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Responsabilidade Social e Capitalismo

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Responsabilidade Social e Empresarial 
 
 
 
 
 
Aula 2 
 
 
 
 
 
 
 
Profa. María del Carmen Hernández Gonçalves 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
De acordo com Aristóteles (filósofo grego do século IV a.C.), o 
homem sempre é um animal político que se define, por sua vida 
inteira, numa sociedade organizada politicamente. 
Numa coletividade, que está sempre envolvida com as questões 
de direitos e deveres, a ação humana está objetivada em 
conquistas ideológicas, econômicas, políticas, sociais, culturais e 
religiosas. Essas conquistas estão fundamentadas numa evolução 
para melhor, não se importando, muitas vezes, com ”certas” 
consequências para o próprio meio e para o meio do outro. 
Porém, as conquistas que signifiquem ”poder e/ou status” sociais, 
desde os habitantes primitivos e na maioria das nações, parecem 
ter sido as mais desejadas. Importa, portanto, saber os modos de 
exercício do poder econômico, as formas de exploração no 
tempo, a reação dos povos subordinados, a contrarreação dos 
grupos dominantes e o resultado para a coletividade. 
Nesta aula 2, Sociedade e Modernidade, o que pretendemos é o 
conhecimento e a reflexão sobre a história, causas e efeitos, dos 
avanços e comportamentos, através dos diferentes 
acontecimentos que impactaram a humanidade. O objetivo é que 
você tenha elementos que lhe ajudem como administrador a 
elaborar planos de ação mais concretos onde a análise sobre a 
desigualdade social e o impacto e riscos ambientais fruto do 
capitalismo fique clara, como meio de aumentar a riqueza, sem 
necessidade de depredar o patrimônio ambiental do planeta. 
 
PROBLEMATIZAÇÃO 
O sistema capitalista, à medida que se consolidou, agravou as 
questões ambientais? 
 
 
a) O capitalismo transformou a natureza em mercadoria. Com 
isso, uma floresta ou uma jazida mineral adquiriu valor de troca. 
b) A forma de produzir da indústria é necessária, a emissão 
de gases na atmosfera e de substâncias e objetos que 
envenenam os rios está controlada, a extração de recursos 
naturais em larga escala para abastecer as fábricas com 
matérias-primas minimizou-se nos últimos anos. 
c) Produzir e consumir em larga escala gera um consumo 
pouco expressivo de energia, de origem fóssil, como petróleo e 
carvão mineral. 
Alternativa correta: A 
Historicamente pode-se dizer que este sistema, efetivado pela 
Revolução Industrial, veio a agravar de forma dramática os 
problemas do meio ambiente, pela poluição, e a transformação 
da natureza em um provedor sistemático de recursos naturais 
sem nenhum tipo de constrangimento. 
CONCEITOS: CAPITALISMO E REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 
Origem do capitalismo 
Encontramos a origem do sistema capitalista na passagem da 
Idade Média para a Idade Moderna. Com o renascimento urbano 
e comercial dos séculos XIII e XIV, surgiu na Europa uma nova 
classe social: a burguesia. 
Esta nova classe social buscava o lucro através de atividades 
comerciais. 
Neste contexto, surgem também os banqueiros e cambistas, 
cujos ganhos estavam relacionados ao dinheiro em circulação, 
numa economia que estava em pleno desenvolvimento. 
Historiadores e economistas identificam nesta burguesia, e 
também nos cambistas e banqueiros, ideais embrionários do 
 
 
sistema capitalista: lucro, acúmulo de riquezas, controle dos 
sistemas de produção e expansão dos negócios. 
Capitalismo é um sistema econômico em que os meios de 
produção e distribuição são de propriedade privada e com fins 
lucrativos. Decisões sobre oferta, demanda, preço, distribuição e 
investimentos não são feitos pelo governo e os lucros são 
distribuídos para os proprietários que investem em empresas, e 
os salários são pagos aos trabalhadores pelas empresas. 
O capitalismo é dominante no mundo ocidental desde o final do 
feudalismo. 
O capitalismo passou por várias fases. Cada uma delas possuem 
características específicas segundo o momento histórico: 
 Capitalismo comercial ou pré-capitalismo 
 Capitalismo industrial 
 Capitalismo monopolista-financeiro 
 
Capitalismo comercial ou pré-capitalismo 
Este período estende-se do século XVI ao XVIII. Inicia-se com as 
Grandes Navegações e Expansões Marítimas Europeias, fase em 
que a burguesia mercante começa a buscar riquezas em outras 
terras fora da Europa. Os comerciantes e a nobreza estavam à 
procura de ouro, prata, especiarias e matérias-primas não 
encontradas em solo europeu. 
Estes comerciantes, financiados por reis e nobres, ao chegarem à 
América, por exemplo, vão começar um ciclo de exploração, cujo 
objetivo principal era o enriquecimento e o acúmulo de capital. 
Neste contexto, podemos identificar as seguintes características 
capitalistas: busca do lucro, uso de mão de obra assalariada, 
 
 
moeda substituindo o sistema de trocas, relações bancárias, 
fortalecimento do poder da burguesia e desigualdades sociais. 
Capitalismo industrial 
No século XVIII, a Europa passa por uma mudança significativa 
no que se refere ao sistema de produção. A Revolução Industrial, 
iniciada na Inglaterra, fortalece o sistema capitalista e solidifica 
suas raízes na Europa e em outras regiões do mundo. 
A Revolução Industrial modificou o sistema de produção, pois 
colocou a máquina para fazer o trabalho que antes era realizado 
pelos artesãos. O dono da fábrica conseguiu, desta forma, 
aumentar sua margem de lucro, pois a produção acontecia em 
maior quantidade e com mais rapidez. Se por um lado esta 
mudança trouxe benefícios (queda no preço das mercadorias), 
por outro a população perdeu muito. 
O desemprego, baixos salários, péssimas condições de trabalho, 
poluição do ar e rios e acidentes nas máquinas foram problemas 
enfrentados pelos trabalhadores deste período. 
O lucro ficava com o empresário que pagava um salário baixo 
pela mão-de-obra dos operários. As indústrias, utilizando 
máquinas a vapor, espalharam-se rapidamente pelos quatro 
cantos da Europa. O capitalismo ganhava um novo formato. 
Muitos países europeus, no século XIX, começaram a incluir a 
Ásia e a África dentro deste sistema. Estes dois continentes foram 
explorados pelos europeus, dentro de um contexto conhecido 
como neocolonialismo. As populações destes continentes, foram 
dominadas à força e tiveram suas matérias-primas e riquezas 
exploradas pelos europeus. 
Eram também forçados a trabalharem em jazidas de minérios e a 
consumirem os produtos industrializados das fábricas europeias. 
 
