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ANO 16 - NÚMERO 90 - ABRIL A JANO 16 - NÚMERO 90 - ABRIL A JANO 16 - NÚMERO 90 - ABRIL UNHO DE 2017 ENTREVISTA Projetos traçam novos rumos para a ECG, escola do TCE-RJ pg.18 CONTAS DE GOVERNO O trabalho minucioso por trás de um voto pg.8 PLENÁRIO Nova coluna apresenta questões debatidas pelo tribunal pg.14 Tribunal lança série de medidas que aumentam a disponibilidade de dados sobre a sua atuação TRANSPARÊNCIA TC E N O TÍ C IA 9 0 2 5 EDITORIAL 4 NOTAS 6 CAPA Medidas aumentam a transparência do TCE-RJ 12 CONTROLE INTERNO Fortalecimento dos sistemas de fi scalização 17 GESTÃO PÚBLICA IEGM: 100% de participação 8 CONTAS DE GOVERNO O trabalho minucioso por trás de um voto 14 PLENÁRIO Nova coluna aproxima o cidadão 10 SGE Equilíbrio entre fi scalização e orientação 11 AUSTERIDADE Economia de até R$ 8 milhões por ano TC E N O TÍ C IA 9 0 00 NESTA EDIÇÃO EXPEDIENTE Jornalista responsável Celia Abend (MTb 16.811) Editora Daniela Matta Estagiários Thais Albuquerque Rodrigo Fonseca Reportagem Marcelo Torres Pedro Motta Lima Revisão Márcia Aguiar Marcelo Torres Arte André Hippertt Inês Blanchart Talitha Magalhães Fotografi a Jorge Campos Rosangela Tozzi Tel.: (21) 3231-4135 E-mail: ccs@tce.rj.gov.br www.tce.rj.gov.br 26 ARREDORES Real Gabinete: Beleza portuguesa no Centro do Rio 32 ASTCERJ Associação promove campanhas de arrecadação 33 CULTURA Servidores apresentam seus talentos 18 ENTREVISTA JOÃO PAULO LOURENÇO Os planos da nova diretoria da Escola de Contas 21 ECG Instituição expande suas atividades 24 ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS Uma radiografi a do Rio de Janeiro TC E N O TÍ C IA 9 0 CORAL DO TCE-RJ FAZ SHOW COM REPERTÓRIO VARIADO n Em uma apresentação que reuniu mais de 100 pessoas, entre público interno e externo, o coral do TCE-RJ emocionou a plateia no último dia 26 de junho, no Auditório do Espaço Cultural Humberto Braga. O grupo, que já está junto há 16 anos, cantou clássicos da MPB como ‘Samba do Avião’, de Tom Jobim, e ‘O Trenzinho Caipira’, de Villa- Lobos, além de canções mais modernas, como ‘Carnavália’, sucesso dos Tribalistas. Também entraram no roteiro ‘Black Bird’, dos Beatles, e ‘Oh Happy Day’. 4 TITULARES DA PM E DO CORPO DE BOMBEIROS PODERÃO FAZER CONSULTAS AO TRIBUNAL DE CONTAS n O Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro decidiu que titulares dos órgãos militares estaduais (Polícia Militar e Corpo de Bombeiros) poderão fazer consultas eletrônicas diretas à Corte de Contas, com o objetivo de tirar dúvidas e evitar tomar decisões que possam ser contestadas pelo órgão fiscalizador. A resposta à consulta tem caráter normativo e constitui prejulgamento da tese, mas não do fato ou caso concreto. A mudança foi fruto de relatório feito pelo conselheiro substituto Rodrigo Melo do Nascimento e aprovado no Conselho Superior de Administração do TCE, que resolveu adotar como parâmetro as regras estabelecida pelo Tribunal de Contas da União, que faculta aos comandantes das Forças Armadas a realização de consultas. CURSO DE AUDITORIA GOVERNAMENTAL ALINHA TEORIA E PRÁTICA A UMA LINGUAGEM ATUALIZADA n Depois de quase quatro anos, o curso de Auditoria Governamental voltou a ser ministrado no TCE-RJ pela Secretaria-Geral de Controle Externo (SGE). Desta primeira etapa, que aconteceu entre os dias 22 e 26 de maio, na Escola de Contas e Gestão (ECG), participaram 60 servidores. Além dos auditores, fazem parte do público-alvo os coordenadores e líderes de equipe, por serem considerados agentes multiplicadores. O objetivo é atualizar os métodos de auditoria e adequar a linguagem e atuação já praticados e padronizados em outros tribunais de contas. “Estamos afastados, em termos metodológicos, de uma linguagem nacional em termos de técnicas e procedimentos”, afirma Sergio Lino da Silva Carvalho, assessor da Secretaria-Geral de Controle Externo (SGE) e um dos docentes do curso, juntamente com Carlos Leandro dos Santos e Antônio José Algebaile, também assessores da SGE. NOTAS VOLTAR PARA O SUMÁRIO TC E N O TÍ C IA 9 0 00 E m meio à grave crise financeira que envolve o Estado do Rio de Janeiro, duas palavras sinalizam o caminho da retomada: austeridade e transparência. Enquanto a primeira revela uma política de maior rigor no controle de gastos, a segunda serve como meio de prestação de contas no qual a própria sociedade age como fiscal do poder público. A nova edição da TCE-RJ Notícia traz reportagens sobre iniciativas do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) que seguem estes dois conceitos, apontando saídas para questões em diferentes áreas de atuação. A matéria de capa apresenta uma série de medidas adotadas neste trimestre pela presidência do TCE-RJ para dar cada vez mais transparência ao trabalho executado por esta Corte de Contas. A Diretoria-Geral de Informática tem tornado realidade iniciativas que facilitam o acesso a informações, como o aplicativo para smartphones que permite, por exemplo, a consulta avançada de pautas. Já as sessões plenárias passaram a ser exibidas ao vivo pela internet e depois ficam arquivadas, à disposição do público, no site do tribunal. Além disso, uma nova ferramenta de busca tornou mais ágil e fácil o acompanhamento de processos através do portal. Já o caminho da austeridade tem sido trilhado com a revisão de despesas e a definição das prioridades na execução do orçamento do tribunal. Este trabalho inicial já resultou, até o momento, numa economia prevista de R$ 6,2 milhões anuais. E vai além. Medidas em curso poderão resultar em mais R$ 1,8 milhão de contenção, alcançando um total de R$ 8 milhões. Outras reportagens desta edição apresentam diferentes iniciativas do TCE, como os Estudos Socioeconômicos 2016, o evento que apresentou o Índice de Efetividade da Gestão Municipal (IEGM) e o ‘I Encontro Técnico sobre Sistemas de Controle Interno’, voltado para representantes de diversos órgãos sob jurisdição do tribunal. A publicação traz também uma nova coluna fixa. O selo ‘Plenário’ passa, a partir deste número, a fazer um resumo dos principais votos discutidos pelos conselheiros e seus efeitos na sociedade. Uma das sessões de maior repercussão do segundo trimestre foi a que deu parecer prévio contrário à aprovação das contas do governo estadual, levadas a plenário no dia 30 de maio. A revista apresenta ainda, através de uma entrevista com o diretor-geral da Escola de Contas e Gestão, João Paulo Lourenço, as novas propostas da EDITORIAL instituição de ensino. A TCE-RJ Notícia recorda também o passado que cerca a região, no Centro do Rio, onde está instalada a sede do tribunal. Desta vez, a coluna Arredores revela as belezas do Real Gabinete Português de Leitura, biblioteca que acaba de completar 180 anos de existência. Já a coluna ‘Por Dentro’ detalha a atuação da Secretaria- Geral de Controle Externo (SGE), departamento responsável pelo trabalho que é a alma da instituição. Boa leitura! TC E N O TÍ C IA 9 0 VOLTAR PARA O SUMÁRIO CAPA TRANS PARÊN TRANS PARÊN TRANS CIA TC E N O TÍ C IA 9 0 7 TRANS PARÊN TRANS PARÊN TRANSN a busca constante pela transpa- rência e pela aproximação com a sociedade, o Tribunal de Con- tas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) lança uma série de medidas que aumentam a disponibilidade de dados sobre a sua atuação. Seguindo cada vez mais as determinações da Lei 12.527, o TCE-RJ passa a oferecer diver- sas ferramentas que ampliam a oferta de informações sobre a instituição, contribuindo para o fortalecimentoda democracia, prestigiando e desenvol- vendo as noções de cidadania. Para que sejam úteis, estes dados devem ser disponibilizados de manei- ra clara e objetiva. E é neste sentido que o tribunal vem trabalhando. Novo aplicativo para smartphones, exibição ao vivo das sessões plenárias e sistema Push de acompanhamento de proces- sos são algumas das alterações que já foram implementadas ou serão em breve oferecidas. Entre as primeiras mudanças, está a publicação no Diá- rio Ofi cial do Estado de ato contendo informações mais detalhadas e uma descrição dos votos aprovados. Todas as discussões plenárias no TCE-RJ agora podem ser acompa- nhadas on-line. A estreia ocorreu na sessão especial de análise das contas de governo do Poder Executivo Esta- dual, realizada no dia 30 de maio. Os primeiros benefi ciados pela iniciati- va foram os próprios servidores, que puderam acompanhar pelo sistema interno de comunicação os debates e os votos discutidos em plenário. Logo no primeiro dia, foram 2.629 acessos durante a sessão e 854 visualizações do material gravado. Depois da fase inicial de testes, as sessões começa- ram a ser disponibilizadas também no portal do TCE e estão agora abertas ao vivo nas terças e quintas-feiras (dias de sessão plenária). “Temos como modelo de referên- cia a atuação do Tribunal de Contas da União”, afi rma Lucio Camilo Oliva Pereira, diretor-geral de Informáti- ca. É justamente este departamento o responsável pela maior parte das alterações realizadas. A transmissão ao vivo das sessões, por exemplo, foi viabilizada em cinco dias e contou apenas com recursos do próprio tri- bunal, assim como a elaboração do aplicativo do TCE-RJ que possibilitará as consultas de pautas e de proces- sos e estará em breve disponível para sistemas iOS ou Android, permitindo que qualquer pessoa acesse os temas de uma determinada sessão ou que acompanhe