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Resumo Giambiagi 5,6,7,8

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Capítulo 5 Esperança, 
Frustração e Aprendizado: A 
História da Nova República (19851989) 
Contexto 
Internamente, o regime militar brasileiro dava sinais de desgate, o grande movimento das 
“Diretas Já” estava nas ruas em 1984 e a esperança de que a democracia traria também a 
estabilidade econômica (e dos preços) era generalizada. Economicamente, a crise dos anos 80 
ainda se fazia sentir: preço do ajuste do BP em termos de inflação e deterioração fiscal foi 
elevado e persistente. Ignorouse, 
durante o governo anterior, que boa parte do problema do 
desequilíbrio externo os 
altos juros internacionais que tornavam a dívida externa incontrolável 
não 
seria corrigido com política recessiva. Neste cenário, assume José Sarney, após a morte 
súbita de Tancredo Neves, símbolo da esperança democrática, horas antes da posse. 
Início do governo Sarney: prosperidade + inflação 
Sarney, filho da ditadura recémencerrada, 
precisava de credibilidade para governar, e em 
1985 observou prosperidade: o PIB cresceu 7,8% e, de forma inédita nos últimos anos, ocorria 
uma melhora substancial das contas externas e redução do déficit público. Como? 
1. Herança do II PND e do modelo de ISI das décadas passadas melhoraram balanço 
externo 
2. A maxidesvalorização de 1983, por Delfim, também dava frutos nas exportações 
3. Recessão dos anos anteriores reduzira utilização da capacidade instalada 
4. Recuperação da economia americana facilitou entrada de capitais 
5. Preço do petróleo no mundo, após diversos choques, sofreu queda importante 
Assim, alguns problemas históricos do país haviam sido contornados, mas a inflação estava em 
patamares absolutamente assutadores. Apesar da tentativa de ajuste fiscal em 1984, 224% 
a.a. 
O debate teórico sobre a inflação 
Em 1984, três propostas principais disputavam a opção do governo para combater a inflação, e 
o único consenso absoluto entre elas era que a indexação de contratos e ativos precisava ser 
desfeita para por fim à inflação inercial e a espiral inflacionária na renegociação de salários. 
Eram elas: 
1. Pacto social (UNICAMP/PMDB): O conflito distributivo (grupos sociais disputando por 
ajustes em preços/salários alternadamente, gerando a espiral) deveria ser encerrado 
por um acordo aceito por todos de congelamento dos ajustes e coordenação nas ações. 
Esta opção era considerada inviável politicamente para os demais grupos. 
2. Choque ortodoxo (FGV): O pção da teoria quantitativa da moeda, interpretava a 
inflação brasileira como outra qualquer: restrição fiscal e monetária, elevação de tributos 
para reduzir déficit e as dívidas seriam as soluções, além de promover a desindexação 
simultaneamente nos ativos e contratos e liberar totalmente os preços. 
3. Choque Heterodoxo (Francisco Lopes + ‘Larida’ / PUCRIO): 
A inflação não era de 
demanda. Estudos econométricos indicaram que a inflação era principalmente inercial e 
que desaquecimentos grandes da demanda e do emprego teriam pouco efeito 
antiinflacionário 
(componente da curva de Philips era fraco), de forma que ela não seria 
contida pelo choque ortodoxo restritivo nem com redução do déficir público (falha dos 
programas do FMI neste sentido seriam as provas disso). A solução então seria, para 
Lopes, congelar os preços da economia (opção adotada por todos os planos de 
estabilização até Collor) e dos Larida era criar uma moeda paralela indexada (opção do 
Plano Real). A opção pelo congelamento, ainda que fosse alvo de críticas por causar 
distorções graves no sistema de preços, se mostrava atrativa por não exigir as 
impopulares medidas recessivas e não gerar problemas distributivos entre os setores. 
Plano Cruzado (Dilson Funaro) ‐ fevereiro de 1986 até abril de 1987 
1. Medidas: 
a. Congelamento e tabelamento de preços, fiscalizados pela população 
b. Fixação do câmbio então vigente 
c. Criação do cruzado para substituir o cruzeiro 
d. Proibição da indexação com prazo menor que 1 ano 
e. Abolição de ativos financeitos indexados 
f. Salários foram elevados inicialmente e em seguida congelados, para serem 
elevados apenas anualmente, à taxa de 60% da inflação do período (exceto 
quando a inflação acumlada atingisse 20%, disparando o gatilho salarial e 
elevando os salários em 20%). 
2. Resultado inicial: sucesso completo, na inflação, no emprego e fiscal 
a. Sucesso absoluto. Inflação foi para próxima de zero, ‘fiscais do Sarney’ 
monitoravam preços. Emprego cresceu fortemente até junho do mesmo ano. A 
situação fiscal também melhorou muito, pois a receita governamental cresceu 
(fim do Efeito Tanzi que corroía a arrecadação pública) e as despesas com juros 
reais caíram com a inflação. 
3. Problemas: excesso de moeda e consumo, superaquecimento da economia 
a. O problema começou porque o diagnóstico da inflação puramente inercial estava 
equivocado: a inflação logo antes do plano estava em aceleração. Ainda, a 
oferta monetária foi muito forte, assim como o aumento repentino no poder de 
consumo com os salários elevados e preços congelados. O superaquecimento 
da economia levou à escassez de produtos no mercado e o temor de que a 
estabilidade fosse passageira. 
4. Tentativa de solução: Cruzadinho, um pacote fiscal modesto e ineficaz 
a. As eleições de Novembro se aproximavam e era preciso segurar o 
congelamento até lá. O pacote fiscal “Cruzadinho” foi lançado, para tentar conter 
o aquecimento elevando alguns preços mas 
estes produtos foram excluídos do 
índice de inflação, em uma manipulação que irritou a população. A escassez foi 
inicialmente contida com importações, mas problemas de infraestrutura nos 
portos atrapalharam. Minidesvalorizações tentaram evitar a defasagem cambial 
mas não tiverem bons resultados por serem modestas, gerando deterioração 
nas contas externas. 
5. Cruzado II e o fim do plano: lançado após eleições, disparou o gatilho 
a. Enquanto os votos da eleição ainda eram apurados, o Cruzado II foi anunciado, 
com elevação de impostos e de tarifas de serviços públicos, e o 
descongelamento parcial dos preços. Mas o congelamento já havia durado 
demais, a expectativa de inflação subiu, o gatilho salarial foi acionado e o plano 
tornouse 
insustentável, entrando novamente na espiral inflacionária. As contas 
externas, insustentáveis com o câmbio valorizado e uso de importações para 
abastecimento, culminou na moratória da dívida, praticamente encerrando a 
entrada de capitais no país. 
6. Saldo final: diversos erros de análise 
a. O Plano foi abandonado e a equipe econômica se demitiu. O diagnóstico foi que 
a falha se deveu à múltiplos fatores. Enganaramse 
ao achar que a inflação era 
inercial; elevação salarial gerou superaquecimento; políticas restritivas foram 
muito frouxas; congelamento foi muito longo; preços foram congelados a valor 
corrente e não médio, gerando distorções (exemplo: promoções); gatilho salarial 
mostrouse 
uma armadilha, pois uma vez acionado, acionava a espiral; 
economia informal distorceu preços relativos; câmbio fixo deteriorou o BP. 
Plano Bresser ‐ junho de 1987 até janeiro de 1988 (não caiu p/ o noturno) 
1. Medidas, tentando evitar os erros do Cruzado: 
a. Congelamento temporário com descongelamento gradual já agendado 
b. Câmbio flutua livremente 
c. Manutenção do Cruzado como moeda 
d. Políticas fiscais e monetárias restritivas (caráter ortodoxo) 
e. Salários foram indexados com uma nova base, que aumentava a defasagem dos 
ajustes em relação à inflação 
2. Resultado: fracasso por falta de credibilidade 
a. O principal problema do plano foi a descrença em sua efetividade, após o 
fracasso do Plano Cruzado. Apesar de alguns meses de controle bemsucedido, 
o congelamento não foi respeitado, elevações preventivas ocorreram (em preços 
e contratos salariais) e, assim, o plano não conseguiu conter o problema 
inflacionário. 
3. Fim do plano e a política gradualista do ‘feijão comarroz’: 
a. Bresser se demitiu da Fazenda e Maílson da Nóbrega assumiu, anunciando não 
um plano mas uma política ‘feijão com arros’, ou seja, usar os mecanismos 
ortodoxos de combate inflacionário para diminuíla 
gradualmente. Notadamente, 
aplicouse 
a contenção salarial de servidores públicos e o congelamento nominal 
dos empréstimos do governo. Em fevereiro de 1988, decretouse 
também o fim 
da moratória dos juros da dívida externa, mas nenhuma dessas medidas teve o 
sucesso esperado pelo governo. Ainda, a instituição da Constituição de 1988 e 
seus novos encargos sobre o governo, especialmente em relação à Previdência, 
tornaram a contenção fiscal impossível. 
Plano Verão (Maílson da Nóbrega) ‐ janeiro de 1989 até abril de 1989 (não 
caiu p/ o noturno) 
1. Medidas radicais, tentando evitar os erros dos dois planos anteriores: 
a. Congelamento sem data para acabar 
b. Câmbio fixo na paridade 1:1 com o dólar 
c. Criação do Cruzado Novo como nova moeda nacional 
d. Políticas fiscais e monetárias restritivas (caráter ortodoxo), mas o ajuste fiscal 
não ocorreu na prática por ser medida impopular e ano de eleição 
e. Desidexação completa de todos os mecanismos econômicos 
f. Salários foram indexados com uma nova base novamente, que aumentava a 
defasagem dos ajustes em relação à inflação ainda mais 
2. Resultado: fracasso por falta de credibilidade 
a. O principal problema do plano foi, novamente, a descrença em sua efetividade, 
agora ainda maior pelo fato de suceder dois planos fracassados. De novo, 
ocorreu nova antecipação do consumo e dos preços, congelamento não foi 
respeitado e a redução da inflação não passou de um mês. 
Resumo planos de estabilização fracassados 
Entre 1985 e 1989, a inflação anual média foi de 470%, mesmo com três tentativas distintas de 
estabilização, incluindo congelamento de preços. O PIB, porém, cresceu em média 4,3%, 
relativamente alto comparando com o início da década, puxado pela expansão das exportações 
(redução da demanda interna e bom contexto internacional, além da herança do II PND, 
explicam este fator). Em relação às contas externas também houve melhora na balança 
comercial, mas em termos fiscais houve deterioração do déficit pela fragilidade e fracasso das 
tentativas de ajuste. Ainda, houve forte avanço da desigualdade, com os 10% mais pobres da 
população registrando queda de 13% na renda média do período, contra elevação de 25% nos 
10% mais ricos. 
Lições dos planos fracassados: 
1. Após a establização, seguese 
uma expansão de demanda que pode resultar em 
superaquecimento 
2. Gatilho salarial na verdade encurtava o período de reajuste de salários, acelerando a 
espiral inflacionária 
3. Congelamento distorce preços relativos e o descongelamento é difícil de se executar 
4. Repetir seguidos planos de estabilização não é eficaz pois a credibilidade é minada 
Afinal, qual o corrreto diagnóstico para a inflação brasileira do período? 
Existia um forte componente inercial na inflação brasileira, mas havia também uma pressão de 
demanda que explica parte do fenômeno. Com uma balança comercial favorável, o poderoso 
instrumento de fixação cambial não deveria ser descartado, mas sua manutenção depende de 
um forte fluxo de capitais, algo inviável no contexto de falta de liquidez internacional do período. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAP.6: Privatização, Abertura e Desindexação: a primeira metade dos 
anos 90 (1990-1994) 
Introdução 
No início de 1990 a inflação batia 80% e a economia estava estagnada, nesse contexto Collor era eleito (o primeiro 
presidente eleito por voto direto desde 1961). Collor trazia um discurso pautado na denúncia da corrupção, 
assistência aos mais pobres e promessas de mudanças na economia. Assumiu em março de 90. 
As reformas romperam com o modelo brasileiro de crescimento, que contava com alta participação do Estado e um 
grau de proteção tarifária, essas mudanças só se aprofundaram na era FHC. A política industrial não cumpriu os 
objetivos pois acabava refém do combate à inflação que era visto como prioridade. 
Os Planos para conter a inflação (Collor I e II) falharam em estabilizar os preços e, ainda por cima, geraram forte 
recessão e perda de credibilidade das instituições de poupança. 
Collor cai no final de 1992 após escândalos e esquemas de corrupção virem à tona. 
Itamar deu continuidade as reformas, e sob a sua tutela, foram lançadas as bases do programa de estabilização que 
resolveria o problema inflacionário. A consolidação da estabilidade exigiu além da desindexação, a taxa de câmbio e 
os altos juros tiveram um papel essencial, embora afetassem a economia negativamente em outras esferas. 
 
A Mudança de Modelo 
O Modelo de Substituição de Importações funcionou perfeitamente até 1980 sendo beneficiado por momentos de 
expansão das exportações. Ele possuía uma forte participação estatal, um forte protecionismo à indústria e o 
fornecimento de crédito em condições favoráveis para a execução de novos projetos. 
O MSI defendia três papéis para o Estado: i) o de indutor da industrialização, via concessão de crédito e uso dos 
instrumentos cambiais e restrições tarifárias; ii) o de empreendedor, com o objetivo de acabar com os “pontos de 
estrangulamento” do país; iii) o de gerenciador dos recursos cambiais, para evitar a sobreposição de expansões de 
demanda por divisas e crises cambiais. 
O MSI deixou alguns males para o Brasil, como uma estrutura de incentivos distorcida em certos setores; um viés 
antiexportador; um endividamento estatal; uma conivência com altas taxas de inflação aliada ao desenvolvimento 
de um sistema de indexação. Por outro lado, a indústria tinha uma estrutura melhor e mais integrada. 
A alta participação estatal e a elevada inflação passaram a ser questionadas com o segundo choque do petróleo e o 
aumento dos juros internacionais. 
 
Do final dos anos 70 ao final do 80, o Brasil sofreu diversos choques que culminaram em restrição externa e um 
crescimento da economia comprometido. A crise foi agravada pelos sucessivos fracassos no combate à inflação. A 
indústria deixara de acompanhar os avanços internacionais. 
John Williamson (1989) listou uma série de reformas que os países em desenvolvimento deveriam adotar para que 
alcançassem o crescimento autossustentado, foi o chamado “Consenso de Washington”. As propostas tinham como 
objetivo manter um bom comportamento fiscal, promover a liberalização comercial e financeira e diminuir o 
intervencionismo estatal. 
O Plano Brady (1989), tinha como carro chefe a reestruturação da dívida mediante a troca desta por bônus de 
emissão do governo do país devedor, que contemplavam abatimento do encargo da dívida. O Plano alterou as 
condições de liquidez para os países que assinaram, contudo, a oferta de financiamento internacional estava 
condicionada às reformas e a um ajuste fiscal. O Brasil só assinou em 1994, e o Plano foi fundamental para 
consolidar a estabilização, sem a liquidez externa gerada, não seria possível promover a estabilização durante o 
primeiro mandato de FHC. As reformas estruturais, por sua vez, começaram antes. 
 
Privatização e Abertura 
A abertura econômica e as privatizações do governo Collor faziam parte da Política Industrial e de Comércio Exterior 
(PICE), lançado no começo do governo. A PICE tinha um ramo que incentiva a competição e outro que incentivava a 
competitividade. A recuperação do atraso industrial era prioridade além de ser vista como condição para a 
estabilidade, assim, por mais que tenha sido feito investimentos em P&D, o ramo da competição acabou sendo um 
pouco mais forteque o da competividade. 
Apoiado pela legitimidade das urnas; pelo contexto pró reformas; pela insatisfação popular com algumas estatais; 
e pela própria crise, o governo impulsionou o processo de privatizações, acreditando que assim teria aumento da 
competição e, consequentemente, da eficiência) e, além disso, enfatizou a reforma tarifária e de comex. 
Nos anos 1990, o Plano Nacional de Desenvolvimento era prioridade, pretendia-se com ele 
 Contribuir para o redesenho do parque industrial 
 Consolidar a estabilidade 
 Reduzir a dívida pública 
 
No entanto, as metas foram otimistas demais em relação ao que de fato aconteceu, as privatizações ocorreram de 
maneira tímida por alguns motivos: 
 Má situação financeira de algumas empresas públicas afastou investidores 
 Havia uma dificuldade em avaliar o patrimônio das empresas em um cenário de inflação e mudanças de moeda. 
 Havia resistência do púbico e um governo que perdia credibilidade 
 Alguns setores, por forças constitucionais, não podiam ser vendidos para estrangeiros 
 Operações mais complexas de privatização exigiam maior experiência na condução do processo. 
Além disso, a preocupação maior era com a inflação. 
 
Mudanças no comércio exterior: junto à adoção do câmbio livre houve liberalização de importações. As formas mais 
claras de controle quantitativo de importações foram exterminadas, dando maior espaço para um controle tarifário 
com alíquotas cadenciadas. Foi anunciada também uma reforma tarifária que ocorreria em um bom espaço de 
tempo, o que, de certa maneira, preparava os produtores brasileiros para a abertura econômica. 
 
O Plano Collor I 
 
Propostas 
 O Cruzeiro volta a ser a moeda 
 Novo congelamento de preços é realizado 
a. Trabalhadores tiveram apenas a inflação de fevereiro, perdendo a da parte inicial de março 
b. O congelamento foi desrespeitado e pouco caracterizou o plano 
c. Depois de vários congelamentos a política perdera credibilidade. 
 Sequestro de liquidez 
a. As aplicações financeiras que passassem de um determinado valor foram bloqueadas por 18 meses. 
b. O governo devolveria os cruzados novos em cruzeiros em prestações e com correção monetária e juros. 
 Aperto fiscal 
a. Criação de tributos e aumentos de impostos como IPI e IOF 
b. Redução dos prazos de recolhimento 
c. Suspensão de benefícios e incentivos fiscais não garantidos pela Constituição. 
d. Medidas de combate à sonegação 
e. Redução do número de ministérios 
f. Extinção de algumas autarquias e fundações 
g. Demissões de funcionários públicos 
 Mudança para o regime de câmbio flutuante. 
 
Diagnóstico 
Existia uma “fragilidade financeira do Estado”. O plano buscava resolver o problema da inflação com uma 
desindexação parcial e com uma desoneração temporária do pagamento de juros sobre as “contas remuneradas” 
que tinham por contrapartida títulos públicos e privados. 
As “contas remuneradas” tinham liquidez absoluta assim como a moeda regular, mas contava com a vantagem de 
ter um rendimento nominal positivo. Assim não servia como meio de troca, mas servia como reserva de valor e de 
unidade de conta. 
 
 
Críticas 
O bloqueio de recursos tirava a confiança no sistema financeiro brasileiro, além de ser visto como uma política 
excessivamente agressiva, pois o limite era baixo, prejudicando poupadores mais pobres. 
O congelamento foi criticado pelo seu desgaste; O ajuste fiscal foi criticado por se basear em aumento de receitas e 
não em corte de gastos; e por último o caráter mais recessivo também foi lembrado. 
A maior crítica era teórica: havia sido feita uma confusão entre “fluxo” e “estoque”. 
 
