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Responsabilidade Social e Empresarial Aula 2 Profa. María del Carmen Hernández Gonçalves INTRODUÇÃO De acordo com Aristóteles (filósofo grego do século IV a.C.), o homem sempre é um animal político que se define, por sua vida inteira, numa sociedade organizada politicamente. Numa coletividade, que está sempre envolvida com as questões de direitos e deveres, a ação humana está objetivada em conquistas ideológicas, econômicas, políticas, sociais, culturais e religiosas. Essas conquistas estão fundamentadas numa evolução para melhor, não se importando, muitas vezes, com ”certas” consequências para o próprio meio e para o meio do outro. Porém, as conquistas que signifiquem ”poder e/ou status” sociais, desde os habitantes primitivos e na maioria das nações, parecem ter sido as mais desejadas. Importa, portanto, saber os modos de exercício do poder econômico, as formas de exploração no tempo, a reação dos povos subordinados, a contrarreação dos grupos dominantes e o resultado para a coletividade. Nesta aula 2, Sociedade e Modernidade, o que pretendemos é o conhecimento e a reflexão sobre a história, causas e efeitos, dos avanços e comportamentos, através dos diferentes acontecimentos que impactaram a humanidade. O objetivo é que você tenha elementos que lhe ajudem como administrador a elaborar planos de ação mais concretos onde a análise sobre a desigualdade social e o impacto e riscos ambientais fruto do capitalismo fique clara, como meio de aumentar a riqueza, sem necessidade de depredar o patrimônio ambiental do planeta. PROBLEMATIZAÇÃO O sistema capitalista, à medida que se consolidou, agravou as questões ambientais? a) O capitalismo transformou a natureza em mercadoria. Com isso, uma floresta ou uma jazida mineral adquiriu valor de troca. b) A forma de produzir da indústria é necessária, a emissão de gases na atmosfera e de substâncias e objetos que envenenam os rios está controlada, a extração de recursos naturais em larga escala para abastecer as fábricas com matérias-primas minimizou-se nos últimos anos. c) Produzir e consumir em larga escala gera um consumo pouco expressivo de energia, de origem fóssil, como petróleo e carvão mineral. Alternativa correta: A Historicamente pode-se dizer que este sistema, efetivado pela Revolução Industrial, veio a agravar de forma dramática os problemas do meio ambiente, pela poluição, e a transformação da natureza em um provedor sistemático de recursos naturais sem nenhum tipo de constrangimento. CONCEITOS: CAPITALISMO E REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Origem do capitalismo Encontramos a origem do sistema capitalista na passagem da Idade Média para a Idade Moderna. Com o renascimento urbano e comercial dos séculos XIII e XIV, surgiu na Europa uma nova classe social: a burguesia. Esta nova classe social buscava o lucro através de atividades comerciais. Neste contexto, surgem também os banqueiros e cambistas, cujos ganhos estavam relacionados ao dinheiro em circulação, numa economia que estava em pleno desenvolvimento. Historiadores e economistas identificam nesta burguesia, e também nos cambistas e banqueiros, ideais embrionários do sistema capitalista: lucro, acúmulo de riquezas, controle dos sistemas de produção e expansão dos negócios. Capitalismo é um sistema econômico em que os meios de produção e distribuição são de propriedade privada e com fins lucrativos. Decisões sobre oferta, demanda, preço, distribuição e investimentos não são feitos pelo governo e os lucros são distribuídos para os proprietários que investem em empresas, e os salários são pagos aos trabalhadores pelas empresas. O capitalismo é dominante no mundo ocidental desde o final do feudalismo. O capitalismo passou por várias fases. Cada uma delas possuem características específicas segundo o momento histórico: Capitalismo comercial ou pré-capitalismo Capitalismo industrial Capitalismo monopolista-financeiro Capitalismo comercial ou pré-capitalismo Este período estende-se do século XVI ao XVIII. Inicia-se com as Grandes Navegações e Expansões Marítimas Europeias, fase em que a burguesia mercante começa a buscar riquezas em outras terras fora da Europa. Os comerciantes e a nobreza estavam à procura de ouro, prata, especiarias e matérias-primas não encontradas em solo europeu. Estes comerciantes, financiados por reis e nobres, ao chegarem à América, por exemplo, vão começar um ciclo de exploração, cujo objetivo principal era o enriquecimento e o acúmulo de capital. Neste contexto, podemos identificar as seguintes características capitalistas: busca do lucro, uso de mão de obra assalariada, moeda substituindo o sistema de trocas, relações bancárias, fortalecimento do poder da burguesia e desigualdades sociais. Capitalismo industrial No século XVIII, a Europa passa por uma mudança significativa no que se refere ao sistema de produção. A Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra, fortalece o sistema capitalista e solidifica suas raízes na Europa e em outras regiões do mundo. A Revolução Industrial modificou o sistema de produção, pois colocou a máquina para fazer o trabalho que antes era realizado pelos artesãos. O dono da fábrica conseguiu, desta forma, aumentar sua margem de lucro, pois a produção acontecia em maior quantidade e com mais rapidez. Se por um lado esta mudança trouxe benefícios (queda no preço das mercadorias), por outro a população perdeu muito. O desemprego, baixos