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ESCOLA PAULISTA DE POLÍTICA ECONOMIA E NEGÓCIOS Ciências Atuariais - Integral EMILY L. BRANDÃO RAQUEL A. MARQUES HISTÓRIA DO DIREITO COMERCIAL OSASCO 2014 EMILY L. BRANDÃO RAQUEL A. MARQUES HISTÓRIA DO DIREITO COMERCIAL Trabalho apresentado como parte da avaliação da Matéria De Direito Comercial, do curso de Ciências Atuariais - turno integral, da Universidade Federal De São Paulo ministrado pelo professor Márcio F. Catapani. ORIENTADOR: MÁRCIO F. CATAPANI OSASCO 2014 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO …..................................................................... Pág.6 2. NA ANTIGUIDADE ................................................................... Pág.6 3. CORPORAÇÕES DE OFÍCIO-IDADE MÉDIA........................ Pág.6 4. ATO DE COMÉRCIO-NAPOLEÃO BONAPARTE.. ............... Pág.10 5. TEORIA DA EMPRESA................................... …......................Pág.10 6. FINANCIAMENTO DO SISTEMA PREVIDENCIÁRIO............ Pág.12 7. CONCLUSÃO …........................................................................ Pág.12 8. BIBLIOGRAFIA …...................................................................... Pág.13 Resumo Ao estudar a história é possível reconhecer consequências futuras, e desta forma é possível analisar quais delas são para bons usos ou não. Este artigo tem o objetivo expor como surgiu o Direito Comercial ou Empresarial. Os fenícios destacaram-se intensificadamente as trocas e, com isso, estimularam a produção de bens destinados especificamente à venda. Corpus JuriCivili, um código civil que serviu de base para a estrutura jurídica de vários povos ocidentais. A elaboração doutrinária fundamental do sistema francês é a teoria dos atos de comércio, vista como instrumento de objetivação do tratamento jurídico da atividade mercantil. Isto é, com ela, o direito comercial deixou de ser apenas o direito de certa categoria de profissionais, organizados em corporações próprias, para se tornar a disciplina de um conjunto de atos que, em princípio, poderiam ser praticados por qualquer cidadão. Em 1942, na Itália, surge um novo sistema de regulação das atividades econômicas dos particulares. Nele, alarga-se o âmbito de incidência do Direito Comercial, passando as atividades de prestação de serviços e ligadas à terra a se submeterem às mesmas normas aplicáveis às comerciais, bancárias, securitárias e industriais. A história do Direito comercial no Brasil se confunde com a historia do direito comercial Português, uma vez que, o Brasil recém- descoberto utilizava as leis vindas de Portugal, sendo criado o Codigo Comercial Brasileiro apenas em 1850.O direito Comercial evoluiu junto as sociedades, para melhor atende-los. Palavras-Chaves: Evolução do Direito Comercial; Atos de Comercio; Codigo Comercial Brasileiro. ABSTRACT When to study the history, it is possible to recognize future consequences, and this way is possible to analise whats for them are good or not to use. The objective of this paper is aims how get up the Commerce or Bussiness Law. Phoenicians highlighted of the changes and with this, estimulated the production of state specifically destinated to sale. Corpus Jus Civile, a civil code that basis for the juridic structure of much western people. The doctrinal french system elaboration is the acts of trade theory, seen as the objectivation instrument to the juridic treatment of mercantile activity. That is, with it, the Commerce Law ceased to be only the law of right profissional category, organized in own corporations to turn a discipline of acts series, in principle, could be obtained by any citizen. In 1942, in Italy, emerged a new system of regulation of particular economic activities. In it, broadens the ambit of impact of commerce law, though of the same rules applicable to commercial, banking, industrial and securitarian. The history of commercial law in Brazil merges of the history of commerce law in Portugal, once, Brazil newly created the Brazilian Commerce Code in 1850 the Commerce Law societies evolved along to better serve them. Keywords: Commerce Law evolution, Acts of trade, Brazilian Commercial Code INTRODUÇÂO A origem do comércio nas relações humanas data-se de muito antes do feudalismo, com os centros comerciais (feiras livres), das quais se era possível negociar produtos distintos. Desta forma, entre artesãos e mercadores, se fazia necessário que um conjunto de normas de conduta regulasse as relações sociais entre ambos e com a introdução da moeda, se necessitava de leis monetárias. O direito apresenta duas grandes vertentes, sendo: O Direito comum e o Direito especial. O Direito comercial faz parte do Direito comum, apresentado na subdivisão do direito publico. Ele tem grande importância no âmbito das atividades administrativas contábeis. Segundo Soares, Direito Comercial ‘e o ramo que regula os atos comerciais e os profissionais envolvidos. O direito comercial teve grandes mudanças ao longo dos anos em nossa sociedade assim como também o comércio o teve. Desta forma, normas jurídicas foram surgindo com o tempo para regular, normalizar e auxiliar os indivíduos. O estudo do inicio do comércio tem um caráter importante atualmente na economia mundial, pois com a grande demanda da população abrindo seu próprio negócio e buscando meios de exercer suas vendas, o início pode nos trazer grandes evidências de erros e acertos dos quais o empreendedor deva seguir ou repelir tais feitos. OBJETIVO Este artigo tem por objetivo expor como surgiu o Direito Comercial ou Empresarial, a partir da Antiguidade, e tem por finalidade principal o esclarecimento das informações disponíveis sobre tal assunto. NA ANTIGUIDADE Um dos povos que mais se destacaram no comércio foi os fenícios, povo semita da estreita faixa do sul da Palestina, antecedentes dos atuais libaneses, que se dedicaram na busca de matérias-primas necessárias para a indústria, pois a região possuía um solo pobre, bastante acidentado e com pouquíssimas áreas agricultáveis, e associado às condições geográficas, determinou-se praticamente sua ligação ao mar. Possuíam uma economia baseada no comércio, na pesca e no rico artesanato, a qual era voltada à comercialização com outros povos da região. Apesar de cultivarem, nessas áreas pouco férteis, apenas vinhas e oliveiras, que não exigiam altas técnicas de produção, nem um solo rico de nutrientes, foram esses produtos que eles passaram a exportar, além de cerâmica, metal, vidro colorido, madeira de cedro presentes nas florestas do atual Líbano, corante da cor purpura. Tal corante, extraído de um molusco de seu litoral, o múrex, lhes permitiu tingir tecidos da cor rosa até a cor roxa. Esse corante foi durante muito tempo na Antiguidade, um dos produtos mais caros e procurados, sendo sinônimo de titularidade real. Além de comerciantes diretos, foram também intermediários, comercializando e exportando vários tipos de mercadorias mediterrâneas. Essa prática lhes impôs ser uma civilização comercial, e também lhes proporcionaram um vasto conhecimento geográfico e marítimo, desta forma criaram e aprimoraram técnicas navais. Os fenícios jamais tiveram um Estado unificado, tendo se organizado em Cidades-Estados, procedendo à sistemática de fundação de feitorias, que eram pontos que facilitavam o escoamento de mercadorias vindasdo interior. Uma destas feitorias deu origem a Cartago - atual Tunísia, que iria se tornar um grande rival para Roma conquistar o controle do Mediterrâneo Ocidental no século III a.C.. Por volta de 800 a.C, foi seu período mais prospero, pois alcançaram a posição de domínio do mar, uma verdadeira talassocracia econômica. Assim, os fenícios destacaram-se intensificadamente as trocas e, com isso, estimularam a produção de bens destinados especificamente à venda (Fabio Ulhoa Coelho, pag. 25). Os gregos se tornaram um grande concorrente para os fenícios, o que fez estes declinarem, desta forma os helênicos se tornaram os maiores comerciantes no mar. Atenas, no período arcaico, sofreu uma transformação em sua agricultura, resultado da concorrência das produções de cereais das colônias, assim sua economia decaiu, e passaram a produzir vinhos e azeite. Essa transformação