 
Capitalismo monopolista-financeiro 
Iniciada no século XX, esta fase vai ter no sistema bancário, nas 
grandes corporações financeiras e no mercado globalizado as 
molas mestras de desenvolvimento. Podemos dizer que este 
período está em pleno funcionamento até os dias de hoje. 
Grande parte dos lucros e do capital em circulação no mundo 
passa pelo sistema financeiro. A globalização permitiu as grandes 
corporações produzirem seus produtos em diversas partes do 
mundo, buscando a redução de custos. Estas empresas, dentro 
de uma economia de mercado, vendem estes produtos para 
vários países, mantendo um comércio ativo de grandes 
proporções. 
Os sistemas informatizados possibilitam a circulação e 
transferência de valores em tempo quase real. Apesar das 
indústrias e do comércio continuarem a lucrar muito dentro deste 
sistema, podemos dizer que os sistemas bancário e financeiro são 
aqueles que mais lucram e acumulam capitais dentro deste 
contexto econômico atual. 
O capitalismo continua se desenvolvendo até os dias atuais, 
como consequência da primeira Revolução Industrial. Uma 
Terceira Revolução Industrialé apontada com o aprimoramento 
da tecnologia informacional, principalmente depois da década de 
1970. 
ORIGEM DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 
No ponto de vista socioeconômico, a Revolução Industrial 
proporcionou o comércio em escala mundial. O modelo Feudal, 
essencialmente agrário – característico da Idade Média – entrou, 
gradativamente, em decadência, cedendo lugar ao comércio 
internacional em larga escala. 
 
 
Os grandes latifundiários, os senhores feudais, bem como a 
estrutura agrária feudal, entraram em franco declínio, cedendo 
lugar para o capitalismo da burguesia industrial emergente. 
À medida que o Capitalismo emergia e tornava-se o sistema 
dominante, mais se intensificava a produção destinada à venda, 
ou seja, para o mercado. Ao mesmo tempo crescia a 
concorrência entre os proprietários das manufaturas e também 
entre os comerciantes. 
Essa competitividade acabou conduzindo o processo produtivo a 
uma série de mudanças que culminaram com a chamada 
Revolução Industrial. 
Nascia a indústria moderna ou maquino fatura, caracterizada não 
mais pela habilidade manual do artesão/trabalhador, mas 
principalmente pelo uso de máquinas na produção de bens. 
Por que a Revolução Industrial foi caracterizada como 
revolução? 
No caso da Revolução Industrial, o aspecto revolucionário desse 
fenômeno esteve no âmbito tecnológico, por isso o advento da 
indústria e da produção mecanizada, ocorrido na Inglaterra do 
século XVIII principalmente a partir da invenção da máquina a 
vapor por James Watt, em 1760, caracterizou-se como revolução. 
Dentre os muitos avanços tecnológicos, destacam-se alguns. 
Confira a seguir! 
1698 – O motor a vapor, inventado por Thomas Newcomen. 
1708 – A máquina de semear puxada a cavalo, inventada por 
Jethro Tull. 
1733 – Lançadeira volante para tear, inventada por John Kay. 
 
 
1779 – A primeira ponte em ferro fundido, construída por John 
Wilkinson e Abraham Darby. 
1780 – O tear a vapor, inventado por Edmund Cartwright. 
1800 – A bateria elétrica, inventada por Alessandro Volta. 
1807 – Iluminação de rua a gás. 
1825 – Locomotiva a vapor, inventada por George Stephenson, 
que inaugurou nesse mesmo ano a primeira ferrovia do mundo, 
ligando as cidades britânicas de Darlington e Stockton-on-Tess. 
1844 – Inauguração da primeira linha de telégrafo, ligando as 
cidades americanas de Washington e Baltimore. 
1865 – Primeiro cabo telégrafo submarino. 
1876 – O telefone, inventado por Alexander Graham Bell. 
1877 – O fonógrafo, inventado por Thomas Alva Edison, que 
também inventaria o cinetógrafo e seria um dos pais na invenção 
do Cinema (1896). 
1879 – Inauguração da iluminação elétrica, em Mento Park, New 
Jersey (EUA). 
1895 – A radiotelegrafia, inventada por Guglielmo Marconi. 
A principal característica da Revolução Industrial foi a criação do 
sistema fabril mecanizado, isto é, as fábricas passaram da 
simples produção manufaturada para a complexa substituição do 
trabalho manual por máquinas. 
Essa substituição implicou na aceleração da produção de 
mercadorias, que passaram a ser produzidas em larga escala. 
Essa produção em larga escala, por sua vez, exigiu uma demanda 
cada vez mais alta por matéria-prima, mão de obra especializada 
para as fábricas e mercado consumidor. 
 
