Buscar

ABORDAGEM ODONTOLOGICA PARA PACIENTES PORTADORES DE DISTURBIOS NEUROPSICOMOTORES

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
ABORDAGEM ODONTOLÓGICA PARA PACIENTES PORTADORES 
DE DISTÚRBIOS NEUROPSICOMOTORES 
 Profa. Dra Kátia Cristina Salvi de Abreu 1 
CD Silmara Bueno de Oliveira Franco 2 
Prof. Dr. Paulo Renato Calheiros 3 
 
 
 A importância dos cuidados na Odontologia para com os pacientes especiais 
portadores de distúrbios neuropsicomotores vem sendo estudada ao longo dos anos, pois 
envolve o conhecimento do cirurgião dentista frente aos problemas psico-sociais que possam 
interferir no processo de colaboração do paciente à assistência odontológica. Estes pacientes 
constituem um grupo que pode ser considerado de alto risco para o desenvolvimento de 
doenças bucais de acordo com o tipo de patogenia sistêmica, alteração salivar, dieta 
cariogênica, alteração muscular e ineficácia da higienização. O objetivo deste estudo, através 
da revisão de literatura, é relacionar as diferentes maneiras de abordagem odontológica para 
pacientes portadores de distúrbios neuropsicomotores. O cirurgião dentista necessita ter uma 
visão ampla e completa do paciente especial e reconhecer a etiologia das deficiências para 
poder instituir um tratamento adequado, em virtude destes pacientes necessitarem de um 
atendimento diferenciado e de um rigoroso programa de prevenção com envolvimento das 
famílias. 
 
Unitermos : paciente com necessidades especiais, abordagem odontológica, distúrbios 
neuropsicomotores. 
 
1 Cirurgiã Dentista, Mestre pela Universidade de São Paulo (USP) e Doutora pela 
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Coordenadora da Pós Graduação da Faculdade de 
Ciências Biomédicas de Cacoal (FACIMED), Brasil. E-mail: kcsabreu@terra.com.br 
2 Acadêmica de Odontologia. 
3 Psicólogo, Mestre em Saúde e Comportamento (UCPEL) e Doutor em Psicologia pela 
PUCRS, Coordenador do curso de Psicologia da Facimed, professor de Graduação do curso 
de Psicologia da Facimed. 
 
INTRODUÇÃO 
O ser humano é constituído por um conjunto de órgãos e sistemas que devem 
funcionar harmoniosamente. Pacientes especiais portadores de distúrbios neuropsicomotores 
 2 
são aqueles cuja harmonia do órgão foi rompida e que por essa razão, apresentam 
determinados desvios dos padrões de normalidade, necessitando de atenção e abordagem 
especial por um período de sua vida ou indefinidamente. 
 A população brasileira consiste em torno de 160 milhões de habitantes. Segundo a 
Organização Mundial da Saúde (OMS) 15% apresentam algum desvio da normalidade, o que 
faz com que apresentem necessidades especiais (FOURNIOL, 1998). No entanto o Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) considera que 10% têm necessidades especiais, 
aproximadamente 3% recebem atendimento odontológico, que correspondente a 480 mil 
pacientes (VARELLIS, 2005). 
 Os distúrbios neuropsicomotores, de acordo a IADH (International Association of 
Dentistry for Handicapped) apud MUGAYAR, 2000 são classificados como desvios ou 
defeitos de: inteligência, físicos, congênitos, comportamentais, psíquicos, deficiência 
sensoriais e de audiocomunicação, doenças sistêmicas crônicas, doenças endócrina 
metabólicas e estados fisiológicos especiais. 
 O desvio de inteligência é uma alteração anormal da capacidade intelectual, social e 
comportamental de um indivíduo, podendo ser classificada conforme o grau de sua 
deficiência (leve, moderada, severa, aguda e profunda). Este tipo de distúrbio mental pode 
ocorrer desde o período pré-natal até o período pós-natal, podendo englobar diversas 
patologias, como exemplo, o portador de deficiência mental. O desvio psíquico também 
pode estar presente devido à carência afetiva, por conseqüência do desvio social que os priva 
da sociedade, além do defeito físico que se refere a qualquer tipo de alteração da capacidade 
motora do individuo, podendo ser classificado conforme o comprometimento do sistema 
nervoso central, músculo esquelético ou neuromuscular. (MUGAYAR, 2000). 
 A paralisia cerebral é uma encefalopatia crônica não progressiva, ocasionando o 
comprometimento de várias partes do corpo ou paralisia em um único membro. Normalmente, 
ocorrem incapacidades múltiplas que afetarão o controle do corpo, manifestado através de 
convulsões, falta de equilíbrio e incoordenações. A sua etiologia é multifatorial, podendo 
ocorrer devido a fatores pré, peri ou pós-natais (SABBAGH-HADDAD, 2004). 
 A doença de Parkinson também faz parte das afecções do sistema nervoso central, 
como um distúrbio neurológico irreversível, crônico e progressivo, cuja etiologia se deve a 
um processo degenerativo e progressivo das células nervosas (neurônios), principalmente da 
região cerebral chamada de substância negra (FERRAZ, 1997; VARELLIS, 2005). 
 3 
 Dentre os defeitos congênitos, o de uma maior prevalência é a síndrome de Down, 
causada por uma anomalia genética do cromossomo 21(trissomia) quando da formação do 
ovo ou zigoto, transferida para todas as células do corpo. Os portadores da síndrome 
apresentam 47 cromossomos ao invés dos 46 normais (MUGAYAR, 2000). 
 São classificados como defeitos comportamentais os indivíduos que apresentam 
atitudes diferentes da normalidade. O autismo, por exemplo, uma síndrome comportamental 
com etiologias múltiplas caracterizado por uma incapacidade qualitativa na integração social, 
devido à severidade do seu comprometimento comportamental. (JACOBSON, 1990). 
 O desvio social pode estar relacionado aos distúrbios neurológicos por diversas 
razões: falta de orientação, fator sócio-econômico, desnutrição e o estress emocional que 
acarreta em uma alteração comportamental. (EL HAGE, 2001). 
