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TRABALHO FABIO VERSAO FINAL 17 03 18

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ACADEMIA DE POLÍCIA INTEGRADA CORONEL SANTIAGO
CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE SARGENTOS – CAS QPC PM
CLAUDIONOR CÍCERO DE SOUZA
DANIELLE CRISTINA FERREIRA DA SILVA
PATRICIA MESQUITA BARBOSA
GESTÃO PÚBLICA, ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA
BOA VISTA – RR
2018
CLAUDIONOR CÍCERO DE SOUZA
DANIELLE CRISTINA FERREIRA DA SILVA
PATRICIA MESQUITA BARBOSA
GESTÃO PÚBLICA, ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA
Trabalho apresentado à Academia de Polícia Integrada Coronel Santiago como parte integrante da disciplina de Gestão Pública, Orçamentária e Financeira do Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos QPCPM, para obtenção de nota avaliativa.
INSTRUTOR: 2º TEN QOC PM Alan Piero Sartório
BOA VISTA – RR
2018
INTRODUÇÃO
Dada a importância de fazer uma boa gestão nos processos e procedimentos, a Administração Pública deve obedecer ao conjunto de regras e princípios com a finalidade de prestar um serviço público mais efetivo, com qualidade e dentro das normas legais.
Nesse sentido, apresenta-se dentro da estruturação da Administração Pública - a Administração Direta, Administração Indireta, Entidade Sociais e entidades delegadas. 
Além disso, para uma boa gestão, deve-se seguir alguns princípios básicos que norteiam e orientam os agentes e Administração Pública no desempenho de suas atividades, destacam-se os seguintes: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência. Também existem alguns princípios implícitos na constituição como o da Finalidade que está ligado ao princípio da impessoalidade e também o princípio da Razoabilidade e Proporcionalidade. 
O trabalho também busca tratar sobre os tipos de orçamentos públicos e sobre os requisitos necessários para o processo de licitação e suas exceções.
1.	ESTRUTURA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Quaisquer que sejam as formas de governo ou organização política, em todos os países existe uma Administração Pública. A Administração Pública permite aos governantes cumprir as funções do governo com planejamento, organização, direção e controle dos serviços públicos, visando a satisfação do bem comum, ou seja, atender as necessidades coletivas conforme os princípios da Administração Pública.
A forma de organização para execução da Administração Pública no Brasil se divide em duas formas, são elas: Administração Pública direta ou centralizada e Administração Pública Indireta ou descentralizada. Relacionado a estas formas de administração, estão as entidades autônomas e as entidades delegadas.
1.1	Administração Direta ou centralizada
É a administração mediante a ação dos próprios órgãos do Estado, não possui personalidade jurídica e é composta por entidades estatais (União, Estados, Municípios e Distrito Federal) na qual realizam suas tarefas de forma direta, existindo uma centralização administrativa nos serviços prestados. Os órgãos públicos são instituídos para desempenho das funções estatais, por meio de seus agentes.
Possuem autonomia política, financeira e administrativa. Em âmbito federal é integrado na sua estrutura administrativa a Presidência da República e os ministérios. Em âmbito Estadual são integrados o Governo e as Secretarias de Estado. Em âmbito Municipal é integrada a Prefeitura e as Secretarias Municipais. Esses órgãos não possuem personalidade jurídica própria, o que significa que eles não têm um número de CNPJ (cadastro nacional de pessoas jurídicas). Pertencem a Administração Direta os poderes: 
•	Legislativo: elabora as leis, fiscaliza e controla os atos do poder executivo. 
•	Executivo: converte a norma abstrata em concreto - presta serviços públicos. 
•	Judiciário: aplica as normas e julga de acordo com as regras estabelecidas pela Constituição e pelas leis criadas pelo poder legislativo. 
