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DIREITO CONST OAB MATERIAL FINAL

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PARTE VI
DIREITO MATERIAL
Princípios
	
Tem uma questão famosa de concurso da defensoria pública que é importante: Chega um cliente procurando seus serviços e lhe diz “eu sou muito frustrado porque não me sinto um ser humano, me sinto um lagarto. Sou hipossuficiente e não tenho condições de arcar com a cirurgia para me tornar um lagarto, uma cirurgia de mudança de sexo. Eu não me aceito como ser humano e sinto que preciso mudar”. Assiste razão ao cliente? A resposta é sim, ele tem direito de se transformar em um lagarto, por dois fundamentos, primeiramente pelo direito à felicidade, o direito à busca da felicidade da constituição americana, o que deve ser lido em conjunto com o princípio da dignidade da pessoa humana, do art. 1º, III da CRFB.
Temos princípios da onde se extrai a regra, ou seja, o art. 1, III é uma regra, da qual extraímos o princípio da dignidade da pessoa humana, princípio esse que é permeado em todos os artigos da constituição.
Dignidade da Pessoa Humana (art. 1º, III, CRFB)
Daniel Sarmento afirma que a dignidade da pessoa humana é epicentro axiológico do ordenamento jurídico, o núcleo da ordem jurídica, tendo caráter de supra princípio, super princípio, permeando todo o ordenamento e dando fundamento de validade a muitos outros direitos e, por isso, estamos diante de direitos fundamentais.
Os direitos fundamentais são inerentes à condição da dignidade da pessoa humana, são cinco: (i) direito à vida; (ii) direito geral de liberdade; (iii) direito à igualdade; (iv) direito à segurança; e (v) direito à propriedade.
A diferenciação dos direitos fundamentais se dá na Revolução Francesa de 1789, que inaugurou o Estado Liberal de Direito, do qual surgiram os direitos defesos, os direitos fundamentais de 1ª dimensão. Com a crise do Estado Liberal de Direito, a exploração dos trabalhadores ante a revolução industrial, a crise da postura abstencionista do Estado, ensejou, com as Constituições Mexicana de 1917 e a Constituição de Weimar de 1919, a criação do Estado Social de Direito, quando começam a se exigir posturas prestacionais do Estado, se exigindo do Estado uma postura ativista, intervencionista, etc. Começam a se exigir direitos sociais, como, por exemplo, o direito à saúde, ensejando a criação dos direitos de 2ª geração. Com a crise do Estado Social de Direito, surge o Estado Pós Social, ou o Estado Neo Liberal, que é o Estado Mínimo, o estado regulador, que se preocupa em regular a economia em um processo misto, não ausente e nem intervencionista, que foi inaugurado por Reagan e Thatcher.
O direito à vida está diretamente ligado a um direito fundamental de 2ª dimensão, que é o direito à saúde. Daqui, saem diversas questões de direito constitucional, inclusive a peça do nono exame. O STF entende que um direito depende intrinsecamente do outro, o que é importante porque o Estado tem como obrigação o fornecimento de saúde ao seu cidadão. Com relação ao direito à vida, o que mais cai é o direito à saúde e o direito de judicialização da saúde, como é o caso de políticas públicas criadas para garantir a saúde, como é o caso de tratamentos que podem ou não estar na lista aprovada pelo ministério da saúde mas, por importarem risco à vida, devem ser autorizados ainda assim, dada a importância de tais princípios.
É importante fazer uma diferenciação entre o mínimo existencial e a reserva do possível. A reserva do possível se dá quando estamos diante de um problema de saúde, precisamos de um medicamento raro que a União não pode prestar para todos. A união precisa decidir onde vai destinar as metas orçamentárias, dado que o tratamento de uma pessoa coloca em risco o tratamento de 20 outras pessoas, ou seja, o Estado pode negar ante uma ponderação de princípios, ou seja, ele não pode arriscar a saúde de 20 pessoas em prol de uma, o Estado se reserva a realizar apenas o possível por essa pessoa, daí a reserva do possível. Essa era a justificativa dos órgãos públicos para não garantir tratamentos.
Com a constituição de 1988 e a máxima efetividade das normas constitucionais, o que aconteceu foi que a constituição, que era anteriormente apenas uma carta de princípios, passou a ter normas cogentes, que precisam ser dotadas de efetividade. Com isso, foi desenvolvida a teoria do mínimo existencial, que é importante diante da dignidade humana. Da dignidade humana decorrem os direitos fundamentais, que são efetivamente fundamentais ao cidadão para garantir a dignidade, e o mínimo existencial seria um mínimo para que o ser humano consiga existir, viver com dignidade. Essa relação é extremamente importante, ou seja, o princípio da dignidade da pessoa humana é completamente aliado ao mínimo existencial, dado que o Estado não pode se abster de fornecer o mínimo para garantir a dignidade da pessoa humana. Com isso, passamos a ter um problema do Estado alegando a reserva do possível versus os advogados alegando o mínimo existencial, sendo certo que o mínimo existencial tem tido prioridade sobre o outro.
Com a 2ª dimensão do Estado, passou-se a exigir direitos prestacionais, obrigações de fazer, como o direito à saúde (art. 196, CF), direito à educação (art. 205, CF), direito à cultura (art. 215, CF), direito ao lazer (art. 217, CF) e direitos do idoso (art. 230, CF).
Com relação ao direito geral de liberdade, é importante saber que consta nos incisos II ao XXI do art. 5º da CRFB, bem como no caput do mesmo. O direito geral de liberdade deve ser lido em conjunto com o princípio da legalidade, que vem mais abaixo. Temos como limites à liberdade de expressão, (i) o direito à honra e à privacidade (art. 5º, X, CRFB, que trata do direito à vida privada, (ii) direitos à igualdade e à dignidade humana, sendo certo que o direito da igualdade deve ser lido em conjunto com o princípio da isonomia; e (iii) proteção da infância e da adolescência (art. 227, CRFB).
O princípio da liberdade tem vedação ao anonimato, que é o caso da liberdade com responsabilidade. O art. 5º, V trata do direito de resposta proporcional ao agravo, que também é relevante.
Os artigos 5º, VI, VII e VIII, XIII, e XVI, XVII a XXI também devem ser marcados, porque já apareceu o direito à liberdade de expressão, porque já apareceram na prova. Não apareceu ainda liberdade de crença, de religião, e ano passado esse tema foi muito discutido, então tem muita chance de cair. Sabemos que o art. 5º, XIII é uma norma de eficácia contida, como é o caso do EAOAB, lei que restringe a aplicação da norma constitucional.
Com relação ao direito à igualdade, devemos atentar ao disposto no princípio da isonomia. O direito à segurança deve ser analisado sob a égide da estabilidade das relações jurídicas e previsibilidade, que é a segurança jurídica (será falada mais a frente) e redução de risco, que é uma análise de segurança pública. Por fim, temos o direito à propriedade do art. 5º, XXII, que deve ser combinado com o art. 170, V, CR.
Devemos atentar ao direito ao esquecimento do Enunciado 531 do CJF. Há alguns anos, começou-se a falar do direito ao esquecimento, que é o caso de alguém cometer um crime, e, na volta, quando vai à liberdade, volta-se a falar do crime cometido, ou seja, essa pessoa tem essa mancha para o resto da vida. Com isso, passou-se a falar de um direito ao esquecimento, que é a hipótese de parar de falar de determinado assunto em prol do direito individual de uma pessoa. Aqui estamos diante de um conflito entre princípios de liberdade de expressão, sobretudo liberdade de imprensa, e um direito ao esquecimento.
Dimensão objetiva dos direitos fundamentais
Com a revolução francesa de 1789, criou-se o Estado Liberal de Direito, com prestações negativas do Estado, um estado ausente, que se abstém política e economicamente, não intervindo e nem prestando direitos sociais, criando uma relação entre o Estado versus o indivíduo, com o Estado acima do indivíduo. O foco, entretanto, era o indivíduo, e, por isso, precisamos notar que há uma dimensão subjetiva dos direitos fundamentais. Com o passar dotempo, e com o advento do Estado Social de Direito em 1919 com a Constituição de Weimar, começa-se a se exigir intervenção do Estado para intervir e participar da atividade pública, de serviços essenciais, bem como da atividade econômica. Aqui existe simultaneamente, o Estado vs Indivíduo e o indivíduo vs. Indivíduo, caso no qual agora há intervenção, há preocupação. Daí, por exemplo, surge o direito do trabalho.
Ou seja, os direitos fundamentais podem ser aplicados, portanto, entre pessoas, dada a eficácia horizontal dos direitos fundamentais. Se o Estado está acima do indivíduo no Estado Social de direito, estamos diante de uma eficácia vertical dos direitos fundamentais, então, desde o Estado Social, passou-se a se falar de uma eficácia horizontal dos direitos fundamentais.
Entre indivíduos, temos como exemplo a associação brasileira de músicos. Um músico foi expulso de tal associação, e entrou com uma ação afirmando que houve ofensa ao princípio da razoabilidade, devido processo legal, contraditório e ampla defesa, ao passo que a associação determinava que não caberia intervenção, dado o fato de que a expulsão tinha previsão no estatuto deles. O judiciário pactuou que os direitos fundamentais também são aplicados entre pessoas privadas, dando prioridade, portanto, à eficácia horizontal dos direitos fundamentais alegada pelo músico, e não à falta de eficácia alegada pela associação.