 O conhecimento do cirurgião dentista é fundamental para poder compreender e 
diagnosticar sinais e sintomas frente a esses pacientes, além de estar ciente das possíveis 
complicações que poderão ocorrer no momento de uma intervenção. Normalmente, o 
tratamento exige uma equipe multiprofissional. 
 O objetivo deste trabalho é apresentar diferentes distúrbios neuropsicomotores para o 
cirurgião dentista, através de revisão de literatura, assim como as maneiras de abordagem 
destes pacientes com necessidades especiais, durante o tratamento odontológico. 
 
REVISÃO DE LITERATURA 
Para melhor entendimento do tema abordado neste estudo torna-se necessário a 
divisão da revisão de literatura 
Aspectos Gerais dos Pacientes Especiais Portadores de Distúrbios Neuropsicomotores 
 Cerca de 10% da população mundial é constituída por pacientes especiais, sendo 50% 
de deficiência mental, 20% de deficiência física, 15% de deficiência auditiva, 5% de 
deficiência visual e apenas 10% com alterações múltiplas. (OMS), 2000. 
 Conforme a classificação do CID-10, o desvio de inteligência pode ser conceituado 
como uma parada do desenvolvimento ou desenvolvimento incompleto do funcionamento 
intelectual, em um único momento. A Organização Mundial de Saúde (1968) classifica a 
 4 
deficiência em quatro níveis. A deficiência mental leve constitui o maior grupo de indivíduos 
na sociedade com aproximadamente 85% dos casos, porém integrados socialmente. 
Deficiência mental moderada compõe 10% da população de indivíduos com deficiência 
mental que apresentam a possibilidade de adquirir hábitos de autonomia, podendo inclusive 
ter certas atitudes bem elaboradas e quando adultos, freqüentar lugares ocupacionais, mesmo 
que necessitem de constante supervisão. Deficiência mental profunda engloba 1 a 2% dos 
indivíduos com deficiência mental que apresentam incapacidade mental de autonomia, 
incluindo as que vivem em estado vegetativo; corresponde a um grupo quase que totalmente 
dependente, porém com treino apropriado, podem progredir nodesenvolvimento motor, no 
cuidado consigo mesmo e na habilidade da comunicação. Por último a deficiência mental 
severa, constitui um índice pouco significativo do grupo de deficientes mentais, que são 
trabalhados constantemente para melhor autonomia dos seus hábitos, pois possuem 
capacidade de comunicação muito limitada (FOURNIOL, 1998; VARELLIS, 2005). 
 Segundo GUEDES PINTO (2003) os fatores etiológicos da deficiência mental 
dividem-se em pré-natais, perinatais e pós-natais. Dentre as etiologias pré-natais devemos 
considerar as de origem genéticas (cromossomopatias, erros inatos do metabolismo) e 
ambientais (má nutrição, radiação e infecção materna, como rubéola, citomegalovírus, sífilis, 
toxoplasmose). As estatísticas demonstram que as etiologias perinatais são mais relevantes, 
visto que estas alterações ocorrem do momento do parto, por asfixia, trauma de parto, 
prematuridade e hiperbilirrubinemia. Etiologias pós-natais são as condições patológicas que 
alteram todo o desenvolvimento neuropsicomotor após o nascimento, tais como as infecções 
no sistema nervoso central, desnutrição, radiação e impregnação por elementos químicos. 
 Defeito físico é todo e qualquer comprometimento da capacidade motora ou 
motricidade de uma pessoa. Pode ser classificado conforme o comprometimento do sistema 
nervoso central (paralisia cerebral, doença de Parkinson e Acidente Vascular Cerebral – 
AVC), o sistema neuromuscular (distrofia muscular progressiva e a miastenia grave) e sistema 
esquelético: artrite, escoliose segundo (MUGAYAR, 2000). 
 A deficiência mental pode surgir isolada ou associada a outras condições patológicas, 
principalmente a paralisia cerebral. Os pacientes portadores de paralisia cerebral podem 
apresentar algumas manifestações comuns como retardo mental, deficiência ou disfunções 
sensoriais, problemas com a fala, contrações das articulações e problemas de convulsões. A 
 5 
paralisia cerebral ou as síndromes estão associadas ao desvio de inteligência (GUEDES 
PINTO, 2003). 
 A paralisia cerebral se deve a um mau desenvolvimento do cérebro de aspecto não 
progressivo ou decorre de uma lesão encefálica de natureza não progressiva, ocasionando o 
comprometimento de várias partes do corpo ou paralisia em um único membro. Em relação 
aos distúrbios motores, a paralisia cerebral pode ser classificada como espástica, discinética, 
atáxica e mista (GUEDES PINTO, 2003; MUGAYAR, 2000). 
 Através de um estudo realizado com pacientes portadores de deficiência 
neuropsicomotora, ALVES REIS (2000), constatou que há uma maior prevalência de 
pacientes com paralisia cerebral e síndrome de Down. VARELLIS (2005) relata que na 
presença de lesão no sistema nervoso central estão incluídos o AVC e a doença de Parkinson. 
 O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma interrupção súbita do aporte sangüíneo 
ao cérebro devido a hemorragia intracerebral espontânea. O resultado é uma incapacidade 
permanente do indivíduo, podendo apresentar crises epilépticas, deficiência visual e 
dificuldade na fonação, incoordenações motoras e mudanças de personalidade (MUGAYAR 
2000). 
 A doença de Parkinson é uma condição neurológica lentamente progressiva, 
basicamente constituída por desordens da motricidade. O diagnóstico é essencialmente 
clínico, como tremores, rigidez muscular, bradicinesia e a instabilidade postural e da marcha 
(andar), podendo haver declínio da função intelectual. Os tremores e a rigidez muscular 
favorecem uma deglutição atípica responsável da saída de saliva pela comissura labial nos 
quadros mais avançados que ocorrem sialorréia persistente (FERRAZ, 2002; BEAL, 1994). 
 A síndrome de Down, uma alteração cromossômica que geralmente ocorre devido a 
trissomia do cromossomo 21, em 90% dos casos ou a translocação genética em 3% dos casos. 
Está associada a algum grau de deficiência mental podendo ser observada deformidade do 
crânio e da face (SHAFER, 1987; MCDONALD, 2001). 
 Segundo DESAI (1997), a Síndrome de Down foi a primeira síndrome descrita no 
homem e é atualmente a mais prevalente. 
