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DIREITO ADMINISTRATIVO – 
Regime Jurídico Administrativo. Princípios Constitucionais do Direito Administrativo. 
REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO 
Regime jurídico da Administração Pública: os regimes público ou privado aos quais pode se submeter a A.P. 
Regime jurídico ADMINISTRATIVO: o conjunto de regras que tipificam o Direito Administrativo, colocando a A.P em posição privilegiada na relação jurídico-administrativa. 
É o conjunto de PRERROGATIVAS + SUJEIÇÕES que se aplicam à A.P, mas não aos particulares (Di Pietro). 
Tal regime jurídico seria composto pelas seguintes regras fundamentais: 
a) supremacia do interesse público (prerrogativas): presunção de veracidade e legitimidade dos atos administrativos, prerrogativas processuais, extinção unilateral do contrato administrativo, possibilidade de imposição de obrigações por meio unilateral. 
b) indisponibilidade dos interesses públicos (sujeições): 
I)princípio da legalidade e seus princípios correlatos - finalidade, razoabilidade, proporcionalidade, motivação da responsabilidade do Estado; 
II)a obrigatoriedade do desempenho de atividade pública e da continuidade do serviços público ; 
III)controle administrativo ou tutela; 
IV)isonomia, ou igualdade dos administrados em face da 
Administração; 
V)da publicidade; 
VI)da inalienabilidade dos direitos concernentes a interesses públicos;
VII)do controle jurisdicional dos atos administrativos. 
- A relação jurídica administrativa se qualifica pelo seu objeto, seus sujeitos e fins. 
Objeto: versa sobre matéria administrativa; 
Sujeitos: presença de um agente, um órgão, uma pessoa jurídica públicos; 
Fim: o atendimento ao interesse público. 
- A relação administrativa, vertical e sob supremacia do Estado, existe nas relações deste com 
particulares, mas pode existir também entre entes da Administração Pública. 
Personalização do direito administrativo - dignidade da pessoa humana, proteção de minorias. 
Para parte da doutrina, o conceito de interesse público, que enseja o regime jurídico administrativo, 
seria relativo, dependendo de uma série de variáveis, havendo dificuldade em se identificar um único 
interesse da coletividade. Marçal Justen Filho entende q ue a noção do interesse público deveria ser 
substituída pela noção de direitos fundamentais. 
Para autores como Marçal, Juarez Freitas, Agustín Gordillo a função administrativa tem como 
objetivo a realização de direitos fundamentais. Não existe um interesse público monolítico, invocado 
para mascarar a prática de condutas lesivas à sociedade. Estado plu riclasse (várias classes e vários 
interesses). Necessidade de constitucionalizar o direito administrativo. 
essas críticas não estão presentes na doutrina nacional tradicional, nem na jurisprudência. 
Poderes administrativos: classificação doutrina clássica 
a) CRITÉRIO: LIBERDADE DE ATUAÇÃO 
PODER VINCULADO 
PODER DISCRICIONÁRIO; 
b) CRITÉRIO: NECESSIDADE DE ORDENAÇÃO DOS AGENTES E FUNÇÕES 
PODER HIERÁRQUICO; 
c) CRITÉRIO: POSSIBILIDADE DE APURAR E PUNIR INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS DOS 
AGENTES PÚBLICOS E OUTRAS PESSOAS VINCULADAS À ADMINISTRAÇÃO: 
PODER DISCIPLINAR; 
d) CRITÉRIO: POSSIBILIDADE DE REGULAMENTAR ATIVIDADES INTERNAS E EXPLICAR O 
CONTEÚDO DAS LEIS 
PODER REGULAMENTAR 
PODER NORMATIVO; 
e) CRITÉRIO: POSSIBILIDADE DE CONDICIONAR E RESTRINGIR O EXERCÍCIO DAS 
LIBERDADES INDIVIDUAIS E O USO, GOZO E DISPOSIÇÃO DA PROPRIEDADE DOS 
ADMINISTRADOS: 
PODER DE POLÍCIA ADMINISTRATIVA. 
PRINCÍPIOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
Princípios fundamentais do Direito Administrativo: supremacia do interesse público e 
indisponibilidade do interesse público. Deles, decorrem todos os demais. 
