão suave e polida no lugar de uma outra considerada 
grosseira ou pouco polida. Outros exemplos de eufemismo são: "Vestir um terno de madeira.", "Ele 
faltou com a verdade." , "Passar desta para melhor." 
e) Prosopopéia ou Personificação - é a figura de estilo que consiste em atribuir uma característica 
humana a um ser inanimado, por exemplo: " as folhas batiam palmas ao vento " - nessa frase o autor 
confere uma ação que só é possível ao homem executar às folhas de uma árvore.Veja outro exemplo: 
"A brisa cantava suave". 
f) Hipérbole - É o exagero intencional de uma expressão para reforçar um pensamento. Exemplo: " 
Estou morrendo de rir". ou "Já lhe avisei mil vezes". 
 
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g) Gradação - Acontece quando você expõe suas ideias de maneira crescente ou decrescente. 
Exemplo: " ... e assim, José conquistou o bairro, a cidade e o país". 
h) Perífrase - Acontece quando você substitui um termo usual e costumeiro por outro não muito 
comum. Exemplo: " O Astro Rei nasceu mais cedo". ( Sol ), ou ainda, " Visitarei a cidade-luz." 
i) Ironia - Acontece justamente quando você atribui um valor depreciativo ou sarcástico a palavras ou 
expressões, permitindo um entendimento contrário ao que foi dito ou escrito. Exemplo: Num diálogo 
entre duas pessoas ( marido e mulher ) eles estão discutindo e em dado momento o marido diz: " Mas 
você hoje está insuportável, hein?" ao que a mulher responde: - " Não diga, meu amor! ". - Nesse 
contexto as palavras meu amor, querem dizer exatamente o contrário do que simbolizam. 
j) Elipse: É a omissão de termos que estão subentendidos na frase mas, que não foram enunciados 
anteriormente, veja um exemplo disso: 
Na frase: No deserto, o Sol escaldante. A elipse ocorre com o verbo arder, pois, ele não é escrito na 
frase, porém, sabemos que está lá, veja: No deserto, o Sol arde escaldante. 
 
l) Zeugma: Omissão de termos que já ocorreram anteriormente no enunciado, veja: 
Uns querem doces, outros, salgados. 
Neste caso, o zeugma ocorre com o verbo querem (querer), que já foi escrito no período da frase uma 
vez e não é repetido na Segunda parte, apesar de estar lá: Uns querem doces, outros querem 
salgados. 
 
m) Assíndeto: Omissão reiterada (várias vezes) de conjunções entre orações que se dispõem em 
sequência: 
Exemplo: Ri, chora, canta, entristece. 
Neste caso, a frase omite várias vezes o uso da conjunção “e”, substituindo-a pela vírgula. 
 
Pleonasmo: Redundância de informações que buscam enfatizar (reforçar) um determinado ponto: 
Exemplo: Tais pessoas, já as conheço muito bem. 
 
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Veja que as “Tais pessoas,...” - recebem um reforço quando são mencionadas novamente com o uso do 
pronome oblíquo “as” - ...já as conheço muito bem. 
 
n) Polissíndeto: Repetição da mesma conjunção entre orações dispostas em seqüência. 
Exemplo: E ri e chora e canta e entristece. 
Neste caso, o uso da vírgula não é obrigatório, tornando-se opcional, sendo que, alguns estudiosos 
aconselham o não uso da vírgula porque a pausa criada na leitura com seu uso, estaria subentendida a 
cada conjunção utilizada, cabendo ao leitor pausar a leitura como se a vírgula lá estivesse. 
 
o) Aliteração: Repetição de consoantes da mesma natureza, ou de natureza semelhante. 
Exemplo: “Acho que a Chuva ajuda a gente a se ver.” (Caetano Veloso) 
 
p) Anáfora: Repetição de uma palavra a espaços regulares durante o texto: 
Exemplo: Grandes pensadores, grandes obras, grandes resultados. 
 
q) Epíteto: Qualificação do nome por meio de uma característica que lhe é peculiar: 
Exemplo: Não havia Lua na escura noite. 
 
r) Paradoxo: Confronto de ideias opostas e simultâneas. 
Exemplo: “Bastou ouvir o teu silêncio para chorar de saudades.” (Reinaldo Dias) 
 
s) Onomatopéia: Representação de algo por meio do som de uma palavra ou expressão. 
Exemplo: Não consegui entender a explicação por causa do zumzumzum da classe. 
Veja que neste caso o som das palavras é representado pela expressão “zumzumzum”. 
 
 
 
 
 
 
 
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Exercícios 
Nos exercícios de números 23 a 40, faça a associaçãode acordo com o seguinte código: 
 a) metáfora f) sinédoque 
 b) comparação g) sinestesia 
 c) prosopopéia h) onomatopéia 
 d) antonomásia i) aliteração 
 e) metonímia j) catacrese 
 1. ( ) “Asas tontas de luz, cortando o firmamento!” (Olavo Bilac) 
 2. ( ) “Redondos tomates de pele quase estalando.” (Clarice Lispector) 
 3. ( ) “O administrador José Ferreira vestia a mais branca limpeza.” (João Cabral de Melo Neto) 
 4. ( ) “A cidade inteira viu assombrada, de queixo caído, o pistoleiro sumir de ladrão, fugindo nos 
cascos de seu cavalo.” (José Cândido de Carvalho) 
 5. ( ) “A noite é como um olhar longo e claro de mulher. “ (Vinícius de Morais) 
 6. ( ) A virgem dos lábios de mel é um das personagens mais famosas de nossa literatura. 
 7. ( ) “O pé que tinha no mar a si recolhe.” (Camões) 
 8. ( ) “Se os deuses se vingam, que faremos nós os mortais? “ ( V. Bergo) 
 9. ( ) “Solução onda trépida e lacrimosa; geme a brisa folhagem; o mesmo silêncio anela de 
opresso.” 
 ( José de |Alencar) 
 
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 32. ( ) “Avista-se o grito das araras.” (Guimarães Rosa) 
 10. ( ) “Da noite a tarde ea taciturna trova soluça...” 
 11. ( ) “O Forte ergue seus braços para o céu de estrelas e de paz.” ( Adonias Filho) 
 35. ( ) “Lá fora a noite é um pulmão ofegante.” (Fernando Namora) 
 12. ( ) “O meu abraço te informará de mim.” 
 (Alcântara Machado) 
 13. ( ) “Iam-se as sombras lentas desfazendo 
 Sobre as flores da terra frio orvalho. “( Camões) 
 14. ( ) “Não há criação nem morte perante a poesia 
 Diante dela, a vida é um sol estático 
 Não aquece, nem ilumina” 
 (Carlos Drummond de Andrade.) 
 15. ( ) “Um olhar dessa pálpebra sombra.” (Álvares de Azevedo) 
 16. ( ) “O arco-íris saltou como serpente multicolor nessa piscina de desenhos delicados. “ 
(Cecília Meireles) 
 
 
 
 
 
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9.2. RIMA 
Rima - nome que se dá à repetição de sons semelhantes, ora no final de versos diferentes, ora no 
interior do mesmo verso, criando um parentesco fônico entre palavras presentes em dois ou mais 
versos. 
Tipos de rima 
Classificação quanto a Tipos de rima 
Posição no Verso Interna ou externa 
Semelhança de letras Consoantes – rimam consoantes e vogais Toante – rima apenas a vogal tônica 
Distribuição ao longo do poema 
Cruzadas – ABABAB 
Emparelhadas – AA BB CC 
Interpoladas – A ............... A 
Misturadas 
Categoria grammatical Pobres (mesma categoria gramatical) Ricas (categoria gramatical diferente) 
Extensão dos sons que rimam 
Pobres (identidade da vogal tônica em 
 diante) 
Ricas (identidade desde antes da vogal 
 tônica) 
 