processos on-line. Com esta iniciativa, o TCE do Rio de Janei- ro passará a fazer parte de um seleto grupo de menos de 10 tribunais que oferecem aplicativos em todo o Brasil. Enquanto esta ferramenta não é lançada, quem precisar de informa- ções rápidas pode verifi car os pro- cessos através do portal do tribunal. Uma nova forma de consulta foi dis- ponibilizada em junho e permite que, além dos dados básicos, sejam pes- quisadas informações relacionadas a tramitações, tempo que o documento permaneceu em cada setor, sessões pelas quais o processo passou e suas notas taquigráfi cas. A nova ferramen- ta permite ainda que sejam baixados todos os documentos que compõem o processo, tais como relatórios, anexos e demais informações de instâncias instrutivas. Em breve, a equipe de informática deverá fi nalizar ainda a adequação do Sistema Push, que envia e-mails com informações sobre o an- damento dos processos previamente cadastrados pelo usuário. Além de todas estas iniciativas, um novo projeto está sendo discutido com a presidência: o Acervo de Processos, uma espécie de radiografi a que permi- tirá ao público saber, através da inter- net, quantos e quais são os processos em tramitação no órgão. A Lei de Acesso à Informação (nº 12.527), sancionada em 18 de no- vembro de 2011, garante ao cidadão o acesso aos dados ofi ciais. A norma vale para os três poderes da União, estados, Distrito Federal e municípios, inclusive para os tribunais de contas e o Ministério Público, tornando possí- vel uma maior participação popular e facilitando o controle social das ações governamentais. A informação reuni- da por estes órgãos é considerada uma espécie de bem público e o livre acesso a elas, uma maneira de consolidar a democracia, fortalecendo a socieda- de. O acesso à informação pública é, cada vez mais, adotado como regra no mundo – cerca de 90 países possuem leis que regulam esse direito.n ‘TEMOS COMO MODELO DE REFERÊNCIA A ATUAÇÃO DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO’ LUCIO CAMILO OLIVA PEREIRA, DIRETOR-GERAL DE INFORMÁTICA TODAS AS DISCUSSÕES PLENÁRIAS NO TCE-RJ AGORA PODEM SER ACOMPANHADAS ON-LINE. A ESTREIA OCORREU NA SESSÃO ESPECIAL DE ANÁLISE DAS CONTAS DE GOVERNO DO EXECUTIVO ESTADUAL TC E N O TÍ C IA 9 0 BASTIDORESBASTIDORES 8 A sessão plenária de três horas, quan- do foram apresentadas diante de uma plateia lotada as razões que levaram ao parecer prévio, foi apenas a pon- ta mais evidente de um trabalho que teve à frente o gabinete da conselheira- -relatora e presidente interina do TCE- -RJ, Marianna Montebello Willeman, o Ministério Público Especial e a Secre- taria-Geral de Controle Externo. O tra- balho de coleta e checagem dos dados começou a ser realizado no primeiro semestre de 2016, mas foi intensifi ca- do nos dois meses que antecederam a apresentação do voto com a entrega no tribunal, dia 3 de abril, da prestação de contas do governo. Durante este período, corpo instruti- vo, procuradores do MPE e equipe da conselheira se sucederam na análise do material e na elaboração dos pareceres que deram embasamento ao voto fi nal. Quando as horas trabalhadas nos dias úteis chegaram ao limite, os fi nais de semana começaram a ser ocupados. Para se ter uma ideia da dedicação, o grupo de servidores do gabinete da con- VOLTAR PARA O SUMÁRIO CONTAS DE GOVERNO selheira responsável pelo trabalho teve apenas um domingo de folga em maio, justamente aquele dedicado às mães. Coube ainda a cada uma das equipes envolvidas se debruçar na análise da defesa apresentada pelo Governo do Estado em um prazo de apenas 48 ho- ras. Uma matemática de atribuições que une prazos exíguos a uma maté- ria essencialmente árida e resulta em dados que exigem precisão absoluta. “Trabalhamos sábados, domingos e feriados. O prazo é muito curto. Mas não consideramos que perdemos fi nais de semana e horas de lazer. Temos que passar por cima destes aspectos”, afi rma o secretário-geral de Controle Externo, Sergio Sacramento. Um dos maiores desafi os enfrentados pela equipe foi a decodifi cação do novo sistema de informática adotado pelo Governo do Estado na apresentação dos dados. Em meio às 11 mil páginas entregues como prestação de contas, os técnicos tiveram praticamente que aprender um novo idioma. Para enfren- tar este e muitos outros momentos difí- ceis, eles contaram com a ajuda de todo o tribunal. Os servidores envolvidos di- retamente no trabalho são unânimes em ressaltar a importância dos demais setores do TCE na elaboração do voto. Equipes de segurança, da informática e da zeladoria, por exemplo, foram pe- ças fundamentais no apoio ao estudo realizado nos gabinetes. Muitas vezes os servidores que deixa- vam a sede em horários avançados eram acompanhados até áreas mais movi- mentadas para não sofrerem assaltos. Já nos fi nais de semana, funcionários estavam sempre a postos para garantir o funcionamento do ar-condicionado e dos elevadores e manter a limpeza dos ambientes. Uma dedicação reconhecida pela presidente no encerramento da sessão plenária especial, que, depois de homenagear o empenho da sua equipe, da SGE e do MPE, ressaltou: “Quero registrar um agradecimento a todos os setores que, nos bastidores, também contribuíram para a realização desta sessão na data de hoje – afi rmou Ma- rianna Montebello Willeman.” n O s números expõem a dimensão do trabalho executado nos bastidores da ela- boração do parecer prévio contrário à aprovação das contas do governo es- tadual apresentado no último dia 30 de maio. Mais de 11 mil páginas digitais enviadas pelo Poder Executivo, quase 50 pessoas diretamente envolvidas na análise do material, 12 horas em média de trabalho por dia e um relatório fi nal com exatas 641 páginas recheadas por mais de 320 tabelas e gráfi cos que explicitam acrise fi nanceira do Rio de Janeiro. TC E N O TÍ C IA 9 0 BASTIDORES 9 SESSÕES PLENÁRIAS AGORA AO VIVO PELO SITE TCE-RJ As sessões plenárias no TCE-RJ agora podem ser acompanhadas pelo site. A transmissão ocorre em tempo real, às terças e quintas-feiras. Para mais informações, clique aqui. UM PASSO PARA APROXIMAR O CIDADÃO DAS QUESTÕES DEBATIDAS NO TRIBUNAL TC E N O TÍ C IA 9 0 10 POR DENTRO DO TCE VOLTAR PARA O SUMÁRIO A missão do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) é fi scalizar e orientar a administração pública fl umi- nense na gestão responsável dos recur- sos em benefício da sociedade. O setor encarregado de “fi scalizar e orientar” os jurisdicionados é a Secretaria-Geral de Controle Externo (SGE), que, para isso, conta com funcionários das áreas de Contabilidade, Direito, Administra- ção, Economia, Engenharia, Adminis- tração Hospitalar e Tecnologia de In- formação. Estes são alguns dos campos de formação desses servidores, que, em muitos casos, possuem mais de uma graduação, além de pós-graduação, mestrado e doutorado. Esta plurali- dade de formação contribui para o bom resultado do trabalho, já que há uma grande gama de auditorias em áreas distintas como saúde, educação, obras e fi nanças. Pela SGE tramitam quase todos os processos que passam pelo plenário para a decisão dos conselheiros, de uma simples concessão de aposen- tadoria ou pensão à fi scalização de obras complexas como a Linha 4 do Metrô e o Maracanã. Um grande vo- lume de trabalho. “Estamos buscando incorporar novas tecnologias ao nosso processo de seleção de auditorias vi- sando o ganho de qualidade, tempo e SGE: O EQUILÍBRIO ENTRE FISCALIZAÇÃO E ORIENTAÇÃO melhor efetividade das ações”, explica o secretário-geral de Controle Externo, Sergio Sacramento. Não obstante as mudanças neces- sárias, bons resultados já vêm sendo alcançados. Um bom exemplo é a aná- lise de editais de licitação, que gera uma economia anual de aproximada- mente R$ 2 bilhões aos cofres públi- cos, ocasionada pelo cancelamento ou reformulação de concorrências. Aliado a isso, o exame das contas de governo estadual e municipais, bem como as au- ditorias, realizadas tanto in loco como remotamente, integram as atribuições relevantes sob responsabilidade da Secretaria-Geral de Controle Externo. n A palavra do momento é austeridade. Diante da grave crise que afeta todo o país e mais ainda o Estado do Rio de Janeiro, é preciso reduzir gastos e otimizar processos. É o que a administração do TCE-RJ está fazendo em todas as áreas do tribunal, no sentido de rever as suas despesas e defi nir prioridades na execução do orçamento. Este trabalho inicial de revisão gerou, até o mo- mento, uma economia de R$ 6,2 milhões anuais. Outras medidas em curso poderão resultar em mais R$ 1,8 milhão durante o mesmo período. A u st e ri d a d e n a g es tã o “Nossa estratégia agora é implementar um sistema de custos. Uma comissão mista está sendo montada com o objetivo de demonstrar os custos dos serviços prestados pelo tribunal à sociedade”, explica o secretário-geral de Admi- nistração, Luciano Penatieri. O trabalho da comissão vai envolver o ma- peamento das atividades do TCE, levantamen- to de custos e mensuração do retorno destes gastos, em termos de qualidade dos serviços prestados. “A prioridade será sempre para as atividades-fi m e as áreas de apoio estratégi- cas, como a Diretoria-Geral de Informática”, ressalta o subsecretário de Administração, Márcio Jandre. A análise inicial dos custos envolveu medidas como revisão de contratos com terceiros, otimi- zação de processos e automação de atividades internas. Na área de