Princípios 
Constitucionais 
Explícitos 
Presentes desde o texto original: 
1) Princípio da Legalidade (37 CF) 
2) Princípio da Impessoalidade (37 CF) 
3) Princípio da Moralidade (37 CF) 
4) Princípio da Publicidade (37 CF) 
5) Princípio da Licitação (37 XXI CF) 
6) Princípio da Prescritibilidade dos Ilícitos Administrativos (37 §5º CF) 
7) Princípio da Responsabilidade da Administração (37 §6º CF) 
Introduzidos pela EC 19/98: 
1) Princípio da Eficiência (37 CF) 
2) Princípio da Participação (37 §3º CF) 
3) Princípio da Autonomia Gerencial (37 §8º CF) 
Princípios 
Constitucionais 
Implícitos 
1) Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o Privado 
2) Princípio da Autotutela 
3) Princípio da Finalidade 
4) Princípio da Razoabilidade e da Proporcionalidade 
FUNDAMENTOS NO ORDENAMENTO: os dispositivos base são o art. 37, caput, CF (legalidade, 
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência), e o art. 2º da Lei 9.784/99 (legalidade; finalidade; 
motivação; r azoabilidade; proporcionalidade; moralidade; ampla defesa; contraditório; segurança 
jurídica; interesse público; eficiência). Mas os princípios se espalham também por outros dispositivos. 
Princípios Constitucionais: fundamento - art. 37, caput, CF - legalidade, impessoalidade, 
moralidade, publicidade e eficiência
CUIDADO: princípio da l egalidade significa dizer que a conduta do administrador t em que 
estar EXPRESSAMENTE prevista em lei? NÃO. O que está expresso em lei é legalidade, mas 
nem sempre a lei estabelece tudo, todos os detalhes. EXEMPLO: atos discricionários, nos quais o 
administrador faz um j uízo de conveniência e oportunidade (MARIA SYLVIA fala em EQUIDADE e 
JUSTIÇA, também). Exemplo: poderes implícitos. 
Princípio da legalidade e descumprimento de lei por parte do executivo por entendê-la inconstitucional: 
Antes da CF88, a legitimidade para ADI era exclusiva do PGR. Assim, como os chefes do Executivo não 
a tinham, doutrina e jurisprudência consolidaram-se no sentido de que deixar de aplicar a lei 
inconstitucional. Com a CF88, passaram a ter legitimidade, o que reacendeu a discussão. Buscou- se 
então fundamentar a possibilidade de descumprimento no princípio da supremacia da Constituição, 
posição hoje majoritária na doutrina e jurisprudência (Barrroso, ST F–ADI 221, STJ-RESP 23121, PGE-
RJ) 
BARROSO: possibilidade. 
administradores devem atender primeiro à CF, depois às disposições infralegais. 
vários administradores não têm leg itimidade ativa para dar início ao controle de 
constitucionalidade concentrado. 
art. 102, § 2º, CF - vincula o administrador quando da declaração da constitucionalidade da lei. 
ressalva o descumprimento da lei inconstitucional sempre há de ser motivado. 
Enunciado 03 da PGE-RJ 
“A lei reputada inconstitucional pela Procuradoria Geral do Estado em parecer a q ue se atribuam 
efeitos normativos por ato do Governador do Estado não deve ser cumprida pela Administração Pública 
Estadual direta e indireta, inclusive por suas empresas públicas e sociedades de economia mista”. 
2) Impessoalidade 
2 perspectivas: 
a) referente ao administrado: a administração deve buscar a finalidade pública, não prejudicando ou 
beneficando pessoas determinadas ( Hely Lopes). Impessoalidade como isonomia (Celso Antonio). 
Daqui decorre a imposição das licitações, concurso público, vedação ao nepotismo. 
b) referente ao administrador: atos são imputáveis não ao funcionário que os pratica, mas ao órgão 
ou entidade da q ual f az parte ( José Afonso da Silva). Daí a vedação à promoção pessoal (arts. 37, 
§1º CF, 18 a 21 da Lei 9.784/99. 
3) Publicidade 
Conceito: os atos administrativos devem ser públicos, salvo se houver interesse público que 
justifique o sigilo ou se houver necessidade de proteção da vida privada e da intimidade. É a regra. 
Exceções: 1) casos em que o interesse público justifique o sigilo; 2) para proteção da vida privada e 
da intimidade. 
