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DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA ANALISTA PROCESSUAL - MPE/RJ 
PROFESSOR: JULIO MARQUETI 
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Prof. Julio Marqueti www.pontodosconcursos.com.br 
AULA 5 – DO PROCEDIMENTO, QUESTÕES INCIDENTES E PRISÕES 
99 D Doo pprroocceeddiimmeennt too ssuummáárriioo.. 
99 D Doo pprroocceeddiimmeennt too ssuummaarrííssssiimmoo:: JJuuiizzaaddo o EEssppeecciia all CCrriimmiinnaall 
99 D Doo pprroocceeddiimmeennt too d daa LLeei i 1111..334400//006 6 ((vviioollêênncci iaa ddoommééssttiiccaa)) 
99 DDaas s qquueessttõõees s ee pprroocceessssoos s iinncciiddeenntteess.. 
99 PPrriissã ãoo tteemmppoorráárri iaa ((LLeei i nnº º 77..996600//8899)) 
99 PPrriissã ãoo e emm ffllaaggrraannttee 
99 PPrriissã ãoo pprreevveennttiivvaa 
AULA 5 – DOS TEMAS TRATADOS EM AULA 
9 DDOOS S PPRROOCCEEDDIIMMEENNTTOOSS 
9 D Doo pprroocceeddiimmeennt too ccoommuum m ssuummáárriioo 
9 PPrriinncciippaai iss ddiissttiinnççõõeess 
9 Prazo para encerramento 
9 Número de testemunhas 
9 Audiência de instrução 
9 D Doo pprroocceeddiimmeennt too ssuummaarrííssssiimmoo 
99 D Doo JJuuiizzaaddo o eessppeecciiaal l ccrriimmiinnaall 
9 DDoos s pprriinnccííppiiooss 
9 D Daa ccoommppeettêênncciia a ee ddoos s aattoos s pprroocceessssuuaaiiss 
9 DDoos s aattoos s pprroocceessssuuaaiiss: : nnuulliiddaadde ess e e iinnssttrruummeennttaalliiddaad dee ddaas s ffoorrmmaass 
9 DDaas s cciittaaççõõees s ee iinnttiimmaaççõõeess 
9 D Daa aauuddiiêênncciia a pprreelliimmiinnaarr 
9 D Daa ccoommppoossiiççã ãoo ddoos s ddaanno oss cciivviiss 
9 D Daa ttrraannssaaççãão o ppeennaall 
9 D Daa hhoommoollooggaaççãão o dda a ttrraannssaaççã ãoo ppeennaall 
9 D Doo ddeessccuummpprriimmeennt too d daa ttrraannssaaççãão o ppeennaall 
9 D Doo pprroocceeddiimmeennt too ssuummaarrííssssiimmoo 
9 D Doo rreeccuurrsso o dde e aappeellaaççããoo 
9 DDoos s eemmbbaarrggoos s dde e ddeeccllaarraaççõõeess 
99 VViioollêênncciia a ddoommééssttiic caa – – LLe eii 1111..334400//22000066 
9 DDoos s pprroocceeddiimmeenntto oss n naa lleei i 1111..334400//22000066 
9 DDiirreeiitto o dde e rreepprreesseennttaaççã ãoo e e pprrooiibbiiççã ãoo d dee ssuubbssttiittuuiiççã ãoo d daa ppeennaa 
9 DDaas s mmeeddiidda ass ccaauutteellaarreess 
9 DAS PRISÕES 
9 D Daa pprriissã ãoo ccaauutteellaarr 
9 DDoos s ddiissppoossiittiivvoos s ccoonnssttiittuucciioonnaai iss ssoobbrre e aa pprriissããoo 
9 Da prisão em flagrante delito. 
9 DO MOMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE 
9 SUJEITOS DA PRISÃO EM FLAGRANTE 
9 DAS ESPÉCIES DE PRISÃO EM FLAGRANTE 
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9 DO FLAGRANTE PREPARADO 
9 DIFERIDO OU RETARDADODO 
9 FLAGRANTE DELITO E CRIMES PERMANENTES 
9 DA APRESENTAÇÃO ESPONTÂNEA 
9 PRISÃO EM FLAGRANTE NOS CRIMES DE AÇÃO PENAL PRIVADA 
9 Do auto de prisão em flagrante delito 
9 Da prisão preventiva. 
9 DO CONCEITO 
9 DOS PRESSUPOSTOS E FUNDAMENTOS 
9 DOS PRESSUPOSTOS 
9 DOS FUNDAMENTOS 
9 DDAAS S CCOONNDDIIÇÇÕÕEES S DDE E AADDMMIISSSSIIBBIILLIIDDAADDE E DDA A MMEEDDIIDDAA 
99 DDUURRAAÇÇÃÃO O DDA A PPRRIISSÃÃO O CCAAUUTTEELLAARR 
9 Da Prisão Temporária 
9 Objetivo da prisão temporária 
9 Dos requisitos ou pressupostos 
9 Do decreto da temporária 
9 Do procedimento judicial 
9 Do prazo da temporária 
99 QUESTÕES IMPORTANTES SOBRE AS MEDIDAS CAUTELARES 
9 DAS QUESTÕES 
9 DAS PRISÕES CAUTELARES 
99 DO GABARITO DAS QUESTÕES 
9 DA RESOLUÇÃO DAS QUESTÕES 
9 DAS PRISÕES CAUTELARES 
9 DDaas s QQuueessttõõe ess e e pprroocceesssso oss iinncciiddeenntteess 
9 DDaas s qquueessttõõees s pprreejjuuddiicciiaaiiss 
9 SSiisstteemma ass d dee ssoolluuççãão o dda a qquueessttã ãoo pprreejjuuddiicciiaall 
9 D Daa qquueessttãão o pprreejjuuddiicciia all oobbrriiggaattóórriiaa 
9 D Daa qquueessttãão o pprreejjuuddiicciia all ffaaccuullttaattiivvaa 
9 DDAAS S EEXXEECCEEÇÇÕÕEESS 
9 D Daa eexxcceeççãão o dde e ssuussppeeiiççããoo 
9 PPrrooppoossiittuurra a dda a eexxcceeççããoo 
9 D Daa ddeecciissãão o ee eeffeeiittooss 
9 D Doo rreeccuurrssoo 
9 EExxcceeppttooss 
9 D Daa eexxcceeççãão o dde e iinnccoommppeettêênncciiaa 
9 D Doo pprraazzo o ppaarra a iinntteerrppoossiiççããoo 
9 D Doo pprroocceeddiimmeennttoo 
9 D Daa ddeecciissãão o ee d doo rreeccuurrssoo 
9 D Daa eexxcceeççãão o dde e lliittiissppeennddêênncciiaa 
9 D Doo pprraazzo o ppaarra a iinntteerrppoossiiççããoo 
9 D Daa ddeecciissãão o ee d doo rreeccuurrssoo 
9 D Daa eexxcceeççãão o dde e iilleeggiittiimmiiddaad dee d dee ppaarrttee 
99 D Doo pprroocceeddiimmeennt too 
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9 D Daa ddeecciissãão o ee d doo rreeccuurrssoo 
9 D Daa eexxcceeççãão o dde e ccooiis saa jjuullggaaddaa 
9 D Doo pprroocceeddiimmeennt too 
9 D Daa ddeecciissãão o ee d doo rreeccuurrssoo 
DDOOS S PPRROOCCEEDDIIMMEENNTTOOSS 
PPrroocceeddiimmeennttoo é o modo pelo qual o processo se desenvolve. No processo penal 
podemos dizer que há dois grandes grupos: procedimento comum e 
procedimento especial. O procedimento comum, por sua vez, se subdivide em 
oorrddiinnáárriioo,, ssuummáárriioo ee ssuummaarrííssssiimmoo. 
O pprroocceeddiimmeenntto o ccoommu umm oorrddiinnáárriioo é o mais amplo dos procedimentos. Assim, 
suas regras serão aplicadas supletivamente aos demais, desde que não haja 
norma expressa em sentido oposto. 
Será adotado o pprroocceeddiimmeennttoo ccoommuumm oorrddiinnáárriioo para apuração dos crimes em 
que a lei comine a ppeen naa mmááxxiim maa d dee iigguuaal l oou u ssuuppeerriioor r aa 004 4 aannoos s dde e ppeennaa 
pprriivvaattiiv vaa d dee lliibbeerrddaaddee. 
O pprroocceeddiimmeenntto o ccoommu umm ssuummáárriioo será adotado para apuração de crime em que 
a lei comine ppeen naa pprriivvaattiivva a dde e lliibbeerrddaad dee iinnffeerriio orr a a 004 4 aannooss. 
Já o pprroocceeddiimmeenntto o ssuummaarrííssssiimmoo será utilizado nos casos de aplicação da Lei 
9.099/95, ou seja, aos ccrriimmees s dde e mmeenno orr ppootteenncciiaalliiddaad dee ooffeennssiivvaa. 
Art. 394. O procedimento será comum ou especial. 
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§ 1o O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo: 
I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima 
cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de 
liberdade; 
II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima 
cominada seja inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; 
III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo, 
na forma da lei. 
DDo o pprroocceeddiimmeenntto o ccoommu umm ssuummáárriioo 
As disposições dos artigos 395 a 398 deste Código aplicam-se a todos os 
procedimentos penais de primeiro grau, ainda que não regulados neste 
Código. Assim, tudo que se tratou na aula anterior a respeito dos assuntos abaixo 
relacionados será aplicado ao procedimento sumário. 
99 D Daa rreejjeeiiççã ãoo d daa qquueeiix xaa o ouu d daa ddeennúúnncciiaa 
99 D Doo rreeccuurrsso o dda a rreejjeeiiççãão o dda a qquueeiixxa a oou u ddaa ddeennúúnncciiaa 
99 D Daa ddeeffees saa pprreelliimmiinnaarr.. 
99 DDA A AABBSSOOLLVVIIÇÇÃÃO O SSUUMMÁÁRRIIAA 
Interessa-nos, portanto, é estabelecer os pontos que distinguem o procedimento 
ordinário do sumário. 
PPrriinncciippaaiis s ddiissttiinnççõõeess 
Prazo para encerramento: 
A instrução no pprroocceeddiimmeenntto o ssuummáárriioo será, de acordo com o legislador, de 30 
dias. Portanto, recebida a peça acusatória, a audiência de instrução e julgamento 
será realizada em nnoo mmááxxiimmoo 3300 ddiiaass (artigo 531 do CPP). 
Art. 531. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo 
máximo de 30 (trinta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, 
se possível, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, 
nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem como aos 
esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e 
coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado e procedendo-se, finalmente, ao 
debate. 
 
No pprroocceeddiimmeenntto o oorrddiinnáárriioo, por sua vez, a instrução deverá ser realizada no 
prazo mmááxxiimmo o dde e 660 0 ddiiaass. 
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Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no 
prazo máximo de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de 
declarações do ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas pela 
acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 
deste Código, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações 
e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, 
o acusado. 
Número de testemunhas 
No pprroocceeddiimmeenntto o ssuummáárriioo poderão ser arroladas no mmááxxiim moo 005 5 tteesstteemmuunnhhaass 
ppo orr ccaad daa uumma a dda ass ppaarrtte ess (artigo 532 do CPP). 
Art. 532. Na instrução, poderão ser inquiridas até 5 (cinco) 
testemunhas arroladas pela acusação e 5 (cinco) pela defesa. 
Já no pprroocceeddiimmeenntto o oorrddiinnáárriioo poderão ser arroladas no mmááxxiim moo 0088 
tteesstteemmuunnhha ass ppoor r ccaadda a uum maa ddaas s ppaarrtteess (Artigo 401 do CPP). 
Art. 401. Na instrução poderão ser inquiridas até 8 (oito) testemunhas 
arroladas pela acusação e 8 (oito) pela defesa. 
Audiência de instrução 
Em ambos os procedimentos – ordinário e sumário - a audiência de instrução se 
desenvolverá do mesmo modo. Veja abaixo a síntese do modo de 
desenvolvimento da audiência de instrução. 
Na audiência de instrução e julgamento proceder-se-á: 
1. À tomada de declarações do ofendido, se possível. 
2. À inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta 
ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem como 
3. Aos esclarecimentos dos peritos, 
4. Às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas. 
5. Ao interrogatório do acusado e 
6. Aos debates. 
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O que é interessante notar é que nno o pprroocceeddiimmeenntto o ssuummáárri ioo nnãão o hháá, como no 
ordinário (artigo 403, parágrafo 3º, do CPP), dispositivo que preveja a 
aapprreesseennttaaççããoo ddee mmeemmoorriiaaiis s eem m ssuubbssttiittuuiiççãão o aao oss ddeebbaattees s oorraaiiss. 
Art. 403. Não havendo requerimento de diligências, ou sendo 
indeferido, serão oferecidas alegações finais orais por 20 (vinte) 
minutos, respectivamente, pela acusação e pela defesa, prorrogáveis 
por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir, sentença. 
§ 3o O juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o número 
de acusados, conceder às partes o prazo de 5 (cinco) dias 
sucessivamente para a apresentação de memoriais. Nesse caso, terá o 
prazo de 10 (dez) dias para proferir a sentença. 
No entanto, a doutrina tem admitido a possibilidade de o magistrado, diante da 
complexidade da causa, aplicar analogicamente o disposto no artigo 403, 
parágrafo 3º, do CPP, aos processos sob o procedimento sumário. 
DDo o pprroocceeddiimmeenntto o ssuummaarrííssssiimmoo 
O pprroocceeddiimmeenntto o ssuummaarrííssssiimmoo será aplicado nos casos de iinnffrraaççã ãoo d dee mmeennoorr 
ppootteenncciiaalliiddaadde e ooffeennssiivvaa (artigo 61 da Lei 9.099/95). 
Art. 61. Consideram-se iinnffrraaççõõe ess ppeennaai iss d dee mmeennoor r ppootteenncciiaall 
ooffeennssiivvoo, para os efeitos desta Lei, as ccoonnttrraavveennççõõe ess ppeennaaiiss e os 
ccrriimmeess a que a lei comine pena mmááxxiimma a nnã ãoo ssuuppeerriio orr a a 2 2 ((ddooiiss)) 
aannooss, cumulada ou não com multa. 
A ttrraannssaaççã ãoo ppeennaall é possível nos crimes de menor potencialidade ofensiva. 
Consideram-se crimes de menor potencialidade ofensiva aqueles cuja pena 
máxima cominada não exceder a 02 anos de pena privativa de liberdade (artigo 
61 da Lei 9.099/95). 
No caso de concurso formal (artigo 70 do CP), o STJ considera a causa de 
aumento de pena. Assim, se, com o aumento da pena previsto no artigo 70 do 
CP, a pena máxima exceder a 02 anos não se admitirá a transação penal. 
DDo o JJuuiizzaaddo o eessppeecciiaal l ccrriimmiinnaall 
DDo oss pprriinnccííppiiooss 
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De acordo com o disposto no artigo 62 da Lei 9.099/95, o processo perante o 
Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da oorraalliiddaaddee,, iinnffoorrmmaalliiddaaddee,, 
eeccoonnoommiiaa pprroocceessssuuaall ee cceelleerriiddaaddee.. 
A aplicação da Lei 9.099/95 objetivará, sseemmpprre e qqu uee ppoossssíívveell, a reparação dos 
danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade. 
DDa a ccoommppeettêênncci iaa e e ddo oss aatto oss pprroocceessssuuaaiiss 
A competência do Juizado Especial Criminal será determinada pela mmaattéérriiaa, pois 
serão julgados aqui as ccoonnttrraavveennççõõe ess e e oos s ccrriimmeess, , nno oss tteerrmmo oss d doo aarrttiig goo 6622 
dda a LLeei i 99..009999//9955. 
Nos crimes de competência da Justiça Federal (artigo 109 da CF), aplicar-se-á a 
lei 9.099/95. Portanto, é possível a aplicação da Lei 9.099/95 na Justiça Federal 
ou Estadual. 
Determinada a competência em razão da matéria, agora nos cabe determinar a 
competência em razão do lugar. De acordo com o disposto no artigo 63 da Lei 
9.099/95, “A competência do Juizado será determinada pelo lluuggaarr eemm qquuee ffooii 
pprraattiiccaad daa a a iinnffrraaççãão o ppeennaall””. 
DDo oss aatto oss pprroocceessssuuaaiiss: : nnuulliiddaadde ess e e iinnssttrruummeennttaalliiddaad dee ddaas s ffoorrmmaass 
Os aattoos s pprroocceessssuuaaiiss serão públicos e poderão realizar-se em horário noturno e 
em qualquer dia da semana, conforme dispuserem as normas de organização 
judiciária. 
De acordo com o disposto no artigo 65 da Lei 9.099/95, os atos processuais serão 
considerados válidos desde que atendam a suas finalidades. Portanto, mesmo 
que defeituosos os atos serão mantidos, bastando, para tanto, que tenham 
atingido a sua finalidade. Ademais, as nulidades somente serão declaradas se 
demonstrado o prejuízo "pas de nullité sans grief". 
A oorraalliiddaaddee ee aa iinnffoorrmmaalliiddaaddee são princípios que nortearão a pratica dos atos 
processuais no Juizado Especial Criminal (artigo 62). Em obediência a tais 
princípios, serão objeto de rreeggiissttrrooeessccrriittoo eexxcclluussiivvaammeennttee ooss aattooss hhaavviiddooss 
ppo orr eesssseenncciiaaiiss. Os atos realizados em audiência de instrução e julgamento 
poderão ser gravados em fita magnética ou equivalente. 
DDa ass cciittaaççõõe ess e e iinnttiimmaaççõõeess 
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A cciittaaççã ãoo sseer ráá ffeeiitta a ppeessssooaallmmeenntte e nno o pprróópprri ioo jjuuiizzaaddoo ou por meio de 
mandado (oficial de justiça). É certa que a citação ocorrerá após a audiência 
preliminar, ocasião em que o autor do fato estará presente. 
Caso não seja o autor do fato encontrado para ser citado, não se fará, no juizado, 
a sua citação por edital. O processo, nesse caso, será enviado ao Juízo Comum 
ocasião em que prosseguirá sob o rito sumário. Portanto, nnoo JJuuiizzaaddoo EEssppeecciiaall 
CCrriimmiinnaall nnããoo ssee aaddmmiittee aa cciittaaççã ãoo ppoor r eeddiittaall. 
As intimações serão realizadas no Juizado Especial observando-se a 
iinnffoorrmmaalliiddaaddee ee aa oorraalliiddaaddee. Observe a redação do artigo 67 e 68. 
 
Art. 67. A intimação far-se-á por correspondência, com aviso de 
recebimento pessoal ou, tratando-se de pessoa jurídica ou firma 
individual, mediante entrega ao encarregado da recepção, que será 
obrigatoriamente identificado, ou, sendo necessário, por oficial de 
justiça, independentemente de mandado ou carta precatória, ou ainda 
por qualquer meio idôneo de comunicação. 
Parágrafo único. Dos atos praticados em audiência considerar-se-ão 
desde logo cientes as partes, os interessados e defensores. 
Art. 68. Do ato de intimação do autor do fato e do mandado de citação 
do acusado, constará a necessidade de seu comparecimento 
acompanhado de advogado, com a advertência de que, na sua falta, 
ser-lhe-á designado defensor público. 
É interessante observar que a iinnttiimmaaççã ãoo ppooddeer ráá sseer r rreeaalliizzaad daa ppoor r mmeeiio o ddee 
ooffiicciia all d dee jjuussttiiççaa, , iinnddeeppeennddeenntteemmeennt tee d dee mmaannddaaddoo (artigo 67, in fine, da Lei 
9.099/95). O mesmo, no entanto, não pode ocorrer no caso da citação. AA 
cciittaaççããoo,, qquuaannddoo ffeeiittaa ppoorr ooffiicciiaall ddee jjuussttiiççaa,, nnããoo ppooddeer ráá ooccoorrrreer r sseemm 
mmaannddaaddoo (artigo 66 da Lei 9.099/95). 
Os atos processuais serão públicos e poderão realizar-se em hhoorráárri ioo nnoottuurrnno o ee 
eem m qquuaallqquueer r ddi iaa d daa sseemmaannaa, conforme dispuserem as normas de organização 
judiciária. 
DDa a aauuddiiêênncci iaa pprreelliimmiinnaarr 
A autoridade policial que tiver conhecimento do fato lavrará imediatamente o 
termo circunstanciado e encaminhará os interessados (autor do fato e vítima) ao 
Juizado Especial para que sejam ouvidos. Não sendo possível fazê-lo 
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imediatamente, o autor do fato assumirá o compromisso de comparecimento 
assim que notificado a fazê-lo. 
Não sendo possível a imediata realização da audiência, o magistrado, 
determinará, assim que o termo circunstanciado lhe for apresentado, a 
designação de audiência preliminar. Para tanto, ordenará a intimação do autor do 
fato e da vítima. Todos serão intimados a comparecer acompanhados de 
advogado. 
Com a presença de todos, inclusive do membro do Ministério Público, o 
magistrado, na ocasião da audiência preliminar esclarecerá sobre a possibilidade 
da composição dos danos e da aceitação da proposta de aplicação imediata de 
pena não privativa de liberdade. 
DDa a ccoommppoossiiççãão o ddo oss ddaannoos s cciivviiss 
Durante a audiência preliminar, tentar-se-á, inicialmente, a composição dos 
danos civis. Então, o que se buscará, primeiramente, é a composição civil entre o 
autor do fato e a vítima. 
Efetivada a composição dos danos civis, haverá a extinção da punibilidade se o 
crime for de ação penal privada ou de ação penal pública condicionada à 
representação, já que, a composição, nesses casos, constitui causa de renúncia 
do direito de ação e de representação. 
Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante 
sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente. 
Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública 
condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou 
representação. 
Não se chegando a um ajuste (composição dos danos civis), tratando-se de ação 
penal pública condicionada à representação, caberá ao magistrado dar ao 
ofendido oportunidade de, imediatamente, representar. Caso não o faça, poderá 
fazê-lo posteriormente, desde que dentro do prazo decadencial. 
Então, em síntese pode-se afirmar que a composição dos danos civis 
nos casos de: 
9 AAççã ãoo ppeennaall pprriivvaad daa oouu ppúúbblliiccaa ccoonnddiicciioonnaadda a àà 
rreepprreesseennttaaççããoo levará à extinção da punibilidade. 
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9 AAççã ãoo ppeennaal l ppúúbblliic caa iinnccoonnddiicciioonnaaddaa não gerará a extinção da 
punibilidade, o que permitirá, ainda, a transação penal ou, quando 
não, a persecução penal. 
DDa a ttrraannssaaççã ãoo ppeennaall 
Oferecida a representação – na ação penal pública condicionada – ou tratando-se 
de ação penal pública incondicionada, alcançada ou não a composição dos danos 
civis, o magistrado dará ao membro do Ministério Público a oportunidade de 
propor ao autor do fato a transação penal (composição de natureza penal). Se 
presentes os requisitos legais, o membro do Ministério Público oferecerá a 
transação penal. 
No entanto, se não estiverem presentes os requisitos legais, o membro do 
Ministério Público não oferecerá a proposta de transação penal e, desde já, 
oferecerá a denúncia oralmente. 
Não se admitirá a proposta de transação penal nos casos elencados no artigo 76, 
parágrafo 2º, da Lei 9.099/95. Vejamos: 
§ 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado: 
I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena 
privativa de liberdade, por sentença definitiva; 
II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, 
pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo; 
III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade 
do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e 
suficiente a adoção da medida. 
DDa a hhoommoollooggaaççã ãoo d daa ttrraannssaaççãão o ppeennaall 
A transação penal só produzirá efeito se for homologada pelo magistrado. 
Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o JJuuiizz 
aapplliiccaarráá aa ppeennaa rreessttrriittiivvaa ddee ddiirreeiittooss oouu mmuullttaa, que não importará em 
reincidência, sendo registrada apenas para impedir novamente o mesmo 
benefício no prazo de cinco anos. 
Se o Ministério Público não oferecer a proposta de transação penal e o magistrado 
entendê-la cabível, deverá encaminhar os autos ao Procurador Geral para que 
delibere a respeito, já que o oferecimento da proposta é prerrogativa do 
“parquet”. Portanto, o magistrado não poderá oferecer a proposta de transação 
penal ao autor do fato. 
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Prof. Julio Marqueti www.pontodosconcursos.com.brSegundo o STF 
“O MP é o titular da ação penal pública incondicionada. A lei reserva ao 
MP a iniciativa de propor a transação com a aplicação imediata de pena 
restritiva de direitos ou multa a ser especificada na proposta. Se 
aceita pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à apreciação do 
Juiz, a teor do art. 76 e seu § 3º, da Lei n.º 9.099/95. Acolhendo a proposta 
do MP, aceita pelo autor da infração, o Juiz aplicará a pena restritiva de 
direitos ou multa, consoante o § 4º do mesmo art. 76”. (STF RE 296185/RS) 
No mesmo sentido o STJ 
“O oferecimento da proposta transação é ato privativo do Ministério 
Público. Havendo recusa por parte do representante do Parquet, cabe ao 
Magistrado, entendendo ser caso de aplicação do benefício, remeter os autos 
ao Procurador-Geral, a teor do que estabelece o art. 28 do Código de 
Processo Penal”. (STJ – HC 59776/SP) 
Em caso de vviioollêênncciiaa ddoommééssttiiccaa, o juiz poderá, como medida de cautela, 
determinar o afastamento do autor do fato do lar, domicílio ou local de 
convivência com a vítima. 
De acordo com o artigo 76, parágrafo 5º, da Lei 9.099/95, da sentença que 
homologa a transação penal (prevista no parágrafo 4º do mesmo artigo 76) 
ccaabbeerráá aa aappeellaaççããoo referida no art. 82 desta Lei. 
Art. 82. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença 
caberá apelação, que poderá ser julgada por turma composta de três 
Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do 
Juizado. 
DDo o ddeessccuummpprriimmeenntto o dda a ttrraannssaaççã ãoo ppeennaall 
Há muita controvérsia a respeito dos efeitos decorrentes do descumprimento da 
transação penal. Poderá o Ministério Público, com o descumprimento do acordo, 
iniciar a ação penal? 
O problema, para se resolvido, depender de respondermos a outra questão: A 
decisão que homologa a transação penal faz coisa julgada material? Em caso 
positivo não se permitirá o oferecimento da denúncia, já que, neste caso, haveria 
reforma em prejuízo. 
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A jurisprudência não se mostra uniforme a respeito do tema. O STJ tem 
asseverado que o descumprimento da transação penal não poderá permitir a 
propositura de ação penal, já que sentença homologatória faz coisa julgada 
formal e material. Vejamos: 
Para o STJ 
“A sentença homologatória da transação penal, prevista no art. 76 da 
Lei nº 9.099/95, tem natureza condenatória e gera eficácia de coisa julgada 
material e formal, obstando a instauração de ação penal contra o autor do 
fato, se descumprido o acordo homologado”. (STJ - HC 176181 / MG – 5ª 
TURMA – JULGADO 04/08/2011). 
“O descumprimento da transação penal, em razão dos efeitos da coisa 
julgada material e formal do acordo, não permite o oferecimento de denúncia 
por parte do ministério público e, muito menos, rende ensejo ao crime de 
desobediência. Não sendo possível deflagrar persecutio penal em caso de 
descumprimento, resolve-se pela inscrição da pena (pecuniária) não paga 
em dívida ativa da União, nos termos do art. 85 da Lei nº 9.099/95 
combinado com o art. 51 do Código Penal, com redação dada pela Lei nº 
9.286/96” (STJ – HC 97642/ES – 6ª TURMA – JULGAMENTO 05/08/2010) 
No entanto, não é nesse sentido que tem se manifestado o STF. Para a Corte 
Suprema, não há óbice à propositura da ação penal. Vejamos: 
“De acordo com a jurisprudência desta nossa Corte, que me parece 
juridicamente correta, o descumprimento da transação a que alude o art. 76 
da Lei nº 9.099/95 gera a submissão do processo ao seu estado anterior, 
oportunizando-se ao Ministério Público a propositura da ação penal e ao Juízo 
o recebimento da peça acusatória”. (STF RE 581201/RS – de 24/08/2010) 
DDo o pprroocceeddiimmeenntto o ssuummaarrííssssiimmoo 
No caso de ação penal pública, o Ministério Público poderá oferecer denúncia 
quando não for efetivada, por qualquer motivo, a transação penal ou, no 
entendimento do STF, quando descumprida a transação. 
Para o oferecimento da denúncia com dispensa-se o inquérito policial e 
prescindir-se-á do exame do corpo de delito quando a materialidade do crime 
estiver aferida por boletim médico ou prova equivalente. 
O ofendido, por sua vez, poderá, na ação penal privada, desde que não realizada 
a composição dos danos civis, oferecer queixa crime. 
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Oferecida a denúncia ou queixa, será reduzida a termo, entregando-se cópia ao 
acusado, que com ela ficará citado e imediatamente cientificado da designação de 
dia e hora para a audiência de instrução e julgamento, da qual também tomarão 
ciência o Ministério Público, o ofendido, o responsável civil e seus advogados. A 
citação, então, será feita pessoalmente em Juízo ou, por meio de mandado, 
através de oficial de justiça. 
O autor do fato será citado para a audiência de instrução, devendo a ela trazer 
suas testemunhas ou apresentar requerimento para intimação, no mínimo cinco 
dias antes de sua realização. 
No dia designado para a audiência de instrução, o magistrado dará às partes 
oportunidade de se ajustar (composição dos danos civis e transação penal). Não 
alcançado o ajuste, o magistrado, antes de receber formalmente a peça inicial, 
dará ao defensor do acusado, oportunidade de se contrapor. Portanto, aqui 
teremos o contraditório estabelecido antes do recebimento da peça acusatória. 
Após a manifestação do defensor do acusado, o magistrado decidirá sobre o 
recebimento peça acusatória. Caso não a receba, determinará o arquivamento do 
procedimento. Da decisão que rejeita a peça preambular, caberá recurso de 
apelação (artigo 82 da Lei 9.099/95). 
Recebida a peça acusatória, serão, em audiência, ouvidas a vítima e as 
testemunhas de acusação e defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se 
presente, passando-se imediatamente aos debates orais e à prolação da 
sentença. Nesta, o magistrado demonstrará os elementos de sua convicção. No 
entanto, dispensado está do relatório. 
DDo o rreeccuurrs soo d dee aappeellaaççããoo 
O recurso de apelação será o instrumento de impugnação dda a sseenntteennççaa proferida 
no processo do Juizado Especial Criminal. Então, proferida sentença – 
condenatória ou não – ccaabbeerráá rreeccuurrssoo ddee aappeellaaççããoo. O prazo para a sua 
interposição será, diferentemente do CPP, d dee 110 0 ddiiaass. 
Também, diferentemente do ocorre no CPP, o recorrente deverá, juntamente com 
a petição de recurso, e nos mesmos 10 dias, apresentar as razões recursais. 
A aappeellaaççããoo também será, conforme já observado, o meio para impugnação da 
ddeecciissã ãoo qquue e rreejjeeiit taa a a ppeeçça a aaccuussaattóórriiaa (artigo 82 da Lei 9.099/95) e ddaa 
ddeecciissã ãoo qquue e hhoommoolloogga a aa ttrraannssaaççãão o ppeennaall (artigo 76, parágrafo 5º, da Lei 
9.099/95). O apelado terá o prazo de 10 dias para se contrapor à apelação 
interposta. 
DDo oss eemmbbaarrggo oss d dee ddeeccllaarraaççõõeess 
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A sentença e também o acórdão que venha a ser proferido em sede de apelação 
poderão ser atacados por meio de eemmbbaarrggooss ddee ddeeccllaarraaççõõeess. Mas, o objeto dos 
embargos será sanar eventual obscuridade, contradição, omissão ou dúvida. 
O prazo para os embargos será de 05 dias. Quando os embargos forem 
interpostos contra a sentença, levarão à suspensão do prazo para a interposição 
do recurso de apelação. 
¾¾ QQuueessttõõeess ssoobbrre e oo tteemmaa:: 
1.(FCC/TJ/AL) 43. Segundo entendimento sumulado do Superior Tribunal de 
Justiça, (A) o benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação 
às infrações penais cometidas em concurso material, concurso formal ou 
continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório, 
seja pela majorante, ultrapassar o limite de dois anos. 
(B) não se aplica transação penal às infrações penais cometidas em concurso 
formal, quando a pena mínima cominada, pelo somatório, ultrapassar o 
limite de um ano. 
(C) para fins de aplicação da suspensão condicional do processo em caso de 
concurso material, analisa-se a pena de cada uma das infrações, 
isoladamente, tal como ocorre no caso de extinção da punibilidade. 
(D) o benefício da suspensão do processo é aplicável às infrações penais 
cometidas em continuidade delitiva, analisando-se a pena mínima cominada 
sem a majorante da continuidade. 
(E) o benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às 
infrações penais cometidas em concurso material ou concurso formal, 
quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela majorante, 
ultrapassar o limite de um ano. 
2.Acerca dos juizados especiais criminais, assinale a opção correta. 
A Na hipótese de concurso formal perfeito de infrações penais de menor 
potencial ofensivo, afasta-se a competência do juizado especial criminal, 
ainda que a pena máxima cominada ao crime mais grave acrescida de 
eventual exasperação máxima decorrente do concurso resulte em pena 
privativa de liberdade não-superior a dois anos. 
B A transação penal é cabível exclusivamente na fase préprocessual e é 
colocada à disposição tanto da parte acusatória, que pode propô-la, quanto 
da defesa, a quem cabe reclamá-la. O silêncio do órgão acusador em ofertar 
a transação e a inércia da defesa em requerê-la no momento oportuno 
acarretam a preclusão. 
C A citação do autor do fato deve ser pessoal, no entanto, caso não seja 
encontrado, deve ser expedido edital para tanto, por aplicação subsidiária 
das normas do CPP ao procedimento dos juizados especiais criminais. 
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D Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa cabe recurso em sentido 
estrito, que deve ser julgado por turma composta por três juízes em 
exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do juizado. 
E Cabem embargos de declaração contra sentença obscura, contraditória, 
omissa ou duvidosa, no prazo máximo de dois dias, interrompendo-se a 
contagem do prazo para a interposição de outros recursos. 
3. No que concerne ao disposto na Lei n.º 9.099/95, assinale a alternativa 
incorreta. 
(A) Na apuração das infrações de menor potencial ofensivo, não se admitirá 
nenhuma espécie de citação ficta. 
(B) O interrogatório do autor da infração será realizado após a oitiva da 
vítima e das testemunhas. 
(C) Não se admitirá a proposta de transação penal se ficar comprovado ter 
sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena de multa, 
por sentença definitiva. 
(D) A transação penal só poderá ser proposta ao autor da infração nos casos 
em que não seja cabível o pedido de arquivamento. 
(E) A suspensão condicional do processo (art. 89) poderá ser revogada se o 
acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por contravenção. 
4.(MPE/ES) 6. Da decisão de juiz do Juizado Especial Criminal que rejeita a 
denúncia ou queixa caberá: 
a) recurso em sentido estrito no prazo de 10 dias. 
b) agravo no prazo de 10 dias. 
c) apelação no prazo de 5 dias. 
d) recurso em sentido estrito no prazo de 5 dias. 
e) apelação no prazo de 10 dias. 
5. Nos termos da Lei que instituiu os Juizados Especiais, Cíveis e Criminais 
(Lei nº 9.099/1995), é CORRETO afirmar: 
a) a exigência de reparação do dano não é requisito para a concessão da 
suspensão condicional do 
processo, mas condição para que seja declarada a extinção da punibilidade. 
b) a decisão que homologa a transação penal gera efeitos civis e poderá 
servir de título executivo no juízo cível. 
c) expirado o prazo, sem revogação, da suspensão condicional do processo, 
o Juiz declarará extinta a pena. 
d) o inadimplemento dos termos da transação penal importa em conversão 
da sanção transacionada em pena privativa de liberdade. 
e) a soma das penas mínimas cominadas em abstrato, decorrente de 
concurso de crimes, não será levada em consideração para aferição do limite 
legal para o deferimento da suspensão condicional do processo. 
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(MPDFT/2011) A respeito dos Juizados Especiais Criminais, julgue os itens 
a seguir: 
I- De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, não é da 
competência dos Juizados Especiais Criminais o processamento de delito 
cuja pena máxima em abstrato seja superior a dois anos, ainda que seja 
prevista pena alternativa de multa. 
II- A complexidade da causa enseja o deslocamento da ação penal, 
originariamente de competência do Juizado Especial Criminal, para o Juízo 
Comum, caso em que será assegurada ao acusado a manutenção do 
procedimento sumaríssimo. 
III- Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de 
aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa somente poderá 
ser formulada se tiver ocorrido a prévia composição do dano ambiental, 
salvo em caso de comprovada impossibilidade. 
IV- Contra a decisão de rejeição da denúncia no Juizado Especial Criminal 
cabe recurso em sentido estrito. 
V- O Superior Tribunal de Justiça entende ser cabível proposta de transação 
penal nos delitos que se apuram mediante ação penal privada. 
Estão incorretos os itens: 
A II e IV. 
B I e III. 
C III e IV. 
D III e V. 
E I e II. 
VViioollêênncci iaa ddoommééssttiicca a – – LLe eii 1111..334400//22000066 
De acordo com o disposto no artigo 41 da Lei 11.340/2006 que trata da violência 
doméstica e familiar praticada contra a mulher, proíbe a aplicação da lei 9.099/95 
a esses crimes. 
41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, 
independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei 9.099/95. 
O Pleno do STF, no julgamento do Habeas Corpus nº 106.212/MS, assentou a 
harmonia do disposto no artigo 41 da Lei nº 11.340/06 – afastando a aplicação 
da Lei nº 9.099/95 – com a Constituição Federal, uma vez verificada a prática 
criminosa doméstica. 
¾¾ QQuueessttãão o ssoobbr ree o o tteemmaa:: 
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(MPDFT/2011/ADAPTADA) Julgue o item: 
1. O Supremo Tribunal Federal, em controle difuso, já se manifestou pela 
constitucionalidade do artigo 41 da Lei nº 11.340/2006, afastando a 
aplicação dos institutos despenalizadores previstos na Lei nº 9.099/95, nos 
casos de crimes cometidos mediante violência doméstica e familiar contra a 
mulher. 
O art. 41 da Lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha) afastou a incidência da Lei 
9.099/95 quanto aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra 
a mulher, independentemente da pena prevista. Isso acarreta a impossibilidade 
de aplicação dos institutos despenalizadores nela previstos, como a suspensão 
condicional do processo (art. 89 da Lei 9.099/95). 
DDo oss pprroocceeddiimmeennttoos s nna a lle eii 1111..334400//22000066 
DDiirreeiit too d dee rreepprreesseennttaaççãão o ee pprrooiibbiiççãão o dde e ssuubbssttiittuuiiççãão o dda a ppeennaa 
Nos casos de ações penais públicas condicionadasà representação para apuração 
de crimes praticados mediante violência doméstica ou familiar contra a mulher 
poderá a mulher, ofendida, renúncia ao direito de representação, desde que o 
faça perante o Juiz em audiência especialmente designada para essa finalidade. 
Assim, não se admitira a renúncia por qualquer meio admitido no direito. Então, 
podemos afirmar que a renúncia prevista na lei 11.340/06 tem tratamento 
diferente daquela prevista no CPP. 
Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da 
ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à 
representação perante o juiz, em audiência especialmente designada 
com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o 
Ministério Público. 
De acordo com o artigo 17 da Lei 11.340/06 é vedada a aplicação, nos casos de 
violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou 
outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o 
pagamento isolado de multa. 
DDa ass mmeeddiiddaas s ccaauutteellaarreess 
Inicialmente dispensaremos atenção à prisão, especialmente à prisão cautelar 
(flagrante delito, preventiva e temporária). Posteriormente, trataremos das 
outras medidas cautelares prevista no atual CPP. 
DAS PRISÕES 
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Há dois grandes grupos de prisões no processo penal: a prisão-pena e a prisão 
cautelar. Aquela pressupõe uma sentença condenatória transitada em julgado. 
Já a segunda ocorre durante o processo. Também é conhecida como prisão 
provisória – de natureza processual. 
DDa a pprriissãão o ccaauutteellaarr 
Com o advento da lei 12.403/2011 houve substancial modificação no quadro das 
prisões cautelares prevista no CPP. Vejam as comparações: 
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Tínhamos várias espécies de prisão cautelar. No entanto, com a entrada em vigor 
da lei 12.403/2011, só teremos três espécies de cautelares: ffllaaggrraannttee,, 
pprreevveennttiivva a ee tteemmppoorráárriiaa. 
A redução das hipóteses de prisões cautelares se deu com o propósito de realçar 
a sua excepcionalidade, de modo que várias outras cautelares pessoais terão à 
disposição do magistrado. A prisão será o último dos instrumentos. 
De acordo com o disposto no artigo 283 do CPP “Ninguém poderá ser preso senão 
em ffllaaggrraannttee ddeelliittoo ((pprriissãão o ccaauutteellaarr)) ou por ordem escrita e fundamentada da 
autoridade judiciária competente, em decorrência de sseenntteennççaa ccoonnddeennaattóórriiaa 
ttrraannssiittaadda a eem m jjuullggaaddoo ((pprriissãão o ppeennaa)) ou, no curso da investigação ou do 
processo, em virtude de pprriissã ãoo tteemmppoorráárriiaa ((pprriissãão o ccaauutteellaarr)) ou pprriissããoo 
pprreevveennttiivvaa ((pprriissãão o ccaauutteellaarr))”. 
DDo oss ddiissppoossiittiivvo oss ccoonnssttiittuucciioonnaaiis s ssoobbr ree a a pprriissããoo 
No artigo 5º da CF temos vários dispositivos que tratam da prisão. Abaixo segue 
o rol dos incisos: 
 
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou 
degradante; 
XLVII - não haverá penas: 
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a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, 
XIX; 
b) de caráter perpétuo; 
c) de trabalhos forçados; 
d) de banimento; 
e) cruéis; 
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral; 
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido 
processo legal; 
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão 
comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou 
à pessoa por ele indicada; 
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de 
permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de 
advogado; 
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua 
prisão ou por seu interrogatório policial; 
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade 
judiciária; 
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei 
admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança; 
LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a 
razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de 
sua tramitação. 
Da prisão em flagrante delito. 
Noz dizeres de Nucci1, 
“a prisão em flagrante delito é modalidade de prisão cautelar, de natureza 
administrativa, realizada no instante em que se desenvolve ou termina de se concluir a 
infração penal”. 
 
1 Nucci – Guilherme de Souza – Código de Processo Penal Comentado – Editora RT. 
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A prisão em flagrante é modalidade de PPRRIISSÃÃOO CCAAUUTTEELLAARR, pois é 
espécie de prisão sem pena, ou seja, sem prévia condenação 
penal transitada em julgado. 
Para que se concretize a prisão em flagrante, basta aparente tipicidade da 
conduta. Não se faz, quando de sua efetivação, qualquer juízo de valor acerca da 
ilicitude ou da culpabilidade. Neste aspecto reside a característica do juízo 
precário que se empreende quando da execução da medida cautelar. 
A NNAATTUURREEZZAA AADDMMIINNIISSTTRRAATTIIVVAA da prisão em flagrante se revela ao não se exigir a 
intervenção do Poder Judiciário para sua execução. Portanto, a autoridade policial 
quando da formalização da prisão em flagrante delito, atua administrativa e 
independentemente de decisão judicial. Não há que se falar em mandado judicial, 
quando da realização da prisão em flagrante delito. 
A concreção da prisão em flagrante delito exige que o agente se encontre em 
situação que de fato permita a medida cautelar. Tais situações estão estampadas 
no artigo 302 do CPP. 
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem: 
I - está cometendo a infração penal; 
II - acaba de cometê-la; 
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido 
ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser 
autor da infração; 
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, 
objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da 
infração. 
Presentes as situações legitimadoras do flagrante, a prisão poderá ser efetivada a 
qualquer dia e hora. 
DO MOMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE 
A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer hora, respeitadas as 
restrições relativas à iinnvviioollaabbiilliiddaaddee ddoo ddoommiiccíílliioo.. 
É certo que o estado de flagrância permite a violação do domicílio, pois, de 
acordo com o artigo 5o, XI, da CF, apesar de a casa ser asilo inviolável, permite-
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se, em uma das hipóteses, a violação para a execução da prisão em flagrante 
delito. 
Artigo 5o, XI da CF - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela 
podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de 
flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, 
por determinação judicial; 
A prisão em flagrante poderá ser realizada em qualquer hora do dia, ainda que se 
dê com o ingresso em domicílio alheio. A permissão constitucional de se penetrar 
no domicílio alheio sem o consentimento do morador paraa prisão em flagrante 
deve ser entendida de modo restritivo. 
Assim, segundo a doutrina, somente será possível a prisão em flagrante nos 
casos de FFLLAAGGRRAANNTTEE PPRRÓÓPPRRIIOO OOUU PPEERRFFEEIITTOO (artigo 302 I e II do CPP). 
O certo é que se ausentes elementos que permitam efetivamente crer presentes 
as condições legitimadoras da cautelar, a autoridade responderá por eventual 
violação de domicílio, constituindo sua conduta abuso de autoridade. 
SUJEITOS DA PRISÃO EM FLAGRANTE 
De acordo com a doutrina, podemos ter o sujeito ativo e o passivo da prisão em 
flagrante delito. O SSUUJJEEIITTO O AATTIIVVOO da prisão em flagrante delito pode ser qualquer 
pessoa. É certo que as autoridades policiais deverão prender ((FFLLAAGGRRAANNTTEE 
OOBBRRIIGGAATTÓÓRRIIOO)) e qualquer do povo poderá fazê-lo ((FFLLAAGGRRAANNTTE E FFAACCUULLTTAATTIIVVOO)).. 
Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão 
prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito. 
O SSUUJJEEIITTO O PPAASSSSIIVVOO é a pessoa a ser presa. Em regra, qualquer pessoa que se 
encontre em situação de flagrante delito deve ser presa. Há, entretanto, certas 
pessoas que não estão sujeitas à prisão em flagrante; e outras que só serão 
presas em flagrante delito por crimes inafiançáveis. 
1- DDAAS S PPEESSSSOOAAS S QQUUE E NNÃÃO O PPOODDE EMM SSEER R PPRREESSAAS S E EMM FFLLAAGGRRAANNTTE E DDEELLIITTOO. 
a- As pessoas acobertadas por imunidade diplomática. 
b- O Presidente da República (artigo 86, parágrafo 3º, da CF)2. 
 
2 Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da República não estará sujeito a 
prisão (artigo 86, parágrafo 3º, da CF). 
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c- Aqueles que possuem imunidade parlamentar material. 
Vejamos alguns casos para ilustrar:
1. Os Deputados e os Senadores possuem IIMMUUNNIIDDAADDE E PPAARRLLAAMMEENNTTAARR 
MMAATTEERRIIAALL e não cometem crimes quando, no uso de sua palavra, 
opinião ou voto, venham a macular a honra de alguém. Não 
responderão por crime contra a honra. Assim, é óbvio que não serão 
presos por tais fatos. 
2. Os diplomatas que estejam no Brasil são imunes à aplicação da lei 
penal brasileira. Assim, não se permitirá que seja preso em flagrante 
por conduta que é acobertada pela IIMMUUNNIIDDAADDEE DDIIPPLLOOMMÁÁTTIICCAA. 
2- DDAAS S PPEESSSSOOAAS S QQUUE E NNÃÃO O PPOODDEEM M SSEER R PPRREESSAAS S EEM M FFLLAAGGRRAANNTTE E DDEELLIITTO O PPOOR R CCRRIIMMEESS 
AAFFIIAANNÇÇÁÁVVEEIISS. 
a- Aqueles que possuem imunidade parlamentar processual. 
Os DDEEPPUUTTAADDOOSS E E SSEENNAADDOORREESS possuem, além da imunidade material, a IIMMUUNNIIDDAADDE E PPRROOCCEESSSSUUAALL 
OOUU FFOORRMMA ALL ((AARRTTIIGGO O 5533, , PPAARRÁÁGGRRAAFFO O 22ºº, , DDA A CCFF))33. NNO O QQUUEE TTAANNGGE E À À PPRRIISSÃÃOO CCAAUUTTEELLAARR, , TTAAL L IIMMUUNNIIDDAADDEE 
NNÃÃO O PPEERRMMIITTE E A A PPRRIISSÃÃOO E EMM FFLLAAGGRRAANNTTE E DDEELLIITTOO, , EEXXCCEETTO O PPOORR CCRRIIMME E IINNAAFFIIAANNÇÇÁÁVVEELL. No caso de prisão em 
flagrante delito por crime inafiançável, impõe-se à autoridade judiciária a imediata 
comunicação à respectiva casa legislativa (Câmara ou Senado) para que se manifeste sobre 
manutenção ou não do cárcere. 
b- Outras pessoas mencionadas em lei: 
Magistrados, membros do Ministério Público e os advogados quando o crime for relativo ao 
exercício da profissão (artigo 7º, parágrafo 3º, da Lei 8906/94)4. 
DAS ESPÉCIES DE PRISÃO EM FLAGRANTE 
A doutrina, considerando as situações elencadas no artigo 302 do CPP, classifica o 
flagrante delito em: 
99 PPRRÓÓPPRRIIO O OOU U PPEERRFFEEIITTOO.. 
Diz-se próprio ou perfeito o flagrante delito nas situações do inciso I e II 
do artigo 302 do CPP. Parte da doutrina também o denomina ffllaaggrraannttee 
 
3 § 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de 
crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo 
voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. 
4 O advogado somente poderá ser preso em flagrante, por motivo de exercício da profissão, em caso de crime 
inafiançável, observado o disposto no inciso IV deste artigo. 
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pprroopprriiaammeenntte e ddiitto o oou u rreeaal l oouu, , aaiinnddaa, , vveerrddaaddeeiirroo. Assim, quando o sujeito 
é surpreendido cometendo (praticando a conduta) a infração penal ou 
quando acaba de cometê-la (aqui, há uma noção de absoluta 
imediatidade entre a prática da infração e a prisão do sujeito) diz-se 
estar em flagrante delito pprróópprriioo,, rreeaall,, ppeerrffeeiittoo,, vveerrddaaddeeiirroo oouu 
pprroopprriiaammeenntte e ddiittoo .. 
A ementa que segue abaixo de um julgamento do STJ nos permite visualizar o 
conceito de flagrante próprio ou real ou verdadeiro ou propriamente dito. 
STJ 
HC 74514/SP 
Relator: Ministra Jane Silva. 
Órgão julgador: 5a Turma – Data do julgamento: 06/09/2007. 
HABEAS CORPUS – HOMICÍDIO QUALIFICADO – NULIDADE DO FLAGRANTE – APARENTE 
CONFIGURAÇÃO – NEGATIVA DE AUTORIA – EXAME APROFUNDADO DA PROVA – 
IMPOSSIBILIDADE. POSTERIOR SENTENÇA DE PRONÚNCIA – ORDEM PREJUDICADA. 
1- Sendo o réu preso perto do cadáver da vítima, em circunstâncias que, aparentemente 
justificam a presumida autoria, configurada está uma das formas do flagrante perfeito ou 
próprio. 
2- A negativa de autoria, ligada ao flagrante, não pode ser discutida no habeas corpus, porquanto 
implica em aprofundamento exame de provas. 
3- Pronunciado o réu, a questão da nulidade do flagrante fica superada, posto que a prisão agora 
decorre da pronúncia. 
4- Ordem julgada prejudicada. 
 
Vale lembrar que, segundo a doutrina, somente nos casos de FFLLAAGGRRAANNTTE E PPRRÓÓPPRRIIOO 
OOU U PPEERRFFEEIITTOO é que se permitirá a entrada em domicílio sem o consentimento do 
morador. 
OO PPRROOFFEESSSSOOR R PPEERRGGUUNNT TAA E E VVOOCCÊ Ê RREESSPPOONNDDEE: 
Considere que um indivíduo tenha sido flagrado no momento em que desfechava vários 
golpes de machado na vítima e tenha sido conduzido à presença da autoridade policial 
competente, que, de pronto, procedeu à sua autuação em flagrante delito. Nesse caso, 
qualifica-se o flagrante de próprio ou real? 
99 IIMMPPRRÓÓPPRRIIO O OOU U IIMMPPEERRFFEEIITTOO.. 
Haverá o flagrante delito impróprio ou imperfeito quando o sujeito é 
perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer 
pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração (artigo 
302, III do CPP). O flagrante iimmpprróópprriioo ttaammbbéémm éé ccoonnhheecciiddoo ccoommoo iirrrreeaall 
oou u qquuaassee--ffllaaggrraannttee..
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Abaixo veja trecho de algumas decisões do STJ onde poderemos notar o conceito 
do flgrante impróprio ou imperfeito ou quase-flagrante. 
“Conforme se extraí do auto de prisão em flagrante e do acórdão 
recorrido, o paciente foi preso em decorrência das ininterruptas 
diligências da polícia visando a sua captura, procedimento que se iniciou 
logo após a prática do delito, configurado o que na dicção da doutrina é 
chamado de ffllaaggrraannttee iimmpprróópprriioo oouu qquuaassee--ffllaaggrraannttee”(STJ – HC 
163772/MG). 
STJ 
RECURSO ESPECIAL 702898/MT 
Relator: Ministro Gilson Dipp 
Órgão julgador: 5a Turma – Data do julgamento: 15/3/2005. 
CRIMINAL. RESP. ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. PRISÃO EM FLAGRANTE. 
RELAXAMENTO DA PRISÃO. ALEGAÇÃO DE OFENSA AO ART. 2º, II, DA LEI 8.072/90. 
AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. NÃO CONHECIMENTO. DIVERGÊNCIA 
JURISPRUDENCIAL. ESTADO DE FLAGRÂNCIA. HIPÓTESES NÃO CONFIGURADAS. 
RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO E DESPROVIDO. 
I - Não se conhece da alegação de ofensa ao art. 2º, II, da Lei 8.072/90 se o dispositivo não foi 
ventilado, sequer de forma implícita, no acórdão recorrido, por ausência de prequestionamento. 
II - Hipótese em que o acusado foi preso às 23:00 do dia 08/11/2003, em sua residência, por 
fatos ocorridos por volta das 00:00 ou 00:30 horas do mesmo dia, sem que tenha havido 
perseguição logo após a prática da infração, por autoridade policial, pela ofendida, ou 
qualquer pessoa, apta a caracterizar a hipótese de flagrante impróprio ou quase-flagrante. 
III - Impossibilidade de manutenção da prisão do acusado se o presente caso não se encaixa em 
nenhuma das hipóteses de flagrância descritas no art. 302 do Código de Processo Penal. IV - 
Recurso parcialmente conhecido e desprovido. 
99 PPRREESSUUMMIIDDO O OOUU FFIICCTTO O OOU U AASSSSIIMMIILLAADDOO.. 
Tem-se, por sua vez, o flagrante presumido, ficto ou assimilado quando 
o sujeito é encontrado na situação arrolada no inciso IV do artigo 302 do 
CPP. Neste caso, não se exige a perseguição. Apesar de não se exigir a 
perseguição, não se admite o flagrante presumido quando ao acaso 
(diligências despretensiosas, fortuitas) o sujeito é encontrado pela 
autoridade policial. É necessário que haja diligência em busca do autor 
do crime, sem que isto configure perseguição. 
Sobre o conceito de flagrante presumido, dê uma olhada no grifo lançado sobre a 
ementa do julgamento do STJ. Aliás, julgamento recente (29/8/2007). 
STJ 
HC 75114/MT 
Relator: Ministra Jane Silva 
Órgão julgador: 5a Turma – Data do julgamento: 29/08/2007. 
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HABEAS CORPUS – ROUBO CIRCUNSTANCIADO. FLAGRANTE PRESUMIDO.LIBERDADE 
PROVISÓRIA INDEFERIDA. FUNDAMENTO APENAS NA GRAVIDADE DOCRIME. EXCESSO DE 
PRAZO PREJUDICADO PELO DEFERIMENTO DA LIBERDADEPROVISÓRIA. ORDEM 
CONCEDIDA. 
1- É válido o flagrante presumido quando o agente é encontrado, algum tempo após, 
portando objetos da vítima e o tacógrafo doveículo subtraído. 
2- A expressão “logo após” não indica prazo certo, devendo ser compreendida com alguma 
elasticidade, examinado o requisito temporal caso a caso.
3- O indeferimento da liberdade provisória deve ser fundamentado em fatos concretos e não 
simplesmente na gravidade do crime, pois esta já está subsumida no próprio tipo legal. 
4- Fica prejudicado o exame do excesso de prazo para formação da culpa, se reconhecida a 
ausência de fundamentação do despacho e do acórdão denegatório da liberdade provisória, com 
conseqüente alvará de soltura. 
5- Ordem concedida, com expedição de alvará de soltura. 
9 Questões sobre o tema: 
1. (FCC/TRE/RN/ANALISTA/JD/2011) 58. Considere a situação de quem: 
I. É perseguido, logo após, pelo ofendido, em situação que faça presumir ser autor da 
infração penal. 
II. É encontrado, logo depois, com objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da 
infração penal. 
III. É surpreendido num bloqueio policial, de posse de objetos e instrumentos que façam 
presumir ser ele autor de infração penal praticada há dois dias. 
Podem(m) ser preso(os) em flagrante quem se encontrar na(s) situação(ções) indicada(s) 
APENAS em 
(A) I e II. 
(B) I e III. 
(C) II e III. 
(D) I. 
(E) III. 
DO FLAGRANTE PREPARADO 
De acordo com a doutrina, o FFLLAAGGRRAANNTTE E PPRREEPPAARRAADDOO (também conhecido como 
provocado) é um arremedo de flagrante, pois o sujeito é induzido por um agente 
à prática do crime. 
No flagrante preparado há a figura do provocador da ação dita criminosa, que se 
realiza a partir da indução ao fato, e não quando, já estando o sujeito 
compreendido na descrição típica, a ação se desenvolve para o fim de efetuar o 
flagrante (STJ HC 118989-SP). 
O flagrante preparado ocorre, por exemplo, quando o agente policial induz o 
sujeito a cometer o furto (prometendo recompensa pelo crime) e, quando da 
prática do ilícito, surpreende-o em flagrante delito. 
Trata-se, de acordo com a melhor doutrina, de hipótese de CCRRIIMME E IIMMPPOOSSSSÍÍVVEELL 
((AARRTTIIGGO O 117 7 DDO O CCPP)) já que a consumação jamais ocorreria. 
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Súmula nº 145/STF, "não há crime, quando a preparação do 
flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação". 
AA ""CCAAMMPPAANNAA"" realizada pelos policiais a espera dos fatos NNÃÃOO SSEE AAMMOOLLDDA A À À FFIIGGUURRAA 
DDO O FFLLAAGGRRAANNTTE E PPRREEPPAARRAADDOO, porquanto não houve a instigação e tampouco a 
preparação do ato, mas apenas o exercício pelos milicianos de vigilância na 
conduta do agente criminoso tão-somente a espera da prática da infração penal. 
O estado de flagrante delito é uma das exceções constitucionais à inviolabilidade 
do domicílio, nos termos do disposto no art. 5º, inc. XI, da Constituição Federal5. 
Não podemos, então, confundir o flagrante preparado com o FFLLAAGGRRAANNTTEE 
EESSPPEERRAADDOO. Neste, não há a indução ao crime. Na verdade, há prévio 
conhecimento do desiderato criminoso pela autoridade que se dirige ao local e 
toma as cautelas necessárias para que o crime não se consume. Assim, tomando 
as cautelas para que o crime não se consume, podemos dizer que o flagrante 
esperado, nesse caso, se iguala ao preparado, pois há crime impossível. 
Mas, não se pode afirmar que sempre o flagrante esperado levará a uma situação 
de crime impossível. Há ocasião em que, apesar de tomada todas as cautelas 
para que o crime não se consume, não se pode dizer que a consumação jamais 
ocorreria. Então, não há ineficácia absoluta do meio e, com isso, não há crime 
impossível. 
OO PPRROOFFEESSSSOOR R PPEERRGGUUNNT TAA E E VVOOCCÊ Ê RREESSPPOONNDDEE: 
Considere a seguinte situação hipotética. Um empresário teve a sua filha seqüestrada. Sob 
orientação da polícia, o empresário acertou com os seqüestradores o pagamento do resgate 
com a liberação da vítima. A polícia cercou todo o local e marcou as cédulas que seriam 
entregues. No momento do recebimento do dinheiro do resgate, os seqüestradores foram 
presos em flagrante e a vítima liberada. Nessa situação, de acordo com a jurisprudência, 
houve flagrante preparado? 
DIFERIDO OU RETARDADODO 
A rigor, a autoridade policial quando se depara com uma situação de flagrante 
delito deve efetivar a prisão. Trata-se de uma atuação obrigatória. Há casos, 
entretanto, em que a lei permite que a autoridade policial deixe de fazê-lo 
naquele momento para, posteriormente, com maior eficácia, realizar a medida. 
É o que temos no artigo 2o, inciso II, da Lei 9.034/956. De fato, neste dispositivo 
o legislador prevê procedimentos investigatórios peculiares quando tratar-se de 
 
5 STJ – HC 40436 PR – de 16/03/2006. 
6 Art. 2o Em qualquer fase de persecução criminal são permitidos, sem prejuízo dos já previstos em lei, os 
seguintes procedimentos de investigação e formação de provas: 
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crime praticado por organização criminosa, quadrilha ou bando ou associação 
criminosa.Dentre tais procedimentos, temos a AAÇÇÃÃOO CCOONNTTRROOLLAADDAA, que consiste em retardar 
a intervenção policial do que se supõe ação praticada por OORRGGAANNIIZZAAÇÇÃÃOO CCRRIIMMIINNOOSSAA
desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a medida legal 
se concretize no momento mais eficaz do ponto de vista da formação de provas e 
fornecimento de informações (artigo 2o, II). 
A AAÇÇÃÃO O CCOONNTTRROOLLAADDAA ocorrerá quando a autoridade protela o seu 
agir com o objetivo único de a medida interventiva (exemplo: 
prisão em flagrante) ser mais eficaz sob o ponto de vista de 
formação de prova e obtenção de informação. 
Com a previsão da ação controlada, poderá, por exemplo, a 
autoridade policial deixar de efetivar a prisão em flagrante – 
que de regra é obrigatória – em dado momento para realizá-la 
mais eficientemente em momento posterior. É o que a doutrina 
denomina FFLLAAGGRRAANNTTE E DDIIFFEERRIIDDO O OOU U RREETTAARRDDAADDOO. 
FLAGRANTE DELITO E CRIMES PERMANENTES 
São PPEERRMMAANNEENNTTEES S OOS S CCRRIIMMEESS em que a consumação se prolonga no tempo ao 
arbítrio do agente. Este, portanto, por vontade própria, faz com que a 
consumação se protraia no tempo (Exemplo: Seqüestro). 
O crime de tráfico ilícito de entorpecentes, na modalidade ter em depósito ou 
guardar consigo drogas (substância entorpecente), constitui o que a doutrina 
conhece como CCRRIIMME E PPEERRMMAANNEENNTTEE.. 
Lei 11.343/06. 
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, 
vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer 
consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer 
drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar: 
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 
(quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. 
 
II - a ação controlada, que consiste em retardar a interdição policial do que se supõe ação praticada por 
organizações criminosas ou a ela vinculado, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que 
a medida legal se concretize no momento mais eficaz do ponto de vista da formação de provas e fornecimento 
de informações; 
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Como no crime permanente a conduta se tem como praticada enquanto o sujeito 
não abdica de seu desiderato, permitir-se-á a prisão em flagrante delito enquanto 
não cessada a permanência. Neste caso – enquanto não cessada a permanência –
, há FFLLAAGGRRAANNTTEE PPRRÓÓPPRRIIOO. 
 
No crime de tráfico de drogas praticado por meio das condutas “ter em depósito” 
ou “guardar consigo”, o crime está sendo cometido enquanto o sujeito não deixar 
de ter em depósito ou de guardar consigo. Mantido o depósito ou a guarda da 
droga, o crime está sendo cometido e, com isso, permite-se a prisão em flagrante 
delito. 
É o que preceitua o artigo 303 do CPP, cuja literalidade segue abaixo. 
Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante 
delito enquanto não cessar a permanência 
Assim, no tráfico de drogas praticado com permanência permite-se a prisão em 
desde que não cessada a permanência. 
Os crimes de tráfico de drogas e associação para o tráfico SSÃÃO O DDE E NNAATTUURREEZZAA 
PPEERRMMAANNEENNTTEE. O agente encontra-se em flagrante delito enquanto não cessar a 
permanência7. 
DA APRESENTAÇÃO ESPONTÂNEA 
A prisão em flagrante delito constitui medida excepcional. Não será manejada no 
caso de apresentação espontânea do agente. É certo que, de acordo com a 
doutrina e a jurisprudência, especialmente dos tribunais superiores (STJ e STF), AA 
AAPPRREESSEENNTTAAÇÇÃÃO O EESSPPOONNTTÂÂNNEEA A NNÃÃO O IINNIIBBE E PPOOSSSSIIBBIILLIIDDAADDE E DDE E PPRRIISSÃÃO O PPRREEVVEENNTTIIVVAA. 
Não tem cabimento prender em flagrante o agente que, horas 
depois do delito, entrega-se à polícia, que o não perseguia, e confessa o 
crime (STJ HC 30527 – RJ). 
PRISÃO EM FLAGRANTE NOS CRIMES DE AÇÃO PENAL PRIVADA 
Nos casos de crimes que se apura mediante ação penal privada (queixa-crime) o 
inquérito policial para ter início depende de requerimento do ofendido ou de seu 
representante legal. Assim, como fica a prisão em flagrante delito em tais casos? 
A prisão e sua formalização por meio do autor de prisão em flagrante independem 
de manifestação dos titulares da ação penal? 
 
7 STF – HC 98340 – MG – de 06/10/2009. 
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De acordo com a doutrina majoritária, a prisão deve ser ratificada pela vítima ou 
seu representante legal no prazo estipulado para a entregada da nota de culpa 
(24 horas). 
Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados 
imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele 
indicada. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
§ 1o Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz 
competente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, 
cópia integral para a Defensoria Pública. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
§ 2o No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela 
autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas. (Redação dada 
pela Lei nº 12.403, de 2011).
O mesmo ocorre nos casos de ação penal pública condicionada à representação 
do ofendido ou de seu representante legal. 
Do auto de prisão em flagrante delito 
O auto de prisão em flagrante delito é o instrumento que documentará a prisão 
do sujeito. Este é apresentado pelo “condutor” à autoridade policial (Delegado de 
Polícia – Federal ou Estadual). 
À autoridade policial caberá tomar as providências insertas no CPP. Vamos à 
adiante dispensar atenção a algumas dessas providências. Vejamos: 
Art. 304. Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o condutor e colherá, 
desde logo, sua assinatura, entregando a este cópia do termo e recibo de entrega do preso. 
Em seguida, procederá à oitiva das testemunhas que o acompanharem e ao interrogatório 
do acusado sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada oitiva suas respectivas 
assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o auto. 
Qual é a autoridade policial que lavrará o autor de prisão em flagrante delito? 
Caberá à autoridade policial a quem é apresentado o preso lavrar o auto de prisão 
em flagrante. 
Mas, qual autoridade será: a do local dos fatos ou do local da captura? Caberá à 
autoridade policial do local da captura a apresentação do preso e lavratura do 
auto de prisão em flagrante delito, ainda que o crime tenha ocorrido em outra 
localidade. Se não houver autoridade no lugar em que se tiver efetuado a prisão, 
o preso será logo apresentado à do lugar mais próximo (artigo 308 do CPP8). 
 
8 Art. 308. Não havendo autoridade no lugar em que se tiver efetuado a prisão, o preso será logo apresentado 
à do lugar mais próximo. 
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A ausência de testemunhas não impede a lavratura do auto de prisão em 
flagrante delito. Neste caso, deverão assinar o autor de prisão em flagrante, além 
do condutor,pelo menos duas pessoas que tenham testemunhado a 
apresentação do preso à autoridade policial. 
Notamos que a prisão em flagrante delito é cercada de formalidades. Mas, uma 
coisa é certa, a mácula (defeito) que venha recair sobre o auto de prisão em 
flagrante delito não atingirá a ação penal. Poderá, é certo, eventualmente, dar 
causa à soltura do preso. 
Os defeitos por ventura existentes no auto de prisão em flagrante não têm o 
condão de, por eles próprios, contaminarem o processo e ensejarem a soltura do 
réu, ainda mais se os autos demonstram ter havido o recebimento da denúncia9. 
Da prisão preventiva. 
DO CONCEITO 
A PPRRIISSÃÃOO PPRREEVVEENNTTIIVVAA, em sentido estrito, é a medida cautelar, 
constituída da privação de liberdade do acusado e DDEECCRREETTAADDAA 
PPEELLOO JJUUIIZZ durante o inquérito ou a instrução criminal, diante da 
existência de pressupostos legais, para assegurar os interesses 
sociais de segurança10. 
Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão 
preventiva decretada pelo juiz, de ofício, se no curso da ação penal, ou a requerimento do 
Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade 
policial. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
Como medida cautelar, a prisão preventiva só será decretada quando necessária. 
Para Capez11 
“Tratando-se de prisão cautelar, reveste-se do caráter da 
excepcionaliade, na medida em que somente poderá ser decretada quando 
necessária, isto é, se ficar demonstrado o periculum in mora”. 
 
9 STJ – HC 22526 – MG. 
10 Miraberte – Julio Fabrini – Código de Processo Penal Interpretado – Editora Atlas. 
11 Capez – Fernando – Curso de Processo Penal – Editora Saraiva. 
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Como medida cautelar que é, será imprescindível a presença do ““PPEERRIICCUULLUUMM IINN 
MMOORRAA”” e do ““FFUUMMUUS S BBOONNI I JJUURRIISS””.. Daí, a doutrina exigir que estejam presentes os 
pressupostos e os fundamentos da prisão preventiva. 
Segundo o STJ12 
“A adoção da prisão preventiva impõe satisfação dos pressupostos 
cautelares fumus delicti, isto é, prova de existência do crime e indício 
suficiente de sua autoria; e do periculum libertatis, ou seja, garantia 
da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou assegurar a 
aplicação da lei penal, presentes no caput do art. 312 do CPP” 
A prisão preventiva poderá decretada pelo juiz de ofício (independentemente de 
provocação) ou, ainda, mediante requerimento do Ministério Público, ou do 
querelante, ou mediante representação da autoridade policial. 
No entanto, atualmente, o decreto da prisão preventiva independentemente de 
provocação só é permitido no âmbito da ação penal. Quando em sede de 
inquérito policial exigirá requerimento ou representação (artigo 311 do CPP)13. 
Segundo o STJ 
Não se ignora, minimiza ou despreza a necessidade, em casos 
excepcionais, de prisões processuais, isto é, aquelas que de modo 
extraordinário antecedem ao trânsito em julgado das decisões penais 
condenatórias, mas os provimentos judiciais com esse teor devem 
obrigatoriamente trazer no seu próprio contexto a indicação segura, 
precisa e exata da indispensabilidade da medida drástica, pois que sem 
isso se estará apenas diante de um ato de força, e não de um ato 
jurídico, judicial, no sentido em que a doutrina do Processo Penal 
emprega essa locução14. 
DOS PRESSUPOSTOS E FUNDAMENTOS 
A jurisprudência e a doutrina são unânimes em afirmar que a prisão preventiva só 
será decretada, como medida excepcional que é, quando houver necessidade. 
 
12 STJ – HC 169464 – SP. 
13 Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão preventiva 
decretada pelo juiz, de ofício, se no curso da ação penal, ou a requerimento do Ministério Público, do 
querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 
2011).
14 STJ – HC 17441 – AL – de 02/12/2010 
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Hoje o decreto de qualquer medida cautelar será, de acordo com o legislador, 
regrada pela nneecceessssiiddaaddee ee aaddeeqquuaaççããoo (artigo 282, I e II, do CPP). 
Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se 
a: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
I - nneecceessssiiddaaddee para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos 
casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais; (Incluído pela Lei nº 
12.403, de 2011).
II - aaddeeqquuaaççããoo da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do 
indiciado ou acusado. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
Os requisitos e os fundamentos motivadores do decreto da prisão preventiva 
estão insertos no artigo 312 do CPP. 
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da 
ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da 
lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de 
autoria. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
Parágrafo único. A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de 
descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas 
cautelares (art. 282, § 4o). (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
A NNAATTUURREEZZAA OOU U A A GGRRAAVVIIDDAADDE E DDA A IINNFFRRAAÇÇÃÃOO, , PPOOR R SSI I SSÓÓ, , NNÃÃO O PPEERRMMIITTIIRRÁ Á O O DDEECCRREETTO O DDAA 
PPRRIISSÃÃO O PPRREEVVEENNTTIIVVAA. Por mais grave que seja o crime cometido, será necessário, 
para o decreto da cautelar, que o magistrado fundamente e demonstre a 
necessidade da medida extremada. 
Segue abaixo trecho de decisão do STJ15 em que se reconhece que a natureza ou 
a gravidade do crime não se mostra suficiente para o decreto da prisão 
preventiva. 
“Medida de exceção que é, a prisão cautelar somente pode ser 
imposta – ou mantida – caso venha acompanhada de efetiva 
fundamentação. Na hipótese, o decreto de prisão faz referência à 
gravidade abstrata e à hediondez dos delitos imputados ao ora paciente, 
elementos tidos como inidôneos a respaldar a custódia cautelar”. 
O STF de forma ordinária preceitua, como se pode ver abaixo, a necessidade de 
fundamentação da decisão que decreta a preventiva, dando especial atenção à 
exposição da necessidade da medida. 
STF 
HC 90.862/SP 
Relator: Ministro Eros Grau 
 
15 STJ – HC 149633 - SP 
DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA ANALISTA PROCESSUAL - MPE/RJ 
PROFESSOR: JULIO MARQUETI 
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Prof. Julio Marqueti www.pontodosconcursos.com.br 
Órgão julgador: 2a Turma – Data do julgamento: 03/04/2007. 
EMENTA: HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. PRISÃO PREVENTIVA. 
GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA E DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL. 
CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL. FUNDAMENTOS VINCULADOS A 
PRESUNÇÕES E CONSIDERAÇÕES SUBJETIVAS. INIDONEIDADE. A prisão 
preventiva, como exceção à regra da liberdade, somente pode ser decretada 
mediante demonstração cabal de sua real necessidade. Presunções e 
considerações abstratas a respeito do paciente e da gravidade do crime que lhe é 
imputado não constituem bases empíricas justificadoras da segregação cautelar 
para garantia da ordem pública e da aplicação

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