salários, péssimas condições de trabalho, poluição do ar e rios e acidentes nas máquinas foram problemas enfrentados pelos trabalhadores deste período. O lucro ficava com o empresário que pagava um salário baixo pela mão-de-obra dos operários. As indústrias, utilizando máquinas a vapor, espalharam-se rapidamente pelos quatro cantos da Europa. O capitalismo ganhava um novo formato. Muitos países europeus, no século XIX, começaram a incluir a Ásia e a África dentro deste sistema. Estes dois continentes foram explorados pelos europeus, dentro de um contexto conhecido como neocolonialismo. As populações destes continentes, foram dominadas à força e tiveram suas matérias-primas e riquezas exploradas pelos europeus. Eram também forçados a trabalharem em jazidas de minérios e a consumirem os produtos industrializados das fábricas europeias. Capitalismo monopolista-financeiro Iniciada no século XX, esta fase vai ter no sistema bancário, nas grandes corporações financeiras e no mercado globalizado as molas mestras de desenvolvimento. Podemos dizer que este período está em pleno funcionamento até os dias de hoje. Grande parte dos lucros e do capital em circulação no mundo passa pelo sistema financeiro. A globalização permitiu as grandes corporações produzirem seus produtos em diversas partes do mundo, buscando a redução de custos. Estas empresas, dentro de uma economia de mercado, vendem estes produtos para vários países, mantendo um comércio ativo de grandes proporções. Os sistemas informatizados possibilitam a circulação e transferência de valores em tempo quase real. Apesar das indústrias e do comércio continuarem a lucrar muito dentro deste sistema, podemos dizer que os sistemas bancário e financeiro são aqueles que mais lucram e acumulam capitais dentro deste contexto econômico atual. O capitalismo continua se desenvolvendo até os dias atuais, como consequência da primeira Revolução Industrial. Uma Terceira Revolução Industrialé apontada com o aprimoramento da tecnologia informacional, principalmente depois da década de 1970. ORIGEM DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL No ponto de vista socioeconômico, a Revolução Industrial proporcionou o comércio em escala mundial. O modelo Feudal, essencialmente agrário – característico da Idade Média – entrou, gradativamente, em decadência, cedendo lugar ao comércio internacional em larga escala. Os grandes latifundiários, os senhores feudais, bem como a estrutura agrária feudal, entraram em franco declínio, cedendo lugar para o capitalismo da burguesia industrial emergente. À medida que o Capitalismo emergia e tornava-se o sistema dominante, mais se intensificava a produção destinada à venda, ou seja, para o mercado. Ao mesmo tempo crescia a concorrência entre os proprietários das manufaturas e também entre os comerciantes. Essa competitividade acabou conduzindo o processo produtivo a uma série de mudanças que culminaram com a chamada Revolução Industrial. Nascia a indústria moderna ou maquino fatura, caracterizada não mais pela habilidade manual do artesão/trabalhador, mas principalmente pelo uso de máquinas na produção de bens. Por que a Revolução Industrial foi caracterizada como revolução? No caso da Revolução Industrial, o aspecto revolucionário desse fenômeno esteve no âmbito tecnológico, por isso o advento da indústria e da produção mecanizada, ocorrido na Inglaterra do século XVIII principalmente a partir da invenção da máquina a vapor por James Watt, em 1760, caracterizou-se como revolução. Dentre os muitos avanços tecnológicos, destacam-se alguns. Confira a seguir! 1698 – O motor a vapor, inventado por Thomas Newcomen. 1708 – A máquina de semear puxada a cavalo, inventada por Jethro Tull. 1733 – Lançadeira volante para tear, inventada por John Kay. 1779 – A primeira ponte em ferro fundido, construída por John Wilkinson e Abraham Darby. 1780 – O tear a vapor, inventado por Edmund Cartwright. 1800 – A bateria elétrica, inventada por Alessandro Volta. 1807 – Iluminação de rua a gás. 1825 – Locomotiva a vapor, inventada por George Stephenson, que inaugurou nesse mesmo ano a primeira ferrovia do mundo, ligando as cidades britânicas de Darlington e Stockton-on-Tess. 1844 – Inauguração da primeira linha de telégrafo, ligando as cidades americanas de Washington e Baltimore. 1865 – Primeiro cabo telégrafo submarino. 1876 – O telefone, inventado por Alexander Graham Bell. 1877 – O fonógrafo, inventado por Thomas Alva Edison, que também inventaria o cinetógrafo e seria um dos pais na invenção do Cinema (1896). 1879 – Inauguração da iluminação elétrica, em Mento Park, New Jersey (EUA). 1895 – A radiotelegrafia, inventada por Guglielmo Marconi. A principal característica da Revolução Industrial foi a criação do sistema fabril mecanizado, isto é, as fábricas passaram da simples produção manufaturada para a complexa substituição do trabalho manual por máquinas. Essa substituição implicou na aceleração da produção de mercadorias, que passaram a ser produzidas em larga escala. Essa produção em larga escala, por sua vez, exigiu uma demanda cada vez mais alta por matéria-prima, mão de obra especializada para as fábricas e mercado consumidor. Tal exigência implicou, por sua vez, também na aceleração dos meios de transporte de pessoas e mercadorias. Era necessário o encurtamento do tempo que se percorria de uma região à outra para escoar os produtos. Nesse sentido, a Revolução Industrial estimulou o desenvolvimento das cidades – que tiveram