Críticas de Pastore 
O bloqueio dos ativos monetários restringia o estoque de moeda indexada (contas remuneradas), mas não eliminava 
o fluxo. A evidência estava na Teoria Quantitativa da Moeda, que define que é o fluxo de moeda que causa inflação 
e não o seu estoque. Assim, o plano perdia a razão de existir. 
Havia a crítica também de que a zeragem tirava o controle do BC sobre a moeda e, consequentemente, sobre a 
inflação. Culpava-se a existência dos títulos de overnight pela inflação, mas na realidade a culpa era do próprio BC, 
que garantia a conversão automática desses títulos, zerando o preço de liquidez. 
O autor ressalta que sem o overnight dando juros positivos sofreríamos o risco de hiperinflação, o público acabaria 
tirando os recursos dos bancos e investindo em ouro e dólar, por exemplo. 
 
Críticas de outros à crítica de Pastore 
Muitos autores acreditavam que a análise de Pastore fora um tanto quanto “quantitativista” e ressaltavam que o 
fluxo de moeda não era o único problema, havia também a questão do aumento da velocidade de circulação, 
gerando um processo de fuga da moeda. Assim, o BC não teria como controlar o fluxo porque a moeda se torna 
endógena e a inflação só seria paralisada com uma reforma monetária. Então mesmo que o Plano Collor I não 
tivesse cometido essa confusão bárbara, ele não funcionaria. A argumentação de que a “zeragem” por si só não era 
o problema ganhou força quando ela continuou a ocorrer até 1995 e a alta inflação não voltou. 
 
Resultados práticos 
Redução inicial da inflação simultaneamente a uma retração econômica. 
Recrudescimento na inflação ainda em 1990 
Necessidade da implementação do Plano Collor II em 1/2/1991. 
 
O Plano Collor II 
 Racionalização dos gastos públicos 
 Cortes nas despesas 
 Aceleração da modernização industrial (ela ampliaria a oferta a custos menores) 
 Fim de qualquer tipo de indexação, vista como a principal causa da volta de inflação 
a. Assim, foi extinto o BTN, que servia de base para a indexação dos impostos, e também os fundos de 
investimento de curto prazo. 
b. O BTN foi substituído pelo Fundo de Aplicações Financeira (FAF), que renderia de acordo com a Taxa 
Referencial (TR), que introduzia um elemento forward looking para a indexação. Ou seja, a indexação deixava 
de se basear na memória inflacionária e passava a olhar as expectativas de inflação, criava-se o que Gustavo 
Franco chamou de “neogradualismo”. 
c. O “neogradualismo” dependia fortemente da credibilidade política para funcionar e, assim, manter 
expectativas de baixa inflação. Funcionou bem inicialmente, mas os escândalos do governo Collor minaram a 
credibilidade e a inflação voltou com força. 
 
O Plano Real: Concepção e Prática 
 
Propostas 
Concebido como um programa em três fases: a primeira promoveria um ajuste fiscal que equilibrasse as contas 
públicas eliminando a “principal causa da inflação”; a segunda criava um padrão estável de valor, a Unidade Real de 
Valor (URV); a terceira dava poder liberatório à unidade de conta estabelecia regras de emissão e de lastro da moeda 
a ser introduzida, a fim de garantir a sua estabilidade. Ao final a importância da fase I foi bem inferior em relação as 
outras duas. 
Diagnóstico 
Acreditava-se que o problema nas contas públicas era o motor da inflação, o que diferencia o PR dos anteriores que 
mantinham os olhos sobre a questão da indexação. Edmar Bacha defendia que um déficit operacional baixo junto de 
uma inflação alta não poderia ser interpretada como evidência de uma eventual irrelevância do desajuste para a 
inflação. Segundo ele o Brasil teria um “déficit potencial”, um desequilíbrio oculto, isso porque a demanda por 
recursos era sempre superior ao que observava-se ao final do ano fiscal. 
A proposta da URV era bem mais original e complexa que os já esgotados congelamentos. 
 
Fase I: O Ajuste Fiscal 
O Programa de Ação Imediata (PAI) e o Fundo Social de Emergência (FSE) eram os carros chefes do ajuste. O 
primeiro já operava há algum tempo com o intuito de transformar a relaçãoda União com os Estados e do BC com os 
Bancos Estaduais e Municipais, além de promover um combate à sonegação. Para intensificar os esforços surgiu o 
FSE, constituído com a desvinculação de algumas receitas da União, com intuito de reduzir a rigidez de gastos 
imposta constitucionalmente. O governo alegava que o FSE serviria para financiar os programas sociais prioritários. 
 
Propostas 
Para resolver o problema fiscal, adequando o hiato de recursos orçados e o resultado fiscal, eram realizados dois 
processos 
 O orçamento embutiria uma previsão inflacionária inferior à observada. Como as receitas eram indexadas pela 
inflação e a despesas eram fixas, o “undershooting” da inflação contribuía para a redução do déficit. 
 O adiamento, promovido pelo Ministério da Fazenda, na liberação das verbas orçamentárias, o que acabava 
deteriorando os gastos. 
Assim, havia um alto desajuste fiscal entre as receitas orçadas e os gastos, mas o problema se resolvia com a inflação 
deteriorando os gastos do governo ao passo que as receitas indexadas se salvavam. No fim das contas, o déficit 
acabava sendo menor. Os dois efeitos somados contruíam um “Efeito Tanzi às avessas”. 
 
Resultados 
O PAI e o FSE foram incapazes de proporcionar um equilíbrio fiscal, e o governo não conseguiu a aprovação de 
reformas estruturais importantes pelo Congresso, essas reformas eram consideradas essenciais para o alcance de 
uma estabilidade. 
 
Efeito Tanzi: queda na inflação e posterior melhora fiscal 
Efeito Tanzi às avessas: queda na inflação e posterior piora fiscal 
O FSE tinha a função de compensar as perdas nas contas públicas, assim, se fosse eficiente, as contas não mudariam 
muito com o fim da inflação. Em 1994 (aprovação do FSE) as contas melhoraram e em 1995 houve uma piora. 
Portanto, é válido dizer que provavelmente tínhamos um Efeito Tanzi às avessas. 
 
Ao contrário do que Bacha previa, a ausência de um ajuste fiscal relevante não trouxe um recrudescimento 
inflacionário, pelo contrário, a inflação foi reduzida continuamente após o nascimento do Real, até 1999 quando a 
âncora cambial é abandonada. 
Em suma, o ajuste fiscal não foi eficaz, mas isso não brecou a queda da inflação. Já a desindexação foi essencial. 
 
Fase II: Desindexação 
Objetivo era eliminar a inflação inercial, assim a ideia era acabar com a “memória inflacionária”. Em vez de 
congelamentos, a desindexação usaria uma “quase” moeda que diminuiria a frequência de reajustes, além de não 
funcionar de maneira impositiva. 
Historicamente notava-se que era muito mais fácil resolver um problema de hiperinflação do que resolver inflações 
altas persistentes, daí a estratégia de diminuir a frequência de reajustes para depois realizar a desindexação. As 
inflações altas e persistentes eram mais difíceis de resolver porque, em um cenário de inflação alta, os preços são 
influenciados pela inflação dos meses anteriores; já no cenário de hiperinflação os preços se pautam em outra 
moeda, assim os preços correntes perdem o contato com os preços passados, e a inflação se torna um problema 
mais fácil de ser solucionado, com uma moeda sem memória. 
Proposta 
 
Com a URV poderíamos simular uma hiperinflação para alcançar esses efeitos. Ao invés de esperar uma inflação 
para acontecer a diminuição da frequência dos reajustes, era proposta alternativa que anulava a memória 
inflacionária. 
 
URV e a proposta “Larida” 
 
Arida e Lara Resende sugeriram encolher a memória inflacionária com uma “moeda indexada” que dividiria espaço 
com a moeda antiga, os atores econômicos poderiam utilizar as duas livremente. 
Semelhanças entre as duas propostas 
 Livre-arbítrio para a adesão dos preços e contratos ao novo indexador 
 Depósitos e ativos financeiros com incidência obrigatória do indexador 
 Conversão dos contratos pelo valor real médio 
 Dólar atrelado à variação do indexador 
 
Críticas à proposta original “Larida” 
M.H. Simonsen apontou que os autores ignoraram o fato de que a moeda indexada poderia apresentar 
instabilidades. De fato, ela pode ser contaminada pela inflação da moeda antiga, pois é justo supor que a introdução 
de uma moeda nova levaria a um estímulo para abandonar a moeda velha (experiências húngara). 
 
Mudanças e Inovações em relação à Larida 
 Para evitar a fuga da moeda velha para a nova, no Plano Real não teríamos uma moeda indexada, apenas o URV 
que funcionaria como uma nova unidade de conta. A URV recuperaria a função de unidade de conta enquanto o 
Cruzeiro permanecia com a função de meio de pagamento. Depois a URV seria transformada em Real, agora com 
função de reserva de valor, garantindo o fim da inflação. 
A URV entrou em vigor em março de 94 e até o final de junho o BC estabeleceu diariamente a paridade entre a 
URV e a moeda “oficial”. O Real chegou em julho e a URV foi extinta. 
 Criação de um indexador superior. Como a URV teria uma curta duração não seria justo utilizar apenas um índice 
de preços, já que, em geral eles acabam privilegiando algum setor. Sendo assim, a URV era calculada com base 
em três índices diferentes. 
 Os preços finais teriam que ser expressos em cruzeiros (obrigatoriamente) e em URV (opcionalmente). Isso a fim 
de evitar um aumento da frequência de reajustes, que poderia estimular um crescimento inflacionário. 
 Arida defendeu uma política monetária forte, com altos juros no pós-plano, em oposição à proposta original que 
levava em conta uma política monetária frouxa. O ponto é que uma queda abrupta na inflação levaria a uma 
explosão no consumo que se não fosse contida acabaria com a estabilidade alcançada, sendo assim, a estratégia 
de altos juros era, de fato, bem relevante. E foi adotada pelo governo. 
 O pagamento pelo conceito de caixa. Os salários foram convertidos pela média dos valores reais dos meses 
anteriores, mas com a inovação, os salários ficavam fixos em URV e eram pagos pela URV do dia do pagamento – 
o que implicava em uma correção mensal. 
 
Avaliações 
Segundo ele a URV não deveria ser examinada à luz da Hungria e 1945-46, mas sim do rentenmark alemão, de 
acordo com Franco, a hiperinflação alemã se deu através da introdução da moeda indexada, denominada 
rentenmark, mas isso só ocorreu porque o governo atuava trocando marcos por rentenmarks e mantendo a taxa de 
câmbio entre o marco e o dólar. Os preços eram dados em marcos e atrelados ao dólar, assim, a estabilidade do 
câmbio gerou uma estabilidade dos níveis de inflação. 
Se com a Hungria aprendemos que não é uma boa ideia utilizar duas moedas, com a Alemanha aprendemos que a 
fixação da taxa de câmbio é essencial para atingir a estabilidade. Daí vem a terceira fase do Plano. 
 
A URV durou quatro meses, com inflação apenas nos meses da ponta. 
A desagregação das funções da moeda evitou a fuga de uma moeda para outra e a contaminação 
A aceleração inflacionária de junho ocorreu em parte devido à queda dos custos de menu e em outra devido ao 
medo generalizado de novos congelamentos. 
 
Os salários reais tiveram um ganho no mês inicial, mas nos meses seguintes os ganhos foram consumidos até a 
extinção da URV. O aumento do salário mínimo após o nascimento do Real, a redução do imposto inflacionário e o 
favorecimento do nontradables nos preços relativos foram conjuntamente responsáveis por um novo ganho real 
 
Fase III: Âncora Nominal 
 
Medidas 
MP 542 dá largada à terceira fase com um conjunto de medidas: 
 O lastreamento da oferta monetária doméstica em reservas cambiais, em uma taxa fixa de R$1 por US$1. 
 Imposição de limites máximos ao estoque de base monetária 
 Mudanças no funcionamento do CMN, a fim de dar mais autonomia ao BC 
As medidas da MP foram criticadas porque alguns pontosnão eram claros 
 Estabelecimento do lastro sem garantir a conversibilidade entre as moedas 
 Não se tinha ideia da dimensão da remonetização da economia, vista como certa. Assim, havia o risco das 
metas impostas serem facilmente batidas. 
 Inconsistência econômica ao lançar simultaneamente âncoras monetárias e cambiais, mas dias depois 
anunciou-se que a âncora adotada seria a monetária e o câmbio estava livre para oscilar para baixo do teto. 
 
Além da MP houve um Aperto da liquidez 
 Recolhimentos compulsórios sobre os depósitos à vista foram aumentados e os dos depósitos a prazo foram 
fixados. 
O aperto de liquidez bem depois do nascimento do Real é um dos pontos mais relevantes do PR, em 
oposição aos planos de estabilização da década de 80. O objetivo era apertar a demanda crescente com a 
estabilização. 
 
Nenhuma das medidas previstas pela MP foi levada adiante ao pé da letra, até o câmbio livre só pra baixo durou só 
três meses. 
 
Mudança de âncora 
No final de 1994 com o fracasso das metas monetárias o governo adota a âncora cambial, que tinha vantagens: 
 Permitia contratos de longo prazo, o que era impossível com uma inflação alta 
 Fazia pressão sobre os preços dos tradables 
Esperava-se, no começo, uma distorção entre os preços de comercializáveis e não comercializáveis, mas também 
que essa distorção seria corrigida com os não comercializáveis atraindo mais ofertantes devido à maior 
lucratividade, o que reduz o excesso de demanda e os preços no setor. 
Esperava-se que a inflação caísse abruptamente com a âncora cambial, mas que ainda se mantivesse alta em 
padrões internacionais, e que depois convergisse para níveis mais razoáveis lentamente. O mérito da âncora cambial 
era exatamente o de acelerar a convergência sem comprometer o andamento do nível de atividade econômica. 
 
Consequências negativas âncora cambial 
 Estímulo à absorção interna, o que pode gerar aumento do nível de preços 
 Perda de competitividade no comércio exterior 
 Contas externas prejudicadas com à desvalorização cambial, isso porque a inflação cai mas ainda fica acima dos 
níveis internacionais inicialmente 
 Taxas de juros permanecem altas por algum tempo 
 Geração de ciclos na atividade real da economia 
 
 
 
Comportamentos típicos de países que adotam âncora cambial 
 Crescimento inicial do produto e posterior redução gradual. Contas fiscais e o desemprego possuem o mesmo 
comportamento 
 Preços dos tradables caindo mais rápido que os nontradables e depois ambos convergem. 
 Déficit em transações correntes cai continuamente 
 
Comportamentos do Plano Real 
 Apreciação cambial e resistência na queda da inflação. 
 Produto e desemprego com o comportamento previsto 
 Salários reais aumentaram no início 
 Déficits crescentes na CC 
 O Brasil teve os déficits em transações correntes financiados pelo capital estrangeiro que se dissolveram durante 
as crises mexicana, asiática e russa. 
 Por fim, o Brasil sofreu uma crise cambial e foi obrigado a desvalorizar a moeda. 
 Duas variáveis se comportaram diferente do esperado, os juros e o déficit público. Juros normalmente começam 
altos e convergem para os níveis internacionais, no Brasil ficaram altos. O déficit reduz no começo e cresce no 
fim, no Brasil ele melhorou no começou e piorou DEMAIS no final. 
 
Os altos juros foram, de certa forma, uma segunda âncora para manter os níveis de preços. Inclusive foram mais 
importantes que o câmbio em alguns momentos. Pode-se dizer que os juros não convergiram porque eles eram 
usados como ferramentas de combate à inflação. 
O combo câmbio apreciado e altos juros colocou o país em uma rota de queda do crescimento do PIB, déficits na BP, 
enquanto a dívida aumentava. Por outro lado, a inflação estava domada. 
 
A Evolução da Economia no Período de 1990-94 
Crescimento médio do PIB baixo, mas ano a ano o comportamento foi bem instável, puxado pelas volatilidades da 
agricultura e da indústria. O sequestro de liquidez gerou forte retração, o crescimento em 91 foi baixo, em 92 voltou 
a cair com as instabilidades políticas. 
Em 1993-94 o crescimento médio foi bem maior devido à recuperação da indústria e aos bons anos da agricultura. 
Além disso, podemos citar a demanda reprimida, o afrouxamento da política monetária e a chance de modernizar a 
indústria (graças à estabilidade). 
As medidas para conter a demanda após o lançamento do real foram insuficientes para brecar o aumento do 
consumo, que só brecou com a Crise do México. 
A inflação seguiu os padrões clássicos dos planos anteriores: queda abrupta no começo e retorno do crescimento 
depois. 
Quanto a BC, tivemos queda nas exportações em 90-91, mas nos três anos seguintes elas explodiram puxada pelo 
setor de manufaturados. As importações aumentaram continuamente. 
Os fluxos de capital aumentaram significativamente graçasa abertura, ao Plano Brady, a Conferência de Washington, 
à estabilização e aos juros altos. 
As contas primárias melhoraram após o Plano Collor I devido à criação de tributos e aumento das alíquotas. O 
resultado melhorou continuamente até a crise do impeachment. O resultados primários melhoraram com o PAI e o 
FSE. 
 
Conclusões 
Os anos de 1990-94 deram início a era de privatizações e abertura econômica, o MSI esgotara-se. 
Democracia jovem, mas bem madura durante o processo de cassação de Collor. 
Plano Collor I e II fracassaram em obter a estabilidade de preços; o Plano Collor I tinha um erro de concepção e o 
Plano Collor II foi afetado pela crise política. Estabilização veio com o Plano Real, dividido em três partes. 
O PR tinha originalidades, como a defesa do gasto público excessivo como causa da inflação e não o componente 
inercial, que era a causa apontada pelos planos anteriores. O diagnóstico não foi bom, pois mesmo com as contas 
públicas ruins a inflação fora contida. Outra originalidade foi o meio de combater o componente inercial da inflação, 
com a implementação da URV que se assemelhava à proposta Larida, embora não tivesse duas moedas. 
A terceira fase percorreu um caminho parecido com a dos outros países que utilizaram âncoras cambiais. Ela se 
caracterizou como uma estabilização pautada pelo câmbio e pelos altos juros em um contexto de alta liquidez. 
 
Por que o Plano Real deu certo? 
 Condições externas eram favoráveis para a estabilização, com alta liquidez internacional e bom nível de reservas. 
Sem contar a abertura econômico e o reescalonamento da dívida externa graças ao acordo com o FMI. Mas nos 
anos 80 o PR provavelmente fracassaria. 
 A URV foi uma estratégia bem melhor se comparada aos congelamentos. Ela bagunçava os preços relativos 
apenas temporariamente. 
 O Governo era apoiado pelo Congresso e havia perspectiva de continuidade para FHC. 
 Altos juros e câmbio apreciado consolidaram a estabilidade até 1998, mas comprometendo a dívida pública e o 
crescimento. 
 
Se outros países latinos se estabilizaram na década, o que torna o PR especial? 
O ponto comum das outras economias com o Brasil é a utilização do câmbio como ferramenta para obter a 
estabilização em um contexto de ampla liquidez externa. 
As outras economias eram altamente dolarizadas e o Brasil desenvolveu um sistema de indexação difícil de ser 
exterminado. Essa era a desvantagem brasileira. 
Estabilizar economias dolarizadas é, de fato, mais fácil. Mas o Brasil, mesmo com a indexação, foi capaz de manter as 
funções de sua moeda mais ativas que a dos companheiros latinos. 
 
A vitória da inflação no PR foi só no que concerne a estabilidade de preços, havia crescimento irregular, 
investimentos baixos, mercado de crédito decadente e um viés curto-prazista dos ativos financeiros.A ideia de que o fim da inflação colocaria o país no rumo do crescimento não se concretizou. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAP.7 GIAMBIAGI: Estabilização, Reformas e Desequilíbrios 
Macroeconômicos: a era FHC (1995-2002) 
 
Introdução 
Ao disputar as eleições, FHC tinha 2 coisas em mente. Ele sabia que as alianças políticas eram essenciais para a 
governabilidade, e tinha como prioridade terminar o seu mandato, e isso condicionou as opções que fez na 
economia. A segunda coisa era a de que fora eleito para vencer a inflação. 
 
A Batalha da Estabilização 
Governo começa em 1995 já pressionado: 
 Superaquecimento da economia trazia à memória o fracasso do Plano Cruzado, onde um boom no consumo 
provocou o colapso da estabilidade. 
 Choque nas economias latinas, México em especial, levantava a suspeita de que os regimes de câmbio rígido 
poderiam não acabar bem. 
 Queda nas reservas internacionais, dado o efeito combinado o crescimento na demanda agregada e da redução 
da entrada de capitais, associada à crise mexicana e ao temor de que o Brasil seria o próximo a entrar em 
colapso. 
 
No começo de 1995: clara possibilidade de volta da inflação e de reinstalação da indexação. 
Em uma conjuntura de economia superaquecida, pressão inflacionária e deterioração do BP, o Governo toma 
medidas em mar/95: 
 Desvalorização controlada em relação à taxa de cambio da época (apreciação cambial). 
 Aumento da taxa de juros nominal, aumentado o custo de carregar divisas. 
Efeitos: 
 Ficou claro que o governo defenderia a nova política cambial, o que deixaria as aplicações locais com alta 
rentabilidade, atraindo investidores externos, dado que a liquidez internacional havia sido recomposta ao fim da 
crise mexicana. 
 Simultaneamente, a inflação começou a ceder e entrar em trajetória de queda. 
 
Análise do Plano Real em 1995: 
Foi salvo pelos altos juros e pela retomada da liquidez internacional. Sem a política monetária o destino seria 
provavelmente o mesmo dos planos de estabilização da década de 80, apenas com a política monetária o Plano não 
teria se sustentado. 
Por outro lado, o PIB caiu entre o 1º e o 3º tri, puxado pela indústria. 
 
A Crise em Gestação: 1995-1998 
PR bem-sucedido no combate à inflação, mas a custos de um desequilíbrio externo crescente e uma séria crise fiscal. 
O Desequilíbrio Externo 
A razão era o boom das importações após o PR combinado com o mau desempenho das exportações. 
Além da piora da CC associada à questão da BC, havia uma realimentação dos problemas geradas pela 
necessidade de financiar o próprio déficit, já que problema era “sanado” com endividamento externo e com a 
entrada de capitais estrangeiros. A presença de muitos passivos externos resultava maiores pagamentos de juros. 
Resultados 
 Déficit de serviços e rendas aumentou, junto com o déficit conta corrente. 
 Simultaneamente, a dívida externa líquida voltava a incomodar. 
Todos esses fenômenos eram consequências retardadas da âncora cambial. 
 
Há 3 motivos para as autoridades se manterem irredutíveis em relação ao câmbio: 
 Temor que uma desvalorização cambial trouxesse de volta a inflação, como ocorrera no México. 
 Medo de tomar uma decisão que pudesse impactar o resultado das próximas eleições que se aproximavam. 
 Esperança de que o resto do mundo continuasse a financiar o Brasil, permitindo que os ajustes necessários 
fossem feitos gradualmente em um provável segundo mandato de FHC. 
 
A Crise Fiscal 
Durante o primeiro mandato de FHC, foi caracterizada por: 
 Déficit primário do setor público consolidado 
 Alto déficit público (nominal) 
 Dívida pública crescente 
Essa conjuntura era vista como um fruto da política fiscal expansionista. 
Entre 1994 e 1998, o setor público sofre uma grande piora primária. Os juros atrapalharam ao longo do tempo de 
duas maneiras: primeiro devido à alta taxa de juros real; depois porque as taxas incidiam inicialmente sobre uma 
dívida pública fixa do PIB e depois passaram a incidir a uma dívida crescente. 
Outro grande problema era a falta de um ajuste fiscal como base da estabilização, a responsabilidade era quase 
toda da política monetária, assim, os altos juros tiveram um papel importante para o sucesso do PR. 
Autoridades acreditavam que os ajustes poderiam esperar até depois das privatizações, onde teríamos a garantia 
de financiamento externo para o desequilíbrio em CC do BP e, simultaneamente, evitaria uma pressão maior 
sobre a dívida pública. 
 
O Desfecho dos Desequilíbrios 
Entre 1995 e 1998 a âncora cambial sofre um desgaste, embora tivesse sido efetiva no combate à inflação, gerou 
problemas que começaram a incomodar. 
De um lado, a deterioração da CC estava impulsionando um aumento dos passivos externos do país. Do outro, a 
necessidade de cobrir esse déficit externo com a entrada de capitais, atraídos pelos altos juros, gerava gastos 
muito grandes. 
A política de déficits em CC + altos juros seria sustentada enquanto fosse possível se endividar, mas com o passar 
do tempo essa janela foi se fechando e, ao final do segundo mandato, o resto do mundo parou de financiar o 
Brasil. O governo estava tranquilo após o fim da crise asiática e a privatização da Telebrás, as reservas 
internacionais estavam altas e FHC estava liderando as pesquisas. A moratória russa mudou toda essa dinâmica. 
Os ajustes que o governo guardara para o segundo mandato teriam que ser feitos imediatamente. Depois de três 
ataques especulativos contra o Real (crises externas), a alta taxa de juros não conseguia mais resolver o 
problema, além de piorar a situação fiscal do país. 
FHC iniciou o segundo mandato tendo que repensar a política econômica que, claramente, não era mais efetiva. 
 
O Segundo Governo FHC: 1999-2002 
No final do primeiro mandato, o governo começou a negociar um acordo com o FMI para poder enfrentar as 
conjunturas externas extremamente desfavoráveis, onde o resto do mundo perdera o desejo em manter o 
financiamento dos déficits em CC do Brasil. 
Essa negociação estimulou uma fuga de capitais, pois temia-se uma desvalorização, o que acabou estimulando a 
busca por dólares antes que a política cambial mudasse. 
O acordo de US$42bi contemplava um aperto fiscal, assim, o superávit primário disparou a partir de 1999. No 
entanto, nada foi acordado quanto a política cambial, que foi mantida. 
Obstáculos ao acordo 
 Ceticismo do mercado, que não acreditava que o Brasil escaparia de uma desvalorização cambial. 
 Congresso rejeitando a cobrança de contribuição previdenciária dos servidores públicos inativos, que era uma 
das medidas mais importantes do plano fiscal. 
Netas circunstâncias, o pessimismo externo aumentou e a perda de divisas se acelerou, com as quedas de reserva 
batendo recordes. 
Governo, sem opções, é constrangido à uma desvalorização cambial. E depois de tentar, sem sucesso, conter os 
danos, o governo deixou o câmbio flutuar. A desvalorização foi grande e ocorreu muito rápido, o maior temor 
passava a ser o recrudescimento das altas taxas de inflação. 
 
Panorama muda com a nomeação de Armínio Fraga para a presidência do BACEN, 2 providências são logo tomadas: 
 Elevação da taxa de juros básica 
 Início dos estudos para a adoção de um sistema de metas de inflação, o que foi entendido como uma espécie de 
troca de âncora, dado que a âncora cambial desaparecera. 
Simultaneamente, o governo ganha apoio político e aprova medidas de ajuste com as quais poderia renegociar o 
acordo com o FMI. Como a dívida pública agora era maior, foi necessário ampliar a meta de superávit primário, o 
que significou um relevante aperto fiscal. 
Desvalorização não teve osefeitos inflacionário esperados, por alguns motivos. 
 Desvalorização ocorreu em um momento de “vale” da produção industrial – a contração de demanda diminuiu a 
probabilidade de repasse dos efeitos do câmbio aos preços. 
 A mentalidade indexatória dos agentes econômicos não era mais a mesma, provavelmente devido ao 
relativamente longo período de estabilidade e a desmontagem dos mecanismos de reajuste. 
 A inflação imediata após a desvalorização, em jan e fev, foi baixa, isso acalmou quem temia um boom 
inflacionário. 
 A política monetária estrita – altas taxas de juros – conteve as remarcações e apreciou a moeda doméstica. 
 O respeito às metas fiscais acordadas com o FMI criou um clima de confiança na economia 
 O aumento do salário mínimo em maio estimulou reajustes salariais mais baixos. 
 A definição de uma meta de inflação de 8% em junho completou as medidas para ajustar a economia a uma 
inflação levemente maior, mas que não teve a explosão esperada. 
No início de 1999, o país iniciou uma retomada do processo de crescimento que só acabaria com as crises de 2001. 
Tivemos crescimento do PIB em 1999 e 2000, além de resultados ótimos n que concerne o nível de preços. 
 
Em 2001, a economia foi prejudicada por uma combinação de fatores: a crise de energia, o “contágio” argentino 
(colaborou para a diminuição da entrada de capitais) e os atentados de 11/9 que abalaram os mercados mundiais. 
A menor disponibilidade de capitais afetou os juros domésticos, comprometendo o desempenho da economia. 
O balanço do segundo mandato é ambíguo. Por um lado, o crescimento foi baixo e os juros ficaram altos, por outro, 
a BC melhorou, assim como o resultado em CC, sem contar o ajuste fiscal bem-sucedido. 
 