1.2	Administração Indireta ou descentralizada
É constituída por várias entidades dotadas de personalidade jurídica própria, em que a Administração Direta descentraliza sua atuação, delegando competências e transferindo atividades administrativas a essas pessoas jurídicas por meio de uma lei, fazendo com que as mesmas executem serviços públicos ou de interesse público. Possuem autonomia financeira e administrativa, mas não política, visto que estão vinculados aos Órgãos de Estado que o originou.
São características comuns nas entidades da administração indireta: autonomia, personalidade jurídica, patrimônio próprio, são descentralizadas, efetivada por outorga ou delegação.
Pertencem a Administração Indireta as Autarquias, Fundações (de direito público e privado) ou entidades paraestatais como: empresas públicas, sociedades de economia mista, na qual se caracteriza como pessoas jurídicas de direito público ou privado e as agências reguladoras.
	Entidade Administrativa
	Criação
	Natureza Jurídica
	Características
	Exemplos
	Autarquias
	Criadas por lei
	Direito Público
	-Função: Prestação de serviços sociais e atividade administrativa; 
-Imunidade tributária;
-Bens impenhoráveis;
-Possui patrimônio e receitas próprias;
-Contratos por licitação;
- Autonomia administrativa, financeira e orçamentária;
- Regime de pessoal estatutário
-Não podem legislar, nem explorar atividades econômicas
	INSS, BACEN, DETRAN, IBAMA, USP, INCRA, DNIT
	Fundações públicas de direito público
	Criadas por lei
	Direito Público
	- Criada no molde de uma autarquia;
- Função: Prestação sem fins lucrativos de: assistência social; médica e hospitalar; educação e ensino; pesquisa; atividades culturais;
-Regidas por norma de direito público;
- Necessita de lei complementar para especificar seu campo de atuação;
-Contratos por licitação;
- Autonomia administrativa e financeira;
-Regime de pessoal estatutário;
- Possui caráter social sem fins lucrativos
	IBGE; FUNAI; FUNASA
	Fundações públicas de direito privado
	Autorizadas por lei
	Direito Privado
	-Função: Prestação sem fins lucrativos de: assistência social; médica e hospitalar; educação e ensino; pesquisa; atividades culturais;
- Regidas por normas de direito privado, podendo ser submetida as normas de direito público (Hibrido);
-Regime estatutário celetista;
	Fundação João Pinheiro; Fundação Clóvis Salgado;
	Empresas públicas
	Autorizadas por lei
	Direito Privado
	-Capital totalmente público;
-Constituída para prestação de serviços públicos ou exploração de atividades econômicas
- Submete-se as normas de direito público (Hibrida);
	Caixa Econômica Federal; Correios; EMBRAPA, INFRAERO; Casa da Moeda
	Sociedades de Economia Mista
	Autorizadas por lei
	Direito Privado
	- Capital público e privado e sob a forma jurídica exclusiva de S/A;
- Regime de pessoal: Celetista
- Permite o Estado atuar no domínio Econômico por meio da figura excepcional de agente econômico.
-Submete-se as normas de direito público (Hibrida);
	Petrobras; Banco do Brasil; 
1.3	Entidades Autônomas
São entidades dotadas de personalidade jurídica de direito privado com autorização da lei para prestarem serviços ou realizarem atividades de interesse público ou da coletividade. São conhecidos como serviços sociais autônomos, mantidas e administradas pela Confederação Nacional das Indústrias ou Comércio. Para arrecadação de recursos, suas fontes de rendas decorrem das empresas, que possuem um percentual recolhido junto as contribuições previdenciárias, denominando o conceito de modalidade tributaria chamada contribuição social. Por receberem recursos públicos, estão submetidas ao controle da Administração Pública e tribunais de contas.
São entidades autônomas administrativa e financeiramente, com patrimônio próprio, estando sujeitas as normas do direito público. Tem-se como exemplos: SESI, SESC, SENAC, SENAI entre outros.