 
9. FUNÇÕES DE LINGUAGEM 
Funções da linguagem são recursos de ênfase que atuam segundo a intenção do produtor da 
mensagem, cada qual abordando um diferente elemento da comunicação. Um texto pode possuir mais 
de uma função enfatizada. 
Função emotiva ou expressiva - a mensagem é centrada nas opiniões e emoções do emissor. 
Geralmente usa-se a 1ª pessoa do singular, interjeições e exclamações. O texto é pessoal, subjetivo. 
Exemplos: biografias, memórias, poesias líricas e cartas de amor. 
Função referencial ou denotativa - a mensagem é centrada no receptor, o objetivo é informá-lo. O 
emissor procura fornecer informações da realidade, sem a opinião pessoal, de forma objetiva, direta, 
 
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denotativa. A ênfase é dada ao conteúdo, às informações. Geralmente usa-se a 3ª pessoa do singular. 
Exemplos: textos jornalísticos e científicos. 
Função apelativa ou conativa - a mensagem é centrada no receptor e organiza-se de forma a 
influenciá-lo. Geralmente usa-se a 2ª e 3ª pessoa, vocativos e imperativo. Exemplos: discursos, 
sermões, textos de publicidade e propaganda. 
Função fática - o canal é posto em destaque. O interesse do emissor ao emitir é simplesmente testar o 
canal. Exemplos típicos da função fática são: "alô", "pronto", "oi", "tudo bem?" "boa tarde", "sentem-
se", etc. 
Função poética - a mensagem é posta em destaque, chamando atenção para o modo como foi 
organizada. É afetiva, sugestiva, conotativa, metafórica. Valorizam-se as palavras e suas combinações. 
Exemplos: linguagem figurada apresentada em obras literárias, letras de música, em algumas 
propagandas. 
Função metalingüística - o código lingüístico é posto em destaque. Usa-se o código para falar dele 
mesmo. Exemplos: dicionários, gramáticas, textos que analisam textos, poesias que abordam o assunto 
poesia. 
PRODUÇÃO TEXTUAL: RESUMO, SÍNTESE E COMENTÁRIO 
9.1. RESUMO 
Resumir um texto é condensar as ideias principais, respeitando o sentido, a estrutura e o tipo de 
enunciação, isto é, os tempos e as pessoas, com a ajuda do vocabulário e do estilo pessoais. Assim, 
através de um resumo retemos as linhas de um raciocínio, o essencial dos dados de um problema, as 
características de uma situação, as conclusões de uma análise, sem o mais pequeno comentário. 
O resumo encara o texto como um todo, "considerando-o não como uma sequência de frases 
autónomas, mas como uma totalidade, formal e significativa"2 
 
 
 
2 in, Roger Petitjean, De la Lecture à l' Écriture, La Transformation de Texte, Paris, CEDIC, 1984, 123. 
 
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COMO FAZER: 
1. Compreender e apreender o texto pela técnica do sublinhado. 
2. Dividir hierarquicamente o texto em partes e subpartes. 
3. Atribuir um título a cada uma delas: pode ser temático (baseado no conteúdo) ou explicativo 
(caracteriza a parte). 
4. Destacar a oposição, simetria, crescendo ou diminuendo das ideias presentes no texto. 
5. Distinguir claramente: as ideias principais (a tese), das ideias secundárias (argumentos que a 
suportam) e dos exemplos. 
 
 
REGRAS A SEGUIR: 
1. Regra da Supressão de: 
¨ repetições, de fórmulas, da ênfase, de interjeições.... ( o resumo transmite uma tese, não um estilo); 
¨ exemplos isolados, citações, anedotas ...(o resumo transmite uma demonstração, não uma 
explicação). 
2. Regra da Generalização: 
¨ Com esta regra é possível substituir alguns elementos, como palavras e ideias, por outros mais 
gerais. 
3. Regra da Selecção: 
¨ Distinguir bem o essencial e o acessório;¨ Suprimir os elementos que exprimam pormenores óbvios e normais no contexto. 
4. Regras de Construção: 
¨ Manter tempos e pessoas; 
¨ respeitar a ordem do texto; 
¨ atender à proporção entre o texto dado e o texto a produzir; 
¨ fazer tantos parágrafos quantas as partes que contiver o nosso plano; 
¨ conservar a estrutura do texto de partida e as articulações lógicas; 
¨ ligar logicamente as frases redigidas. 
 
 
 
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DEFEITOS A EVITAR 
¨ Não se deve imitar o texto de partida: o resumo pode usar o mesmo vocabulário, mas não permite 
o uso de expressões ou de frases inteiras (nem citações); 
¨ Não se deve introduzir comentários pessoais ou deturpações ao sentido do texto; 
¨ Evitar a destruição do texto pela ausência de ligações lógicas entre frases ou parágrafos; 
¨ Evitar a desproporção: 
¨ Parcial ao conservar um exemplo ou uma ideia secundária em detrimento de uma ideia principal; 
¨ geral ao atribuir demasiada importância a uma parte do texto em detrimento de outras. 
 
9.2. SÍNTESE: 
 
Natureza 
A síntese é um exercício rigoroso, incompatível com a improvisação, assentando em duas actividades 
intelectuais: compreensão e redacção. Apelam ambas à agilidade de espírito para distinguir o essencial 
de um pensamento e reconstruí-lo fielmente. Exige rigor na ordenação da argumentação, concisão e 
precisão aliado ao cuidado posto na expressão escrita. 
Pela sua natureza, a síntese apresenta algumas semelhanças com o resumo, mas também 
especificidades próprias: 
 
Semelhanças Especificidades da Síntese 
· Número de palavras indicado, se não 
estiver presente é de 1/4. 
· Tolerância de 10%. 
· Proibição de citar os textos. 
· Fidelidade e neutralidade na 
reconstituição das ideias. 
· Correcção formal, sintáctica e 
ortográfica. 
· Apresentação dos textos na 3ª pessoa 
com a indicação dos nomes dos 
autores. 
· Liberdade na ordem e organização das 
ideias. 
· Tratando-se de vários textos, deve-se 
dar ênfase na sua confrontação e não na 
reconstituição exaustiva das ideias. 
 
 
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1. Percurso 
Uma síntese não é um catálogo de ideias. Constitui um género de texto elaborado, de dimensão 
reduzida, mas redigido de forma simples, clara e consistente. A sua eficácia depende da «coerência, 
unidade, rigor lógico e progressão no interesse»3. 
 
Compreender o texto 
Impõe-se uma leitura activa: destaque das palavras-chave e das ideias principais, das articulações 
lógicas e dos exemplos. Trata-se de fazer o levantamento do material e de o tornar visível numa ficha 
ou folha de papel, através de pequenas frases soltas. 
Planificar ou reagrupar as ideias 
a) Apresentação - indica o texto, o tema tratado, o nome do autor e eventualmente a tese. 
b) Ilustração - expõe os factos respeitantes ao tema; noutros casos, historia o problema. 
c) Causas - diagnostica o estado da questão, indo até às suas origens. 
d) Efeitos - reúne as consequências. 
e) Soluções - indica a remediação apresentada pelos autores para alterar os efeitos ou resolver os 
problemas. 
f) Conclusão - apresenta as considerações finais dos textos. 
 