impulsionou uma colonização comercial, que estabeleceu a monetarização da economia e o desenvolvimento comercial, em função do crescimento do transporte marítimo. O cultivo agrícola requeria grande mão-de-obra, entretanto esta estava em escassez, desta forma adotou-se a escravidão, que passou a ser uma escravidão comercial, com isso, houve um processo de enriquecimento da camada de comerciantes, os demiurgos. Cartago (cidade-estado Fenícia) possuía o monopólio naval do Mediterrâneo, o que também os romanos estavam dispostos a conquistar, resultando nas Guerras Púnicas, que durou aproximadamente 131 anos (264- 133 a.C.) com vitória romana, transformando-se num gigantesco Império. Roma, durante a república, tinha suas riquezas geradas pela agricultura, mas o comércio estava se desenvolvendo e ocupando o lugar antes pertencente à atividade agrícola. A ampla camada de pequenos proprietários começou a se extinguir em função dos patrícios, seus escravos e os grandes latifúndios voltados à produção de exportação. O crescimento do comércio enriqueceu a camada de plebeus urbanos, que deu origem ao setor social chamado de cavaleiros ou homens novos. Durante a crise do século III, o fluxo de comércio escravista estava funcionando muito abaixo do esperado, pois havia muitas perdas por conta das epidemias de peste e guerras civis. Em 235, houve uma crise estrutura, a qual resultou a implementação de um processo de ruralização. Os escravos se uniram a camada de arrendatários, bárbaros e plebeus, que fugiram das cidades. O campo se tornou mais seguro que as cidades, os grandes proprietários acolhiam os oprimidos pelo estado, que tornava cada vez mais fiscalista, apoiando-se em uma ineficiente burocracia estrutural, surgindo assim o patronato. Os romanos deixaram um grande legado, principalmente o Direito, dividido em três: Jus Naturale (direito natural), Jus Gentium (direito do povo- base do direito internacional), Jus Civile (direito civil- direito do cidadão romano), entretanto, como não havia o Direito do Comércio, utilizavam o Direito público (regido pela intervenção estatal). Segundo Fábio Cerqueira: “Habitualmente, considera-se a civilização romana como a matriz do direito moderno. Todavia, é na Grécia que ocorreu a revolução intelectual que gerou o conceito de um direito que valha de forma igual para todos os cidadãos”. Não pode ser esquecido que foi na Mesopotâmia que nascera os dois primeiros grandes códigos de leis do mundo: Código de Hamurabi e Leis de Eshnunna. Porém, dizemos que foi Roma a mentora de todo o Direito. Corporações de Oficio- Idade Média A Idade Média é definida como período entre a queda do Império Romano do Ocidente até a queda do Império Romano do Oriente, (476-1453) e com a Guerra dos Cem Anos (França X Inglaterra). Sobre o Império Bizantino (atual Istambul), Justiniano (527-565) elabora o Corpus JuriCivili, um código civil que serviu de base para a estrutura jurídica de vários povos ocidentais. Com várias invasões de reinos bárbaros, as cidades foram se fragmentando, se tornando áreas administrativas e sendo incorporadas aos novos reinos. Segundo Rubens Requião, O direito comercial surgiu, fragmentariamente, na Idade Média, pela imposição do desenvolvimento do tráfico mercantil. Nasce o feudalismo, onde a terra era dividida em feudos e cada um com um senhor. Os feudos possuíam uma tendência à autossuficiência, mas o que jamais fez o comércio desaparecer, atuando somente em baixo nível. Como o servo que trabalhava na terra não tinha nenhum estímulo a produzir uma quantidade excedente, além de parte da produção era de suserano, o comércio era complementariedade para as famílias. A partir do século XI, o Feudalismo começa a declinar, época chamada de Baixa Idade Média, a qual há um crescimento demográfico, resultando em um desequilíbrio substancial e consequentemente um aumento da fome e muitos passarão a mendigar. Houve o êxodo rural para as cidades, e a necessidade de sobrevivência, levou os camponeses a desenvolver atividades não agrícolas, como o artesanato e o comércio, ligado ao intercâmbio comercial e que seria definido como