telefonia, por exemplo, há expectativa de redução de 70% nos gastos com ligações para celulares com o bloqueio dos aparelhos fi xos, que também inclui chamadas a distância. A economia de despesas passou por todas as áreas do tribunal, envolvendo, por exemplo, a repactuação dos contratos de ter- ceirização de pessoal de apoio (recepcionistas, ascensoristas, manutenção etc.), diminuição da quantidade de jornais e revistas comprados e do escopo dos serviços gráfi cos e enxugamen- to das despesas com manutenção predial, por meio da redução de insumos e equipamentos. A automação de atividades internas também representará redução de gastos e melhor apro- veitamento dos recursos humanos do TCE-RJ. Recentemente foi concluída a implantação do registro eletrônico de frequência dos ser- vidores, que possibilita a eliminação de 1.700 cartões de ponto mensais, dos custos para seu armazenamento e a liberação de três servidores que faziam manualmente montagem, distri- buição, controle, entrega e arquivamento das fi chas. Este novo sistema também permite o acesso instantâneo a informações funcionais, como licenças, férias etc. n BASTIDORES Corte nos custos do TCE-RJ leva a economia de até R$ 8 milhões por ano TC E N O TÍ C IA 9 0 12 dos controles, que será utilizado por nós para análise de riscos, mas que também será útil para os prefeitos, que terão um parâmetro a seguir”. Ao destacar que o manual tem um passo a passo para a montagem de um sis- diversos municípios, graves problemas na atuação de seus setores de controle interno, como organização e estrutura precárias, ausência de fiscalização de execuções contratuais e liquidação de despesas irregulares. “O controle interno existe para evitar o dano ao erário. Deve ser um aliado, não um inimigo. É preciso as- segurar a qualidade do gasto público e tomar conta do dinheiro do contri- buinte, pois a sociedade é a fonte e também a destinatária desses recur- sos”, afirmou o procurador-geral. Sergio Paulo enumerou as condições necessá- rias para o bom funcionamento do setor de controle interno: formação de equi- pe multidisciplinar; pessoal efetivo e estável recrutado por concurso público; organização em carreira; treinamento e especialização; regulamentação nor- mativa; e segregação de funções. “Uma palavra pode resumir os atributos pri- mordiais para a boa atuação do contro- le interno: independência”, sintetizou. Antes dele, o conselheiro substitu- to do TCE-RJ Marcelo Verdini Maia apresentou os conceitos básicos de governança corporativa e governança pública, com ênfase nas boas práticas que devem permear ambos os setores. Adicionalmente, listou as macrofun- ções do sistema de controle interno: ACONTECE NO TCE O Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) realizou, no dia 28 de junho, o ‘I Encontro Técnico sobre Sistemas de Controle Interno’, para representantes de diversos órgãos sob sua jurisdição. Compareceram ao au- ditório do TCE-RJ, no Centro do Rio, cerca de 300 pessoas de 91 municípios do estado e do governo estadual. O principal objetivo do evento foi apre- sentar o Manual de Implantação de Sistemas de Controle Interno, disponí- vel no site do TCE-RJ, e as estratégias para fortalecimento desses sistemas, além da reestruturação do Sistema Integrado de Gestão Fiscal (Sigfis), que recebe as informações sobre atos, contratos e prestações de contas dos jurisdicionados. Ao apresentar o manual, o assessor da Secretaria-Geral de Controle Exter- no (SGE) Leandro Santos enfatizou: “Esta publicação é apenas a primeira iniciativa de um projeto do TCE-RJ para fortalecimento dos sistemas de controle interno, no qual serão rea- lizadas capacitações pela Escola de Contas e Gestão (ECG) e uma avalia- ção desses sistemas, chegando-se a tra- balhos conjuntos de auditoria com o controle externo do tribunal. Vamos construir um indicador de maturidade VOLTAR PARA O SUMÁRIO ADMINISTRAÇÃOFoco no controle interno “O CONTROLE INTERNO EXISTE PARA EVITAR O DANO AO ERÁRIO. DEVE SER UM ALIADO, NÃO UM INIMIGO” SERGIO PAULO TEIXEIRA, PROCURADOR-GERAL DO MPE tema eficiente e eficaz, ele ressalvou que sua aplicação ao pé da letra não é obrigatória. Mas alertou: “O TCE deu as ferramentas e vai cobrar”. Em sua palestra, o procurador-ge- ral do Ministério Público Especial, Ser- gio Paulo de Abreu Martins Teixeira, discorreu sobre a crise político-admi- nistrativa que acomete o poder público no Brasil e explicou como são exer- cidas as funções de controle externo (no qual se insere o tribunal) e interno por parte dos órgãos fiscalizadores. Segundo ele, foram identificados, em Tribunal realiza encontro em que apresenta ferramentas técnicas para fortalecimento dos sistemas de fiscalização dos próprios jurisdicionados TC E N O TÍ C IA 9 0 13 auditoria, controladoria, ouvidoria, correição, combate à corrupção e transparência. “Estas são as mínimas condições necessárias para haver um sistema de controle interno eficiente e para se obter uma boa governança pública”, disse Maia. Responsável por abrir o evento, re- presentando a presidente interina do tribunal, conselheira Marianna Mon- tebello Willeman, o secretário-geral de Controle Externo, Sergio Sacramento, reforçou que será intensa a cobrança da efetividade na implantação de sis- temas de controle interno, destacando que as prestações de contas feitas pe- los jurisdicionados se darão exclusi- vamente por meio do Sigfis. O encontro foi finalizado com a pa- lestra do assessor da Diretoria-Geral de Informática (DGI) Sérgio Villaça, que falou sobre a reestruturação do Sigfis, através do qual os gestores públicos informam seus atos administrativos ao TCE-RJ. “Há novas exigências, e vai mudar a forma como vocês se relacio- nam com o sistema. Mas as mudan- ças serão graduais”, afirmou à plateia. Villaça anunciou que já em julho serão apresentados novos manuais e layouts, além de uma síntese das mudanças. “Em agosto faremos encontros na ECG, tanto com os gestores como com os desenvolvedores de sistemas para os jurisdicionados”, anunciou. Segundo o controlador-geral de Arraial do Cabo, Sebastião Gomes, o projeto do TCE para fortalecimento dos controles internos será fundamental. “Há uma grande necessidade de ‘manu- alizarmos’ os procedimentos e acredito que este apoio será muito importante para nós. Além disso, está partindo do TCE, o que confere credibilidade e facilita o nosso trabalho junto aos gestores públicos”, acredita Gomes. “Agora ficarei atento para participar das capacitações da Escola de Contas.” n TC E N O TÍ C IA 9 0 AJUDA 14 VOLTAR PARA O SUMÁRIO PLENÁRIO MUDANÇAS NO EDITAL DE CONCESSÃO DO SERVIÇO DE TRANSPORTE PÚBLICO EM QUEIMADOS O Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) decidiu no dia 27 de abril que a Prefeitura de Queima- dos deve inserir o critério do menor valor de tarifa no edital que trata so- bre a concessão por 25 anos do serviço de transporte público coletivo urbano de passageiros da cidade. Além desta providência, o município teve 30 dias para adotar outras medidas relativas ao certame como as que tratam sobre o plano de mobilidade urbana da ci- dade e a ampliação da concorrência em maior número de lotes, além de outras providências. TCE NÃO AUTORIZA LICITAÇÃO DO DETRO DE R$ 27 MILHÕES O plenário não autorizou no dia 16 de maio a realização de licitação, por parte do Departamento de Transpor- tes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro (Detro), para prestação de serviço de remoção, guarda e destina- ção de veículos. O contrato, que seria válido por três anos, está orçado em R$ 27.175.550,20. CORTE DE CONTAS APONTA PROBLEMAS NO CONTROLE DE BENS DE HOSPITAL DA UERJ O tribunal apontou no dia 16 de maio problemas no sistema de controle de bens patrimoniais do Hospital Univer- sitário Pedro Ernesto, da Uerj. Uma tomada de contas registrou a perda de equipamentos, no valor de R$ 1.754,41, do setor de Enfermaria Psiquiátrica. O A TCE-RJ NOTÍCIA TRAZ A PARTIR DESTA EDIÇÃO UMA NOVA COLUNA, A ‘PLENÁRIO’. O OBJETIVO É APRESENTAR AO PÚBLICO UM BALANÇO DAS VOTAÇÕES E DECISÕES TOMADAS PELOS CONSELHEIROS. UMA MANEIRA DE APROXIMAR A POPULAÇÃO DAS QUESTÕES DEBATIDAS PELA CORTE E QUE INFLUENCIAM DIRETAMENTE O DIA A DIA DA SOCIEDADE. ABAIXO, OS PRINCIPAIS DESTAQUES DO SEGUNDO TRIMESTRE DE 2017. Tarifas de transporte e licitações em pauta TC E N O TÍ C IA 9 0 problema resultou em uma ressalva nas contas. O conselheiro substituto Rodrigo Melo do Nascimento, após uma pesquisa em processos do tribu- nal, detectou cinco aprovações anterio- res, entre 2013 e 2014, com as mesmas ressalvas e determinou a adoção de medidas mais rígidas e eficazes para o controle dos bens públicos. TRIBUNAL ADIA PROCESSO DE LICITAÇÃO DE MAIS DE R$ 48 MILHÕES EM MAGÉ O plenário determinou na sessão do dia 25 de maio o adiamento por tempo indeterminado do edital de licitação para aquisição de gêneros alimentí- cios para atendimento das unidades escolares públicas de Magé no valor de R$ 48.181.196,64. De acordo com o voto, diversos documentos, como as minutas de contrato e do edital, não foram anexados ao processo. Isso invia- biliza a comprovação de realização de ampla pesquisa de mercado, gerando incertezas em relação aos procedimen- tos adotados pela administração do município de Magé. EX-PREFEITO DE ITABORAÍ É MULTADO EM R$ 700 MIL O ex-prefeito de Itaboraí Helil Barreto Cardozo foi multado em R$ 703.978,00 pelo TCE, na sessão de 25 de maio. Ele