No Brasil, sua incidência é de 1 a cada 600 nascimentos vivos (MUSTACHI, 1990) 
ocorrendo em maior porcentagem no sexo masculino. A idade materna é um fator de grande 
significância, observado em crianças nascidas de mulheres acima de 45 anos (SHAFER 
1987). 
 6 
Caso o cérebro da criança com síndrome de Down não atingir seu desenvolvimento 
funcional, resultará em dificuldades generalizadas afetando a capacidade de aprendizagem, 
linguagem, autonomia, motricidade e interação social (VARELLIS, 2005). 
Esses pacientes por sua vez podem apresentar algumas manifestações sistêmicas 
associadas à paralisia cerebral, tais como: epilepsia, podendo estar associada a crises 
convulsivas; desvio de inteligência, ocorrendo em 50% dos casos; deficiência visual precoce; 
dificuldades de aprendizagem a qual dependerá de um estímulo para ajudar a integrar-se na 
sociedade e dificuldade na fala e alimentação, devido ao hipodesenvolvimento do terço 
médio da face. 
Manifestações Bucais 
Em relação às alterações bucais, um alto índice de cárie, gengivite e periodontopatia 
são observados em Pacientes Especiais Portadores de Distúrbios Neuropsicomotores, isso se 
dá devido à falta de higienização e conscientização dos responsáveis no que diz respeito ao 
auxilio e orientação bucal frente a estes pacientes. VARELLIS, (2005). De acordo com 
MAKOWIECKY (1985), RISCART ET AL. (1989), MATHEUS (1992), NUM (1993), 
GRUPTA ET AL. (1993), WHYMAN ET AL (1995), MARTINS ET AL. (1995) E 
SCHIMIDT (1995) encontra-se um elevado índice de cárie e quantidade de placa bacteriana 
nesses pacientes em relação à população geral. GRUNSPUN (1966) cita que a uma maior 
prevalência da perda precoce dos dentes em indivíduos que apresentam desvios de 
inteligência. 
 GUEDES PINTO (2003) relata que as manifestações bucais em paciente doente 
mental variam de acordo com o grau de comprometimento neuropsicomotor e a conduta dos 
responsáveis, no que diz respeito ao auxilio do controle preventivo, evitando ou minimizando 
a maior incidência das doenças bucais, como cáries e doença periodontal, bem como 
maloclusões decorrentes de hábitos bucais deletérios. Quando a doença mental estiver 
associada à epilepsia, pode apresentar hiperplasia gengival devido ao desequilíbrio nos 
hábitos de higiene, renovação de fibroblastos e drogas que contenham difenilidantoína, 
fenobarbital e acido valpróico. 
 Pacientes portadores de paralisia cerebral possuem alto índice de cárie, devido à falta 
de coordenação motora, a qual leva a uma dificuldade de higienização e falta de 
conscientização de seus responsáveis pelos cuidados necessários. Outro fator que favorece 
não só a cárie como também a doença periodontal, é a dieta inadequada destes pacientes. A 
 7 
incapacidade neuro-muscular impede que tais pacientes façam uso de alimentos mais 
consistentes. Portanto a alta prevalência da doença cárie e periodontal estão relacionadas à 
dificuldade dos responsáveis em higienizar corretamente os dentes e a qualidade da 
alimentação com potencial cariogênico. Já, a presença de maloclusões relaciona-se com os 
distúrbios neuro-musculares e funções de respiração, mastigação e deglutição inadequadas. A 
maloclusão ocorre em função das ações musculares e da respiração bucal. O trauma oclusal e 
o bruxismo são ocasionados devido à contração muscular. 
 Na dentição decídua a hipoplasia de esmalte pode estar presente, já a hiperplasia 
gengival (gengivite dilantílica) é causada por medicamentos anticonvulsivantes à base de 
hidantoína. Em uma pesquisa envolvendo 1.048 pacientes que utilizavam anticonvulsivantes, 
PANUSKA et al(1996), observaram que grande porcentagem apresentava gengivite 
dilantílica. 
Os pacientes portadores de síndrome de Down possuem baixo índice de cárie dental. 
Entretanto apresentam algumas alterações, como palato ogival, língua fissurada, 
macroglossia, subdesenvolvimento da maxila com protrusão da língua, microdentes decíduos 
e permanentes, anadontia dos segundos pré-molares, Retardo de erupção, hipoplasia e 
hipocalcificação do esmalte dentário e as anomalias de forma, tamanho e número. 
 Abordagem odontológica 
CARDOSO (1995) relata a saúde oral do paciente especial está longe de ser satisfatória. 
MUGAYAR (2000) diz que é comum encontrar cirurgiões-dentistas que atendem gestantes 
ou pessoas portadoras de doenças sistêmicas. Já indivíduo com algum tipo de deficiência, 
principalmente mental, carece de profissionais capacitados. A alegação mais freqüente é a 
falta de preparo técnico para este tipo de atendimento, pela carência de treinamento durante a 
graduação. MORAES & PESSOTTI (1985); MORAES (1997) ressaltam que tratar os 
dentes de um paciente é uma maneira de se comportar profissionalmente diante de indivíduos, 
que além de problemas de saúde bucal, tendem a expressar comportamentos indicadores de 
medo, ansiedade e tensão emocional. 
Um dos aspectos mais inquietantes do tratamento odontológico aos pacientes portadores 
de distúrbios neuropsicomotores, é a relação que se estabelece entre o cirurgião dentista, a 
família e o paciente. Portanto, a anamnese apresenta um papel fundamental dentro da 
abordagem odontológica, através da qual o cirurgião dentista obtém informações do início da 
concepção do feto até aos acontecimentos atuais, onde é possível analisar a relação mãe e 
 8 
filho no aspecto psicossocial da patologia presente e na importância das técnicas para se 
criar um vínculo entre profissional-pais-paciente (CORRÊA PIRES, 2002). 