As Reformas do Período 
Os anos FHC tiveram marcas positivas importantes: a estabilização e as reformas (resumidas a seguir) 
1. Privatização 
a. De empresas deficitárias ou empresas superavitárias com níveis de investimento questionáveis. Esses 
gastos deixariam de pressionar as contas públicas. 
2. Fim dos monopólios estatais nos setores de petróleo e telecomunicações 
a. Abriu caminho para o estabelecimento de competição 
3. Mudança no tratamento do capital estrangeiro 
a. Abriu os setores de mineração e energia para o capital estrangeiro 
b. Mudou o conceito de empresa nacional, dando às firmas com sedes no exterior o mesmo tratamento 
dado às empresas brasileiras. 
4. Saneamento do sistema financeiro 
a. Com os problemas associados ao desaparecimento das receitas de float dos bancos após o fim da alta 
inflação, as ineficiências do setor financeiro apareceram – crises de três bancos privados (1995-97) 
b. Governo atuou propiciando uma solução de mercado para os três bancos, que foram absorvidos por 
outras instituições privadas. 
c. Especificamente, as medidas do governo foram: 
i. Criação do Proer, que permitia reorganizações societárias no sistema, o que evitou a deflagração 
de uma crise similar à do México. 
ii. Privatização da maioria dos bancos estaduais 
iii. Facilitação da entrada de bancos estrangeiros – procurando ampliar a concorrência 
iv. Promoveu a conglomeração do setor – mercado om menos instituições, mas, mais fortes 
v. Ampliação dos requisitos de capital p/ a constituição de bancos 
vi. Melhora no acompanhamento do nível de risco do sistema 
5. Reforma na Previdência Social 
a. Estabeleceu-se uma idade mínima p/ os novos entrantes na adm pública, e ampliou-se a necessidade de 
tempo de contribuição p/ quem já estava na ativa. 
b. Aprovou-se o “fator previdenciário” p/ o INSS que penalizava os indivíduos que tivessem menor tempo 
de contribuição e/ou se aposentassem mais cedo, desestimulando aposentadorias precoces. 
6. Renegociação das dívidas estaduais 
a. “Federalização” das dívidas – se os estados não pagassem as prestações a União poderia se apropriar das 
receitas de transferências. 
7. Aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal 
a. Estabeleceu tetos para despesas c/pessoal nos três poderes em níveis municipais, estaduais e federais. 
b. Proibiu novas renegociações de dívidas entre entes da Federação – fazendo com que a restrição 
orçamentária enfrentada pelos estados e municípios fosse verdadeira, o que gerou uma melhora na 
situação fiscal desses núcleos 
8. Ajuste Fiscal, a partir de 1999 
a. As metas fiscais ficaram mais rígidas, o controle sobre as contas públicas era maior 
9. Criação das agências reguladoras 
a. Criadas para defender o consumidor, assegurar o cumprimento de contratos, estimular investimentos e 
manter a qualidade do serviço. 
10. Estabelecimento do sistema de metas de inflação na política monetária 
a. Compromisso formal com a estabilidade de preços, inédito até então. 
Esse conjunto de novidades mudou o país, que agora assemelhava-se mais às nações desenvolvidas, que geralmente 
tem menor presença do Estado na produção, sistemas financeiros consolidados, contas fiscais sob controle e baixos 
níveis de inflação> 
 
As Privatizações 
Caracterizaram-se pela venda de empresas prestadoras de serviços públicos, principalmente, nas áreas de energia e 
telecomunicações. 
Objetivos 
 Transferir atividades indevidamente exploradas 
 Buscar uma redução da dívida pública 
 Permitir a retomada de investimentos nas empresas e atividades privatizadas 
 Contribuir para a modernização da indústria 
 Permitir que a administração pública concentre esforços em atividades em que o papel do Estado é fundamental 
 Contribuir para o fortalecimento do mercado de capitais 
Somam-se à essas razões, outras que estavam ligadas à necessidade de atrair capitais estrangeiros 
 
Durante o primeiro mandato FHC, marcado por um déficit primário das contas públicas e por déficits em CC 
expressivos, a privatização andava na mesma direção da política econômica 
A partir de 1999, a desvalorização cambial e o ajuste fiscal mudaram o rumo da economia, e as privatizações 
deixaram de ser urgentes. 
 
Avaliação 
 Consequências positivas: dívida pública foi afetada positivamente; as empresas ficaram mais eficientes na 
maioria dos casos; houve vários benefícios sociais no caso das telecomunicações, quedas de preço, agilidade, 
aumento do número de clientes; a venda de empresas com dificuldades financeiras melhorou o resultado fiscal 
das empresas estatais estaduais. 
 Consequências negativas: os resultados ficaram abaixo do esperado, graças a dois fatores, primeiro à ideia 
equivocada de que com a desestatização o governo teria mais recursos para os programas sociais, segundo, 
houve problemas regulatórios no setor elétrico, a ausência de uma regulação clara não estimulou investimentos 
do setor privado que, junto com a falta de investimentos estatais, resultou na crise energética de 2001. A 
geração praticamente não havia sido privatizada, mas a “cara” do setor era dada pelas distribuidoras, essas sim 
privatizadas, assim a crise foi vista pela população como um símbolo das supostas falhas da privatização. 
 No fim das contas, politicamente, a desestatização não foi um sucesso e nem um fracasso. 
 
Uma Década de Transformações: A Mudança em Três Estágios 
Década de 1990 pode ser chamada de “a década de transformações”, essas transformações podem ser divididas em 
três períodos: 
 1991-94: As privatizações e a abertura econômica geraram um estímulo à competição, assim o “protecionismo” 
foi deixado de lado e o setor privado foi incentivado a se modernizar. A inflação ainda era um obstáculo para as 
decisões de investimento de longo prazo. 
 1995-98: A estabilização permitiu a comparação de preços, o que acabou fazendo com que as firmas 
competissem ainda mais. Mas os desequilíbrios – externo e fiscal – davam a impressão de que uma crise estava 
chegando(estavam certos), e assim, afastavam investimentos. 
 1999-02: Houve um grande choque nas políticas cambiais, monetárias e fiscais, a maneira de conduzir a 
economia mudava. Com as medidas, o país passou a ser capaz de enfrentar altas inflações, crises externas e 
descontroles fiscais, via aumento da taxa de juros, ajustes do câmbio e aperto fiscal, respectivamente. Assim, era 
possível resolver os problemas simultaneamente. 
As mudanças modernizaram e tornaram o país mais competitivo, com estabilidade e um conjunto de políticas 
macroeconômicas adequadas. 
 
Por que o Ajuste não Foi Percebido 
Em 1999 foram feitos um ajuste fiscal para conter a dívida pública e a mudança para o câmbio flutuante para reduzir 
o déficit da CC, ambas as medidas foram adequadas, mas nenhuma delas fez do Brasil um caso de sucesso aos olhos 
do mercado e nem da população, por quê? 
 Primeiramente, durante os dois mandatos de FHC tivemos um aumento da relação dívida pública em todos os 
anos, embora apenas no primeiro mandato ela tenha aumentado por razões fiscais. E foi só ao final de 2002 que 
ficava claro que a situação externa brasileira havia mudado para melhor. Assim, quem olhasse para o Brasil no 
meio de 2002 só veria uma dívida pública crescente e um déficit na CC – havia um claro ceticismo em relação ao 
Brasil. 
 Independente dos bons resultados das políticas econômicas de 1999, há dois pontos que as limitam: 
O contexto externo não foi o melhor, com a crise argentina, contração dos mercados latinos, atentados 
terroristas, desvalorização do euro, contração de crédito no mercado internacional e queda do preço médio das 
exportações. Todos esses fatores aumentaram a necessidade de uma desvalorização cambial, que afetava os 
juros, pressionados para conter uma maior inflação 
O segundo ponto é que a desvalorização resultaria em uma queda dos salários reais, o rendimento médio real 
dos brasileiros entrou em declínio. Outro modo de abordar a situação é considerar que para aumentar o saldo 
de transações com o exterior, o consumo per capita teria que estagnar, o que explica a impopularidade da 
política de desvalorização. A reversão desse processo explicaria a popularidade de Lula. 
O desempenho no período não foi brilhante, mas não foi ruim, crescimento médio de 2,3%a.a. Ao final do segundo 
mandato, o Brasil não conseguira manter um crescimento maior do que 3% em dois anos seguidos. Foi esse 
desempenho ruim que o eleitor condenou. 
 
Conclusões 
Dois governos diferentes: o primeiro, com política cambial rígida, dependência do financiamento externo e 
desequilíbrio fiscal; e o segundo, com adoção do câmbio flutuante, redução do déficit em CC e forte ajuste fiscal. 
Era comum a preocupação com a inflação e a continua expansão dos gastos públicos. 
Como pontos positivos temos a estabilização e o fim do processo de indexação; a adoção do “tripé” de políticas 
econômicas – metas de inflação, câmbio flutuante e austeridade fiscal – que, se mantidas no tempo, poderiam criar 
condições de desenvolvimento no futuro; as mudanças estruturais, como a LRF, a reforma da Previdência, o ajuste 
fiscal nos estados; o fim dos monopólios estatais no petróleo e telecomunicações. Por outro lado, tivemos um baixo 
crescimento; aumento da carga tributária; grande endividamento externo e fiscal; e FHC não entregou a reforma 
tributária, o desenvolvimento de um mercado de crédito e a superação da vulnerabilidade externa. 
Vale ressaltar a autonomia (não formal) do BC; os ritos da democracia que foram seguidos; e o governo acabando na 
data prevista. 
O Brasil tornou-se mais parecido com um país desenvolvido nos anos de 1990. 
 