burguesia capitalista. Há a reativação comercial com o forte impulso das Cruzadas, principalmente das cidades italianas: Veneza, Bari, Palermo, Nápoles, Pisa e Gênova, que dinamizaram o comércio (monopólio), tornando-se centros comerciais. Foram construídas rotas terrestres, onde se formaram feiras permanentes - reuniões anuais de comerciantes dos mais diversos tipos. Foram através das feiras e das rotas comerciais que o comércio europeu foi impulsionado, surgindo assim o Renascimento Comercial. Houve um atrativo para as pessoas se fixarem próximos as feiras, fugindo dos feudos, consequentemente uma nova organização comercial. Surge as primeiras associações de comerciantes alemães para dinamizar o comércio a longa distância, e depois a chamada Liga Hanseática, que visava defender os interesses comuns das cidades comerciantes da costa do Mar do Norte e do Báltico. Outra parte importante foi o artesanato, centrada na figura de um mestre experiente, possuía os artesãos e os aprendizes, e depois os jornaleiros- contratados em épocas de muita produção. Outro instrumento de organização eram as corporações de oficio, associações que reuniam todos os artesãos do burgo, visando preservar o monopólio econômico, excluindo a concorrência e estabelecendo um equilíbrio entre a oferta e a procura. Havia um rigoroso controle sobre a qualidade e os preços, sobre os salários, impondo condições de igualdade e de proteção aos membros, preocupação em evitar práticas desonestas que poderiam prejudicar outros. As regras eram compiladas nos estatutos das próprias associações, e cada uma tinha uma forma de reger as regras. Para aplicá-las, foram criados os tribunais consulares, a qual os mercadores elegiam cônsules que se assemelham a “juízes” e os comerciantes se submetiam às regras do seu estatuto. Esse Direito Comercial nasceu a partir do costume da época. As regras que compunham os estatutos era a junção dos costumes e práticas mercantis vividas em cada feudo, os preços eram determinados pelas condições locais. As Corporações de Ofício e as Guildas se diferenciam pela primeira ser para os artesãos e a segunda para os comerciantes. Já eram cunhadas moedas para as transações de compra e venda. Esse crescimento monetário impulsionou o crescimento dos bancos, do sistema bancário e de crédito. Surge a partir daí, uma nova camada urbana: de comerciantes, artesãos e banqueiros, chamada de burguesia capitalista. Essa nova classe tinha banqueiros, exportadores e importadores, que passaram a disputar os poderes com a aristocracia dos senhores feudais. Quando o mercado passou a constituir-se de algo mais do que compradores e vendedores de mercadorias feitas da cidade, e dos produtos das vizinhanças, e quando compradores e vendedores deuma área maior trouxeram ao mercado novas influências, abalou-se a estabilidade das condições locais. Isso ocorreu nas feiras, que não estavam sujeitas aos regulamentos sobre o justo preço. Com a ampliação do comércio, as condições relativas ao mercado passaram a ser muito mais variáveis, deixando o preço acordado de ser praticável. Ele deu lugar ao preço do mercado. (Leo Huberman, pag. 59). Neste período surge a Peste Negra, a crise agrícola e a Guerra dos Cem Anos, que terão grandes consequências, pois diminui a credibilidade dos senhores feudais e o poder é centralizado nas mãos de um único, chamado de rei, com patrocínio da burguesia, constituindo um Estado forte para poder comandar com mais eficiência e poder econômico. Atos de Comércio- Napoleão Bonaparte Surgem os países, o poder fica com o rei (monarquias absolutas), a Igreja perde parte de seu poder após as Reformas Religiosas com Martinho, Lutero e o rei Henrique VII, e assim surge a Idade Moderna. Desenvolvem-se fortemente as atividades econômicas, associadas ao Mercantilismo, prática econômica que inclui o comércio, a exploração colonial e o acúmulo de capital; ou conjunto de leis, conjunto de práticas, imposições, e visão de economia, onde os reis buscavam controlar toda a atividade econômica. Essas práticas fortaleceu o Estado, pois era a melhor opção para que arrecadassem