1.4	Entidades Delegadas
São aquelas entidades que estão prestando serviço por meio de delegação, onde o Estado transferiu aos concessionários (comunicação), permissionários (transporte)e autoritários (energia) apenas a execução temporária de determinado serviço. Exemplos: 
A descentralização administrativa possui dois modos de efetivação. Ela pode ser efetivada por meio de outorga, ocorre quando o estado cria por meio de uma lei a entidade ou pessoa jurídica, transferindo determinado serviço. De outro modo, a descentralização poderá ocorrer por meio de delegação, que ocorre quando a transferência de execução de serviço se dá por meio de contrato administrativo (concessão ou permissão para realizar serviços públicos) ou mediante ato unilateral (autorização de serviços públicos).
2.	PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Segundo a Constituição Federal, art. 37, a Administração Pública seja ela direta e indireta devem se submeter aos princípios da Administração Pública para um bom desempenho das suas atividades, conhecidos como LIMPE: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. 
Outros princípios também devem ser seguidos na Administração Pública que estão implícitos na Constituição Federal, são eles: princípio da finalidade (interesse público) e princípio da razoabilidade e proporcionalidade. 
2.1	Legalidade
Conforme estabelece a Constituição Federal em seu artigo 5º, II, “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Significa dizer, que nesse princípio a Administração Pública só poderá ser exercida se tiver em conformidade com a lei. Nesse caso, o administrador nas suas ações deve agir conforme dispõe a lei. 
Na Administração Pública deve-se fazer o que a lei autoriza diferente da esfera particular, que realiza ações que a lei não proíbe (autonomia). Caso esse princípio não seja respeitado, as pessoas estão sujeitas apena de improbidade administrativa e responsabilizar-se administrativa, civil e criminalmente ao praticar um ato inválido. Constitui improbidade administrativa atos que importam em enriquecimento ilícito, causam prejuízo ao erário e atentam contra os princípios da Administração Pública.
2.2	Impessoalidade – Aos administrados e à Administração.
Nesse princípio, a Administração Pública deve manter uma posição de neutralidade, não podendo prejudicar nem favorecer quem quer que seja por interesse pessoais ou de terceiros. Deve-se buscar atender aos interesses públicos, sem discriminação, distinção ou aversões pessoais ou partidárias. Ações ilícitas caracterizam abuso de poder e desvio de finalidade.
Na definição do princípio da impessoalidade, surgiram duas correntes: Impessoalidade relativa aos administrados e Impessoalidade administrativa a administração. A impessoalidade relativa aos administrados trata-se de atos pessoais para fins próprios, ou seja, não pode haver favorecimento de ninguém. Por outro lado, a impessoalidade relativa à administração, refere-se aos atos impessoais se originam da administração, não importando quem os tenha praticado, ou seja, os atos são dos órgãos e não dos agentes públicos. Nesse caso, esse princípio é aplicado para exclusão de promoção pessoal de autoridade ou serviços públicos sobre as relações administrativas. 
2.2.1	Finalidade (Interesse público)
A finalidade é um princípio constitucional implícito que pertence ao princípio expresso da impessoalidade, especificamente na corrente impessoalidade relativa à administração. Todos os atos da Administração devem perseguir a finalidade de interesse público.
2.3	Moralidade
Trata-se de seguir padrões éticos na conduta ao atuar dentro da Administração Pública. O Agente público deve ser capaz de distinguir o bem do mal, a honestidade da desonestidade, legal do ilegal, justo do injusto, conveniente do inconveniente e o oportuno do importuno. Os atos executados deverão obedecer a lei jurídica (princípio da legalidade) em conjunto com as leis éticas da própria instituição (Código de ética e Conduta). Nem tudo o que é legal é moral. 
São Exemplos de imoralidade administrativa: 
•	Atos de improbidade administrativa que importem em enriquecimento ilícito (art. 9º da Lei 8429/92). Ex: Utilização em obra ou serviço particular, de veículos, materiais ou equipamentos públicos.