A dimensão subjetiva dos direitos fundamentais na eficácia vertical, é o sujeito, na relação indivíduo versus o Estado, e a dimensão subjetiva dos direitos fundamentais na eficácia horizontal é o sujeito da relação indivíduo versus indivíduo, dependendo do lado que estamos defendendo. A dimensão subjetiva se preocupar com as pessoas, ao passo que a dimensão objetiva dos direitos fundamentais é a busca, a tentativa de se alcançar os direitos constitucionalmente estabelecidos, norteados pelos direitos fundamentais. Dessa forma, o Estado estaria concretizando direitos fundamentais, o mandamento constitucional, quanto mais ele concretizasse os mandamentos constitucionais.
Princípio da Isonomia ou Igualdade (art. 5o, caput, CRFB)
Valores constitucionais são parâmetro para o controle de constitucionalidade. Assim, temos regras, princípios e valores. Qualquer ordenamento jurídico possui valores, e o ordenamento possui regras, então, vendo uma regra, podemos extrair um princípio, que representa um valor. Tecnicamente falando, não existe princípio da igualdade, dado que isso é um valor, e o princípio é da isonomia. Por isso, devemos sempre utilizar o máximo de nomenclaturas possível, que é o que iremos ver agora.
A igualdade formal é aquela designada no art. 5o, caput da Constituição, a igualdade jurídica, que determina que todos são iguais perante a lei. Já com relação a igualdade material, temos como exemplos os art.s 3, IV, o art. 5o, caput, o art. 7o, XXX e XXXI, o art. 37, VIII, o art. 195 §7o e o art. 203, todos da Constituição.
Princípio Democrático (art. 1o, p.ú., CF)
Tal princípio deve ser correlacionado ao princípio republicano, que é um princípio relacionado ao direito eleitoral, que fala da escolha pela república e da inerência da troca de pessoas no poder, então quando atacar direitos relacionados ao eleitoral, devemos colocar tanto o princípio democrático como o republicano. 
O princípio democrático deve chamar nossa atenção da cláusula geral do estado democrático de direito, do art. 1o, caput, da CRFB, de onde decorrem os princípios da segurança jurídica e da proporcionalidade, que serão falados mais a frente.
Ademais, precisamos pensar nas formas de democracia, quais sejam: a democracia representativa, da qual devemos pensar no sistema representativo e proporcional do poder legislativo, conforme será falado em Poder Legislativo (incluindo a proporcionalidade de deputados, o papel dos deputados e dos senadores), e democracia participativa. A democracia participativa vem crescendo muito diante da crise do sistema representativo, ensejando uma participação cada vez maior do cidadão na democracia, como ocorre, por exemplo, com a iniciativa popular, consultas públicas, plesbicito, referendo e participação do cidadão nas grandes decisões do Estado. A democracia participativa deve ser correlacionada ao princípio da participação administrativa, disposto no art. 37, §3o da CR.
Princípio do Devido Processo Legal (art. 5o, LIV, CRFB)
Do devido processo legal decorre o princípio da razoabilidade. Temos duas vertentes desse princípio: o princípio do devido processo legal e o princípio do devido processo material ou substantivo. A primeira vertente advém do direito anglo-saxão, e cria a ideia de um processo justo, com participação das partes e proteção de direitos efetiva. Já o devido processo substancial ou material tem relação com o princípio da razoabilidade, que significa o controle das arbitrariedades por parte do Poder Público, não ficando atinente apenas à forma, mas também ao processo. É o princípio mãe, que dá ensejo a muitos outros princípios, em especial o contraditório e ampla defesa.
Princípios do Contraditório e da Ampla Defesa (art. 5o, LV da CRFB)
O contraditório seria o binômio informação e reação, ao passo que a ampla defesa garante condições efetivas de se responder às imputações. Nesse sentido, é importante lembrar a Súmula Vinculante nº3, que trata do processo no Tribunal de Contas, bem como as Súmulas 20 e 21, ambas do STF, que tratam da demissão de servidor público e funcionário em estágio probatório. Ademais, o art. 5o, LVI da CRFB trata da inadimissão de provas obtidas por meio ilítico.
Princípio Federativo
O pacto federativo deve imediatamente remeter ao princípio federativo, do art. 18 e seguintes da CRFB. Sempre que houver uma ofensa constitucional ou orgânica, devemos usar esse artigo, sempre que houver uma usurpação de competência, ou a utilização indevida de fundos, etc, devemos usar esse princípio.
O princípio da simetria deve ser lembrado aqui, com relação às normas de observância obrigatória, o que significa que as normas federais, nacionais devem ser adequadas e reproduzidas em âmbito estadual ou municipal. Vale lembrar que normas nacionais são aquelas que estabelecem mandamentos gerais que vinculam todos, ao passo que normas federais são normas específicas que vinculam a união e podem ser reproduzidas. Vale lembrar que o princípio da simetria diz respeito a normas constitucionais, e não federais, conforme disposto no art. 25, caput e §1o da CF.
É importante lembrar também da repartição constitucional de competências, o que pode ser exemplificado como segue: a Constituição dividiu a competência em três esferas, dando o imposto de renda para a união, o ITCmd para os estados, e o IPTU para os municípios. Se houver uma invasão de competências, irá ofender o pacto federativo, o princípio federativo e a repartição constitucional de competências.
Por último, devemos lembrar também da autonomia federativa, ou autonomia dos entes federados. Lembrando que o sistema de 1988 trouxe autonomia política dos entes, que se verificam em três capacidades clássicas: o autogoverno, a autoorganização e a autoadministração. Essas vertentes são trazidas pela forma federativa de estado, sendo importante a inclusão em uma peça no caso de uma ofensa administrativa.
Princípios da razoabilidade e da proporcionalidade
O STF e Luis Roberto Barroso entendem que o princípio da razoabilidade e o princípio da proporcionalidade surgiram de locais distintos, tendo a razoabilidade origem norte americana, com base no devido processo legal, e a proporcionalidade origem na Alemanha com base na cláusula geral do Estado Democrático de Direito. Apesar do STF tratar da mesma forma, a corrente minoritária entende que são coisas distintas, aplicáveis para coisas distintas também. A primeira vez que a OAB cobrou esses princípios dessa forma, ele identificou a fungibilidade nas identificações, mas com artigos, marcos legais, distintos: o princípio da razoabilidade se identificano art. 5o, LIV, ao passo que o da proporcionalidade está disposto no art. 1o, caput. O professor sugere que utilizemos sempre o da proporcionalidade, exceto em casos em que a utilização da razoabilidade está muito clara.
O princípio da razoabilidade se relaciona com os princípios do devido processo legal (art. 5o, LIV, CF) e da razoável duração do processo e da celeridade processual, do art. 5o, LXXVIII da CRFB), esses são os únicos casos que devemos usar o princípio da razoabilidade sem problemas.
Já o princípio da proporcionalidade tem origem na Alemanha, que sistematizou o princípio da proporcionalidade, dividindo-o em três subprincípios: (i) adequação, que trata da conformidade ou idoneidade; (ii) necessidade, relacionada à exigibilidade, o qual devemos correlacionar com a proibição do excesso; e (iii) proporcionalidade em sentido estrito, que determina uma proibição à proteção insuficiente.
Tal princípio é uma das maiores proteções do administrado frente a Administração Pública, sendo um princípio que não se restringe apenas a princípios fundamentais, funcionando simultaneamente para arguir a inconstitucionalidade de determinadas leis ou medidas normativas do poder público, isso em virtude dos subprincípios acima.
O subprincípio da adequação é entendido pela máxima: o princípio da proporcionalidade estará ofendido caso a medida não seja adequada. Por exemplo, precisamos tapar o sol, sendo certo que uma peneira não é adequada a tal fim, ao passo que um guarda sol dispõe melhor de tal necessidade. Ou seja, a medida não é adequada e, logo, ofende o princípio da proporcionalidade.
Já o subprincípio da necessidade ou exigibilidade (esse último utilizado apenas pelo Canotilho, não muito comum em provas), e significa, por exemplo, que eu vou ao médico com dor no joelho, e descubro que preciso fazer uma cirurgia no joelho, o que é adequado e necessário, ao passo que, se o médico amputar minha perna, a medida é adequada, na medida em que acaba com a dor, mas não é necessária. A medida não seria necessária, porque existiria uma medida menos restritiva ou menos gravosa ao direito do indivíduo do que a medida tomada pela Administração Pública. Devemos correlacionar ao princípio da proibição do excesso, no sentido de que a medida deve ser imprescindível para aquele fim, sendo certo que, se for excedente, há ofensa a tal princípio.
Na prova, devemos colocar que “viola o princípio da proporcionalidade por falta de adequação, necessidade ou proporcionalidade, por tais e tais razões”. Isso é um degrau, denominado teste da razoabilidade ou teste da proporcionalidade, sendo certo que a violação de um não necessariamente implica a violação de outro, mas o entendimento de que um é correto ou está de acordo não necessariamente significa que os demais também estão corretos.
Finalmente, o subprincípio da proporcionalidade em sentido estrito, determinada por Canotilho como justa medida, que é interessante. O exemplo clássico é o exemplo do botijão de gás no estado do Paraná, quando veio uma lei estadual cujo objeto era proteção e defesa do consumidor, que determinava que os comerciantes do botijão de gás precisavam medir em frente ao consumidor o peso, e se houvesse alguma diferença, deveria o vendedor reembolsar o dinheiro. Tal medida é adequada, e pode ser entendida como necessária, mas não é proporcional porque viola a livre iniciativa. O STF entendeu que não seria proporcional, apesar de ser adequada e necessária, porque o prejuizo da livre iniciativa seria prejudicada, a industria de gás seria seriamente danosa, levando à falência desses comerciantes. O benefício para o consumidor seria irrisório, ao passo que o dano ao comerciante seria muito grande e, por isso, foi declarada a inconstitucionalidade dessa lei estadual.
