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UNIDADE 1 – NÚMEROS Metas Estabelecer os principais sistemas de representação para os conjuntos numéricos, dos naturais, dos inteiros, dos racionais e dos reais, além de sistemas de representação para suas respectivas operações de adição e de multiplicação e de relação de ordem. E apresentar modelos intuitivos para esses objetos de natureza abstrata. Objetivos Ao final do estudo desta unidade o aluno deve: • conhecer os sistemas de representação decimal e geométrico, na reta numérica, para os números naturais, inteiros, racionais e reais, e deve saber realizar conversões entre esses dois sistemas de representação; • também conhecer o sistema de representação fracionário para os números racionais, e deve saber realizar conversões entre esses e os outros sistemas de representação para os números racionais; • conhecer os sistemas de representação decimal e geométrico, na reta numérica, para as operações de adição e de multiplicação, e para a noção de ordem para os conjuntos numéricos; • saber que é possível representar expressões e dados matemáticos de diversas maneiras, por meio de representações numéricas, simbólicas e até figurais. Diferentes civilizações, em diferentes épocas, desenvolveram diferentes símbolos e estratégias de representações para quantidades. Matemática Básica Unidade 1 - Números Cederj 2 “Não existe acesso direto aos objetos matemáticos, apenas às suas representações.” “Nós não podemos comparar nenhum objeto matemático a suas representações, assim como podemos comparar um modelo a sua foto ou seu desenho.” “As representações diferentes de um mesmo objeto não têm evidentemente o mesmo conteúdo. Cada conteúdo é comandado por um sistema pelo qual a representação foi produzida. Daí a consequência de que cada representação não apresenta as mesmas propriedades ou as mesmas caraterísticas do objeto. Nenhum sistema de representação pode produzir uma representação cujo conteúdo seja completo e adequado ao objeto representado.” Raymond Duval O pesquisador psicólogo Raymond Duval desenvolveu uma teoria a respeito das representações dos objetos matemáticos que trata de aspectos do funcionamento cognitivo relacionados à aquisição dos conhecimentos matemáticos. Teoria que vem desempenhando papel fundamental na pedagogia da Matemática. Matemática Básica Unidade 1 - Números Cederj 3 Números naturais e a representação decimal A noção matemática que representa o processo de contagem é dada pelo conjunto dos números naturais. Bem a grosso modo, o conjunto dos números naturais é caracterizado por ser formado por um elemento, o sucessor deste elemento, o sucessor do sucessor, e assim por diante, sendo que o primeiro elemento mencionado não é sucessor de nenhum outro elemento. O primeiro número natural, aquele que não é sucessor de nenhum outro número, costuma ser representado pelo algarismo 1. O próximo número natural, isto é, o sucessor de 1, é, então, representado pelo algarismo 2. Na sequência de sucessores, os números naturais seguintes são representados pelos algarismos 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9, respectivamente. Como o processo de considerar o sucessor do sucessor não termina nunca, o problema de representar qualquer número natural por símbolos variados parece ser um tanto complicado. Felizmente, existe uma forma bem esperta de representar todo número natural somente através dos algarismos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, e 9, além do algarismo 0. O sucessor do 9 é representado por 10, o sucessor do 10 é representado por 11, o do 11 é representado por 12, e assim por diante, até 19. Trabalhando sempre com agrupamentos de elementos de 10 em 10 quantidades, de 100 em 100 quantidades, de 1000 em 1000 quantidades, etc., podemos representar qualquer número natural só com os algarismos 0, 1, 2, ..., 9. A representação dos números naturais de acordo com este método é chamada representação decimal (ou representação na base 10). Segundo a representação decimal, o conjunto dos números naturais pode ser representado parcialmente por ℕ = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, ..., 19, 20, 21, ..., 100, 101, ..., 140, 141, ...}. Observação: Neste momento, o algarismo 0 tem apenas a função de marcar posição. Por exemplo, sem o zero, o significado de 1 2 poderia ficar confuso. Significa 12 ou 102? O algarismo 0 marcando a posição das dezenas, no caso, ajuda a definir este tipo de questão. A propósito, podemos dizer com certeza que o homem realiza contagens desde que se organizou em sociedades, há milhares de anos atrás (Existem registros de uso de técnicas de contagem de mais de 20 mil anos). Contudo, só um pouco antes do séc. XII o conhecimento do sistema Osso de Ishango, encontrado na África, é um dos artefato mais antigos que se conhece utilizado para registros numéricos. Matemática Básica Unidade 1 - Números Cederj 4 decimal de representação numérica foi universalizado. Você, leitor, já parou para pensar sobre como a ideia de representação decimal é engenhosa? Não é objetivo desta disciplina aprofundar essas questões, nem do ponto de vista histórico, nem do epistemológico, mas é interessante que o leitor tenha senso crítico sobre as propriedades e dificuldades das representações decimais. Atividade de aprendizagem Atividade 1: Para entender