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Economia e o Direito

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2 – Economia e o Direito
A relação entre economia e direito existe desde que o homem passou a viver em sociedade. Porém essa relação passou a ser estudada de forma sistemática, a partir do século XVIII com Adam Smith. Hoje, diversos centros de estudos e universidades se dedicam a estudar as relações entre economia e direito.
Uma boa regulamentação de mercado e uma legislação clara, objetiva e simples são fundamentais para o desenvolvimento de uma economia de mercado. Sem direitos de propriedade bem definidos, é muito difícil a realização de trocas e, portanto, o desenvolvimento econômico.
Pela tão estreita ligação entre economia e direito e o fato de ao direito estar dada a incumbência de organizar o ordem social e se dentro da ordem social inclui-se também, a economia.
A seguir veremos alguns paralelos entre áreas atuantes da economia e do direito.
2.1 – Direito do trabalho
Sendo o trabalho um dos fatores de produção econômico, e que é o principal fator de produção econômico, assim relaciona-se economia e direito implantando normas jurídicas que protegem este que é de a fonte de produção de bens e serviços indispensáveis à economia.
Existem alguns temas que estabelecem pontos de contato entre Economia e o Direito do Trabalho, são eles:
Remuneração e salário, que, na economia, representam a contraprestação paga a quem exerce o trabalho;
Participação do trabalho nos resultados da empresa;
Intervenção da justiça do trabalho nos reajustes salariais;
Garantia constitucional de boas condições de trabalho.
Externalidades Econômicas
Algumas transações dão origem a benefícios ou custos sociais que não são computados no mecanismo de preços do mercado. Esses custos e benefícios são ditos serem externos ao mercado.
Estas Externalidades ocorrem quando o consumo e / ou a produção de um determinado bem afetam os consumidores e / ou produtores, em outros mercados, e esses impactos não são considerados no preço de mercado do bem em questão. Importante destacar que essas externalidades podem ser positivas (benefícios externos) ou negativas (custos externos).
O direito, as externalidades Econômicas, a informação imperfeita e o poder de monopólio, as externalidades econômicas são observadas quando a produção ou o consumo de bens por um agente econômico acarreta efeitos que oneram outros agentes. Assim a poluição produzida por empresas impõe os custos da fumaça, de rios insalubres, de ruído, etc. a uma parcela expressiva da sociedade. Por isso, as externalidades dão base à criação de leis antipoluição, de restrições quanto ao uso da terra, de proteção ambiental, etc.
Assim, por exemplo, uma empresa de fundição de cobre, ao provocar chuvas ácidas, prejudica a colheita dos agricultores da vizinhança. Esse tipo de poluição representa um custo externo porque é a agricultura, e não a indústria poluidora, que sofre os danos causados pelas chuvas ácidas. Estes danos não são considerados no cálculo dos custos industriais, que inclui itens como matéria-prima, salários e juros. Portanto, os custos privados, nesse caso, são inferiores aos custos impostos à coletividade e, por conseqüência, o nível de produção da indústria é maior do que aquele que seria socialmente desejável.
Já a educação gera externalidades positivas porque os membros de uma sociedade e, não somente os estudantes, auferem os diversos benefícios gerados pela existência de uma população mais educada e que não são contabilizados pelo mercado. Assim, por exemplo, vários estudos, baseados em diferentes metodologias mostram que a educação contribui para melhorar os níveis de saúde de uma determinada população. Em particular, níveis mais elevados de escolaridade materna reduzem as taxas de mortalidade infantil. Outros trabalhos mostram também que a educação concorre para reduzir a criminalidade. Todos esses benefícios indiretos da educação por não serem apreçados não são computados nos benefícios privados. Portanto, os benefícios sociais são superiores aos benefícios privados, que incluem apenas as vantagens pessoais da educação, como por exemplo, os salários obtidos em função do nível de escolaridade. Podemos destacar ainda, que os produtores podem causar externalidades sobre consumidores e vice-versa. Assim, por exemplo, a poluição provocada pela indústria de cobre aumenta a incidência de tuberculose entre a população. Também, os fumantes contribuem para a disseminação de doenças entre os não fumantes (fumantes passivos) e, nesse caso, temos a geração de externalidades de consumidores para consumidores. Por fim, o uso de automóveis privados congestiona o tráfego e contribui para reduzir a velocidade do transporte de mercadorias e, portanto, representa um exemplo de custos externos para os produtores gerados pelos consumidores.
5 – Atualidades na “proteção contra o abuso econômico”
Existe uma proibição constitucional a esta prática de abuso, porem há dificuldade na aplicação desta norma pela falta de definição do que seja abuso de poder econômico. O texto constitucional não traz a resposta. Aliás, emprega o termo em relação a campanhas eleitorais e em relação à livre concorrência como princípios da ordem econômica.
O Poder Judiciário fica, por assim dizer, com um “tipo” cujo núcleo é um conceito jurídico indeterminado. Sua definição não pode ser estabelecida de plano, com dados precisos. Aqui se deve reconhecer a ‘zona de certeza’ e as zonas cinzentas do conceito. Em alguns casos há, certamente, abuso do poder econômico. Em outros, esta afirmação depende de um sistema valorativo desenvolvido pelo aplicador da lei.
Os juízes e Tribunais eleitorais enfrentam este problema. Devem, a cada exame de caso concreto, determinar se há configuração do abuso do poder econômico ou não. Mas, para que se possa dar à lei (e à própria Constituição) eficácia máxima, a aplicação da sanção nos casos incluídos na ‘zona de certeza’ deve ser absoluta, sob pena de inocuidade da proibição normativa.