que se adaptar ao grande contingente de pessoas que migrava do meio rural em busca de emprego nas fábricas –, bem como a criação de transportes, como a locomotiva a vapor (ou “trem de ferro”), que exigia uma malha ferroviária, isto é, linhas de trem feitas de ferro para estabelecer a ligação entre as regiões. Mas por que, necessariamente, a Revolução Industrial ocorreu na Inglaterra? As condições para o desenvolvimento da indústria estavam nesse país. A começar pela sofisticada manufatura têxtil que os ingleses detinham desde a época da colonização da América – elemento que seria o modelo para a criação da máquina de fiar tecido movida a vapor. Outros fatores importantes foram as transformações políticas ocorridas no século XVII a partir da Revolução Gloriosa (1688-1689), como a política dos cercamentos aplicada à agricultura, que forçou a migração da população camponesa para as cidades, e a institucionalização do direito de propriedade privada, que seria uma das bases principais para o desenvolvimento pleno do capitalismo industrial inglês. Além disso, as reservas minerais de ferro e carvão em território inglês foram fundamentais para a construção do maquinário fabril. A radicalidade das transformações tecnológicas trazidas com a Revolução Industrial pôde ser observada também na mudança de mentalidade da época, como destacou o historiador Francisco Iglésias: "Do século XV ao XVIII verificou-se verdadeira mudança de mentalidade. A mecânica e a técnica, de menosprezadas, passaram a supervalorizadas. Não é generalizada essa aceitação, pois os preconceitos têm raízes fundas, dificilmente removíveis. Ainda no século XVIII e mesmo nos seguintes, até o atual, encontra-se certa atitude de suspeita ante o manual ou mecânico, enquanto se realça o ócio, o lazer, a condição de nobreza, que não trabalha ou só trabalha com a inteligência e exerce o comando. Daí a desconsideração com tarefas como as agrícolas - revolver as terras com as mãos - as artesanais ou manufatureira, ou mesmo as comerciais (...). Curioso lembrar como os médicos, forrados de humanismo, não tinham respeito pelos cirurgiões, pois exerciam labor mecânico. Até 1743 - repare-se a data - eram vistos como espécie de barbeiros." (Iglésias, Francisco. A Revolução Industrial. São Paulo: Brasiliense, 1981, p. 40-41). Como consequências da Revolução Industrial, podemos apontar o desenvolvimento tecnológico acelerado, que caracterizou uma sucessão de etapas evolutivas, como a Segunda Revolução Industrial desenvolvida no século XIX. Seu principal aspecto foi a criação dos motores de combustão interna movidos a combustíveis derivados do petróleo. A Terceira Revolução Industrial desenvolvida no século XX e ainda em expansão, tem como aspecto principal os ramos da microeletrônica, engenharia genética, nanotecnologia, entre outros. Além disso, a formação da sociedade de massas constituiu também uma das consequências da Revolução Industrial, haja vista que o crescimento das cidades e a grande quantidade de trabalhadores que formaram a classe operária e que passaram a habitar os centros urbanos gerando as massas, isto é, o grande fluxo de pessoas em uma só região. Paralelamente a tudo isso, ocorria o despovoamento do campo, provocando o êxodo rural. A cidade passa a comandar o meio rural, determinando o que produzir e como produzir. Além disso, começam a surgir as primeiras regiões industriais, com extensas áreas, englobando diversas cidades com forte concentração da atividade industrial. O Vale do Ruhr, na Alemanha e a região de Pittsburg, nos Estados Unidos são alguns dos inúmeros exemplos de regiões industriais que surgem no Hemisfério Norte e depois se tornam comuns também no Hemisfério Sul. A Revolução Industrial é a relação dinâmica entre ciência e técnica, entre o saber e o fazer, multiplicando o ritmo das invenções e transformações sociais. O espaço produtivo principal deixa de ser o campo, e as atividades agropastorisjá não são o carro-chefe da Economia. A indústria é a nova sede da prosperidade econômica e local onde as pessoas se concentram para produzir e gerar riqueza. Multiplica-se a produtividade, com a nova divisão do trabalho articulando a produção de manufaturados, realizada agora por um número maior de pessoas em espaços cada vez mais reduzidos. Vale a pena refletir como gestor, na relação intrínseca entre Capitalismo e Revolução Industrial. O advento da indústria moderna representou a consolidação do sistema capitalista, promovendo uma radical transformação na organização do espaço geográfico. Nos textos e informações que seguem você ficará ciente de invenções e descobertas que contribuíram para maior domínio sobre a natureza, causando logicamente não só um impacto ambiental, mas principalmente ocasionando impactos sociais que provocaram situações de riqueza e ao mesmo tempo de prejuízo na população. Importante saber que o impacto social ocasionado pelas Revoluções burguesas e principalmente pela Revolução Industrial, proporcionaram a criação de um cenário de instabilidade e contradição: Aumento da produção Investimento em tecnologia Consolidação do processo de industrialização Ascensão política da burguesia Êxodo rural Consequente processo de urbanização com seu correspondente impacto ambiental Outro fenômeno importante é o aparecimento do proletariado e de sua consciência de classe e o surgimento de um grande número de desempregados, miséria, depredação e injustiças sociais. A sua tarefa é árdua: entender os sistemas