•	Atos de improbidade administrativa que importem em prejuízo ao erário (art. 10 da Lei 8429/92). Ex: Aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço superior ao do mercado.
•	Atos de improbidade administrativa que atentem contra os princípios da Administração (art. 11 da Lei 8429/92). Ex: Fraude à licitude de concurso público.
É crime de responsabilidade o ato do Presidente da República que atente contra a Constituição Federal, especialmente contra probidade administrativa (art. 85, V da CF).
2.4	Publicidade
Este princípio busca conferir transparência dos atos, contratos ou instrumentos praticados pela Administração Pública, armazenando informações em bancos de dados e tornando as informações acessíveis aos cidadãos (ex. Diário oficial, editais, portal da transparência, divulgação dos salários de servidores públicos, etc.).
Em regime de exceção, algumas informações são sigilosas e devem ser mantidas e preservadas em razão da segurança da sociedade e do Estado. Essa transparência confere a possibilidade de qualquer pessoa questionar e controlar toda a atividade administrativa, afinal essas atividades são de interesse público.
2.5	Eficiência
Buscando manter e ampliar a qualidade dos serviços prestados, a Administração Pública deve aplicar o princípio da eficiência, evitando desperdícios e buscando a excelência, presteza, perfeição e bons rendimentos.
Os recursos devem ser otimizados no sentido de “fazer mais com menos (economia de despesas)”, evitando desperdícios, ou seja, devem haver relação entre a qualidade dos serviços e a racionalidade dos gastos na obtenção dos resultados através do controle dos meios.
 
2.6	Razoabilidade e proporcionalidade
Esses princípios encontram-se implícitos na Constituição Federal. A Administração deve de modo razoável e proporcional. Os poderes concedidos a administração devem ser exercidos na medida necessária ao atendimento do interesse coletivo, sem exageros/excessos (proporcionalidade) e com coerência e bom senso (razoabilidade). Devem ser estabelecidas limitações ou condicionamentos ao exercício de direitos e atividades individuais impondo obrigações ou aplicam sanções. 
São levados em consideração alguns aspectos para avaliação da razoabilidade como: adequação (o meio utilizado é adequado para atingir o fim?), necessidade (há outra medida menos restritiva produza resultado e a mesma eficácia?) e proporcionalidade (os benefícios superam os prejuízos?)
 
3.	TIPOS DE ORÇAMENTO
O orçamento público é um documento legal que contempla previsão de receitas e a estima de despesas a serem realizadas por um governo em um determinado exercício. Deve ser um documento capaz de orientar decisões, alcançar os objetivos pretendidos, materializar as ações pensadas e programadas, fixar período determinado (anual ou plurianual), identificar previamente os recursos disponíveis e mobilizáveis, entre outros. Logo, o orçamento é um instrumento de grande importância na gestão de recursos públicos.
3.1	Orçamento Clássico ou Tradicional
A distribuição de recursos toma como base os dados históricos de recursos gastos em anos anteriores, não em função do que se pretende realizar. Há uma preocupação exagerada com o controle de gastos, principalmente no detalhamento das despesas, deixando de lado a implementação de novas ações ou políticas. 
É um tipo de orçamento simplificado, baseado nos levantamentos do que o governo receberia e o quanto gastaria para manutenção das atividades existentes. O orçamento Tradicional tem como principal característica o atendimento necessidades de custeio já existentes, com ênfase nos gastos e não na realização.
3.2	Orçamento de Desempenho ou de Realizações
Neste tipo de orçamento, passou a ser mais relevante o que o governo faz do que as compras que realizam, mesmo assim há desvinculação entre planejamento e orçamento. Nesse caso, o governoqueria mostrar apenas suas realizações, sem levar em consideração as prioridades e o planejamento necessário para atingi-las. É baseado no desempenho da instituição no ano anterior.
O orçamento de desempenho é o processo orçamentário caracterizado em duas dimensões do orçamento: o objeto de gasto e um programa de trabalho, contendo as ações desenvolvidas.
