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Globalização contemporanea

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DISCIPLINA: GEOGRAFIA ECONÔMICA
ALUNO: DANIEL C. MARTINS
David harvey - A globalização contemporânea
	David Harvey procura fazer um diálogo nesse capítulo a respeito da gênese da globalização, procurando indagar como ela aparece de forma naturalizada em nosso discurso e também a sua prevalência nas decisões políticas internacionais. O autor vai destacar que a globalização deve ser entendida como processo que vai se constituir ao longo da história e para entender a relevância do espaço dentro dele é necessário um debate epistemológico acerca da importância que a teoria possui para entender a complexidade de tal conceito.
	O entendimento da globalização enquanto processo significa entender que ela faz parte também de um projeto político que se dá levando em conta as necessidades de cada momento histórico. A partir dessa dupla dimensão, podemos dizer que, no que diz respeito ao espaço, é necessário entender como o capitalismo utiliza os espaços de acordo com tais necessidades históricas. Assim, Harvey procura discutir porque tal fator é deixado de lado pela teoria marxista, que ao se constituir como “materialismo-histórico” levou em conta o tempo como fator primordial, deixando de lado o espaço, que seria para Harvey um elemento fundamental que ele procura adicionar para entender importantes sentidos da globalização atual.
	O autor destaca a influência de Feuerbach em torno da concepção de tempo enquanto fator que subordina os outros, entendendo assim uma dialética que procura deixar de lado o elemento geográfico que vai aparecendo aos poucos na visão de outros autores (Lenin, Rosa Luxemburgo, Thompson…), levam a discutir os contextos locais que aparecem como atrativos em torno de um direcionamento de interesses de uma economia global que se apoia nas diferenças e não nas semelhanças para fortalecer o mercado mundial. Então a globalização passa a ser definida como uma reorganização geográfica do capitalismo. Assim, não se tende a analisar os fatores como “naturais”, mas como condicionantes criados e formulados pelo capitalismo num sentido global, um processo para “colocar as coisas no lugar” a partir dos critérios de uma luta de classes.
	Ele procura fazer um diálogo com a teoria marxista levando em conta o fator espacial como condicionante a mais e fundamental para entender o debate contemporâneo da globalização com suas dinâmicas flutuantes que constantemente se alteram (como os exemplos que o autor cita de Deleuze e Guattari). Ou seja, tal categoria é fundamental para entender a situação atual, uma vez que a globalização se iniciou com as navegações e foi se alterando a partir de novidades e descobertas que se deram em momentos específicos, mas que no momento atual ele possui diferenças específicas que a diferenciam de outros contextos históricos. Esse é ponto chave na qual ele procura se apoiar para explicar as crises sistêmicas que ocorrem cada vez mais rápidas num curto espaço de tempo.
	Podemos dizer então que a globalização entendida como um processo, implica dizer que no cenário atual as mudanças se dão dinamizando o tempo e o espaço, onde a relação dialética entre ambos se dá numa escala mais frenética, levando a constantes mudanças e reterritorializações. A partir dessa dialética, Harvey utiliza o conceito que ele vai chamar Materialismo “histórico-geográfico”, adicionando a categoria espacial no debate, pois a partir de fatores como a desregulamentação financeira, ondas de mudanças tecnológicas que reduzem tempo e distância, e o sistema midiático que dinamiza a velocidade da informação, além dos custos de transporte apontam para significativas mudanças que caracterizam a globalização atual já que as descobertas extrapolam outros momentos anteriores desde as grandes navegações.
	Ao mesmo tempo, novos problemas também devem ser pensados a partir daí, pois de um lado temos o fato de que as barreiras comerciais foram eliminadas sem no entanto diminuir as fronteiras entre pessoas, ampliando desigualdades. Assim, podemos dizer que tais fatores são passíveis de novos conflitos contemporâneos, já que os interesses também vão se diferenciando de acordo com os setores econômicos em suas disputas concorrenciais. E também as crises sistêmicas que vem ocorrendo de forma cada vez mais rápidas, devido ao problema do excedente, pois em outros momentos o capital para se valorizar escoava o excedentes para novos campos, para manter o domínio de um país numa relação imperialista. Hoje, na medida em que não se tem para onde escoar o excedente, o capital não tem para onde crescer e uma simples crise de um modo indecifrável causa estragos enormes em um país, como a de 2008 por exemplo.
	Assim, Harvey aponta a totalidade dessas crises sistêmicas envolvendo o capitalismo numa dimensão espacial, que se torna importante, levando em conta as reterritorializações organizadas pelo capital enquanto projeto político para manter a dominação de classe, configurando culturas e criando situações irreversíveis ao se apresentarem como “globais” para países sem força econômica de competição. No entanto, isso não elimina as contradições nem as situações de conflito, que segundo Harvey ainda se afirmam por um forte sentimento anticapitalista em várias partes do globo. E a partir dessas lutas é possível criar possíveis formas de resistências como alternativas para resistir a essa ordem social injusta, onde ele ressalta a importância do espaço também enquanto esperança para mudanças que possibilitem novos rumos para o futuro da humanidade, justificando o título do seu livro.

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