Buscar

Comportamento é a interação entre os indivíduos

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Aulas de Antropologia (Terceiro Bloco)
Comportamento é a interação entre os indivíduos e o ambiente físico e social.
Os comportamentos produzem conseqüências no ambiente físico e social e estas conseqüências podem ser positivas (elogios, agrados, etc.), neutras ou negativas (punições). Estas conseqüências afetam a ocorrência futura dos nossos comportamentos.
Tanto as conseqüências quanto as regras (como as leis, por exemplo) podem ser usadas para controlar os comportamentos das pessoas. 
As regras são normas que apontam os comportamentos que devemos ter para receber (recompensas, por exemplo) ou evitar determinadas conseqüências, como as punições.
O Estado utiliza as regras para tentar controlar os comportamentos dos cidadãos, inclusive para tentar fazer com que os mesmos não cometam crimes.
As regras do Estado apontam para as condutas que devemos evitar para que nós não sejamos punidos pelo mesmo. Mas o problema é que as punições não são uma garantia de que os comportamentos criminosos serão controlados. Os estudos demonstram que as punições geralmente funcionam melhor quando usadas de forma mais pontual, pois quando utilizadas a longo prazo elas gerarão um efeito colateral chamado contracontrole.
Contracontrole é quando quem é punido (o criminoso, por exemplo) tenta fugir ou esquivar-se desta punição ou das conseqüências da mesma. Por isso o comportamento de quem comete crimes ou ilícitos é sempre tentar enganar, mentir ou manipular o estado para tentar escapar ou evitar as punições. 
Os estudos da antropologia criminal têm foco nas circunstâncias em que o crime ocorre. Nesse sentido há dois tipos básicos de crime: o crime de oportunidade e o crime planejado.
Nos crimes de oportunidade (também chamado de crimes de ocasião) há três aspectos que devem estar presentes: ofensor motivado, que por alguma razão esteja predisposto a cometer um crime; alvo disponível, objeto ou pessoa que possa ser atacado; e ausência de guardiões, que são capazes de prevenir violações. O crime de oportunidade é que aquele que demanda pouco ou nenhum planejamento prévio por ocorrerem no momento específico e no lugar específico em que as condições acima estão reunidas.
Geralmente estupros, assaltos na rua, furtos, etc. são os crimes de oportunidade mais comuns, mas mesmo alguns casos de assassinatos podem ser classificados como crime de oportunidade. As vítimas são descritas como aquelas que estão no lugar errado e na hora errada. 
O crime planejado é aquele que depende de algum tipo de preparo, onde o criminoso estuda as características da vítima (seja pessoa física ou instituição jurídica ou mesmo do patrimônio público ou privado) organiza a realização do crime. Neste crime, o autocontrole do criminoso é importante para que possa controlar a execução do crime. As organizações criminosas (quadrilhas de traficantes, assaltantes, seqüestradores, fraudadores ou corruptos, etc.) são aquelas que se especializam neste tipo de crime, mas outro crimes, como os passionais, por exemplo, podem também ser planejados. 
Devido a facilidade de cometimento de crimes de oportunidade, estes acabam sendo a grande maioria nas estatísticas oficiais. Devido ao grau de especialidade exigido para os crimes planejados, eles, apesar de freqüentes, não são mais freqüentes dos que os de oportunidade.
Mas existe um tipo de estatística não oficial chamada de Cifra Negra. Estas estatísticas só podem ser estimadas de forma aproximada, pois faz referência aos crimes que não são registrados pelas vítimas; seja porque as mesmas têm medo, ou sofrem ameaças, ou mesmo porque não sentem a motivação necessária para registrar as ocorrências nos órgãos públicos de segurança.
As Cifras Negras são estimadas como mais volumosas do que as estatísticas oficiais, mas a imensa maioria destas cifras se referem a crimes de oportunidade. 
Mesmo havendo um grande número de Cifras Negras, as estatísticas oficiais são importantes pelas seguintes razões: 1) ajudam a mensurar o volume total dos crimes (e classificá-los por sua gravidade) em diferentes regiões (bairros, regiões, cidades, Estados, etc.); 2) ajudam a traçar um perfil dos criminosos e das vítimas (sexo, faixa etária, classe social, etnia); e 3) Permitem o planejamento de ações de combate ao crime ou sua prevenção (desde os planejamentos orçamentários, passando pelas políticas públicas de inclusão social, chegando até as execuções de ações policiais ostensivas e investigativas).
Uma das conseqüências das pesquisas sociológicas e antropológicas sobre a criminalidade é a criação de mais leis que visam combater, ou pelo menos passar a sensação que a criminalidade está sendo seriamente combatida. 
Ao mesmo tempo, o atual debate político que vem polarizando a opinião de grande parte da população brasileira provocou uma onda de criação de projetos de lei que visam criminalizar muitas ações que são consideradas por estes grupos como potencialmente destrutivas para a nação. Mas geralmente não é levado em consideração se a nova lei proposta se trata de uma demanda real ou se é uma demanda apenas simbólica – que é quando é baseada em um determinado conceito de moral.
O problema é que a criação de muitas leis cria um excesso de regras que acabam por criar uma demanda impossível para Estado, pois este deverá, a partir da criação e homologação destas leis, passa a ser responsável por combater estes ilícitos. Se o Estado fosse eficiente para combater os ilícitos que já existem seria uma coisa positiva, mas como este não é o caso, alguns problemas podem se intensificar: 1) haverá mais dificuldade de detecção dos novos ilícitos, quando cometidos; 2) haverá a criação de uma subcultura criminosa relacionada aos novos ilícitos; 3) a dificuldade da vigilância do Estado em relação aos novos ilícitos aumenta a percepção e a sensação de impunidade, o que acaba revertendo-se no cometimento de mais ilícitos por conta desta crença na impunidade.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando