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Inquérito Policial e Prisões

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Prof. Me. Mauro Stürmer 
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SUMÁRIO 
1. INQUÉRITO POLICIAL ........................................................................................... 4 
1.1. Introdução ............................................................................................................ 4 
1.2. Persecução Penal ................................................................................................ 4 
1.3. Conceito ............................................................................................................... 4 
1.4. Natureza jurídica do Inquérito Policial .................................................................. 5 
1.5. Espécies de Inquéritos ......................................................................................... 5 
1.6. Destinatários ........................................................................................................ 6 
1.7. Finalidade ............................................................................................................. 6 
1.8. Instauração do Inquérito Policial .......................................................................... 6 
1.9. Características ..................................................................................................... 8 
1.10. Prazo do Inquérito Policial ................................................................................ 13 
1.10.1 Prazos especiais ...................................................................................... 13 
1.10.2 Prazo máximo para instauração .............................................................. 14 
1.11. Vícios no Inquérito Policial ............................................................................... 14 
1.12. Procedimentos ................................................................................................. 14 
1.13. Indiciamento ..................................................................................................... 17 
1.14. Encerramento do Inquérito Policial ................................................................... 18 
1.14.1. Procedimentos no encerramento ............................................................ 19 
 
2. PRISÃO PROCESSUAL ....................................................................................... 23 
2.1. Introdução .......................................................................................................... 23 
2.2. Prisão em Flagrante ........................................................................................... 24 
2.2.1. Espécies de Flagrante .............................................................................. 25 
2.3. Procedimento para a lavratura do Auto de Prisão em Flagrante ........................ 31 
2.4. Garantias legais e constitucionais do preso ....................................................... 34 
2.5. Providências judiciais ao receber o Auto de Prisão em Flagrante ...................... 35 
2.6. Peças práticas no contexto de Prisão em Flagrante .......................................... 41 
2.6.1. Relaxamento da Prisão ............................................................................. 41 
2.6.2. Liberdade Provisória ................................................................................. 46 
 
03. PRISÃO PREVENTIVA ....................................................................................... 56 
3.1. Conceito ............................................................................................................. 56 
3.2. Legitimação ........................................................................................................ 57 
3.3. Pressupostos ...................................................................................................... 58 
3.4. Fundamentos da Prisão Preventiva .................................................................. 59 
3.5. Condições de Admissibilidade da Prisão Preventiva .......................................... 64 
 
04. PEÇAS PRIVATIVAS DE ADVOGADO NO CONTEXTO DE PRISÃO 
PREVENTIVA ........................................................................................................... 72 
4.1. Revogação da Prisão Preventiva ....................................................................... 72 
4.2. Relaxamento de Prisão Preventiva .................................................................... 76 
 
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05. PRISÃO TEMPORÁRIA ..................................................................................... 78 
5.1. Conceito ............................................................................................................. 78 
5.2. Hipóteses para a decretação .............................................................................. 78 
5.3. Decretação por Autoridade Judicial .................................................................... 79 
5.4. Prazo .................................................................................................................. 79 
5.5. Procedimento ..................................................................................................... 80 
5.6. Revogação da Prisão Temporária ...................................................................... 80 
5.7. Relaxamento da Prisão Temporária ................................................................... 81 
 
PADRÃO DE RESPOSTAS ...................................................................................... 88 
 
 
 
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PRISÃO PROCESSUAL 
 
AULA 01: INQUÉRITO POLICIAL 
1.1. Introdução 
1.2. Persecução Penal 
1.3. Conceito 
1.4. Natureza jurídica do Inquérito Policial 
1.5. Espécies de Inquéritos 
1.6. Destinatários 
1.7. Finalidade 
1.8. Instauração do Inquérito Policial 
1.9. Características 
1.10. Prazo do Inquérito Policial 
1.11. Vícios no Inquérito Policial 
1.12. Procedimentos 
1.13. Indiciamento 
1.14. Encerramento do Inquérito Policial 
 
1. INQUÉRITO POLICIAL 
 
1.1. Introdução 
O processo penal não serve apenas para que o Estado aplique o seu direito 
de punir, mas também para que o indivíduo possa defender-se deste Estado. 
 
1.2. Persecução Penal 
O caminho a ser percorrido pelo Estado para exercer seu direito de punir: 
• 1ª etapa – extraprocessual – inquisitiva – inquérito. 
• 2ª etapa – judicial – contraditória – Processo. 
 
1.3. Conceito 
Procedimento administrativo, preparatório e inquisitivo, presidido pela 
autoridade policial, que tem por finalidade reunir elementos necessários à 
 
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apuração da prática de uma infração penal e sua autoria, a fim de propiciar a 
propositura da denúncia ou queixa. 
 
1.4. Natureza Jurídica do Inquérito Policial 
O que é natureza Jurídica? (o que é isso para o direito). 
É um procedimento administrativo – não é processo, pois não se constitui 
de uma relação trilateral (delegado – parte A, parte B contraria – contraditório e 
ampla defesa), por isso se fala em investigado, que pode ser o objeto de uma 
investigação. 
Cuidado: isso não permite ao delegado desrespeitar direitos e garantias 
fundamentais compatíveis com o procedimento. 
 
1.5. Espécies de Inquéritos 
*para todos verem: esquema abaixo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 4º - CPP - A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais 
no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a 
apuração das infrações penaise da sua autoria. 
§ único: A competência definida neste artigo não excluirá a de 
autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma 
função. 
 
Policiais Não Policiais 
• Inquérito Policial 
• Delegados de Polícia de 
Carreira – PC ou PF 
• Inquéritos Parlamentares – 
Súmula 397 do STF (Crime 
ocorrido na CD ou SF) 
• Inquéritos Presididos por 
Autoridades Judiciárias ou do MP 
• Inquérito civil – MP 
• Inquéritos Policiais Militares - 
IPM 
 
 
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1.6. Destinatários 
*para todos verem: esquema abaixo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.7. Finalidade 
Fornecer elementos de convicção para que o titular da ação penal 
(Ministério Público ou Ofendido) ingressem em juízo. 
 
1.8. Instauração do Inquérito Policial 
 
Art. 5o Nos crimes de ação pública (incondicionada) o inquérito policial 
será iniciado: 
I - de ofício; 
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou 
a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. 
§ 1o O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível: 
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias; 
b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as 
razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou 
nomeação das testemunhas motivos de impossibilidade de o fazer; 
c) a, com indicação de sua profissão e residência. 
§ 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito 
caberá recurso para o chefe de Polícia. 
§ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de 
infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por 
escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência 
das informações, mandará instaurar inquérito. 
§ 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de 
representação (condicionada a representação), não poderá sem ela ser 
iniciado. 
§ 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá 
proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-
la. 
 
Destinatários 
Imediatos 
Mediato 
MP (Ação Penal Pública) 
Ofendido ou 
Representante legal 
(Ação Penal Privada) 
Juiz – para 
fundamentar decisões 
cautelares (prisão 
preventiva, busca e 
apreensão, etc...) 
 
7 
 
A) Ação Penal Pública Incondicionada 
 
→ de ofício – a autoridade inicia o Inquérito Policial sem a necessidade de que 
alguém o informe, toma conhecimento da infração sem a necessidade da ação 
penal, a peça inaugural é uma portaria e se trata de uma cognição imediata. 
 
→ requisição do juiz ou do Ministério Pública – o delegado age provocado pelo juiz 
ou pelo Ministério Público – a peça inaugural pode ser a própria requisição, ou 
pode ser uma portaria, faz em cima da requisição uma portaria, é uma cognição 
mediata. 
Importante saber para os casos de HC. Autoridade Coatora. 
 
→ Requerimento da vítima ou do seu representante legal – Art. 5º, inciso II, do 
CPP 
 
A peça inaugural pode ser a petição da vítima, ou o delegado inaugura por 
portaria, trata-se de uma cognição mediata. 
 
Art. 5º, § 1º, CPP: O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que 
possível: 
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias; 
b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as 
razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou 
nomeação das testemunhas motivos de impossibilidade de o fazer; 
c) a, com indicação de sua profissão e residência. 
§ 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito 
caberá recurso para o chefe de Polícia. 
 
→ Flagrante – pode ser instaurado mediante prisão em flagrante. 
A peça inaugural é o auto de prisão em flagrante, trata-se de uma cognição 
coercitiva. 
 
→ Notícia formulada por qualquer do povo – Art. 5º, § 3º, do CPP 
 
§ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de 
infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por 
escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência 
das informações, mandará instaurar inquérito 
 
 
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B) Ação Penal Pública Condicionada: Art. 5º, § 4º, do CP 
 
§ 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de 
representação (Ação Penal Pública Condicionada), não poderá sem ela 
ser iniciado. 
 
C) Ação Penal de Iniciativa Privada: Art. 5º, § 5º, do CPP 
 
§ 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá 
proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-
la. 
 