e os processos históricos, base do que temos hoje, e apresentar análises e soluções visando como gestor empreendedor um futuro mais justo, equitativo e solidário. Pesquise o que é o mercantilismo e responda: a) O mercantilismo pode ser considerado como um grande propulsor da globalização? b) Que semelhanças podem ser encontradas entre as políticas mercantilistas e certas políticas protecionistas da atualidade? IMPACTOS SOCIAIS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Alterações sociais e condições de trabalho ”A semente que semeais, outro colhe…” (HUBERMAN, 2014) Com a Revolução Industrial, ocorreu um enorme aumento da produtividade, em função da utilização dos equipamentos mecânicos, da energia a vapor e, posteriormente, da eletricidade, que passaram a substituir a força animal e dispensava o trabalho humano. Esse aumento de produtividade aliado ao excesso de mão-de-obra gera, inevitavelmente, desemprego. E novas levas de milhares e milhares de trabalhadores desempregados vão se incorporar à grande massa dos mendigos. Essa situação foi muito mais dramática na Europa Continental do que na Inglaterra por uma questão de emigração dos ingleses que deixaram as ilhas britânicas em direção a outras partes do mundo, principalmente Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia e algumas regiões da África. Essa emigração foi acentuada a partir de 1850, em cuja década alcançou mais de 2,5 milhões de pessoas contra apenas 200 mil ingleses que emigraram na década de 1820. A situação só não foi mais catastrófica por que ao lado da Revolução Industrial ocorreu também uma Revolução Agrícola. A utilização de novos métodos agrícolas, rotação de safras, sementes selecionadas e o surgimento de novos equipamentos agrícolas, produziram um extraordinário aumento na produção de alimentos. Isso tornou o preço da alimentação mais barato e ajudou enormemente a sobrevivência dos trabalhadores. É bem verdade que, aí também, há um aspecto perverso: na medida em que melhoraram os preços e as condições de alimentação, o número de filhos por família aumentava assustadoramente. Como vimos anteriormente, ocorreu com a Revolução Industrial um extraordinário desenvolvimento da indústria têxtil, que veio acompanhada de forte expansão na produção agrícola de algodão - principalmente nas colônias - e da pecuária de carneiros para a produção de lã. Na Inglaterra, essa alteração na estrutura da produção agrícola representou uma transferência profunda da agricultura de alimentação para subsistência por uma nova atividade: a criação de carneiros, que ocupava enormes extensões de terra. Essa mudança na estrutura da produção representou simplesmente a expulsão de milhares e milhares de camponeses de suas terras, para que os grandes proprietários expandissem a produção da lã. Esses camponeses expulsos de suas terras foram parar nas cidades, onde muitos encontravam empregos na indústria, mas a maioria perambulava desempregada. O excesso de mão de obra nas cidades industriais fez com que baixassem tremendamente os salários dos trabalhadores. É verdade que alguns trabalhadores especializados, nas novas fábricas, melhoravam seus padrões de vida. Mas a maioria ganhava o suficiente apenas para se alimentar e sobreviver. Segundo a "História da Civilização Ocidental", de Edward Burns e outros, na cidade industrial de Bolton, na Inglaterra, no ano de 1842, um tecelão manual não conseguia ganhar mais do que cerca de três xelins, enquanto, nessa época, estimava-se necessário pelo menos 20 xelins semanais para manter uma família de cinco pessoas um pouco acima do limite da miséria. Na área da habitação, a situação era igualmente constrangedora. Em muitas das grandes cidades, homens e velhos viviam em casa de cômodos, separados de suas famílias que haviam deixado no campo. Os trabalhadores mais pobres, em quase todas as cidades europeias, moravam em horríveis quartos de porão, muitas vezes destituídos de luz, de água e de esgotos. Daí a ocorrência intensa e frequente da cólera, do tifo e da tuberculose, que produziam uma enorme mortalidade infantil. Os historiadores diziam e dizem ainda hoje que podiam se considerar felizes os trabalhadores que não morressem de fome. Igualmente penosas eram as condições de trabalho nas fábricas: antes de 1850, a jornada fabril era longa, em geral de 12 a 14 horas diárias. O ambiente das fábricas era sujo e perigoso. As máquinas eram desprotegidas e ocasionavam frequentes acidentes de trabalho, muitas vezes mutilando os trabalhadores. Por outro lado, havia um tremendo rigor em relação ao horário de trabalho e à permanência dos trabalhadores junto às máquinas. Ao lado disso, havia, na maior parte das fábricas, a preferência na contratação de mulheres e crianças, pois, além de protestarem menos quanto às condições de trabalho, pareciam conformadas em aceitar salários menores. É no contexto da Revolução Industrial, da deterioração das condições de vida dos trabalhadores, do desemprego e da miséria, que a Europa vai se aproximando da Revolução Francesa de 1789. Agravou a situação uma sucessão de más colheitas, resultando na escassez de alimentos e na elevação de seus preços. A fome e a miséria são os principais ingredientes da revolta do povo que levou à Revolução Francesa. As últimas décadas do século XVIII registraram esse quadro doloroso na Europa, onde desemprego e fome multiplicavam incrivelmente o número dos mendigos e vagabundos. No inverno, viviam todos recolhidos às suas