 Segundo GARGIONE (1998) o atendimento odontológico para pacientes especiais, 
pode ser feito em três modalidades: o normal; que é o atendimento em que existe a 
cooperação por parte do paciente, alternando somente o tipo de ambiente, instrumental e 
material odontológico a ser empregado; o condicionado, que emprega técnicas de 
demonstração com todo o aparato odontológico, para que o paciente saiba antes de ser 
atendido, o que será utilizado em sua boca, incluindo as vibrações e ruídos que farão parte do 
atendimento proposto; e sob contenção (mecânica, química, hipnose). Alguns pacientes que 
apresentam problemas graves no que se referem à cooperação e ao manejo devem ser 
considerados dentro do grupo com indicação para a contenção química e anestesia geral. 
O atendimento odontológico a pacientes portadores de distúrbios neuropsicomotores 
requer uma equipe multiprofissional, capacitada a interagir com esses pacientes através da 
tranqüilização verbal e condicionamento psicológico proporcionando um tratamento seguro, 
através da estabilização em pacientes com necessidade da contenção, evitando desta forma a 
hospitalização e o trauma psicológico do paciente e família. 
Condicionamento psicológico 
A dor, o medo, a ansiedade e o estresse influenciam negativamente o tratamento 
odontológico. WOLF (2002) refere a dor como uma experiência emocional e sensorial 
desagradável associada a um dano potencial ou real que ao produzir uma reação psicológica 
mais complexa, leva o indivíduo a concentrar atenção sobre o órgão dolorido, diminuindo seu 
interesse por todo o resto. A experiência da dor é subjetiva porque não envolve apenas o 
evento sensorial, mais pode evocar respostas e emoções variadas, como medo e ansiedade. 
FERNANDES (1960) cita que a palavra medo provém do latim “metus” e significa 
mesmo que terror, susto, pavor, receio. Segundo VARELLIS, (2005) o medo é um 
sentimento negativo com potencial de paralisar o ser humano. Conseqüentemente o cirurgião 
dentista é um profissional habituado a conviver com o medo que se seus pacientes podem 
sentir, podendo ele ser real ou imaginário. O medo real é aquele originado de experiências 
negativas, registradas na memória do paciente e o medo imaginário é aquele adquirido por 
ouvir histórias que familiares ou amigos contam sobre suas experiências. Nesse caso, o 
paciente imagina a situação e passa a temê-la. 
 9 
CABRAL (1971) relata que o medo é um estado emocional de agitação violenta, 
inspirada pela presença, real ou pressentida, de um perigo concreto. Portanto quando o 
indivíduo é inseguro, o medo o leva a reagir de forma instintiva por meio de ações de ataque 
ou fuga, quando não inibe sua capacidade de movimento. Já GRUNSPUN, (1966) entende 
que o medo é uma das principais forças motivadoras da conduta humana e um fator biológico 
de defesa e proteção, mas que não pode se tornar patológico em função da experiência de 
vida, trazendo perturbações de conduta, fobias e ansiedades. CABRAL (1971) cita que a 
ansiedade é um estado emocional desagradável e apreensivo, suscitado pela suspeita ou 
previsão de um perigo para a integridade do ego, mas que não está presente na realidade 
objetiva e que nem sempre é passível de descrição. Os sintomas psíquicos como tensão, 
nervosismo, inquietação e insegurança somam-se a sintomas somáticos como sensação de 
pressão no peito, dores musculares, dificuldades respiratórias, taquicardia, palpitações, 
tremores, sudorese, náusea, tontura, diarréia, etc. Essa sintomatologia funciona como 
mecanismo de alarme, porque sua manutenção, por período mais prolongado de tempo, pode 
levar o sujeito ao estresse. Segundo WOLF, (2002) o medo, a ansiedade e o estresse 
apresentam uns sinais e sintomas similares, chegando mesmo a serem confundidos em suas 
manifestações, o que demonstra a necessidade do cirurgião dentista ser capaz de identificar 
sua ocorrência e, também, de saber buscar soluções para reduzir os efeitos negativos, tanto 
em si, quanto em seus pacientes. 
MUGAYAR (2000) ressalta que uma importante contribuição da Psicologia diz 
respeito à qualidade dos vínculos e aos fenômenos vinculares presentes nos atendimentos 
odontológicos. CORRÊA, (2002) relata que para se obter um perfeito vínculo entre o 
profissional, paciente e seus responsáveis a abordagem psicológica é essencial na colaboração 
do paciente. Afirma que é importante durante a realização da anamnese, ao mesmo tempo em 
que conversamos com os pais, a observação da expressão do rosto do paciente a fim de notar 
seu interesse pela situação. Devemos lembrar que alguns casos, o paciente consegue ter uma 
comunicação verbal na qual temos que ter paciência e auxílio na comunicação do mesmo, não 
alterando o tom da voz e nem mesmo o nível de linguagem. GUEDES PINTO (2003) reforça 
a importância do condicionamento psicológico do paciente e do envolvimento familiar no 
durante o tratamento, para se estabelecer o vínculo (família/profissional/paciente) 
fundamental para o sucesso na intervenção odontológica. Cada paciente apresenta 
comportamento variado a cada consulta. Sendo que o mais importante é manter o paciente e 
sua família estimulados ao tratamento e que antes de iniciar o tratamento, é necessário que se 
 10 
faça um planejamento, a fim de observar as dificuldades que possam surgir durante a 
realização dos procedimentos, como por exemplo, o posicionamento do paciente na cadeira. 
Para que seja possível a realização de algum tipo de condicionamento, o profissional 
necessita reconhecer o perfil psicológico relacionando com a idade cronológica e cognitiva do 
seu paciente. 
LOWEY (1998) argumentou que medidas de comportamento e personalidade são 
"inexatas e controversas", havendo teorias a respeito do desenvolvimento da personalidade. 
 KALTENBACH (1999)relatou que o compreender e interpretar a personalidade do 
paciente seja fundamental em relação de confiança entre o cirurgião-dentista, paciente e 
família, pois ira favorecer um tratamento tranqüilo e com resultados positivos. 
Através destas referências é possível observar a necessidade da utilização da contenção 
física no tratamento odontológico e o auxilio do responsável ao paciente, além de uma equipe 
auxíliar odontológica bem treinada. 