3.3	Orçamento-Programa
Trata-se de orçamento por meio de programas apropriado para as necessidades atuais, devendo ser destacado o planejamento de objetivos e metas em função daquilo que pretende realizar no futuro, bem como estabelecimento de diretrizes. Atualmente, é o modelo aplicado no Brasil, onde existe previsão legal de total vinculação entre planejamento e orçamento. Possui ênfase no objetivo do gasto, no que vai se realizar e não no que gasta.
A Constituição federal constitucionalizou o orçamento-programa no Brasil. No art. 165 da CF, as leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e os orçamentos anuais.
O Plano Plurianual (PPA) refere-se ao plano de médio prazo, onde as ações do governo são programadas para um período de 04 (Quatro) anos, essas ações devem ser ordenadas de modo a levar ao alcance dos objetivos e metas estabelecidas. 
A Lei de Diretrizes orçamentárias (LDO) estabelece um orçamento anual, adequado as diretrizes, aos objetivos e as metas da Administração Pública estabelecidos no plurianual.
A Lei do Orçamento Anual (LOA) objetiva viabilizar a realização das ações planejadas no plano plurianual e transformá-las em realidade. Deve ser elaborada de forma compatível com o plano plurianual, com a lei de diretrizes orçamentárias e com as normas da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
As principais características do orçamento-programa são: integração, planejamento, orçamento; quantificação de objetivos e fixação de metas; relações insumo-produto; alternativas programáticas; acompanhamento físico-financeiro; avaliação de resultados; e gerência por objetivos.
4.	LICITAÇÃO
4.1 Previsão da licitação na CRFB
A Lei Nº 8.666/93 em seu art. 1º estabelece normas gerais sobre licitações e contratos administrativos no âmbito dos poderes da União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Também se subordinam ao regime da lei, os fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
A licitação trata-se de um processo administrativo destinado a garantir e selecionar a proposta de contrato mais vantajosa para administração, assegurando igualdade de condições a todos os concorrentes em conformidade com os princípios básicos.
Os princípios que regem a Administração Pública exigem que a concessão de serviços públicos seja precedida de licitação pública. Existem algumas ressalvas de obrigatoriedade de licitações em determinados casos especificados na legislação conforme mostra o artigo 37, inciso XXI da Constituição Federal:
 “Ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações”.
4.2 Diferença de dispensa e inexigibilidade de licitação
A característica principal que diferencia dispensa de inexigibilidade de licitação, é que no processo de dispensa, há viabilidade de competição. 
No processo de dispensa deverá conter no mínimo três cotações. Se não houver esse quantitativo mínimo, deverá ser apresentada justificativa. Algumas peculiaridades fundamentam as dispensas como: valores muitos baixos para promover uma licitação, objetos e pessoas marcados por um aspecto singular ou extraordinário. 
Para os casos de inexigibilidade, torna-se inviável uma licitação quando se tratar de fornecedor único, ou de serviço de notória especialização ou setor artístico. Nesse caso, não há competição impossibilitando a realização de processo licitatório. 
4.3 Hipóteses de dispensa de licitação
4.3.1 Dispensa em razão do valor
A dispensa em razão de valor justifica-se na medida em que as pequenas contratações emperrariam a atividade administrativa. Devido ao pequeno valor da contratação não justifica gastos com a realização de processo licitatório. Deve-se ter o cuidado nas contratações por objetos de mesma natureza ou complementares, afim de evitar dispensas irregulares fundamentadas em contratações parceladas. 
Não se pode parcelar o objeto cujo valor total ultrapassa o limite de dispensa, em duas ou mais contratações, pois este tipo de ação caracteriza fracionamento indevido, consequentemente, será identificado fraude no dever de licitar. Normalmente essas contratações se referem Materiais, produtos, serviços, obras de pequeno valor, que não ultrapassem o valor estimado por lei para esta modalidade de licitação.
