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Direitos não europeus

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Universidade do Contestado Campus Marcílio Dias 
Disciplina: História do Direito 
Professor: Dr. Sandro Luiz Bazzanella 
Acadêmicos: Milena Pires e Pamela Suchara
O DIREITO HINDU
A primeira e mais importante característica do direito hindu é que ele se constitui num direito de substrato religioso, muito embora não seja um direito advindo de uma "fé revelada". É um direito extremamente conservador e não incentiva mudança social repentina. O sistema jurídico é composto de normas extra estatais de composição dos litígios sociais e cunho religioso.
Por ser um sistema legal de origem religiosa o direito hindu pretende ir além e acima do Estado laico, ou seja, é um direito cujas normas são, exclusivamente, voltadas para a sua comunidade étnica-religiosa.
O que corresponde melhor à nossa noção de direito é o dharma, que se pode traduzir duma forma muito aproximativa, por dever. O dharma é o conjunto das regras que o homem deve seguir em razão da sua condição na sociedade, isto é, o conjunto de obrigações que se impõem aos homens, por derivarem da ordem natural das coisas. O dharma, portanto, compreende regras que, segundo a nossa óptica, relevam umas da moral, outras do direito, outras ainda da religião, do ritual ou da civilidade." (5)
As fontes do dharma são o Veda que, em suma, é o somatório de todo o saber ou verdades de cunho moral e religioso reduzidos a determinados preceitos escritos contidos nos livros sagrados, dos quais o mais importante é o Rigveda, a tradição e o costume. 
O professor John Gilissen indica que "há um número infinito de costumes, diferentes não somente de uma região para outra, mas sobretudo de uma casta para outra: cada casta tem, em cada região, o seu costume próprio, a sua "maneira de viver das pessoas de bem (sadacara)."
Segundo as palavras do professor René David, "o direito hindu sofreu, nos dias atuais, profunda reformas. Continua a ser um direito unicamente aplicável à parte hindu da população da Índia; mas numerosos costumes que comprometiam a unidade deste direito foram abolidos. Em relação ao passado, esta é uma importante modificação." (8)
Na doutrina moderna, o Dharma agrupa as regras do Direito e a sua forma de expressão é bem diversa da dos direitos do Ocidente ou ainda da Châr’ia muçulmana. As prescrições de ordem ritual e de ordem jurídica, de acordo com as lições de René David, “se misturam umas às outras nos dharmasastras”. Um número significativo de regras que interessam ao Direito tiveram de ser procuradas nos livros que parecem se referir mais à Religião do que ao Direito.. 
No Direito Público algumas regras eram formuladas nos dharmasastras; mas a Ciência do Governo era objeto de uma outra Ciência, tratada nos arthasastras. Atualmente, autores do Direito hindu influenciados pelas teorias e concepções do Ocidente optam por não-expor o Dharma e, sim, o Direito Positivo que é aplicável em nossos dias aos hindus. Esses autores excluem de suas obras modernas tudo o que, segundo a concepção ocidental, pertence ao domínio da Religião como, também, todos os ramos do Direito que vieram a ser regulados na Índia pelo Direito Territorial, aplicável a todos os indianos, indistintamente da Religião a que pertencem. O Direito hindu, exposto atualmente, compreende principalmente as seguintes matérias, a saber: Filiação; incapazes; adoção; Casamento e divórcio; Propriedade familiar; Sucessões ab intestat; Sucessões testamentárias; filiações religiosas; Damdupat; Convenções benami; e Indivisão perpétua. 
O direito hindu assenta-se numa visão hierarquizada da sociedade e, por via de consequência, os princípios legais que regem tal sistema jurídico estão longe de propiciar um tratamento jurídico-legal igualitário. (DAVID, René 1993)
O DIREITO CHINÊS
O Direito Chinês não se utilizava de leis escritas que se pudesse tornar algo técnico, mas valorizava-se fortemente a parte mora, de costumes (o não escrito). Ou seja, a preservação dos bons costumes. Desta forma, as normas escritas não tinham uma forte atuação, porque prevalecia a ideia de conciliação. Logo, direito escrito ficava em segundo plano.
Na China há dois sistemas jurídicos imperantes. O Li que tem como fundamento as lições dos filósofos Confúcio, conhecido como Kung-Fu-tseu, de seu discípulo Mêncio, e, de Lao-tseu, que criou o taoísmo
Ressalta-se, ainda, que o Direito Chinês era visto na sociedade como uma forma de punição. Para se tratar de punições usava-se a expressão fa (pena, modelo de punição), que viria a substituir a li (prevenção e melhoria estão na tradição base de um governo justo e eficaz). Pois, a partir da Dinastia Xia até a Zhou, os costumes, a moral e a lei não tinham o significado claro, assim, todos estes termos eram compreendidos como li, que equivalia ao Direito Penal da época.
Li era usado como base para as regras de conduta e etiqueta. Esta expressão era um ideograma clássico que tinha utilidade mais filosófica, não tendo uma definição, mas tornava-se abstrato, sendo assim traduzidos de varias formas. O li era característica de um individuo da família de onde se retirava as regras e qualidades de conduta em relações hierárquicas exercida nos clãs.