Hipóteses em que o sigilo é relevante para o interesse público: 
a) informações de segurança nacional; 
b) informações de natureza estratégica do país; 
c) informações imprescindíveis para a realização de investigações públicas. 
Muitos vêm tentando ampliar a abrangência do princípio da publ icidade, enfatizando a id eia da 
transparência, queseria um compromisso com a divulgação de todos os atos públicos da forma mais 
ampla possível e com a utilização de vários meios de comunicação além dos tradicionais. 
Forma da publicidade: a) atos praticados no âmbito interno da Administração – suficiente divulgação 
por notificação do interessado, aviso-circular ou publicação no boletim interno do órgão; b) atos de 
efeitos externos – publicação em Diário Oficial ou veículo de comunicação com essa f inalidade 
específica (jornais contratados para essa finalidade), não bastando simples divulgação por imprensa 
particular, rádio ou TV. 
Hely: a publicidade não é elemento formativo do ato, mas sim requisito ou condição para eficácia e 
moralidade do ato. 
PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE E AS GUIDELINES - as normas internacionais q ue disciplinam o sigilo 
como no caso de “guidelines” do Banco Mundial, aplicáveis em concorrência internacionais, não 
revogam o princípio constitucional da publicidade. 
-ex.: nos processos de investimentos públicos desenvolvidos com recursos externos as guidelines 
definem regras r elacionadas ao gasto desses valores e, por diversas vezes, trazem normas 
determinando sig ilo de algumas ati vidades do tomador do dinheiro. No ordenamento interno não se 
admite que tais regras limitem a publicidade. 
4) Eficiência 
Conceito: princípio segundo o qual a Administração Pública deve alcançar as metas e os r esultados 
às quais se propõe, havendo a possibilidade de se controlar o cumprimento dessas metas. 
2 aspectos: a) modo de atuação do agente público – espera-se o melhor desempenho possível para 
obtenção dos melhores resultados. b) modo de organização – organização, estrutural e disciplinar, 
da administração pública de forma a se obter os melhores resultados. 
O princípio da eficiência foi adotado dentro do contexto do que se convenciona chamar de 
administração gerencial, através da Emenda 19/ 98. 
Modelos de administração pública 
a) ADMINISTRAÇÃO PATRIMONIALISTA – m odelo de administração pública no q ual as coisas do 
administrador se confundem com as coisas reconhecidas como públicas. 
b) ADMINISTRAÇÃO BUROCRÁTICA –modelo de administração baseado na existência de 
controles prévios e formais. O objetivo é a limitação da atuação da administração para evitar a 
indevida disposição do patrimônio público. 
c) MODELO GERENCIAL – modelo de administração pública que se baseia na f ilosofia da iniciativa 
privada no serviço público. Tem como fundamento o reconhecimento da necessidade de fixação de 
metas e resultados. 
O controle existente deve ser posterior e voltado para os resultados pretendidos. 
5) Moralidade 
Conceito: a atuação da administração pública não pode ofender a moral, os bons costumes, as 
regras de boa administração, os princípios de j ustiça, a equidade etc ., sob pena de 
comprometimento da validade do ato editado (PADRÃO ÉTICO DE CONDUTA) 
Conteúdo jurídico autônomo. Até a CF/88 a moralidade era reconhecida como sendo de hierarquia 
inferior à lei e não tinha a capacidade de comprometer a validade do ato, ou seja, se o ato editado 
fosse imoral mas tivesse em conformidade com à lei ele seria considerado válido. Com a CF/88 
houve o reconhecimento do conteúdo jurídico autônomo da moralidade que passou a ser 
expressamente prevista no caput do art. 37 da CF. 
Moralidade e legalidade: conceitos jurídicos distintos e independentes. 
Exemplos - princípio da moralidade: 
a) recebimento de presente por servidor público 
b) proibição da contratação de parentes pelo judiciário (Resolução 07/05) – nepotismo 
Probidade e M oralidade - há quem distinga PROBIDADE e MORALIDADE, afirmando ser aq uela 
um aspecto desta, pois a probidade seria a moralidade na gestão dos recursos públicos, como o faz 
Marcelo Figueiredo. 
MORALIDADE E BOA-FÉ OBJETIVA - para alguns autores a boa-fé objetiva caracteriza a 
moralidade. Significa que o comportamento do Poder Público, seja de natureza omissiva ou comissiva 
deve ser leal, vedada q ualquer atitude maliciosa ou ardilosa. Há q uem defenda que m oralidade e boa-fé 
objetiva são princípios distintos. 