Conforme demonstra o art. 24, inciso I e II da lei Nº 8.666/93, é indispensável a licitação: 
I - para obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea "a", do inciso I do artigo anterior [10% de R$150.000,00], desde que não se refiram a parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente;
II - para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea "a", do inciso II do artigo anterior [10% de R$80.000,00] e para alienações, nos casos previstos nesta Lei, desde que não se refiram a parcelas de um mesmo serviço, compra ou alienação de maior vulto que possa ser realizada de uma só vez;
Esse percentual será de 20% (vinte por cento) para obras e serviços contratados por Sociedades de Economia Mista, Empresas Públicas e Agências Executivas.
4.3.2 Situação calamitosa
A calamidade pública configura-se diante de situações de grave perigo ou de dano. Como exemplos tem as situações de inundações, vendavais, etc. A situação caótica deve ser declarada pelo chefe do poder executivo para que seja levantada a hipótese de contratação direta. 
No art. 24, inciso IV da lei Nº 8.666/93 é dispensável a licitação:
Nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente para os bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos.
Para contratação direta, a situação de calamidade pública não deve ter sido originada da falta de planejamento, da desídia administrativa ou da má gestão dos recursos. A contratação imediata deve ser comprovada como meio adequado, efetivo e eficiente para afastar o risco eminente detectado. 
4.3.3 Licitação Deserta
Caracteriza-se como aquela em que o certame não acode interessados em participar do processo licitatório. Nesse caso, nenhum interessado apresentou no prazo, a documentação pra habilitação e proposta de preços. Caso não seja possível a realização de novo certame, sem prejuízo para o interesse público, pode-se cogitar a possibilidade de contratação direta. Ao realizar a contratação direta, o futuro contratado deve respeitar as condições estabelecidas na licitação anterior.
Nesse sentido, para utilizar a hipótese de dispensa em caso de licitação deserta, faz-se necessário os seguintes requisitos: ausência de interessadosna licitação anterior, comprovação de que a repetição do procedimento trará prejuízos e deve ser exigido do futuro contratado as mesmas condições de habilitação e de proposta imposta no edital cujo certame tenha resultado deserto. 
Vale ressaltar, que se houver a participação de apenas um interessado já é condição suficiente para afastar a possibilidade de contratação por dispensa, ainda que o único participante venha a ser eliminado posteriormente. 
4.3.4 Dispensa para contratação com entidades privadas que integrem à
Administração Pública
No art. 24, inciso VIII, a licitação torna-se dispensável para aquisição, por meio de pessoa jurídica de direito público interno, de bens produzidos ou serviços prestados por órgão ou entidade que integre a Administração Pública e que tenha sido criado para esse fim especifico em data anterior à vigência desta lei, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado. 
4.3.5 Rescisão contratual em caso de remanescente de obra
É aplicada em decorrência de rescisão contratual no que se refere a contratação de obra, serviço ou fornecimento, conforme mostra o art. 24, inciso XI. Nesse caso, dever ser atendida a ordem de classificação da licitação anterior, onde permaneçam as mesmas condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive o preço. 
4.3.6 Celebração de contratos com organizações sociais
Em seu art. 24, inciso XXIV da lei Nº 8.666/93, é dispensável a licitação para os casos de celebração de contratos de prestação de serviços com organizações sociais, qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de gestão. 
4.4 Hipóteses de inexigibilidade
O art. 25, incisos I, II e III da Lei 8.666∕93 apresenta 03(Três) hipóteses de inexigibilidade de licitação São elas:
•	Em Caso de fornecedores exclusivos, onde deve ser comprovada por documentação a exclusividade conforme mostra o inciso I abaixo.
I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a preferência de marca, devendo a comprovação de exclusividade ser feita através de atestado fornecido pelo órgão de registro do comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes;
•	Para as contratações de serviços técnicos conforme abaixo:
II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação;
•	Para os casos de contratações de qualquer setor artístico, neste caso é exigida a comprovação da existência de contato de exclusividade entre a empresa ou empresário contratado e o artista. 