foi punido por ignorar uma série de de- terminações do tribunal em um proces- so referente a um edital, de 2013, para coleta e destinação de lixo. A licitação, de R$ 22.044.412,92, foi revogada e as contratações foram feitas através de atos de dispensa de licitação. O voto da conselheira substituta Andrea Si- queira Martins ainda destacou que o processo passou pelo plenário por 13 vezes e que o ex-gestor teve sempre a oportunidade de sanear os problemas e justificar suas ações. POSTERGADA LICITAÇÃO PARA A COMPRA DE MATERIAL PARA CRECHES EM FRIBURGO O TCE-RJ determinou no dia 1º de junho o adiamento de uma licitação da prefeitura de Nova Friburgo para com- prar material para creches do muni- cípio. Orçado em R$ 870.915, o edital prevê a aquisição de materiais como: colchão, edredon, lençol, travesseiro, toalha, fralda, babador, mamadeira, chupeta, cadeirinha, banheira e carri- nho de bebê, em seis diferentes lotes. O pregão, no entanto, terá que passar por alterações para que seja realizado. ADIADA CONCORRÊNCIA DE R$ 30 MI PARA ABASTECIMENTO DE ÁGUA EM CAXIAS O plenário determinou no dia 6 de junho o adiamento de licitação da Cedae para a realização de obras de complementação do sistema de abas- tecimento de água de Campos Elíse- os, em Duque de Caxias. Com valor global estimado de R$ 30.994.467,43, a concorrência terá que passar por correções para que seja realizada. A companhia ainda deverá encaminhar uma série de documentos como os que compõem o Projeto Básico em meio digital editável e os desenhos com níti- da identificação das partes existentes e as que serão construídas. LICITAÇÃO DE MEDICAMENTOS TEM REDUÇÃO DE MAIS DE 20% Após uma análise por parte do corpo técnico do TCE-RJ, a licitação da pre- feitura de Porto Real para a compra de medicamentos foi reduzida de R$ 2.010.672,25 para R$ 1.741.077,57, uma diferença de mais de 20%. Ainda assim, não foi autorizada a realização do certame e o plenário determinou a revisão e ampliação da pesquisa de mercado. Segundo a Secretaria-Geral de Controle Externo dotribunal, “em que pese a nova pesquisa realizada, os preços avaliados ainda estão muito acima daqueles pesquisados”. EDITAL DE R$ 28 MILHÕES PARA LIMPEZA HOSPITALAR NO ESTADO É ADIADO A licitação da Fundação Saúde do Estado do Rio de Janeiro para a con- tratação de empresa especializada na prestação de serviço de limpeza hos- pitalar, no valor de R$ 28.772.179,32, permanecerá adiada. Na sessão do dia 8 de junho, o TCE-RJ não considerou satisfatórias as explicações do órgão estadual para que o orçamento do edi- tal seja baseado no número de pessoas contratadas e não na área física a ser limpa, conforme jurisprudência do TCU, por entender que este modelo é mais econômico. SUSPENSA LICITAÇÃO DE COLETA DE LIXO HOSPITALAR EM MAGÉ O edital de licitação para prestação de serviços de coleta, transporte e destinação final de resíduos sólidos de saúde, da prefeitura de Magé, no valor de R$ 2.975.222, para o período de um ano, foi adiado pelo TCE-RJ, no dia 6 de junho. Entre as princi- pais irregularidades apontadas pelo relator do processo, conselheiro subs- tituto Marcelo Verdini Maia, estão: não encaminhamento do cronograma físico-financeiro e erros substanciais no edital e projeto básico, com infor- mações conflitantes. LIBERADO EDITAL PARA COMPRA DE ASFALTO EM FRIBURGO A prefeitura de Nova Friburgo foi autorizada a realizar licitação para a compra de emulsão asfáltica catiônica, no valor estimado de R$ 1.245.180, 15 TC E N O TÍ C IA 9 0 AJUDA 16 VOLTAR PARA O SUMÁRIO PLENÁRIO para uso da Secretaria Municipal de Obras em recapeamento de trechos desgastados e operações de tapa bu- racos, entre outras ações. O certame estava adiado por determinação do TCE-RJ, que na sessão do dia 25 de abril apresentou uma série de deter- minações, como envio de documentos e alterações no edital. EDITAL PARA COMPRA DE COMPUTADORES EM BARRA MANSA É SUSPENSO O tribunal adiou o pregão da prefeitu- ra de Barra Mansa com o objetivo de registrar preços para aluguel de mi- crocomputadores (desktop, notebooks e máquina virtual - cloud computing), com serviços de manutenção e suporte. Com valor estimado em R$ 3.003.486, o edital já passou por análise, mas as respostas e explicações apresentadas pelos gestores do município não foram suficientes para que o corpo técnico con- sidere a opção pela locação dos equipa- mentos melhor do que a aquisição dos mesmos. Além disso, foram levantadas objeções quanto a pesquisa de preços, demanda dos quantitativos e especifi- cações técnicas. PREFEITO DE ANGRA TERÁ QUE CORRIGIR EDITAL DE COLETA DE LIXO O prefeito de Angra dos Reis terá que realizar as correções determinadas pelos técnicos do TCE-RJ no edital de licitação que lançou para contratar a empresa que fará a coleta e o trans- porte de resíduos sólidos na cidade, no valor anual de R$ 39.524.398,32. A relatora do processo, conselheira substituta Andrea Siqueira Martins, alerta, em voto aprovado no dia 13 de junho, que o gestor poderá ser multa- do se o processo voltar a ser analisado sem que as alterações tenham sido realizadas. A medida tem como ob- jetivo evitar que o serviço continue sendo realizado de forma emergencial, já que o certame encontra-se adiado e que, desde o dia 16 de fevereiro, há um contrato de 180 dias baseado em dispensa de licitação que, conforme a lei, não pode ser prorrogado. TCE CONSTATA IRREGULARIDADES EM EDITAL PARA COLETA DE LIXO O Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro será ainda mais rigo- roso com os municípios que têm fei- to seguidos contratos emergenciais para o serviço de coleta pública de lixo. Foi aprovado, na sessão do dia 22 de junho, o voto que, ao tratar de um edital da prefeitura de São Pedro da Aldeia, faz um alerta ao prefeito e que vale para todos os gestores públicos fiscalizados pelo tribunal, comunicando que esses tipos recor- rentes de contratação poderão “ser considerados quando da análise das contas de gestão do administrador por esta corte de contas”. TCE DETERMINA REVISÃO DE TARIFAS DE TRANSPORTES COLETIVOS Os prefeitos dos 91 municípios sob ju- risdição do Tribunal de Contas do Es- tado do Rio de Janeiro e o Governo do Estado vão receber comunicados deter- minando que seja feita a revisão do cál- culo das tarifas de transporte público. Foi o que definiu o plenário da corte de contas, no dia 22 de junho, ao aprovar o voto do conselheiro substituto Marcelo Verdini Maia, que relatou um processo em que foi apreciado um comunicado do Ministério Público Estadual alertan- do para a edição de leis federais que promoveram uma desoneração fiscal nas cobranças de PIS e Cofins para em- presas de transporte público coletivo. Desta forma, quem não levou a nova legislação (leis 12.860/13, 12.783/13 e 12.844/13) em consideração para fins de cálculos de atualização tarifária terá que inserir os descontos nas planilhas. PROJETO ‘CÂMARA ITINERANTE’ DE MACAÉ TEM REDUÇÃO DE CUSTOS DE MAIS DE 60% Uma revisão proposta pelo Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janei- ro gerou uma redução de mais de 60% em edital de licitação apresentado pela Câmara Municipal de Macaé para a re- alização de um projeto de legislativo itinerante. O pregão presencial, inicial- mente estimado em R$ 1.660.809,20, passou a apresentar um custo máximo de R$ 623.282,16. Além disso, por reco- mendação do tribunal, o Poder Legis- lativo da cidade do Norte fluminense apresentou justificativas para o projeto “Câmara Itinerante”, com histórico de demanda e detalhamento de todos os equipamentos de que necessita para realizá-lo. TRIBUNAL ADIA LICITAÇÃO DE LIXO EM QUEIMADOS E ALERTA SOBRE IRREGULARIDADE Ao começar a relatar o processo que cuida da licitação para contratação de serviços de limpeza urbana em Queimados, no dia 29 de junho, o conselheiro substituto Rodrigo Melo do Nascimentos destacou que adota- rá o mesmo entendimento proferido pela conselheira substituta Andrea Siqueira Martins de que editais reple- tos de impropriedades, produzindo situação emergencial a fim de efetuar contratação por dispensa de licitação, poderão ser considerados quando da análise das contas de gestão, podendo gerar inelegibilidade. Rodrigo desta- cou que o edital, com valor global de R$ 19.075.588,36, apresenta 29 im- propriedades e que já tramita inter- namente um contrato da prefeitura para contratação emergencial por ato de dispensa de licitação. n EDITAIS REPLETOS DE IMPROPRIEDADES, QUE RESULTAM EM CONTRATAÇÕES POR DISPENSA DE LICITAÇÃO, PODERÃO SER CONSIDERADOS NA ANÁLISE DAS CONTAS DE GESTÃO, GERANDO IRREGULARIDADE TC E N O TÍ C IA 9 0 13 GOVERNANÇA T odos os municípios fi scaliza- dos pelo Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) terão que enviar in- formações para a composição do Índi- ce de Efetividade da Gestão Municipal (IEGM). A decisão da corte de contas de cobrar o preenchimento de todos os questionários digitais vai gerar um grande impacto administrativo, pois apenas 39% das 91 cidades sob jurisdição do TCE participaram da elaboração do índice no ano passado, quando a pesquisa nacional passou a ser adotada. A informação foi repassada aos representantes dos municípios que participaram do evento “A Importân- cia do Índice de Efetividade para a Melhoria da Gestão Pública”, reali- zado no dia 31 de maio, no auditório do TCE. Na abertura do encontro, o conselheiro substituto Rodrigo Melo do Nascimento, representando a