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10ª Câmara Cível – Habeas Corpus Autos Nº 0025489-44.2017.8.19.0000- CRF – Fls.1 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DÉCIMA CÂMARA CÍVEL HABEAS CORPUS AUTOS N.º 0025489-44.2017.8.19.0000 IMPETRANTE: MARCELO MENDES JORGE AIDAR PACIENTE: PIERRE BUENO CRUZ AUTORIDADE COATORA: Juízo da 1ª Vara de Família Oceânica Regional da Comarca de Niterói Relator: Desembargador CELSO LUIZ DE MATOS PERES Habeas Corpus. Execução de Alimentos Provisórios. Prisão decretada em virtude do inadimplemento de pensão alimentícia. Carta Magna que autoriza a prisão civil do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia, conforme disposto em seu artigo 5º, inciso LXVII. O objetivo da lei, com a prisão civil do devedor de alimentos, é o de exercer coercibilidade legítima no sentido de conduzir o mesmo ao adimplemento da obrigação. Desídia do alimentante no atendimento às necessidades essenciais de seu filho que restou devidamente configurada, o que afasta qualquer ilegalidade na decisão que decretou a prisão civil, única alternativa que restava ao Juízo de primeiro grau. Obediência ao disposto no verbete sumular nº 309 do Superior Tribunal de Justiça. Jurisprudência desta Corte Estadual. Ausência de elementos que possam macular de ilegalidade o decreto prisional. Denegação da ordem. A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos este Habeas Corpus autuado sob o nº 0025489-44.2017.8.19.0000, alvejando ato do Juízo da 1ª Vara de Família Oceânica Regional da Comarca de Niterói, figurando como paciente PIERRE BUENO CRUZ. 10ª Câmara Cível – Habeas Corpus Autos Nº 0025489-44.2017.8.19.0000- CRF – Fls.2 A C O R D A M, os Desembargadores da Décima Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, em votação unânime, DENEGAR A ORDEM, nos termos do voto do Relator. R E L A T Ó R I O 1. Trata-se de Habeas Corpus impetrado em favor de MARCELO MENDES JORGE AIDAR contra decisão prolatada pelo Juízo da 1ª Vara de Família Oceânica Regional da Comarca de Niterói que, em sede de execução de alimentos, decretou a prisão civil do paciente pelo prazo de 30(trinta) dias, diante da inadimplência da obrigação alimentar. 2. Alega o impetrante que o paciente encontra-se em dificuldade financeira, razão pela qual não vem cumprindo sua obrigação alimentar, inclusive tendo proposto ação revisional de alimentos provisórios, sob fundamento da total impossibilidade de arcar com o débito alimentar. 10ª Câmara Cível – Habeas Corpus Autos Nº 0025489-44.2017.8.19.0000- CRF – Fls.3 3. Aduz que apesar de se encontrar em dificuldade financeira, continua depositando os alimentos provisórios em valor inferior ao estipulado. Por fim, alega que houve afronta ao artigo 528 do CPC, sendo manifestamente ilegal o decreto prisional. Requer a reforma da decisão para revogação do mandado prisional, reconhecendo-se que houve cerceamento de defesa e que seja oportunizado ao paciente sua manifestação quanto à justificativa em não adimplir com o débito alimentar. 4. Decisão do Relator indeferindo a liminar, constante do Anexo 000011. Informações prestadas pela Autoridade apontada como coatora no Anexo 000017. Manifestação da Procuradoria Geral de Justiça no Anexo 000050, opinando pela denegação da ordem. É O RELATÓRIO. V O T O 5. O objetivo da lei com a prisão civil do devedor de alimentos é o de exercer coercibilidade legítima no sentido de conduzir o mesmo ao adimplemento da obrigação. A desídia do paciente no atendimento às necessidades essências de seu filho restou devidamente configurada, o que afasta qualquer ilegalidade na decisão que decretou sua prisão civil, única alternativa que restava ao Juízo de primeiro grau. 10ª Câmara Cível – Habeas Corpus Autos Nº 0025489-44.2017.8.19.0000- CRF – Fls.4 6. Da análise das informações prestadas pelo juízo a quo, constata-se que o paciente vem se furtando ao cumprimento da obrigação alimentar há cerca de 03 (três) anos e o decreto prisional em questão se baseou na ausência de pagamento das prestações alimentícias relativas ao período de abril/2012 a outubro/2012, sendo que o executado somente se limita a efetuar o pagamento dos alimentos em favor de seu filho, quando intimado para fazê-lo, sob pena de prisão. 7. Ademais, como bem salientado pelo Juízo de origem, o executado é devedor contumaz, embora lhe tenha sido dada diversas chances para adimplir do débito alimentar, sem contudo fazê- lo, o que parece haver uma resistência do paciente em cumprir com os deveres alimentares estabelecidos judicialmente, revelando-se inescusável e voluntário seu inadimplemento. 8. Desta forma, depreende-se restar atendido o entendimento disposto na Súmula nº 309 do Superior Tribunal de Justiça: “O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende as três prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo.” 9. Nesse sentido, constata-se a total observância dos princípios do contraditório e ampla defesa, bem como do devido processo legal, na forma do artigo 5º, incisos LIV e LV da Constituição Federal, restando inequívoca a legalidade do decreto prisional. 10ª Câmara Cível – Habeas Corpus Autos Nº 0025489-44.2017.8.19.0000- CRF – Fls.5 10. Note-se que igual entendimento foi esposado no lúcido parecer da Procuradoria de Justiça, o qual adotamos na forma do permissivo regimental. 11. Diante disto, DENEGA-SE A PRESENTE ORDEM, mantendo-se a decisão do Juízo de primeiro grau. É o voto. Rio de Janeiro,28 de junho de 2017. Desembargador CELSO LUIZ DE MATOS PERES Relator
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