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11 TRATAMENTOS TÉRMICOS DE METAIS DE BASE E JUNTAS SOLDADAS Prof. Valtair Antonio Ferraresi Universidade Federal de Uberlândia 22 Tratamentos Térmicos Operações de aquecimento e resfriamento controlados, que visam afetar as características dos aços e ligas especiais, são denominadas tratamentos térmicos. Os principais objetivos dos tratamentos térmicos são os seguintes: - Remoção de tensões (oriundas de esfriamento desigual, trabalho mecânico ou outra causa); - Aumento ou diminuição da dureza; - Aumento da resistência mecânica; - Melhora da ductibilidade; - Melhora na usinabilidade; - Melhora da resistência ao desgaste; - Melhora das propriedades de corte; - Melhora da resistência a corrosão; - Melhora da resistência ao calor; - Modificação das propriedades elétricas e magnéticas; 33 Tratamentos Térmicos Para a realização de um tratamento térmico em um aço os seguintes fatores devem ser levados em consideração: Aquecimento; Tempo de permanência à temperatura de aquecimento; Resfriamento; Atmosfera do forno. Os principais Tratamentos Térmicos são: - Recozimento; - Normalização; - Têmpera; - Revenimento. 44 RECOZIMENTO Recozimento – visa reduzir a dureza do aço, aumentar a usinabilidade, facilitar o trabalho a frio ou atingir a microestrutura ou as propriedades desejadas. Tipos de recozimento: - Recozimento pleno; - Recozimento isotérmico - Recozimento subcrítico; - Esferoidização ou recozimento intercrítico. Recozimento pleno – consiste em austenitizar o aço (500C acima da linha A3 para os aços hipoeutetóides e de 50oC acima da linha A1 para hipereutetóides), resfriando- o lentamente, usualmente dentro do forno. Busca obter uma estrutura próxima do equilíbrio. 5 RECOZIMENTO 66 TIME Ac3 Ac1 T E M P E R A T U R E log(t) Austenite A. + Bainite A.+F. A.+F.+P. A. + Martensite Martensite Ferrite + pearlite TA Ac3 Ac1T E M P E R A T U R E Ferrite Ferrite + Austenite Austenite TA RECOZIMENTO Ciclos de recozimento recomendados para aços carbono Aço ABNT Temperatura de Austenitização (oC) *Ciclo de resfriamento de - até (0C) Faixa de dureza (Brinell) 1020 855 – 900 855 – 700 11 – 149 1030 845 – 885 845 – 650 126 – 197 1040 790 – 870 790 – 650 137 – 207 1050 790 – 870 790 – 650 156 – 217 1060 790 – 845 790 – 650 158 – 217 1070 790 – 845 790 – 650 167 – 229 1080 790 – 845 790 - 650 167 – 229 1090 790 - 830 790 - 650 167 - 229 * Resfriamento a 28oC por hora no interior do forno 77 RECOZIMENTO Recozimento isotérmico: consiste no aquecimento do aço nas mesmas condições do recozimento total, seguido de um resfriamento rápido até uma determinada temperatura, sendo que no diagrama de transformação isotérmico e mantido constante até produzir a transformação completa. Obtém os mesmos constituintes do recozimento pleno. A estrutura final é mais uniforme que no caso do recozimento pleno Ac3 Ac1 T E M P E R A T U R E log(t) Austenite A. + Bainite A.+F. A.+F.+P. A. + Martensite Martensite Ferrite e perlite TA TB Ac3 Ac1T E M P E R A T U R E Ferrite Ferrite e Austenite Austenite 88 RECOZIMENTO Recozimento subcrítico (alívio de tensões) – o aquecimento se dá a uma temperatura abaixo da linha A1 – utilizado para recuperar a ductilidade do aço trabalhado a frio (encruado) – recuperação das fases encruadas. Normalmente, o aquecimento do aço carbono fica na faixa de 595 a 6750C, seguido do resfriamento ao ar. As principais transformações que ocorrem neste tratamento são a recuperação e a recristalização das fases encruadas. São também aplicados quando se deseja reduzir tensões residuais em estruturas ou componentes após soldagem, dobramento, resfriamento brusco (têmpera), etrc. 9 T t Tmax Alívio de Tensões Treatment temperature for different low alloyed steels • Aço carbono e C-Mn Td=550°C-600°C; • Aço Cr-Mo: Td 630°C to 780°C; • Aços de baixa liga Td=530°C-580°C. • Velocidade de aquecimento/resfriamento - máx de 200oC/h • Tempo na temperatura de tratamento – depende da espessura – min 30 min. 10 ESFEROIDIZAÇÃO Esferoidização - Consiste num aquecimento e resfriamento subseqüente, em condições tais a produzir uma forma globular ou esferoidal de carboneto no aço. Há várias maneiras de produzir tal estrutura, a saber: - aquecimento a uma temperatura logo acima da linha inferior de transformação, seguido de esfriamento lento; - aquecimento por tempo prolongado a uma temperatura logo abaixo da linha inferior da zona crítica; - aquecimento e resfriamento alternados entre temperaturas que estão logo acima e logo abaixo da linha de transformação inferior. A esferoidização objetiva melhorar a usinabilidade de aços de alto carbono. 