Condicionamento: Contenção Física 
 Os métodos de contenção são, na verdade, formas auxiliares para que se possa 
viabilizar o tratamento odontológico. A contenção física pode ser feita com a utilização de 
faixas de pano, camisolas, coletes, ataduras, lençóis e outros artifícios. Indicado para 
pacientes cujos movimentos involuntários, constantes e desordens impedem seu 
posicionamento na cadeira odontológica, como por exemplo, deficientes mentais que não 
colaboram em virtude de seu precário estado mental e paralíticos celebrais, (MUGAYAR, 
2000). Uma outra forma que consiste na contenção física da criança pelos abraços da própria 
mãe ou responsável, desenvolvida como parte de uma ampla abordagem e que vem sendo 
empregada e defendida por um grupo bastante numeroso de profissionais. A criança é 
colocada sobre o colo da mãe em posição horizontal para tratamento, e é envolvida e contida 
em seus movimentos pelo “abraço”, ou pelos braços da mãe sobre seu colo. GUEDES 
PINTO (2003) cita que este tipo de método que o paciente é colocado no colo da mãe 
normalmente é utilizado em pacientes na faixa etária até os 3 anos e, que desta forma o 
posicionamento para o cirurgião dentista se torna incômodo. Outra forma de contenção da 
criança pela mãe, onde a mãe se posiciona na frente da criança, já instalada na cadeira 
odontológica, segurando com seu tronco as pernas da criança e com suas mãos as da criança, 
enquanto transmite carinho e segurança. 
 11 
Segundo MUGAYAR, (2000) as contenções devem ser seguras, com o tempo de uso 
limitado e não punitivas. Podem ser feitas por meios de dispositivos pré-fabricados, como por 
exemplo, “ped boad e ped warp” (Specialized Care Co., EUA). Lembrando que as contenções 
são recursos utilizados para procedimentos breves e sem muita demanda técnica, visando 
principalmente o conforto do paciente, sendo útil nos casos em que o paciente tem 
movimentos corporais involuntários. VARELLIS (2005) cita que a várias formas de 
contenção/ estabilização, dentre elas o estabilizador Godoy, que é capaz de fazer o 
posicionamento ou a estabilização do paciente em uma cadeira odontológica, sem causar 
traumas físicos ou psicológicos à saúde dos pacientes. É um método que proporciona 
estabilização em pacientes neurológicos que possuem movimentos involuntários 
(estereotipados) e também tem a vantagem de proporcionar a contenção em pacientes 
agressivos e pacientes sem nível de compreensão. De acordo com o dicionário 
(MICHAELIS) a contenção é um conjunto de meios empregados para manter na posição 
apropriada os órgãos que tendem a abandoná-la ou que tendem a separar-se nas fraturas. Já a 
estabilização significa equilíbrio, firmeza e segurança. 
Condicionamento Químico: Sedação consciente 
 De acordo com NEDER, (1980) o primeiro trabalho com uso de tranqüilizantes na 
Odontologia foi realizado em 1967, no Brasil pela sua equipe, e que nesta época, não era 
permitida ao cirurgião-dentista a prescrição de substancia controlada, e grande foi o trabalho 
desenvolvido com sua equipe que em 1968 foi liberado aos cirurgiões-dentistas o uso de 
pequenos tranqüilizantes, corroborados com a Portaria do serviço nacional de Fiscalização da 
medicina e farmácia, quando finalmente, inclusive tranqüilizantes maiores foram permitidos 
prescrever na Odontologia e que posteriormente, sucessivas Portarias do S.N.F.M.F. 
consolidaram esta conquista aos cirurgiões–dentista. NEDER (1980) também cita que os 
tranqüilizantes são drogas usadas para restabelecer a normalidade, suprindo a confusão 
mental, aliviando a ansiedade do paciente e a tensão nervosa, sem alterar a consciência, e 
ressalta que o uso de Benzodiazepínicos já estava sendo bastante usado na Odontologia nos 
casos de pacientes nervosos, crianças e pacientes excepcionas. Esse tipo de sedação induz ao 
sono por diminuir a tensão física e emocional. ELIAS (1995) diz que este tipo de sedação 
consciente ira permitir ao cirurgião-dentista realizar sua metodologia e promoção de 
tratamento, no paciente clinicamente comprometido, favorecendo sua saúde oral através da 
colaboração do paciente que estará em um estado de sedação e hipnose com drogas 
especificas em doses adequadas. Porém ANDRADE, (2000) em sua obra relata que nos dias 
 12 
de hoje, ao menos no Brasil, percebe-se que o cirurgião-dentista ainda demonstra certa 
insegurança no momento da escolha das soluções anestésicas locais ou na prescrição de 
medicamentos de uso odontológico, e ressalta que isso se deve ao fato de que a formação 
acadêmica deste profissional da saúde não incluiu em sua grade curricular a Disciplina de 
Farmacologia clínica. No entanto ELIAS (1995) cita a importância do conhecimento da 
farmacologia e dinâmica para o uso geral, sendo imprescindível à atuação em conjunto, do 
cirurgião-dentista com médico especializado, evitando assim possíveis riscos inerentes ao 
procedimento. Segundo D.H. ROBERTS (1995) a técnica da pré-medicação é o uso de 
drogas para sedar um paciente antes do tratamento operatório. Quando utilizada antes da 
administração de um analgésico local, tem o objetivo de deixar o paciente mais relaxado e 
cooperativo, mas que em geral este tipo de sedação não evita a dor e, por isso, a anestesia 
local não é dispensável. FOURNIOL (1998) cita que os medicamentos mais usados nos 
deficientes neuromotores ou mesmo qualquer paciente de outra especialidade odontológica 
são os benzodiazepinicos (diazepam), como exemplo o Valium e o Dienpan. Esses 
medicamentos são utilizados para alcançar a as contrações violentas, crises convulsivas e 
distúrbios comportamentais, diminuindo assim a ansiedade e o estresse. De acordo com 
GUEDES PINTO (2003) a sedação (analgésica) é um recurso importante a ser utilizado no 
comportamento de um paciente especial portador de distúrbios neuropsicomotores, porém a 
maioria destes pacientes faz uso de medicamentos que podem comprometer a intervenção 
odontológica, sendo desta forma necessário uma inter-relação com o médico do paciente, para 
obtenção da melhor posologia medicamentosa para cada caso, diminuindo os efeitos e 
conseqüente iatrogenia.GUEDES PINTO (2003) cita a analgesia inalatória obtida através do 