bem o que significa a representação decimal pode ser interessante pensar um pouco sobre como seria se usássemos outra base de agrupamento de unidades. a) Se os números naturais fossem representados na base 3 (só com os algarismos 1, 2 e 0), quantos números conseguiríamos representar utilizando no máximo dois algarismos (entre 1, 2 e 0)? Faça uma listagem de todos estes números. Como ficaria a representação na base 3 do número que na base 10 é representado por 5? b) Procure exemplos de utilização de outras bases na representação dos números naturais. Uma curiosidade: Normalmente, nós contamos os dias, os meses e os anos. Você consegue dar uma razão para os dias da semana e os meses do ano serem citados por nomes e os dias do mês e os anos serem citados por números? Uma representação geométrica para os números naturais Podemos utilizar os números na avaliação de comprimentos. Dada uma reta r, fixamos dois pontos, O e U, pertencentes a esta. O segmento OU é, então, associado ao número 1 e é chamado de segmento unitário ou de unidade de medida de comprimento. O U r 1 A medição de segmentos ocorre como resultado da justaposição sucessiva de segmentos congruentes à unidade de medida. A figura a seguir ilustra um segmento que Tabela de argila em escrita cuneiforme com registros da matemática babilônica, século XIII a.C. Matemática Básica Unidade 1 - Números Cederj 5 mede 3 unidades. Ou seja, o comprimento de OA é 3, pois o segmento OA coincide com a justaposição de 3 segmentos congruentes a OU. O U A r Vimos como os números naturais podem ser associados à noção de comprimento. Esta associação pode ainda ser mais bem explorada. De fato, podemos obter uma interpretação geométrica para os números naturais. Isto permite que visualizemos os números naturais de outro modo, o que pode ser um recurso muito útil. Atividade de aprendizagem Atividade 2: (construindo uma régua com números naturais – a reta numérica) a) Consiga uma folha de papel quadriculado e uma régua. Com o auxílio da régua, usando uma caneta de cor diferente da dos quadriculados da folha, destaque uma reta da folha e fixe uma unidade de medida. Tente obter uma figura parecida com a seguinte. A partir destas convenções, temos uma reta numérica. Na reta numérica, o número que é representado por 1 também pode ser representado pelo segmento unidade, OU. Na reta numérica, o número que é representado por 2 também pode ser representado pelo segmento que coincide com a justaposição do segmento OU com o segmento de mesmo tamanho da unidade. Assim, no desenho a seguir, que representa uma reta numérica, o segmento OA é uma representação alternativa para 2. Considerando justaposições sucessivas do segmento unidade, obtemos os números naturais representados por segmentos de uma reta numérica. Veja alguns números com as duas representações correspondentes. Matemática Básica Unidade 1 - Números Cederj 6 É sempre interessante fazer a correspondência entre a representação decimal de um número e sua representação na reta numérica, conforme o desenho acima. Contudo, a fim de não sobrecarregar a figura, é mais conveniente marcar a representação decimal sobre a extremidade do segmento correspondente. Fazendo isto, leitor, tente obter a seguinte representação dos números naturais sobre a sua reta numérica. Observe como este processo de construção dos números naturais sobre a reta reproduz a ideia que temos sobre os números naturais. Determinamos o primeiro segmento, determinamos o sucessor do primeiro segmento, depois o sucessor do sucessor e assim por diante. Deste modo, acabamos de descrever uma outra maneira de representar os números naturais, a representação geométrica dos números naturais. No desenho anterior, temos as duas representações ao mesmo tempo, a geométrica e a decimal. b) No desenho a seguir, a letra a simboliza a representação geométrica de um número. Dê a representação decimal deste mesmo número. c) Encontre a representação geométrica de 14 no desenho a seguir? d) No desenho abaixo, a indica a representação geométrica de um número. Note que o desenho não tem as marcas que representam os segmentos múltiplos da unidade. Você é capaz de deduzir quantas vezes o segmento representado por a é maior do que a unidade? Em caso afirmativo, dê a representação decimal de a. e) No desenho deste item, temos uma situação semelhante à do item anterior. Será que agora você consegue deduzir qual é a representação decimal de a? Desta vez a situação não é tão simples. O nosso conselho é que você faça uso de um compasso ou de um 1 2 3 4 Matemática Básica Unidade 1 - Números Cederj 7 pedaço de papel ou madeira do tamanho da unidade de medida e conte o número de múltiplos. f) Seguindo o próximo desenho, dê a representação decimal de a. g) Encontre a representação geométrica de 14 no desenho a seguir? Antes de terminar esta seção, fazemos uma correção com relação ao sistema de representação decimal dos números naturais. A princípio, o primeiro elemento de contagem, aquele que não é sucessor de ninguém, é denotado por algum objeto e no sistema decimal é representado por 1. Contudo, com a evolução dos números e de suas representações, passou-se a representar o primeiro elemento do conjunto dos naturais pelo 0 (zero). Existem vantagens e desvantagens em se considerar o zero como um número natural. Aliás, essa é uma questão que certamente o leitor irá rever ao longo de sua formação matemática e de professor. A partir deste momento passamos a considerar o zero como elemento do conjunto dos números naturais. ℕ = {0, 1, 2, 3, 4, 5, ...