11 RECOZIMENTO 1212 Microestrutura da liga Fe- 0,003%C encruada em 60% antes (a) e após (b) recozimento por 2h a 538ºC. Após o recozimento (b), 80% da estrutura recristalizaram formando grãos equiaxiais finos. Microscopia ótica. Ataque: nital 3% Aumento: 100X RECOZIMENTO 1313 NORMALIZAÇÃO Normalização – consiste na austenitização completa do aço, seguida de resfriamento ao ar parado ou agitado. É indicado para homogeneização da estrutura após o forjamento e antes da têmpera ou revenimento. Aços ligados que temperam (endurecem) ao ar não são normalizados. Diagrama de equilíbrio Fe-C com as faixas de temperatura de deformação a quente e dos tratamentos térmicos de homogeneização, normalização e recozimento pleno. 1414 Normalização e Recozimento Ciclos térmicos (esquemáticos) dos tratamentos térmicos de recozimento pleno e normalização. No recozimento pleno, devido ao resfriamento mais lento, a transformação em ferrita e perlita ocorre a temperatura mais elevada e a microestrutura é mais grosseira, quando comparadas com as da normalização. 1515 NORMALIZAÇÃO A normalização pode ser usada para as seguintes aplicações: - Refino de grão (por meio de recristalização) e homogeneização da estrutura visando obter uma melhor resposta na têmpera ou no revenimento posterior. - Melhoria da usinabilidade - Refino de estruturas brutas de fusão (peças fundidas, por exemplo). - Obter propriedades mecânicas desejadas. Aço oC Aço oC 1020 915 5120 925 1030 900 5135 870 1045 860 5147 870 1080 830 5160 870 1340 870 8640 870 4032 900 8720 925 4140 870 9850 870 4340 870 81B45 870 4720 925 94B40 900 Temperaturas de normalização recomendadas para os aços carbono e baixa liga 16 1015 Aço 1020 NORMALIZAÇÃO 1717 Têmpera - Consiste no aquecimento de um do aço até a completa austenitização seguido de resfriamento rápido para causar a formação de uma estrutura martensitica. O objetivo, sob o ponto de vista de propriedades mecânicas, é o aumento do limite de resistência à tração e de sua dureza. Têmpera O meio de resfriamento depende do teor de carbono presente no aço, da forma e dimensões da peça submetida à têmpera. Pode ser líquido ou gasoso. No caso de um meio líquido os mais comuns são: água, água contendo sal ou aditivos cáusticos, óleo e soluções aquosas de polímeros. Os meios gasosos podem ser ar ou gases inertes como hélio e argônio. 1818 Têmpera Resultam da têmpera redução da ductilidade (baixos valores de alongamento e estricção), da tenacidade e o aparecimento de apreciáveis tensões internas. Esses inconvenientes são atenuados pelo revenido Influência do teor decarbono na dureza de aços com estrutura constituída integralmente de martensita, ferrita-perlita e esferoidita. 1919 Têmpera Como os diferentes aços apresentam curvas ITT distintas, a taxa mínima de resfriamento necessário (denominada velocidade crítica) para evitar as transformações perlítica e bainítica varia em uma faixa bastante larga. 2020 Têmpera Aumentando-se o teor de C diminui-se a temperatura para início e fim da formação da martensita. A dureza da martensita também aumenta 2121 Têmpera Influência do teor de carbono na dureza da martensita de ligas Fe-C revenidas em diferentes temperaturas. 2222 Revenimento A martensita como temperada é extremamente dura e frágil – altas tesões internas – podendo trincar – sem emprego prático. Para atingir valores adequados de resistência mecânica e tenacidade, deve-se, logo após a têmpera proceder o revenimento. Consiste em aquecer uniformemente até uma temperatura abaixo daquela de austenitização, mantendo o aço nesta temperatura por um tempo suficiente para equalização de temperatura e obtenção das propriedades desejadas. 