CAP.8: Rompendo com a Ruptura: O Governo Lula (2003-2010) 
 
Introdução 
A posse de Lula teve dois significados relevantes. Primeiro, representou a ascensão da esquerda ao poder; além 
disso, a perspectiva de um governo Lula servia como um teste para a economia brasileira. 
O mercado, por algum motivo, achava que o compromisso com a estabilidade e austeridade era de FHC, não se sabia 
até que ponto esse compromisso seria mantido em um eventual governo Lula. 
A desconfiança aumentou durante 2002, muitos acreditavam e temiam a decretação de alguma forma de moratória 
em 2003, no contexto da adoção de políticas populistas por parte de um possível governo petista. 
 
A Mudança do PT e o Caminho para o Centro 
Desde a primeira vez que Lula saiu como candidato à presidência em 1989, tanto ele como o PT passaram por um 
processo de moderação. O PT foi gradualmente abandonando algumas propostas mais radicais, como a defesa de 
uma moratória da dívida externa. No entanto, em 2002, essa “conversão” ainda não estava consolidada. 
Mesmo com a moderação, até 2002, havia petistas que criticavam o cerne da política econômica de 1999. 
Mantega afirmava que a política pautada na geração de superávits primários (para pagar credores) era um 
obstáculo para o país investir em programas sociais. 
Lula chegou a afirmar que o país não pode continuar sendo vítima de uma política econômica pautada 
apenas no pagamento de juros. 
A moratória da dívida não era, e nem nunca foi, uma proposta oficial do governo Lula, mas bastou apenas a 
indagação a respeito da conveniência de pagar ou não a dívida, para alimentar os temores dos mercados financeiros. 
Assim, se havia parlamentares petistas apontando insatisfação com a dívida externa e outros petistas opondo-se aos 
níveis de superávit primário existentes. Então havia dúvidas de qual seria a direção que um possível governo do PT 
seguiria, quanto ao pagamento da dívida externa e a sustentação dos superávits primários que permitissem bancar 
os juros da dívida interna. 
 
O discurso do PT começou a mudar no meio da disputa eleitoral de 2002, algo que foi deixado mais claro pelo então 
coordenador de campanha Antônio Palocci. 
Há 2 fatores que podem explicar a moderação do PT às vésperas das eleições 
 A crise argentina que mostrou os problemas que aparecem com uma fuga completa de empréstimos 
 A situação externa brasileira ao final de 2002, indicava que sem acesso ao crédito externo e aos recursos do FMI, 
a situação se agravaria muito. 
A transformação foi confirmada por três documentos lançados em 2002: 
 Em junho, a “Carta ao Povo Brasileiro”: comprometimento em preservar o superávit primário para impedir o 
aumento da dívida interna e a perda de confiança no governo. 
 Em julho, o programa de governo formal: sinalizando uma moderação maior 
 Em agosto, a “Nota sobre o Acordo com o FMI”: compromisso com o acordo negociado por FHC. 
A mudança terminaria, já no governo em 2003: 
 “Política Econômica e Reformas Estruturais”: proposta de um modelo de desenvolvimento pautado na 
estabilidade econômica, mas, redirecionando os gastos públicos para os mais pobres. 
 
As Primeiras Medidas de Política Econômica 
O acordo feito com o FMI previra um nível de superávit primário para 2003, mas após as eleições havia a sensação 
de que o nível previsto não era mais suficiente dada a situação em que a economia se encontrava, por três razões: 
 Para recobrar a confiança do mercado financeiro, os credores desejavam um overshooting fiscal, não deixando 
dúvidas de qual seria a trajetória da relação dívida/PIB 
 Havia a expectativa de aumento na taxa de juros real em 2003, devido ao crescimento inflacionário 
 A dívida pública aumentara muito como percentual do PIB, pedindo um novo ajuste. 
A política monetária também preocupava, as sucessivas elevações das taxas de juros a partir de outubro foram uma 
política tardia e insuficiente para conter a alta dos preços. Defendia-se novo aperto da política monetária. 
 
Essas eram as duas coisas que não se imaginava que o PT faria como governo: ajuste fiscal eaumento dos juros. 
Assim, na visão do mercado financeiro, as medidas eram um teste para Lula, o resultado definiria o rumo do país. 
 
Nos 6 meses seguinte a vitória eleitoral, o governo tomou medidas que era mudanças claras em relação ao passado 
petista, essas mudanças reduziram as tensões macroeconômicas do final de 2002. 
 Manutenção da Diretoria do BACEN, apenas nomeando Henrique Meirelles como novo presidente, o que 
indicava continuidade. 
 Anunciou metas de inflação mais baixas para os anos seguintes, indicando uma política de combate à inflação 
 Aumento da taxa de juros e aperto na meta de superávit primário, o que era contrário às bandeiras petistas 
 Ordenou cortes no gasto público, representando um ajuste fiscal 
 Colocou na LDO o objetivo de manter a meta inflada de superávit primário para os três últimos anos do governo. 
Essas medidas mostravam que o PT abandonara várias de suas principais bandeiras, assim, o partido entrava no rol 
de partidos de esquerda que tinham se transformado ao assumir o poder. 
 
A Superação da Crise de 2002 
Os problemas econômicos de 2002 refletiam uma crise de desconfiança associada à incerteza em torno do que 
ocorreria com a política econômica a partir de 2003, com a posse do novo governo. A incerteza pode ser observada 
pelo comportamento de três variáveis: o risco-país, a taxa de câmbio e a expectativa de inflação, todas sofrendo 
aumento. Mesmo o aumento dos juros no final de 2002, se mostrou ineficaz para combater a inflação dada a 
incerteza crescente. 
O ambiente financeiro se acalma, após um conjunto de fatores: 
 A nomeação de Palocci para ministro da Fazenda; 
 A indicação de um presidente do BC visto como confiável, além da conservação da diretoria do órgão. 
 Os aumentos dos juros já no governo Lula. 
 A renovação do acordo com o FMI, preservando as metas fiscais. Embora, o acordo agora tivesse um viés mais 
preventivo pois o país acabou por não utilizar a linha de crédito que tinha direito. 
Assim, somando o bom desempenho da BC, a taxa de câmbio e o risco-pais caem. Infelizmente, a explosão inicial da 
taxa de câmbio já havia contaminado os preços. A inflação nos primeiros meses de 2003 foi alta, mas com tendência 
declinante. A partir do 2º semestre o BC pôde implementar uma queda nos juros, pois a inflação já se comportava 
melhor. 
Em suma, durante os governos FHC, os petistas criticavam a perseguição da estabilidade e questionavam a 
fragilidade externa do país. Ao entrar nas eleições, o PT previa que, uma vez vencido o pleito, estaria em uma 
condição de estabilidade onde seria capaz de dar início a uma fase de crescimento e de fim da crise externa. Ao 
assumir o poder, Lula tinha uma situação completamente diferente da esperada. 
Em 2003, as políticas ortodoxas foram capazes de conter a inflação, contando com um estímulo dado pela queda do 
câmbio. Por outro lado, tivemos um aumento da taxa de juros significativa, o que comprometeu o PIB do ano. 
 
As Propostas de Reforma de 2003 
Outro fator que afastou a desconfiança de Lula foi a proposta de novas reformas estruturais, dando continuidade as 
reformas iniciadas por FHC. Essa proposta veio de dois pontos a serem aprovados pelo Legislativo: 
 A proposta de reforma tributária, com os objetivos de: 
1. Uniformizar a legislação do ICMS, o que reduziria a evasão fiscal. 
2. Estimular a desvinculação de receitas da União, abrindo meios para o governo atingir o superávit fiscal com 
uma maior facilidade. 
3. Manter a CPMF, garantindo a manutenção no nível de receita. 
4. Fazer do Cofins uma tributação sobre o valor adicionado. 
 A proposta de reforma da Previdência, que se concentrou no regime dos servidores públicos e contemplou: 
1. A taxação dos servidores inativos com a mesma alíquota dos ativos 
2. A elaboração de um método que reduzia as novas pensões que estivessem acima de um determinado valor 
3. Antecipação da idade mínima para a aposentadoria para todos que estivessem na ativa 
4. O estabelecimento do mesmo teto de benefícios do INSS para quem estivesse entrando no mercado de 
trabalho, deixando aberta a possibilidade de criação de fundos de pensão para completar aposentadorias 
acima do limite. 
As propostas foram bem recebidas porque eram mais profundas do que se imaginava, porque rompiam com as 
bases corporativas do funcionalismo e, por fim, porque iam na mesma direção do ajuste fiscal e presava pela 
redução das desigualdades sociais. 
 
O Desempenho da Economia em 2003-2010 
A economia foi influenciada, principalmente, pelas conjunturas externas e pelas taxas de câmbio e inflação, levando 
em conta o regime de metas inflacionárias. 
Em 2003, a inflação ficou levemente acima da meta, fazendo com que o farol vermelho não fosse acendido. A taxa 
de juros real média do primeiro governo Lula, por sua vez, foi levemente superior à média do segundo mandato de 
FHC. Mas houve um grande declínio no segundo mandato. 
Durante a era Lula tivemos 4 aumentos nos juros, promovidos pelo BC, agora autônomo. 
1. No começo do mandato, em 2003, devido a pressão relativa ao dólar 
2. No final de 2004 e começo de 2005, dado a alta das commodities 
3. Em meados de 2008, graças ao crescimento econômico e o decorrente temor de pressão de demanda 
4. Em meados de 2010, pelo mesmo motivo anterior 
Independentemente desses aumentos, tivemos uma queda global na taxa de juros do período (pico de 26 vale de 9) 
A desvalorização cambial nos anos Lula foi considerável, esta foi influenciada pela melhora dos termos de troca e 
pela abundância de recursos disponíveis para o mercado internacional. 
 