óxido nitroso (O2 /N2 O) descoberta desde 1844 por um cirurgião-dentista norte americano 
chamado Horace Wells, no inicio era aplicada apenas com óxido (N2 O) para o controle da 
dor com a finalidade de anestesia, porém utilizada com uma maior dose gás puro, pode 
causar um grande risco ao paciente deixando em um estado de inconsciência. Devido a este 
fator esta técnica aprimorou e, atualmente está empregada associada ao oxigênio (O2), com a 
finalidade principal de efeito relaxante e não com objetivo de anestésico. É utilizada em 
associação do anestésico local, a fim de obter o efeito desejado, tornando-se um excelente 
coadjuvante das técnicas de condicionamento psicológico. VARELLIS (2005) relata que a 
sedação inalatória consciente com a mistura de N²O/O² (óxido nitroso/ oxigênio) apresenta 
significativas vantagens em relação a outras vias de administração, sendo atualmente a 
técnica de sedação consciente mais segura para controle do medo e ansiedade isso este fato se 
deve a ação rápida e consequentemente, eliminação. Ressalta que esta técnica é utilizada após13 
o condicionamento psicológico. Quando utilizada em pacientes especiais salienta que irá 
envolver todos os aspectos do convívio entre o profissional e família que participam do dia-a-
dia desses pacientes, a fim de favorecer a eficácia, segurança e simplificação no atendimento 
odontológico. No entanto FOURNIOL (1998) diz que a analgesia inalatória obtida através do 
óxido nitroso (O2 /N2 O), provoca depressão do sistema nervoso e todas as sensações são 
atingidas. A função psicomotora diminui, assim como a incoordenação, mas a ataxia é 
evidente. Há alteração no ritmo cardíaco, porém, a pressão sangüínea arterial e venosa é 
insignificante e relata que o uso de óxido nitroso associado com oxigênio formara uma 
combinação chamada de protóxido de nitrogênio, com pequeno efeito depressor sobre o SNC. 
Ressalta que este tipo de sedação não dispensa o uso do anestésico local para no tratamento 
odontológico. 
Condicionamento: Anestésico Local 
Segundo BENNETT, (1977) os anestésicos locais são medicamentos que não tem 
praticamente nenhum efeito irritante, quando injetados nos tecidos, e que interrompem 
temporariamente a condução quando absorvido pelo nervo. ANDRADE (2000) ressalta que 
os anestésicos locais possibilitam um adequado controle da dor no período trans-operatório e 
até mesmo no período pós-operatório de acordo com as necessidades dos diferentes 
procedimentos odontológicos, além da grande margem de segurança clínica oferecida por 
estas drogas. VARELLIS (2005) cita que a escolha do anestésico para as diversas situações é 
extremamente importante uma vez que os paciente portadores de distúrbios 
neuropsicomotores utilizam algum tipo de medicamento, em alguns casos os 
anticonvulsivantes, portanto a anamnese é fundamental para a obtenção de informações 
importantes para o tratamento do paciente e escolha do anestésico a ser empregado. A 
interação com o médico especialista é importante para discutir a associação do medicamento 
na redução do efeito do anestésico. Segundo ANDRADRE, (2000) os agrupamentos químicos 
constituintes de cada anestésico local conferem características com relação á ação 
vasodilatadora e os tempos de latência e duração da anestesia. De acordo com a revisão de 
literatura pode-se notar que não há uma seleção do anestésico direcionado ao paciente 
portador de distúrbios neuropsicomotores, devido ao fato de que cada caso depende da 
anamnese e da inter-relação com o médico para poder realizar verificar a inter-relação 
medicamentosa a qual o paciente faz uso. O anestésico de eleição deve possuir vasoconstritor, 
pois o seu uso diminui a dosagem de aplicação e a toxicidade do agente anestésico, sendo o de 
 14 
eleição a prilocaína com vasoconstritor (Citocaína, Citanest, Biopressin). Recomenda-se 
evitar anestésicos com adrenalina ou seus derivados. 
Condicionamento: Anestesia Geral 
Conforme FOURNIOL, (1998) o atendimento de pacientes especiais em ambulatório 
são muitas vezes indicados, quando o paciente necessita de recurso tanto de urgência como de 
emergência devido seu grau de severidade ou problemas sistêmicos que o paciente venha ter. 
Pode causar algum tipo de risco ao paciente quando realizado o tratamento no consultório, até 
mesmo porque alguns pais sentem-se mais seguros quando o tratamento é empregado no 
ambulatório. Entretanto GUEDES PINTO (2003) cita que o tratamento dentário sob 
anestesia geral tem provocado, ao longo do tempo varias críticas e reflexões. Este tipo de 
técnica é indicada para os casos onde o paciente apresenta um grau de dificuldade intelectual 
severa (doente mental severo), quando o paciente tem algum tipo de problema sistêmico ou 
anomalia congênita que justifique o uso da anestesia geral. Também é indicada quando o 
paciente tem alergia ao anestésico local. Ressalta que a anestesia geral na Odontologia tem 
um importante papel desde que haja a real necessidade e não simplesmente usada como um 
meio mais fácil para se resolver o problema imediato. Segundo VARELLIS (2005) o 
tratamento odontológico, quando submetido à anestesia geral, poderá ser realizado por médico 
anestesiologista em um ambiente hospitalar para segurança do paciente. 
 PROGRAMA DE HIGIENE BUCAL 
ELIAS, (1995) relata que o cirurgião-dentista deve instituir um programa de saúde 
bucal não somente ao paciente, mas também aos responsáveis para receberem instruções da 
técnica de escovação adequada e do uso do fio dental. Dependendo do caso, há necessidade de 
utilizar adaptador na escova dental para facilitar a higienização do paciente. Salienta que a 
fisioterapia e a terapia ocupacional são responsáveis por desenvolver a parte motora do 
paciente e analisar o tipo de adaptação necessária para determinada patologia. 
PETTY E PRETTO (1997) ressaltaram que para auxiliar os pacientes em suas 
necessidades de manter e buscar saúde é fundamental conhecer a realidade em que vive; o 
modo de vida, crenças, valores, anseios; sua organização na comunidade; a solução dos 
problemas individuais e coletivos, suas doenças e tratamento, como usam o corpo; o conceito 
de qualidade de vida e a expectativa de ter doença ou saúde. 