A livre iniciativa e livre concorrência, sempre que se tratar de ordem econômica, atividade empresária ou empreendedorismo, pode ser utilizada como princípio violado, como se deu no XV exame.
Adentrando mais ainda no mérito, é importante saber que a adequação, necessidade e proporcionalidade são uma abstenção do Estado, uma proteção, uma eficácia e uma prestação negativa do Estado. O princípio da proporcionalidade é o maior mecanismo de defesa do administrado face aos atos do executivo e do legislativo, o que significa que há uma vertente negativa. Entretanto, existe também uma vertente positiva que não se relaciona diretamente ao entendimento explicado acima, mas relaciona-se à denominada proibição à proteção insuficiente, conforme o Ministro Luiz Fux firmou. Existe uma vertente clássica, uma vertente negativa de abstenção, que se alia à vertente positiva, que estabelece uma atuação do Estado. Se o Estado adota uma medida, e essa medida é arbitrária, não passando no teste da proporcionalidade, o Estado ofende o princípio da proporcionalidade em sua parte negativa, em seu entendimento clássico. Ou seja, a medida extrapolou ao necessário, ou seja, o Estado passou dos limites a ele impostos. Se o Estado adota uma medida que não extrapola os limites, mas fica aquém dos limites a ele impostos, também há uma ofensa ao princípio da propocionalidade, em sua vertente positiva. Assim, há uma proibição também à proteção insuficiente, à proteção aquém do necessário e, portanto, uma proteção fraca, proteção essa que fere o princípio da proporcionalidade e deve ser, por isso, declarado insconstitucional também.
O princípio da proporcionalidade, segundo Humberto Ávila, funcionaria também como mecanismo de ponderação de interesses, os postulados normativos precederiam a aplicação de princípios, tamanha a sua importância no ordenamento jurídico brasileiro.
Princípio do Acesso ao Judiciário (art. 5o, XXXV, CRFB)
Também chamado de princípio do acesso à ordem jurídica justa e da inafastabilidade da jurisdição. Aqui devemos lembrar do princípio em sua vertente formal e material, na qual não pode se abster de resolver determinados exemplos, garantindo a ordem jurídica justa. Como exemplo, temos a reserva do possível versus a necessidade de julgar. O princípio do acesso ao judiciário determina que nenhuma lesão ou ameaça ao direito será excluído de análise do judiciário.
Aqui, é importante fazer uma remissão e entender a aula de habeas data, dada a conexão com a Súmula 2. Há uma ressalva acerca da inafastabilidade ou não desse princípio dada a necessidade de tentativa judicial frustrada, sendo certo que não há violação a esse princípio, sendo entendida apenas como uma preliminar.
Princípio da Segurança Jurídica (art. 1, caput, CRFB)
O art. 5o caput da CF trata de segurança em sua vertente lato sensu, e entra no trinômio estabilidade, previsibilidade e segurança pública, sendo esse último presente no caput. Então o princípio da segurança jurídica decorre do art. 1o, da Cláusula Geral do Estado de Direito, mas devemos correlacionar ao 5o, caput da CF, juntamente do inciso XXXVI do mesmo dispositivo, que menciona que a lei não irá afetar o ato jurídico perfeito, a coisa julgada e o direito adquirido. Isso traduz muito do princípio da segurança jurídica.
Temos valores, princípios e regras, sendo certo que o valor da segurança tem como princípio o da segurança jurídica e muitos outros, e como regras os arts. 1o, caput, e art, 5o, XXXVI, da CRFB. A segurança se correlaciona com a segurança jurídica, princípio esse que, por sua vez, apresenta conexão com as regras supracitadas. Ou seja, verifica-se uma relação separada entre valores e princípios e entre princípios e regras. Os princípios exprimem valores, e as regras trazem as ideias dos princípios.
É importante correlacionar o princípio da segurança jurídica com os princípios da boa-fé do administrado, que tem uma legítima expectativa de prestação da administração, e da proteção à confiança legítima (princípio importante, mais importante para direito administrativo, mas que pode cair). O princípio da proteção à confiança legítima tem a ver com legítimas expectativas do administrado com relação à administração pública, que éo caso do venire contra factum proprium, etc. Em administrativo é muito importante saber desses dois princípios correlacionados, não em constitucional, mas não custa mencionar.
Princípio da Separação dos Poderes (art. 2o, CRFB)
O fundamento desse artigo é sempre muito importante, e se correlaciona com o princípio de presunção de constitucionalidade das leis, que será tratado mais a frente. Temos os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, que possuem funções típicas e atipicas. Por exemplo, o legislativo tem como funções típicas legislar e fiscalizar, e como funções atípicas administrar e ocasionalmente julgar, ao passo que o poder executivo tem como função típica a de administrar e atípica a de legislar (o que é polêmico) e fiscalizar, e, por fim, o poder judiciário julga tipicamente, e atipicamente administrar e legislar (principalmente sobre sua administração interna). Sempre que qualquer uma dessas funções for exercida por outro poder que não o pode exercer, há ofensa ao princípio da separação dos poderes.
Na hora da prova, quando encontrarmos o artigo a ser colocado, devemos procurar mais, porque pode ter uma súmula ou um entendimento diverso, e é muito importante também saber que não devemos apenas colocar ofensas a regras, mas também a princípios, que são tão importantes quanto as regras, as leis efetivamente ofendidas. 
	
	Vícios Formais
	
	Subjetivo por vício de iniciativa
	Orgânico
	Ausência de pressuposto objetivo do ato normativo
	Se o legislativo invade a esfera do executivo, como, por exemplo, o art. 61 §1o e seus incisos (sobretudo o inciso II), CR. Ou seja, temos a União, e usamos uma relação entre poderes políticos para verificar um vício formal subjetivo, no sujeito elaborando a norma.
Aqui devemos mencionar a separação dos poderes, o art. 2o da CF.
	No vício orgânico, o Estado legisla sobre matéria da União, por exemplo, sobre direito processual, que é o caso do art. 22, I, CF. 
Quando se tratar de vício formal orgânico, o princípio relevante aqui é o princípio federativo, do pacto federativo, presente no art. 18, podendo entrar também a repartição constitucional de competências, autonomia dos entes, etc.
	Aqui, temos como exemplo a relevância e urgência da Medida Provisória
Com relação ao vício material, entra o princípio da dignidade da pessoa humana, da legalidade, democrático, do devido processo legal, do acesso ao judiciário, da proporcionalidade, etc. A banca da FGV cobra expressões chaves para pontuar na prova. Tirando a inicial que tem muitos pedidos, os recursos tem poucos pedidos, então o mérito pontua muito, e, por isso, é importante saber essa aula.
Princípio da Legalidade
O princípio da legalidade se subdivide em (i) princípio da legalidade genérica ou privada, o art. 5o, II, CF; (ii) princípio da legalidade administrativa, do art. 37, caput, CF; e (iii) princípio da legalidade tributária, do art. 150, I, CF. É importante saber diferenciar as legalidades, em especial dos itens (i) e (ii) acima, porque são coisas distintas, muitas vezes consideradas em conjunto.
O princípio da legalidade privada determina que ninguém é obrigado a fazer nada, senão em virtude de lei. Toda vez que um ato administrativo esteja alterando ou criando regras e obrigações que sejam de reserva legal, esse ato administrativo será também ilegal, ofendendo ao princípio da legalidade o art. 5, II, CF. Ou seja, estamos diante do princípio em sua vertente clássica. Devemos lembrar do princípio da legalidade penal, tratado no art. 5, XXXIX da CF, que engloba o princípio da presunção de inocência ou não culpabilidade penal, juntamente com a retroatividade da lei penal mais benéfica (art. 5, XI, CF), que é importante para, por exemplo, um caso de habeas corpus. Tratar da legalidade penal é saber que não há pena sem crime anterior que o tipifique.
A legalidade administrativa tem uma previsão para a administração agir, desconstruindo a máxima de que a administração apenas age em virtude de lei. Quando um ato administrativo tiver criando obrigações, devemos arguir o art. 5, II, CF, ao passo que quando a administração pública tiver agindo, independente de criar obrigação ou não, contra o administrado, devemos citar o art. 37, caput. O art. 37 caput deve ser utilizado toda vez que o Estado for mencionado. Ou seja, devemos colocar que ofende o princípio da legalidade do art. 5, II juntamente ao princípio da legalidade administrativa do art. 37, ambos da CF.
Por fim, o princípio da legalidade tributária será tratado na aula de sistema tributário nacional, que engloba os princípios da não surpresa e da anterioridade tributária, que são as ideias do exercício seguinte e da noventena, nos termos do art. 150, III, b e c, CF.
Princípios da Impessoalidade e da Moralidade (art. 37, caput, CF)
Sempre que houver uma questão de processo civil público que envolva a administração pública, devemos trabalhar com esses princípios em conjunto, apesar de serem distintos entre si. A impessoalidade pública engloba a vedação à promoção pessoal, bem como a finalidade pública, sendo importante lembrar da Súmula Vinculante n. 13, que trata da vedação ao nepotismo. É importante lembrar também da Lei 12.846/13, que é a Lei Anticorrupção, que trata de um sistema brasileiro de defesa à moralidade, tendo uma ligação especial, por fazer parte do sistema de defesa à moralidade administrativa.