1.9. Características 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A notícia pode ser anônima? 
Notícia anônima pode fundamentar a instauração de Inquérito Policial, 
desde que apurado preliminarmente a viabilidade da notícia, investigado antes, 
realizado rápida diligência para verificar a veracidade da notícia e, se procedente, 
elabora portaria e instaura o Inquérito Policial. 
Instrumental 
Temporário 
Obrigatório 
Discricionário 
Dispensável 
Informativo 
Escrito 
Sigiloso 
Inquisitivo 
Indisponível 
CARACTERÍSTICAS 
*para todos verem: esquema abaixo 
 
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→ Instrumental – o Inquérito Policial tem por finalidade apurar a materialidade da 
infração penal e indícios da autoria; 
 
→ Obrigatório – havendo justa causa, o delegado não pode deixar de instaurar o 
procedimento investigatório, a autoridade não pode deixar de instaurar; 
 
Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: 
§ 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito 
caberá recurso para o chefe de Polícia. 
 
→ Discricionário – os atos de investigação são da análise exclusiva da autoridade 
policial, que estudará sua conveniência e oportunidade; a discricionariedade diz 
respeito às diligências; 
 
Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão 
requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da 
autoridade. 
 
Cuidado: no caso de o crime deixar vestígios (não-transeunte) o ECDL será 
obrigatório. 
 
→ Dispensável – se o titular da ação penal tiver provas da materialidade e indícios 
da autoria por outro meio, o Inquérito Policial é dispensável; 
 
Art. 39, § 5o: O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com 
a representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a 
ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de 15 dias. 
 
→ Informativo – os elementos colhidos no IP servirão apenas para subsidiar a ação 
penal; 
 
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova 
produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua 
decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na 
investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e 
antecipadas. 
 
 
10 
 
Exclusivamente com base no Inquérito Policial não cabe condenação, mas 
junto com outras provas cabe – Art. 155 do CPP – o Inquérito Policial não pode ser a 
única fonte para a condenação. 
→ Escrito 
Art. 9o Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, 
reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela 
autoridade. 
 
→ Sigiloso 
Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à 
elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. 
 
Não é sigiloso para: 
 
1) o juiz; 
2) o Ministério Público – pode acompanhar o inquérito e ser o mesmo 
promotor na ação penal – Súmula 234 STJ. 
• Súmula 234 - A participação de membro do ministério público na fase 
investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o 
oferecimento da denúncia. 
3) o advogado – Art. 7º, inciso XIV, do EOAB e Súmula Vinculante 14. 
 
DIREITO DO ADVOGADO DE ACOMPANHAR E AUXILIAR SEU CLIENTE 
DURANTE O INTERROGATÓRIO OU DEPOIMENTO NO CURSO DA 
INVESTIGAÇÃO 
 
 
Art. 7 XXI (EAOB) - assistir a seus clientes investigados durante a apuraçãode infrações, sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou 
depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e 
probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, 
podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração: 
a) apresentar razões e quesitos; (perguntas...) 
 
Art. 7, XIV da Lei 8.906/94 (EOAB) - examinar, em qualquer instituição 
responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de 
flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em 
andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e 
tomar apontamentos, em meio físico ou digital; 
 
 
11 
 
 
Súmula Vinculante 14 
É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos 
elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório 
realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao 
exercício do direito de defesa. 
 
Direito do advogado de examinar os autos de investigação: 
 
 
Estatuto da OAB (Lei nº 8.906/94) 
ANTES AGORA 
Art. 7º São direitos do advogado: 
(...) 
XIV – examinar em qualquer 
repartição policial, mesmo sem 
procuração, autos de flagrante e de 
inquérito, findos ou em andamento, 
ainda que conclusos à autoridade 
podendo copiar peças e tomar 
apontamentos; 
 
Art. 7º São direitos do advogado: 
(...) 
XIV – examinar, em qualquer 
instituição responsável por 
conduzir investigação, mesmo sem 
procuração, autos de flagrante e de 
investigações de qualquer 
natureza, findos ou em andamento, 
ainda que conclusos à autoridade, 
podendo copiar peças e tomar 
apontamentos, em meio físico ou 
digital. 
 
Art. 7º, § 11 do EOAB: No caso previsto no inciso XIV, a autoridade 
competente poderá delimitar o acesso do advogado aos elementos de prova 
relacionados a diligências em andamento e ainda não documentados nos 
autos, quando houver risco de comprometimento da eficiência, da eficácia 
ou da finalidade das diligências. 
 
Art. 7º, § 12 do EOAB: A inobservância aos direitos estabelecidos no inciso 
XIV, o fornecimento incompleto de autos ou o fornecimento de autos em 
que houve a retirada de peças já incluídas no caderno investigativo 
implicará responsabilização criminal e funcional por abuso de 
autoridade do responsável que impedir o acesso do advogado com o 
intuito de prejudicar o exercício da defesa, sem prejuízo do direito 
subjetivo do advogado de requerer acesso aos autos ao juiz competente. 
 
 
 
 
*para todos verem: esquema abaixo 
 
12 
 
 
A nova legislação trouxe a necessidade de o Advogado estar presente no 
Inquérito Policial? 
Não. 
É pacífico o entendimento do Superior Tribunal de Justiça no sentido de que 
o inquérito policial é procedimento inquisitivo e não sujeito ao contraditório, razão 
pela qual a realização de interrogatório sem a presença de advogado não é causa 
de nulidade. (...) STJ. 6ª Turma. HC 139.412/SC. 
 
 
É possível alegar suspeição do Delegado que preside um Inquérito Policial? 
Não. 
Art. 107 do CPP: Não se poderá opor suspeição às autoridades policiais nos atos 
do inquérito, mas deverão elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal. 
 
 
→ Inquisitivo – não havendo acusado, mas somente suspeito, não se aplica ao 
Inquérito Policial o contraditório e a ampla defesa. 
 
→ Indisponível – Art. 17 do CPP. 
 
Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de 
inquérito. 
 
→ Temporário – é uma garantia constitucional, Art. 5º, inciso LXXVIII, da CF/88 – 
duração razoável do processo. 
 
Art. 5º, inciso LXXVIII: a todos, no âmbito judicial e administrativo, são 
assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a 
celeridade de sua tramitação. 
 
O Inquérito Policial, estando o investigado solto, pode ser prorrogável 
enquanto for necessário, devendo se comprovar a justa necessidade em cada 
prorrogação. 
 
13 
 
1.10. Prazo do Inquérito Policial 
 
Regra Geral: 
 
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado 
tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o 
prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, 
ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela. 
 
 
Indiciado preso – 10 dias. Improrrogável 
Indiciado solto – 30 dias. Prorrogável 
 
§ 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a 
autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores 
diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz. 
 
 
Cuidado – Pacote Anticrime (ainda suspenso por decisão do STF) 
Art. 3º-B, §2º: Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante 
representação da autoridade policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a 
duração do inquérito por até 15 (quinze) dias, após o que, se ainda assim a investigação não for 
concluída, a prisão será imediatamente relaxada. 
 
1.10.1 Prazos especiais 
 
• Lei nº 5.010/66: prazo de conclusão do Inquérito Policial na justiça Federal – Art. 
66: 
→ Indiciado preso - 15 dias, prorrogado por mais 15 dias; 
Segundo o artigo 66, o preso deverá ser apresentado ao Juiz para a 
prorrogação. 
→ Indiciado solto – 30 dias, prorrogáveis a critério do juiz – segue o 
Código de Processo Penal. 
 
• Lei 11.343/06 – lei de drogas 
→ Indiciado preso – 30 dias, prorrogável por mais 30 dias; 
→ Indiciado solto – 90 dias, prorrogável por mais 90 dias. 
*para todos verem: esquema abaixo 
 
14 
 
1.10.2 Prazo máximo para instauração 
 
Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes 
relacionados ao tráfico de pessoas, o membro do Ministério Público ou o 
delegado de polícia poderão requisitar, mediante autorização judicial, às 
empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que 
disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como sinais, 
informações e outros – que permitam a localização da vítima ou dos 
suspeitos do delito em curso. 
 
§ 3o Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito policial deverá ser 
instaurado no prazo máximo de 72 (setenta e duas) horas, contado do 
registro da respectiva ocorrência policial. 
 
 
1.11. Vícios no Inquérito Policial 
Não sendo o Inquérito Policial um ato do Poder Judiciário, mas sim um 
procedimento administrativo, os vícios que existam nesta fase da persecução 
penal não acarretam nulidade processual. 
 
Cuidado: a irregularidade poderá, entretanto, acarretar a invalidade de um 
ato. É o que ocorre com a prisão em flagrante irregular etc. 
 
1.12. Procedimentos 
 
Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a 
autoridade policial deverá: 
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e 
conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; 
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados 
pelos peritos criminais; 
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e 
suas circunstâncias; 
IV - ouvir o ofendido; 
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no 
Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser 
assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura; 
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; 
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e 
a quaisquer outras perícias; 
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se 
possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes; 
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista 
individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado 
de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros 
elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e 
caráter. 
 
 
15 
 
Observaçõesquanto aos procedimentos: 
 
• Local dos Fatos: Exceção – Lei nº 5.970/73 – no seu artigo 1º, diz que no caso 
de acidente de trânsito, que esteja colocando em perigo pessoas ou 
atrapalhando o trânsito, não precisa manter o estado de conservação. 
 