2323 Revenimento Variação das propriedades mecânicas do aço 4340 em função da temperatura de revenimento 24 Revenimento Efeito da duração do revenimeno de um aço com 0,28%C sobre a dureza para quatro temperaturas diferentes. 25 Revenimento Efeito do tempo de revenimento na dureza de aços carbono 2626 Revenimento Influência da temperatura de revenimento na energia de impacto Charpy V de aços baixa liga e médio carbono temperados. 2727 Revenimento Influência da temperatura de revenimento na dureza de aços com diferentes teores de carbono. 2828 Revenimento Curva tensão-deformação do aço Fe-C nos estados temperado e temperado e revenido. 2929 Têmpera e Revenido Variação da dureza (atraso do amolecimento e endurecimento secundário) no revenimento de aços com diferentes teores de Mo. 3030 Revenimento Influência dos elementos na dureza de ligas Fe-C revenidas a 540ºC. 3131 Martêmpera Martêmpera – Objetivo é minimizar o efeito das tensões de resfriamento na têmpera. O resfriamento é interrompido por alguns instante a uma temperatura pouco superior ao início de transformação martensíica, diminuindo os gradientes térmicos. Diminui perda de peças por trinca.. Maior custo em relação a têmpera convencional 32 Martêmpera 33 Austêmpera Austêmpera – transformação isotérmica para a produção de uma estrutura bainítica. Consiste em: Austenitizar o aço; Resfriamento rápido em banho de sal, óleo ou chumbo para a região de formação bainítica Transformação da austenita em bainita; Resfriamento ao ar ate a temperatura ambiente. 34 Austêmpera O principal objetivo da austêmpera é obter produtos com alta ductilidade e resistência ao impacto, sem perda expressiva de dureza. Reduzir a formação de trincas e empeno A escolha do aço para austêmpera é baseada em sua curva ITT 35 Solubilização e Envelhecimento O tratamentos térmicos de solubilização e envelhecimento são aplicados em Ligas endurecíveis por precipitação Nestes materiais, consegue-se um aumento considerável de resistência mecânica e dureza por. Tais ligas possuem um diagrama de equilíbrio do tipo mostrado na figura abaixo, de forma que, aquecendo-as a uma temperatura T1, ocorre a dissolução da fase β, estável à temperatura ambiente. O tratamento de solubilização consiste em aquecer o material até T1, para a dissolução de β, e, em seguida, resfriá-lo rapidamente de forma a impedir que esta fase se precipite novamente. 36 A escolha da temperatura T2 (e do tempo de permanência nesta temperatura) é muito importante pois, se esta for muito elevada (T3, por exemplo), os precipitados obtidos podem ter um tamanho excessivo para causar o aumento desejado nas propriedades mecânicas (super-envelhecimento). Como resultado, obtém-se uma solução sólida super-saturada de β que tende a ser macia e dútil. Contudo, se o material for aquecido a uma temperatura moderada (T2), a fase β, ou uma outra fase meta-estável (isto é, diferente da fase β, a esperada pelo diagrama de equilíbrio, mas cuja velocidade de formação seja maior), poderá se precipitar em uma forma extremamente fina, endurecendo o material consideravelmente (tratamento de envelhecimento). Solubilização e Envelhecimento São exemplos de ligas endurecíveis por precipitação: ligas de alumínio e cobre (ANSI série 2000), alumínio e zinco (série 7000), ligas de magnésio (AZ80A, ZK60A e HM21A conforme a norma ASTM B275), ligas de níquel contendo Al ou Nb (Waspalloy, Nimonic 90, etc), ligas de titânio e certos aços inoxidáveis (17-7 PH, 17-4 PH, etc). 37 Solubilização e Envelhecimento 38 Referências Costa e Silva, Andre Luiz & Mei, Paulo Roberto, Aços e ligas especiais, Editora Edgard Blucher, São Paulo, 2006. ASM Metals handbook. 8. ed. Metals Park, 1974. Chiaverini, Vicente, Aços e Ferros Fundidos - ABM, 1982. Krauss, G. Steels: heat treatment and processing principles, ASM, 1997.
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