É importante, também, ver as aulas de ação popular, dado que tais princípios são muito comuns em tal ação.
Princípio da Publicidade (art. 37, caput)
Devemos tratar aqui do princípio da motivação, a ideia de transparência dos atos públicos, e a teoria dos motivos determinantes, que tem por escopo que sempre que houver a motivação, os princípios do ato administrativo deverão vincular os mesmos, assim, mesmo que não seja necessário motivar uma decisão, não entrando no mérito da divergência nesse sentido, se motivar, vai vincular o ato administrativo e, por isso, os motivos determinam a finalidade, o fim do ato administrativo. O princípio da motivação deve ser lembrado aqui, juntamente da teoria dos motivos determinantes.
Aqui é importante saber da Lei 12.527/11, que é a Lei de Acesso a Informação, que trata do art. 37 §3o, II, CF. Devemos fazer uma remissão a esse ponto. Esse artigo inclui, também, o princípio da participação.
Princípio da Eficiência (art. 37, caput, CF)
Aqui é importante saber que a substituição por uma administração pública burocrática por uma administração gerencial é imprescindível. Devemos atentar à regra da licitação do art. 37, XXI e da Lei 8666/93, e da regra do concurso público do art. 37, II, CF. Qualquer das violações acima ofendem o princípio da eficiência, mas não custa informar que ofende a todos os princípios da administração pública.
Regra ou Princípio do Concurso Público (art. 37, II, CR)
Se ofende a regra do concurso público do art. 37, II, CF, da onde podemos extrair o princípio do concurso público, o princípio da competitividade, da acessibilidade dos serviços públicos. Isso apareceu no XIV exame de ordem, juntamente do inciso VIII. Aqui temos alguns incisos importantes: art. 37, III (trata da prorrogração do prazo de validade do concurso, lembrando que o concurso tem prazo de 2 anos, prorrogáveis por mais dois anos), IV (prioridade na convocação do aprovado em concurso público, ou seja, se houver candidatos não aprovados mas não classificados, devemos esperar aqueles serem chamados) e VIII (fala do percentual de cargos em empregos públicos para deficientes físicos, junto da Lei 8112), todos da CF.
Princípio da Participação Administrativa (art. 37 §3o, CF)
Daqui decorre a ideia de democracia participativa, e dessa ideia de participação administrativa, surgem várias noções, como audiência pública, iniciativa popular de lei, plesbicito, referendo, consulta pública, etc. A fiscalização dos atos da administração pública encontra-se no art. 37 §3o, II, CF, que foi regulamentado pela lei de acesso à informação (lei 12.527/11). 
Esse princípiotem duas vertentes: (i) participação do cidadão nas decisões da administração pública, onde entram os direitos supracitados, dos quais devemos atentar ao direito de manifestação do art. 5, IV e XVI, e liberdade de expressão, tudo nesse viés de participação popular, em uma lógica de envolvimento do cidadão no que o Estado deve fazer, na ordem de preferência, sendo uma participação direta, e não indireta pelas vias de voto; (ii) fiscalização dos atos da administração pública, do qual frisamos o princípio da publicidade, que é a questão do art. 37, §3o, II, aliado à lei de acesso à informação e à lei de ação popular, que confere legitimadade apenas ao cidadão. 
Dentro da fiscalização dos atos, quando houver interesse, haverão os outros mecanismos de fiscalização, tal como o mandado de segurança e os demais remédios constitucionais. Assim, devemos correlacionar o princípio da publicidade ao princípio da participação e à fiscalização dos atos da administração pública.
Princípio da Solidariedade (art. 3º, I, CRFB)
Isso é um tema importante, pois trata-se de um princípio que nunca apareceu. Entre a divisão de normas sociais e normas liberais, o princípio da solidariedade se insere como uma norma social. Em relação ao aspecto social brasileiro, é um princípio de destaque, e, por isso, deve ser dado destaque ao mesmo, e é importante porque não é expresso.
Devemos dar destaque a duas ADIs, a 3105 e a 3128, que questionaram a contribuição previdenciária, e serão melhor analisadas na aula de agentes públicos. O debate aqui foi sobre a contribuição dos inativos, porque eles deveriam contribuir se não iriam receber isso no futuro, e a decisão foi que a contribuição é constitucional, com base no princípio da solidariedade. Ou seja, nesse caso, o valor adotado é o da solidariedade, que consta no preâmbulo, aliado ao princípio da solidariedade, cuja regra está no art. 3º, I, CF, e art. 40, caput, RPPS. O valor dá ensejo ao princípio da solidariedade, e o princípio da solidariedade embasa a regra supracitada, de forma implícita. Assim, essa ADI discutiu o princípio da solidariedade versus o princípio da retributividade direta (pagar para receber depois), e o STF entendeu pela constitucionalidade da contribuição dos inativos, porque essa contribuição é inerente ao Estado brasileiro, independentemente de retribuição futura, dado que o mesmo seria distribuído hoje, e todos somos solidariamente responsáveis por cobrir esse valores, esse regime de previdência. Dessa forma, foi entendido pelo princípio do equilíbrio financeiro ou atuarial.
Princípios da Livre Iniciativa e Livre Concorrência
Temos quatro grandes eixos no mérito da prova: Administração pública (art. 37, CR), controle (art. 22, 21, 5º, CF), normas sociais (art. 3º, I; 1º, III, CF) e normas liberais (art. 1º, IV; art. 5º, II, e art. 170, CF). Ou seja, pode ser que caia uma ação para defender um empreendedor, como é o caso do art. 170, que defende a livre iniciativa e livre concorrência.
Qualquer atuação do Estado na economia se faz nas regras constitucionais, em especial o art. 170 e ss. CF, e aqui, ganham relevo os princípios da livre iniciativa e livre concorrência. O primeiro se encontra no art. 1º, IV, e art. 170, caput, CF, ao passo que a livre concorrência aparece no art. 170, IV, da CRFB. Devemos fazer uma remissão ao direito à propriedade privada do art. 5º,
Os direitos fundamentais de primeira dimensão, as abstenções do Estado, nos termos do princípio da funcionalidade, muitas vezes o empresário, em sua atuação geral, pode sofrer restrições pelo Estado, quando devemos analisar a pertinência, a adequação e necessidade, verificando a plausibilidade e ocorrência do princípio da proporcionalidade. Nesse sentido, é importante saber que se for na iniciativa privada, ofende a livre iniciativa, podendo incluir os demais artigos e princípios. Isso geralmente surge com o princípio da proporcionalidade, porque sempre que houver uma restrição a atividade empresária, há uma restrição à livre iniciativa, e, como exemplo, temos o caso do botijão de gás.
Princípio do Juiz Natural (art. 5º, LIII, CR)
Dentro da lógica de inafastabilidade da jurisdição do art. 5º, XXXV, existe um condicionamento a esse exercício, que é o princípio do juiz natural, que é a proibição de se escolher o juiz a tratar de determinado caso. As regras de competência são previstas no CPC ou, eventualmente, no código de justiça estadual, mas entrando em uma capital, temos distribuição para uma das varas possíveis, sendo sempre muitas, o que não necessariamente ocorre com cidades menores.
Devemos correlacionar esse princípio com o princípio da vedação ao julgamento por tribunal de exceção (ad hoc), insculpido no art. 5º, XXXVII, da CF, bem como fazer uma outra correlação com o os princípios do devido processo legal e do acesso ao judiciário.
Aqui devemos fazer também uma vedação ao tribunal de exceção, como é o caso do tribunal de Nuremberg, ou seja, do princípio do juiz natural devemos fazer uma remissão automática aos artigos 5º, XXXVI, seguido do art. 5º, LIII e, por fim, à vedação ao tribunal de exceção. Não podemos escolher, como regra, juízes específicos para julgar casos, formar um tribunal para colocar um juiz para julgar uma causa específica. Também existe a aplicação do princípio em questão para o Estado, pois não pode haver um juízo diferente, um tribunal de exceção para julgar um crime específico, porque aí o Estado poderia escolher juízes mais aptos para o entendimento que se quer. Esse tribunal é constituído após a ocorrência do fato.
É importante fazer uma remissão ainda ao princípio do acesso ao judiciário, bem como do devido processo legal formal e substancial.
Principio da Vedação ao Retrocesso (art. 4º, 3, do Decreto 678/92)
Isso é polêmico porque perpassa a ideia de que o poder constituinte originário não é nem limitado e nem condicionado, porque não se sabe, ainda, se tal princípio encontra-se implicitamente na constituição de 1988, e questiona-se sobre sua abrangência como de primeira ou segunda dimensão. Como é um princípio famoso, que consta no Pacto de San José da Costa Rica e tem caráter supralegal, vale lembrar e citar aqui.
Esse princípio traz a impossibilidade do retrocesso nos direitos fundamentais, como, por exemplo, tendo a CR/1988 e a CR/2022. Questiona-se se isso se aplica apenas para direitos fundamentais de primeira dimensão ou se se aplicam também a direitos fundamentais de segunda dimensão.
 Por exemplo, a constituição atual proíbe a escravidão, e, se a nova constituição propor a escravidão de negros, a mesma norma será inconstitucional. Ou seja, isso é uma hipótese de limitação ao poder constituinte originário que, via de regra, é ilimitado. Qualquer constituição, pelo plano internacional, é limitado. O pacto de san josé da costa rica estabelece, por exemplo, a vedação a pena de morte a países que já o aboliram, a manutenção daqueles que já o tinham, e a sugestão para que haja a abolição geral do mesmo. Ou seja, é vedado qualquer retrocesso nesse sentido, e, por isso, aqueles que já aboliram a pena de morte, não mais poderão voltar a tê-la.