Sérgio Varella Bruna publicou em 1997, pela Editora Revista dos Tribunais um livro sobre “O Poder Econômico e a Conceituação do Abuso em seu Exercício”.
Este autor reconhece o poder econômico como dado estrutural da ordem jurídica brasileira e lhe impõe, com Fábio Comparato, uma função social.
O texto de Alceu Luís Castilho em Julho de 2001 pode nos dar uma idéia clara do referido problema, ao afirmar que “o Brasil está em último lugar no páreo mundial do combate aos cartéis”, Alceu deslumbra um texto com embasamento na sua afirmação. Na época Alceu alertava que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) estava esvaziado, sete anos após a lei que ampliou seus poderes e o definiu como autarquia ligada ao Ministério da Justiça. Até ameaça de paralisação por falta de quórum pairava sobre o órgão que deveria controlar os abusos econômicos no País.
Para piorar, nesta época a revista Global Competition Review realizou uma pesquisa onde ouviu 500 especialistas em defesa da concorrência. O conselho brasileiro ficou em último lugar entre os 24 órgãos antitruste avaliados, junto com a África do Sul, com duas entre cinco estrelas na cotação. O pessimismo do então presidente do Cade, João Grandino Rodas em afirmar que a situação poderia até piorar, diz respeito ao projeto de criação da Agência Nacional de Defesa da Concorrência e do Consumidor, que agruparia o Cade, a Secretaria de Direito Econômico (do Ministério da Justiça) e a Secretaria de Acompanhamento Econômico (do Ministério da Fazenda). Nos moldes propostos, a independência política do Conselho, um dos itens avaliados pelos ingleses, irá pelos ares. “Desse jeito vamos ficar sem estrelas”, dizia Rodas.
No caso do uso abusivo do poder econômico com finalidade de alcançar o poder político a hipótese é clara: é possível o uso do poder econômico enquanto não elidir com os princípios constitucionais da igualdade e da democracia.
5.1 – Definições
SBDC – Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência.
O Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência (SBDC), é composto pela Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae),vinculada ao Ministério da Fazenda, pela Secretaria de Direito Econômico (SDE) e pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), ambos vinculados ao Ministério da Justiça. O objetivo principal do Sistema é a promoção de uma economia competitiva por meio da prevenção e da repressão de ações que possam limitar ou prejudicar a concorrência, com base na aludida Lei de Defesa da Concorrência. A Seae e a SDE possuem função analítica e investigativa, sendo responsáveis pela instrução dos processos. O produto final da atuação da Seae e do Cade são os Pareceres, que são elaborados levando-se em conta, respectivamente, os aspectos econômicos e jurídicos dos fatos ocorridos. Ao Cade, última instância decisória na esfera administrativa, cabe julgar os processos em matéria concorrencial, após análise dos pareceres da Seae e da SDE. As decisões do Cade não comportam revisão no âmbito do Poder Executivo, sendo possíveis apenas no âmbito do Poder Judiciário.
A atuação dos órgãos do sistema subdivide-se em três tipos:
I – preventiva, através do controle de estruturas de mercado, via apreciação de atos de concentração (fusões, aquisições e incorporações de empresas);
II – repressiva, através do controle de condutas ou práticas anticoncorrenciais, que busca verificar a existência de infrações à ordem econômica, das quais são exemplos as vendas casadas, os acordos de exclusividade e a formação de cartel; e
III – educacional, que corresponde ao papel de difusão da cultura da concorrência, via parceria com instituições para a realização de seminários, palestras, cursos e publicações de relatórios e matérias em revistas especializadas, visando um maior interesse acadêmico pela área, o incremento da qualidade técnica e da credibilidade das decisões emitidas e a consolidação das regras antitruste junto à sociedade.
6 – Conclusão
A abertura da economia, as privatizações e a desregulamentação, bem como a estabilização dos preços são os principais fatores que contribuem para dar uma maior importância ao CADE, estas circunstâncias ensejaram uma atuação estatal menos preocupada em investir diretamente na produção, mas por conseguinte, mais determinada em coordenar e estimular a economia de mercado. A globalização da economia também corrobora para um maior impulsionamento dos trabalhos do CADE, pois ela exige grande competitividade e produtividade por parte das empresas instaladas no Brasil. Diante de tais fatos, é imprescindível a existência de um órgão para zelar a harmonia da ordem econômica no país, porém este órgão deve ser bem administrado e estruturado para não gerar conflitos ao mercado.
As externalidades econômicas estão cada vez mais presentes em nossa economia de mercado, fiscalizá-las e tratá-las com justiça deverá ser uma obrigação para nosso setor público, elas não podem ser vistas apenas como indiferenças.
A regulação exercida pelas agências possui papel fundamental no cumprimento das políticas determinadas pelo Estado, sua função é gerencial (técnica) e de controle sobre os entes regulados. Portanto, deve sempre ser preservado o objetivo de harmonizar os interesses do consumidor, como preço e qualidade, com os do fornecedor, como a viabilidade econômica de sua atividade comercial, como forma de perpetuar o atendimento aos interesses da sociedade.
Sendo assim como considerações finais, percebe-se que é indispensável para que haja um bom andamento da economia o adentramento ao campo do Direito, principalmente tratando-se de assuntos como externalidades, legislação antitruste e repressão ao abuso do poder econômico e ainda as leis de proteção ao consumidor.

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