Outros Princípios 
1) Supremacia do Interesse Público - art. 2º, Lei 9.784/99 
Conceito: o interesse público deve pre valecer sobre o interesse privado. O Estado exige a 
-está relacionado à própria concepção do Estado Democrático de Direito. 
Lembrar da diferenciação entre interesse público primário e interesse público secundário (Renato 
Alessi) 
Crítica: importante observar, contudo, que o PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE 
PÚBLICO vem sendo contestado pela doutrina administrativista e constitucionalista mais moderna. 
Este assunto está na “ordem do dia” em matéria de atualidade no que se refere ao direito 
administrativo e ao direito constitucional. Neste sentido: SARMENTO, Daniel (org.). I nteresses 
públicos versus interesses privados. Rio: Lumen Juris, 2005. Abaixo segue um resumo do artigo de 
Daniel Sarmento, publicado na obra citada e intitulado “Interesses Públicos vs. Interesses Privados 
na Perspectiva da Teoria e da Filosofia Constitucional”. 
Principais trechos do artigo: 
Os principais argumentos utilizados para o abrandamento ou mesmo para o afastamento do princípio da 
supremacia do interesse público são: 
1) a superação da dicotomia rígida entre Direito Público e Direito Privado ( o Direito Público se privatiza 
– em razão da decadência do chamado Estado Social (ou welfare state) e o Direito Privado se 
“publiciza”: constitucionalização do direito civil; eficácia horizontal dos direitos fundamentais; surgimento 
do terceiro setor). Assim, fica cada vez mais difícil distinguir o interesse público do interesse pri vado. 
2) A CF/88 (afastando o org anicismo, o utilitarismo e o individualismo liberal clássico) pode ser 
considerada uma Constituição personalista, pois “afirma a primazia da pessoa humana sobre o Estado 
e qualquer entidade intermediária. Para o personalismo, é absurdo falar em supremacia do interesse 
público sobre o particular, mas também não é correto atribuir -se primazia incondicionada aos direitos 
individuais em detrimento dos interesses da coletividade.” (p. 79) 
“Diante deste quadro, parece-nos inadequado falar em supremacia do interesse público sobre o 
particular, mesmo em casos em que o último não se qualifique como direito fundamental. É preferível, 
sob todos os aspectos, cogitar em um PRINCÍPIO DA TUTELA DO INTERESSE PÚBLICO, para 
explicitar o fato de que a Administração não deve perseguir os interesses privados dos governantes, 
mas sim os pertencentes à sociedade, nos termos em que definidos pela ordem jurídica (princípio da 
juridicidade). Se a idéia de supremacia envolve uma comparação entre o in teresse público e o 
particular, com atribuição de preeminência ao primeiro, na noção de tutela este elemento está ausente, 
o que se afigura mais compatível com o princípio da proporcionalidade, fechando as portas para 
possíveis excessos (...) Dessa f orma, a ação estatal conforme ao Direito não será aquela que promover 
de forma mais ampla o interesse público colimado, mas sim a que corresponder a uma ponderação 
adequada entre os inter esses públicos e privados presentes em cada hipótese, realizada sob a égide do 
princípio da proporcionalidade. Com a ressalva, contudo, de que quando os direitos fundamentais 
estiverem ausentes da balança, o escrutínio judicial da conduta estatal deve ser mais cauteloso, 
prevalecendo, na dúvida, a decisão já adotada pelo Poder Público.” (p. 114 e 115). 