Princípio da Supremacia do Interesse Público
É um princípio do direito administrativo, que se aplica subsidiariamente no direito constitucional. Tornou-se polêmico com relação a sua aplicabilidade no ordenamento jurídico após a Constituição de 1988, mas pode ser utilizado na prova, apesar de ser raro, porque geralmente advogamos contra o Estado, e não em favor dele, que é como esse princípio se aplica no nosso direito.
Quando houver um interesse público versus um interesse privado, prevalece o interesse público. Na realidade, isso não funciona dessa forma, dado que, se estivermos diante de um direito fundamental, sobretudo com relação ao mínimo existencial, não prevalece o direito público, sendo necessária uma ponderação de interesses e a aplicação do princípio da proporcionalidade. O princípio da supremacia do interesse público se aplicava muito à reserva do possível,mas sabendo que tal teoria não mais se aplica, tendo sido substituída, em regra, pelo mínimo existencial, tal princípio passou a ter aplicabilidade restrita no direito constitucional. É importante vermos a aula de princípio da proporcionalidade, para contrapor esse princípio no caso concreto.
O princípio da continuidade dos serviços públicos, do art. 175, caput, IV da CF, é um princípio de direito administrativo com aplicabilidade setorial, mas está na constituição, então pode cair. O professor entende que não deve cair a ideia de que os serviços públicos são presumidamente contínuos, e devem ser continuados.
Princípios instrumentais de interpretação e aplicação da constituição
Princípio da Supremacia da Constituição
Estamos utilizando a classificação do Barroso, que se baseia na pirâmide de Kelsen, estabelecendo atos normativos secundários, primários e a constituição. Atos normativos primários retiram fundamento de validade da constituição e atos normativos secundários tiram seu fundamento de validade dos atos primários e reflexamente, ou subsidiariamente da constituição e, daí, não caberia ADI dessas normas secundárias.
Aqui é importante lembrar do conflito entre tratados internacionais internalizados, que, via de regra, tem natureza de lei ordinária federal, e a constituição da república, essa última prevalecendo. Assim, o princípio aplicável a tal conflito, a tal antinomia é o da supremacia da constituição, que estabelece que a constituição irradia fundamento de validade para todas as normas do ordenamento jurídico brasileiro, inclusive os tratados internacionais internalizados. Ou seja, todas as normas jurídicas brasileiras rendem vassalagem à CF, dado que os tratados, por serem atos normativos primários, rendem e buscam validade também na constituição.
Do princípio da supremacia da constituição saem dois outros princípios, que são (i) força normativa da constituição, que estabelece que antes do neoconstitucionalismo, a constituição era uma carta de princípios, de programas, e com a constituição de 1988, a mesma passou a adotar natureza mais efetiva, sendo dotada de força normativa, sendo certo que normas constitucionais, atualmente, são cogentes, estando acima da lei e sendo mais importante, como parâmetro, que qualquer lei; (ii) máxima efetividade das normas constitucionais, o que se coaduna com o mandado de injunção e, por isso, devemos entender essa aula muito bem, sendo certo que esse princípio estabelece que as normas constitucionais precisam ser cogentes, dotadas de efetividade, eficácia, e não apenas ser uma carta política principiológia.
Princípio da Presunção de Constitucionalidade de Leis e a Atos Normativos
É um mecanismo de contenção do poder judiciário, o que se relaciona com a ideia de autocontenção judicial versus ativisimo judiciário. No ativismo judiciário, o judiciário trabalha no seu limite entre invadir ou não a esfera dos outros poderes, ao passo que na autoconteção ele se contém com base na separação dos poderes. A presunção de constitucionalidade é relativa, exceto as do poder constituinte originário, que tem presunção absoluta. 
Se a presunção de constitucionalidade é um mecanismo de autocontenção do judiciário e se esse princípio prestigia as funções de cada poder, esse princípio apresenta relação direita com o princípio da separação dos poderes, do art. 2o, CRFB. Se a função típica de legislar é do legislativo, sendo auxiliada pelo executivo, e sabendo que há uma presunção relativa de constitucionalidade, esse princípio nada mais é que uma subserviência à separação dos poderes. Ou seja, entender as normas feitas pelos outros poderes como presumidamente constitucionais é uma forma de respeitar a separação dos poderes, sendo certo que essa presunção pode ser facilmente afastada no direito brasileiro, posto ser essa presunção apenas relativa, e não absoluta.
Devemos correlacionar esse princípio com o da reserva de plenário do art. 97, que determina que o juiz, no controle de constitucionalidade difuso, pode conhecer da inconstitucionalidade como prejudicial de mérito, não proferindo decisão sobre essa inconstitucionalidade. Se um recurso sobre por apelação, por exemplo, um órgão fracionário irá conhecer do recurso, mas não poderá conhecer da inconstitucionalidade, devendo enviar para o pleno analisar tal prejudicial no caso concreto, o que se entitula fenômeno da cisão funcional de competência horizontal. Assim, o órgão pleno decide sobre a constitucionalidade vincula a decisão do órgão fracionário, sendo assim aplicado o princípio de reserva do plenário no Brasil.
Alguns órgãos fracionários não mandaram ao órgão pleno, deixando no fracionário e sem conhecer da inconstitucionalidade. A Súmula Vinculante 10, entretanto, entendeu que, mesmo que não seja conhecida a inconstitucionalidade, viola a reserva de plenário o não encaminhamento ao pleno. 
Existe na doutrina a cisão vertical de competência funcional, que não é aplicada no Brasil, que é o caso da ADPF baseada no ordenamento jurídico alemão, que seria endereçado para a primeira instância, seria julgado pelo STF e depois voltaria para a primeira instância, sendo certo que isso não se aplica de forma alguma no direito brasileiro.
Devemos lembrar também do direito de resistência, que determinava que antes da CF88, não havia legitimação do executivo para propor a inconstitucionalidade de leis ou atos normativos. O chefe do executivo podia editar um decreto dizendo que determinada lei é inconstitucional e que a administração pública da qual ele é chefe não se aplica a tal lei. Atualmente existe uma discordância à aplicação do direito de resistência, dado que o executivo é legitimado ativo para propor ações de controle. Ainda assim, grande parte da doutrina, inclusive o Ministro Luiz Roberto Barroso, entendem pela aplicação do direito de resistência no ordenamento jurídico brasileiro. Para a prova da OAB, devemos adotar uma posição respeitada, que é a da resistência ao direito de resistência.
Princípio da Interpretação Conforme a Constituição RELER
Aqui, precisamos diferenciar o princípio da “interpretação conforme” da interpretação conforme como técnica de decisão do STF em ações de controle. O princípio da interpretação conforme entende pela adequação das normas infraconstitucionais às normas constitucionais, o que determina que uma lei não pode ser interpretada isoladamente, sendo sempre analisada com base na constituição, sendo interpretada com vista a concretizar os mandamentos e noções constitucionais, como é o caso da ADPF 132 e ADI 4277, que tratam da união homoafetiva, na qual houver interpretação conforme do art. 1.723 do CC 2002. Nesse caso, se a constituição não faz uma distinção entre homem e mulher, o código civil não poderia fazer isso.
Já a interpretação conforme como técnica de decisão do STF pode ser dividida em (i) interpretação conforme; ou (ii) declaração de inconstitucionalidade sem redução de texto. Normas polissêmicas, plurissignificativas, que apresentam diversos sentidos
Normas e dispositivos são distintos, no ponto em que a norma é um dispositivo interpretado. Ou seja, um artigo X é um dispositivo, e uma interpretação de tal dispositivo dá ensejo à norma, o que pode ser simples, admitindo uma interpretação apenas, ou pode ensejar múltiplas interpretações. Quando o STF se depara com normas polissêmicas, o STF precisa aplicar a interpretação conforme ou a declaração de inconstitucionalidade sem redução de texto. Dessa forma, pode ocorrer de haver uma ADI pedindo a inconstitucionalidade da norma (da interpretação) A do dispositivo X, e o STF pode entender por tal inconstitucionalidade, estabelecendo que o entendimento a ser dado é o da norma B (entendimento B), que é o que ocorre na prática.
Na teoria, a interpretação conforme se dá quando o STF afirma a constitucionalidade de uma das normas, uma das aplicações, declarando a inconstitucionalidade das demais, ao passo que a declaração de inconstitucionalidade sem redução de texto ocorre quando o STF entendepela inconstitucionalidade de uma norma A, permitindo todas as demais interpretações, todas as demais normas. O STF tem entendido pela fungibilidade dos dois dispositivos, principalmente pelo fato de que a interpretação conforme é mais comum, mais adequada e gera maior segurança jurídica. A ADI que foi movida em face do dispositivo X deve ser declarada parcialmente procedente, porque a norma será declarada inconstitucional, ao passo que o dispositivo se mantém inalterado.
A reclamação constitucional pode se aplicar por descumprimento de decisão do STF, sendo mais simples a comprovação por usurpação de competência ou por descumprimento de súmula vinculante.
Princípio da Unidade da Constituição
Tal princípio distingue a análise linear da análise angular da constituição. A análise angular entende por um entendimento como um todo único, que é de onde sai o princípio da unidade, ao passo que a análise linear entende por uma análise isolada. Os artigos precisam se comunicar entre si, conforme estabelece o princípio da concordância prática. Ou seja, o intérprete da constituição precisa da concordância entre os dispositivos entre si, afastando a antinomia, como é o exemplo do art. 5o, XXII, que trata do direito de propriedade, e é seguido pelos arts. XXIII e XXIV, que estabelecem exceções a tal regra, gerando um resultado final com regra e exceção. Ou seja, isso é a concordância prática.