}. Números inteiros Existem situações onde precisamos contar num sentido contrário do esperado. Por exemplo, em edifícios com elevadores, os andares acima do nível do chão são contados e associados a números naturais. Mas, existem situações em que o elevador pode descer para níveis abaixo do nível do chão. Neste caso, podemos contar os andares para baixo, mas a contagem tem um significado diferente da contagem para cima. Um exemplo bem mais comum de contagem com mais de um significado pode ser encontrado nas operações financeiras. Podemos contar dinheiro. O problema é quando começamos a contar dívidas, isto é, contar dinheiro que não temos e precisamos pagar a alguém. Outro exemplo comum para muitas crianças, gols pró e contra. Para lidar com situações envolvendo contagens com dois significados, perda e ganho, antes e depois, para cima e para baixo, a favor e contra, a Matemática oferece um novo conjunto numérico, o conjunto dos números inteiros, e denotado por ℤ. Este Matemática Básica Unidade 1 - Números Cederj 8 conjunto estende o conjunto dos números naturais e a representação decimal de seus elementos é parcialmente dada a seguir. ℤ = { ... , 4, 3, 2, 1, 0, 1, 2, 3, 4, ... }. Uma representação geométrica parcial de ℤ, com a correspondente representação decimal, é a seguinte. Os números inteiros possuem uma classificação especial. Os números inteiros cuja representação decimal está presente no seguinte conjunto {1, 2, 3, 4, ...} são chamados números inteiros positivos e os números cuja representação decimal está presente no seguinte conjunto {1, 2, 3, 4, ...} são chamados números inteiros negativos. Note que 0 não faz parte da lista dos números positivos, nem da lista dos números negativos. Atividade de aprendizagem Atividade 3: Os números inteiros estendem os números naturais, mas nem todas as propriedades são preservadas. Três propriedades notáveis dos números naturais são: (i) Todo número natural possui um sucessor. (ii) Existe um número natural que não é sucessor de nenhum número. (iii) Todo subconjunto de ℕ, diferente de vazio, possui um elemento mínimo. a) Reescreva as propriedades (i), (ii), (iii) generalizando-as para o conjunto ℤ. b) Verifique quais propriedades ainda são válidas para os inteiros. Quando uma propriedade não for válida para os inteiros, explique o que acontece de diferente. Números racionais O conjunto dos números naturais se estende para o conjunto dos números inteiros, e este se estende para o conjunto dos números racionais. A forma mais comum de apresentar os números racionais se dá pela representação fracionária: ℚ = { 𝑝 𝑞 : p, q ℤ, q 0}. Atividade de aprendizagem Atividade 4: Descreva o conjunto dos números racionais somente com palavras. Como exercício, se imagine explicando para alguém no que consiste o conjunto dos números racionais, com palavras, sem usar símbolos. É sempre bom lembrar que os objetos matemáticos são exclusivamente de natureza abstrata. Inclusive, entender o significado dos símbolos usados no contexto matemático nem sempre é tarefa simples. Entretanto, podemos buscar interpretações para Matemática Básica Unidade 1 - Números Cederj 9 esses objetos. A interpretação mais comum para o objeto matemático, número natural, é a contagem. Para os números inteiros é a contagem com dois sentidos. Como interpretação para os números racionais encontramos a ideia de parte-todo, uma ideia ainda relacionada com a de contagem. O termo parte-todo se refere à ação de pegar uma unidade (o todo) e dividi-la em partes iguais. Na interpretação parte-todo a representação 𝑝 𝑞 significa que o todo, isto é, a unidade foi dividida em q partes e foram contadas p dessas partes. É muito comum usarmos essa interpretação em figuras ou objetos com formato geométrico. Essa interpretação também pode ser usada na reta numérica. Ou seja, podemos utilizar a interpretação parte-todo para representar números racionais na reta numérica. Vejamos um exemplo, vejamos como a fração 5/4 pode ser representada na reta numérica. Na figura, o segmento a partir de 0 representa uma parte da divisão da unidade em 4 partes. As ondinhas da figura representam o total de partes, 5 partes. Assim, produzimos a representação de 5/4 na reta numérica. Atividade de aprendizagem Atividade 5: Como você relaciona as representações decimais dos números inteiros com as representações fracionárias? Por exemplo, a representação decimal, 3, se relaciona com que representação fracionária? E o símbolo −6, se relaciona com qual representação fracionária? Acabamos de ver que a interpretação parte-todo para os símbolos de fração atribui significado para os mesmos. E vimos que as variáveis p e q têm funções diferentes na significação da representação 𝑝 𝑞 . Assim, é bom usarmos nomes diferentes para cada variável. Na fração 𝑝 𝑞 a variável q é chamada de denominador, enquanto p é chamada de numerador. Atividade de aprendizagem Esta barra está dividida em 24 partes iguais. Se uma pessoa comer uma fila de quadrados, por exemplo, ela terá comido 4/24 de toda a barra de chocolate. A parte pintada da figura de um quadrado se refere a 3/8 deste. A divisão na segunda representação