• O interrogatório policial, primeiro, se houver defensor, é possível entrevista 
reservada, mas no interrogatório policial é dispensável a presença do defensor 
(prerrogativa do advogado); primeiro o delegado pergunta sobre o suspeito, depois 
pergunta sobre o fato, mas não há contraditório, não existe reperguntas, pois o 
Inquérito Policial é inquisitivo; tem delegado que autoriza as reperguntas 
 
• Acusado menor de 21 anos, no interrogatório judicial não precisa de curador, 
porque a Lei nº 10.792/03 aboliu a figura do curador no interrogatório judicial (aboliu 
porque a presença do advogado mostra que é totalmente dispensável, pois faz às 
vezes de curador); no Inquérito Policial, artigo 15 do Código de Processo Penal 
prevê que precisa de curador, mas este artigo foi implicitamente revogado pelo 
Código Civil/02, não sendo mais preciso de curador. 
 
Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador pela 
autoridade policial. (implicitamente revogado pelo CC/02) 
 
• Identificação Criminal: Parece que todo o indiciado deve tocar piano, mas não é 
assim, mudou com a Constituição Federal/88. Até a Constituição Federal/88 – o 
artigo 6º, inciso VIII, do Código de Processo Penal – qualquer indiciado tocava 
piano; com a Constituição Federal/88, no artigo 5º, inciso LVIII – diz que: 
“o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas 
hipóteses previstas em lei”. 
Previu como regra a identificação civil, sendo a exceção a identificação 
datiloscópica; casos expressos em lei – Lei nº 12.037/09. Com a Constituição 
Federal/88 a regra é a identificação civil, por documento hábil; a exceção é a 
identificação datiloscópica. 
 
 
 
16 
 
 
Novo inciso no artigo 6 do CPP 
 
X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se 
possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável 
pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa. 
 
 
Observações quanto aos procedimentos: 
Art. 7º - reprodução simulada dos fatos, (reconstituição) 
 
Previsão Legal: 
 
Art. 7o Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de 
determinado modo, a autoridade policial poderá (discricionariedade) 
proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a 
moralidade ou a ordem pública. 
 
Não pode realizar o expediente se contrariar a moral (ex. reconstituição de 
estupro) e a ordem pública (ex. reconstituição de um acidente de avião – quer que 
dois aviões se choquem no ar), é a reconstituição que coloque em perigo a 
sociedade; 
Importante: 
O suspeito não é obrigado a participar do ato de reconstituição, quer 
dizer tomar parte no ato, produzindo prova contra si mesmo. 
 
17 
 
 
Novidade Legislativa – Art. 13 CPP 
 
Art. 13-A: Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, no § 3º do art. 158 e 
no art. 159 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e 
no art. 239 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do 
Adolescente), o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderá 
requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de empresas da iniciativa 
privada, dados e informações cadastrais da vítima ou de suspeitos. 
Parágrafo único. A requisição, que será atendida no prazo de 24 (vinte e quatro) 
horas, conterá: 
I - o nome da autoridade requisitante; 
II - o número do inquérito policial; e 
III - a identificação da unidade de polícia judiciária responsável pela 
investigação. 
 
Art. 13-B: Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes relacionados ao 
tráfico de pessoas, o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia 
poderão requisitar, mediante autorização judicial, às empresas prestadoras de 
serviço de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente 
os meios técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que permitam 
a localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso. (Incluído pela Lei nº 
13.344, de 2016) 
§ 1o: Para os efeitos deste artigo, sinal significa posicionamento da estação de 
cobertura, setorização e intensidade de radiofrequência. 
§ 2o: Na hipótese de que trata o caput, o sinal: 
I - não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação de qualquer natureza, que 
dependerá de autorização judicial, conforme disposto em lei; 
II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia móvel celular por período 
não superior a 30 (trinta) dias, renovável por uma única vez, por igual 
período; 
III - para períodos superiores àquele de que trata o inciso II, será necessária a 
apresentação de ordem judicial. 
§ 3o: Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito policial deverá ser 
instaurado no prazo máximo de 72 (setenta e duas) horas, contado do registro 
da respectiva ocorrência policial. 
§ 4o: Não havendo manifestação judicial no prazo de 12 (doze) horas, a 
autoridade competente requisitará às empresas prestadoras de serviço de 
telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os 
meios técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que 
permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso, com 
imediata comunicação ao juiz. 
 
 
1.13. Indiciamento 
Conceito: é o ato pelo qual o delegado atribui a alguém a prática de uma 
infração penal, baseado em indícios da autoria e prova da materialidade. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13344.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13344.htm
 
18 
 
Lei 12.830/13: 
Art. 2, § 6o: O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por 
ato fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá 
indicar a autoria, materialidade e suas circunstâncias. 
 
STF. 2ª Turma. HC 115015/SP, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 27/8/2013 (Info 
717). 
O indiciamento é ato privativo da autoridade policial, segundo sua análise 
técnico-jurídica do fato. O juiz não pode determinar que o Delegado de Polícia 
faça o indiciamento de alguém. 
 
1.14. Encerramento do Inquérito Policial 
 
Previsão Legal: 
 
Art. 10, § 1o: A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido 
apurado e enviará autos ao juiz competente. 
§ 2o No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem 
sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas. 
 
O Inquérito Policial encerra com a apresentação de minucioso relatório, faz 
um resumo do que foi feito. 
 
Se o relatório não foi feto o relatório? 
Não gera a nulidade, é mera irregularidade. 
 
O Inquérito Policial é então encaminhado para o juiz competente. 
O juiz deve verificar se a caso de Ação Penal de Iniciativa Pública ou 
Ação Penal de Iniciativa Privada – Art. 19 do CPP – se for ação penal privada fica 
aguardando o requerente, se for ação penal pública é remetido ao Ministério Público. 
 
Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do 
inquérito serão remetidos ao juízo competente, onde aguardarão a 
iniciativa do ofendido ou de seu representantelegal, ou serão entregues 
ao requerente, se o pedir, mediante traslado. 
 
 
 
19 
 
 1.14.1. Procedimentos no Encerramento 
Ao receber os autos o Juiz (Poder Judiciário) deve: 
1) No caso de ação penal pública encaminhar os autos ao Ministério Público; 
2) Ação Penal Privada (Art. 19 do CPP) deixar os autos em cartório 
aguardando manifestação. 
 
O Ministério Público ao receber os autos do Inquérito Policial deve: 
1) Requerer Diligências 
 
Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a devolução do inquérito 
à autoridade policial, senão para novas diligências, imprescindíveis ao 
oferecimento da denúncia. 
 
2) Oferecer a Denúncia (peça que inaugura a ação penal pública) 
3) Requer o Arquivamento 
4) Alegar ausência de atribuição (Ministério Público) ou competência (Juízo). 
 
 
Cuidado – Pacote Anticrime (ainda suspenso por decisão do STF) 
 
Art. 28: Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer 
elementos informativos da mesma natureza, o órgão do Ministério Público 
comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade policial e encaminhará 
os autos para a instância de revisão ministerial para fins de homologação, 
na forma da lei. 
§ 1º: Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o 
arquivamento do inquérito policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do 
recebimento da comunicação, submeter a matéria à revisão da instância 
competente do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei 
orgânica. 
§ 2º: Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da 
União, Estados e Municípios, a revisão do arquivamento do inquérito 
policial poderá ser provocada pela chefia do órgão a quem couber a sua 
representação judicial. 
 
 
 
 
 
 
20 
 
 
STF 
O STF (Min. Luiz Fux) suspendeu o trecho que modificou o Artigo 28 do 
Código de Processo Penal (CPP) e estabeleceu regras para o arquivamento de 
inquéritos policiais. Com a norma, o Ministério Público (MP) deveria comunicar a 
vítima, o investigado e a polícia no caso de arquivamento do inquérito, além de 
encaminhar os "autos para a instância de revisão ministerial para fins de 
homologação, na forma da lei". Para Fux, a medida desconsiderou os impactos 
financeiros no âmbito do MP em todo o país. 
 
 
Arquivamento na antiga redação do CPP, mas ainda aplicada em face 
da suspensão do STF 
 
→ Quem pode arquivar? Somente o Juiz. 
 
→ Se o Juiz não concordar com o pedido de arquivamento do MP? Neste 
caso o magistrado lança mão do artigo 28 do Código de Processo Penal, a saber: 
 
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a 
denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer 
peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as 
razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao 
procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do 
Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, 
ao qual só então estará o juiz obrigado a atender. 
 
Entendo o artigo 28 do Código de Processo Penal - No caso de o Juiz 
discordar ele encaminha os autos ao PGJ (Chefia do Ministério Público). 
 
Justiça Estadual: 
O PGJ poderá adotar três procedimentos: 
1) Concorda com o Juiz e ele mesmo oferece a denúncia 
2) Designa outro Representante do Ministério Público para oferecê-la (não pode ser 
o mesmo que pediu o arquivamento) 
3) Discorda do Juiz (concordando ser caso de arquivamento) nesta situação o MM é 
obrigado a arquivar. 
 
21 
 
Desarquivamento do Inquérito Policial 
 
Fundamento legal: 
 
Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade 
judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá 
proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia. 
 