Nesse sentido, devemos lembrar também da interpretação sistemática, que deve ser correlacionada. Aqui, é importante lembrar que temos quatro métodos de interpretação: (i) literal ou gramatical, que é focado no texto; (ii) histórico, que faz uma análise do contexto histórico no qual a lei foi trazida, que é o exemplo do IPTU e sua aplicabilidade para veículos aquaviários e aéreos; (iii) sistemático, o principal deles, que está diretamente ligado ao princípio da unidade da constituição e o princípio da concordância prática, entendendo que a constituição é um conjunto de normas que devem se complementar entre si, que devem se interpenetrar entre si, não interpretando a constituicão de forma linear, mas como um sistema; (iv) teleológico, que almeja o fim ao qual a norma pretende, o mandamento, o comando; e (v) lógico (esse sendo polêmico e não aplicável pela doutrina comum). Atualmente, há um entendimento de que todas as interpretações são sistemáticas, inclusive as que não são diretamente sistemáticas nesse sentido.
Princípio da força normativa da constituição
Devemos analisar o princípio da suprematica da constituição.
Princípio da razoabilidade
Devemos analisar com relação ao princípio da proporcionalidade.
Direitos Políticos
É o conjunto de normas que disciplinam as formas de exercício da soberania popular, como é exercida a participação política. Tal participação está ligada à soberania popular, disposta no art. 1º p.ú da CRFB/88, que determina que todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes ou diretamente, nos termos desta constituição.
O exercício de poder é feito pelo sufrágio, o direito de participar da vida política do país, envolvendo o direito de votar e ser votado. Como o direito político é exercido de forma direta e indireta? O plesbicito é uma consulta prévia ao povo, para posteriormente converter em lei, ao passo que o referendo é uma consulta posterior à criação da lei. O plesbicito é muito questionado por ser uma carta em branco, autorizando a criação de uma lei determinada, mas não em que linha e quais pontos a mesma lei irá abordar. Já o referendo é criticado porque é votada uma lei que ninguém sabe se irá de fato valer no futuro. Temos também a iniciativa popular, que é a criação de projetos de leis, estando os três no art. 14, CRFB.
A ação popular do art. 5º, LXXIII é um instrumento da democracia porque o povo diretamente vai no judiciário contra situações que o governo, o poder público fez. Se o cidadão constata qualquer irregularidade, o cidadão pode questionar, pedindo anulação do ato. Temos também a organização e participação em partidos políticos, para participar diretamente na política, bem como o pedido de impeachment. Qualquer cidadão pode pedir à câmara autorização para o impeachment, desde que seja obedecido o procedimento especificamente estabelecido. Além disso, temos muitos outros exemplos na doutrina.
O plesbicito e referendo consistem em democracia representativa, pela doutrina majoritária, ao passo que a ação popular, partidos político e impeachment consiste em democracia direta. A lei também é um bom exemplo de democracia representativa, dado que muitos entendem que plesbicito e referendo são exemplos de democracia direta. Por termos um sistema misto, podemos entender que temos uma democracia mista, semi representativa ou semidireta.
O sufrágio, segundo o art. 14 da CRFB, é universal, o que significa que os direitos políticos são concedidos indistintamente para todos. O sufrágio pode ser restrito, como foi no Brasil até 1988, já tendo sido censitário, que é o caso de voto pela capacidade financeira. O censitário determina que a pessoa só pode participar do processo eleitoral se tiver determinada capacidade financeira, e ser votado com um valor mais alto ainda. Além disso, o sufrágio restrito pode ser capacitário, que ocorre na hipótese de ter uma capacidade especial, que é o caso de restrição do voto para analfabetos. Atualmente o Brasil não adota o sufrágio restrito, sendo um voto universal.
O sufrágio é o direito de participar do processo eleitoral e o voto é o instrumento de exercício desse voto, o voto é o exercício desse direito, podendo ser direto, secreto, universal, periódico e com o valor igual para todos. O voto direto, secreto, universal, periódico é cláusula pétrea nos termos do art. 60 p.4º, II da CR. Temos uma exceção, prevista no art. 81 p.1º da CR, no caso do cargo de presidente ou vice presidente ficando vago nos últimos dois anos de mandato, podemos ter eleição realizada pelos membros do congresso nacional, ou seja, são nossos representantes escolhendo quem irá nos representar, sendo uma hipótese de voto indireto.
O voto precisa ser secreto, tendo sido criado na Austrália. O sufrágio universal significa que todos tem direito ao voto, e a periodicidade é o fato de que a cada dois anos os cidadãos votam no Brasil. O voto com valor igual para todos significa que todos os votos tem o peso um, o que significa que qualquer pessoa tem a mesma voz. O voto obrigatório não é cláusula pétrea, podendo ser instituída por emenda tranquilamente.
Classificações dos direitos políticos
Podem ser ativos, passivos, positivos e negativos. Os direitos políticos ativos são referentes ao eleitor e sua atividade, ou ao direito de votar. Os direitos passivos referem-se aos elegíveis e aos eleitos, ao direito de ser votado. O direito político positivo garante a participação no processo político eleitoral, que é a possibilidade de votar ou ser votado. Os direitos negativos restringem a participação no processo eleitoral, que são as regras de inelegibilidade, privação dos direitos políticos, inalistabilidade e impugnação de mandato.
O alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios para os maiores de 18 anos, facultativos para analfabetos, jovens entre 16 e 18 anos e maiores de 70 anos, conforme consta no art. 14 p.1º, CRFB. As vedações constam no parágrafo segundo do mesmo artigo, que é o caso dos estrangeiros e dos conscritos. O estrangeiro não vota, mas o português equiparado ao brasileiro pode votar, desde que tire título de eleitor. O conscrito é aquele jovem de 18 anos que se alista para o serviço militar, mas tem uns conscritos que tem mais de 18 anos, que são aqueles com 25 anos de idade, porque se inscrevem nas forças armadas e informam estar fazendo faculdade, sendo posteriormente convocados, e, assim, perdendo a capacidade eleitoral. Não pode exercer direitos políticos enquanto estiver no exercício militar.
Com relação à capacidade eleitoral passiva, ao poder e direito de ser votado, é importante saber queexistem requisitos genéricos no art. 14 §3o da CRFB/88 para elegibilidade, que são: (i) nacionalidade brasileira, ou condição de português equiparado, pegando o certificado de equiparado, pode ser votado, mas não pode ser presidente da república, presidente do senado ou da câmara dos deputados, mas pode ser, por exemplo, deputado federal; (ii) pleno exercício dos direitos políticos, não podendo ter incorrido em causa de perda de direitos políticos; (iii) alistamento eleitoral, precisando estar inscrito na justiça eleitoral; (iv) domicílio eleitoral na circunscrição, que é o local onde vota, sendo certo que o registro no domicílio eleitoral deve ter anterioridade de um ano para concorrer; (iv) filiação partidária, que também precisa ter um ano antes da eleição, seja em domicílio distinto, seja em partido diferente, lembrando que militares não podem se filiar; (v) idades mínimas.
Quanto à idade mínima, é importante lembrar que precisa-se de pelo menos 18 anos para vereador, 21 anos para prefeito e vice prefeito, deputados e juiz de paz, 30 anos para governador e vice, e 35 anos para presidente, vice presidente e senador. Essas idades são para posse, sendo possível concorrer antes disso, ou seja, se eu tiver 17 anos, posso concorrer a vereador desde que eu faça 18 anos até dia 31 de dezembro do ano anterior (sendo a posse dia 1 de janeiro do ano seguinte). Essa regra também se aplica a quem quer votar, dado que a pessoa pode se inscrever com 15 anos na justiça eleitoral, desde que tenha 16 anos no momento da eleição. Só com 35 anos, então, a pessoa adquire a cidadania plena, ou cidadania máxima, porque só assim a pessoa pode votar e ser votada a qualquer cargo.
Inelegibilidades
Disposto no at. 14 §§4o ao 9o, CRFB, as inelegibilidades podem ser absolutas ou relativas. A absoluta são regras que impedem que a pessoa participe do processo eleitoral para qualquer cargo, ou seja, a inelegibilidade absoluta é aquela que impede que a pessoa seja eleita para qualquer cargo, sendo excepcional e estabelecida taxativamente pela própria Constituição Federal, que é o caso dos inalistáveis e dos analfabetos (art. 14 §4o, CRFB). Já a inelegibilidade relativa impede a eleição para alguns cargos apenas, isto é, a inelegibilidade relativa impede a elegibilidade para certos pleitos eleitorais e determinados mandatos em razão de situações especiais existentes no momento da eleição, sendo exemplificativas, porque além das hipóteses expressamente previstas na Constituição, lei complementar poderá prever outras hipóteses (art. 14 §§5o a 9o, CRFB). A lei pode criar hipóteses de cassassão, que são possibilidades de inelegibilidade absoluta por oito anos, sendo evidente que isso não pode ser permanente.
Como inelegibilidade relativa temos o fator da idade, assim, se a pessoa tiver entre 18 e 34 anos, não pode concorrer a muitos cargos, sendo um limitador à capacidade eleitoral. Ademais, o domicílio eleitoral funciona como outro limitador, dado que não se pode candidatar para cargo pertinente a domicílio eleitoral distinto do de inscrição do político.