pobres casas e cabanas procurando algum aquecimento em seus abrigos, mas, na primavera, surgiam os bandos de salteadores, criando insegurança nos campos e nas estradas. No entanto, chegou um momento, no final da década de 1780, em que os camponeses se armaram e iniciaram uma grande revolta conhecida com o nome de "O Grande Medo", invadindo os castelos e queimando os títulos de propriedade. Nas regiõesde Macon e Bajulais, 72 castelos foram incendiados. O medo de perder suas terras levou os burgueses a se unirem aos nobres e a organizarem tropas armadas para repelir as invasões gerando uma luta de classes violenta e sangrenta. A crise econômica que veio na esteira da Revolução Industrial e da Revolução Francesa provocou enormes agitações políticas em toda a Europa. Contra o chamado “capitalismo selvagem”, ideias socialistas foram gradativamente ganhando corpo, minando as estruturas do Estado e da burocracia. Os trabalhadores começaram a se organizar em Sindicatos e ganharam enorme poder de luta na defesa de seus interesses. Na Inglaterra, realizou-se um movimento político reformista de grande significação, o então chamado "Carlismo", entre 1833 e 1848, cujo programa (Carta do Povo) consegue a primeira lei de proteção ao trabalho da criança (1833) e das mulheres (1842), assim como a limitação da jornada de trabalho a 10 horas (1847). No campo político, uma onda revolucionária varreu a Europa, na França, Itália, Alemanha, Suíça, após a derrubada do Rei Carlos X, na Revolução Popular de 1830 que escolheu Luiz Felipe como monarca. Na grande Revolução de 1848, Luiz Felipe é destronado e Luiz Bonaparte, sobrinho de Napoleão, é eleito presidente da República da França. A Revolução Industrial na sua sequência, tomou, no plano das ideias, dois rumos diferentes: em uma vertente desenvolveram-se as ideias do liberalismo econômico, segundo os postulados dos grandes economistas do final do século XVIII, principalmente Adam Smith, David Ricardo, Jean Batista Sá e John Stuart Mill. Na outra vertente surgiram, mais tarde, as reações de cunho socialista, que atingem um ponto máximo com o Manifesto Comunista de 1848, de Kart Marx e Frederick Engels. ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DO CAPITALISMO NA DESIGUALDADE SOCIAL E NA AMPLIAÇÃO DOS RISCOS AMBIENTAIS ”em qualquer sociedade industrial, a poluição aumenta à medida em que cresce a produção. Para haver menos poluição é preciso diminuir a produção. Isso significa também, menor produtividade, o que implica em rebaixamento de salários – impraticável num sistema que vive do consumo, o qual, por sua vez, precisa aumentar para gerar mais lucros. Ou seja, despoluir representa um aumento de custo fora de questão e insuportável para uma economia que não levou em conta – como jamais leva em conta problemas ligados ao homem – a agressão ao meio ambiente e agora está num beco sem saída. Pela primeira vez na história, a ecologia passa a ser um dado importantíssimo para a própria sobrevivência do capitalismo. Da mesma forma que a poluição pode ameaçar a vida no planeta, pode também quebrar as regras que possibilitam a acumulação de capital. Não seria nada fantástico que, nesse impasse, o capitalismo preferisse sobreviver deixando o mundo acabar…” (CHIAVENATO, J.J. O massacre da natureza. São Paulo, Moderna, 1990, p. 20) Difícil, não? Qual será sua resposta? Um administrador empreendedor sustentável, precisa corrigir o modo de pensar e agir. É necessário recuperar a saúde da terra e da dignidade humana… mesmo hoje, com todos os grandes avanços e possibilidades, a desigualdade social continua, morrem pessoas de fome… a destruição da camada de ozônio e a emissão de dióxido de carbono é constante… As regiões mais desenvolvidas do planeta são as principais responsáveis do aquecimento global… poluição. Século XXI, e o impacto social sofrido pelos indivíduos, não mudou desde a Revolução Industrial. Pelo contrário, alguns problemas agravaram-se. Conhecer e analisar os eventos como a superpopulação, o lixo, os arsenais nucleares e o armamentismo fazem parte da reflexão dos novos gestores… mas é necessário produzir riqueza. Encontrar caminhos, supõe que se conheça e analise a realidade. Que alternativas temos? Hoje, é necessário entender a relação entre sistema capitalista e impactos sociais, interesse dos países em mudar seus comportamentos, respeito aos recursos naturais, entender a inclusão social não como caridade, mas sim como direito inerente à dignidade humana, perceber o jogo político das nações para favorecer seus interesses econômicos… enfim, participar na construção de um novo tipo de relações nas quais a natureza e o homem sejam os protagonistas. Vamos então aprofundar mais sobre a influência do capitalismo na desigualdade social e como as ações produzidas pelo sistema, ampliam os riscos ambientais. CRESCIMENTO ECONÔMICO E PROGRESSO SOCIAL RECONSIDERADOS: O DOMÍNIO DA POLÍTICA O Século XX terminou em frustração, deixando para trás uma prosperidade global sem precedentes, desfigurada por uma absurda má distribuição de ativos e de rendas (entre as nações e no interior delas), problemas sociais e humanitários assustadores, o registro horrendo de guerras e genocídios em um sistema internacional fraco demais para promover uma paz duradoura, equidade e desenvolvimento genuíno. As mudanças ocorridas durante o século foram realmente formidáveis, apesar das duas guerras mundiais assassinas e terrivelmente destrutivas. A população cresceu e a expectativa