 
Tal exigência implicou, por sua vez, também na aceleração dos 
meios de transporte de pessoas e mercadorias. Era necessário o 
encurtamento do tempo que se percorria de uma região à outra 
para escoar os produtos. 
Nesse sentido, a Revolução Industrial estimulou o 
desenvolvimento das cidades – que tiveram que se adaptar ao 
grande contingente de pessoas que migrava do meio rural em 
busca de emprego nas fábricas –, bem como a criação de 
transportes, como a locomotiva a vapor (ou “trem de ferro”), que 
exigia uma malha ferroviária, isto é, linhas de trem feitas de ferro 
para estabelecer a ligação entre as regiões. 
Mas por que, necessariamente, a Revolução Industrial ocorreu na 
Inglaterra? 
As condições para o desenvolvimento da indústria estavam nesse 
país. A começar pela sofisticada manufatura têxtil que os ingleses 
detinham desde a época da colonização da América – elemento 
que seria o modelo para a criação da máquina de fiar tecido 
movida a vapor. Outros fatores importantes foram as 
transformações políticas ocorridas no século XVII a partir da 
Revolução Gloriosa (1688-1689), como a política dos 
cercamentos aplicada à agricultura, que forçou a migração da 
população camponesa para as cidades, e a institucionalização do 
direito de propriedade privada, que seria uma das bases 
principais para o desenvolvimento pleno do capitalismo industrial 
inglês. 
Além disso, as reservas minerais de ferro e carvão em território 
inglês foram fundamentais para a construção do maquinário 
fabril. A radicalidade das transformações tecnológicas trazidas 
com a Revolução Industrial pôde ser observada também na 
mudança de mentalidade da época, como destacou o historiador 
Francisco Iglésias: 
 
 
"Do século XV ao XVIII verificou-se verdadeira mudança de 
mentalidade. A mecânica e a técnica, de menosprezadas, 
passaram a supervalorizadas. Não é generalizada essa aceitação, 
pois os preconceitos têm raízes fundas, dificilmente removíveis. 
Ainda no século XVIII e mesmo nos seguintes, até o atual, 
encontra-se certa atitude de suspeita ante o manual ou 
mecânico, enquanto se realça o ócio, o lazer, a condição de 
nobreza, que não trabalha ou só trabalha com a inteligência e 
exerce o comando. Daí a desconsideração com tarefas como as 
agrícolas - revolver as terras com as mãos - as artesanais ou 
manufatureira, ou mesmo as comerciais (...). Curioso lembrar 
como os médicos, forrados de humanismo, não tinham respeito 
pelos cirurgiões, pois exerciam labor mecânico. Até 1743 - 
repare-se a data - eram vistos como espécie de barbeiros." 
(Iglésias, Francisco. A Revolução Industrial. São Paulo: 
Brasiliense, 1981, p. 40-41). 
Como consequências da Revolução Industrial, podemos apontar o 
desenvolvimento tecnológico acelerado, que caracterizou uma 
sucessão de etapas evolutivas, como a Segunda Revolução 
Industrial desenvolvida no século XIX. Seu principal aspecto foi a 
criação dos motores de combustão interna movidos a 
combustíveis derivados do petróleo. 
A Terceira Revolução Industrial desenvolvida no século XX e 
ainda em expansão, tem como aspecto principal os ramos da 
microeletrônica, engenharia genética, nanotecnologia, entre 
outros. Além disso, a formação da sociedade de massas 
constituiu também uma das consequências da Revolução 
Industrial, haja vista que o crescimento das cidades e a grande 
quantidade de trabalhadores que formaram a classe operária e 
que passaram a habitar os centros urbanos gerando as massas, 
isto é, o grande fluxo de pessoas em uma só região. 
 
 
Paralelamente a tudo isso, ocorria o despovoamento do campo, 
provocando o êxodo rural. A cidade passa a comandar o meio 
rural, determinando o que produzir e como produzir. 
Além disso, começam a surgir as primeiras regiões industriais, 
com extensas áreas, englobando diversas cidades com forte 
concentração da atividade industrial. O Vale do Ruhr, na 
Alemanha e a região de Pittsburg, nos Estados Unidos são alguns 
dos inúmeros exemplos de regiões industriais que surgem no 
Hemisfério Norte e depois se tornam comuns também no 
Hemisfério Sul. 
A Revolução Industrial é a relação dinâmica entre ciência e 
técnica, entre o saber e o fazer, multiplicando o ritmo das 
invenções e transformações sociais. O espaço produtivo principal 
deixa de ser o campo, e as atividades agropastorisjá não são o 
carro-chefe da Economia. 
A indústria é a nova sede da prosperidade econômica e local 
onde as pessoas se concentram para produzir e gerar riqueza. 
Multiplica-se a produtividade, com a nova divisão do trabalho 
articulando a produção de manufaturados, realizada agora por 
um número maior de pessoas em espaços cada vez mais 
reduzidos. 
Vale a pena refletir como gestor, na relação intrínseca entre 
Capitalismo e Revolução Industrial. 
O advento da indústria moderna representou a consolidação do 
sistema capitalista, promovendo uma radical transformação na 
organização do espaço geográfico. Nos textos e informações que 
seguem você ficará ciente de invenções e descobertas que 
contribuíram para maior domínio sobre a natureza, causando 
logicamente não só um impacto ambiental, mas principalmente 
ocasionando impactos sociais que provocaram situações de 
riqueza e ao mesmo tempo de prejuízo na população. 
 
 
Importante saber que o impacto social ocasionado pelas 
Revoluções burguesas e principalmente pela Revolução 
Industrial, proporcionaram a criação de um cenário de 
instabilidade e contradição: 
 Aumento da produção 
 Investimento em tecnologia 
 Consolidação do processo de industrialização 
 Ascensão política da burguesia 
 Êxodo rural 
 Consequente processo de urbanização com seu 
correspondente impacto ambiental 
Outro fenômeno importante é o aparecimento do proletariado e 
de sua consciência de classe e o surgimento de um grande 
número de desempregados, miséria, depredação e injustiças 
sociais. 
A sua tarefa é árdua: entender os sistemas e os processos 
históricos, base do que temos hoje, e apresentar análises e 
soluções visando como gestor empreendedor um futuro mais 
justo, equitativo e solidário. 
Pesquise o que é o mercantilismo e responda: 
a) O mercantilismo pode ser considerado como um grande 
propulsor da globalização? 
b) Que semelhanças podem ser encontradas entre as políticas 
mercantilistas e certas políticas protecionistas da atualidade? 
 