 
Motivo do ARQUIVAMENTO: Pode ser DESARQUIVADO? 
1) Insuficiência de provas 
Sim (súmula 524/STF). Arquivado o 
inquérito policial, por despacho do juiz, a 
requerimento do promotor de justiça, não 
pode a ação penal ser iniciada sem novas 
provas. 
2) Ausência de pressuposto processual ou 
de condição da ação penal 
Sim 
3) Falta de justa causa para a ação penal 
(não há indícios de autoria ou prova da 
materialidade) 
Sim 
4) Atipicidade (fato narrado não é crime) Não 
5) Existência manifesta de causa excludente 
de ilicitude 
STJ – Não (REsp 791471/RJ) 
STF – Sim (HC 125101/SP) 
6) Existência manifesta de causa excludente 
de culpabilidade 
Não – posição doutrinária 
7) Existência manifesta de causa extintiva 
da punibilidade 
Não (STJ, HC 307.562/RS) e (STF, Pet 
3943) Exceção: certidão de óbito falsa. 
 
Decisão do STF: 
O arquivamento de inquérito policial por excludente de ilicitude realizado 
com base em provas fraudadas não faz coisa julgada material. 
STF. Plenário. HC 87395/PR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 
23/03/2017 (Info 858). 
Obs 1: o STF entende que o inquérito policial arquivado por excludente de ilicitude 
pode ser reaberto mesmo que não tenha sido baseado em provas fraudadas. Se for 
*para todos verem: esquema abaixo 
 
22 
 
com provas fraudadas, como no caso acima, com maior razão pode ser feito o 
desarquivamento. 
Obs 2: ao contrário do STF, o STJ entende que o arquivamento do inquérito policial 
baseado em excludente de ilicitude produz coisa julgada material e, portanto, não 
pode ser reaberto. Nesse sentido: STJ. 6ª Turma. RHC 46.666/MS, Rel. Min. 
Sebastião Reis Júnior, julgado em 05/02/2015. 
 
23 
 
PRISÃO PROCESSUAL 
 
AULAS 02 E 03: PRISÃO PROCESSUAL 
2.1. Introdução 
2.2. Prisão em Flagrante 
2.3. Procedimento para a lavratura do Auto de Prisão em Flagrante 
2.4. Garantias legais e constitucionais do preso 
2.5. Providências judiciais ao receber o Auto de Prisão em Flagrante 
2.6. Peças práticas no contexto de Prisão em Flagrante 
 
 
2. PRISÃO PROCESSUAL 
 
2.1. Introdução 
A prisão processual, também chamada de prisão cautelar ou provisória, 
ocorre por força da necessidade de segregação cautelar do acusado da prática de 
um delito durante as investigações ou no curso da ação penal nas hipóteses 
previstas na legislação processual penal. 
É aquela que ocorre antes do trânsito em julgado da sentença penal 
condenatória. 
Não visa a punição do agente, mas de impedir que volte a praticar novos 
delitos ou que adote conduta voltada a influenciar na instrução criminal ou na 
aplicação da sanção decorrente da prática delituosa. 
Nos termos do artigo 283 do Código de Processo Penal, três são as 
espécies de prisão provisória: prisão em flagrante (Arts. 301 a 310, todos do 
CPP), preventiva (Art. 311 a 316 CPP) e temporária (Lei nº 7.960/89). 
 
 
 
 
 
 
 
 
PRISÃO EM FLAGRANTE – artigo 301/310 do CPP 
PRISÃO PREVENTIVA – artigo 311/316 do CPP 
PRISÃO TEMPORÁRIA – Lei 7.960/89 
ESPÉCIES DE PRISÃO PROVISÓRIA 
*para todos verem: esquema abaixo 
 
24 
 
 
2.2. Prisão em Flagrante 
Trata-se de medida restritiva de liberdade, de natureza cautelar e 
processual, consistente na prisão, independente de ordem escrita do juiz 
competente, de quem é surpreendido cometendo uma infração penal ou quando 
acabou de cometê-la, ou quando perseguido, logo após, em situação que faça 
presumir ser autor da infração, ou, ainda, quando encontrado, logo depois à prática 
da infração, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser o 
autor da infração. 
Em síntese, a prisão em flagrante ocorre quando presente 
uma das hipóteses previstas no artigo 302 do Código de Processo Penal. 
A Lei nº 12.403/2011 introduziu o artigo 310, inciso II, do Código de 
Processo Penal, suprimindo a possibilidade de a prisão em flagrante prender por si 
só, na medida em que, se presentes os requisitos do artigo 312 do Código de 
Processo Penal e inadequada ou insuficiente a aplicação das medidas cautelares 
diversas da prisão, o juiz deverá converter a prisão em flagranteem prisão 
preventiva. 
Logo, forçoso concluir que a prisão em flagrante passou a assumir 
natureza precautelar, com duração limitada até a adoção pelo juiz de uma das 
providências do artigo 310 do Código de Processo Penal (relaxar a prisão em 
flagrante, convertê-la em prisão preventiva ou conceder a liberdade provisória). 
 
 
25 
 
2.2.1. Espécies de Flagrante – Art. 302 CPP 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
a) Flagrante próprio – Art. 302, inciso I e II, do CPP 
Trata-se de prisão efetivada no momento em que o sujeito está praticando 
uma infração penal, ou quando acabou de cometê-la. 
A prisão deve ocorrer de imediato, sem qualquer intervalo de tempo entre a 
prática da infração e a detenção. Ocorre, pois, quando o agente ainda está no local 
do crime. 
 
Ex: prisão em flagrante no exato instante em que o agente criminoso busca sair da 
agência bancária onde praticava o delito de roubo. 
 
b) Flagrante impróprio (QUASE-FLAGRANTE) – Art. 302, inciso III, do CPP 
Trata-se da hipótese em que o agente é perseguido, logo após a infração, 
no contexto que faça presumir ser o autor do fato. 
A definição da expressão “logo após” traduz uma relação de imediatidade, 
com perseguição iniciada em momento bem próximo da infração. Aqui o agente já 
deixou o local do crime. 
ESPÉCIES DE PRISÃO EM FLAGRANTE 
a)
) 
b)
)) 
c)
) 
*para todos verem: esquema abaixo 
PRÓPRIO 
Art. 302, inciso III, do CPP. Ver Art. 
290, CPP. 
Art. 302, inciso I, 
do CPP. 
 
Art. 302, inciso II, 
do CPP. 
 
Preso 
praticando o 
delito ou 
quando acabou 
de cometê-lo 
Perseguição 
ININTERRUPTA 
IMPRÓPRIO 
Encontrado – 
Art. 302, IV, 
CPP 
PRESUMIDO 
 
26 
 
É o tempo que decorre entre a prática do delito e as primeiras coletas de 
informações a respeito da identificação do autor e a direção seguida na fuga, 
iniciando-se, logo após, imediatamente a perseguição. Uma vez cessada a 
perseguição, cessa a situação de flagrância. Ou seja, a perseguição deve ser 
contínua, sem interrupções. 
A concepção de perseguição pode ser extraída do artigo 290, §1º, do 
Código de Processo Penal, notadamente das alíneas “a” e “b” do parágrafo 
primeiro. 
Não confundir início da perseguição com duração da perseguição. O início 
da perseguição deve ser logo após o fato; a perseguição, no entanto, pode 
perdurar por muitas horas e até dias, como, por exemplo, em crime de roubo a 
banco, em que a polícia chega imediatamente ao local, faz o primeiro levantamento 
e, de imediato, sai em perseguição dos suspeitos, que se embrenharam numa 
mata por mais de 30 horas. Nesse caso, considerando que a perseguição 
deflagrada logo após à prática da infração penal foi ininterrupta, eventual prisão em 
flagrante será legal. 
Se o agente for preso após cessada a perseguição, sem mandado judicial, 
a prisão será ilegal, devendo, pois, ser relaxada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
c) Flagrante presumido – Art. 302, inciso IV, do CPP 
Aqui o agente não é “perseguido”, mas “encontrado”, logo depois da prática 
da infração penal, na posse de instrumentos, armas, objetos ou papéis em situação 
que permita presumir ser ele o autor da infração. 
 
CUIDADO: a perseguição deve ser ininterrupta. Uma vez cessada 
a perseguição, não há mais situação de flagrância, devendo-se, a 
partir de então, efetivar-se a prisão somente munido de mandado 
judicial (prisão preventiva ou temporária, conforme o caso). 
 
*para todos verem: esquema abaixo 
 
27 
 
Quanto ao alcance da expressão “logo depois”, a jurisprudência tem 
admitido prisões ocorridas várias horas depois do crime. Não aceita, no entanto, 
prisão muitos dias depois ao do crime. 
 
➢ OUTRAS VARIAÇÕES DAS ESPÉCIES DE PRISÃO EM FLAGRANTE 
 
A) Flagrante Provocado ou Preparado 
O flagrante preparado ou provocado ocorre quando uma pessoa, policial ou 
particular, provoca, induz ou instiga alguém a praticar uma infração penal, somente 
para poder prendê-la. Nesse caso, não fosse a ação do agente provocador, o 
sujeito não teria dado início à prática do delito, pelo menos nas circunstâncias 
pelas quais foi preso. 
Trata-se, na verdade, de hipótese de crime impossível, já que, por força da 
preparação engendrada pelo policial ou terceiro para prendê-lo, seria impossível a 
consumação do crime. Em síntese, simultaneamente à indução à prática do crime, 
o agente provocador do flagrante age para evitar a consumação. 
É o que diz a Súmula 145 do STF: “Não há crime quando a preparação 
do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação”. Trata-se de 
hipótese de crime impossível, que não é punível nos termos do artigo 17 do 
Código Penal. 
 