Redigir 
Para além das indicações para a redacção do resumo, conviria acrescentar algumas, próprias da 
síntese: 
· As posições de cada autor são apresentadas no estilo indirecto e, quando numeradas, convém 
manter a ordem por que aparecem no texto de origem. 
· A concisão é muito importante, não ultrapassando o número de palavras pedido. 
· A clareza, a precisão e a elegância são fundamentais. 
 
 
 
 
 
3 BENOIT, Alain, Como fazer a síntese, Mem Martins, Edições Cetop, 1991, pp.133-139. 
 
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10. A PONTUAÇÃO 
A pontuação tem por função subdividir o texto de modo a facilitar a sua compreensão. O uso de uma 
pontuação correcta é difícil porquanto a pontuação não deve respeitar só as pausas e as mudanças de 
tom da língua falada mas também, em muitos casos, a estrutura da frase. Muitas dificuldades 
encontradas pelos estudantes no uso de uma correcta pontuação estão ligadas à falta de umas clara 
concepção da estrutura da frase. 
O uso da pontuação em Português é difícil até porque há vários estilos. Uns preferem escrever longos 
períodos ricos de pontuação diversa (vírgulas, pontos vírgula, dois pontos, parêntesis e traços de 
união), outros escrevem períodos curtos utilizando somente os pontos. Outros ainda usam muitíssimas 
vírgulas evidenciando todas as pausas, havendo quem as use só quando são estritamente necessárias. 
Passemos em revista algumas das regras no uso da pontuação que são típicas fontes de erro. 
 
a) separação dos elementos de uma lista 
os elementos de uma lista devem ser separados, utilizando pontuação. Quando a lista é constituída 
de palavras ou breves períodos deve usar-se a vírgula; o último elemento da lista é separado por 
uma conjunção. 
 
Exemplo: Na excursão da escola visitámos Roma, as colinas toscanas, Florença e Arezzo. 
 
Quando porém cada um dos elementos da lista é muito longo, eventualmente com uma pontuação 
própria, é oportuno usar o ponto e vírgula ou mesmo o ponto final para separar os elementos. Neste 
caso, é possível usar uma conjunção antes do último elemento. 
 
Exemplo: O curso de Geografia compreende: elementos de geografia marinha, e em particular as 
ondas e as marés; elementos de geofísica, e em particular a configuração da crosta terrestre e os 
terramotos; e a geografia astronómica. 
 
b) A vírgula nunca deve separar o sujeito do predicado 
na linguagem falada fazem-se às vezes pausas entre o sujeito e o predicado a que não corresponde 
uma vírgula no escrito. Uma pausa forte cria-se em presença de contraste com a frase precedente. 
 
 
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Exemplo: Lisa passa todo o dia na piscina, bronzeando-se e nadando. Mário, toca guitarra sem 
nunca sair de casa. 
 
Neste caso, a vírgula depois de Mário tem de ser tirada, embora havendo uma pausa na linguagem 
falada. 
 
c) Não se deve usar o ponto num período fraccionando-o 
 
O ponto não pode ser usado no meio de um período criando fragmentos de frases: o que precede e 
segue o ponto deve ser sintacticamente completo. 
 
Exemplo: Mário chegou à escola. Correndo até perder o fôlego 
 
Neste caso “Correndo até perder fôlego” não pode ser separado da frase precedente, da qual 
depende. Naturalmente um escritor pode usar este processo como elemento de estilo. Mas devefazê-lo com coerência, continuidade e esta decisão requer longa experiência; num trabalho escolar é 
melhor evitá-lo. 
 
d) Deve usar-se diferentes sinais de pontuação 
É necessário diferenciar os sinais de pontuação opara ajudar o leitor a compreender os vários 
planos sintéticos. 
 
Exemplo: Todos os amigos que tenho são extraordinários: Mário, óptimo ginasta, participará nos 
campeonatos; Luísa, grande violinista, terá seguramente uma grande carreira; enfim, Paulo, 
indolente mas genial, vencerá sem dúvida o torneio de xadrez da sua escola. 
 
e) Nem sempre as proposições relativas são precedidas e seguidas de vírgulas 
É preciso distinguir entre relativas restritivas e relativas não restritivas: as primeiras são 
indispensáveis ao sentido da frase e não podem ser eliminadas, as segundas, pelo contrário 
acrescentam pormenores à frase, mas não são indispensáveis e podem ser eliminadas. 
 
Proposição relativa restritiva: o jogador que tem mais pontos vence a partida. 
 
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Proposição relativa não restritiva: Mário, que era muito alto, tinha dificuldade em encontrar factos 
que lhe servissem. 
 
No caso da relativa restritiva, em que a emissão da voz é contínua, as vírgulas não usadas; porém, 
no caso da relativa não restritiva, que é acompanhada por uma mudança de tom da voz, devem 
usar-se as vírgulas. 
 
f) Devem distinguir-se o ponto e ponto-parágrafo 
Este aspecto é particularmente importante porque, como vimos, o ponto o parágrafo individualiza a 
estrutura interna dos parágrafos. Há estudantes de escrevem um tema sem nunca usarem um ponto-
parágrafo e outros que fazem de cada período um parágrafo, deixando o leitor sem respiração e 
sem lhe fazer compreender quando se passa de uma ideia para outra, quer os escritos fragmentários 
em que se faz de cada período de um parágrafo, e que permitem ao leitor o fio do discurso. Deve 
se usar o ponto simples quando se continua a desenvolver a mesma ideia tratada anteriormente; 
deve usar-se o ponto parágrafo todas as vezes que se acaba de desenvolver uma ideia e se começa 
a desenvolver outra nova. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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11. O PARÁGRAFO 
O parágrafo é uma porção de texto contida entre dois pontos, sendo indicado por mudança de 
linha e espaço maior, á esquerda; pode conter vários períodos separados por pontos ou pontos e 
vírgulas. Cada parágrafo deve corresponder a uma e única ideia do plano. 
 
1.1. Estrutura dos parágrafos 
É possível reconhecer várias estruturas com as quais se desenvolve um parágrafo; entre elas, 
vejamos o desenvolvimento por exemplos, o desenvolvimento por confronto e contraste e 
desenvolvimento por quadros. 
 
a) Desenvolvimento por exemplos – a ideia ou a tese é demostrada com exemplos. Se temos de se 
desenvolver a ideia: «Mário Rossi, morto aos 90 anos de idade, é uma pessoa para 
recordar»,isto será expresso dizendo que era um «pai afectuoso, marido fiel, cidadão honesto e 
trabalhador, empenhado em fazer bem à colectividade. 
 
b) Desenvolvimento por confronto e contraste –o parágrafo sublinha a semelhança entre os 
objectos, palavras, ideias, ou as suas diferenças. 
 
Exemplo: Enquanto os americanos se sentem orgulhosos de serem informais, abertos ,os 
japoneses são sempre muito formais e complexos; se para os americanos o tempo tem grande 
valor ,para os japoneses o espaço é mais importante 
 
c) Desenvolvimento por quadros – o parágrafo tem uma estrutura clara que é indicada desde o seu 
início, de modo a guiar o leitor. 
Exemplo: Tenho três razões para estar contente: a primeira é...., a segunda é...., a terceira é.... 
Existem três tipos principais de parágrafos com características específicas: parágrafo narrativo, 
parágrafo descritivo e parágrafo expositivo-argumentativo 
 
1. Parágrafo narrativo ou cronológico – é formado por uma sequência de asserções-
informações que não requerem uma garantia; é típico de um diário e de um conto, em que se 
expõem factos por ordem cronológica. Podem aparecer conjunções como «pois», expressões como 
 
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«para começar, de seguida, no fim», mas a exposição da sequência dos factos é mais 
frequentemente dada pela sua posição no texto.. 
Exemplo: Ugo Foscolo, filho de Andrea, cirurgião veneziano, e da grega Diamantina Spathis 
,mudou-se por alguns anos da natal Zante para Spalato; depois, após a morte do pai, voltou com a 
família para Veneza. Em Veneza, o jovem travou frutuosos contactos com o ambiente intelectual 
(...) Mudou-se primeiro para Milão, depois para Bolonha, combateu na Emília e na Ligúria. No 
fim da guerra cumpriu várias missões na Toscana (in: Enciclopédoa da Leitura, Garzanti). 
 