recursos. O Estado Absolutista foi o grande responsável pelo acúmulo de capital na Europa, além de que permitiu que o capital permanecesse nas mãos de quem realizou a atividade: a burguesia. Aumentou-se as despesas com produtos luxuosos pela corte o gasto com as pensões e as regalias para a nobreza, já a burguesia, reinvestia seus lucros em novos investimentos, mesmo pagando mais taxas. Durante o século de XVI, houve a prosperidade na Europa com a colonização da América Espanhola, aumentando a quantidade de ouro e prata. Esta caracteriza a época como revolução dos preços, dando destaque primeiramente a Portugal, por ter sido o primeiro a se centralizar e para a Espanha por ter conseguido fazer novas rotas marítimas. Foram os liberais que instituíram o nome de Mercantilismo para a época, a qual há intervenção estatal (definição dos preços, cotas de importação, controle do fluxo econômico), protecionismo, metalismo, balança comercial, favorável e colonialismo. A elaboração doutrinária fundamental do sistema francês é a teoria dos atos de comércio, vista como instrumento de objetivação do tratamento jurídico da atividade mercantil. Isto é, com ela, o direito comercial deixou de ser apenas o direito de certa categoria de profissionais, organizados em corporações próprias, para se tornar a disciplina de um conjunto de atos que, em princípio, poderiam ser praticados por qualquer cidadão (Fábio Ulhoa Coelho, Curso de Direito Comercial). O Código Civil de Napoleão, de 1804, influenciou fortemente toda a codificação oitocentista dos direitos de tradição romanística, tanto em decorrência da conquista armada como pelo seu reconhecido valor jurídico (Limpens, 1956). Por sua vez, o Código Mercantil do período napoleônico de 1807, embora tenha exercido influência menor em razão de sua inferioridade técnica, também transmitiu seus conceitos para os códigos de muitos países de língua latina, como o belga de 1811, o espanhol de 1829, o português de 1833, o italiano de 1882 e os de países sul-americanos (Ripert-Roblot, 1947). Napoleão estabeleceu por toda a França as condições que tornaram possível o desenvolvimento da livre concorrência, a exploração das terras depois da divisão das grandes propriedades, e a plena utilização da capacidade de produção industrial do país. (Leo Huberman, pag.139). Com o Abandono da noção de que comerciante não é mais quem faz da prática de atos de comércio, profissão habitual, mas aquele que é chefe de uma empresa, coletiva ou individual, organizada para determinado fim lucrativo. Comerciantes individuais ou sociedades comerciais não podem cumprir seu papel na vida econômica e jurídica senão por intermédio de uma empresa. As definições de empresa são alicerçadas sobre duas ideias: a empresa supõe uma organização, e esta organização deve ser concebida em vista da produção econômica. (Rubens Requião, pag. 42). O Código Napoleônico atendia principalmente as classes mais nobres, concentrando-se no direito da propriedade. O Código Comercial valorizava a riqueza imobiliária. A teoria dos atos de comércio ‘e a uma relação de atividades econômicas, sem que entre elas possam encontrar qualquer elemento interno de ligação, o que acarreta indefinições à natureza mercantil de algumas delas. Embora haja quem considere a imprecisão inerente à teoria dos atos de comércio (Vicente y Gella, 1934:37/41). De fato, a codificação napoleônica dividiu claramente o direito privado: de um lado, o Direito Civil; de outro, o Direito Comercial. Enquanto o Código Civil napoleônico era, um corpo de leis que atendia os interesses da burguesia fundiária, pois estava centrado no direito de propriedade, o código Comercial, por sua vez, encarnava o espírito da burguesia comercial e industrial, valorizando a riqueza mobiliária. Desta forma tinha-se dois códigos distintos para a disciplina das atividades privadas, e um deles era justamente o Código Comercial, que cuidava, especificamente, das atividades mercantis (comércio) e daqueles que as exerciam (comerciantes) (Fábio Ulhoa Coelho). Na segunda fase do Direito Comercial, portanto, percebe-se uma importante mudança: a