presidente interina do tribunal, con- selheira Marianna Montebello Wil- leman, ressaltou a importância do IEGM, criado pelo TCE de São Paulo e adotado pelo Instituto Rui Barbo- sa (IRB) http://www.irbcontas.org. br/site/, que reúnetodas as cortes de contas do país. “É um importante instrumento para o gestor e para o tribunal, uma referência nacional de políticas públicas”, afi rmou Rodrigo, que ainda citou números dos Estudos Socioeconômicos, recém-divulgados pelo TCE. (Veja matéria sobre os Es- tudos Socioeconômicos nas páginas 26 e 27). “Houve uma redução de 50% Índice de gestão pública: tribunal quer 100% de participação em investimentos e, dos 91 municípios fi scalizados por nós, 54 registraram redução na arrecadação de ISS. Neste contexto, é fundamental a efi cácia das políticas públicas. Fazer mais com me- nos”, afi rmou o conselheiro substituto. Antes da primeira palestra, “Trans- parência da Informação Pública”, mi- nistrada pelo assessor da Secretaria- Geral de Controle Externo, Sergio Lino da Silva Carvalho, o secretário-geral de Planejamento, Nestor Lima de An- nal, foi um dos pontos abordados por Sergio Lino em sua palestra. “Vivemos na sociedade da informação. As rela- ções entre as pessoas estão mudando, assim como a dos órgãos de governo com a sociedade. Informação, além de gerar conhecimento, é um importan- te elemento de governança”, afi rmou Lino, que destacou a importância da Lei de Acesso à Informação e a ne- cessidade de os gestores cumprirem suas normas. “O tribunal estará aten- to a isso. Fizemos auditoria em 2013, dois anos depois voltamos ao tema e em 2017 vamos verifi car como estão a transparência e o acesso”, anunciou. Os técnicos da Coordenadoria de Auditoria de Qualidade (CAQ) Eduar- do Pinheiro e Rita Oliveira apresen- taram os Estudos Socioeconômicos, feitos pelo TCE desde 2001. “Este ma- terial é outra ferramenta de gestão para os nossos jurisdicionados, pois há uma série histórica e todos podem analisar suas situações em compara- ção com as cidades vizinhas”, explicou Eduardo. Rita destacou o capítulo so- bre sustentabilidade, que pela primei- ra vez faz parte do trabalho. A coordenadora-geral do IRB, Marí- lia Gonçalves de Carvalho, apresentou detalhes sobre o IEGM. Criado pelo TCE-SP, o índice agora, através de um ato normativo, será comum a todos os tribunais de contas. São sete temáti- cas de atuação em áreas consideradas estratégicas, como educação, saúde e planejamento.“Se a gente não mede, não conhece. Então o indicador é uma ferra- menta indispensável”, afi rmou Marília. Na sequência, o diretor-geral de In- formática do TCE, Lucio Camilo Oliva Pereira, explicou passo a passo como funciona a página do IEGM dentro do site do tribunal. “É uma ferramenta quase que intuitiva”, defi ne o gestor. O sistema, usado por todos os tribunais de contas, adota a plataforma Lime- Severy, uma espécie de gerenciador de pesquisas e questionários online, que pode ser utilizada em qualquer navegador e é de fácil acesso aos ju- risdicionados, além de ser gratuita. n drade, fez um reforço: “A participação dos municípios é obrigatória. Mas va- mos ajudá-los a cumprir as determi- nações. No site do tribunal já há um manual explicando como o gestor deve proceder e um fale conosco disponível (http://www.tce.rj.gov.br/web/guest/ iegm/fale-conosco)”. O conteúdo dos sites das instituições públicas, por si- ‘É UM IMPORTANTE INSTRUMENTO PARA O GESTOR E PARA O TRIBUNAL, UMA REFERÊNCIA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS’ RODRIGO MELO DO NASCIMENTO, CONSELHEIRO SUBSTITO DO TCE-RJ TC E N O TÍ C IA 9 0 18 JOÃO PAULO LOURENÇO DIRETOR-GERAL DA ECG lTCE NOTÍCIAS: A ECG é reconheci- da pela qualidade, mas sempre é possível evoluir. Em que aspectos você acredita que a Escola de Con- tas pode melhorar? n JOÃO PAULO LOURENÇO: Sempre te- mos espaço para melhorias, pois con- formar-se significa andar para trás. Precisamos estar antenados com as mudanças que ocorrem na sociedade e nos mantermos aptos a construir respostas úteis, inovadoras e con- vincentes. Embora tenhamos uma grande gama de atividades, elas são em sua maioria oferecidas de forma isolada, sem um encadeamento em torno de um objetivo. Vamos, num trabalho conjunto com as demais áre- as do tribunal, revisitar nossa grade de cursos de forma a assegurar uma formação mais completa das compe- tências necessárias ao nosso corpo técnico e aos gestores públicos. Para isso, serão criadas trilhas de desen- volvimento específicas para as com- petências mapeadas ou programas de capacitação continuada orientados aos serviços públicos. pois deve permitir certa flexibilidade na forma e na ordem de abordar o conteúdo. l A sociedade civil passará a ser um público-alvo essencial para a ECG? n O foco prioritário deve ser o aprimo- ramento dos nossos servidores. De- vemos reconhecer, entretanto, que a sociedade deve ter um papel ativo na fiscalização dos recursos públicos. A Lei de Acesso à Informação assegurou que fossem disponibilizados à socie- dade dados necessários ao controle. Mas também precisamos capacitar a sociedade sobre as formas de obter os dados e proceder às análises ne- cessárias, além de conhecer os canais por meio dos quais se pode intervir nos processos decisórios ou de fisca- lização. l Quais as principais diferenças entre o que é oferecido hoje e o que será oferecido aos três públicos- -alvo da ECG? n Para os servidores, vamos reestru- turar as atividades de formação e l O que são as “trilhas de desenvol- vimento”? n A trilha de desenvolvimento con- siste no agrupamento de diversas atividades de capacitação em torno do mesmo objetivo. Ela pode conter indicações de cursos, vídeos, livros, palestras, vivências e dinâmicas que contribuem para o aprimoramento de uma competência. Em geral, a trilha ordena os conhecimentos e oferece diversos caminhos para explorar o mesmo conteúdo no sentido do apro- fundamento do tema. Vale ressaltar que é uma “trilha” e não um “trilho”, ‘O foco prioritário são os nossos servidores’ C om novo titular na diretoria-geral, a Escola de Contas e Gestão (ECG) começa a tirar do papel novos projetos. Para João Paulo Lourenço, a instituição deve buscar um alcance mais amplo da sua atuação, perseguindo uma evolução contínua, sólida e moderna e auxiliando na formação dos servidores para os enormes desafios do setor público. O diretor, de 45 anos, entende inovação ou transformação como um processo contínuo que deve ser incorporado não só à ECG, mas a toda a administração pública. E cita o educador Paulo Freire: “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”. ENTREVISTA VOLTAR PARA O SUMÁRIO ‘SEMPRE TEMOS ESPAÇO PARA MELHORIAS, POIS CONFORMAR-SE SIGNIFICA ANDAR PARA TRÁS’ TC E N O TÍ C IA 9 0 19 capacitação em torno de competên- cias. O nosso propósito será não só a assimilação do conhecimento técnico, como também o desenvolvimento de habilidades e atitudes. Vamos também estender a formação gerencial, enfa- tizando competências de liderança. Para os jurisdicionados, vamos es- truturar as atividades em torno de serviços governamentais, fornecen- do instrumentos para gestão adequa- da de áreas como saúde, segurança, educação, mobilidade urbana. Para a sociedade, vamos lançar formações inéditas na ECG com foco em gestão, transparência e controle social. l Qual a importância de serem incluídas ‘competências futuras’ (Análise Estatística, Modelos Pre- ditivos, Auditoria Operacional, Auditoria Ambiental, Auditoria de Sistemas) para os servidores do TCE? Por que elas são relevantes? n Sempre atuamos muito próximos de todas as áreas do tribunal, atentos a suas demandas. A Secretaria de Con- trole Externo, por exemplo, já vem desenvolvendo trabalhos sólidos no âmbito dessas temáticas. Julgamos que, se focarmos apenas no mapa decompetência atual, estaremos refor- çando a atuação no que praticamos hoje. Contudo, se olharmos para o pla- nejamento estratégico, vemos que o tribunal tem como objetivo ampliar sua atuação para além do escopo atu- al. Assim, se pretendemos aprimorar novas modalidades como auditoria ambiental, por exemplo, o ponto de partida é o desenvolvimento das com- petências necessárias em uma massa crítica de servidores, com capacidade de introduzir novas técnicas e ferra- mentas no TCE-RJ. l Qual o aspecto essencial do traba- lho que será implementado visando a sociedade civil? n A sociedade civil já vem sendo con- vocada a participar de auditorias, como na experiência realizada pelo TCU, quando pacientes foram chama- dos para confirmar serviços cobrados do SUS, ocasião em que foram iden- tificados indícios de irregularidade. Queremos dar um passo além. A so- ciedade deve estar presente na fase de planejamento, na definição do PPA, no acompanhamento da execução finan- ceira das políticas públicas, por meio dos informes da LRF e dos dados rela- tivos a gastos disponibilizados segun- do a lei da transparência. O caminho para que essa participação se efetive ‘VAMOS LANÇAR FORMAÇÕES INÉDITAS, COM FOCO EM GESTÃO, TRANSPARÊNCIA E CONTROLE SOCIAL’ TC E N O TÍ C IA 9 0 20 será a capacitação da sociedade, atra- vés de seus conselhos ou organizações fiscalizados. Quais os primeiros passos necessá- rios para a concretização da rede de conhecimento proposta? n Os convênios serão ampliados com a finalidade de complementar nossa grade de atividades derivada das tri- lhas de desenvolvimento e respectivos programas. A primeira