2. Parágrafo descritivo –o parágrafo descritivo ou especial apresenta, sítios e pessoas. Em 
todos os escritos acontece, antes ou depois, serem descritos personagens, ambientes e objectos: 
para envolver o leitor na história, ou convencê-lo da tese, ou tornar-lhe mais concreta e viva a 
leitura, é útil que estes não sejam apenas esboçados, mas apresentados com riqueza de pormenores. 
Exemplo: A casa dos avós de Jorge era realmente bela. Situava-se numa zona central, mas 
tranquila, da cidade, numa praceta arborizada. Tinha divisões amplas, como no edifícios de outro 
tempo, e um enorme terraço cheio de sol e de plantas. 
 
3. Parágrafo expositivo-argumentativo – apresenta a tese e os dados e as observações que 
podem ser úteis para converter o leitor da sua validade. Estes parágrafos são mais complexos do 
que os precedentes; muitas vezes uma unidade de discurso expositivo-argumentativo não é 
construída por um único parágrafo, mas por diversos parágrafos ligados entre si. No âmbito de 
uma unidade expositivo- argumentativa com vários parágrafos é frequente encontrar também 
parágrafos descritivos e narrativos que desempenham uma função de auxílio à argumentação. 
Nos parágrafos expositivo-argumentativos é importante não só construir raciocínios correctos, 
mas também, e sobretudo, envolver o leitor e convencê-lo da exactidão da nossa tese. Para o efeito 
e necessário: 
 
· Despertar-lhe o interesse e conquistar a sua simpatia; 
· Evidenciar imediatamente os aspectos importantes da tese de um escrito; 
· Apresentar argumentos de boa qualidade evitando deste ,modo apresentar argumentos 
dúbios 
 
 
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12. Os CONECTORES 
 
Num escrito bem elaborado, as várias partes devem ser ligadas entre si, de modo a ajudar o leitora 
seguir o fio do discurso. Esta operação só pode ter sucesso quando este fio condutor, existe, isto, é 
quando o texto foi bem planificado. A relação lógica que liga entre si duas proposições (ou dois 
parágrafos) pode ás vezes não ser expressa linguisticamente. Por exemplo, as duas frases: «Está a 
chover. Levo o guarda-chuva», estão ligadas por uma relação causa-efeito que não requer o uso de 
um conector. Na maior parte dos casos, a relação entre as duas proposições deve ser expressa 
linguisticamente de vários modos. 
 
1.usando um prononme que se refere a um elemento precedente do texto. Por exemplo:«A 
vida de Garibaldi foi muito aventurosa. Ele dedicou todas as suas energias à causa da 
liberdade» 
 
 2.repetindo uma palavra-chave que se refere ao elemento central do discurso. Por exemplo: 
«O livro de Calvino apresenta-nos...Este livro é importante porque...» 
 
 3.usando uma expressão que sintetiza a ideia expressa na frase ou parágrafo precedente de 
que se parte. Por exemplo: «A acção dos soldados visava alcançar e destruir a ponte sobre a qual devia 
passar o exército inimigo durante a retirada. A destruição da ponte causou graves danos...» 
 
4.usando as expressões de transição «além de», «de facto», «embora»,... 
 
Duas proposições ou dois parágrafos consecutivos podem ser ligados logicamente de diversos 
modos. Vejamos uma lista de ligações lógicas e as expressões de transição correspondentes: 
 
1. Consequência, causa e efeito: portanto, por isso, segue-se que, daí resulta que.... 
2. Exemplificação: por exemplo, isto é, como... 
 
3. Contraste e concessão: mas, apesar disso, todavia, ao contrário, ao invés, embora, por outro 
lado,.... 
 4. Reafirmação ou resumo: por outras palavras, sucintamente, de facto,... 
 
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5. Ligação temporal: logo que, em seguida, até que, quando, no fim, depois,.... 
6. Ligação espacial: ao lado, sobre, sob, à esquerda, no meio, ao fundo,... 
7. Semelhança e enfatização: do mesmo modo, igualmente, da mesma maneira,... 
8. Adjunção: e, pois, além disso, também, ademais,... 
9. Conclusão: enfim, resumindo, em conclusão 
 
 
Exercícios 
Para obter um parágrafo coerente, qual seria a ordem correcta das seguintes frases: 
A 
(i) O padre transmite aos fiéis certos ritos e ensinamentos, mas a Bíblia ou mesmo só os 
Evangelhos) são conhecidos de poucos. 
(ii) Os brâmanes comunicam a sabedoria de um conjunto de livros sagrados, que tratam da 
conduta, da saúde, da religião e até das práticas sexuais (o Kamasutra é o, livro obsceno no Ocidente, 
mas sagrado na Índia), pois importa a cada um como há-de procurar o prazer e gerar filhos. 
(iii) O papel do brâmane assemelha-se ao do professor primário e ao do pároco, com muito maior 
influência. 
(iv) A sociedade hindu é dominada pelos brâmanes, a quem compete, entre várias obrigações 
rituais, ensinar e aprender. 
 
 B 
 
(i) Conta a história que Harun Al Raschid, califa de Bagdade, costumava disfarçar-se de pedinte 
com o intuito de descobrir o que pensavam os seus súbditos. 
(ii) Esta história constitui uma imagem famosa de despotismo, um sistema de ordem criado pela 
acção da força, que assenta no medo e nasce do capricho. 
(iii) Harun foi aquele califa que se tornou célebre por ter condenado à morte Xeherazade. 
 
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(iv) Rodeado de aduladores que se agarravam como lapas ao poder absoluto, só conseguia 
descobrir a verdade por processos ínvios. 
(v) Todavia, esta encantou-o de tal forma com as sucessivas histórias que lhe foi contando ao 
longo de mil e noites que Harun foi adiando a execução e acabou mesmo por se casar com ela. 
 
 C 
(i) Antes de publicar as suas opiniões imaginava que as mantinha em comum, mas, mal as declara 
abertamente, é censurado, em altos brados, pelos seus prepotentes adversários, enquanto os que 
pensam como ele, mas que não têm coragem de falar, o abandonam em silêncio. 
(ii) Cede, por fim, oprimido pelos esforços diários que vinha fazendo, e mergulha no silêncio, 
como que atormentado pelo remorso de ter dito a verdade. 
(iii) Na América, a maioria antepõe barreiras formidáveis à liberdade de opinião: dentro dessas 
barreiras, um escritor pode publicar o que lhe agradar, mas arrepender-se-á se der um passo além 
delas. 
(iv) Não é propriamente exposto aos terrores de um auto-de-fé, mas será atormentado pelo 
desprezo e pela maledicência da vida quotidiana e a sua carreira política ficará encerrada para sempre, 
porque ofendeu a única autoridade capaz de promover o seu êxito. 
(v) Qualquer espécie de compensação, mesmo a da celebridade, é-lhe recusada. 
 