A política fiscal de Lula mostrou-se mais contracionista do que a de FHC, para obter superávits primários 
significativos, a política monetária levou a altas despesas com pagamentos de juros. 
Temos uma nítida mudança de orientação na política econômica a partir da troca de Palocci por Mante na Fazenda 
 Tivemos um aumento dos gastos públicos, principalmente devido aos aumentos do funcionalismo 
 Notou-se um comportamento de diminuição dos déficits primários 
 A meta fiscal passou a ser uma “meta de intervalo fiscal”, o que, de certa maneira, levou a uma desconcentração 
de esforços 
 Fazenda passou a divergir do BACEN na condução da política monetária 
 Deixou-se de enfatizar a continuidade em relação aos mandatos de FHC e buscava-se agora uma diferenciação 
 Aumento da importância do BNDES 
Mesmo com a redução do superávit primário na segunda metade do governo Lula, temos que, com a desvalorização 
cambial de 2002, que incidia sobre uma dívida fortemente relacionada à taxa de câmbio, e com o aumento inicial do 
superávit primário, houve um comportamento de redução da dívida pública em relação ao PIB. Além da queda do 
superávit depois ser ínfima, tivemos a redução da taxa de juros – reduzindo as despesas. Assim a dívida pública caiu 
globalmente entre 2002-10, exceção feita a 2009, quando dado a crise econômica mundial, o Brasil parou de crescer. 
 
Nas crises anteriores, o setor público era devedor líquido de dólares, mas com a grande reserva acumulada nos anos 
anteriores, o Brasil passou a ser credor líquido no exterior, assim, na crise, a posição de reservas internacionais era 
superior à dívida externa. Como devedor líquido, uma desvalorização (valorização) cambial aumentava (diminuía) a 
dívida pública, mas como credor líquido a situação era inversa. Assim, a desvalorização cambial de 2008 contribuiu 
para uma redução da dívida pública, mas com o câmbio voltando a se valorizar em 2009, a dívida aumentou. 
 
Os resultados do PIB e da inflação foram ótimos na era Lula, o crescimento só parou na crise mundial, mas voltou em 
2010. A inflação ficou dentro da meta em todos os momentos. Ao mesmo tempo, omaior otimismo com a economia 
reduziu o desemprego e estimulou a formalização da economia. 
No campo externo, os superávits em CC nos primeiros anos aliado ao fluxo expressivo de investimentos externos, 
gerou uma acumulação de reservas superiores a dívida externa total, transformando o Brasil em um credor líquido. 
Mas o acúmulo de reservas trouxe problemas, esse acúmulo que ocorria desde 2003 coincidiu com a apreciação do 
Real, que, se mantida, penalizaria os resultados da BC. Esses riscos foram “escondidos” pelo crescimento econômico 
mundial (especialmente antes da crise), esse cenário permitiu o crescimento das exportações apesar da apreciação 
real. Sem contar que o crescimento mundial desencadeou um boom das commodities que beneficiou, e muito, o 
Brasil, compensando o efeito negativo da apreciação cambial sobre as exportações. Assim, os superávits da BC 
deveram-se mais ao boom das commodities do que a uma diversificação da pauta de exportações. 
 
Mesmo com o boom das commodities, a combinação de moeda apreciada, crescimento do PIB e predomínio da 
absorção doméstica acabou prejudicando a posição do Brasil no cenário mundial, graças aos resultados da CC. O país 
começou a piorar o seu saldo de transações correntes no meado da década. Essa deterioração veio tanto da 
apreciação cambial como da contrapartida do esforço de investimento para alavancar crescimento, em um cenário 
de explosão do consumo, característico do final da década. Nesse contexto, a popularidade de Lula subiu com as 
transferências de renda e ao próprio estímulo ao consumo. Dessa maneira o país descartou parte do ajustamento 
que tinha feito nos últimos anos. 
Entre 1999 e 2002 o consumo cresceu menos que o PIB (que cresceu pouco) ao passo que as exportações 
explodiram e a importações diminuíram. Esse padrão se manteve nos primeiros dois anos de Lula, mas o panorama 
mudou com a entrada de Mantega na Fazenda e com um discurso de estímulo ao consumo, abandonando um pouco 
a preocupação com o ajuste. Essa mudança veio com expansão do crédito e aumento dos gastos públicos, 
resultando no aumento do consumo. 
Essa dinâmica também pode ser explicada pelo desempenho fiscal da economia que, até a saída de Palocci, possuía 
crescimento da receita maior do que o crescimento dos gastos primários, depois o padrão se inverteu. Com as 
transferências diretas a indivíduos, tivemos um estímulo claro ao consumo, ainda mais em um contexto de baixa 
inflação. 
 
Uma nova Realidade 
Muda-se a percepção do papel do Brasil no cenário mundial 
 Cresce a importância da China na economia mundial 
A China tinha altas taxas de crescimento, uma relevância crescente na economia, além de ser um dos maiores 
compradores de produtos brasileiros. Assim, o crescimento da China afetou positivamente o Brasil. 
 Economias emergentes passam a buscar produtos nos quais o Brasil era um grande produtor 
Com vários países crescendo, tínhamos um interesse muito grande pelo minério de ferro. Além disso muitos de 
nossos produtos básicos, como soja, papel e celulose, e carne, foram beneficiados pela emergência de milhões 
de pessoas ao mercado de consumo asiático. 
 O etanol 
Os biocombustíveis passam a ter uma maior relevância graças i) ao aumento do preço do petróleo, ii) ao 
crescimento da preocupação com a poluição e, iii) depois dos atentados, ao temor de depositar as confianças no 
petróleo dado que os maiores produtores eram países problemáticos. Além disso, tinha-se o avanço das 
pesquisas brasileiras e as condições privilegiadas para a produção de cana-de-açúcar. 
 A descoberta de petróleo na camada de pré-sal 
O fato tinha meios para afetar a economia brasileira de uma maneira intensa. Brasil fez a última grande 
descoberta associada a um modelo de desenvolvimento que já dava sinais de desgaste, ainda assim, o proveito 
seria muito grande. 
 Efeitos da crise de 2009 no Brasil 
A crise acabou melhorando a imagem do Brasil no exterior, isso porque i) os efeitos não foram tão devastadores, 
não havendo problemas com o balanço de pagamentos e a inflação; ii) os níveis de consumo e emprego não 
foram afetados como nas maiores potências; iii) a existência de estabilidade e um alto nível de reservas foi 
valorizada; iv) o sistema financeiro não se abalou no período; v) a mudança de dinâmica gerada pela crise mudou 
a maneira de analisarmos a situação de alguns indicadores; vi) com a crise se fez necessário reconhecer a 
importância de países um pouco mais periféricos no cenário mundial, como o Brasil. 
 Brasil como sede da Copa e das Olímpiadas 
Olhos da comunidade internacional se voltaram para o país, sem contar a perspectiva de investimentos em 
obras e infraestrutura. 
Esse conjunto de elementos promoveram a imagem do Brasil no exterior, os indicadores de confiança interna 
melhoraram e havia um maior interesse do resto do globo. 
 
Os governos FHC e Lula como parte de um processo histórico 
Na era FHC tivemos inúmeras reformas que mudaram a dinâmica da economia brasileira em relação à década de 80, 
mas alguns fatores não tiveram bom desempenho. O desempenho do PIB não foi dos melhores apesar de ter sido 
positivo, o crescimento da geração de empregos foi tímido, a dívida pública explodiu, assim como a dívida externa. E 
no final do mandato, o governo foi constrangido a fazer um acordo com o FMI para não fiar sem reservas 
internacionais. 
Em oposição, a era Lula tivemos uma retomada do crescimento, impactando o emprego favoravelmente, a dívida 
líquida do setor público diminuiu; assim como a dívida líquida no setor externo (Brasil tornou-se credor líquido no 
exterior); reservas aumentaram exponencialmente. Por outro lado, as reformas estruturais não foram significativas, 
limitando-se a uma reforma acanhada da Previdência. 
 
A combinação de aumentos reais do salário mínimo, disponibilização de recursos para os programas sociais e 
crescimento do nível de emprego, além da inflação baixa e economia em crescimento, explica a alta popularidade de 
Lula. Em 2010, no entanto, ainda havia velhos problemas a serem resolvidos, como a baixa taxa de investimento, a 
baixa poupança doméstica e, adiou-se o enfrentamento do problema claro da Previdência. 
A análise contemporânea foi favorável, mas com o tempo iremos saber os resultados a longo prazo. Se o país não 
souber aproveitar o pré-sal ou não souber se preparar para o fim do crescimento da PEA, talvez a análise do governo 
Lula mude, talvez se conclua que ele pecou em não aproveitar a oportunidade de preparar o país para um futuro que 
era claro. 
 
Conclusões 
A partir de 1990, o Brasil passou por mudanças relevantes: aumentou o grau da abertura comercial e financeira; as 
empresas tornaram-se mais competitivas; tivemos um processo de privatização; o combate à inflação virou 
prioridade; e o aperto fiscal foi severo. Conjuntamente temos várias etapas da transformação econômica rumo a 
maior competitividade, aos indicadores fiscais mais sólidos, inflação baixa e regras de política econômica estáveis. 
A concessão do grau de investimento ao Brasil na segunda metade da década premiou a modernização iniciada com 
a abertura de Collor, continuada com o Plano Real e as reformas estruturais de FHC e mantida por Lula. 
 
Por outro lado, em 2010 tínhamos de volta grandes déficits externos na CC, além da manutenção de uma taxa de 
juros alta em relação ao resto do mundo. As explicações variam, uns defendem que foi devido às questões 
relacionadas à taxa de câmbio e à busca por poupança externa, outros acreditam que foi devido à ausência de 
reformas estruturais significativas. 
 
Sinteticamente, a era Lula consolidou a estabilização e teve avanços sociais relevantes. Em oposição, o Brasil 
mantinha uma taxa de investimento

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