CONTRACRÍTICA DE ALICE GONZALEZ BORGES (Revista Diálogo Jurídico-n.º 15 – 
jan/fev/mar/2007): Alice González Borges, em importante artigo sobre o tema (“Supremacia do Interesse 
Público: Desconstrução ou Reconstrução?”), ao invés da “desconstrução” propugnada pelos críticos, 
sugere uma “reconstrução”: 
“Mas agora surge de outra parte uma nova espécie de ataque, até então inimaginável. De repente, uma 
plêiade de jovens e conceituados juristas , - animados, forçaé que se diga, pela m ais cristalina e 
louvável das intenções, - ergue-se na defesa da eficácia e efetividade dos direitos fundamentais, em 
salutar movimento em prol da constitucionalização do direito. Para tanto, resolve congregar f orças para 
O STF j á se pronunciou pela possibilidade de transação ou renúncia pela Administração, q ue não 
esteja configurada em lei: “ Em regra, os bens e o interesse público são indisponíveis, porque 
pertencem à coletividade. É, por isso, o Administrador, mero gestor da coi sa pública, não tem 
disponibilidade sobre os interesses confiados à sua guarda e realização. Todavia, há casos em que 
o princípio da indisponibilidade do interesse público deve ser atenuado, mormente quando se tem 
em vista que a solução adotada pela Administração é a que melhor atenderá à ultimação deste 
interesse.” (RE 253885) 
3) Motivação – arts. 93, IX da CF e 2° da Lei 9.784/99 
Conceito: necessidade da indicação dos f undamentos de fato e de direito que funcionaram como 
base para a formação do ato adm inistrativo. Decorre da própria concepção de Estado democrático 
de direito. 
- Enquadra-se no elemento forma do ato administrativo, e não motivação. 
Dever de Motivação: 
a) Helly Lopes: apenas os atos VINCULADOS devem ser motivados. Os discricionários não. 
b) Celso Antônio: apenas os atos DISCRICIONÁRIOS devem ser motivados. Os motivados são 
dispensáveis, pois obedecem à própria situação de fato prevista em lei. 
c) Carvalho Filho: em regra, a motivação não é obrigatória, salvo os casos expressamente previs tos 
em lei. 
d) - Di Pietro (majoritária): TODOS OS ATOS (vinculados ou discricionários) são obrigatórios 
e) Diogo Figueiredo: apenas os ATOS DECISÓRIOS devem ser motivados, sendo aqueles que 
restrinjam direitos das pessoas, pois isso decorre da ampla defesa, contraditório, princípio 
democrático e devido processo legal, e o art. 93, IX, CF (decisões administrativas). 
Atos de Motivação Obrigatória - art. 50, lei 9.784/99 - rol exemplificativo 
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos 
jurídicos, quando: I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; I I - imponham ou agravem 
deveres, encargos ou sanções; III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção 
pública; IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório; V - decidam recursos 
administrativos; VI - decorram de reexame de ofício; VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada 
sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; VIII - importem 
anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo. 
A motivação deve ser prévia ou no máximo concomitante, não se admitindo a motivação posterior, 
ou seja, depois da prática do ato. A motivação pode ser a declaração de concordância com os 
fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão 
parte integrante do ato. 
4) Legitimidade e Veracidade 
Conceito: os atos praticados pela administração pública possuem presunção de legitimidade e de 
veracidade. 
Presunção de Veracidade: relacionada com certeza do fato narrado. 
Presunção de Legitimidade: relacionada com a adequação do ato praticado à lei. 
Efeitos: autoexecutoriedade dos atos e a inversão do ônus da prova (Carvalho F.). 
5) Especialidade 
Princípio relacionado à ideia de descentralização. À medida q ue o Estado cria pessoas jurídicas 
administrativas como forma de descentralização da prestação de serviço público e com objetivo de 
oportunidade, r espeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação 
judicial. 
A prerrogativa de invalidar ou revogar os próprios atos somente se aplica àq ueles praticados sob 
regime jurídico administrativo quando o Poder Público se utiliza de suas prerrogativas exorbitantes, 
não se estendendo aos atos e contratos que a AP prat ica sob regime de Direito Privado. Nesses 
casos, dependerá de manifestação do Judiciário (Diógenes Gasparini). 
8) Razoabilidade e Proporcionalidade (art. 2º, Lei 9.784/99): necessidade de que o Poder Público 
aja com adequação e de f orma proporcional aos objetivos. (adequação dos meios aos fins 
pretendidos MEIOS FINS) 
Surgiu no direito americano e era voltado para o controle do poder de polícia no direito 
administrativo. Hoje é utilizado como critério de legitimidade dos atos de todos os poderes públicos, 
mesmo no caso de ato discricionário. 
Objetivo: proteção contra o arbítrio (limitação do poder) 
Proporcionalidade é ou não princípio? Doutrina e na jurisprudência consagraram a expressão 
princípio da proporcionalidade, porém a doutrina mais t écnica não entende a proporcionalidade 
como princípio, mas como um instrumento destinado à ponderação de interesses. Dentre os 
instrumentos existentes para a solução do conflito entre dois princípios está a técnica da 
proporcionalidade. 