 15 
A falta de programas preventivos e curativos aos pacientes portadores de necessidades 
especiais é unânime entre os autores (ELIAS, 1995; FOURNIOL, 1998; MUGAYAR, 
2000; GUEDES PINTO, 2003 e VARELLIS, 2005) 
 
 
 
 
DISCUSSÃO 
 Segundo a Organização Mundial da Saúde, (2000) a população brasileira consiste em 
torno de 160 milhões de habitantes sendo que 15% apresentam algum desvio da normalidade, 
o que faz com que esses indivíduos tenham necessidades especiais. No entanto, o Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) considera que 10% da população têm 
necessidades especiais, aproximadamente 3% recebe atendimento odontológico (VARELLIS, 
2005). 
 De acordo com WALDMAN, (1989) são considerados pacientes odontológicos 
especiais, por necessitarem de um atendimento diferenciado e direcionado as suas 
deficiências. Esses pacientes de uma maneira geral, além das dificuldades enfrentadas em 
virtude de uma condição de incapacitante, sofrem discriminação pela sociedade, pelos 
profissionais de saúde e até mesmo, por seus familiares. 
 Nota-se que ainda não se sabe a porcentagem exata do número de pacientes com 
necessidades especiais na população, além de observar que o atendimento odontológico a eles 
se torna ainda muito precário. 
 CARDOSO (1995) cita que nas últimas décadas, tem havido significativa melhora na 
saúde oral da sociedade. Entretanto MUGAYAR, 2000 cita que quando se trata de paciente 
especial, a saúde oral ainda está longe de ser satisfatória e relata que é mais fácil encontrar 
cirurgiões-dentistas que concordem em atender gestante ou pessoas portadoras de doenças 
sistêmicas que os indivíduos com algum tipo de deficiência, principalmente mental. 
 Segundo GARGIONE (1998) o atendimento odontológico em pacientes especiais, 
pode ser feito em três modalidades, o atendimento normal, em que existe na cooperação por 
parte do paciente, alternando-se somente o tipo de ambiente, instrumental e material 
odontológico a ser empregado; o condicionado, através da utilização de técnicas de 
 16 
demonstração do aparato odontológico, para que o paciente saiba antes de ser atendido, o que 
será utilizado em sua boca, incluindo as de vibrações e ruídos que farão parte do atendimento 
proposto; e sob o atendimento sob contenção (mecânica, química, hipnose), alguns pacientes 
que apresentem problemas graves no que se refere à cooperação e ao manejo devem ser 
considerados dentro do grupo com indicação para a contenção química e anestesia geral. Mas 
MUGAYAR, (2000) alega a falta de preparo técnicodo cirurgião-dentista frente às esses 
pacientes, pois não tiveram treinamento para o atendimento de pacientes portadores de 
distúrbios neuropsicomotores durante o curso de graduação. 
 Apesar de MORAES & PESSOTTI, (1985) citar que além de problemas de saúde 
bucal, os pacientes expressam também comportamentos indicadores de medo, ansiedade e 
tensão emocional. LOWEY (1998) argumenta que medidas de comportamento e 
personalidade são "inexatas e controversas", havendo teorias a respeito do desenvolvimento 
da personalidade. KALTENBACH (1999) relata que o compreender e interpretar a 
personalidade do paciente é fundamental para a relação de confiança entre o cirurgião-
dentista, paciente e família, uma vez que favorece um tratamento tranqüilo e com resultados 
positivos. CORRÊA PIRES (2002) cita a importância da criação do vínculo com paciente e a 
família para realização de técnicas de condicionamento no tratamento odontológico com o 
paciente especial de forma segura. MUGAYAR, (2000) descreve uma técnica de contenção 
física, realizada pela mãe com a criança em seu colo e abraçada, para que o tratamento 
odontológico seja realizado. No entanto GUEDES PINTO (2003) relata que este tipo de 
contenção física é realizado em crianças até a faixa etária dos 3 anos de idade. VARELLIS 
(2005) reforça que este tipo de contenção poderá causar um trauma físico e psicológico ao 
paciente. No entanto MUGAYAR (2000) ressalta que esta contenção somente é realizada 
após condicionamento verbal e psicológico para que a criança não sofre nenhum trauma 
psicológico. 
 Quanto ao anestésico ou medicamento prescrito ao paciente portador de distúrbio 
neuropsicomotor, os autores (ELIAS, 1995; FOURNIOL, 1998; MUGAYAR, 2000; 
GUEDES PINTO, 2003 e VARELLIS, 2005), ressaltam que a relação do cirurgião-dentista 
com o médico especialista é fundamental para a segurança dos pacientes, uma vez que fazem 
uso de medicamentos diversos. Entretanto ANDRADE, (2000) relata que que o cirurgião-
dentista ainda demonstra uma certa insegurança no momento da escolha das soluções 
anestésicas locais ou na prescrição de medicamentos de uso odontológico. 
 17 
 Os autores (ELIAS, 1995; FOURNIOL, 1998; MUGAYAR, 2000; GUEDES 
PINTO, 2003 e VARELLIS, 2005) sugerem a criação de Programas de saúde bucal ao 
paciente portador de necessidades especiais, visando à integração multiprofissional e familiar, 
além de estar proporcionar sua integração plena à sociedade. 
 
 
 
 
CONCLUSÃO 
 É de extrema importância que o cirurgião-dentista reconheça os diferentes grupos de 
pacientes portadores de distúrbios neuropsicomotores para poder proporcionar uma 
abordagem odontológica especifica. 
 O vínculo entre o cirurgião-dentista, paciente, família e medico é fundamental para 
viabilizar o sucesso do tratamento. 
Nos últimos anos a odontologia para pacientes portadores de distúrbios 
neuropsicomotores, vem aprimorando as técnicas de contenção mecânica através da utilização 
de equipamentos específicos que oferecem maior conforto e estabilidade ao paciente além de 
possibilitar em muitos casos a eliminação da anestesia geral para o tratamento. 