Na atualidade as sessões dos tribunais populares são públicos, apenas em casos de segredo de Estado que fechados. No entanto, o acusado tem direito a advogado, ou até mesmo poder realizar sua própria defesa, ou mesmo parentes próximos. A formulação deste novo processo judiciário chinês é baseada no Direito Romano o qual é usando em várias nações, assim tornando-se mais próximo a outros sistemas.
No Direito Chinês há a participação da influência estrangeira, tornando-se uma revolução cultural com a advocacia e a criação de Faculdades de Direito. A participação dos investidores estrangeiros no país vem desencadeando uma revolução no judiciário chinês, pois o Estado está tornando gradativamente o judiciário em um órgão mais sólido, assim buscando o interesse para novos investidores no país. No atual modelo os magistrados são indicados por órgãos administrativos do Congresso Nacional Popular, havendo instabilidade, podendo ser substituídos a qualquer momento, mostrando uma falta de solidificação do poder judiciário. Uma das reformas mais importante e atual foi a de 1999, que trata a respeito do Direito Econômico, pois esta modificação foi para a realização de contratos.
Neste processo a Constituição Chinesa adota o principio Basilar (o centralismo democrático) que constitui em um princípio pelo qual o individuo é subordinado à organização, a minoria à maioria, o nível baixo ao nível alto, o governo local ao governo central. Sendo assim a Republica Chinesa foi fundada pelo PCC (Partido Comunista Chinês), porém a Constituição não trata do papel do PCC ou de outros partidos especialmente, mas no artigo 1º da referida, declara que a liderança da classe trabalhista seja exercida por um membro do PCC.
DIREITO MULÇUMANO
Direito mulçumano é um direito que se faz expõe adeptos onde quer que ele estejam, é o direito de uma parte da comunidade religiosa islâmica, não é o direito de um povo nem de um país. Conta com mais de 400milhoes de fieis, distribuídos em mais de 30 países. 
O direito mulçumano não é uma ciência autônoma e sim uma das pontas da religião, tendo como criador do islamismo Mohamad. Maomé (Mohamad) nasceu em meca no ano de 570 d.C. Não é considerado pelos muçulmanos como um ser divino, mas sim, um ser humano, contudo, entre os fiéis, ele é visto como um dos mais perfeitos seres humanos. O islã é submisso a Deus, a obediência e aos comandos de Allah, que segundo o Alcorão "ele é o único Deus, criador do universo e juiz da humanidade" e Maomé era seu profeta.
O Alcorão é a mais importante fonte de jurisprudência seguido pela sunna, é possível praticar o islamismo sem consultar ambos os textos. A jurisprudência islâmica chama-se fiqh e está dividida em duas partes: o estudo das fontes e metodologia (usul al-fiqh, "raízes da lei") e as regras práticas (furu' al-fiqh, "ramos da lei"). A xaria é o corpo da lei religiosaislâmica. O termo significa "caminho para a fonte" ou "rota para a fonte de água", e é a estrutura legal dentro do qual os aspectos públicos e privados da vida do adepto do islamismo são regulados, para aqueles que vivem sob um sistema legal baseado na fiqh (os princípios islâmicos da jurisprudência) e para os muçulmanos que vivam fora do seu domínio. A xaria lida com diversos aspectos da vida cotidiana, bem como a política, economia, bancos, negócios, contratos, família, sexualidade, higiene e questões sociais. Idjmâ é o acordo unânime da comunidade muçulmana. De fato, o acordo dos “Doutores da Lei” basta; não é preciso o da multidão dos muçulmanos. Se este acordo é atingido, a solução não pode ser contestada, porque segundo um h´adith de Maomé: “A minha comunidade nunca chegará a um acordo sobre um erro “ O Idjmâ é, portanto, a interpretação infalível e definitiva da Alcorão e da Sunna; os juízes nunca podem interpretar eles próprios estas duas fontes da lei; não podem conhecer senão o Idjmâ, fonte dogmática do Fiqh, O qiyâs serve para fechar as lacunas de outras fontes. 
Existem três tipos de direito mulçumano, o revelado, infalível e imutável: O revelado, porque foi revelado por Deus ao IDJMA, no séc. X. Segundo a ótica muçulmana não foi o Conselho de Doutores que o criou e sim, Deus (Allah), que determinou ao Conselho de Doutores; infalível, porque segundo eles, se Deus revelou a lei aos homens, Deus nunca falha e tudo o que na lei estiver, criado por Deus, é infalível.
As penas no direito mulçumano, podem ser de apedrejamento para os adúlteros, homossexuais devem ser mortos; bebidas alcoólicas, dança e escolas mistas devem ser proibidas; os juros são proibidos, mas o empréstimo não; para homicídios podem ser aplicadas a lei de talião, a previsão do perdão, mas quando isso ocorre um parente da vítima deve ser indenizado. É na puberdade que a criança é preparada para obedecer às leis islâmicas, pois é nessa idade que se presume que o jovem passe a ter exata noção de seus atos. O direito muçulmano está intimamente ligado aos preceitos religiosos de um povo que onde quer que esteja sempre seguirá a lei islâmica, portanto é um direito que resulta da religião que professam.

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