de vida normal passou nos países industrializados de 45 a 75 anos. O progresso foi espetacular ainda nos países pobres. Graças ao aumento na produtividade do trabalho, o PNB global foi multiplicado por 17,5, permitindo um acréscimo de quase cinco vezes no PNB per capita. Uma distribuição igualitária do PNB global daria a cada habitante o direito a cinco mil dólares, o bastante para satisfazer com folga todas suas necessidades. Em vez disso, estamos assistindo a uma piora contínua de distribuição de renda. Todos conhecem muito bem a desanimadora situação social e humanitária do nosso planeta. Só vamos lembrar aqui que cerca de 1,3 bilhão de pessoas vivem com menos de um dólar por dia, cerca de 800 milhões estão subnutridas e 30% da força de trabalho mundial está desempregada ou severamente subempregada, enquanto mais de 250 milhões de crianças estão trabalhando como operários infantis. Por um lado, crescimento econômico e transformação técnica, sem precedentes; por outro, a dramática situação social de tantas pessoas cujas vidas estão sendo irremediavelmente desperdiçadas. Mas uma situação muito mais comum é a do crescimento por meio da desigualdade, com efeitos sociais perversos: a acumulação de riqueza nas mãos de uma minoria com uma produção simultânea de pobreza maciça e deterioração das condições de vida. Em casos extremos, estamos em presença de crescimento com ”desdesenvolvimento”. Por outro lado, o fato do desenvolvimento não ser sinônimo de crescimento econômico não deveria ser interpretado em termos de uma oposição entre crescimento e desenvolvimento. O crescimento econômico, com uma nova concepção criada para minimizar os impactos ambientais negativos e posta ao serviço de metas socialmente desejáveis ainda é uma condição necessária para o desenvolvimento. Portanto, precisamos aprender a distinguir diferentes tipos de crescimento. Uma variedade frequente, mas inaceitável, é o crescimento selvagem, com custos sociais e ambientais intoleravelmente altos. Durante a idade de ouro do capitalismo, em consequência do pleno emprego acoplado às políticas fordistas de renda, a Europa Ocidental experimentou um crescimento socialmente benigno; entretanto, ele gerou, ao mesmo tempo, uma degradação ambiental considerável. Algumas tentativas de ecologizar os modelos atuais de crescimento podem acabar produzindo uma variedadeambientalmente benigna, mas socialmente degradante, por causa da incapacidade de resolver o desemprego e o subemprego crônicos. O desenvolvimento genuíno deve obedecer ao duplo imperativo ético de solidariedade sincrônica com a geração presente e a solidariedade diacrônica com as gerações futuras, e basear-se num contrato social estabelecido democraticamente, complementado por um contrato natural. A chave para conciliar o crescimento econômico com o desenvolvimento social encontra-se no domínio da política, na capacidade de dar ao processo de desenvolvimento a orientação necessária, em termos de um projeto criado democraticamente, e de criar um sistema de regulamentação das esferas pública e privada de nossas vidas. O potencial de desenvolvimento de um país depende, em primeiro lugar, de sua capacidade cultural de pensar sobre seus futuros desejáveis de maneira endógena. Na visão de Celso Furtado apud Sachs (2007, p. 384) é vital enfatizar a necessidade de formular políticas de desenvolvimento explicitando as metas a serem alcançadas, em vez de derivá-las da lógica dos meios impostos pelo processo de acumulação, comandado pelas empresas transnacionais. Focalizando a mesma questão, Aminata Traoré, do Mali, tem o seguinte a dizer: “Para domesticar o desenvolvimento, isto é, para impedir que seja usado como um instrumento de transformação social, econômica e política que trabalhe contra nossos interesses, é essencial pensar o desenvolvimento, e colocá-lo em prática, tendo em mente o que sabemos sobre o que fazer com os recursos que temos, de acordo com uma perspectiva que é nossa, ou ao menos na qual possamos nos reconhecer. Cada aspecto de nossa existência permite este trabalho de redefinição e reorientação: educação, saúde, alimentação, moradia, roupas, o Estado, governabilidade, descentralização e, evidentemente, a luta contra a pobreza. “ (TRAORÉ apud Sachs, et al., 2007 p. 384) A democracia é o valor principal. Deve ser interpretada de maneira consistente, ao se ampliarem os espaços de manobra daquilo que é conhecido como democracia direta, afirmando-se a centralidade dos direitos humanos, vista como lei suprema. ”O desenvolvimento deve ser equiparado à expansão das liberdades positivas e a apropriação efetiva de todos os direitos humanos por todas as pessoas”. (TRAORÉ apud Sachs, et al., 2007 p. 385). Nas palavras de GALTUNG, apud et, al., 2007 p. 385, ”democracia é empoderamento, um esforço gigantesco para compartilhar com mais igualdade as tomadas de decisão política, subsistência decente, segurança em relação à violência e identidade cultural. Reduzir a democracia à dinâmica eleitoral é perder sua essência”. O desenvolvimento surgiu há cerca de 60 anos como uma ”ideia de força” para orientar a reconstrução do pós-guerra e, logo depois do processo de descolonização – sem dúvida alguma, a mais importante mudança geopolítica ocorrida no século XX – para tornar-se, lado a lado com a preservação da paz, o fundamento da filosofia de ação da ONU. Infelizmente, o fosso entre a retórica e a realidade aumentou nos últimos anos, pois a difusão do evangelho