Ex: Policial disfarçado encomenda de um suspeito de praticar crime de falsidade 
de documento uma carteira de identidade fictícia, e, no momento combinado para a 
entrega do dinheiro e o recebimento do documento falsificado, realiza a prisão em 
flagrante. 
 
Em que pese a súmula mencionar somente o flagrante pela polícia, a 
ilegalidade também pode decorrer de flagrante preparado por particular. 
 
 
 
 
28 
 
Ex: Suspeitando que a empregada doméstica esteja furtando objetos da 
residência, dona de casa deixa uma joia na mesa de centro da sala, ficando à 
espreita. No momento em que a empregada pega a joia, a dona de casa, auxiliada 
ou não por outras pessoas, a detém, prendendo-a em flagrante. Trata-se de prisão 
ilegal, já decorrente de flagrante preparado. 
 
Em suma, o flagrante provocado é ilegal, devendo, pois, a prisão ser 
relaxada. 
 
 
 
No contexto de droga, deve-se verificar o caso concreto e as informações 
que constam no enunciado. 
Imaginemos a hipótese de um policial se disfarçar de usuário de drogas. 
Esse policial se aproxima do suspeito e solicita determinada quantia de drogas, que 
lhe é entregue pelo suspeito. Em relação ao verbo "vender" não há dúvidas de que 
se trata de flagrante provocado. Todavia, o artigo 33 da Lei de Drogas (Lei nº 
11.343/2006) prevê 18 condutas. No caso, embora seja flagrante provocado em 
relação à conduta vender, a prisão será legal em relação às condutas, por 
exemplo, "trazer consigo", "guardar", "ter em depósito", uma vez que em relação às 
demais condutas (trazer consigo, guardar, etc..), o suspeito não foi provocado ou 
influenciado a praticar. Ou seja, quando o policial disfarçado se aproximou, o 
agente já trazia consigo a droga, sendo, em razão disso, possível sua prisão em 
relação a essa conduta de trazer consigo. 
Flagrante provocado x usuários de drogas 
 
29 
 
 
Isso foi reforçado pelo pacote anticrime (Lei 13.964/19) que acrescentou o 
IV ao parágrafo 1º da Lei nº 11.343/06, a saber: 
 
IV - Vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou produto 
químico destinado à preparação de drogas, sem autorização ou em 
desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial 
disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de 
conduta criminal preexistente. 
 
Agora, se o policial induz o suspeito a fornecer-lhe a droga que, no 
momento, não a possuía, ou seja, que não trazia consigo, e por conta da 
insistência do policial empregou esforço para conseguir, aí sim se pode falar em 
flagrante provocado e, portanto, ilegal, uma vez que o suspeito somente trouxe 
consigo a droga, porque foi induzido pelo policial a conseguir para ele. 
 
B) Flagrante Esperado 
O flagrante esperado ocorre quando a autoridade policial, tomando 
conhecimento, por fonte segura, de que será praticado um delito, desloca-se até o 
local indicado, fica de campana e realiza a prisão quando iniciado os atos 
executórios do delito 
O flagrante esperado não se confunde com o flagrante provocado, uma vez 
que, ao contrário deste, no flagrante esperado não há indução ou instigação da 
autoridade policial para que o agente dê início à execução do delito. 
O flagrante esperado constitui modalidade de flagrante válido, regular e,portanto, legal. 
 
C) Flagrante Forjado 
O flagrante forjado se caracteriza pela criação de provas para forjar a 
prática de um crime inexistente. Aqui a ação da autoridade policial ou de um 
particular visa a simular um fato típico inexistente, com o objetivo de incriminar 
falsamente alguém. 
 
 
30 
 
Ex: policial coloca/enxerta droga no interior do veículo de determinada pessoa para 
prendê-la pelo delito de tráfico ilícito de entorpecentes. 
 
Trata-se de hipótese de flagrante absolutamente nulo/ilegal, merecendo, 
pois, ser relaxado. Nesse caso, o único infrator será o agente forjador, que pratica 
o delito de denunciação caluniosa (Art. 339 do CP), e, se for agente público, 
também abuso de autoridade (Lei nº 4.898/65). 
 
D) Flagrante Retardado ou Diferido ou Ação Controlada 
Caracteriza-se pela possibilidade de retardar o momento da prisão em 
flagrante, não obstante estar o delito em curso, justamente para buscar maiores 
informações ou provas contra pessoas envolvidas em organizações criminosas ou 
tráfico ilícito de entorpecentes. 
O flagrante retardado ou diferido funciona como autorização legal para que 
a prisão em flagrante seja retardada ou protelada para outro momento, que não 
aquele em que o agente está em situação de flagrância. Trata-se, pois, de uma 
autorização legal para que a autoridade policial e seus agentes, que, a princípio, 
teriam a obrigação de efetuar a prisão em flagrante (Art. 301, 2ª parte, CPP), 
deixem de fazê-lo, visando a uma maior eficácia da investigação. 
Há previsão de ação controlada, com destaque ao flagrante retardado ou 
diferido, por exemplo no artigo 53, inciso II, da Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas) e 
artigo 8º da Lei nº 12.850/2013 (Lei das Organizações Criminosas). 
Nos termos do artigo 53, inciso II, da Lei nº 11.343/2006, a não atuação 
policial na prisão imediata em flagrante depende de autorização judicial e 
manifestação do Ministério Público. Essa autorização judicial está condicionada 
ao conhecimento do itinerário provável e à identificação dos agentes do delito ou 
de colaboradores. 
Conforme o artigo 8º, §1º, da Lei nº 12.850/2013, o retardamento da 
intervenção policial não exige prévia autorização judicial, mas mera 
comunicação ao juiz competente que, se for o caso, fixará os limites da atuação e 
comunicará ao Ministério Público. 
A Lei nº 9.613/98, que trata da Lavagem de Dinheiro, também prevê o 
instituto da ação controlada no seu artigo 4º - B, sendo possível suspender a ordem 
 
31 
 
DIFERIDO/ 
RETARDADO 
ESPERADO espera a prática do delito para prender em flagrante. Prisão 
LEGAL. 
Cumpre no futuro 
 
PREPARADO/ 
PROVOCADO 
 
provoca, induz ou instiga 
 
 
Prisão ILEGAL 
 
Para aprofundar INVESTIGAÇÃO 
* artigo 53, inciso II, da Lei n. 11.343/2006; 
 
* artigo 8º da Lei 12.850/2013 (Lei das Organizações Criminosas). 
 
 
Súmula 145 STF: CRIME IMPOSSÍVEL (artigo 17 
do CP) 
 
Prisão ILEGAL 
 
acusa 
INOCENTE 
 
FORJADO 
de prisão poderá ser suspensa pelo juiz, com prévia manifestação do Ministério 
Público, quando a sua execução imediata puder comprometer as investigações. 
 
 
 
*para todos verem: esquema abaixo 
 
32 
 
2.3. Procedimento para a lavratura do auto de prisão em flagrante 
Auto de prisão em flagrante é o documento elaborado, via de regra, sob a 
presidência da autoridade policial, contendo as formalidades que revestem a prisão 
em flagrante, tendo por objetivo precípuo retratar os fatos que ensejaram a 
restrição de liberdade do agente e, ainda, reunir os primeiros elementos de 
convicção acerca da infração penal que motivou a prisão. 
Uma vez preso em flagrante, por policial ou particular, o acusado deve ser 
conduzido à presença da autoridade policial. Se a autoridade policial considerar se 
tratar de situação de flagrância e que o fato constitui crime, determinará a lavratura 
do auto de prisão, incumbindo-lhe proceder da seguinte forma: 
 
a) Oitiva do condutor: 
O condutor é a pessoa que levou o preso até a Delegacia de Polícia e o 
apresentou à autoridade policial. Pode ser policial ou qualquer pessoa. Embora na 
maioria das vezes o condutor seja quem procedeu à prisão, não precisa 
necessariamente ser o responsável pela detenção do suspeito. 
 