 
 
 
 
IMPACTOS SOCIAIS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 
Alterações sociais e condições de trabalho 
”A semente que semeais, outro colhe…” 
(HUBERMAN, 2014) 
 Com a Revolução Industrial, ocorreu um enorme aumento da 
produtividade, em função da utilização dos equipamentos 
mecânicos, da energia a vapor e, posteriormente, da eletricidade, 
que passaram a substituir a força animal e dispensava o trabalho 
humano. Esse aumento de produtividade aliado ao excesso de 
mão-de-obra gera, inevitavelmente, desemprego. 
E novas levas de milhares e milhares de trabalhadores 
desempregados vão se incorporar à grande massa dos mendigos. 
Essa situação foi muito mais dramática na Europa Continental do 
que na Inglaterra por uma questão de emigração dos ingleses 
que deixaram as ilhas britânicas em direção a outras partes do 
mundo, principalmente Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia 
e algumas regiões da África. Essa emigração foi acentuada a 
partir de 1850, em cuja década alcançou mais de 2,5 milhões de 
pessoas contra apenas 200 mil ingleses que emigraram na 
década de 1820. 
A situação só não foi mais catastrófica por que ao lado da 
Revolução Industrial ocorreu também uma Revolução Agrícola. A 
utilização de novos métodos agrícolas, rotação de safras, 
sementes selecionadas e o surgimento de novos equipamentos 
agrícolas, produziram um extraordinário aumento na produção de 
alimentos. Isso tornou o preço da alimentação mais barato e 
ajudou enormemente a sobrevivência dos trabalhadores. 
É bem verdade que, aí também, há um aspecto perverso: na 
medida em que melhoraram os preços e as condições de 
 
 
alimentação, o número de filhos por família aumentava 
assustadoramente. 
Como vimos anteriormente, ocorreu com a Revolução Industrial 
um extraordinário desenvolvimento da indústria têxtil, que veio 
acompanhada de forte expansão na produção agrícola de algodão 
- principalmente nas colônias - e da pecuária de carneiros para a 
produção de lã. 
Na Inglaterra, essa alteração na estrutura da produção agrícola 
representou uma transferência profunda da agricultura de 
alimentação para subsistência por uma nova atividade: a criação 
de carneiros, que ocupava enormes extensões de terra. 
Essa mudança na estrutura da produção representou 
simplesmente a expulsão de milhares e milhares de camponeses 
de suas terras, para que os grandes proprietários expandissem a 
produção da lã. Esses camponeses expulsos de suas terras foram 
parar nas cidades, onde muitos encontravam empregos na 
indústria, mas a maioria perambulava desempregada. 
O excesso de mão de obra nas cidades industriais fez com que 
baixassem tremendamente os salários dos trabalhadores. 
É verdade que alguns trabalhadores especializados, nas novas 
fábricas, melhoravam seus padrões de vida. Mas a maioria 
ganhava o suficiente apenas para se alimentar e sobreviver. 
Segundo a "História da Civilização Ocidental", de Edward Burns e 
outros, na cidade industrial de Bolton, na Inglaterra, no ano de 
1842, um tecelão manual não conseguia ganhar mais do que 
cerca de três xelins, enquanto, nessa época, estimava-se 
necessário pelo menos 20 xelins semanais para manter uma 
família de cinco pessoas um pouco acima do limite da miséria. 
Na área da habitação, a situação era igualmente constrangedora. 
Em muitas das grandes cidades, homens e velhos viviam em casa 
 
 
de cômodos, separados de suas famílias que haviam deixado no 
campo. 
Os trabalhadores mais pobres, em quase todas as cidades 
europeias, moravam em horríveis quartos de porão, muitas vezes 
destituídos de luz, de água e de esgotos. 
Daí a ocorrência intensa e frequente da cólera, do tifo e da 
tuberculose, que produziam uma enorme mortalidade infantil. Os 
historiadores diziam e dizem ainda hoje que podiam se considerar 
felizes os trabalhadores que não morressem de fome. 
Igualmente penosas eram as condições de trabalho nas fábricas: 
antes de 1850, a jornada fabril era longa, em geral de 12 a 14 
horas diárias. O ambiente das fábricas era sujo e perigoso. As 
máquinas eram desprotegidas e ocasionavam frequentes 
acidentes de trabalho, muitas vezes mutilando os trabalhadores. 
Por outro lado, havia um tremendo rigor em relação ao horário 
de trabalho e à permanência dos trabalhadores junto às 
máquinas. 
Ao lado disso, havia, na maior parte das fábricas, a preferência 
na contratação de mulheres e crianças, pois, além de 
protestarem menos quanto às condições de trabalho, pareciam 
conformadas em aceitar salários menores. 
É no contexto da Revolução Industrial, da deterioração das 
condições de vida dos trabalhadores, do desemprego e da 
miséria, que a Europa vai se aproximando da Revolução Francesa 
de 1789. 
Agravou a situação uma sucessão de más colheitas, resultando 
na escassez de alimentos e na elevação de seus preços. A fome e 
a miséria são os principais ingredientes da revolta do povo que 
levou à Revolução Francesa. As últimas décadas do século XVIII 
registraram esse quadro doloroso na Europa, onde desemprego e 
 
