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Antropologia Criminal/Influência Social e Criminalidade)

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Aulas de Antropologia (Antropologia Criminal/Influência Social e Criminalidade)
O ramo da Antropologia que estuda a criminalidade começou no século XVI na França e seu primeiro interesse foi correlacionar os traços faciais (fisionomia) com o cometimento de crimes.
No final do século XVIII e início do século XIX uma série de estudos tentando relacionar a estrutura e tamanho do crânio com a criminalidade ficou conhecida como Frenologia. Franz Gall e outros pesquisadores afirmaram ser possível explicar o comportamento criminoso a partir da saliência de algumas áreas do crânio que segundo eles estavam relacionadas a sexualidade e portanto ao controle de impulsos. No caso, a impossibilidade do controle de impulsos violentos. 
Ainda no século XIX o médico italiano Césare Lombroso inaugura oficialmente a Antropologia Criminal. Suas pesquisas tentavam explicar o comportamento criminoso correlacionando as características físicas antropométricas (principalmente da estrutura dos ossos de pessoas adultas) com o tipo de crime cometido. Exemplos: Assassinos teriam maxilar largo e “quadrado”, cabelos escuros e grossos, ombros largos, maças do rosto largas e pálidas e barba rente. Assaltantes teriam o crânio arredondado, mãos longas e testas longas e largas. Estupradores teriam mãos pequenas, testa estreita, cabelos claros e anormalidades no nariz (o que na época indicaria uma disfunção sexual). Incendiários teriam braços e pernas longas, cabeça pequena e seriam magras.
Sheldon também desenvolveu uma tipologia, mas para explicar o comportamento de jovens agressores. Os endomorfos (gordinhos) seriam propensos a crimes mais intelectuais; os mesomorfos (fortes) cometeriam crimes mais violentos e os ectomorfos (magros) crimes de assalto.
É importante ressaltar que as teorias acima eram explicativas, mas nenhuma delas foi sustentada por pesquisas científicas sérias. A segunda etapa da Antropologia Criminal se inicia também no século XIX com o foco voltado a classificação e fichamento de criminosos. 
As teorias de Lombroso passaram a ser aplicadas por Alphonse Bertillon em delegacias de Paris (França) para classificar e fichar criminosos a partir da medição das partes ósseas do corpo dos suspeitos. Bertillon se baseou na teoria do estatístico Lambert Quetelet que afirmava que duas pessoas não podem ter exatamente a mesma combinação de medidas de suas estruturas ósseas. Esta teoria foi comprovada e Bertillon passou a identificar reincidentes. Além disso, ele foi pioneiro no estudo das impressões digitais, do uso de fotografias nos fichamentos dos suspeitos (no padrão frente e perfil que conhecemos hoje), em fotografias de cenas de crime e na criação do método de retrato falado (identikit). 
A Antropologia Criminal também deixará a senda das descrições e classificações antropométricas e passará a usar de teorias sociais como explicações para o comportamento criminoso.
No século XIX, o sociólogo inglês Charles Goring, vai identificar um tipo de criminoso que se isola da sociedade e volta sua agressividade para a mesma. Ele o denomina de “lobo solitário”. Seria o mesmo “homem alienado” de Karl Marx.
As teorias de Émile Durkheim sobre coesão social podem explicar este comportamento criminoso. Na medida em que uma pessoa não consegue estabelecer laços sociais por sofrer de qualquer tipo de exclusão, sua coesão social fica comprometida (fraca coesão social) e o isolamento, ao gerar sofrimento, pode também gerar ódio e rancor contra a sociedade como um todo ou àqueles que foram diretamente responsáveis por sua exclusão.
Mesmo as condutas criminosas grupais podem ser explicadas pela teoria da Coesão Social. Neste caso, haveria entre os membros do grupo uma forte coesão social, que gera fortes laços de identidade com o grupo, o que faz com que muitas condutas ilícitas sejam cometidas coletivamente.
As pesquisas da Psicologia também ajudam os antropólogos criminais a encontrar explicações para a criminalidade. O psicólogo Albert Bandura, por exemplo, desenvolveu pesquisas que o levaram a descoberta das leis da aprendizagem social. Para ele, as crianças de 2 a 9 anos são as mais influenciáveis pois aprendem muito por imitação.
A criança deve receber bons exemplos nessa faixa etária para que possa desenvolver seus valores morais com mais facilidade. Além do que, a formação de suas atitudes (o conjunto entre o pensar, o sentir e o fazer) se dá principalmente com a criança.
A psicologia também ajuda a explicar as condutas ilícitas individuais e grupais. Estudos demonstraram que agir individualmente gera maiores taxas de ansiedade e eleva a responsabilidade pela a ação criminosa e suas consequências. No caso dos grupos, os estudos demonstraram que a ansiedade dos membros é menor pelo fato de a responsabilidade pelo crime suas consequências ser compartilhada. 
A psicologia demonstra que mesmo que uma criança se desenvolva com bons exemplos para desenvolver sua índole moral, é possível que ela venha a se envolver em ilícitos pois as atitudes formadas na infância, apesar de serem muito fortes, não é garantia de que elas não possam ser mudadas.
Um exemplo disso é a teoria da construção social de Antonio Gramsci, que afirma as atitudes (o que as pessoas, pensam, sentem e fazem) podem ser mudadas gradativamente através de uma engenharia social: primeiro muda-se a linguagem, depois muda-se o pensamento e os sentimentos e por último muda-se a mentalidade coletiva.

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