Ex: seguranças de determinada loja prendem em flagrante uma pessoa pela 
prática do delito de furto e acionam a polícia militar, que conduzem o preso à 
Delegacia de Polícia. Será um dos policiais, portanto, quem apresenta o preso ao 
delegado de polícia, figurando, assim, como condutor. 
 
b) Oitiva de testemunhas: 
Em seguida, devem ser ouvidas as testemunhas que 
acompanharam o condutor, que, pelo artigo 304, caput, e artigo 304, §1º, ambos do 
Código de Processo Penal, devem ser, no mínimo, duas (referem-se a 
“testemunhas”, no plural). 
Não há vedação a que sirvam como testemunhas agentes 
policiais. 
A falta de testemunhas da infração não impedirá a lavratura 
do auto de prisão em flagrante, mas, nesse caso, com o condutor deverão assinar 
a peça pelo menos duas pessoas que tenham testemunhado a apresentação do 
preso à autoridade (Art. 304, §2º, do CPP). Considera-se, portanto, testemunha de 
 
33 
 
apresentação aquelas que presenciaram o momento em que o condutor 
apresentou o preso à autoridade policial. 
 
c) Interrogatório do preso: 
O interrogatório deve observar as mesmas formalidades exigidas para o 
interrogatório judicial, previstas nos artigos 185 a 196, todos do Código de 
Processo Penal, dentre as quais se destaca a advertência ao preso do seu direito 
constitucional ao silêncio, sem que isso possa ser interpretado em seu desfavor 
(Art. 5º, inciso LXIII, da CF/881). 
 
d) Nota de culpa: 
Nos termos do artigo 306, §1º e §2º, do Código de Processo Penal, 
superadas essas etapas, cumpre à autoridade policial, em até 24 horas após a 
realização da prisão, encaminhar o auto de prisão em flagrante devidamente 
instruído ao juiz competente, bem como entregar ao preso, no mesmo prazo, 
mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da 
prisão, o nome do condutor e os das testemunhas. 
Trata-se a nota de culpa de documento por meio do qual a autoridade 
policial cientifica o preso dos motivos de sua prisão, do nome do condutor e das 
testemunhas. 
Se não for entregue nota de culpa, o flagrante deve ser relaxado por falta 
de formalidade essencial. 
Além disso, a Lei nº 13.257/2016, incluiu o §4º no artigo 304, segundo o 
qual “Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá constar a informação 
sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e 
o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado 
pela pessoa presa.” 
 
1 Esse dispositivo é fundamental para qualquer interrogatório, seja na fase de investigação ou no curso 
da ação penal: 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros 
e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à 
segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
(...) 
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe 
assegurada a assistência da família e de advogado; 
 
 
34 
 
2.4. Garantias legais e Constitucionais do preso 
 
➢ Da comunicação imediata ao juiz competente e ao Ministério Público 
De acordo com o artigo 306 do Código de Processo Penal, a prisão de 
qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente 
ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por 
ele indicada. 
O artigo 5º, inciso LXII, da Constituição Federal/88 dispõe que a prisão de 
qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao 
juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada. 
A ausência da comunicação imediata da prisão em flagranteao juiz 
competente e ao Ministério Público torna a prisão ilegal, devendo, portanto, ser 
relaxada. 
 
➢ Da comunicação imediata da prisão à família do preso ou à pessoa por ele 
indicada. 
Nos termos do artigo 306 do Código de Processo Penal e artigo 5º, incisos 
LXII e LXIII, da Constituição Federal/88, cumpre à autoridade policial providenciar a 
comunicação imediata da prisão em flagrante à família do preso ou à pessoa por 
ele indicada, garantindo-lhe, assim, a assistência da família. 
Essa comunicação tem por objetivo certificar familiares acerca da 
localização do preso, bem como viabilizar ao preso o apoio e a assistência da 
família. 
A comunicação à família ou à pessoa pelo preso indicada constitui direito 
subjetivo do flagrado. Se não for observada essa formalidade pela autoridade 
policial, a prisão em flagrante será ilegal, devendo, pois, ser relaxada. 
 
➢ Da assistência de advogado ao preso 
 
Nos termos do artigo 5º, inciso LXIII, parte final, da Constituição Federal/88, 
o preso tem direito à assistência da família e de advogado. 
A presença de advogado não é imprescindível à lavratura do auto de prisão 
em flagrante. De outro lado, se o preso constituir/contratar advogado, não cabe, à 
 
35 
 
evidência, à autoridade policial vedar a presença do advogado constituído nos atos 
que integram a lavratura do auto de prisão em flagrante, podendo o profissional 
acompanhar a oitiva do condutor, das testemunhas, bem como o interrogatório do 
flagrado. 
Se o flagrado não informar o nome do seu advogado, deverá a autoridade 
policial encaminhar, em até 24 horas, cópia integral do APF à Defensoria Pública, 
nos termos do artigo 306, §1º, do Código de Processo Penal. 
Em síntese, a inobservância de qualquer dessas formalidades gera a 
ilegalidade da prisão em flagrante, devendo o juiz, ao receber os autos, deixar de 
homologar o auto de prisão em flagrante e determinar o relaxamento da prisão por 
ilegalidade formal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.5. Providências judiciais ao receber o auto de prisão em flagrante – Art. 310 
do CPP 
Com o advento da Lei nº 13.964/19, o juiz ao receber o auto de prisão em 
flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas, deverá promover 
audiência de custódia com a presença do acusado, seu advogado constituído ou 
membro da Defensoria Pública e o membro do Ministério Público e deverá adotar 
uma das providências previstas no artigo 310 do Código de Processo Penal: 
 
 
GARANTIAS LEGAIS e CONSTITUCIONAIS DO PRESO 
COMUNICAÇÃO AO JUIZ (imediata) 
COMUNICAÇÃO AO MINISTÉRIO PÚBLICO 
COMUNICAÇÃO FAMÍLIA ou QUEM 
INDIQUE 
ACESSO A ADVOGADO 
A falta é 
ilegal 
*para todos verem: esquema abaixo 
 
36 
 
 
A) 
 
B) 
 
 
C) 
 
 
 
Nesse sentido, num primeiro momento, o Magistrado deverá analisar o 
aspecto formal, a legalidade do auto de prisão em flagrante, bem como se há 
situação de flagrância, conforme as hipóteses do artigo 302 do Código de Processo 
Penal. Se observadas as formalidades, o Juiz homologa; na hipótese de alguma 
ilegalidade, seja formal ou material, o Juiz deverá relaxar a prisão em flagrante. 
Num segundo momento, uma vez homologado o auto de prisão em 
flagrante, o Juiz deverá verificar a necessidade de conversão da prisão em 
flagrante em prisão preventiva ou a concessão de liberdade provisória, com ou sem 
fiança e a eventual imposição de medida cautelar diversa. 
Em sendo legal a prisão em flagrante, o juiz deve verificar se concederá a 
liberdade provisória ou se converterá a prisão em flagrante em prisão preventiva2. 
Convém ressaltar, por pertinente, que a prisão preventiva somente poderá 
ser decretada em substituição da prisão em flagrante se estiverem presentes os 
requisitos do artigo 312 do Código de Processo Penal3 E se não for suficiente outra 
medida diversa da prisão, bem como se presente uma das hipóteses do artigo 313 
do Código de Processo Penal. 
Assim, pela leitura do artigo 310, inciso II, do Código de Processo Penal, 
verifica-se que a prisão preventiva é a última ratio das medidas cautelares. Ela 
somente deve ser decretada quando todas as demais medidas cautelares se 
revelarem inadequadas e insuficientes para o caso concreto. Em outras palavras, a 
 
2 Antes da Lei nº 12.403/2011, o agente ficava preso em decorrência da prisão em flagrante. O Juiz simplesmente homologava o 
APF e mantinha a prisão em flagrante. Com a alteração, o juiz, se presentes os requisitos, deverá converter a prisão em flagrante 
em prisão preventiva. Eis a razão do caráter precautelar da prisão em flagrante (pois dura até ser convertida em preventiva ou 
concedida a liberdade provisória). 
3 Garantia da ordem pública, garantia da ordem econômica, conveniência da instrução criminal e aplicação da lei penal. Será 
estudado oportunamente. 
RELAXAR O FLAGRANTE 
CONVERTER A PRISÃO EM FLAGRANTE EM PRISÃO PREVENTIVA 
CONCEDER LIBERDADE PROVISÓRIA (com ou sem fiança ou 
medidas cautelares), salvo se verificar que o agente é reincidente 
ou integra organização criminosa ou milícia armada ou porta 
arma de fogo de uso restrito (§2 do art. 310 do CPP) 
*para todos verem: esquema abaixo 
 
37 
 
insuficiência das medidas cautelares diversas da prisão (aquelas previstas no Art. 
319 do CPP) passou a ser mais um requisito para o cabimento da prisão 
preventiva. 
Logo, por ser medida de caráter excepcional, o juiz somente poderá 
converter a prisão em flagrante em prisão preventiva se estiverem presentes os 
requisitos dos artigos 312 e 313, ambos do Código de Processo Penal. 
Em síntese: O juiz, ao receber o auto de prisão em flagrante, deverá, 
fundamentadamente, converter a prisão em flagrante em preventiva (inciso II, 
primeira parte), desde que: 
a) a prisão seja legal (inciso I); 
b) as medidas cautelares diversas da prisão se revelarem inadequadas ou 
insuficientes (inciso II, parte final); 
c) o agente não tenha praticado o fato ao amparo das causas de exclusão 
da ilicitude previstas no artigo 23 do Código Penal; 
d) estejam presentes os requisitos dos artigos 312 e 313, ambos do Código 
de Processo Penal. 
Caso contrário, será concedida liberdade provisória (com ou sem fiança ou 
cautelar diversa da prisão). 
Muita atenção devemos dar aos dois últimos parágrafos do artigo 310 do 
Código de Processo Penal. Ambos foram introduzidos pelo pacote anticrime e 
versam sobre situações relativas à prisão em flagrante e a novidade da audiência 
de custódia. Segundo o § 3º, autoridade que deu causa, sem motivação idônea, à 
não realização da audiência de custódia no prazo estabelecido no caput deste 
artigo responderá administrativa, civil e penalmente pela omissão. Percebe-se que 
desejou o legislador uma tríplice de responsabilidade do agente público que, dentro 
da possibilidade de realizar a audiência de custódia, deixa de cumprir seu dever de 
ofício. 
Já o §4º, por sua vez, passa a considerar ilegal, e por consequência 
passível de relaxamento, a prisão em flagrante quando, no prazo de 24 horas após 
sua formalização, não for realizada a audiência de custódia, sem prejuízo, por 
óbvio, da decretação da prisão preventiva quando presentes os pressupostos 
autorizadores de tal medida coercitiva. 
 