fase será a for- malização de convênios de cooperação com as entidades identificadas como relevantes para nossa estratégia, de forma a permitir o compartilhamen- to de conhecimentos, de docentes e de estruturas de capacitação e formação. Queremos garantir um programa com- plementar focado na expertise de cada instituição. l Sobre o compartilhamento de co- nhecimento, como vai se dar con- cretamente a transmissão das infor- mações para videoaulas, material didático, pesquisas, trabalhos etc.? n Vamos criar um ambiente virtual de aprendizagem para o compartilhamen- to de conhecimento. Desta forma, ao se inscrever para um curso, o aluno será automaticamente inscrito em um grupo de discussão on-line, no qual terá acesso ao material didático, videoaulas, artigos complementares, fóruns de discussão e outros recursos. Esse grupo permanece- rá ativo após a conclusão da disciplina e terá a adesão de novos integrantes a cada nova turma. Assim, os grupos serão estimulados a manter contato entre si. l Os cursos sob a rubrica “compor- tamentais” são uma novidade? Por que foram incorporados? n Para lançar um novo produto ou servi- ço público, devemos deter também uma série de competências comportamen- tais, como a capacidade de comunicação ou trabalho em equipe, que no TCE-RJ foram eleitas como competências essen- ciais. Conhecimentos técnicos são mais “perecíveis” e tornam-se desatualizados tadas através de um banco de ideias acessível a todos os servidores. Final- mente, para que as sugestões sejam convertidas em melhorias efetivas, precisamos da atuação de um comitê gestor de inovação, que vai selecionar e priorizar as melhores propostas, au- xiliando os proponentes a converter ideias em projetos específicos. Será também de responsabilidade desse grupo acompanhar o portfólio de inovação e avaliar seu impacto. l Quais são as iniciativas mais rele- vantes no âmbito da Coordenadoria Acadêmica ? n Temos trabalhado para muito em breve podermos incorporar em nossa grade uma turma interna de mestra- do em Administração Pública, asse- gurando maior aprofundamento dos temas e atribuindo-lhes um olhar mais acadêmico. l Qual a importância da implanta- ção de produtos piloto para imple- mentar novos projetos? n A introdução de mudanças organi- zacionais através de produtos-piloto é uma prática recomendável por per- mitir testes em um escopo menor. Com isso podemos demonstrar os resultados objetivos da proposta em um curto espaço de tempo, gerando maior adesão e força com vistas à am- pliação da mudança para um nível institucional. l O objetivo é fazer da inovação uma marca da sua administração? n Entendemos a inovação como um processo contínuo, que deve ser in- corporado não só à gestão da escola, como também a todo o setor público. A evolução da tecnologia em escala exponencial nos traz a cada dia novas ferramentas, que devem ser avaliadas. Mais do que inovações pontuais, quero marcar minha gestão, em estreita e to- tal consonância com as orientações da conselheira Marianna Montebello Wil- leman, com a implantação do modelo permanente de gestão de inovação. n na medida em que novas normas são editadas e mudanças de entendimentos jurisprudenciais são consagradas. Já os conhecimentos comportamentais, como a aprendizagem contínua, pas- sam a integrar de forma permanente o ferramental dos servidores. l É possível aprimorar os cursos a distância? n A modalidade ensino a distância pode ser configurada de diversas maneiras. A um custo muito baixo, podemos dispo- nibilizar nossas aulas em plataformas gratuitas, como o Youtube, que foi ado- tado pelo TCE-RJ para a transmissão das sessões plenárias. Com mais re- cursos, podemos adotar plataformas de cursos com atuação efetiva do docen- te no processo de aprendizagem, com aulas on-line ao vivo ou ferramentas de simulação de situações reais, como jogos de negócios. l Com relação à Coordenadoria de Estudos e Pesquisas, quais iniciati- vas e mudanças você considera as mais importantes? A ideia é dire- cionar o setor de acordo com as ne- cessidades práticas identificadas na rotina do tribunal? n Estamos propondo um modelo de ges- tão de inovação aberto, no qual o ponto de partida é a identificação e prioriza- ção dos problemas a serem publicados em campanhas de inovação. O segundo passo é a geração ampla de ideias cole- ENTREVISTA VOLTAR PARA O SUMÁRIO ‘ENTENDEMOS A INOVAÇÃO COMO UM PROCESSO CONTÍNUO, QUE DEVE SER INCORPORADO NÃO SÓ À GESTÃO DA ESCOLA, COMO TAMBÉM A TODO O SETOR PÚBLICO’ TC E N O TÍ C IA 9 0 A penas no primeiro semestre, 93 atividades de ca- pacitação foram realizadas, com a formação de 153 turmas. “A ECG objetiva proporcionar a atualiza- ção permanente de conhecimentos, estimulando a participação dos servidores do TCE-RJ, jurisdicionados e a sociedade, com foco na mudança cultural para resultados e do trabalho cooperativo para a formação do servidor públi- co. É formar gestores de Estado”, afirma Rosa Maria Chaise, coordenadora de Estudos e Pesquisas da ECG. Os cursos, oficinas e encontros técnicos promovidos pela ECG harmonizam fundamentação teórica e domínio prático. Um dos principais públicos-alvo são os servidores do governo estadual e dos 91 municípios sob jurisdição do TCE-RJ. Ape- nas nos seis primeiros meses de 2017, 108 turmas formadas por servidores municipais e/ou estaduais frequentaram as salas de aula da ECG. Técnicos do próprio tribunal também ocupam as salas, com um total de 44 turmas exclusivas para a sua formação. Um trabalho que revela a dualidade da atuação do tribunal: fiscalizar, mas também orientar. Entre as opções de capacitação para os servidores, o TCE- -RJ ofereceu em maio cursos como o de Auditoria Governa- mental, para os servidores do TCE que atuam com controle externo, e o de Gestão de Mudanças e Cultura Organizacional, para os servidores em geral. CURSO SOBRE POLÍTICAS ADMINISTRATIVAS NA ÁREA DE EDUCAÇÃO A ECG também ofereceu o curso de Planejamento, Exe- cuçãoe Controle Social de Políticas de Educação aos funcio- nários públicos estaduais envolvidos em funções de direção, coordenação e cargos táticos e estratégicos, com o objetivo de tornar esses servidores aptos a elaborar políticas e programas na área. O curso aliou aulas expositivas, vídeos, atividades em grupo e exercícios práticos à disseminação dos conceitos e práticas relacionados ao modelo que engloba o planeja- mento, passando pela execução até o controle e a prestação de contas de governo e identificando as melhores práticas dentro do setor público. Além dos cursos que fortalecem a atuação dos servi- dores públicos, a ECG privilegia o contato direto com a sociedade através de iniciativas como o projeto ‘Tardes do Saber’, debates abertos que ocorrem na sede do TCE-RJ. Em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente, por exemplo, a escola discutiu, dia 7 de junho, o tema “Sustentabilidade e Políticas Públicas Municipais”. No encontro, foram apresentados quatro acordos interna- cionais aprovados em 2015. Entre eles, a Agenda 2030: uma declaração com 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169 metas, aprovada e ratificada pelo Congresso Nacional. Para o segundo semestre de 2017, a ECG anuncia um programa diversificado, que inclui 68 atividades e 112 turmas. Entre ações de capacitação, estudos e pesquisas, a instituição pretende cada vez mais estimular os no- vos gestores municipais a participar das iniciativas. Mais preparados para os desafios que a administração pública impõe, estes servidores desempenharão melhor as funções que lhes são confiadas, em benefício da sociedade. “É muito importante que se tenha em mente que a disponibilização de um ou mais servidores municipais para a participação em atividades promovidas pela ECG significa um investimento das prefeituras, que focam no sucesso de seus projetos”, afirma João Paulo Lourenço, diretor-geral da ECG. A ECG tem ainda mais novidades. Quem está distante, mas não quer perder os cursos da ECG, em breve poderá contar com o apoio da internet. Aulas serão disponibiliza- das através do site da escola para toda a sociedade. A escola também está estudando oferecer, pela primeira vez, um curso de mestrado na área de Administração Pública. O projeto está sendo elaborado e deverá ser iniciado em 2018. n O sucesso do ensino de uma instituição pode ser medido pelo seu grau de envolvimento com a sociedade. Com o objetivo de fortalecer cada vez mais esta ligação, a Escola de Contas e Gestão (ECG) tem intensificado suas ações e estabelecido novos mecanismos de conexão com diferentes grupos ESCOLA FORTALECE PARCERIA COM A SOCIEDADE ECG TC E N O TÍ C IA 9 0 seguida, há o parecer do Ministério Público de Contas, cujos membros – procuradores concursados –integram um órgão autônomo e possuem independência funcional. Após essas manifestações técnicas, o conselheiro- relator apresenta seu projeto de parecer prévio por meio de um voto. Finalmente, há a deliberação plenária, com a emissão de um parecer conclusivo sobre as contas. Na sessão de 30 de maio, os conselheiros do TCE-RJ, acompanhando o voto da conselheira- relatora, Drª Marianna Montebello Willeman, seguiram o parecer do Ministério Público de Contas que concluiu pela identificação de quatro irregularidades a inquinar as contas de modo irremediável. A primeira, o descumprimento do limite mínimo de 12% das receitas de impostos e transferências de impostos, estabelecido no art. 