“Máximas Parciais” (Subprincípios do Princípio da Proporcionalidade) 
i) ADEQUAÇÃO 
- o meio utilizado deve ser 
apto para atingir o f im 
almejado. 
ii) NECESSIDADE, 
EXIGIBILIDADE OU 
PRINCÍPIO DA MENOR 
INGERÊNCIA POSSÍVEL 
- dentre os meios aptos 
existentes deve se optar pelo 
meio menos gravoso 
possível. 
iii) PROPORCIONALIDADE 
EM SENTIDO ESTRITO OU 
RAZOABILIDADE - 
Os benefícios decorrentes 
da medida adotada precisam 
ser maiores que os seus 
custos. 
Princípio da proporcionalidade x princípio da razoabilidade Para os que difere nciam do P. da 
Razoabilidade (Siqueira Castro diferencia), afirmam que o P. da Proporcionalidade está ligado a 
técnicas de interpretação, enquanto o P. da Razoabilidade está ligado à decisão justa e razoável na 
aplicação do Direito (devido processo legal substantivo). 
Princípio da Razoabilidade – “Razoabilidade é a q ualidade do que é razoável, ou seja, aquilo que se 
situa dentro dos limites aceitáveis” (CARVALHO F.) – “obedecer a critérios aceitáveis do ponto de 
vista racional, em sintonia com o senso normal de pessoas equilibradas e r espeitosas das 
finalidades q ue presidiram a outorga da competência exercida” (CABM). CARVALHO af irma que a 
razoabilidade trata da congruência lógica entre as situações postas e as decisões 
administrativas.Trata-se de um PRINCÍPIO IMPLÍCITO. Se o administrador pratica um ato 
ofendendo a razoabilidade é um ato ilegal, por não obedecer à legalidade em sentido amplo. Assim, 
o ato deve ser r etirado do ordenamento jurídico. O Judiciário poderá fazer a análise da razoabilidade 
do ato, inclusive por meio do controle constitucional. Todavia, ao Judiciário não cabe invadir o mérito 
do ato administrativo – a marg em de liberdade concedida pela lei ao administrador 
(discricionariedade). 
De acordo com precedente do STF, não é possível a análise, pelo Poder Judiciário, como regra, do 
Princípio da Proporcionalidade – Trata-se de princípio implícito na Constituição. A proporcionalidade 
significa equilíbrio entre o benefício e os prejuízos causados. EX EMPLO: administrador desapropriou 
uma área para instalação de um lixão, pagando muito caro pela área. Ora, o lixão poderia ter sido 
instalado em outro local mais barato. A proporcionalidade pode ser verificada também em relação à 
extensão e gravidade da medida praticada. EXEMPLO: punição muito grave para uma inf ração leve 
não é proporcional. Deve haver equilíbrio entre a gravidade do ato e a extensão da medida. Isso é 
fundamental para o exercício do poder de polícia . Agir com equilíbrio é também agir razoavelmente, 
assim, para grande maioria da doutrina o princípio da proporcionalidade está embutido no conceito 
de razoabilidade. 
9) Contraditório e Ampla Defesa – o contraditório e a ampla defesa são elementos integrantes do 
princípio maior do devido processo legal e visam garantir aos acusados e administrados, no âmbito 
judicial e administrativo, a oportunidade de produzirem provas, deduzirem pretensões, e f ormularemmanifestações com o objetivo de se oporem a imputações gravosas que lhes são feitas ou, ainda, de 
desconstituir situações desfavoráveis a e les impostas. Em suma, não é possível aplicar determinada 
sanção, privar o cidadão de sua liberdade ou de seus bens, ou, ainda, criar- lhe qualquer 
circunstância prejudicial se que antes lhe seja deferida a oportunidade de se defender, de apresentar 
sua versão dos f atos e, outrossim, de ter amplo acesso aos elementos e af irmações que servem de 
base para a acusação ou gravame a ele imposto. Por esse motivo, o princípio do contraditório e da 
ampla defesa compreende, também, o direito à informação, pois não é possível ao administrado 
defender-se sem ter plena ciência do que está lhe sendo imputado. 
Desdobramentos do princípio: 
- Toda a defesa deve ser prévia em relação ao julgamento final; 
- Direito à informação - o custo corre a cargo do interessado, como se posiciona a jurisprudência, 
mas a administração não pode se negar a fornecer o acesso. 
