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Iluminismo, Hobbes e Locke (1)

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ILUMINISMO
Foi um movimento intelectual europeu (séculos XVII e XVIII), com base na crença de que o progresso está na razão e nas ciências. Antecede a Revolução Francesa. Os escritores deste período estavam convencidos de que emergiam de séculos de obscurantismo e ignorância para uma nova era, iluminada pela razão (havia muita fé no poder da razão humana), a ciência e o respeito à humanidade. Porém, mais que um conjunto de ideias estabelecidas, o Iluminismo representava uma atitude, uma maneira de pensar. De acordo com Immanuel Kant, o lema deveria ser "atrever-se a conhecer". Aparece o desejo de reexaminar e pôr em dúvida os valores e as ideias recebidas, com enfoques bem diferentes, daí as contradições entre os textos dos pensadores daquela época, como veremos abaixo. Importante lembrar que a doutrina da Igreja foi muito atacada, mas a maioria dos pensadores não a renunciaram totalmente. 
HOBBES (1588-1679)
Livro: Leviatã. Foi defensor do empirismo. Compreende a razão a partir de uma espécie de mecânica do movimento dos corpos. Para ele, o homem é como uma máquina que age sozinha, na linha da concepção mecanicista de mundo típica da física da época, cujo problema central consistia em entender a natureza dos corpos e de seus movimentos. O homem é movido por suas paixões, que o impelem a agir; a vontade e a deliberação resultam apenas da soma dessas paixões em um sentido mais complexo, sendo que a liberdade nada mais é do que “a ausência de impedimento” para a ação. O espaço e o movimento são bases de sua filosofia do conhecimento que influenciam, posteriormente, a sua própria filosofia do direito.
No Capítulo 14 do Leviatã, existe a ideia de que a liberdade é um direito, e opõe-se à lei e à obrigação. Portanto, a liberdade para ele, é ausência de obstáculos externos às ações que contribuem para a preservação da vida.A liberdade então é um direito originário, da condição humana. Em outras palavras, o direito natural (ou liberdade) é algo que cada ser possui em função de uma espécie de princípio de conservação da espécie.
Repisando: o direito natural é positivado pelas leis naturais. Em Hobbes, o direito natural não é um dado real, uma coisa ou uma substância, nem é uma essência, mas caracteriza-se como liberdade de usar o próprio poder para a preservação da vida.
Metaforicamente, é como se houvesse um vácuo jurídico, situação em que tudo é permitido - "em tal condição todo homem tem direito a todas as coisas, incluindo os corpos dos outros" (Hobbes, 1843, Leviatã, cap. 14).
Mas, se supomos essa ausência de impedimentos externos à realização do direito natural, situação de pura liberdade, que se confundiria com a própria condição natural do homem, a da guerra de todos contra todos, como seria possível pensar a preservação da espécie humana?
Contrariou Aristóteles. Este considerava o homem um ser social, zoonpolitikon, e, portanto, por natureza tendente a um viver em conjunto com os demais homens. Já Hobbes fala que o indivíduo é a base de seu pensamento. Por conta disso (e contrariando Aristóteles), ele diz que não é natural que cada homem tenha por fim a associação com outros homens. A vida social se revela aos homens artificialmente. Somente um contrato, um pacto, enseja que os homens, que vivem em função de seus interesses pessoais, passem a viver em conjunto.
Então, para evitar a guerra total, surge o acordo estabelecido, o pacto celebrado (Hobbes, 1843, Leviatã, cap. 20). Na condição natural da humanidade, cada indivíduo tem direito a tudo o que contribua para sua conservação e bem-estar, e ele acredita ter esse direito. A renúncia que um homem faz de seu direito, renúncia implicada no pacto instaurador do poder político, é deixar de pretender negar ao outro esse mesmo direito; em outras palavras, é reconhecer que todos os outros têm também um direito sobre as mesmas coisas que ele próprio. Só assim é possível acordo, justiça, partilha.
O que leva o homem a realizar o contrato, para viver em sociedade, não é a boa vontade do indivíduo. Hobbes dirá que a inclinação do homem, para fazer o pacto, é estar voltado para a satisfação dos seus próprios interesses (continua existindo apenas a ideia do EU, e o outro – aparentemente – ainda não aparece na filosofia daquela época). Ou seja, como a vida solitária gera preocupações, medo e fragilidades, até porque não é possível sempre se defender sozinho de todos, então, por causa desse medo, os homens se associam, para que seja mais difícil a sua destruição pelo outro.
O poder soberano existe assim para impedir o estado de natureza e permitir a coexistência entre os homens, já que neste estado os indivíduos acabariam por se exterminar uns aos outros. Então, o poder do soberano deve ser exercido de forma absoluta. Este poder absoluto é dado pelo contrato, isto é, a sociedade civil organizada fez um pacto (os indivíduos) - que não é liberal - já que defende o poder absoluto, mas é um poder legítimo uma vez que assegura a paz civil. 
Em síntese, o direito do soberano tem seu poder fundado na ideia do pacto político. O soberano recebe dos indivíduos contratantes, por transferência, os direitos naturais, a começar pela autoridade, o direito de agir. Ele deve responder às causas que o produziram, enquanto representante dos indivíduos que contratam. É de se notar, entretanto, que, como representante de cada súdito, o qual conferiu, renunciou e transferiu seu direito ao poder comum, o soberano pode tudo: é ele quem cria os padrões para distinguirmos o bem do mal, o justo do injusto.
Para Hobbes, a mais alta expressão da justiça está no cumprimento das determinações do soberano, na medida em que os homens alienaram seus interesses pessoais àquele que lhes dá em troca a segurança e a paz.
Por causa da inclinação do homem às suas paixões, não há de se esperar que a razão – que é a lei natural – venha a imperar. Por isso, para Hobbes, apesar das leis da natureza, é necessário um poder que mantenha a segurança. Resulta daí, para ele, a necessidade de que as leis naturais sejam concretizadas por meio do soberano, no Estado.
O soberano, cujo poder absoluto é oriundo do pacto social, não está submisso às leis naturais. Seu poder é absoluto, e nada resta nos indivíduos que pactuaram viver em sociedade que possa se opor à determinação do soberano.
LOCKE (1632-1704)
Para ele, todas as ideias e todos os princípios do conhecimento derivam da experiência sensível. Em outras palavras, o intelecto recebe da experiência sensível todo o material do conhecimento e por esse motivo pode-se dizer que não há nada em nosso entendimento que não tenha vindo das sensações.
Ao contrário de Hobbes, pode ser visto como um otimista em relação à natureza humana e ao convívio entre os indivíduos, considerando como princípio básico da existência da sociedade o entendimento racional entre os homens.
Segundo Locke, a sociedade resulta de uma reunião de indivíduos, visando garantir suas vidas, sua liberdade e sua propriedade, ou seja, aquilo que pertence a cada um. É em nome dos direitos naturais do homem que o contrato social entre os indivíduos que cria a sociedade é realizado, e o governo deve portanto comprometer-se com a preservação destes direitos. O poder é então delegado a uma assembleia ou a um soberano para exercer essa função em nome da união voluntária e consentida entre os indivíduos. A legitimidade desse poder reside, em sua origem, no consentimento dos indivíduos que o constituíram, e que podem portanto retirá-lo daqueles que não governam no interesse da maioria ou que ameaçam a liberdade e os direitos dos indivíduos.

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