do quadrado deve deixar isso claro. Matemática Básica Unidade 1 - Números Cederj 10 Atividade 6: Escreva uma explicação para a escolha dos termos, denominador e numerador. As frações do tipo p/10 são especiais e podem facilmente ser convertidas para a representação decimal. Lembramos que a representação decimal é feita por agrupamentos de 10. E quando escrevemos 6/10, por exemplo, isso significa que temos um grupo de 6 partes de 1/10. Como este é um agrupamento de uma fração da unidade, é uma porção menor do que a unidade, a quantidade agrupada deve ficar mais à direita da posição das unidades da representação decimal. Mas esta quantidade de frações não pode ser confundida com a posição das unidades. Assim, usamos a vírgula, e o espaço à direita da vírgula é chamado de casa decimal. Deste modo, as frações 1/10, 2/10, 3/10, 4/10, 5/10, 6/10, 7/10, 8/10 e 9/10 podem ser reescritas como 0,1, 0,2, 0,3, 0,4, 0,5, 0,6, 0,7, 0,8 e 0,9, respectivamente. São as representações de uma casa decimal. Com as frações 1/100, 1/1000, 1/10000, ... generalizamos a representação decimal com o uso de mais casas decimais. Por exemplo, 3/100 se corresponde a 0,03. Atividade de aprendizagem Atividade 7: Escreva a fração dada por meio de representação decimal. a) 5/10 b) 53/10 c) 53/100 d) 1/2 e) 2/5 f) 402/10000 Atividade 8: Escreva por meio de representação fracionária. a) 2,3 b) 10,1 c) 13,003 d) 0,00001 Atividade 9: Os números naturais e os números inteiros gozam de uma mesma propriedade que é muito importante, a saber, todo elemento possui um sucessor. Essa importância fica evidente quando se estuda o método de prova conhecido como indução matemática, mas esse tópico não faz parte de nossos objetivos de estudo. A questão aqui é saber se os números racionais também possuem uma noção de sucessor. O que o leitor acha? Escreva um texto explicando o que pensa sobre essa propriedade para os racionais e depois verifique a nossa versão no gabarito ao final da unidade. Números reais As frações e a interpretação parte-todo funcionam muito bem na medição empírica. Vejamos a situação ilustrada a seguir. O segmento a está sobre a reta numérica, partindo da origem. Não podemos estabelecer uma medida para o segmento só com a Matemática Básica Unidade 1 - Números Cederj 11 graduação por números inteiros. Contudo, se conseguirmos escolher uma fração da unidade adequada, podemos estabelecer uma fração cuja representação na reta numérica coincida com o tamanho do segmento a. Testando algumas frações da unidade, verificamos que um quarto da unidade de medida serve para medir o segmento a. Contando os múltiplos de 1/4 verificamos que a representação de 11/4 na reta numérica coincide com uma extremidade do segmento a. Assim, realizamos a medição empírica do segmento a. São 14 saltos do mesmo tamanho. Note que quatro saltos cobrem a unidade, ou seja, cada salto equivale a 1/4 da unidade. Como podemos escolher números tão grandes quanto quisermos, podemos dividir a unidade em quantas partes quisermos e, portanto, podemos pegar frações da unidade tão pequenas quanto quisermos. Ao que parece isso significa que podemos medir qualquer segmento de reta por meio deste procedimento descrito. É o que parece mas não é assim que acontece. Por séculos o ser humano usou representações numéricas para avaliar medições empíricas, e realizava essas avaliações por meio de aproximações. Até então a Matemática era utilitária. Só a partir de Tales de Mileto (623-548 a.C.), da Grécia Antiga, considerado como o primeiro filósofo ocidental, é que o conhecimento matemático passou a ter uma nova dimensão com a busca por explicações para os fatos conhecidos. E, nesse novo espírito, encontramos a escola de Pitágoras (570-495 a.C.) que pregava que os números formavam a base de todas as representações das ideias humanas, isto é, que os números poderiam explicar tudo. Em particular, esperavam que todo segmento pudesse ser medido. Contudo, alunos da própria escola descobriram que a diagonal de um quadrado de lado 1 não pode ser medida (o que é equivalente ao fato de que 2 não é racional). Com essa breve história queremos destacar que as representações dos números racionais na reta não a cobrem completamente. Ou seja, existem pontos da reta numérica que ficam sem representação numérica racional. Ou ainda, se tirarmos só os pontos da reta numérica que se correspondem aos números racionais, ela continuará lá, toda furada, mas continuará. Em particular, o que se conclui é que os números racionais não servem para modelar as grandezas escalares contínuas, como o comprimento, que comentamos aqui, e outros exemplos como temperatura, velocidade, tempo, volume etc. Com o desenvolvimento da Matemática na Grécia Antiga, se tornou necessário estabelecer um objeto matemático que modelasse as grandezas escalares contínuas (ou simplesmente grandezas) e que ampliasse o conjunto dos números racionais. A solução Matemática Básica Unidade 1 - Números Cederj 12 proposta pelos gregos é encontrada na coleção, os Elementos de Euclides, escrita por volta de 300 a.C., onde os números e as grandezas são representados indiferentemente como segmentos de reta. Seguindo essa ideia, apresentamos um novo conjunto numérico, cujos elementos podem ser representados por segmentos a = OA de uma reta r com dois pontos, O e U, fixados. Graficamente, estamos