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Aula 5Vetores Vetores Objetivos desta Aula Aprender o conceito de vetor e suas propriedades como instrumento apropriado para estudar movimentos não-retilíneos; Entender a operação de adição de vetores e a multiplicação de um vetor por um escalar; Entender os conceitos de base e componentes de um vetor e compreender o significado geométrico da projeção de um vetor ao longo de uma dada direção. cinemática Vetores Considere dois pontos distintos P1 e P2, eles determinam uma única reta r que passa por eles. Além disso, o segmento de reta entre os pontos P1 e P2 também é único. Nesse segmento de reta, são possíveis dois sentidos de percurso: o de P1 para P2 e o de P2 para P1. O segmento de reta ao qual atribuímos um sentido é chamado de segmento de reta orientado. Para abreviar a linguagem, chamamos um segmento de reta orientado simplesmente de seta. Ao fazer o desenho de uma seta, indicamos que ela tem sentido, ou orientação, de P1 para P2 , desenhando uma ponta no seu ponto final, como mostra a Figura 2.1. Figura 2.1: Segmento de reta orientado ou seta . Nesse caso, o ponto P1 é chamado de ponto inicial da seta, ou origem da seta, e o ponto P2 , de ponto final da seta. Vamos representar a seta acima por P1P2. A reta na qual está uma seta (como a reta r na figura acima) é chamada de reta suporte da seta. Essa reta tem uma direção com relação a outros objetos, como por exemplo, a direção horizontal, ou vertical, ou inclinada de um ângulo com relação a outra reta. Definimos a direção da seta como sendo a direção de sua reta suporte. Em cada direção há dois sentidos, por exemplo, na direção vertical, há os sentidos para cima e para baixo, e na horizontal, o que chamamos de sentidos para a esquerda e para a direita (especificados, é claro, em relação à superfície da Terra e ao observador). Uma seta ou segmento de reta orientado tem sempre um dos sentidos dentre os dois possíveis ao longo de sua direção. Uma seta tem também um certo comprimento, dado em alguma unidade. Esse comprimento é também chamado de módulo da seta. Talvez agora você possa estar se perguntando: - Será que uma seta e um vetor são a mesma coisa? A resposta é: - Não são! Não necessariamente. Mas talvez você queira argumentar: - Ora, mas uma seta não é definida por seus módulo, direção e sentido!? Isso não é exatamente o mesmo que um vetor, um segmento de reta orientado? PP 1 2 Aula 5Vetores Bem, deixe-nos explicar isso direito: Vamos dizer que setas com a mesma direção, o mesmo sentido e o mesmo módulo são setas equipolentes. Considere agora o conjunto de todas as setas equipolentes à seta P1P2 , algumas estão ilustradas na Figura 2.2. Figura 2.2: Setas equipolentes que representam o vetor a em diferentes pontos do espaço. Todas têm o mesmo módulo, direção e sentido, mas cada seta tem uma origem diferente. Por outro lado, o vetor associado à seta PP1 2 é justamente esse conjunto, ou seja, o conjunto de todas as setas equipolentes é o que chamamos de vetor! Em nosso curso, um vetor será normalmente denotado por uma única letra em negrito, por exemplo, a. Eventualmente, um vetor também poderá ser representado pela conhecida notação: r a . Já o módulo de um vetor a será denotado por |a| ou r a Também poderemos representar o módulo de um vetor abolindo o negrito da letra, ou seja, simplesmente por a. Agora considere um vetor a. O vetor que tem a mesma direção e o mesmo módulo que a, porém sentido oposto ao de a, é chamado vetor oposto a a e é representado por −a. A Figura 2.3 mostra um vetor a e seu oposto −a. Figura 2.3: Vetor a e seu oposto −a. Também é conveniente definir o que chamaremos de seta nula. Uma seta nula é simplesmente um ponto. A seta nula constituída pelo ponto P é representada por PP. Por definição, uma seta nula tem módulo igual a zero. Uma vez que não podemos atribuir uma direção e um sentido a uma seta nula, dizemos que ela tem direção e sentido indeterminados. Cada ponto do espaço é uma seta nula e todas as setas nulas são, por definição, equipolentes entre si. Chamamos o conjunto de todas as setas nulas de vetor nulo. Em nosso curso, o vetor nulo será denotado cinemática Vetores por 0 ou r 0 . Adição de vetores Dados dois vetores a e b, consideremos uma seta qualquer que represente a. Tomemos o ponto final dessa seta como o ponto inicial de uma seta que represente b. Definimos a soma de a com b, que representamos por a+b, como sendo o vetor representado pela seta que tem por ponto inicial o ponto inicial da seta que representa a, e por ponto final o ponto final da seta que representa b, como mostra a Figura 2.4. Figura 2.4: Adição de vetores a e b de acordo com a regra do triângulo. A operação que associa aos vetores a e b, o vetor a+b, é chamada de adição de vetores, ou adição vetorial. Os vetores a e b que formam a soma a+b são chamados componentes vetoriais do vetor a+b. Essa regra de obter a soma de dois vetores é chamada de regra do triângulo. Na figura acima fica claro porque a adição vetorial é chamada assim. A adição vetorial goza de algumas propriedades muito importantes que enunciamos a seguir. 1. A adição vetorial é comutativa, isto é, para quaisquer vetores a e b, temos: (2.1.1) 2. A adição vetorial é associativa, isto é, para quaisquer vetores a, b e c, temos: (2.1.2) 3. O vetor nulo 0 é o elemento neutro da adição vetorial, isto é, para qualquer vetor a, temos: (2.1.3) 4. Para cada vetor a existe o vetor oposto -a, que satisfaz a igualdade: (2.1.4) A demonstração da propriedade da Eq. (2.1.1) é evidente a partir da Figura 2.5. a b b a+ = + . a b c a b c+( ) + = + +( ) . a 0 a+ = . a a 0+ −( ) = . Aula 5Vetores Figura 2.5: a+ b= b+ a o triângulo superior na figura mostra a adição de b com a, e o triângulo inferior, a adição de a com b. A soma é a mesma e está ao longo do lado comum aos dois triângulos. Esse lado comum é uma diagonal do paralelogramo formado pelos dois triângulos. Essa propriedade nos permite obter a soma de dois vetores por meio de uma outra regra, que você já deve conhecer, a regra do paralelogramo. Multiplicação de um número por um vetor Vamos agora definir uma operação que, a partir de um número real e um vetor, produz um vetor. Seja λ um número real não nulo e a um vetor não nulo. A esse número e a esse vetor associamos um vetor, que simbolizamos por λa: I. com a mesma direção de a; II. com módulo igual ao módulo de λ vezes o módulo de a; III. com o mesmo sentido de a, se λ é positivo, mas com sentido oposto ao de a, se λ é negativo. Entretanto, se λ= 0 ou se a= 0, definimos λa como sendo o vetor nulo. Essa operação é chamada multiplicação de um número por um vetor. No contexto dessa operação, o número costuma ser chamado de escalar. Podemos então chamar essa operação de multiplicação de um escalar por um vetor. A Figura 2.6 mostra alguns exemplos de produto de um número por um vetor, Figura 2.6: exemplos de produtos de um número por um vetor. cinemática Vetores O produto de um número por um vetor também é um múltiplo do vetor, com (2.1.5) Note que se λ>1, o vetor estica, e quando 0<λ<1, o vetor se contrai! Uma outra propriedade que vale a pena mencionar é que o vetor −a, oposto ao vetor a, pode ser obtido como o produto de −1 por a, isto é, (−1)a= −a. Interessante também é notar que