6º da Lei Complementar Federal n° 141/12 c/c o art. 198, II, §2º, da Constituição da República, para aplicação em ações e serviços públicos de saúde. O governo estadual destinou a esse fim o percentual de 10,42%. Isso significa que R$574.932.738 deixaram de chegar à população fluminense sob a forma de serviços de saúde. A A ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS NO JULGAMENTO DAS CONTAS DE GOVERNO SERGIO PAULO DE ABREU MARTINS TEIXEIRA PROCURADOR-GERAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO ESPECIAL N o dia 30 de maio deste ano, o Plenário do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), por unanimidade, decidiu pela emissão de parecer prévio contrário à aprovação das Contas de Governo do Chefe do Poder Executivo estadual relativas ao exercício de 2016. Embora não se trate de fato inédito, apenas ao apreciar as contas do exercício de 2002, o Tribunal proferira decisão semelhante. A relevância e a excepcionalidade do momento nos convocam a uma reflexão acerca do papel dos órgãos de controle na gestão da coisa pública, em especial aquele exercido pelo Ministério Público de Contas, e sobretudo da contribuição que podem dar à construção de uma administração pública financeiramente sustentável e socialmente justa. Como regra geral, em se tratando da apreciação das contas prestadas por aqueles que utilizam, arrecadam, guardam, gerenciam ou administram bens, dinheiros ou valores públicos, compete aos tribunais de contas, por força da norma contida no inciso II do art. 71 c/c art. 75 da Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB), que foi reproduzida no artigo 123, VOLTAR PARA O SUMÁRIO ARTIGO inciso II, da Constituição do Estado do Rio de Janeiro (CERJ), proceder ao julgamento das respectivas contas. Cabe-lhes, portanto, a palavra final em relação à regularidade ou irregularidade das contas apresentadas pelos chefes de Poder e pelos ordenadores de despesa em geral. Não é o que se dá, porém, em relação às contas prestadas pelo presidente, governadores e prefeitos. De modo diferente do que ocorre nos outros processos submetidos à jurisdição de contas, o julgamento, neste caso, conforme prescreve o inciso I do art. 71 da CRFB (art. 123, I, CERJ), ocorre em duas etapas. Na primeira, compete ao Tribunal de Contas a emissão de um parecer prévio e conclusivo sobre as contas, de caráter eminentemente técnico-jurídico. E a palavra final é dada pelo órgão de representação popular, a Alerj, no caso das contas do governo estadual. Internamente, no âmbito do TCE-RJ, a prestação de contas de governo passa por quatro análises independentes. A primeira é a do seu corpo técnico, formado por servidores concursados e especializados em diversas áreas, como Direito, Contabilidade, Administração Pública, Economia, dentre outras. Em TC E N O TÍ C IA 9 0 segunda, a movimentação de recursos para saúde fora do Fundo Estadual de Saúde. A prática, além de violar frontalmente o disposto nos artigos 2º, 14 e 16 da Lei Complementar Federal nº 141/12, impedindo que tais valores sejam computados como despesas em ações e serviços públicos de saúde, produz grandes dificuldades ao controle da legal, legítima e econômica aplicação do dinheiro público nessa importante função, militando contra a transparência na gestão dos recursos públicos. A terceira, o repasse a menor para o Fundeb, restando transferir, no exercício, quase R$ 1 bilhão. A conduta do governo estadual viola a norma prevista no art. 3º da Lei Federal nº 11.494/07, representa um menoscabo ao direito fundamental social à educação, constante do caput do art. 6º e detalhado nos artigos 205 a 214 da CRFB, bem como desrespeita o próprio princípio federativo (artigo 1º da CRFB), ao fazer com que montante expressivo de recursos públicos deixe de chegar aos municípios, por via do fundo. Como se vê, as normas jurídicas aviltadas pelo Governo do Estado encontram fundamento direto na dignidade da pessoa humana, um postulado central de nosso Estado Democrático de Direito, o que orientou o parecer pela rejeição das contas. No atual cenário, que pode ser chamado de crise, de crise fiscal, de ruína financeira do estado, para alguns até de calamidade pública,assegurar a qualidade do gasto e da receita pública e concretizar um controle eficaz sobre a atuação dos servidores públicos e agentes políticos na gestão dos recursos públicos mostra-se como pressuposto necessário para afastar os ciclos viciosos – de deficiência técnica, de má gestão, de falta de governança e de corrupção – que realimentam a própria crise. Uma crise que não é somente financeira, mas também social e moral. O Ministério Público de Contas e o Tribunal de Contas, especialmente no cenário delineado, têm o dever de atuar de forma técnica e independente. Mas não podem, contudo, contentar- se com a mera aferição, quase cartesiana, da conformidade legal dos atos de gestão e de realização da despesa pública por parte daqueles que têm acesso aos bens, dinheiros e valores públicos. Devem prestar sua contribuição para reverter uma trajetória de insustentabilidade financeira e de sacrifício dos direitos sociais, a qual penaliza, sobretudo, os excluídos, os mais pobres, que são os que mais precisam de uma aplicação eficiente dos recursos públicos. Além de sacrificar o presente, essa trajetória compromete nossos deveres para com as futuras gerações. A mudança do quadro atual exige dos atores envolvidos no controle externo a consciência de que todos, como servidores públicos, estão continuamente a prestar contas ao verdadeiro destinatário dos recursos envolvidos: o povo do Estado do Rio de Janeiro. Cada órgão e agente, no âmbito de suas atribuições constitucionais e legais, deve empenhar todos os esforços para assegurar que cada centavo do dinheiro público chegue, sob a forma de serviços públicos eficientemente prestados, aos cidadãos de nosso estado, sem perdas, sem desvios, sem malversações. n TC E N O TÍ C IA 9 0 24 O Rio de Janeiro pode ser vis- to sob diferentes ângulos. Desempenho educacio- nal, situação econômica, aspectos sociais, panora- ma ecológico e evolução populacional são apenas alguns deles. Todos estão presentes na 16ª edição dos ‘Estudos Socioeconômicos dos Muni- cípios do Estado do Rio de Janeiro’, elaborada pelo Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) e lançada no fi nal do mês de maio. Nes- sa publicação, além da atualização dos indicadores sociais e informações de cada um dos 91 municípios fl uminenses (a exceção é a cidade do Rio), outras novidades podem ser conferidas. A atual versão traz um capítulo es- pecial sobre o cenário de crise fi nancei- ra e a queda da atividade econômica, com fortes impactos na arrecadação em geral. Outra inovação é a criação de um capítulo sobre sustentabilidade, cujo foco é a análise da evolução dos indicadores ambientais com base nos 17 objetivos de desenvolvimento sus- tentável defi nidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), que guiarão as ações globais nesse campo por 15 anos, a partir de 2016. Entre as principais informações contidas nos estudos, algumas são preocupantes. Os investimentos per capita dos municípios fl uminenses, por exemplo, caíram pela metade en- tre 2010 e 2015, passando de 12,29% da receita total para 6,59%. Esses dados revelam que as despesas fi xas, aquelas que contemplam o custeio da máquina pública, consumiram a maior parte do dinheiro disponível. Além disso, dos 91 municípios, 54 apresentaram queda na arrecadação do Imposto Sobre Serviços (ISS) de LEVANTAMENTO 2014 para 2015, ano em que as con- sequências da paralisação das obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) afetaram cidades que tinham no empreendimento da Petrobras uma importante fonte de recursos. Nesse contexto, Itaboraí e Itaguaí foram as mais prejudicadas, VOLTAR PARA O SUMÁRIO ESTUDO ELABORADO PELO TCE MOSTRA OS VÁRIOS ÂNGULOS DO RIO DE JANEIRO Estudos Socioeconômicos dos Municípios do Estado do Rio de Janeiro Secretaria- VÁRIOS VÁRIOS PELO RIO DE JANEIRO TC E N O TÍ C IA 9 0 N O TÍ C IA 90 25 com perdas de R$ 113 milhões e R$ 54 milhões, respectivamente. No campo da educação, duas pes- quisas recentes – Programme for International Student Assessment (Pisa) e Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) – evidenciam o grande desafi o da implantação de um sistema de qualidade em todos os ní- veis. O primeiro estudo, promovido por uma agência europeia – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) –, compara interna- cionalmente o desempenho de estudan- tes de 15 anos de idade. O segundo, do Ministério da Educação (MEC), avalia os ensinos fundamental e médio oferecidos nas redes pública e privada. O chamado “governo eletrônico”, com grande potencial de dinamizar ações de transparência e agilidade na gestão pública, é outro aspecto analisado de- talhadamente na nova edição dos Estu- ESTUDO ELABORADO PELO TCE MOSTRA OS VÁRIOS ÂNGULOS DO RIO DE JANEIRO dos Socioeconômicos. Em 2016, todos os 91 municípios jurisdicionados ao TCE apresentavam portal de informações na internet, um avanço em relação a 2002, quando apenas 42 cidades estavam nes- sa condição. No entanto, foram observa- dos problemas relativos à qualidade das informações disponíveis e à facilidade de acesso. Navegação defi ciente, links inativos, dificuldades para localizar dados e falta de atualização também são situações encontradas com certa