falando de elementos como os da figura a seguir. Muito posteriormente, só no século XVII, esse conjunto recebeu o nome de conjunto dos números reais, por René Descartes. Assim, usando linguagem geométrica, podemos dizer que o conjunto dos números reais é o conjunto que pode ser representado por ℝ = {a = OA : Ar}, onde a reta r possui dois pontos, O e U, fixados. Esses pontos são importantes para se estabelecer uma orientação e uma unidade de medida, o que permite a representação dos números racionais no conjunto dos números reais, conforme já explicado na seção anterior do presente texto. Com a representação geométrica dos números reais podemos representar várias construções geométricas, como a diagonal de um quadrado ou a altura de um triângulo, por exemplo. Cabe fazer uma ressalva neste momento. Apesar de estarmos fazendo referências históricas na apresentação dos conjuntos numéricos, não estamos seguindo a ordem cronológica da criação dos mesmos. Por exemplo, historicamente, os números negativos só apareceram depois da noção de números racionais positivos e de números reais positivos. E existem mais detalhes na formalização desses conceitos que estamos deixando de lado. Na verdade, estamos aqui mais preocupados com a forma de representação dos conjuntos numéricos. É o domínio desses sistemas de representação para os conjuntos numéricos que permitirá o aluno desenvolver seus conhecimentos sobre o assunto de estudo desta disciplina. Apesar dos números reais já terem sido tratados na Grécia Antiga, lembramos que a representação decimal só começou a ser amplamente divulgada a partir do século XII. Vejamos como poderíamos representar um número real por um sistema de representação decimal. A figura a seguir mostra um segmento criado no programa GeoGebra. A posição de a foi escolhida aleatoriamente. Podemos ver de imediato que a está entre as Matemática Básica Unidade 1 - Números Cederj 13 representações 3 e 4. Mas, podemos subdividir a unidade em 10 partes. Aí vem a próxima figura. Após a subdivisão da unidade em 10, obtemos a seguinte figura. Ela mostra que a está entre as representações 3,6 e 3,7. Podemos buscar uma aproximação melhor, subdividindo a unidade agora em 100 partes. Na próxima figura vemos que a está entre as representações 3,66 e 3,67. Continuamos a subdivisão. Vendo a próxima figura, verificamos que a está entre as representações 3,662 e 3,663. Poderíamos continuar esse processo até a extremidade de a coincidir com uma representação decimal exata. O problema é que não podemos garantir que isso vai acontecer, isto é que vamos achar essa representação decimal exata. Um exemplo simples é a fração 1/3 cuja representação decimal é 0,3333333..., onde os pontinhos indicam que esse processo nunca termina. A representação decimal, mesmo com casas decimais é muito importante parar os cálculos. Contudo, não é tão simples usar esse tipo de representação para os números reais, pois na maioria das vezes a representação de um número real será incompleta. No exemplo do segmento a que trabalhamos, só podemos dizer que a = 3,662.... Usamos a representação incompleta pois paramos de tentar obter a representação decimal de a. Voltando às representações gráficas, podemos usar uma variação da representação por segmentos. Quando representamos dois segmentos, ou mais, pode ficar confuso saber sobre qual segmento estamos falando. Às vezes pode ser muito mais interessante marcar apenas a extremidade do segmento. Desta forma, podemos representar um número real na reta numérica de uma das duas maneiras. Atividade de aprendizagem Atividade 10: Apresente na reta numérica uma representação para 2,721 (vai ter que ser por estimativa). Dê a representação decimal do seguinte número real. Matemática Básica Unidade 1 - Números Cederj 14 Acabamos de apresentar os conjuntos numéricos que vamos estudar ao longo do texto. Apontamos as principais formas de representação desses conjuntos numéricos, algumas interpretações intuitivas e um pouquinho da história desses conjuntos. Mas, só apresentamos. O estudo desses objetos só começa mesmo com a introdução da noção de ordem e das operações aritméticas. É o que faremos a seguir. A noção de ordem e as operações aritméticas A representação na reta numérica é ótima para apresentar a noção de ordem que usamos para os números, sejam os números naturais, inteiros, racionais ou reais. Para isso, a primeira coisa que precisamos notar é que os pontos O e U servem para definir, além da unidade de medida, uma orientação. Essa orientação é explicitada na figura a seguir por meio da seta no final do traço. Cabe notar que muitos textos usam a seta para indicar a ideia de ilimitado, de que a reta é um objeto que se estende indefinidamente, mas esse não é o caso aqui. A partir dessa orientação estabelecemos um critério para representar a relação de ordem, ser menor do que (ou maior do que), entre dois números. A figura a seguir representa a condição de que a é menor do que b, ou de que b é maior do que a. Por meio da seta, podemos até dispensar a marcação dos pontos O e U. Vejamos uma representação para b ser menor do que a. A forma simbólica para representar que a é menor do que b, ou que b é maior do que a é dada por a < b ou b > a, tanto faz. Também podemos fazer uma composição de símbolos, = e < ou = e >. Encontramos o símbolo para indicar a