III - para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública.
4.5 Modalidades de licitação
A Lei Nº 8.666/93 estabelece em seu art. 22 as 05 (cinco) as modalidades de licitações: Concorrência, tomada de preços, convite, concursos e leilão. Além dessas modalidades, existem outras duas que foram criadas por legislação especial que é a modalidade Consulta (criada pela lei Nº 9.472/97) e a modalidade pregão (instituída pela lei Nº 10.520/2000).
4.5.1 Concorrência
É uma modalidade de licitação com ampla divulgação que envolve transações elevadas, na qual será admitida a participação de qualquer interessado, desde que na fase inicial de habilitação, sejam comprovados os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução do objeto. 
O prazo para publicação do edital é de 45 (Quarenta e cinco) dias, quando o contrato a ser celebrado contemplar regime de empreitada integral ou quando a licitação for do tipo “melhor técnica” ou “melhor preço”. Nos demais casos deve ocorrer a publicação do edital em 30(Trinta) dias corridos. O valor estimado para este tipo de contratação para os casos de:
•	Obras e serviços de engenharia: contratações acima de R$ 1.500,000,00;
•	Compras e demais serviços: contratações acima de R$ 650.000,00.
4.5.2 Tomada de preço
É a modalidade de licitação entre cadastrados e outros interessados que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação.
Ao contrário da concorrência, a tomada de preços não é universal, ela se restringe aos interessados cadastrados. Todavia, a lei possibilita que o cadastro seja realizado em até 03(três) dias antes do final do prazo para apresentação das propostas. 
O prazo para publicação do edital é de 30(Trinta) dias, quando a licitação for do tipo “melhor técnica” ou “melhor preço”. Nos demais casos deve ocorrer a publicação do edital em de 15(Quinze) dias corridos. O valor estimado para este tipo de contratação para os casos de:
•	Obras e serviços de engenharia: contratações entre R$ 150.000,00 e R$ 1.500.000,00;
•	Compras e demais serviços: contratações entre R$ 80.000,00 e R$ 650.000,00.
4.5.3 Convite
É uma modalidade de licitação entre os interessados do ramo pertinente ao seu objeto de contração, onde os mesmos devem estar devidamente cadastrados ou não, desde que atendam as todas as condições exigidas para cadastramento. 
Os escolhidos e convidados devem estar em número mínimo de 03(três) por unidade administrativa. Em caso de não ter sido atingido o quantitativo mínimo de propostas, o convite somente poderá prosseguir com menos de três propostas válidas em casos de manifesto desinteresse dos convidados ou de limitações do mercado, situações devidamente justificadas no processo. O instrumento convocatório será afixado em local apropriado, com a finalidade de possibilitar a participação de outros interessados. 
O prazo para publicação do edital é de 05(Cinco) dias úteis. O valor estimado neste tipo de contratação para:
•	Obras e serviços de engenharia: contratações entre R$ 15.000,00 e R$ 150.000,00;
•	Compras e demais serviços: contratações entre R$ 8.000,00 e R$ 80.000,00.
4.5.4 Concurso
É uma modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico, cientifico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores. 
O prazo para publicação do edital é de 45(Quarenta e cinco) dias. É a única modalidade que em que a remuneração ou o prêmio a ser pago já estão determinados no edital. Para escolha do vencedor é estabelecida uma comissão com especialistas da área, não necessariamente precisam pertencer ao órgão. 
A lei Nº 8.666/93 no seu art. 52, o concurso deve ser precedido de regulamento próprio e deverá indicar a: qualificação exigida dos participantes, as diretrizes e a forma de apresentação do trabalho e as condições de realização do concurso e os prêmios a serem concedidos.