- Produção de provas. 
- Direito a recurso; mesmo q ue não exista previsão expressa para o caso específico, a regra geral é 
o cabimento. 
- Defesa técnica; é dispensável a presença de advogado, mas se o advogado q uiser participar, o 
administrador deve viabilizar a defesa, porque o advogado g arante maior j ustiça e isonomia entre as 
partes. 
SV 03: “Nos processos perante o tribunal de contas da união asseguram-se o contraditório e a 
ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que 
beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de 
aposentadoria, reforma e pensão.” 
SV 05: a falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a 
constituição. 
10) Segurança Jurídica (art. 2º, Lei 9.784/99): está r elacionado à própria concepção de Estado 
Democrático de Direito. Segundo esse princípio a Administração Pública deve adotar formas simples 
para propiciar adequado grau de certeza e respeito aos direitos dos administrados, não devendo, por 
exemplo, aplicar retroativamente nova interpretação. 
-CANOTILHO trata de 2 realidades que devem pautar a atuação do Poder Público: 
11) Princípio da Hierarquia: os órgãos da administração pública são estruturados de forma a se 
criar uma relação de coordenação e subordinação entre uns e outros, cada qual com atribuições 
definidas em lei. 
12) Continuidade do Serviço Público: o serviço público, por representar funções essenciais e 
necessárias à coletividade, não podem ser interrompido (art. 6°, § 1°, Lei 8.987/95) 
- conseqüências: 
proibição do direito de greve nos serviços públicos fora dos limites legais (art. 37, VII, CF); 
necessidade de institutos como suplência, delegação e substituição para preencher f unções 
públicas temporariamente vagas; 
impossibilidade da e xceptio non adimpleti contratus por aq uele que contrata com a admin istração 
pública; 
possibilidade da encampação da concessão de serviço público. 
Corte de serviço por inadimplência: Lei 8.987/95 (artigo 6º) – não se considera descontinuidade do 
serviço sua interrupção por inadimplemento do usuário, desde que precedida de prévia 
comunicação. Serve para evitar a falência da prestadora de serviço. STJ : mesmo nesses casos não 
é possível cortar o serviço público essencial. Tratando-se de inadimplência da própria Administração 
com a concessionária do serviço, o corte não pode ating ir serviços públicos essenciais, tais como 
escolas, hospitais, repartições etc. (Carvalho F.) 
13) Participação: A lei disciplinará as formas de part icipação do usuário na administração pública 
direta e indireta, regulando as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos e o acesso a 
registros administrativos e a informações sobre atos de governo (especialmente no que tange a 
informações de seu interesse ou de interesse coletivo em geral). 
Casuística 
Isonomia e vencimentos de servidores: “Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem a função 
legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob o f undamento de isonomia. Com base 
nesse ent endimento, o Plenário, por maioria, reafirmou o Enunciado 339 da Súmula do STF. (RE 
592317, 28/08/2014) 
Princípio da proteção da confiança l egítima e posse em cargo público por decisão judicial 
precária: STF rechaçou pretensão de aplicação da teoria do fato consumado a caso em q ue a 
servidora havia tomado posse há sete anos por meio de medida liminar, afirmando não se aplicar ao 
caso o princípio da conf iança legítima, diante do conhecimento da natureza provisória do provimento 
pela interessa e do f ato de que a concessão das medidas antecipatórias correria por conta e 
responsabilidade do requerente, havendo ainda superior interesse público no cumprimento das 
normas constitucionais. (RE-608482, 07/08/2014) 
Princípio da isonomia e cláusula de barreira em concurso: Regras restritivas em editais de 
concurso público, q uando f undadas em critérios obj etivos re lacionados ao desempenho meritório do 
candidato, não ferem o princípio da isonomia. As cláusulas de barreira em concurso público, para 
seleção dos candidatos mais bem classificados, t êm amparo constitucional. (RE 635.739/AL - 
Repercussão Geral, 19/02/2014). 
Contraditório e ampla defesa e manifestação prévia: é nulo por ofensa aos princípios do 
contraditório e da ampla defesa o ato administrativo no qual o interessado não tem a oportunidade 
de manifestação prévia, sendo q ue a possibilidade de manifestação e m recurso administrativo não 
supre o vício. (STF, RMS 31661/DF, 10.12.2013)

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