podemos obter um vetor unitário através da multiplicação de um escalar por um vetor. De fato, um vetor é chamado unitário se o seu módulo é igual a 1 (na unidade de medida que estiver sendo usada), isto é, o vetor u é unitário se, e somente se, |u|=1. Assim, dado um vetor a não nulo, o seu módulo |a| é um número diferente de zero e, portanto, tem um inverso 1/|a|. Multiplicando-se esse número por a, obtém-se o vetor unitário (1/|a|) a. Logo, pela propriedade (2.1.5), (2.1.6) Bases e Componentes de um vetor É fácil ver que, usando-se apenas a operação do produto de número por vetor, demonstra-se que todos os vetores em uma mesma direção podem ser escritos como múltiplos de um único vetor unitário que tem essa direção. Podemos expressar essa afirmação do seguinte modo: se a é um vetor qualquer na direção de um vetor unitário u, então: (2.1.7) Vamos usar agora um sistema de eixos coordenados OXYZ e considerar um vetor unitário na direção de cada eixo, com sentido igual ao sentido positivo do eixo. Vamos denotar por ux, uy e uz os vetores unitários com a direção e sentido dos eixos OX, OY e OZ respectivamente, conforme ilustrado na Figura 2.7. Figura 2.7: Os vetores unitários ux, uy e uz. Qualquer vetor a no espaço tridimensional pode ser escrito em termos dos três 1 1 1 a a a a= = . a a u= ± . λ λa a= . Aula 5Vetores vetores unitários ux, uy e uz. (Uma demonstração dessa afirmação pode ser vista na Aula 8 da Apostila Física 1A, Módulo 1. A partir da Eq. (2.1.7), também é fácil perceber que um vetor a, em termos dos vetores ux, uy e uz, deve ser escrito como (2.1.8) onde ax, ay e az são as componentes escalares do vetor a na base de vetores ux, uy e uz. Aliás, os vetores ux, uy e uz formam uma base ortonormal de vetores tridimensionais. - O quê!? Você não sabe o que é uma base de vetores!? Também não sabe o que é uma base ortonormal!? - Tudo bem. Dizemos que três vetores e1, e2 e e3 formam uma base quando: I. qualquer vetor a pode ser escrito em termos de e1, e2 e e3, de acordo com a expressão a= a1e1+ a2e2+ a2e3 , na qual a1, a2 e a3 são números; e II. não existe mais do que uma trinca de números a1, a2 e a3 que permita escrever a citada expressão para a. O conjunto dos vetores ux, uy e uz satisfaz as duas propriedades acima e, portanto, podemos afirmar que formam uma base. Estes três vetores também são unitários e perpendiculares entre si, portanto, formam uma base ortonormal. O uso de uma base reduz vários cálculos que fazemos com vetores a cálculos com as suas componentes escalares. Isso constitui uma grande vantagem, pois as componentes escalares são números que podemos manipular matematicamente com mais facilidade. Por exemplo, como a trinca de componentes escalares é única, dados dois vetores a e b, escritos na base ux, uy e uz como eles só serão iguais se (2.1.9) Se um vetor c for a soma de a e b, isto é, c= a+b, suas componentes na base ux, uy e uz são (2.1.10) Se a= λb, temos a u u u= + +a a a x x y y z z , a u u u b u u u= + + = + +a a a b b b x x y y z z x x y y z z e , a b a b a b x x y y z z = = =, e . c a b c a b c a b x x x y y y z z z = + = + = + ; ; . cinemática Vetores (2.1.11) O vetor nulo 0 é escrito na base ux, uy e uz como 0= 0ux + 0uy + 0uz, isto é, suas componentes são todas iguais a zero. Devemos apreciar a importância do conceito de base. Existem infinitos vetores no espaço tridimensional, mas todos eles podem ser escritos em termos de apenas três vetores, os vetores de uma base. Para isso, basta saber como encontrar as componentes de um vetor qualquer na base que se está usando. Vamos aprender como fazer isso no caso de uma base ortonormal na seção