 
fome multiplicavam incrivelmente o número dos mendigos e 
vagabundos. 
No inverno, viviam todos recolhidos às suas pobres casas e 
cabanas procurando algum aquecimento em seus abrigos, mas, 
na primavera, surgiam os bandos de salteadores, criando 
insegurança nos campos e nas estradas. 
No entanto, chegou um momento, no final da década de 1780, 
em que os camponeses se armaram e iniciaram uma grande 
revolta conhecida com o nome de "O Grande Medo", invadindo os 
castelos e queimando os títulos de propriedade. Nas regiõesde 
Macon e Bajulais, 72 castelos foram incendiados. O medo de 
perder suas terras levou os burgueses a se unirem aos nobres e a 
organizarem tropas armadas para repelir as invasões gerando 
uma luta de classes violenta e sangrenta. A crise econômica que 
veio na esteira da Revolução Industrial e da Revolução Francesa 
provocou enormes agitações políticas em toda a Europa. 
Contra o chamado “capitalismo selvagem”, ideias socialistas 
foram gradativamente ganhando corpo, minando as estruturas do 
Estado e da burocracia. Os trabalhadores começaram a se 
organizar em Sindicatos e ganharam enorme poder de luta na 
defesa de seus interesses. Na Inglaterra, realizou-se um 
movimento político reformista de grande significação, o então 
chamado "Carlismo", entre 1833 e 1848, cujo programa (Carta do 
Povo) consegue a primeira lei de proteção ao trabalho da criança 
(1833) e das mulheres (1842), assim como a limitação da 
jornada de trabalho a 10 horas (1847). 
No campo político, uma onda revolucionária varreu a Europa, na 
França, Itália, Alemanha, Suíça, após a derrubada do Rei Carlos 
X, na Revolução Popular de 1830 que escolheu Luiz Felipe como 
monarca. 
 
 
Na grande Revolução de 1848, Luiz Felipe é destronado e Luiz 
Bonaparte, sobrinho de Napoleão, é eleito presidente da 
República da França. A Revolução Industrial na sua sequência, 
tomou, no plano das ideias, dois rumos diferentes: em uma 
vertente desenvolveram-se as ideias do liberalismo econômico, 
segundo os postulados dos grandes economistas do final do 
século XVIII, principalmente Adam Smith, David Ricardo, Jean 
Batista Sá e John Stuart Mill. 
Na outra vertente surgiram, mais tarde, as reações de cunho 
socialista, que atingem um ponto máximo com o Manifesto 
Comunista de 1848, de Kart Marx e Frederick Engels. 
ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DO CAPITALISMO NA 
DESIGUALDADE SOCIAL E NA AMPLIAÇÃO DOS RISCOS 
AMBIENTAIS 
”em qualquer sociedade industrial, a poluição aumenta à medida 
em que cresce a produção. Para haver menos poluição é preciso 
diminuir a produção. Isso significa também, menor produtividade, 
o que implica em rebaixamento de salários – impraticável num 
sistema que vive do consumo, o qual, por sua vez, precisa 
aumentar para gerar mais lucros. 
Ou seja, despoluir representa um aumento de custo fora de 
questão e insuportável para uma economia que não levou em 
conta – como jamais leva em conta problemas ligados ao homem 
– a agressão ao meio ambiente e agora está num beco sem 
saída. 
Pela primeira vez na história, a ecologia passa a ser um dado 
importantíssimo para a própria sobrevivência do capitalismo. Da 
mesma forma que a poluição pode ameaçar a vida no planeta, 
pode também quebrar as regras que possibilitam a acumulação 
de capital. Não seria nada fantástico que, nesse impasse, o 
capitalismo preferisse sobreviver deixando o mundo acabar…” 
 
 
(CHIAVENATO, J.J. O massacre da natureza. São Paulo, Moderna, 
1990, p. 20) 
 
Difícil, não? Qual será sua resposta? Um administrador 
empreendedor sustentável, precisa corrigir o modo de pensar e 
agir. É necessário recuperar a saúde da terra e da dignidade 
humana… mesmo hoje, com todos os grandes avanços e 
possibilidades, a desigualdade social continua, morrem pessoas 
de fome… a destruição da camada de ozônio e a emissão de 
dióxido de carbono é constante… As regiões mais desenvolvidas 
do planeta são as principais responsáveis do aquecimento 
global… poluição. 
Século XXI, e o impacto social sofrido pelos indivíduos, não 
mudou desde a Revolução Industrial. Pelo contrário, alguns 
problemas agravaram-se. 
Conhecer e analisar os eventos como a superpopulação, o lixo, os 
arsenais nucleares e o armamentismo fazem parte da reflexão 
dos novos gestores… mas é necessário produzir riqueza. 
Encontrar caminhos, supõe que se conheça e analise a realidade. 
Que alternativas temos? 
Hoje, é necessário entender a relação entre sistema capitalista e 
impactos sociais, interesse dos países em mudar seus 
comportamentos, respeito aos recursos naturais, entender a 
inclusão social não como caridade, mas sim como direito inerente 
à dignidade humana, perceber o jogo político das nações para 
favorecer seus interesses econômicos… enfim, participar na 
construção de um novo tipo de relações nas quais a natureza e o 
homem sejam os protagonistas. 
 
 
Vamos então aprofundar mais sobre a influência do capitalismo 
na desigualdade social e como as ações produzidas pelo sistema, 
ampliam os riscos ambientais. 
 
CRESCIMENTO ECONÔMICO E PROGRESSO SOCIAL 
RECONSIDERADOS: O DOMÍNIO DA POLÍTICA 
O Século XX terminou em frustração, deixando para trás uma 
prosperidade global sem precedentes, desfigurada por uma 
absurda má distribuição de ativos e de rendas (entre as nações e 
no interior delas), problemas sociais e humanitários assustadores, 
o registro horrendo de guerras e genocídios em um sistema 
internacional fraco demais para promover uma paz duradoura, 
equidade e desenvolvimento genuíno. 
As mudanças ocorridas durante o século foram realmente 
formidáveis, apesar das duas guerras mundiais assassinas e 
terrivelmente destrutivas. A população cresceu e a expectativa de 
vida normal passou nos países industrializados de 45 a 75 anos. 
O progresso foi espetacular ainda nos países pobres. 
Graças ao aumento na produtividade do trabalho, o PNB global 
foi multiplicado por 17,5, permitindo um acréscimo de quase 
cinco vezes no PNB per capita. 
Uma distribuição igualitária do PNB global daria a cada habitante 
o direito a cinco mil dólares, o bastante para satisfazer com folga 
todas suas necessidades. Em vez disso, estamos assistindo a uma 
piora contínua de distribuição de renda. 
Todos conhecem muito bem a desanimadora situação social e 
humanitária do nosso planeta. Só vamos lembrar aqui que cerca 
de 1,3 bilhão de pessoas vivem com menos de um dólar por dia, 
cerca de 800 milhões estão subnutridas e 30% da força de 
trabalho mundial está desempregada ou severamente 
 