neoliberal conseguiu solapar a própria credibilidade do conceito. No entanto, não só nos países em desenvolvimento do Sul, mas também nos países industrializados do Norte precisam tomar a pista do desenvolvimento e assegurar a expansão das liberdades positivas, mediante a promoção das soluções ganhadoras. As condições materiais para se avançar nessa direção são melhores do que nunca. Não temos o direito de falhar nessa tentativa. O sistema capitalista, à medida que se consolidou, agravou as questões ambientais? Justifique sua afirmativa ou sua posição contraria. DESIGUALDADE SOCIAL VS. RISCO AMBIENTAL: MINIMIZAÇÃO DOS RISCOS AMBIENTAIS Na lida diária de cada ser humano está presente a possibilidade da ação criadora, sensível para potencializar os processos vitais. Somos desafiados a reinventar os caminhos que levem à plenitude da Vida. Sabemos o que perdemos ao aplicar apenas os princípios da racionalidade instrumental; podemos descobrir a serena alegria de uma nova atitude que inclua o amor, a bondade, a compaixão pela Terra e pela pessoa humana. Do contrário, temos tudo para ampliar o caos vigente. Principais problemas ambientais e minimização dos riscos Uma velha frase bíblica convida a contemplar o sentido de mútua relação entre os seres da natureza: ”…Olhai os lírios, como crescem. Não trabalham nem tecem, mas eu vos digo: nem Salomão com toda a glória se vestiu como um deles” (Lc 12, 24;27) A passagem acima citada deixa entrever a estreita relação que existe entre os vários seres da natureza: a planta, o ar; os pássaros e o inseto; a luz solar e as folhas; os microrganismos e as imensidões do sistema solar… Todos os seres vivos e não-vivos estão inter-retro-relacionados. Podemos dizer mais: são parentes, fazem parte de uma mesma família. Tudo é Terra: todos os seres são filhos e filhas da Terra. Da Terra cada ser ganha consistência. A Terra é a grande Mãe (mater) de onde cada ser vivo e não vivo ganha a matéria (de mater) que o constitui. Sabemos hoje que, desde a Revolução Industrial, o crescimento fenomenal da produção de bens materiais tornou-se possível por meio da exploração predatória do capital natural, cuja base de sustentação de vida (ar, água, florestas, solo) foi devastada sem suscitar nenhum tipo de preocupação. As próprias condições que asseguram a continuidade da vida em nosso planeta estão ameaçadas, não somente pelo holocausto nuclear, mas também pelo aquecimento global da atmosfera devido especialmente a um consumo excessivo de combustíveis fósseis e à destruição maciça das florestas. A negligência com a qual nos desembaraçamos dos nossos dejetos constitui, além disso, uma das principiais causas de desequilíbrio ambiental. A retórica exercitada durante as três décadas do desenvolvimento, sob a égide das Nações Unidas, praticamente não se traduziu em ações efetivas visando preencher o abismo entre uma minoria de países e povos ricos e os outros. As relações de consumo por habitante entre o Norte e o Sul são de 2,9 para os cereais; 5,7 para a carne; 8,1 para o leite; 19,9 para o ferro e o aço; 20,3 para os produtos químicos; 20,6 para os metais e 23,6 para os automóveis. O consumo de hidrocarbonatos por habitante é 9,8 vezes mais elevado no Hemisfério Norte do que no Sul, e o de eletricidade 13,4 vezes mais. A relação de emissões globais de CO2 é de aproximadamente 8,1. A Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano teve lugar em Estocolmo, em 1972, e marca um ponto de viragem histórica. Nela tentou-se definir um meio termo entre dois campos opostos que continuam influentes: um estritamente econômico, e o outro incondicionalmente ecológico. Segundo estimativas das Nações Unidas, a população urbana do Hemisfério Sul deverá dobrar em 25 anos e atingir bilhões em 2025. Quantas dessas pessoas estarão condenadas a viver em favelas e a sofrer o duplo prejuízo da poluição causada pela pobreza e pelo acumulo de riqueza dos outros, riqueza que talvez tenham ajudado a criar, sem, todavia, se beneficiar dos seus efeitos? Segundo Hardoy et al. (1990), 600 milhões de habitantes das cidades estão expostos a sérios riscos de saúde, em razão da falta de água, de instalações sanitárias, de redes de esgotos e de coleta de lixo doméstico. Sem chegar a ser tão dramática, a situação de diversas cidades do Hemisfério Norte - e seguramenteda Europa Oriental – não pode ser considerada satisfatória nem do ponto de vista social, nem do ambiental. Os problemas de exclusão social e de segregação geográfica não foram resolvidos. A exclusão social está se acentuando cada vez mais nas cidades Europeias, o que provoca conflitos raciais, religiosos e étnicos. É na interseção da natureza e da sociedade, que a tecnologia desempenha um papel essencial. A natureza fornece a energia, o espaço e os recursos, ou seja, elementos do ambiente natural que o saber fazer acumulado permite transformar em ”valores de uso”, considerados enquanto tais pela sociedade. O conceito de ”recurso” é, portanto, essencialmente cultural e histórico. A sociedade determina os valores e os objetivos sociais, cria as instituições e produz os conhecimentos, tradicionais e científicos, que serão valorizados para gerar bens que respondam às necessidades e aspirações da sociedade, para identificar os recursos para inventar as tecnologias de produção e de transformação, bem como os equipamentos necessários. A sociedade fornece também a força de trabalho. Nesta descrição fica evidente que a tecnologia é o lugar