relação “é menor do que ou igual a” e o símbolo para indicar a relação “é maior do que ou igual a”. Note que não é legal falar “é menor ou igual” ou “é maior ou igual”. Enquanto uma expressão do tipo a = b é chamada de igualdade, chamamos de desigualdade qualquer um dos seguintes casos de expressão: a < b, a b, a > b, a b. Entre os diferentes conjuntos numéricos, os números racionais se destacam por apresentar uma representação simbólica composta. De fato, costumamos representar os Matemática Básica Unidade 1 - Números Cederj 15 números racionais por meio de pares de símbolos. Mais precisamente, se consideramos a representação simbólica x como um número racional, é comum trocar a representação por x = 𝑝 𝑞 , com p e q 0 representando números inteiros. Aí, quando falamos de desigualdades entre frações, 𝑝 𝑞 < 𝑚 𝑛 , por exemplo, uma brincadeira que pode ocorrer é verificar se existe alguma relação entre os símbolos p e m ou q e n, por exemplo. Mas, só trataremos dessas questões mais adiante, na Unidade 5. Atividade de aprendizagem Atividade 11: Apesar de ordem ser uma noção simples, diferentes representações podem induzir a enganos. Podemos fazer um pequeno teste com as próximas afirmações. Diga se é verdadeiro ou falso e escreva uma breve explicação sobre como pensou. Confira depois nossa explicação no gabarito. a) O valor 2 é menor do que 1,99. b) Se a, b representam números reais quaisquer então a < b. Para a operação de adição, temos a representação genérica para a soma de dois números, a + b, onde a, b representam números de modo geral. Ainda podemos usar a reta numérica para uma representação genérica da soma de dois números. Se a se corresponde ao segmento vermelho da figura abaixo e b se corresponde ao segmento azul, a soma a + b se corresponde na reta numérica à justaposição dos dois segmentos, que equivale ao segmento verde. Uma vez que consideremos um conjunto numérico específico, podemos representar a operação de adição de maneiras mais precisas. Por exemplo, na próxima figura encontramos uma representação geométrica para a soma de inteiros. É uma representação que bem poderia ser transformar numa ação prática com pares de réguas. Representação geométrica da soma 5 + (8) e que evidencia o resultado 3. Pensando que números naturais estão associados à ideia de contagem, é comum pensar na soma como resultado de duas contagens sucessivas. A próxima figura ilustra isso. Matemática Básica Unidade 1 - Números Cederj 16 Por contagem, vemos que 7 + 5 = 12. Existe uma notação especial relacionada com a operação de adição, a saber, a notação de simétrico (ou oposto). Se a é um número, o simétrico (ou oposto) do número a é o número b tal que a + b = b + a = 0. Notação: a denota o simétrico de a. E é nessas horas que vemos como que as representações geométricas ajudam a entender muitos objetos matemáticos. Vejamos como ficaria a representação genérica de um número a e de seu simétrico. O leitor está convidado a interpretar o simétrico de um número e o resultado de uma soma do tipo a + (a), quando a é um número inteiro e a soma é representada por contagens sucessivas. Para a operação de multiplicação, temos a representação genérica para o produto de dois números, a.b ou ab, onde a, b representam números de modo geral. Existe uma ótima forma de representação geométrica para o produto de números positivos de modo geral, a saber, se a e b correspondem a segmentos, o produto a.b é representado pela área do retângulo de base a e altura b. Quando o produto é referente especificamente aos números naturais, podemos apresentar a operação de multiplicação em termos da operação de adição. Mais precisamente, dados a, b ℕ, é comum escrever: a.b = b + b + ... + b (são a parcelas de b’s). Na figura, o semicírculo representa o ato de considerar o elemento oposto. A soma, em verde, neste caso se reduz ao ponto que representa o zero: a + (a) = 0. Matemática Básica Unidade 1 - Números Cederj 17 Repare que esta forma de representação não vale para outros conjuntos numéricos. Por exemplo, qual é o sentido de se escrever (2).(3) ou .√2 como somas sucessivas? Existe um outro tipo de representação geométrica para a noção de multiplicação de números que serve para todos os conjuntos numéricos estudados aqui. Para entender melhor essa forma de representar, veja a seguinte situação histórica. As pirâmides egípcias são monumentos grandiosos do mundo antigo. O filósofo grego Tales (nascido por volta de 585 a.C.), em uma de suas viagens ao Egito e admirado com o tamanho destes monumentos, conseguiu medir a altura de uma das pirâmides através de um princípio de proporção conhecido por ele. Tales utilizou um bastão e a medida da sombra deste e da sombra da pirâmide para determinar a altura desta. Acompanhe as figuras a seguir. Seguindo a proporção, se a sombra da pirâmide for 70 vezes maior do que a sombra do bastão então a altura da pirâmide deve ser 70 vezes maior do que a altura do bastão. Por exemplo, se o bastão utilizado tivesse 2 metros então a altura da pirâmide deveria ser de 140 metros. O método utilizado por Tales no cálculo da altura de uma pirâmide e a representação geométrica dos números pode dar uma boa ideia para a construção de uma calculadora geométrica de produtos. Por exemplo, vamos calcular geometricamente o produto de 3 por 2 utilizando a ideia de proporção de