 Destacamos a necessidade de criar programas odontológicos para recuperar e manter a 
saúde bucal do paciente com necessidades especiais, buscando a redução de atendimentos sob 
anestesia geral, através da conscientização de sua família e interação profissional - paciente - 
família e equipe multiprofissional. 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 
ALVES REIS, G. E.; ACERBI GOES, A.; MALHÃES GALHOTINI,C. H. M.; Estudo 
Epidemiológico dos Pacientes Portadores de deficiência Neuropsicomotora Atendidos. Rev. 
Odontologia e Sociedade. v.3, nº1/2 p. 8-12, Fev/mar. 2001. 
BENNETT, R.C. Monheim anestesia Local e controle da dor em Odontologia, 5. Edição, 
Guanabara Koogan, Rio de Janeiro,1974. 
 18 
CABRAL, A. Dicionário de Psicologia e Psicanálise. Rio de Janeiro,: Expressão e Cultura, 
1971. 
CORRÊA PIRES, N. S. M; Atendimento Odontopediátrico Aspectos Psicológicos. 1. edição, 
Santos,São Paulo, 2002, p 529-534. 
DESAI. S. S. Down syndrome. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radio Oral Endod, 
v. 84, n. 3, p. 279-285, 1997. 
EISENBERG, L. S. The Care and treatment of Handicapped Children. Journal of Dentistry 
for Children, july/aug.,1976. 
FERNANDES,F. Dicionário Brasileiro Contemporâneo 2.ed. Porto Alegre: Globo, 
1960. P.1143 . 
 FERRAZ , B. H.; ANDRADE, L.A . F.; Doença de Parkinson . Rev . Diagnostico & 
Tratamento. v.2, n. 1,Jan/Fev. 1997, p 33-36. 
FOURNIOL, A. F. , Pacientes especiais e a odontologia. 1. ed.,Santos, São Paulo, 1998. 
GUEDES PINTO, A. C., Odontopediatria. 7. ed.,Santos, São Paulo: 2003. 
GRUNSPUN, H. Distúrbios psiquiátricos da criança. 2.ed. Rio de Janeiro, Atheneu, 1966. 
p. 609. 
GRUPTA, D. P.; CHOWDHURY,R.; SARKAR,S. Prevalence of dental caries in 
handicapped children of Calcutta. J Indian Soc Pedod Prev Dent. 1993 Mar;11(1):23-7. 
KALTENBACH R.F. Psychological aspects of pain. J Dent Pediatric, Houston, USA v 6, 
n.4,p.67-9. 
LOWEY G.H. Growl and development of children, ed. 8, Year Book Medical, Chicago, p. 
456-79, 1998. 
MAKOWIECKY, N. Índice CPOD de 196 excepcionais de 06 a 20 anos de idade, ambos os 
sexos, submetidos a anestesia geral para tratamento odontológico. Rev. Cienc. Saúde. 1/2, 
47-57, 1985. 
MARTINS, L.; MARKS, L.; DECLERCK, D.; et al. Oral hygiene of handicapped subjects in 
Flanders. Rev. Belg. Med. Dent. 3, 25-34. 1995. 
MATHEUS, W. O. Levantamento das condições de cárie e doença periodontal do 
paciente portador de Síndrome de Down institucionalizados na APAE- RJ. 1992. 
Dissertação de (Mestrado, Rio de Janeiro) - Faculdade de Odontologia, Universidade Federal 
do Rio de janeiro. 
McDONALD, R. E.; AVERY, D. R. Odontopediatria. 7. Ed. Rio de Janeiro. Guanabara 
Koogan, 2001, p.601. 
 19 
MUGAYAR, F. R.L; Pacientes portadores de necesidades especiais: manual de 
odontología e saúde oral. São Paulo, Pancast,2000. 
MUSTACHI, Z.; ROZONE, G. Síndrome de Down aspectos clínicos e odontologicos. 4.ed. 
São Paulo. CID Editora, 1990. p.248. 
NEDER, NUNN J.H., GORDON P.H., CARMICHAEL C.L. Dental disease and current 
treatment needs in a group of physically handicapped children. Community Dent Health. 
Dec;10(4), p. 389-96. 1993. 
PETTRY, Paulo C., Pretto, Salete Maria. Educação e Motivação em Saúde Bucal. In: Kriger, 
Léo.: Promoção de Saúde Bucal. São Paulo: Artes Médicas,1997. 475 p., p. 364-370. 
RISCART, B.M.; BRONSON, R.Y.;GONZALES, ED. Estudo comparativo de la actividad 
cariogénica entre niños deficientes mentales y sanos. Medicentro l, p. 154-159.1989. 
PANUSKA, H. J. et alli. The effect of anticonvulsivant drugs upon the gigiva. J. Periodont., 
31(5):336-44, Oct. 1960. 
SERPA, A. M. Pacientes especiais: quem são e como trata-los. Revista SINOG, n.º170, p. 08 
novembro/dezembro,2000. 
SHAFER W. G.; HINE, M.K.; LEVY, B. M. Tratado de Patologia Bucal, 4 ed. Rio de 
Janeiro. Guanabara Koogan, 1987.ET AL., 1987, p. 837. 
SCHIMIDT, M.G. Avaliação da cárie dentária, níveis salivares de Estreptococos do 
grupo Mutans e capacidade tampão da saliva em crianças portadoras de Síndrome de 
Down na faixa etária de 6 a 14 anos. Dissertação em Mestrado, São Paulo, Faculdade de 
Odontologia da Universidade de São Paulo, 1995. 
VARELLIS, M. L. Z., O Paciente com Necessidades Especiais na Odontologia- Manual 
Prático. 1. ed., Santos, São Paulo, 2005. 
WALDMAN, H.B.special Pediatric Population Grups and Their Use of Dental Services, 
Journal of dentistry for Children, v. 56, p. 211-15, may/june,1989. 
WHYMAN, R. A.; TREASURE, E.T.; BROWN. R. H.; MACFADYEN, E. E.. The oral 
health of long-term residents of a hospitalfor the intellectually handicapped and 
psychiatrically ill. N Z Dent J. 1995 Jun;91(404):49-56. 
WOLF , S. Psicologia no consultório odontológico 2 ed. - São Paulo - Arte & Ciência 
Editora - 2002 - 174 p. 
 
 
 
 
 20

Outros materiais