 
subempregada, enquanto mais de 250 milhões de crianças estão 
trabalhando como operários infantis. 
Por um lado, crescimento econômico e transformação técnica, 
sem precedentes; por outro, a dramática situação social de 
tantas pessoas cujas vidas estão sendo irremediavelmente 
desperdiçadas. 
Mas uma situação muito mais comum é a do crescimento por 
meio da desigualdade, com efeitos sociais perversos: a 
acumulação de riqueza nas mãos de uma minoria com uma 
produção simultânea de pobreza maciça e deterioração das 
condições de vida. Em casos extremos, estamos em presença de 
crescimento com ”desdesenvolvimento”. 
Por outro lado, o fato do desenvolvimento não ser sinônimo de 
crescimento econômico não deveria ser interpretado em termos 
de uma oposição entre crescimento e desenvolvimento. O 
crescimento econômico, com uma nova concepção criada para 
minimizar os impactos ambientais negativos e posta ao serviço de 
metas socialmente desejáveis ainda é uma condição necessária 
para o desenvolvimento. 
Portanto, precisamos aprender a distinguir diferentes tipos de 
crescimento. Uma variedade frequente, mas inaceitável, é o 
crescimento selvagem, com custos sociais e ambientais 
intoleravelmente altos. 
Durante a idade de ouro do capitalismo, em consequência do 
pleno emprego acoplado às políticas fordistas de renda, a Europa 
Ocidental experimentou um crescimento socialmente benigno; 
entretanto, ele gerou, ao mesmo tempo, uma degradação 
ambiental considerável. 
Algumas tentativas de ecologizar os modelos atuais de 
crescimento podem acabar produzindo uma variedadeambientalmente benigna, mas socialmente degradante, por causa 
da incapacidade de resolver o desemprego e o subemprego 
crônicos. 
O desenvolvimento genuíno deve obedecer ao duplo imperativo 
ético de solidariedade sincrônica com a geração presente e a 
solidariedade diacrônica com as gerações futuras, e basear-se 
num contrato social estabelecido democraticamente, 
complementado por um contrato natural. 
A chave para conciliar o crescimento econômico com o 
desenvolvimento social encontra-se no domínio da política, na 
capacidade de dar ao processo de desenvolvimento a orientação 
necessária, em termos de um projeto criado democraticamente, e 
de criar um sistema de regulamentação das esferas pública e 
privada de nossas vidas. 
O potencial de desenvolvimento de um país depende, em 
primeiro lugar, de sua capacidade cultural de pensar sobre seus 
futuros desejáveis de maneira endógena. Na visão de Celso 
Furtado apud Sachs (2007, p. 384) é vital enfatizar a necessidade 
de formular políticas de desenvolvimento explicitando as metas a 
serem alcançadas, em vez de derivá-las da lógica dos meios 
impostos pelo processo de acumulação, comandado pelas 
empresas transnacionais. 
Focalizando a mesma questão, Aminata Traoré, do Mali, tem o 
seguinte a dizer: 
“Para domesticar o desenvolvimento, isto é, para impedir que 
seja usado como um instrumento de transformação social, 
econômica e política que trabalhe contra nossos interesses, é 
essencial pensar o desenvolvimento, e colocá-lo em prática, 
tendo em mente o que sabemos sobre o que fazer com os 
recursos que temos, de acordo com uma perspectiva que é 
nossa, ou ao menos na qual possamos nos reconhecer. Cada 
 
 
aspecto de nossa existência permite este trabalho de redefinição 
e reorientação: educação, saúde, alimentação, moradia, roupas, 
o Estado, governabilidade, descentralização e, evidentemente, a 
luta contra a pobreza. “ 
(TRAORÉ apud Sachs, et al., 2007 p. 384) 
 
A democracia é o valor principal. Deve ser interpretada de 
maneira consistente, ao se ampliarem os espaços de manobra 
daquilo que é conhecido como democracia direta, afirmando-se a 
centralidade dos direitos humanos, vista como lei suprema. 
”O desenvolvimento deve ser equiparado à expansão das 
liberdades positivas e a apropriação efetiva de todos os direitos 
humanos por todas as pessoas”. (TRAORÉ apud Sachs, et al., 
2007 p. 385). 
Nas palavras de GALTUNG, apud et, al., 2007 p. 385, 
”democracia é empoderamento, um esforço gigantesco para 
compartilhar com mais igualdade as tomadas de decisão política, 
subsistência decente, segurança em relação à violência e 
identidade cultural. Reduzir a democracia à dinâmica eleitoral é 
perder sua essência”. 
O desenvolvimento surgiu há cerca de 60 anos como uma ”ideia 
de força” para orientar a reconstrução do pós-guerra e, logo 
depois do processo de descolonização – sem dúvida alguma, a 
mais importante mudança geopolítica ocorrida no século XX – 
para tornar-se, lado a lado com a preservação da paz, o 
fundamento da filosofia de ação da ONU. 
Infelizmente, o fosso entre a retórica e a realidade aumentou nos 
últimos anos, pois a difusão do evangelho neoliberal conseguiu 
solapar a própria credibilidade do conceito. No entanto, não só 
nos países em desenvolvimento do Sul, mas também nos países 
 
 
industrializados do Norte precisam tomar a pista do 
desenvolvimento e assegurar a expansão das liberdades 
positivas, mediante a promoção das soluções ganhadoras. 
As condições materiais para se avançar nessa direção são 
melhores do que nunca. Não temos o direito de falhar nessa 
tentativa. 
O sistema capitalista, à medida que se consolidou, 
agravou as questões ambientais? Justifique sua 
afirmativa ou sua posição contraria. 
 