Tales. Imagine raios de sol chegando na Terra. A figura a seguir ilustra dois raios de sol. O primeiro passa pelo bastão de altura 1 de modo que a sombra tem comprimento 3. O segundo raio passa pela marca de altura 2. Pela proporção das sombras, o segundo raio deve tocar no chão na marca 6, que é justamente o resultado do produto de 2 por 3. Acompanhe a figura a seguir. Matemática Básica Unidade 1 - Números Cederj 18 O processo descrito pode ser aplicado para qualquer par de números reais. Essa forma de representar é bastante genérica e, o que é mais importante, expressa várias propriedades das operações de multiplicação (o plural aqui é por que podemos falar de diferentes conjuntos numéricos). A figura ao lado representa a o produto de dois números reais negativos. Veja como ela indica que o resultado deve ser positivo. Na figura ao lado vemos uma representação genérica para a operação de dois números reais. As duas retas paralelas indicam a ideia de aumento proporcional (ou diminuição proporcional, dependendo da inclinação das retas). A ideia, nesta figura, é que a unidade aumentou numa escala de a. Seguindo a mesma proporção, vemos b aumentando na mesma escala, o representa a ideia de multiplicação, a.b. Como já mencionamos aqui, os números racionais possuem uma representação especial, em comparação aos outros conjuntos, a saber, a representação fracionária, que é composta da representação de dois números inteiros. E para esses casos podemos apresentar uma expressão composta para a soma de duas frações. A soma e o produto, respectivamente, de duas frações, 𝑝 𝑞 e 𝑚 𝑛 , fica, respectivamente: 𝑝 𝑞 + 𝑚 𝑛 = 𝑝𝑛 + 𝑞𝑚 𝑞𝑛 e 𝑝 𝑞 . 𝑚 𝑛 = 𝑝. 𝑚 𝑞. 𝑛 . Não é difícil encontrar uma explicação para esta expressão, mas vamos tratar melhor da questão só na Unidade 4. Entretanto, o leitor está convidado, só como um exercício, a Matemática Básica Unidade 1 - Números Cederj 19 encontrar uma explicação para o fato de que 2 3 + 1 4 = 8+3 12 . Tente desenvolver essa explicação com apoio de um modelo intuitivo, digamos fatias de pizza! Nesta unidade apresentamos quatro conjuntos numéricos, a saber, o conjunto dos números naturais, o conjunto dos números inteiros, o conjunto dos números racionais e o conjunto dos números reais. Também apresentamos uma noção de ordem, de operação de adição e de operação de multiplicação. Devemos entender que o foco de estudo desta unidade ficou restrito a esta apresentação. O ponto chave, para o bom aproveitamento do estudo, é perceber que a apresentação dos conceitos significa conhecer as formas de representá-los e de interpretá-los por meio de modelos intuitivos. Em particular, é preciso perceber também que conjuntos numéricos diferentes demandam representações diferentes e modelos intuitivos diferentes. Vejamos um exemplo de como um aluno pode aplicar esse tipo de conhecimento. Como lidar com a expressão √2 + √3? É muito comum encontrarmos alunos que não sabem interpretar esses símbolos, que não sabem atribuir qualquer significado a eles. Em casos assim, o que mais acontece é o aluno deduzir, por conta própria, que √2 + √3 = √5, pois ele pensa que √2 + √3 = √2 + 3, ou melhor, pensa que vale a regra geral, √𝑎 + √𝑏 = √𝑎 + 𝑏. Aqui, o primeiro ponto é estabelecer um significado para os termos, √2 e √3, e também para a soma, ou candidato a soma, o √5. Podemos fazer isso facilmente por meio da ideia de aproximação e com o auxílio de uma calculadora. Por uma calculadora vemos que √2 1,4142, √3 1,7320 e √5 2,2361. Com representações decimais aproximadas fica claro que √5 não pode ser a soma √2 + √3. Se soubermos representar essas raízes na reta numérica, se tivermos uma vaga noção, a falsidade da relação √2 + √3 = √2 + 3 fica ainda mais evidente. Um outro exemplo. O que acontece com a expressão 1 𝑛 , quando n é um número natural e n aumenta? Bom, é muito comum um aluno não saber o que dizer sobre essa expressão simbólica. E o que acontece se apelarmos para um modelo intuitivo? Vamos pensar em termos de fatias de pizza. Vejamos as figuras a seguir. Matemática Básica Unidade 1 - Números Cederj 20 Na primeira figura, a fatia destacada pode ser vista como 1 4 da pizza. Na segunda, vemos 1 6 da pizza. Na terceira, 1 12 e na quarta 1 20 . Afinal, o que acontece quando o denominador da fração aumenta? Por esse modelo intuitivo, deve ficar claro que a fração 1 𝑛 diminui, quando n aumenta, infelizmente, no caso de fatias de pizza☹! Dentro deste espírito de escolher sistemas de representação e modelos intuitivos adequados, é importante tomar cuidado com essas escolhas, pois nem sempre um modelo intuitivo serve para conjuntos numéricos diferentes. Por exemplo, 3 5 pode ser representado por 5 + 5 + 5, ou pode ser pensado como cinco contagens três vezes. Contudo essa mesma forma de se expressar ou pensar não se reproduz para uma expressão como √5. Moral da história, a escolha de um tipo de representação e de um modelo intuitivo mais adequados para os objetos matemáticos estudados podem ajudar muito no entendimento ou resolução de um problema matemático. Pode até ser que essas escolhas sejam fundamentais para o sucesso numa tarefa matemática. Ao longo das próximas unidades exercitaremos bastante ações desse tipo. Gabarito Atividade 1: a) São 8 números: 1, 2, 10, 11, 12, 20, 21, 22. Por exemplo, o número cuja representação decimal é 8, tem como representação na base 