mercantilidade, antes definida pela qualidade dos sujeitos da relação jurídica (o Direito Comercial era o direito aplicável aos membros das Corporações de Ofício), passa a ser definida pelo objeto da relação jurídica (o Direito Comercial passa a ser aplicável sempre que uma determinada relação envolver a prática de um dos atos de comércio descritos na legislação). Assim os doutrinadores afirmam que a codificação napoleônica operou uma objetivação do Direito Comercial, além de ter, como dito anteriormente, bipartido de forma clara ao direito privado. Desta forma, nunca se conseguiu definir satisfatoriamente o que são atos de comércio (Fabio Ulhoa Coelho). Para o Prof. Jean Escarra, o Código considera a empresa uma repetição de atos de comércio em cadeia, "de sorte que esta concepção se apresenta como síntese de dupla noção do ato de comércio e comerciante, que tem por consequência confundir os julgamentos que distinguem o sistema subjetivo de comercialidade do sistema objetivo". (Rubens Requião). Teoria da Empresa Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), guerra a qual o fascismo de Mussolini juntamente com o nazismo de Hitler, lutou contra os gigantes soviéticos (Stálin), americanos (Roosevelt) e ingleses (Churchill), surge à terceira fase do Direito Comercial, a subjetiva moderna. Em 1942, na Itália, surge um novo sistema de regulação das atividades econômicas dos particulares. Nele, alarga-se o âmbito de incidência do Direito Comercial, passando as atividades de prestação de serviços e ligadas à terra a se submeterem às mesmas normas aplicáveis às comerciais, bancárias, securitárias e industriais. O Direito Comercial deixa de cuidar de determinadas atividades (as de mercancia) e passa a disciplinar uma forma especifica de produzir ou circular bens de serviços, a empresarial (Fabio Ulhoa Coelho, pag. 27 e 28). Para os fascistas, na liderança de um Duce, o trabalho e a prosperidade eram absolutos e inquestionáveis, patrocinados pelo Estado, que defendia que a guerra de classes sociais entre a burguesia e o proletariado sessariam suas diferenças em torno dos objetivos da nação e de seu líder. A teoria da empresa acabou se desvencilhando das raízes ideológicas fascistas. Por seus méritos jurídico-tecnológicos, sobreviveu àredemocratização da Itália e permanece delimitando o Direito Comercial daquele país até hoje. (Manual- Fabio) O modelo italiano de regular o exercício da atividade econômica, sob o prisma privatístico, encontra a sua síntese na teoria da empresa. Vista como a consagração da tese da unificação do direito privado (Ascarelli, 1962:127; Ferrara, 1952:15), essa teoria, contudo, apenas desloca a fronteira entre os regimes civil e comercial. No sistema francês, excluem-se atividades de grande importância econômica — como a prestação de serviços, agricultura, pecuária, negociação imobiliária — do âmbito de incidência do direito mercantil, ao passo que, no italiano, se reserva uma disciplina específica para algumas atividades de menor expressão econômica, tais as dos profissionais liberais ou dos pequenos comerciantes. A teoria da empresa é um novo modelo de disciplina privada da economia, mais adequado à realidade do capitalismo superior. Conceitua-se empresa como sendo atividade, cuja marca essencial é a obtenção de lucros como oferecimento ao mercado de bens ou serviços, gerados estes mediante a organização dos fatores de produção (força de trabalho, matéria-prima, capital e tecnologia). O modo de conceituar empresa, em torno de uma peculiar atividade, não ‘e totalmente isento de imprecisões. (Bulgarelli, 1985) (Fábio Ulhoa Coelho). O DIREITO COMERCIAL NO BRASIL A história do Direito comercial no Brasil se confunde com a historia do direito comercial Português, uma vez que, o Brasil recém-descoberto utilizava as leis vindas de Portugal, e era costumeiramente dividida em três grandes divisões: Brasil Colonial; Brasil Imperial e Brasil Republicano. Brasil Colonial A noção de Direito no Brasil, foi introduzida com a chegada dos portugueses em terras brasileiras. O contexto de Portugal nessa época era de ascensão da burguesia comercial com as relações feudais. Portugal era regido embasado no Direito Romano e também com influência do Direito Canônico, sendo que foram estas as normas de condutas aplicadas ao Brasil. Segundo Francisco Neto 2013, As primeiras normas jurídicas feitas no Brasil, foi os regimentos dos Governadores Gerais, dos ouvidores gerais e dos provedores, que desta forma, formavam a estrutura administrativa da Colônia. As Ordenações de D. Manuel – o rei de Portugal entraram em vigor em 1521e as primeiras tentativas de funcionamento da justiça em solo brasileiro datam de 1587. A criação do tribunal, instituído pela Coroa portuguesa, foi na data de sete de marco de 1609. O tribunal da relação foi implantado na Bahia em 1587 era o órgão máximo do judiciário além de exercer a função de órgão controlador dos demais, sendo composto por dez desembargadores. Com a chegada da família real no Brasil em 1808, foram criada uma série de medidas de cunho econômico que foram importantes para a atividade mercantil no Brasil. Dentre elas: Abertura dos Portos as Nações Amigas; Álvara de Primeiro de Abril (que permite o livre estabelecimento de fabricas e manufaturas no Brasil); e a criação do Banco do Brasil, todas criadas em 1808. Em 1815 a corte real volta a Portugal, com a eminente paz sobre a Europa e em 1822 é proclamada a independência do Brasil, e com este feito, dá-se espaço para a criação do projeto do Código Comercial Brasileiro em 1834. Brasil Imperial O regime politico centralizador do Imperador Dom Pedro I, tinha por característica lidar com as insatisfações de diferentes elites sociais. O Código Comercial Brasileiro (que tinha como referência os Códigos de Comércio de Portugal, França e da Espanha), só passa a entrar em vigor em 1850 com a Lei Federal n 556, nomeando comerciante a todo aquele que praticasse compra e venda de mercadorias de forma profissional. Muitas reformas e emendas foram feitas diante do primeiro Código Comercial Brasileiro até a promulgação do Novo Civil Brasileiro (2002), que trás em seu conteúdo na Matéria Comercial. O Código era dividido em três partes, sendo a primeira parte: Hipotecas, companhias comerciais, sociedades anônimas, letras de cambio, notas mercantis e credito; segunda parte: comércio marítimo, e a terceira parte das quebras. O Código Comercial Brasileiro ainda serviu de modelo para vários países sul-americanos, tais quais, o da Argentina de 1862 e o do Uruguai de 1865. Em 1888, foi sancionada a Lei Aurea, que extinguia a escravidão no Brasil. Brasil Republicano A Constituição da república estabelece a autonomia do Direito Comercial. Ate 1916, com a promulgação do Codigo Civil, haviam princípios que pertenciam ao direito civil inseridos no Código Comercial. Alguns institutos como, por exemplo: contrato de Seguros, Títulos ao portador e a mora, passaram a serem previstos no Codigo Civil de 1916. Os institutos do Codigo Comercial passaram a deixar de ser aplicados apenas aos comerciantes e aos atos praticados em razão do comércio. A revolução pós-industrial que é o percentual de riqueza gerado pelos serviços é superior aquele gerado pela indústria. No Brasil a sociedade passou por esse momento histórico na transição da década de 1980 para 1990. Em 2002 é promulgado o Novo Codigo Civil Brasileiro trazendo no mesmo o conteúdo do código comercial. CONCLUSAO A sociedade evoluiu trazendo consigo uma maneira de troca de mercadorias, sob o efeito de compra e venda, o que acarretou que houvesse uma necessidade de um conjunto de normas de conduta que colaborasse e regulasse as relações sociais entre ambos. O direito comercial evoluiu em conjunto a sociedade comerciante, com o foco de melhor servir-los. BIBLIOGRAFIA Medeiros, L. M. Evolução Histórica do Direito Comercial. Da Comercialidade `a empresarialidade. Jus Navigandi, Teresina, ano 16, n 2746, 2007. Pimentel, C. B. 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Burocracia e sociedade no Brasil colonial: a suprema corte da Bahia e seus juízes: 1609 – 1751 Requião, Rubens. Curso de Direito Comercial. Saraiva 2005.
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