DESIGUALDADE SOCIAL VS. RISCO AMBIENTAL: 
MINIMIZAÇÃO DOS RISCOS AMBIENTAIS 
Na lida diária de cada ser humano está presente a possibilidade 
da ação criadora, sensível para potencializar os processos vitais. 
Somos desafiados a reinventar os caminhos que levem à 
plenitude da Vida. Sabemos o que perdemos ao aplicar apenas os 
princípios da racionalidade instrumental; podemos descobrir a 
serena alegria de uma nova atitude que inclua o amor, a 
bondade, a compaixão pela Terra e pela pessoa humana. Do 
contrário, temos tudo para ampliar o caos vigente. 
Principais problemas ambientais e minimização dos riscos 
Uma velha frase bíblica convida a contemplar o sentido de mútua 
relação entre os seres da natureza: ”…Olhai os lírios, como 
crescem. Não trabalham nem tecem, mas eu vos digo: nem 
Salomão com toda a glória se vestiu como um deles” (Lc 12, 
24;27) 
A passagem acima citada deixa entrever a estreita relação que 
existe entre os vários seres da natureza: a planta, o ar; os 
 
 
pássaros e o inseto; a luz solar e as folhas; os microrganismos e 
as imensidões do sistema solar… 
Todos os seres vivos e não-vivos estão inter-retro-relacionados. 
Podemos dizer mais: são parentes, fazem parte de uma mesma 
família. Tudo é Terra: todos os seres são filhos e filhas da Terra. 
Da Terra cada ser ganha consistência. A Terra é a grande Mãe 
(mater) de onde cada ser vivo e não vivo ganha a matéria (de 
mater) que o constitui. 
Sabemos hoje que, desde a Revolução Industrial, o crescimento 
fenomenal da produção de bens materiais tornou-se possível por 
meio da exploração predatória do capital natural, cuja base de 
sustentação de vida (ar, água, florestas, solo) foi devastada sem 
suscitar nenhum tipo de preocupação. 
As próprias condições que asseguram a continuidade da vida em 
nosso planeta estão ameaçadas, não somente pelo holocausto 
nuclear, mas também pelo aquecimento global da atmosfera 
devido especialmente a um consumo excessivo de combustíveis 
fósseis e à destruição maciça das florestas. 
A negligência com a qual nos desembaraçamos dos nossos 
dejetos constitui, além disso, uma das principiais causas de 
desequilíbrio ambiental. A retórica exercitada durante as três 
décadas do desenvolvimento, sob a égide das Nações Unidas, 
praticamente não se traduziu em ações efetivas visando 
preencher o abismo entre uma minoria de países e povos ricos e 
os outros. 
As relações de consumo por habitante entre o Norte e o Sul são 
de 2,9 para os cereais; 5,7 para a carne; 8,1 para o leite; 19,9 
para o ferro e o aço; 20,3 para os produtos químicos; 20,6 para 
os metais e 23,6 para os automóveis. 
 
 
O consumo de hidrocarbonatos por habitante é 9,8 vezes mais 
elevado no Hemisfério Norte do que no Sul, e o de eletricidade 
13,4 vezes mais. A relação de emissões globais de CO2 é de 
aproximadamente 8,1. 
A Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano teve 
lugar em Estocolmo, em 1972, e marca um ponto de viragem 
histórica. Nela tentou-se definir um meio termo entre dois 
campos opostos que continuam influentes: um estritamente 
econômico, e o outro incondicionalmente ecológico. 
Segundo estimativas das Nações Unidas, a população urbana do 
Hemisfério Sul deverá dobrar em 25 anos e atingir bilhões em 
2025. 
Quantas dessas pessoas estarão condenadas a viver em favelas e 
a sofrer o duplo prejuízo da poluição causada pela pobreza e pelo 
acumulo de riqueza dos outros, riqueza que talvez tenham 
ajudado a criar, sem, todavia, se beneficiar dos seus efeitos? 
Segundo Hardoy et al. (1990), 600 milhões de habitantes das 
cidades estão expostos a sérios riscos de saúde, em razão da 
falta de água, de instalações sanitárias, de redes de esgotos e de 
coleta de lixo doméstico. 
Sem chegar a ser tão dramática, a situação de diversas cidades 
do Hemisfério Norte - e seguramenteda Europa Oriental – não 
pode ser considerada satisfatória nem do ponto de vista social, 
nem do ambiental. Os problemas de exclusão social e de 
segregação geográfica não foram resolvidos. 
A exclusão social está se acentuando cada vez mais nas cidades 
Europeias, o que provoca conflitos raciais, religiosos e étnicos. 
É na interseção da natureza e da sociedade, que a tecnologia 
desempenha um papel essencial. A natureza fornece a energia, o 
espaço e os recursos, ou seja, elementos do ambiente natural 
 
 
que o saber fazer acumulado permite transformar em ”valores de 
uso”, considerados enquanto tais pela sociedade. O conceito de 
”recurso” é, portanto, essencialmente cultural e histórico. 
A sociedade determina os valores e os objetivos sociais, cria as 
instituições e produz os conhecimentos, tradicionais e científicos, 
que serão valorizados para gerar bens que respondam às 
necessidades e aspirações da sociedade, para identificar os 
recursos para inventar as tecnologias de produção e de 
transformação, bem como os equipamentos necessários. A 
sociedade fornece também a força de trabalho. 
Nesta descrição fica evidente que a tecnologia é o lugar 
privilegiado, no qual podem virtualmente se harmonizar as três 
aspirações de equidade social, prudência ecológica e de eficácia 
econômica. 
Esta harmonização pode ser alcançada por vários meios: 
 Economizar energia e matérias primas desde o estágio de 
concepção e fabricação dos produtos, aperfeiçoando 
técnicas tradicionais que preservem o meio ambiente. 
 Encontrar novos procedimentos de utilização dos recursos, 
adaptados a cada ecossistema, administrando os recursos 
renováveis e respeitando as condições de sua renovação. 
É preciso também considerar os valores indiretos das 
funções do ecossistema, como a preservação das bacias 
hidrográficas, a regulação do clima e a renovação do solo. 
Os valores intangíveis relacionados à busca de preservação 
das opções futuras mediante a conservação da 
biodiversidade. 
 Reduzir ao máximo a quantidade de ”males”, recorrendo a 
tecnologias que produzam poucos dejetos. 
 