3 o símbolo 22. b) Os dias das semanas são contados na base 7, os dias dos meses são contados, em média, na base 30, os dias dos anos são contados na base 365, os ângulos são contados, em graus, na base 360. Observação: Aluno, entenda que este item é só para ilustrar que existem outras formas numéricas de representar contagens. Entretanto, representações que não sejam decimais não são assunto do nosso estudo. Atividade 2: b) 11 Matemática Básica Unidade 1 - Números Cederj 21 c) d) 3 e) 10 f) 20 g) Atividade 3: a) (i) Todo número inteiro possui um sucessor. (ii) Existe um número natural que não é sucessor de nenhum número. (iii) Todo subconjunto de ℤ, diferente de vazio, possui um elemento mínimo. b) O item anterior foi uma atividade trivial, era só trocar naturais por inteiros – agora é que é que vai ficar interessante. (i) Verdadeiro! Sim, todo número inteiro possui um sucessor. Basta somar o número mais 1. Assim como no conjunto dos números naturais. (ii) Falso! Sempre que pegarmos um inteiro, digamos n, temos também n 1 sendo um inteiro (esse fato não é verdadeiro em ℕ). Assim, n é sucessor de um número, sempre! (iii) Falso! Mais uma vez vemos que nem toda propriedade de ℕ é também uma propriedade de ℤ. Por exemplo, o subconjunto {..., 5, 4, 3} é diferente de vazio e não possui um elemento mínimo, um elemento que é menor do que todos os outros elementos do subconjunto. Atividade 4: Esta atividade é uma simples tarefa de transcrição, da linguagem simbólica para a linguagem natural escrita. Uma resposta poderia ser: O conjunto dos números racionais é formado por todas as frações de números inteiros, sendo que o número de baixo da fração deve ser diferente de zero. Aluno, você acha que receber informações matemáticas por escrita em linguagem natural pode causar um efeito diferente, para o leitor, em comparação a uma apresentação simbólica? Pense sobre isso. Matemática Básica Unidade 1 - Números Cederj 22 Atividade 5: Como vimos no texto, símbolos matemáticos podem ter várias interpretações. A princípio, frações têm interpretações diferentes. Por exemplo, 3 3 pode representar que a unidade foi dividida em três partes e foram contadas 3 dessas partes. Ora, isso nos fornece toda a unidade. Assim, podemos pensar que 3 3 é o mesmo que 1, e acabamos escrevendo 3 3 = 1. Vejam como interpretações diferentes podem gerar uma ideia equivalente. É neste sentido que escrevemos 3 = 6 2 , por exemplo. Ou seja, se dividimos a unidade em duas partes e pegamos 6 destas partes, conseguimos o mesmo que 3 unidades. Esse tipo de interpretação fica bem clara quando usamos a reta numérica. E, usando a reta numérica, deve ficar fácil perceber por que escrevemos 6 = −18 3 . Atividade 6: Uma fração 𝑝 𝑞 , segundo a interpretação parte-todo, é composta pelo número de divisões da unidade e pelo número de partes da divisão. Se falamos só no número de partes, sem saber como a unidade foi dividida, essa informação fica bastante vaga. Por exemplo, alguém quer te vender 3 pedaços de pizza. Tá, mas qual é o tamanho do pedaço de pizza? Só o número de fatias não é suficiente. Precisamos saber em quantas fatias o tabuleiro foi dividido para saber se 3 fatias fazem uma quantidade considerável ou não. Assim, o que qualifica a fração, o que denomina a fração é o número debaixo desta. Por causa desta função, ele é chamado de denominador da fração. O numerador é dado pelo número de partes. (Procure por outras explicações na internet!) Atividade 7: a) 5/10 = 0,5 b) 53/10 = 5,3 c) 53/100 = 0,53 d) 1/2 = 0,5 e) 2/5 = 0,4 f) 402/10000 = 0,0402 Atividade 8: a) 2,3 = 23/10 b) 10,1 = 101/10 c) 13,003 = 13003/1000 d) 0,00001 = 1/100000 Matemática Básica Unidade 1 - Números Cederj 23 Atividade 9: Muitos alunos acreditam que podemos falar naturalmente em sucessor de um número racional. Por exemplo, existem pesquisas que mostram licenciando de cursos de Matemática respondendo que o sucessor de 5,12 é 5,13 ou que o sucessor de 5/7 é 6/7. Na forma como estamos acostumados com os números naturais, não faz sentido falar em sucessor para números racionais. Por exemplo, 5,121 é um número que está entre 5,12 e 5,13. Assim, não faz sentido dizer que 5,13 é sucessor de 5,12. Alunos, essa questão não é nada trivial. Apesar de não podermos apontar um próximo número racional, um número logo acima de outro, é possível, sim, ordenar os números racionais, é possível estabelecer uma sequência de sucessores cobrindo todo o conjunto ℚ, mas não de forma crescente, como fazemos com os naturais e os inteiros! Veja no quadro a seguir uma maneira de ordenar os números racionais, veja que não é uma ordenação crescente. Atenção, a questão da não existência de sucessor para os racionais, conforme existe para os naturais, é de enorme importância e ainda assim os livros didáticos negligenciam o assunto. Fique atento para isso. Atividade 10: São duas tarefas: 1ª: 2ª: a = 0,834. Matemática Básica Unidade 1 - Números Cederj 24 Atividade 11: a) Essa é uma questão bem simples, mas acredite, muitas crianças acham que 1,99 é maior do que 2. É claro que a afirmação é falsa. Veja uma explicação simples. Como 2 = 1,99 + 0,01 e 0,01 é um número positivo, temos que 2 é maior do que 1,99. b) É falso! Podemos explicar isso com um contraexemplo. Por exemplo, se a = 2 e b = 1, vale que (2) > 1.
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