4.5.5 Leilão
É uma modalidade de licitação entre quaisquer interessados, para venda de bens, a quem oferecer maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação. Esses bens costumam ser inservíveis para administração ou de produtos legalmente apreendido ou penhorado, ou para a alienação de bens imóveis. 
Conforme o art. 19 da lei Nº 8.666/93, os bens imóveis da Administração Pública, na qual sua aquisição decorreu de procedimentos judiciais ou de dação em pagamento, poderão ser alienados por autoridade competente, obedecendo as regras de avaliação dos bens alienáveis, comprovação da necessidade ou utilidade da alienação e adoção de procedimento licitatório, sob a modalidade de concorrência ou leilão. 
4.5.6 Consulta
É a modalidade de licitação que necessita de pelo menos 05(Cinco) pessoas, sejam elas físicas ou jurídicas, com elevada qualificação técnica, na qual são chamadas a apresentar propostas para fornecimento de bens ou serviços não comuns, exceto obras e serviços deengenharia. Essas propostas são julgadas por um júri e devem ser avaliados o custo benefício de cada proposta. É uma modalidade exclusiva de agências reguladoras. 
4.5.7 Pregão
Essa modalidade de licitação ocorre entre quaisquer interessados para aquisição de bens e serviços, qualquer que seja o valor estimado da contratação realizado em sessão pública, podendo ser presencial, com propostas impressas e lances verbais, ou no ambiente via internet, com propostas e lances eletrônicos, vedada a sua utilização para contratação de obras e serviços de engenharia. 
Há duas formas de realização do pregão, são elas:
a)	Pregão presencial:
No pregão presencial, é definida uma data para que os fornecedores apresentem suas propostas e deem lances verbais. O prazo para publicação do edital é de 08(Oito) dias úteis. O valor estimado neste tipo de contratação para:
•	Obras e serviços de engenharia: sem restrições- compras e serviços;
•	Compras e demais serviços: não se aplica
b)	Pregão eletrônico:
O pregão eletrônico ocorre por meio remoto através da internet junto ao provedor do sistema eletrônico indicado no instrumento convocatório. O fornecedor deve estar habilitado para participar desta modalidade de licitação, na qual usam um meio de chave de identidade.
O prazo para publicação do edital é de 08(Oito) dias úteis. O valor estimado neste tipo de contratação para:
•	Obras e serviços de engenharia: sem restrições- bens e serviços de uso comum
•	Compras e demais serviços: sem restrições- bens e serviços de uso comum.
CONCLUSÃO
É perceptível que o papel da Administração Pública é trabalhar em favor do interesse público. Para atingir esse papel, é necessária uma organização, de forma que em alguns processos poderá existir descentralização, no caso, através da administração indireta. A administração deve ser de forma transparente e ética, havendo concordância com as normais legais estipuladas. Em caso de ocorrência de prática ilegal contra os princípios da Administração Pública, os envolvidos estão sujeitos a penalidades. 
Também é importante salientar a importância do orçamento público, na qual passou por um histórico de revoluções, passando de um orçamento tradicional (foco nos gastos com controle excessivo), posteriormente por desempenho (foco maior nas realizações e menos nos gastos) e por último pelo orçamento programa ( que atualmente é o modelo aplicado no Brasil, com foco no planejamento). 
Quantos aos processos licitatórios, as modalidades de licitação são geralmente definidas em razão do valor do futuro contrato. A exceção é o pregão, escolhido em razão do bem ou serviço a ser licitado. Nesses processos, ainda poderá caber o processo de dispensa e inexigibilidade.
Para a realização de obras, as modalidades podem ser convite, tomada de preços ou concorrência, de acordo com o valor. Para a aquisição de bens ou serviços, as modalidades podem ser convite, tomada de preços ou concorrência, de acordo com o valor, ou pregão, independentemente do valor e de acordo com o objeto. Para a venda de bens, as modalidades de licitação podem ser concorrência ou leilão.
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