D 
(i) Como resultado, a hierarquização no contexto cultural moçambicano vai compreender três 
níveis básicos: o da cultura europeia, o da cultura assimilada e o da cultura indígena. 
(ii) Esta divisão reflecte-se no sistema de ensino, que distingue, ao nível primário, ensino 
rudimentar (posteriormente chamado de adaptação), frequentado por indígenas, e o ensino primário, 
frequentado por «civilizados» e indígenas que tivessem concluído o ensino de adaptação. 
(iii) Este assume dá acesso aos escalões mais elevados do ensino, o que propicia a aquisição e 
desenvolvimento de uma cultura letrada dentro dos modelos civilizacionais portugueses. 
(iv) Os requisitos para a assimilação, como é óbvio, apenas eram preenchidos por uma ínfima 
percentagem da população assume, o que resulta na sua divisão entre assimilados e não assimilados 
 
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(os indígenas). 
(v) Teoricamente, a assimilação seria a forma pela qual se transformaria o colonizado num 
português «verdadeiro», levando-o a assumir os seus valores culturais originais e a assumir uma 
postura mais conforme com os valores europeus, para daí gozar do direito à plena cidadania 
portuguesa. 
E 
(i) Elas tiveram frequentemente que se satisfazer com explicações ad hoc e pouco plausíveis, tais 
como a força dos instintos atávicos ou o impacto das ideologias arbitrariamente introduzidas. 
(ii) Outras ciências sociais foram relativamente impotentes para enfrentar a tarefa de compreender 
o “nacionalismo”, que é o nome sob o qual a nova ordem cultural é mais activa. 
(iii) Por outro lado, a antropologia social, cujos praticantes são treinados nas maneiras complexas 
pelas quais interagem a cultura e as estruturas sociais, pode ajudar-nos a compreender esta força 
crucial que é o nacionalismo. 
(iv) Mas não se pode explicar desta maneira algo tão poderoso e invasor quanto o nacionalismo. 
 
F 
(i) Uma tal morte foi a afirmação máxima da sua individualidade. 
(ii) Muitos morreram neles, convictos de que morrer na peleja contra a opressão era melhor do que 
viver sem liberdade. 
(iii) Aparentemente, a plena realização das potencialidades do homem era a meta deque se 
aproximava rapidamente a evolução social. 
(iv) A História, parecia, estava demonstrando ser possível ao homem governar-se a si mesmo, 
tomar decisões por si mesmo e pensar e sentir conforme ele desejava. 
(v) A despeito de muitos reveses, a liberdade ganhou vários combates. 
 
 
 
 
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EXERCÍCIOS 
A necessidade do cepticismo político 
 
Uma das peculiaridades do mundo de língua inglesa é o seu imenso interesse e crença nos partidos 
políticos. Uma grande percentagem de gente que fala inglês acredita realmente que os males de que sofre seriam 
curados se estivesse no poder determinado partido político. Há um motivo para o pêndulo oscilar. Um homem 
vota num partido e continua infeliz; conclui, assim, que o outro partido é que lhe daria a superioridade. Quando 
afinal se desencanta de todos os partidos, já é um velho com o pé na cova; os filhos retêm a crença da 
juventude, e o erro continua. 
Desejo sugerir que, para obtermos algum resultado em política, devemos encarar as questões de maneira 
totalmente diferente. Numa democracia, o partido que deseja galgar o poder deve fazer um apelo ao qual 
responde a maioria da nação. É difícil que não seja nocivo, na democracia existente, um apelo de amplo êxito. 
Portanto, não é provável que nenhum partido político tenha um programa útil, e, para que sejam tomadas 
providências úteis, devem ser levadas a efeito por outra organização diferente do governo partidário. Um dos 
problemas mais urgentes da nossa época é combinar essa organização com a democracia. 
Há actualmente dois tipos muito diferentes de especialistas em questões políticas. De um lado, os políticos 
práticos de todos os partidos; do outro, os peritos, principalmente os funcionários públicos, mas também os 
economistas, financeiros, cientistas, médicos, etc. Cada grupo possui um género de habilidade. A do político 
consiste em adivinhar quem pode ser convencido a pensar a favor do seu partido; a habilidade do perito consiste 
em calcular o que, na verdade, é vantajoso contanto que possa convencer o povo. (Esta condição é essencial, 
porque as providências que provocam ressentimentos sérios raramente são vantajosas, por mais méritos que 
possam ter noutro plano). O poder do político, numa democracia, depende do facto de adoptar as opiniões que 
pareçam correctas ao cidadão comum. É inútil clamar que os políticos deveriam ser suficientemente patriotas 
para advogar o que a opinião esclarecida considerasse bom, porque se o fizessem seriam varridos do caminho. 
Além disso, a habilidade intuitiva de que necessitam para prever a opinião alheia não implica qualquer 
capacidade na formação das suas próprias opiniões, de modo que muitos dos mais capazes (do ponto de vista 
político-partidário) estarão em condições de advogar, com toda a sinceridade, medidas que a maioria acha boas, 
mas que os peritos sabem ser más. Portanto, é inútil exortar os políticos a procederem desinteressadamente, 
excepto na forma mais crua de se absterem do suborno. 
Onde quer que exista a política partidária, o político recorre primariamente a um sector da opinião pública, 
enquanto os seus adversários se dirigem ao sector oposto. O seu sucesso depende da transformação do seu 
sector em maioria. Uma medida que interessa igualmente a todos os sectores, será presumivelmente terreno 
comum a todos os partidos e, portanto, de nada servirá o político. Consequentemente, ele concentra a sua 
atenção nas medidas que desagradam ao sector que forma o núcleo dos adeptos do adversário. Além disso, por 
mais admirável que seja uma providência, será inútil ao político, a menos que lhe possa dar razões que, expostas 
num discurso, pareçam convincentes para o homem comum. Temos assim duas condições que devem ser 
preenchidas pelas medidas que os políticos mais realçam: (1) devem parecer favoráveis a um sector do país; (2) 
os argumentos a seu favor devem ser da maior simplicidade. Naturalmente, isto não se aplica em tempo de 
guerra, porque então o conflito partidário suspende-se em favor do embate com o inimigo exterior. Na guerra, 
as artes do político são aplicadas aos neutros, que correspondem ao eleitor hesitante da política normal. A 
última guerra demonstrou que, como seria de esperar, a democracia constitui um treino admirável para a tarefa 
de apelar para os neutros. Foi essa uma das razões principais da democracia ter ganho a guerra. É verdade que 
perdeu a paz; mas isso já é outra questão. 
A habilidade específica do político consiste em saber que paixões pode com maior facilidade despertar, e 
como evitar, quando despertas, que sejam nocivas a ele próprio e aos seus aliados. Na política, tal como na 
teoria da moeda, há uma lei de Gresham; o homem que visar objectivos mais nobres será expulso, excepto 
naqueles raros momentos ( principalmente revoluções ) em que o idealismo se conjuga com um poderoso 
movimento de paixão interesseira. Além disso, como os políticos estão divididos em grupos rivais, tendem a 
dividir a nação, a menos que tenham a sorte de uni-la numa guerra contra outra nação. Vivem à custa do “ruído 
 
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e da fúria, que nada significam”. Não podem prestar atenção a algo que seja difícil de explicar, nem ao que não 
acarrete divisão ( seja entre nações seja ao nível nacional), ao que reduza o poder dos políticos como classe. 
O perito é um tipo curiosamente diferente. Via de regra, é um indivíduo que não almeja o poder político. A 
sua reacção natural a uma solução política é indagar se esta seria benéfica, em vez de perguntar se seria popular. 
Em certos campos, possui excelente conhecimento técnico. Se for funcionário público ou chefe duma grande 
empresa, tem considerável experiência dos cidadãos, e pode ser um juiz arguto das suas acções. Tudo isto são 
circunstâncias favoráveis, que conferem peso à sua opinião sobre o assunto. 
Todavia, ele apresenta em geral defeitos correlativos. Como o seu saber é especializado, sobrestima 
provavelmente a importância da sua profissão. Se formos sucessivamente a um cirurgião-dentista, a um 
oftalmologista, a um cardiologista, a um tisiólogo, a um neurologista, e assim por diante, cada um dará 
conselhos admiráveis sobre a maneira de evitar as doenças das suas especialidades. E se seguirmos os conselhos 
de todos, verificaremos que as vinte e quatro horas do dia serão poucas para conservar a saúde, não nos 
sobrando tempo para gozarmos a mesma. Isto aplica-se facilmente aos peritos em política; se todos os seus 
conselhos fossem seguidos, a nação não teria tempo para a vida normal. 
 