Há também uma inelegibilidade relativa para o próprio cargo. O art. 14 §5o determina que o presidente da república, os governadores de estado e do distrito federal, os prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandados poderão ser reeleitos para um único período subsequente. O chefe do executivo federal, estadual e municipal só podem ser reeleitos para um mandato. Isso significa que os chefes do executivo são inelegíveis para mais de uma reeleição subsequente, sendo certo que, para concorrer a reeleição, não precisa renunciar, exceto se concorrer para outro pleito, quando precisa renunciar com seis meses de antecedência. Ou seja, há desincompatibilização, não sendo necessário renunciar para concorrer a reeleição no mesmo cargo. Adicionalmente, o chefe do executivo reeleito não pode se candidatar a vice no período imediatamente subsequente, mas pode o oposto, isto é, pode o vice presidente tornar-se presidente no mandato seguinte.
Por exemplo, a Dilma não pode se reeleger novamente nas próximas eleições, mas pode se candidatar para as eleições de 2022 e ser reeleita. Já com relação a Sergio Cabral, o mesmo cumpriu dois mandatos e agora seu vice governador, Luiz Fernando Pezão, tornou-se governador, não havendo qualquer impedimento para isso.
Conta-se como primeiro mandato na chefia do executivo se ocorrer (i) substituição dentro dos 6 meses anteriores ao pleito eleitoral (mesmo que dure um dia), ou seja, nos últimos seis meses, o mero fato de assumir o governo por um dia, no caso de uma viagem do presidente, torna tal pessoa inelegível; (ii) sucessão, em qualquer tempo, que ocorreu com o pezão. Nesse caso, ele, por ter assumido o mandato do Sergio Cabral nos últimos sete meses, não pode se reeleger nas eleições de 2022. O TSE entendeu, na Resolução nº20.889/01, que o “1. vice, reeleito ou não, pode se candidatar ao cargo do titular, mesmo tendo substituído aquele no curto do mandato. 2. Se a substituição ocorrer nos seis meses anteriores ao pleito, o vice, caso eleito para o cargo do titular, não poderá concorrer à reeleição. 3. O mesmo ocorrerá se houver sucessão, em qualquer tempo do mandato”.
Ainda em inelegibilidades relativas, entende-se pela vedação do prefeito itinerante ou prefeito profissional, que ocorre no caso do sujeito ser prefeito de um município, reeleito e tentar logo depois ser prefeito de um outro município. O RE 637485 vedou tal situação, ao informar que “o cidadão que exerce dois mandatos consecutivos como prefeito de determinado município fica inelegível para o cargo da mesma natureza em qualquer outro município da federação”. Ou seja, proibe-se o cargo de prefeito profissional.
Membros do legislativo não tem limites para a reeleição, podendo ser reeleitos quantas vezes for necessário. Para o mesmo cargo, o legislativo não tem limites, e o executivo tem limite de uma reeleição. Entretanto, existe vedação, inelegibilidade para outros cargos, nos termos do art. 14 §6o, CRFB. Ou seja, para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de estado e do distrito federal e os prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito. Isso significa que o chefe do executivo, se quiser se eleger a outra coisa, que não seja chefe do executivo, precisa sair seis meses antes do pleito. 
Membro do legislativo, se quiser concorrer a outra coisa, não precisa renunciar ao mandato para concorrer a outro cargo. Chefe do executivo não precisa renunciar quando estamos diante a tentativa de reeleição para o mesmo cargo, mas precisa sair seis meses antes para concorrer a qualquer cargo distinto. 
Quem está como chefe do executivo dentro dos seis meses anteriores à eleição fica inelegível para os outros cargos, então, por exemplo, o vice que substitui o chefe do executivo nos seis meses anteriores à eleição só poderá reeleger-se para vice ou candidatar-se ao cargo do titular. Então, por exemplo, se o Michel Temer assume a presidência por um dia nos últimos seis meses do mandato, ele fica inelegível para qualquer cargo que não seja o de presidente ou vice presidente.
Nesse sentido, vale lembrar a linha sucessória do cargo de presidência. Na ausência do presidente, entra o vice presidente, seguido do presidente da câmara dos deputados, presidente do senado federal e, por último, o presidente do Supremo Tribunal Federal. Se o presidente da câmara assumir, ainda que por um dia, ele fica inelegível para assumir um cargo na própria câmara, anulando a capacidade eleitoral dessa pessoa para qualquer cargo que não seja o de presidente. Por isso que, muitas vezes, nesses casos, torna-se presidente o ministro do STF, em virtude da inelegibilidade e da importancia de tal instituto para os outros substitutos. Nesse sentido, o RE 345.822 determina que “substituto extraordinário que assume a chefia do executivo nos seis meses anteriores à eleição só poderá candidatar-se ao cargo do titular,ficando inelegível inclusive para o seu cargo atual”.
É importante lembrar, ainda, que são inelegíveis na sua jurisdição (circunscrição), o conjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o 2o grau ou por adoção, dos chefes do Poder Executivo ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se o conjuge ou parente já for titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. Aqui, a tentativa é entender se o chefe do poder executivo de qualquer esfera federativa pode ou não usar a máquina pública para eleger parentes. Obviamente, não e, para evitar isso de ocorrer, os parentes tornam-se inelegíveis. Vale lembrar que o presidente da república gera inelegibilidade para qualquer cargo eletivo no Brasil, e o governador gera inelegibilidade dentro daquele estado, seja para o cargo que for, no legislativo ou executivo, para qualquer parente nesse sentido. Já com relação ao prefeito, fica inelegível o parente para qualquer cargo dentro do município.
Para entender essa regra, é imprescindível entender o grau de parentesco. Sabendo que fica inelegível até o segundo grau de parentesco, fica claro que os pais de filhos, por serem de 1o grau, são inelegíveis, bem como os avós, irmãos e netos, por serem de 2o grau. Os tios são parentes de 3o grau e, por isso, são elegíveis dentro da circunscrição do chefe do executivo. Além disso, temos o conjuge, que é inelegível, apesar de não ser consanguíneo, podendo tal conjuge ser hetero ou homoafetivo.
Além dos parentes consanguíneos, precisamos lembrar dos parentes afins, que são os parentes do conjuge, como sogros, os avós do conjuge, os filhos do conjuge e os netos do conjuge também são inelegíveis, pois estamos diante de parentes de 1o e 2o grau de afinidade. O cunhado também é inelegível, porque é do 2o grau de afinidade. É importante lembrar que a aposentadoria compulsória não se aplica para cargos do legislativo, apenas para o judiciário. Ou seja, todas as pessoas e parentes consanguineos e afins citadas aqui são inelegíveis dentro do território de circunscrição do cargo.
Será afastada a inelegibilidade reflexa (i) para o mesmo cargo, se o chefe do executivo renunciar até seis meses antes da eleição, desde que ele esteja no 1o mandato; (ii) para outros cargos, se o chefe do executivo renunciar até seis meses antes da eleição. O chefe do executivo, para o parente poder concorrer, ele precisa renunciar seis meses antes e, se for para o mesmo cargo, ele precisa estar no primeiro mandato. Ademais, a morte do chefe do executivo antes de seis meses do pleito afasta a inelegixibilidade reflexa, nos termos do Ac. 3043.
Nesse sentido, vale lembrar que “a dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no §7o do art 14 da CR”, conforme disciplina a Súmula Vinculante 18.
Com relação a desmembramento de município, é importante saber que são inelegíveis, no município desmembrado, a ainda não instalado, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do prefeito do município-mãe, ou de quem o tenha substituído, dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo (Súmula 12 do TSE). Se, porém, o prefeito renunciar até seis meses antes do pleito, o cônjuge e os parentes do profeito do município-mãe podem candidatar-se para qualquer cargo no município desmembrado, conforme disciplina o Ac. 1008 de 1997, de relatoria do Min. Esduardo Alckmin, consoante à Res. 19.490/96, de relatoria do Min. Ilmar Galvão.
Com relação a militares alistáveis, os mesmos são elegíveis. A princípio, o militar alistável é inalistável, o militar conscrito é inalistável, sendo alistável no momento em que cumpre o serviço militar obrigatório, deixando de ser conscrito por opção. Se contar com menos de 10 anos de serviço, o militar deve se afastar da atividade. O TSE entende que o afastamento do militar alistável de sua atividade deverá se processar mediante demissão ou licenciamento ex officio, na forma da legislação que trata do serviço militar e dos regulamentos específicos de cada força armada, conforme disciplina a Res. 20.598/2000. Se o militar tem menos de dez anos de serviço, a regra é que, de zero a cinco anos, ele precisa sair, mas de cinco a dez, ele pode pedir uma licença para se dedicar temporariamente à atividade política.
Se tiver mais de dez anos, ele será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade. Nesse sentido, o art. 82 da Lei 6880/80 entende que o militar será agregado quando for afastado temporariamente do serviço ativo por motivo de: XIV – ter-se candidatado a cargo eletivo. O parágrafo quarto do mesmo dispositivo determina que a agregação é contada a partir da data do registro como candidato até sua diplomação ou seu registro à força armada a que pertence, se não houver sido eleito.
Agregado significa sair da fila de concorrer a patente, funcionando como uma saída em termos do serviço miliar. Quando tiver o resultado das eleições ele volta, ficando livre a concorrer ao que quiser.
O art. 14 par. nono estabelece a inelegibilidade por lei complementar, em que se entende que pode estabelecer outros casos de inelegibilidade e os prazos para sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada via pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta. Quando o STF trata da questão da pessoa condenada por órgão colegiado, mesmo antes do trânsito em julgado da condenação, ela fica inelegível, o que foi confirmado pelo STF, dado que havia sido questionada a ofensa à moralidade e liberdade.