38 
 
Aqui indispensável mencionar que, por ora, o disposto no §4º, do artigo 310 
do Código de Processo Penal, por força de decisão cautelar do Ministro Luiz Fux 
do Supremo Tribunal Federal, proferida nas Ações Diretas de Inconstitucionalidade 
(ADIs) 6298, 6299, 6300 e 6305, encontra-se com sua aplicação suspensa. Dessa 
forma, até que o Pleno de nossa Suprema Corte se posicione, a não realização da 
Audiência de Custódia, por si só, não é capaz de ensejar a ilegalidade da prisão. 
Nas palavras do Ministro: O dispositivo impugnado fixa consequência jurídica 
desarrazoada para a não realização da audiência de custódia, consistente na 
ilegalidade da prisão. Esse ponto desconsidera dificuldadespráticas locais de 
várias regiões do país, especialmente na Região Norte, bem como dificuldades 
logísticas decorrentes de operações policiais de considerável". 
 
QUESTÃO 01 – XXVIII EXAME 
Matheus conduzia seu automóvel em alta velocidade. Em razão de manobra 
indevida, acabou por atropelar uma vítima, causando-lhe lesões corporais. Com a 
chegada da Polícia Militar, foi solicitado que Matheus realizasse exame de 
etilômetro (bafômetro); diante de sua recusa, foi informado pela autoridade policial, 
que comparecera ao local, que ele seria obrigado a realizar o exame para verificar 
eventual prática também do crime previsto no Art. 306 da Lei nº 9.503/97. 
Diante da afirmativa da autoridade policial, Matheus, apesar de não desejar, viu-se 
obrigado a realizar o teste do bafômetro. Após conclusão do inquérito policial, com 
oitiva e representação da vítima, foi o feito encaminhado ao Ministério Público, que 
ofereceu denúncia imputando a Matheus apenas a prática do crime do Art. 303, da 
Lei nº 9.503/97, prosseguindo as investigações com relação ao crime do Art. 306 
do mesmo diploma legal. Ainda na exordial acusatória, foi requerida a decretação 
da prisão preventiva de Matheus, pelo risco de reiteração delitiva, tendo em vista 
que ele seria reincidente específico, já que a única anotação constante de sua 
Folha de Antecedentes Criminais, para além do presente processo, seria a 
condenação definitiva pela prática de outro crime de lesão corporal culposa 
praticada na direção de veículo automotor. No recebimento da denúncia, o juiz 
competente decretou a prisão preventiva. Considerando as informações narradas, 
na condição de advogado(a) de Matheus, responda aos itens a seguir. 
 
39 
 
A) Poderia Matheus ter sido obrigado a realizar o teste de bafômetro, conforme 
informado pela autoridade policial, mesmo diante de sua recusa? Justifique. 
B) Qual requerimento deveria ser formulado, em busca da liberdade de Matheus, 
diante da decisão do magistrado, que decretou sua prisão preventiva em razão de 
sua reincidência? Justifique. 
 
QUESTÃO 04 – XXII EXAME 
Diego e Júlio caminham pela rua, por volta das 21h, retornando para suas casas 
após mais um dia de aula na faculdade, quando são abordados por Marcos, que, 
mediante grave ameaça de morte e utilizando simulacro de arma de fogo, exige 
que ambos entreguem as mochilas e os celulares que carregavam. Após os fatos, 
Diego e Júlio comparecem em sede policial, narram o ocorrido e descrevem as 
características físicas do autor do crime. Por volta das 5h da manhã do dia 
seguinte, policiais militares em patrulhamento se deparam com Marcos nas 
proximidades do local do fato e verificam que ele possuía as mesmas 
características físicas do roubador. Todavia, não são encontrados com Marcos 
quaisquer dos bens subtraídos, nem o simulacro de arma de fogo. Ele é 
encaminhado para a Delegacia e, tendo-se verificado que era triplamente 
reincidente na prática de crimes patrimoniais, a autoridade policial liga para as 
residências de Diego e Júlio, que comparecem em sede policial e, em observância 
de todas as formalidades legais, realizam o reconhecimento de Marcos como 
responsável pelo assalto. O Delegado, então, lavra auto de prisão em flagrante em 
desfavor de Marcos, permanecendo este preso, e o indicia pela prática do crime 
previsto no Art. 157, caput, do Código Penal, por duas vezes, na forma do Art. 69 
do Código Penal. Diante disso, Marcos liga para seu advogado para informar sua 
prisão. Este comparece, imediatamente, em sede policial, para acesso aos autos 
do procedimento originado do Auto de Prisão em Flagrante. Considerando apenas 
as informações narradas, na condição de advogado de Marcos, responda, de 
acordo com a jurisprudência dos Tribunais Superiores, aos itens a seguir. 
A) Qual requerimento deverá ser formulado, de imediato, em busca da liberdade de 
Marcos e sob qual fundamento? Justifique. 
 
40 
 
B) Oferecida denúncia na forma do indiciamento, qual argumento de direito material 
poderá ser apresentado pela defesa para questionar a capitulação delitiva 
constante da nota de culpa, em busca de uma punição mais branda? Justifique. 
 
 
QUESTÃO 02 - XII EXAME DE ORDEM 
Ricardo é delinquente conhecido em sua localidade, famoso por praticar delitos 
contra o patrimônio sem deixar rastros que pudessem incriminá-lo. Já cansando da 
impunidade, Wilson, policial e irmão de uma das vítimas de Ricardo, decide que irá 
empenhar todos os seus esforços na busca de uma maneira para prender, em 
flagrante, o facínora. 
Assim, durante meses, se faz passar por amigo de Ricardo e, com isso, ganhar a 
confiança deste. Certo dia, decidido que havia chegada a hora, pergunta se 
Ricardo poderia ajudá-lo na próxima empreitada. Wilson diz que elaborou um plano 
perfeito para assaltar uma casa lotérica e que bastaria ao amigo seguir as 
instruções. O plano era o seguinte: Wilson se faria passar por um cliente da casa 
lotérica e, percebendo o melhor momento, daria um sinal para que Ricardo 
entrasse no referido estabelecimento e anunciasse o assalto, ocasião em que o 
ajudaria a render as pessoas presentes. Confiante nas suas próprias habilidades e 
empolgado com as ideias dadas por Wilson, Ricardo aceita. No dia marcado por 
ambos, Ricardo, seguindo o roteiro traçado por Wilson, espera o sinal e, tão logo o 
recebe, entra na casa lotérica e anuncia o assalto. Todavia, é surpreendido ao 
constatar que tanto Wilson quanto todos os “clientes” presentes na casa lotérica 
eram policiais disfarçados. Ricardo acaba sendo preso em flagrante, sob os 
aplausos da comunidade e dos demais policiais, contentes pelo sucesso do 
flagrante. Levado à delegacia, o delegado de plantão imputa a Ricardo a prática do 
delito de roubo na modalidade tentada. 
Nesse sentido, atento tão somente às informações contidas no enunciado, 
responda justificadamente: 
A) Qual a espécie de flagrante sofrido por Ricardo? 
B) Qual é a melhor tese defensiva aplicável à situação de Ricardo relativamente à 
sua responsabilidade Jurídico penal? 
 
 
41 
 
PEÇA: 
 RELAXAMENTO DA 
PRISÃO 
PALAVRA MÁGICA: 
PRISÃO ILEGAL 
PAROU! 
PEDIU PRA PARAR 
2.6. Peças Práticas no contexto de Prisão em Flagrante 
 
2.6.1. Relaxamento da Prisão 
➢ Base legal: 
 
 
 
 
 
 
→ Identificação: 
O pedido de relaxamento de prisão guarda relação com PRISÃO ILEGAL. 
 
 
 
 
 
 
 
 
→ Conteúdo: 
A prisão ilegal pode decorrer de ilegalidade formal e/ou material. 
 
RELAXAMENTO DA PRISÃO PRISÃO ILEGAL 
BASE LEGAL: Art. 310, inciso I, CPP e Art. 5º, inciso LXV, da CF/88 
*para todos verem: esquema abaixo 
*para todos verem: esquema abaixo 
*para todos verem: esquema abaixo 
 
42 
 
→ Ilegalidade Formal 
Ocorre quando o auto de prisão em flagrante não observou as formalidades 
procedimentais previstas no artigo 304 e 306, ambos do Código de Processo Penal 
e dos incisos do artigo 5º da Constituição Federal/88, notadamente LXI, LXII, LXIII, 
LXIV. 
As ilegalidades formais podem ocorrer durante ou depois da lavratura do 
auto de prisão em flagrante. 
Além da inobservância das formalidades no artigo 304 e artigo 306, ambos 
do Código de Processo Penal e dos incisos do artigo 5º da Constituição Federal/88, 
notadamente LXI, LXII, LXIII, LXIV, pode incidir a ilegalidade pelo excesso de prazo 
da prisão, como, por exemplo, na conclusão do inquérito policial além do prazo 
previsto em lei, sem justificativa plausível ou, ainda, não oferecimento da denúncia 
de réu preso (prazo 05 dias). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ALGUMAS ILEGALIDADES FORMAIS 
* Inobservância das formalidades legais e constitucionais na lavratura do APF. 
* Não comunicação imediata da prisão à autoridade judiciária. 
* Não comunicação imediata ao Ministério Público 
* Não encaminhamento do APF à Defensoria Pública, quando o autuado não 
informa nome de advogado. 
*Não entrega da nota de culpa no prazo de 24 horas. 
* Não viabilizar assistência de advogado. 
* Não comunicação imediata à família. 
* Falta de representação do ofendido, sendo hipótese de prisão decorrente de 
crime de ação penal pública condicionada à representação. 
* Ausência de requerimento da vítima na hipótese de prisão em flagrante por 
crime de ação penal privada; 
* Inversão da ordem de oitiva prevista no Art. 304 do CPP. 
* Falta de laudo de constatação da natureza da substância entorpecente (Art. 
50, §1º, da Lei 11.343/2006) 
*para todos verem: esquema abaixo 
 
43 
 
→ Ilegalidade Material 
Além das formalidades legais e constitucionais para a lavratura do APF, 
devem estar presentes situações autorizadoras da prisão em flagrante. 
Nesse sentido, se a prisão realizada não se enquadra em nenhuma das 
hipóteses do artigo 302 do Código de Processo Penal, a prisão será materialmente 
ilegal. Em outras palavras, se não estiver configurada nenhuma das hipóteses de 
flagrância, a prisão é ilegal. 
Assim, em tese, a ilegalidade da prisão em flagrante, na forma material, 
ocorre invariavelmente antes do início da lavratura do auto de prisão em flagrante. 
 
 
 ALGUMAS ILEGALIDADES MATERIAIS 
* Preso sem estar em situação de flagrância (Art. 302 do CPP) 
* Flagrante preparado/provocado – Súmula 145 do STF 
* Flagrante forjado 
* Preso por fato atípico 
*para todos verem: esquema abaixo 
 
44 
 
A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CRIMINAL DO 
TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA... (se crime doloso contra a vida da competência da 
justiça estadual) 
B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ... VARA CRIMINAL DA 
JUSTIÇA FEDERAL DO TRIBUNAL DO JÚRI DA SEÇÃO JUDICIÁRIA... (se crime doloso 
contra a vida da competência da justiça federal) 
C) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CRIMINAL DA 
COMARCA... (se crime da competência da justiça estadual) 
D) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ... VARA CRIMINAL DA 
JUSTIÇA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE... (se crime da competência da justiça 
federal) 
E) EXCELENTÍSSIMO JUIZ DAS GARANTIAS (quando e se a liminar for cassada pelo 
STF) 
Autos nº 
FULANO DE TAL, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., RG nº..., 
endereço eletrônico..., residente e domiciliado ..., por seu procurador infra-assinado, com 
procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência requerer o 
RELAXAMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE, com base no artigo 310, inciso I, Código 
de Processo Penal e artigo 5º, inciso LXV, da Constituição Federal/88, pelos fatos e 
fundamentos jurídicos a seguir expostos: 
I) DOS FATOS4 
II) DO DIREITO5 
III) DO PEDIDO 
Ante o exposto, requer: 
a) O RELAXAMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE, a fim de que possa responder a 
eventual processo em liberdade; 
b) A expedição do respectivo alvará de soltura; 
c) Vista ao Ministério Público6 
Nestes termos, pede deferimento. 
Local..., data... ADVOGADO... OAB... 
 
4 Fazer um breve relato dos fatos. Não inventar dados. Relatar como ocorreu a prisão. 
5 Buscar no enunciado informações que permitam desenvolver teses voltadas à ilegalidade formal e/ou material. 
6 Alguns autores consideram desnecessária vista ao MP. Por cautela, até porque não há notícia de que ensejaria perda de 
pontos, pode-se adicionar o pedido de vista ao MP. 
 
45 
 
FAÇA VOCÊ MESMO! 
 
Para exercitar a peça acima, consulte o material disponível na pasta “Prisão 
Processual” no Sistema EAD. 
 
Acesse Prisão Processual clicando aqui. 
 
O enunciado correspondente está na apostila “E-book: Caderno de peças”, na 
pág. 3. E a resolução consta na mesma apostila, na pág. 21. 
 
Clique aqui e acesse o E-book. 
 
Após realizar a peça, assista à respectiva aula de estruturação! 
 
Acesse a aula clicando aqui. 
 
EM RESUMO: 
 
 
*para todos verem: esquema abaixo 
https://ceisc.com.br/ead/curso/aulas_categoria/586/1294
https://d1ly1csstr22jg.cloudfront.net/arquivos/HLplRix31oZFc4bvlrKHPZc5tbqyGgenr9AkalP0.pdf
https://ceisc.com.br/ead/aula/586/90401/37
 
46 
 
2.6.2. Liberdade Provisória 
 
→ Considerações Gerais 
Entende-se por liberdade provisória o instituto destinado a conferir ao 
acusado o direito de responder ao processo em liberdade, mediante o cumprimento 
ou não de determinadas condições. 
Nas palavras de Avena, com o advento da Lei nº 11.719/2008, modificada 
a redação do artigo 408 (que restou substituído pelo atual Art. 413) e revogado o 
artigo 594, ficou o instituto da liberdade provisória limitado à prisão em flagrante.7 
Esse também é o entendimento de Nucci8, segundo o qual “a liberdade 
provisória, com ou sem fiança, é um instituto compatível com a prisão em flagrante, 
mas não com a prisão preventiva ou temporária. Nessas duas últimas hipóteses, 
vislumbrando não mais estarem presentes os requisitos que a determinam, o 
melhor a fazer é revogar a custódia cautelar, mas não colocar o réu em liberdade 
provisória, que implica sempre o respeito a determinadas condições”. 
A liberdade provisória está prevista no artigo 310, inciso III, do Código de 
Processo Penal, segundo o qual ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz 
poderá, fundamentadamente, conceder a liberdade provisória, com ou sem fiança. 
Está prevista ainda no artigo 5º, inciso LXVI, da Constituição Federal/88, ninguém 
será levado à prisão ou nela mantido quando a lei admitir a liberdade provisória, 
com ou sem fiança. 
Além disso, o artigo 321 do Código de Processo Penal dispõe que, 
ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva, o juiz 
deverá conceder liberdade provisória, impondo, se for o caso, as medidas 
cautelares previstas no artigo 319 do Código de Processo Penal e observados os 
critérios constantes do artigo 282 do Código de Processo Penal. 
Segundo Lopes Júnior, a liberdade provisória é disposta como uma medida 
cautelar (na verdade, uma contracautela), alternativa à prisão preventiva, nos 
termos do artigo 310, inciso III, do Código de Processo Penal. No sistema 
brasileiro, situa-se após a prisão em flagrante e antes da prisão preventiva, como 
medida impeditiva da prisão cautelar [...] É a liberdade provisória uma forma de 
 
77 AVENA, Norberto. Processo Penal Esquematizado. São Paulo: Método. 2013. p. 973. 
88 NUCCI, Guilherme Souza. Código de Processo Penal Comentado. São Paulo: RT. 2016, p. 785. 
 
47 
 
PEÇA: 
 LIBERDADE 
PROVISÓRIA 
PALAVRA MÁGICA: 
PRISÃO FLAGRANTE 
LEGAL 
PAROU! 
PEDIU PRA PARAR 
evitar que o agente preso em flagrante tenha sua detenção convertida em 
preventiva.9 
 
→ Base legal 
 
 
 
 
 
 
→ Identificação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cabe pedido de liberdade provisória nas hipóteses de prisão flagrante 
legal. 
 
→ Conteúdo 
Se a prisão em flagrante se revestir de legalidade, pode o magistrado 
conceder a liberdade provisória sem nenhuma restrição, ou, ao contrário, impor ao 
agente a prestação de fiança e/ou outra medida cautelar diversa da prisão. 
Nos crimes afiançáveis, ausentes os requisitos que autorizam a prisão 
preventiva, é possível a concessão da liberdade provisória com fiança. 
Convém registrar, por pertinente, que há crimes inafiançáveis, tais como 
os crimes de racismo, tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, 
 
9 LOPES JÚNIOR, Aury. Direito Processual Penal. 9ª ed. São Paulo: Saraiva. 2016, p. 703. 
BASE LEGAL: art. 310, inciso III, CPP, art. 321 do CPP e art. 5º, inciso 
LXVI da CF/88 
*para todos verem: esquema abaixo 
*para todos verem: esquema abaixo 
 
48 
 
terrorismo, crimes hediondos, bem como crimes cometidos por grupos armados, 
civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático. É o que 
se extrai do artigo 323 do Código de Processo Penal e artigo 5º, XLII e XLIII, 
Constituição Federal/88. Nesses casos, se ausentes os requisitos da prisão 
preventiva, será possível a concessão

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