privilegiado, no qual podem virtualmente se harmonizar as três aspirações de equidade social, prudência ecológica e de eficácia econômica. Esta harmonização pode ser alcançada por vários meios: Economizar energia e matérias primas desde o estágio de concepção e fabricação dos produtos, aperfeiçoando técnicas tradicionais que preservem o meio ambiente. Encontrar novos procedimentos de utilização dos recursos, adaptados a cada ecossistema, administrando os recursos renováveis e respeitando as condições de sua renovação. É preciso também considerar os valores indiretos das funções do ecossistema, como a preservação das bacias hidrográficas, a regulação do clima e a renovação do solo. Os valores intangíveis relacionados à busca de preservação das opções futuras mediante a conservação da biodiversidade. Reduzir ao máximo a quantidade de ”males”, recorrendo a tecnologias que produzam poucos dejetos. Reciclar e reutilizar os recursos não-renováveis (o alumínio passa a ser um recurso renovável na medida em que pode ser reutilizado várias vezes). Referir-se aos ecossistemas naturais como modelos para os sistemas de produção fabricados pelo homem, considerar o desenvolvimento de um ponto de vista horizontal, a fim de explorar suas sinergias e suas complementariedades potenciais. Utilizar os dejetos de um módulo de fabricação como insumo do módulo seguinte, como ilustram os tradicionais sistemas de diques da China. Incorporar aos modos de produção agrícola o maior número possível de métodos naturais, tais como os ciclos nutritivos. Reduzir a dependência em relação aos insumos de origem não agrícola, em particular aos que apresentam mais riscos para o meio ambiente ou para a saúde dos agricultores e dos consumidores. Melhorar o equilíbrio entre as variedades de cultura, os potenciais produtivos e os limites físicos das terras cultiváveis, a fim de assegurar a manutenção a longo prazo dos atuais níveis de produção. Favorecer uma produção rentável e eficaz, que estaria associada a uma melhor gestão das explorações e à conservação dos solos, da água, da energia e dos recursos biológicos. Criar um modelo econômico e industrial capaz de prever as taxas futuras de emissão de gás carbônico e de metano na atmosfera. Favorecer um modelo biogeoquímico capaz de prever a evolução da concentração desses gases na atmosfera, levando em consideração as taxas de emissão e os processos de intercâmbio entre a atmosfera, os oceanos, os solos e a biosfera. Um modelo climático capaz de prever como evoluirão o clima e os seus componentes atmosférico e marinho. Esse novo enfoque exige uma reorientação da política de fomento à ciência e à tecnologia. As estratégias dinâmicas que favorecem a ação coletiva e a inovação devem comportar todas as dimensões seguintes: Modelos de instituição e de gestão; Novas formas de parceria envolvendo a sociedade civil, as empresas e as autoridades públicas, políticas de aumento das capacidades, em contraste com políticas no nível da oferta, a fim de estimular a iniciativa e a criatividade individuais; Esforços constantes para economizar os recursos e eliminar o desperdício; Gestão hábil do pluralismo tecnológico e esforços redobrados para encontrar novas soluções tecnológicas que sejam, ao mesmo tempo, econômicas e acessíveis aos países em desenvolvimento. A conjuntura da ação instrumental dos humanos sobre a natureza e sobre a sociedade até aqui levantada conduz a uma drástica constatação: temos problemas por resolver. Governos e cidadãos temos diante de nós o desafio de reconhecer os desajustes gerados por todo esse processo e, em seguida, tomar medidas para saná-los. Em que medida se pode afirmar que a sociedade de consumo é geradora de desperdício? SÍNTESE Chegamos ao final da aula 2. Cada uma das ideias expostas deixa você mais perto de saber que que atitudes futuras tomar. O teólogo Leonardo Boff, diz o seguinte: ”Não existe isso de alguém ser rei/rainha e considerar-se independente, sem precisar dos demais. A modernidade cosmológica nos ensina que tudo tem a ver com tudo em todos os momentos e em todas as circunstâncias. O ser humano esquece essa intrincada rede de relações. Afasta-se dela e coloca-se sobre as coisas, ao invés de sentir-se junto e com elas, numa imensa comunidade planetária e cósmica” (BOFF, 1999, p. 29) A pergunta é: você vai esquecer que faz parte de uma grande família? Isso significa que deverá tomar decisões e manifestar-se ativamente como um administrador atual em busca de caminhos mais favoráveis, mais humanizantes, mais sustentáveis… comprometido e atuante. A decisão está em suas mãos. Qual será sua resposta? Aplicação prática Levante critérios para estabelecer políticas de consenso mínimo entre os humanos para a recuperação da saúde da Terra. Registre suas conclusões. REFERÊNCIAS BOFF, L. Ética da vida: a nova centralidade. Brasília: Letraviva, 1999, p. 29. CHIAVENATO, J.J. O massacre da natureza. São Paulo, Moderna, 1990. FURTADO, C. Quando futuro chegar. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. HUBERMAN, L. História da riqueza do homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1974. HUBERMAN, L. História da Riqueza do Homem. 22. Ed. Rev. E Ampl. Rio de Janeiro: LTC, 2014. IGLESIAS, F. A Revolução Industrial. São Paulo: Brasiliense, 1981. SACHS, I. Rumo à ecossocioeconomia: teoria e prática do Desenvolvimento. São Paulo: Cortez, 2007. SINGER, P. Aprender. São Paulo: Contexto, 1998.
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