Bertrand Russel 
 
11. Segundo o texto, o interesse e a crença do mundo inglês nos partidos políticos justifica-se pelo 
facto de: 
A. grande percentagem de gente que fala inglês acreditar realmente nos partidos políticos 
B. grande percentagem de gente que fala inglês acreditar realmente que os partidos políticos 
resolvem os problemas 
C. grande percentagem de gente que fala inglês acreditar realmente que os seus problemas seriam 
resolvidos com um outro partido político no poder 
D. grande percentagem de gente que fala inglês acreditar realmente que os seus problemas seriam 
resolvidos com um determinado partido político no poder 
 
12. De acordo com o texto, encarar as questõesde maneira totalmente diferentes em política, é 
importante para: 
A. obter um bom resultado em política 
B. ganhar a simpatia do maioria da nação 
C. o partido galgar o poder 
D. aprofundar a democracia 
 
13. No texto podemos encontrar uma referência à dois tipos de especialistas em questões políticas. 
Aqueles cujo o poder depende da percepção comum do cidadão são: 
A. políticos práticos 
B. peritos 
C. médicos 
D. funcionários públicos 
 
14. De acordo com o texto, a habilidade do político consiste em: 
A. adivinhar quem pode ser convencido a pensar a favor do seu partido 
B. calcular o que, na verdade, é vantajoso contanto que possa convencer o povo 
C. saber que paixões pode com maior facilidade despertar, e como evitar, quando que sejam 
nocivas a ele próprio e aos seus aliados 
D. indagar se a atitude seria benéfica, em vez de perguntar se seria popular 
 
 
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15. O autor do texto considera que, é inútil exortar os políticos a procederem desinteressadamente, 
excepto na forma mais crua de se absterem do suborno porque: 
A. é inútil clamar que os políticos deveriam ser suficientemente patriotas 
B. o poder político numa democracia depende do facto de adoptar as opiniões que pareçam 
correctas ao cidadão comum 
C. a habilidade intuitiva de que necessitam para prever a opinião alheia não implica qualquer 
capacidade na formação das suas próprias opiniões 
D. muitos políticos estarão em condições de advogar, com toda a sinceridade, medidas que a 
maioria acha boas, mas que os peritos sabem ser más. 
 
16. De acordo com o texto, o político recorre primariamente a um sector da opinião pública, porque: 
A. o seu sucesso depende da transformação do seu sector em maioria. 
B. ele concentra a sua atenção nas medidas que desagradam ao sector que forma o núcleo dos 
adeptos do adversário. 
C. os argumentos a seu favor devem ser da maior simplicidade. 
D. a habilidade específica do político consiste em saber que paixões pode com maior facilidade 
despertar 
 
17. No texto, a expressão “na política, tal como na teoria da moeda, há uma lei de Gresham quer 
dizer: 
A. que o homem que visar objectivos mais nobres será expulso, excepto naqueles raros momentos 
em que o idealismo se conjuga com um poderoso movimento de paixão interesseira. 
B. que os políticos estão divididos em grupos rivais, tendem a dividir a nação, a menos que 
tenham a sorte de uni-la numa guerra contra outra nação. 
C. que os políticos vivem à custa do “ruído e da fúria, que nada significam”. 
D. que os políticos não podem prestar atenção a algo que seja difícil de explicar, nem ao que não 
acarrete divisão 
 
18. O perito é um tipo curiosamente diferente porque: 
A. é um indivíduo que não almeja o poder político. 
B. a sua reacção natural a uma solução política é indagar se esta seria benéfica, em vez de 
perguntar se seria popular. 
C. possui excelente conhecimento técnico. 
D. tem considerável experiência dos cidadãos, 
 
19. De acordo com o texto, um dos defeitos correlativos do perito é: 
A. saber de mais os assuntos da sua especialidade 
B. sobrestimar a importância da sua profissão. 
C. Conhecer as arte da política 
D. Analisar os factos com base no conhecimento que possui 
 
20. “....o para que sejam tomadas providências úteis, devem ser levadas a efeito por outra 
organização diferente do governo partidário”. O que está sublinhado pode ser substituído por: 
A. necessidades 
B. medidas 
C. cautelas 
D. acções 
 
 
 
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21. No extracto do número anterior a palavra sublinhada é um: 
A. advérbio 
B. adjectivo 
C. substantivo 
D. verbo 
 
22. .....enquanto os adversários se dirigem ao sector oposto. No texto, a palavra sublinha significa: 
A. de oposição 
B. frontal 
C. político 
D. contrário 
 
23. Na expressão política partidária, a palavra sublinhada significa: 
A. de partido 
B. pertencente ao partido 
C. do partido 
D. de dentro do partido 
 
24. A expressão sublinhada no número anterior é um: 
A. substantivo 
B. advérbio 
C. adjectivo 
 D. pronome 
 
25. Numa democracia, o partido que deseja galgar o poder....Galgar é sinónimo de 
A. alcançar 
B. chegar 
C. subir 
D. correr 
 
26. A palavra sublinhada no número anterior é um verbo 
A. de movimento 
B. perceptivo 
C. metereológico 
D. estativo 
 
27. A palavra desagradam usada no texto é uma palavra formada por: 
A. sufixação 
B. prefixação 
C. composição 
D. flexão 
 
28. Assinale a palavra que não é adjectivo: 
A. gratidão 
B. plausível 
C. bom 
D. interessante 
 
 
 
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29. Na frase ....a menos que tenham a sorte de uni-la numa guerra contra a outra nação, a forma 
pronominal –la refere-se a: 
A. outra nação 
B. a própria nação 
C. uma nação 
D. a qualquer nação 
 
30. Assinale a palavra que não é adjectivo: 
A. gratidão 
B. plausível 
C. bom 
D. interessante 
 
 31. Assinale a frase bem pontuada: 
A. A Joana que vive no meu prédio comprou um telemóvel. 
B. Algumas lojas vendem, telemóveis sofisticados. 
C. Nem todas as pessoas, usam telemóveis. 
D. Quando enviamos mensagens, devemos simplificar a linguagem. 
 
 32. A palavra consequentemente é um: 
A. advérbio de lugar 
B. advérbio de modo 
C. adjectivo 
D. verbo 
 
 33. Qual das seguintes frases expressa o superlativo absoluto analítico: 
A. O político é curiosamente diferente. 
B. O político é curiosamente mais diferente. 
C. O político é curiosamente diferentíssimo. 
D. O político é curiosamente muito diferente. 
 
 34 Qual das seguintes frases expressa o superlativo absoluto sintéctico: 
A. O político é curiosamente diferente. 
B. O político é curiosamente mais diferente. 
C. O político é curiosamente diferentíssimo. 
D. O político é curiosamente muito diferente. 
 