Privação dos direitos políticos – art. 15
É vedada a cassação dos direitos políticos, a tomada arbitrária dos direitos políticos sem justo processo. A perda é a privação definitiva dos direitos políticos e a suspensão é a privação temporária, sendo as duas permitidas no ordenamento jurídico brasileiro. O inciso I do art. 15 é hipótese de perda, sendo o cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado séria a ponto de privação definitiva de direitos políticos. A maior parte dos autores entende que a incapacidade civil absoluta, do inciso II, entra como hipótese de suspensão, mas se ela não tiver chance de recuperação, é hipótese de perda, mas se puder recuperar, é caso de suspensão. Nesse sentido, a condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos, o que é caso de suspensão independentemente do pagamento de multa associada à condenação ou não, sendo certo, também, que não é a prisão que gera a privação política, sendo necessária apenas a condenação penal, independentemente do regime adotado no caso. Quando transitar em julgado, ele não tem direitos políticos ativos nem passivos, mas se a condenação criminal não transitou em julgado e foi decidida por um órgão colegiado, suspende desde já os direitos. 
Esse art 1º, I, e da LC 64/90 entende que são inelegíveis para qualquer cargo os que forem condenados por decisão transitada em julgado, ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a condenação até o transcurso de 8 anos até o cumprimento da pena, o que significa que o cara condenado por órgão judicial colegiado já fica inelegível, independente do trânsito em julgado ou não. Pela lei, é enquanto durar os efeitos da condenação, mas a alínea e expande para oito anos após o transcurso da pena, então é necessário diferenciar. O prazo é enquanto durar os efeitos da condenação, conforme confirma a Súmula 9 do TSE. Entretanto, nos casos dos 10 crimes estabelecidos na lei complementar, adiciona-se 8 anos ao tempo da condenação para saber o tempo de inelegibilidade que ele vai ter.
O inciso IV determina a recusa de cumprir obrigação eleitoral ou militar a todos imposta ou prestação alternativa. Tal entendimento é tantode perda como de suspensão dos direitos políticos, restando claro que a perda é entendida pela doutrina e nos termos do art. 144, II, b, CF 1967, ao passo que a suspensão se entende pela Lei 8239/91, art 4º p. segundo, CPP art 438; Resolução do TSE n. 21.538 e art 53, II, b. Se a pessoa não cumpre obrigação eleitoral ou militar, pode se tornar inelegível. Por exemplo, se eu não votar, não justificar e não pagar multa três vezes, eu fico inelegível. Para readquirir, basta pagar a multa, assinar o compromisso, etc, para readquirir os direitos políticos. Alguns entendem que é perda porque, se você não fizer nada, não volta a ter direitos políticos, sendo necessária uma ação da pessoa para voltar a ter tais direitos. Entretanto, por ter possibilidade, chance de recuperação, é suspensão e, por isso, depende da posição adotada.
A improbidade administrativa importa em perda da função pública e suspensão dos direitos políticos, nos termos do art. 37 parágrafo quarto.
Princípio da anualidade eleitoral
Lei que altera o processo eleitoral pode entrar em vigor na data de publicação, mas só pode ser aplicado um ano após sua entrada em vigor. A EC 52/2006 determinou que o art. 17 da CR para a vigorar com a seguinte redação: é assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna, organização, funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária. Antigamente, a eleição presidencial e a estadual deveria adotar uma coerência, ou seja, se o PT e o PMDB são coligados em âmbito federal, tal coligação deve ser aplicada também em âmbito estadual e municipal, garantindo a verticalização. Entretanto, atualmente, isso não é mais necessário, mas muitos entendem que não há coerência com relação a isso.
O art. 2º dessa mesma emenda determina que essa emenda entra em vigor na data de sua publicação, aplicando-se às eleições que ocorreram em 2002, algo que, pelo princípio da anualidade eleitoral, não poderia ser aplicado, porque tem uma incongruência, dado que sua publicação foi em 2006. Essa emenda colidiu com o princípio da anualidade eleitoral do art. 16 da CF. Entendeu-se, então, na ADIN 3685-8 do STF que tal artigo não se aplica às eleições de 2006, sendo necessário o respeito ao princípio da anualidade eleitoral.
No que toca partidos políticos, o art. 17 da constituição determina que é livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos: (i) caráter nacional; (ii) proibição de recebimento de recursos de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes; (iii) prestação de contas à justiça eleitoral; (iv) funcionamento parlamentar de acordo com a lei. O partido político tem personalidade jurídica, registrando seus estatutos no TSE, tendo direito a acesso gratuito na televisão em alguns momentos, bem como direito a recursos do fundo partidário, sendo também vedada a utilização de recursos paramilitares para fins eleitorais.
Nacionalidade
Nacionalidade é o vinculo jurídico político que une um indivíduo a um Estado, tornando-o parte do povo, capacitando-o a exigir uma proteção do Estado e sujeitando-o a obrigações impostas. Ou seja, é o vínculo que une uma pessoa a um Estado, sendo certo que cada Estado é livre para dizer quem serão seus nacionais, diante da soberania.
Cidadão é o nacional no gozo dos direitos políticos. Para o Estado existir, precisamos de território, povo, e soberania, sendo os elementos geográficos, humano e jurídico, respectivamente. O povo são os nacionais, que são o elemento humano do Estado, sendo isso relevante porque cidadão é um conceito mais restrito, que engloba a parte do povo no gozo de seus direitos políticos apenas.
Já população é um conceito meramente demográfico usado para contar o número de habitantes de um local. Os estrangeiros que moram no Brasil não são cidadãos e nem povo brasileiro. A ideia de povo está ligada à nacionalidade, ao passo que povo está ligado a nacionalidade. Estrangeiros, por sua vez, são todos que não são nacionais. Por fim, a nação é um agrupamento humano numeroso, fixado por um território, ligado por laços históricos, culturais, econômicos e linguisticos. É o caso do Canada, por exemplo.
Temos algumas espécies de nacionalidade. A primária, ou originária, ou nata, ocorre quando o direito à nacionalidade surge com o nascimento. Não devemos confundir o direito à nacionalidade com a nacionalidade automática, por conta, por exemplo, de uma dupla nacionalidade, que seria uma segunda nacionalidade nata, primária, originária, sendo o exercício de um direito, adquirido desde o nascimento, mas exercido posteriormente.
A nacionalidade primária pode ser estabelecidas por alguns critérios, quais sejam: (i) jus soli, ou jus loci, em que será nacional quem nascer no solo do Estado, o local do nascimento é o que importa; (ii) jus sanguini, em que será nacional quem for descendente de nacionais, ou seja, devemos olhar para os ascendentes; (iii) mistos, em que conjugamos os ius solis e o ius sanguinis a outros critérios.
A nacionalidade também pode ser secundária, derivada, ou adquirida, que é a que ocorre após o nascimento, sendo necessário o cumprimento de alguns requisitos, ou seja, é a que resulta da vontade após o nascimento, através da naturalização. Cada país é livre para estabelecer seus critérios de nacionalidade, mas, na prática, os países colonizadores adotam, em sua maioria, o critério do ius sanguinis, ao passo que o país colonizado, de regra, adota o critério do ius solis.
Em virtude dessa liberdade para estabelecer nacionalidade, acabam surgindo conflitos de nacionalidade. Por exemplo, pode ser que o país de nascimento e o país dos ascendentes não o reconheçam como nacional, que é o que ocorre com o apátrida ou heimatlos, que é aquele que não tem nenhuma nacionalidade. Contrariamente, pode ser o caso, também, de uma pessoa ser reconhecida como nacional por mais de um país, que é o caso do polipátrica, que tem duas ou mais nacionalidades.
Assim, o art. 12, I, a estabelece o critério do ius soli para nacionalidade originária, para a existência dos brasileiros natos, que são aqueles que nascem no brasil, ainda que de pais estrangeiros, exceto se tais estrangeiros estiverem a serviço de seu país. Assim, filhos de estrangeiros que estão no Brasil a trabalho por uma empresa privada são brasileiros, ao passo que filhos de diplomatas ou outras pessoas que vieram a serviço do país de origem não adquirem a nacionalidade nata. Aqui, é importante lembrar que se um alemão vier para o Brasil a serviço da Holanda, o filho desse alemão será brasileiro se nascer aqui, porque o alemão não está a serviço de seu país de origem, desde que a mãe também seja estrangeira.
Já a alínea b estabelece o critério funcional do ius sanguinis, de pessoas a serviço do Brasil, ou seja, crianças filho de pai ou mãe brasileira a serviço do Brasil, é brasileiro. A alínea c, por sua vez, estabelece que são brasileiros natos os nascidos estrangeiros de pai ou mãe brasileiro, desde que registrado na repartição brasileira, ou venham a residir no Brasil e optem, após adquirida a maioridade, pela nacionalidade brasileira. Essa última parte foi incluída pela EC 54/ 2007. É importante lembrar, ainda, que os nascidos no estrangeiro entre 7/ 06/ 94 e a data da promulgação da EC 54/ 2007, filhos de pai brasileiro ou mãe brasileira poderão ser registrados em repartição diplomática ou consular brasileira competente, ou em ofício de registro se vierem a residir no Brasil, conforme leciona o art. 95 da ADCT.
A nacionalidade não prescreve, e por isso pode ser exercido a qualquer tempo, como ocorre no caso da segunda parte da alínea

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