frequência. Publicados desde 2001, os Estudos Socioeconômicos oferecem um amplo leque de assuntos, parte dos quais se mantém atualizada periodicamente, proporcionando uma visão da série histórica, enquanto outra parte aborda temas eventuais, formando um retrato atual dos aspectos mais relevantes da realidade dos municípios fl uminenses. Para mais informações, basta aces- sar o site do TCE-RJ (www.tce.rj.gov. br/web/guest/70). n TC E N O TÍ C IA 9 0RRREALBELEZAUMA JOIA PORTUGUESA NO CENTRO DO RIO ARREDORES TC E N O TÍ C IA 9 0 00 RRREALBELEZAUMA JOIA PORTUGUESA NO CENTRO DO RIO TC E N O TÍ C IA 9 0 “Muita gente chora quando entra aqui”, conta a bibliotecária Vera Lúcia de Almeida, 65 anos, os últimos 24 dedicados ao Real Gabinete. A reação emocionada difi cilmente poderia ser considerada um exagero. A imponência da belíssima construção – exemplar do estilo neomanuelino, como o Mosteiro dos Jerônimos e a Torre de Belém, em Lisboa – e a vastidão da coleção de cerca de 300 mil livros de todas as áreas do conhecimento, e em vários idiomas, de fato impressionam. Não à toa, a biblioteca, cujo salão de leitura lembra o interior de uma catedral com as paredes tomadas de livros, foi eleita uma das cinco mais bonitas do mundo, em 2014, pela revista ‘Time’. INSTITUIÇAO ABRIGA TESOUROS Integralmente financiada pela iniciativa privada, a instituição abriga livros que remontam ao século XVI – dois de seus maiores tesouros são um exemplar da 1ª edição de ‘Os Lusíadas’, de Luís de Camões, de 1572, e o 1º volume das Ordenações Manuelinas, de 1520, a obra mais antiga da biblioteca. Embora atraia muitos leitores interessados em publicações históricas (grande parte deles é formada por professores e estudantes universitários e pesquisadores), a biblioteca também é um convite para quem busca livros menos antigos, pois recebe todas as obras editadas em Portugal – o Real Gabinete não compra publicações –, graças a um acordo fi rmado com o governo do país europeu no início dos anos 1960. “É o lugar perfeito. É ótimo para pesquisadores, mas também para quem está atrás de livros mais atuais, principalmente da literatura portuguesa contemporânea”, elogia Eduardo da Cruz, 38 anos, professor de literatura da Universidade doEstado do Rio de Janeiro (Uerj). “O Real Gabinete tem um acervo único, que não se encontra nem no exterior”, faz coro Andréia Alves Monteiro de Castro, 37, doutoranda em Literatura também na Uerj. Com relação ao volume de obras portuguesas, realmente não há nada comparável fora de Portugal. E a formação de um catálogo tão extenso é proporcional aos 180 anos de vida da conteceu no último dia 11 de junho, um domingo. Em visita ao Real Gabinete Português de Leitura, joia cultural e arquitetônica do Centro Histórico do Rio, ninguém menos que o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sou- sa, não se conteve ao pegar o manuscrito de ‘Amor de Perdição’, clássico do Romantismo escrito por Camilo Castelo Branco em 1862: “Preciso me sentar para não morrer de emoção”. Em visita ao Rio para celebrar o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas (comemorado na véspera) e acompanhado do primeiro-ministro, António Costa, o chefe de Estado lusitano resumiu o sentimento que frequentemente brota nos visitantes da biblioteca, que acaba de completar 180 anos de existência.AA conteceu no último dia 11 de junho, um domingo. Em visita ao Real Gabinete A conteceu no último dia 11 de junho, um domingo. Em visita ao Real Gabinete Português de Leitura, joia cultural e arquitetônica do Centro Histórico do A Português de Leitura, joia cultural e arquitetônica do Centro Histórico do Rio, ninguém menos que o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sou-A Rio, ninguém menos que o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sou-sa, não se conteve ao pegar o manuscrito de ‘Amor de Perdição’, clássico A sa, não se conteve ao pegar o manuscrito de ‘Amor de Perdição’, clássico do Romantismo escrito por Camilo Castelo Branco em 1862: “Preciso me A do Romantismo escrito por Camilo Castelo Branco em 1862: “Preciso me sentar para não morrer de emoção”. Em visita ao Rio para celebrar o Dia A sentar para não morrer de emoção”. 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Fundado em 1837 por um grupo de 43 emigrantes portugueses, o Real Gabinete inicialmente ocupou um imóvel na antiga Rua Direita (hoje Rua 1º de Março) e, depois de passar por outros endereços, fixou-se na atual sede, projetada por Rafael da Silva e Castro e inaugurada em 1887 na antiga Rua da Lampadosa, depois batizada como Luís de Camões. A última das reformas por que passou a biblioteca durou 18 meses – foi concluída em março de 2017 – e incluiu restauração da belíssima claraboia, que proporciona iluminação natural ao salão, dos telhados e dos vitrais e pinturas, entre outros reparos, no prédio principal e em seus dois anexos. “Temos muito orgulho desse trabalho, foi feito com precisão cirúrgica. O Real Gabinete é uma instituição que encanta portugueses, brasileiros e estrangeiros que a visitam, é a casa mater da cultura portuguesa no Brasil”, afirma o seu presidente, Francisco Gomes da Costa, 67 anos, lembrando que as primeiras reuniões da Academia Brasileira de Letras, então presidida por Machado de Assis, aconteceram ali. Na fachada do prédio, despontam as estátuas de quatro heróis portugueses dos tempos das Grandes Navegações: Luís de Camões, Pedro Álvares Cabral, Infante Dom Henrique e Vasco da Gama. O tesouro abrigado em seu INTERNET: INIMIGA E ALIADA Funcionários atribuem a crescente queda do número de leitores em grande parte à popularização da internet, que oferece uma infinidade de obras por meio de apenas alguns cliques – mesmo exemplares muito antigos podem ser encontrados via Google. Mas a grande rede pode ser tanto uma ‘inimiga’ (quando se pensa na forma tradicional de leitura) quanto uma ‘aliada’. O acervo da biblioteca não foi digitalizado, mas o catálogo, sim, o que permite consultas on-line desde 2002. Optou-se por digitalizar somente algumas publicações, como colóquios, correspondências entre escritores e manuscritos valiosos, como o já citado ‘Amor de Perdição’. Um projeto patrocinado pela Petrobras, o ‘Real em Revista’, também permitiu, em 2014, a digitalização de periódicos (jornais e revistas) portugueses, brasileiros e luso- brasileiros do século XIX. Foi o único contemplado no Estado do Rio de Janeiro entre os 260 inscritos na categoria ‘Apoio a museus, arquivos e bibliotecas’ e contribuiu para preservar títulos raros e muitos cujos exemplares já sofriam com a deterioração. De toda forma, quem prefere ser um leitor à moda antiga e fazer consultas presencialmente deve obedecer a regras rígidas. Consultas devem ser feitas pelo computador e o pedido, dirigido às bibliotecárias – os frequentadores são proibidos de manusear os livros, sob o risco de danificá-los, já que muitos são bastante antigos. Não é permitido tirar fotocópias das páginas, tampouco fotografá-las, nem entrar com livros próprios. Para levar publicações para casa, o leitor deve ser sócio-contribuinte (R$ 60 por mês), mesmo assim somente após seis meses, e a edição precisa ser posterior a 1950 (nem todos os títulos são liberados). Atualmente o Real Gabinete tem cerca de 2,4 mil sócios, mas menos de 10% de fato contribuem financeiramente para a instituição. conteceu no último dia 11 de junho, um domingo. Em visita ao Real Gabinete Português de Leitura, joia cultural e arquitetônica do Centro Histórico do Rio, ninguém menos que o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sou- sa, não se conteve ao pegar o manuscrito de ‘Amor de Perdição’, clássico do Romantismo escrito por Camilo Castelo Branco em 1862: “Preciso me sentar para não morrer de emoção”. Em visita ao Rio para celebrar o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas (comemorado na véspera) e acompanhado do primeiro-ministro, António Costa, o chefe de Estado lusitano resumiu o sentimento que frequentemente brota nos visitantes da biblioteca, que acaba de completar 180 anos de existência. TC E N O TÍ C IA 9 0 VOLTAR PARA O SUMÁRIO RELÍQUIAS INCLUEM ATÉ KAMA SUTRA EM FRANCÊS Entre as suas centenas de milhares de livros, o Real Gabinete conserva relíquias, como a 1ª edição de ‘Os Lusíadas’ (1572) e o 1º volume das Ordenações Manuelinas (1520), como já mencionado. Estes são dois exemplos das 100 obras do século XVI que a biblioteca abriga, ou seja, publicações produzidas quando o Brasil ainda engatinhava. Diferentes exemplares do clássico de Camões – e até edições de outros países, como Estados Unidos e Noruega – reluzem num mostruário especial logo à direita de quem entra no amplo salão de leitura. Um destes exemplares é o segundo mais antigo de ‘Os Lusíadas’ no Real Gabinete: uma edição de 1670 com os valiosos autógrafos dos aviadores Gago Coutinho e Sacadura Cabral, que trouxeram a brochura de navio. Heróis portugueses, eles foram os primeiros a fazer de avião a travessia do Atlântico Sul e emprestam seus nomes a duas ruas no Rio de Janeiro. Outra preciosidade é o dicionário da língua tupy-guarani, escrito por Gonçalves Dias e doado ao Real Gabinete no século XIX. “Estas são algumas das nossas raridades, nossas pepitas de ouro”, brinca Vera Lúcia. E tem mais. Numa vasta ala no segundo andar, repousam mais de 5 mil volumes da biblioteca
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