 35. quando e nosso são: 
A. ambos pronomes 
B. ambos conjunções 
C. respectivamente advérbio e pronome 
D. respectivamente conjunção e pronome 
 
 36. perto e longe são 
A. ambos adjectivos 
B. ambos pronomes 
C. advérbios 
D. adjectivos 
 
 
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 37. um e qualquer são 
A. pronomes 
B. artigos 
C. artigo e pronome respectivamente 
D. pronomes 
 
 38. Escolha a alternativa correcta: 
A. Este grupo existe à cerca de vinte anos. 
B. Este grupo existe acerca de vinte anos. 
C. Este grupo existe a cerca de vinte anos. 
D. Este grupo existe há cerca de vinte anos. 
 
 39. Seleccione a frase gramaticalmente correcta: 
A. O cachorrinho gostavade ficar embaixo da mesa. 
B. O cachorrinho gostava de ficar por baixo da mesa. 
C. O cachorrinho gostava de ficar em baixo da mesa. 
D. O cachorrinho gostava de ficar debaixo da mesa. 
 
 40. Assinale a frase gramaticalemte correcta: 
A. O senhor que eu falei com ele disse que o expediente estava completo. 
B. Os novos telemóveis, que já incorporam uma máquina fotográfica, estão já à venda. 
C. As pessoas quem se deu a informação vieram mais cedo. 
D. Vivi num centro internato cujo tinha bons professors. 
 
 41. Na frase “As vacas dão magnífico leite”, a expressão sublinhasa desempenha a função sintáctica 
de: 
A. sujeito 
B. complemento directo 
C. complemento indirecto 
D. vocativo 
 
 42. A expressão sublinhada no número anterior pode ser substituída pela forma pronominal: 
A. o 
B. no 
C. lhe 
D. lho 
 
 43. Na frase “Quisemos terminar o nosso percurso nesta casa”, a expressão sublinhada é um: 
A. complemento directo 
B. complemento indirecto 
C. complemento circunstancial 
D. aposto 
 
 44. Qual é o par de formas verbais para preencher as lacunas? 
 Se a moda não se___________ao uso do telemóvel___________difícil tê-lo sempre à mão. 
A. adapta-se….é 
B. adaptar…seria 
C. adaptasse…seria 
D. adaptasse….é 
 
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 45. Escolha entre as alternatives apresentadas, o par de palavras ou expressões que melhoe completa os 
espaços em branco na seguinte frase. 
“O jovem procura, pela rebeldia, dizer ao adulto que tudo está em__________e que é necessário construir 
uma sociedade diferente, com________positivos do que os definidos como únicos e válidos para o seu 
mundo” 
A. movimento…meios 
B. mudança…significado 
C. modificação….propósitos 
D. transformação…valores 
 
 
 46. Rui Knopfli e Rui Nogar são nomes 
A. da literatura portuguesa 
B. do Modernismo Português 
C. do pan-africanismo 
D. da literature Moçambicana 
 
 47. O autor de O Regresso do Morto é: 
A. Mia Couto 
B. Baltazar Lopes 
C. Suleiman Cassamo 
D. Isaac Zita 
 
 48. José Craveirinha e Noémia de Sousa escreveram respectivamente 
A. Terra Sonâmbula e Ualalapi 
B. Xigubo e Canto do Amor Natural 
C. Maria e Mayombe 
D. Orgia dos Loucos e Ninguém Matou Suhura 
 
 49. Eça de Queirós e Cesário Verde são autores do 
A. Modernismo Português 
B. Realimo Português e Parnasianismo respectivamente 
C. Neo-Realismo Português 
D. Surrealismo 
 
50. O poeta do Modernismo português que apresentava heterónimos era: 
A. Mário de Sá Carneiro 
B. Júlio Dinis 
C. Fernando Pessoa 
D. Manuel Bandeira 
 
51. Lendas Negras, Noite de Angústia e Homens sem Caminho são obras de 
A. Castro Soromenho 
B. Agostinho Neto 
C. Francisco José Tenreiro 
D. Baltazar Lopes 
 
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52. Ilha de Nome Santo e Coração em África são obras de 
A. Francisco José Tenreiro 
B. Pepetela 
C. Mia Couto 
D. Ricardo Reis 
 
53. Luandino Vieira escreveu: 
A. A vida Verdadeira de Domingos Xavier 
B. Mayombe 
C. Tristeza e outros poemas 
D. A Cidade e as Serras 
 
54. O poema Surge et ambula foi escrito por 
A. Rui Nogar 
B. Fonseca Amaral 
C. Rui de Noronha 
D. Calane da Silva 
 
 55. Rinaldo conduziu-nos pelo corredor da esquerda, que terminava num portão de ferro, mais leve 
do que o do pórtico, mas igualmente severo e antigo. Atrás dele, uma porta de madeira com 
dobradiças enormes, de bronze escurecido estava trancada apenas por um ferrolho. Rinaldo enfiou-se 
por entre ele com um sorriso de triunfo e disse que era mais fácil abri-lo pelo lado de dentro. 
O excerto que leu corresponde : 
A. a uma notícia 
B. a uma narrativa 
C. a uma síntese 
D. a uma carta 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Educação das Mulheres 
 
Em tempo em que a força imperava, árbitro irrecusável em todas as contendas, defendiam nobres 
paladinos e intrépidos cavaleiros, de viseira calada e lança em riste, a honra da dama de seus 
pensares; e o vencedor ufano ia receber modestamente a coroa e o beijo púdico, paga de seu brio e 
galhardia. 
Era o tempo em que a voz lacrimosa duma dona ofendida em sua honra, ou de donzela 
acabrunhada por desleal tirano, topava eco certo em todo o coração nobre e generoso, que batia sob 
um arnês de cavaleiro, e, em seu desagravo, reunia em volta de si todos quantos braços valentes 
empunhavam lança ou espada. 
Era o tempo em que o insulto feito às damas por orgulhosos Bretões custava caro, custava a vida 
àqueles que, de imprudentes, ousavam proferi-lo; porque sempre à testa duns – doze de Inglaterra se 
encontrava um – Magriço-aventureiro a desagravá-las. Tempos foram, que jamais voltarão. 
Nem curemos de os chorar, que não morreram ainda os crentes da virtude feminil, que à face do 
século ousem defendê-la. Se já se não defende a virtude ou formosura de tal dona ou donzela, 
quebrando lanças na estacada, há ainda corações crentes, penas eloquentes a pugnar, não exclusivos 
por esta ou estoutra virtude, mas pela elevação e supremacia de todo sexo e de toda classe. 
Já se não peleja pela formosura da mulher, mas sim pela inocência da sua natureza pura e sem 
mácula; mas sim por seus direitos; mas sim pelo lugar de honra, que de jus lhe compete no banquete 
social. 
Aos atrevimentos cépticos de Byron, às impurezas insultantes de Voltaire, ao cinismo 
nauseabundo do século de Luís XV, responde a nossa era com a filosofia reverente de Aimé Martin, 
com a poesia consoladora de Lamartine, com todas as almas elevadas, que sabem sentir e crer virtude, 
dedicação e amor. 
A era é melhor: o meio de discutir e convencer – mais racional e próprio de homens. 
A vitória de outrora estribava-se no terror ou na admiração; a de hoje cala no coração e na 
inteligência, estribada na razão e na verdade. 
Assim também a mulher é hoje mais reverenciada, mais compreendida e mais amada; hoje a 
mulher, por assim dizer, fala todas as línguas, cala em todos os corações, afecta todas as formas de 
literatura e da ciência: a filosofia, a medicina, a poesia, o romance, tudo hoje trabalha com afã em 
 