seguinte. Projeções e componentes de um vetor Seja a um vetor diferente de zero, u um vetor unitário e θ o ângulo entre eles. Definimos a projeção do vetor a ao longo do vetor unitário u como sendo o número dado pelo produto do módulo do vetor a pelo cosseno do ângulo entre os vetores, (2.1.12) A Figura 2.8 ilustra o caso em que 0< θ< π/2, com as setas de a e u desenhadas a partir de uma origem comum, que chamamos de O, Figura 2.8: Vetor a e o vetor unitário u e o ângulo θ entre eles. Pelo triângulo retângulo mostrado na figura acima, o comprimento do cateto OP ' é igual a projeção do vetor a ao longo do vetor unitário u. Entretanto, a projeção não é exatamente um comprimento. Embora no caso em que 0< θ< π/2, a projeção de a ao longo de u seja um número positivo, no caso em que π/2< θ< π, a projeção é um número negativo! Além disso, pela definição em (2.1.12), se a for perpendicular a u, a projeção é nula, e se a for paralelo a u, a projeção é |a| ou −|a|, se a tiver o mesmo sentido de u ou o sentido oposto a u respectivamente. Seja agora a seta OP ' , e chamemos de a’ o vetor a ela associado. A Figura 2.9 abaixo mostra os vetores a, u e a’ no caso em que 0< θ< π/2. a b a b a b x x y y z z = = = λ λ λ ; ; . a cos .θ Aula 5Vetores Figura 2.9: Os três vetores a, u e a’, ilustrando a projeção de a ao longo de u. Usando apenas a definição de produto de um número por um vetor, você pode verificar que (2.1.13) E podemos aplicar o resultado acima aos vetores unitários ux, uy e uz, que foram vistos na seção anterior. Consideremos a Figura 2.10 abaixo, que exibe agora os ângulos θx, θy e θz entre a e ux, uy e uz respectivamente, Figura 2.10: Vetor a, unitários vetores unitários ux, uy e uz e os ângulos θx, θy e θz. Usando a Eq. (2.1.13), não é difícil concluir que (2.1.14) Portanto, pela Eq. (2.1.8), as componentes escalares de um vetor a escrito na base ux, uy e uz são as projeções deste vetor ao longo desta base ortonormal, ou seja, (2.1.15) Como apllicação, vamos considerar uma situação muito comum, na qual todos os vetores de um problema estão em um mesmo plano. Vamos escolher os eixos OX e OY para representar os vetores nesse plano. Pelo resultado acima, qualquer vetor a do plano pode então ser escrito como (2.1.16) onde os ângulos θx e θy podem ser vistos na Figura 2.11. a a u a u a u= ( ) + ( ) + ( )cos cos cosθ θ θx x y y z z . a a a x x y y z z = = =a a acos cos cos .θ θ θ ; e a a u a u= ( ) + ( )cos cos ,θ θx x y y a a u' cos .= ( )θ cinemática Vetores Figura 2.11: Vetor a no plano OXY. Analogamente, podemos definir o ângulo θ como sendo o ângulo que o vetor a faz com o eixo OX e escrever as componentes de a na Eq. (2.1.16) como (2.1.17) onde usamos o fato de que θ= θx e que θy= π/2 - θx. É possível também encontrar o módulo de a e θ quando conhecemos as componentes de a: (2.1.18) Terminamos esta seção com uma observação de caráter prático. Temos procurado distinguir o conceito de vetor do conceito de seta. Para cada vetor há uma infinidade de setas que o representam e é o conjunto de todas elas que define o vetor. Entretanto, seguiremos doravante a prática comum de se referir a uma seta como sendo o vetor a ela associado, e vice-versa. a = + =a a a ax y y x 2 2 e tan .θ a a x y = =a acosθ θ e sen , Aula 1Velocidade Média CRÉDITOS Texto adaptado por Lizardo H. C. M. Nunes da apostila Física 1A, de Carlos Farina de Souza, Marcus Venicius C. Pinto e Paulo Carrilho Soares Filho. Revisão Mônica dos Santos Dahmouche Equipe do Portal da Educação Programação Visual André Nogueira Ilustração Fabiana Rocha Fabio Muniz André Nogueira
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