 
 Reciclar e reutilizar os recursos não-renováveis (o alumínio 
passa a ser um recurso renovável na medida em que pode 
ser reutilizado várias vezes). 
 Referir-se aos ecossistemas naturais como modelos para 
os sistemas de produção fabricados pelo homem, 
considerar o desenvolvimento de um ponto de vista 
horizontal, a fim de explorar suas sinergias e suas 
complementariedades potenciais. Utilizar os dejetos de um 
módulo de fabricação como insumo do módulo seguinte, 
como ilustram os tradicionais sistemas de diques da China. 
 Incorporar aos modos de produção agrícola o maior 
número possível de métodos naturais, tais como os ciclos 
nutritivos. 
 Reduzir a dependência em relação aos insumos de origem 
não agrícola, em particular aos que apresentam mais 
riscos para o meio ambiente ou para a saúde dos 
agricultores e dos consumidores. 
 Melhorar o equilíbrio entre as variedades de cultura, os 
potenciais produtivos e os limites físicos das terras 
cultiváveis, a fim de assegurar a manutenção a longo 
prazo dos atuais níveis de produção. 
 Favorecer uma produção rentável e eficaz, que estaria 
associada a uma melhor gestão das explorações e à 
conservação dos solos, da água, da energia e dos recursos 
biológicos. 
 Criar um modelo econômico e industrial capaz de prever as 
taxas futuras de emissão de gás carbônico e de metano na 
atmosfera. 
 Favorecer um modelo biogeoquímico capaz de prever a 
evolução da concentração desses gases na atmosfera, 
 
 
levando em consideração as taxas de emissão e os 
processos de intercâmbio entre a atmosfera, os oceanos, 
os solos e a biosfera. 
 Um modelo climático capaz de prever como evoluirão o 
clima e os seus componentes atmosférico e marinho. 
 
Esse novo enfoque exige uma reorientação da política de 
fomento à ciência e à tecnologia. As estratégias dinâmicas que 
favorecem a ação coletiva e a inovação devem comportar todas 
as dimensões seguintes: 
 Modelos de instituição e de gestão; 
 Novas formas de parceria envolvendo a sociedade civil, as 
empresas e as autoridades públicas, políticas de aumento 
das capacidades, em contraste com políticas no nível da 
oferta, a fim de estimular a iniciativa e a criatividade 
individuais; 
 Esforços constantes para economizar os recursos e 
eliminar o desperdício; 
 Gestão hábil do pluralismo tecnológico e esforços 
redobrados para encontrar novas soluções tecnológicas 
que sejam, ao mesmo tempo, econômicas e acessíveis aos 
países em desenvolvimento. 
 
A conjuntura da ação instrumental dos humanos sobre a natureza 
e sobre a sociedade até aqui levantada conduz a uma drástica 
constatação: temos problemas por resolver. 
 
 
Governos e cidadãos temos diante de nós o desafio de 
reconhecer os desajustes gerados por todo esse processo e, em 
seguida, tomar medidas para saná-los. 
Em que medida se pode afirmar que a sociedade de 
consumo é geradora de desperdício? 
SÍNTESE 
Chegamos ao final da aula 2. Cada uma das ideias expostas deixa 
você mais perto de saber que que atitudes futuras tomar. O 
teólogo Leonardo Boff, diz o seguinte: 
”Não existe isso de alguém ser rei/rainha e considerar-se 
independente, sem precisar dos demais. A modernidade 
cosmológica nos ensina que tudo tem a ver com tudo em todos 
os momentos e em todas as circunstâncias. O ser humano 
esquece essa intrincada rede de relações. Afasta-se dela e 
coloca-se sobre as coisas, ao invés de sentir-se junto e com elas, 
numa imensa comunidade planetária e cósmica” (BOFF, 1999, p. 
29) 
 
A pergunta é: você vai esquecer que faz parte de uma grande 
família? Isso significa que deverá tomar decisões e manifestar-se 
ativamente como um administrador atual em busca de caminhos 
mais favoráveis, mais humanizantes, mais sustentáveis… 
comprometido e atuante. A decisão está em suas mãos. Qual 
será sua resposta? 
Aplicação prática 
Levante critérios para estabelecer políticas de consenso mínimo 
entre os humanos para a recuperação da saúde da Terra. 
Registre suas conclusões. 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
BOFF, L. Ética da vida: a nova centralidade. Brasília: Letraviva, 
1999, p. 29. 
CHIAVENATO, J.J. O massacre da natureza. São Paulo, 
Moderna, 1990. 
FURTADO, C. Quando futuro chegar. São Paulo: Companhia 
das Letras, 2001. 
HUBERMAN, L. História da riqueza do homem. Rio de Janeiro: 
Zahar, 1974. 
HUBERMAN, L. História da Riqueza do Homem. 22. Ed. Rev. E 
Ampl. Rio de Janeiro: LTC, 2014. 
IGLESIAS, F. A Revolução Industrial. São Paulo: Brasiliense, 
1981. 
SACHS, I. Rumo à ecossocioeconomia: teoria e prática do 
Desenvolvimento. São Paulo: Cortez, 2007. 
SINGER, P. Aprender. São Paulo: Contexto, 1998.

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