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remir a mulher da escravidão da Meia-Idade, da prostituição e embrutecimento do Oriente; e em elevá-
la ao tálamo conjugal, a todos os direitos e prerrogativas, que o seu tríplice carácter de amante, esposa 
e mãe lhe dá jus a reclamar. 
A mulher é um ente fraco, desvalido, apaixonado e nobre, mais que tudo; todavia sem ela, como 
disse um poeta, o mundo seria um ermo melancólico, os deleites apenas o prelúdio do tédio.Por este carácter merece de todos deferência e gasalhado. 
A sua fraqueza e desvalimento a recomendam ao arrimo e protecção das almas fortes e generosas; 
ao amor das almas nobres e apaixonadas – a nobreza dos seus sentimentos: a todos – a consciência da 
sua superioridade e da nossa dependência; dependência suave e imperceptível, mas real e poderosa, 
dependência moral apenas, mas isso mesmo mais forte, porque convençamo-nos uma vez, tais quais 
somos, é a mulher que assim nos faz; e o seu império é tanto mais poderoso, quanto é mais sobre o 
coração, isto é, sobre o sentimento que ele se estende, e, muito principalmente, no dizer de Aimé 
Martin, sobre as nossas mais ardentes paixões. 
Por qualquer face, que encareis a mulher, no estado relativo do homem em frente dela, sempre 
encontrareis uma paixão, de que, mesmo insensível e [in] voluntariamente, lança mão para nos 
dominar, guiar já no bem já no mal, para nos enobrecer ou para nos aviltrar. É por essa paixão, que nos 
insufla na alma os princípios, em que a sua está imbuída, consubstanciando-as assim, ou, dizendo 
melhor, consubstanciando a nossa com a sua, porque, nesta assimilação moral, a alma da mulher nunca 
perde nada da sua individualidade, sendo que é só a do homem, que se homenageia com a dela. 
A paixão da amante, a amizade da irmã, a solidariedade da esposa, o amor da mãe são outras tantas 
cadeias invisíveis, com que a Providência se aprouver ligar estreitamente a vida da mulher à do 
homem, e tornar assim a sua dependência moral penhor de protecção para a fraqueza dela. 
Disse, não sei qual filósofo, que quem faz os homens são as mulheres. 
Bebemos, com efeito, nos seios da mãe, nos olhos da amante, nos braços da esposa todas as 
virtudes ou todos os vícios, com que depois surgimos no mundo: sendo a mulher o misterioso guia, e 
mestra da nossa educação moral, em todas as fases da nossa vida, claro é que, o que formos no bem ou 
no mal, a ela o devemos. 
Esta é a verdade, bem que nos pese: mas não nos deve pesar, pois que em nossa mão está o 
transformar esta dependência em doce reconhecimento e fazermo-nos bons, fazendo boas nossas mães, 
nossas amantes e nossas esposas. 
 
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A educação, no sentir dum grande homem4, não deve começar nem pelo clero, nem pelo povo, 
nem pelas escolas, nem pelos mestres, mas pelos mestres e educadores naturais, - pelas mulheres, com 
as mulheres, e só pelas mulheres; pelas mães, pelas filhas, pelas amantes, pelas esposas: e esse bem 
que lhe fizermos – ficai certos – que todo sobre nós, e como usura, reverterá. 
A Filosofia, depois de correr largo tempo desvairada pelos campos da abstracção e do frio 
raciocínio, parou, de cansada por tantos erros; e olhando para o coração da mulher pasmou de não ter 
dado mais cedo com a solução do problema; pasmou de ver como um pouco de sentimento dava 
melhores frutos, do que todos os seus raciocínios frios e calculados. 
É que a filosofia até aí não era cristã; é que a filosofia até aí não tinha ainda olhado para um 
coração de mulher; não tinha ainda medido a veemência de suas dores, a expansão de suas alegrias, o 
fundo de suas afeições; não tinha ainda considerado a influência deste magnetismo sobre a alma do 
homem. 
Quando a filosofia deu solução ao problema do aperfeiçoamento moral do homem todos pasmaram 
de como a ninguém lembrara ainda coisa tão clara: já Colombo o dizia: é que as coisas mais claras são 
as que mais escapam; e o olhar que vaga perdido no espaço sem limites, raro atende ao que a seu lado 
se passa sobre a terra, grão de areia perdido na imensidade. 
Eis por que hoje vemos o fenómeno da concordância entre todas as ciências e todas as 
literaturas sobre a necessidade da educação intelectual e, maximamente, moral da mulher. É que 
todos viram, reconheceram e reconheceram e reconhecerão, que é só por meio delas, que 
poderemos atingir o verdadeiro bem, porque só elas nos podem pôr na verdadeira estrada, que 
conduz a ele. 
 
Antero de Quental 
 
 
 
 
 
4 Aimé Martin 
 
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 Justino M. J. Rodrigues ( Coordenador ), E-mail: rjustino20@yahoo.com.br e Cell: +258 82-043 2760 
 
Manual de Portugues; da Teoria à Pratica – 2007 Elaborado Por : Dr. Carlito Companhia 206 
1. De acordo com o texto, no tempo em que a força imperava, esta era: 
A. era um árbitro irrecusável 
B. era um árbitro de todas as contendas 
C. significava brio e galhardia 
D. defendia nobres paladinos e intrépidos 
 
2. Nesse tempo: 
A. um insulto feito às damas custava caro 
B. a voz de uma custava muito caro 
C. custava a vida de algumas pessoas que ousavam proferí-lo 
D. custava penas bastante altas 
 
3. De acordo com o texto: 
A. já se peleja pela formosura da mulher 
B. já se peleja pela inocência da sua natureza pura e sem mácula 
C. já não se peleja pelos direitos da mulher 
D. já não se peleja pelo lugar de honra que compete no banquete social 
 
4. O autor do texto considera que a mulher de hoje merece deferência e gasalhado porque: 
A. é mais reverenciada 
B. é mais compreendida e amada 
C. fala todas as línguas 
D. um mundo seria um ermo melancólico sem a mulher 
 
5. O texto refere que o império das mulheres é tanto mais poderoso sobre: 
A. as nossas paixões 
B. sobre os sentimentos 
C. sobre o coração dos homens 
D. sobre o mundo 
 
 
 
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6. Na assimilação moral da alma da mulher com a homem: 
A. a alma da mulher nunca perde a sua individualidade 
B. existe uma mão para enobrecer ou para aviltrar o homem 
C. há uma paixão que insufla na alma 
D. há os princípios nos quais a alma do homem fica imbuída 
 
7. Para o autor do texto toda a nossa educação moral desde a tenra idade deve-se a: 
A. a educação da mulher 
B. os ensinamentos da mulher 
C. a virtude da mulher 
D. ao amor da mulher 
 
8. A Filosofia no decorrer dos tempos não foi capaz de desvendar os mistérios do carácter 
feminino porque: 
A. até aí ela não era cristã 
B. apenas Colombo é que foi capaz de explicá-los 
C. a Ciência ainda não tinha evoluído 
D. não havia explicações para o fenómeno 
 
9. De acordo com o texto, hoje vemos o fenómeno da concordância entre todas as ciências e 
todas as literaturas sobre a necessidade da educação intelectual e, maximamente, moral 
da mulher, porque: 
A. as mulheres é que asseguram a educação das sociedades 
B. todos viram, reconheceram e reconheceram e reconhecerão, que é só por meio das 
mulheres, que poderemos atingir o verdadeiro bem, 
C. só as mulheres nos podem pôr na verdadeira estrada, que conduz a ele. 
D. as mulheres são o símbolo do poder 
 
 
 
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