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Monografia Direito

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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL SERRA DOS ÓRGÃOS - FESO
CENTRO UNIVERSITÁRIO SERRA DOS ÓRGÃOS - UNIFESO
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO
 
 NÍVIA MARIA AZEVEDO DA SILVA
EXECUÇÃO DE ALIMENTOS NO NOVO CÓDIGO PROCESSO CIVIL
Teresópolis
2017�
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL SERRA DOS ÓRGÃOS - FESO
CENTRO UNIVERSITÁRIO SERRA DOS ÓRGÃOS - UNIFESO
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO
NÍVIA MARIA AZEVEDO DA SILVA
EXECUÇÃO DE ALIMENTOS NO NOVO CÓDIGO PROCESSO CIVIL
Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Direito, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Direito, sob a orientação do Prof. Carlos Henrique Ramos.
Teresópolis
2017�
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL SERRA DOS ÓRGÃOS - FESO
CENTRO UNIVERSITÁRIO SERRA DOS ÓRGÃOS - UNIFESO
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO
NÍVIA MARIA AZEVEDO DA SILVA
EXECUÇÃO DE ALIMENTOS NO NOVO CPC
Monografia apresentada ao Curso de graduação em Direito do Centro Universitário Serra dos Órgãos como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Direito e submetida à avaliação da banca composta pelos seguintes membros:
____________________________________
Prof. Carlos Henrique Ramos 
Professor Orientador
____________________________________
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
 Membro-examinador
____________________________________
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
 Membro-examinador
Teresópolis___ de ____________ de 2017.�
AGRADECIMENTOS
Agradeço a minha família e aos meus pais por tudo o que representam em minha vida, ao meu esposo e filhos pela compreensão e apoio ao longo desses anos. �
SILVA, Nívia Maria Azevedo. Execução de Alimentos no novo CPC, 2017. Monografia, Graduação em Direito – Bacharelado. – Centro de Humanidades e Ciências Sociais, Centro Universitário Serra dos Órgãos, Teresópolis, 2017.
RESUMO
O presente trabalho consiste em analisar o processo de Execução de Alimentos baseado nas inovações do Novo Código de Processo Civil. A obrigação alimentar e suas implicações, dispondo sobre a instituição familiar e as atuais consequências do inadimplemento da obrigação alimentar. Menciona sobre o direito de família suas considerações importantes acerca da família da atualidade e sobre os sujeitos das relações de alimento. Tal como faz um estudo dos princípios constitucionais relacionados ao valor e a concessão de alimentos. Discorre a execução da obrigação de alimentos e a reforma do Código de Processo Civil, enumerando os meios executórios do processo de alimentos, destacando o meio coercitivo mais impactante que é admissibilidade da prisão civil e seus requisitos. Dispõe sobre análise de súmulas e julgados acerca do processo executório suas atualidades e inovações, as novas possibilidades trazidas pelo legislador com intuito de solucionar o inadimplemento da obrigação alimentar. Assim, o legislador procura uma caminho mais adequado e rápido para oferecer a devida prestação jurisdicional, mediante o cumprimento do devedor da sua obrigação alimentar, prestigiando assim o direito a vida e a dignidade da pessoa humana.
 
Palavras-chaves: Obrigação e Execução alimentar; Novo Código Processo Civil; Prisão Civil; Proteção do Direito à vida; Dignidade da pessoa humana.�
SILVA, Nívia Maria Azevedo. Execução de Alimentos no novo CPC, 2017. Monografia, Graduação em Direito – Bacharelado. – Centro de Humanidades e Ciências Sociais, Centro Universitário Serra dos Órgãos, Teresópolis, 2017.
ABSTRACT
The present work consists of analyzing the process of Food Execution based on the innovations of the New Code of Civil Procedure. The alimentary obligation and its implications, regarding the family institution and the current consequences of the default of the alimentary obligation. It mentions about the family law its important considerations about the family of today and about the subjects of the relations of food. Just as it does a study of the constitutional principles related to value and the concession of food. It addresses the execution of maintenance obligations and the reform of the Code of Civil Procedure, enumerating the enforceable means of the food process, highlighting the most compelling means of coercive admission of civil prison and its requirements. It deals with the analysis of precedents and judgments about the enforcement process of its news and innovations, the new possibilities brought by the legislator in order to solve the default of food obligation. Thus, the legislator seeks a more adequate and expeditious way to offer due judicial performance, through the fulfillment of the debtor of his food obligation, thus honoring the right to life and dignity of the human person.
Keywords: Food Obligation and Execution; New Civil Procedure Code; Civil Prison; Protection of the right to life; Dignity of human person.�
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................7
2. DEFINIÇÕES E CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES SOBRE O DIREITO DE FAMÍLIA.....................................................................................................................12
3. CONCEITO E CONTEÚDO DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR ...............................23
3.1. CLASSIFICAÇÃO DOS ALIMENTOS	27
3.1.1. Os Sujeitos na Relação de Alimentos	33
3.1.2. Ação de Alimentos - Conceitos e Definições..............................................36
4. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS APLICADOS À CONCESSÃO E AO VALOR DOS ALIMENTOS	38
5. EXECUÇÃO DE ALIMENTOS NO NOVO CPC....................................................48
5.1. A EXECUÇÃO DE ALIMENTOS NO CPC/73	50
5.2. A EXECUÇÃO DE ALIMENTOS APÓS A REFORMA DA LEI 11.232/2005......	52
5.3. O PROCESSO DE EXECUÇÃO DE ALIMENTOS SEGUNDO NOVO CPC	55 
5.4. A DEFESA DO EXECUTADO NAS EXECUÇÕES DE ALIMENTOS	62
5.5. OS EFEITOS DA APELAÇÃO NAS SENTENÇAS DE ALIMENTOS	63
5.6. OS ALIMENTOS INDENIZATIVOS – O CPC/15 TROUXE ALTERAÇÕES?.....65	
6. CONCLUSÃO	69
7. REFERÊNCIAS......................................................................................................73�
INTRODUÇÃO
O presente trabalho monográfico tem como finalidade principal pesquisar e investigar como e quais são as implicações principais e fundamentais do Novo Código de Processo Civil, lei 13.105 de 16 de março de 2015, na Execução de Alimentos. Desta forma realizamos um estudo histórico e comparativo do Código de Processo Civil Brasileiro entre os anos 1973 e 2015, aprofundando e sincronizando os assuntos referentes à execução de alimentos.
	Apesar de anterior aos códigos citados daremos atenção na Obrigação Alimentar disposta pela lei n. 5.478, de 25 de julho de 1968, que regulamenta os alimentos no país nessa época, foco de nosso estudo.
 Importante abordar os sujeitos ativos e passivos desta relação, os princípios constitucionais, com o intuito de promover a garantia de direitos básicos e, fundamentalmente, a dignidade do indivíduo, realizando um estudo com a intenção de contribuir para esclarecimento da importância do cumprimento desta obrigação, por possuírem um significado amplo, contemplando além da sua função essencial de promover a subsistência, devendo atender também às necessidades de lazer, educação e saúde do alimentado.
	Cabe acrescentar que daremos ênfase a conceitos do Direito de Família que são importantes e possuem relação direta com o processo de execução, assim investigaremos os pressupostos processuais, princípios e entendimentos jurisprudenciais que foram e que são levados em consideração ao conceder o direito de executar a obrigação.
 Com a intermediação da Constituição Federal nos artigos: 5º e 6º e que em relação aos avanços do conceito de família evidencia a base elementar do
grupo social pode-se extrair os princípios que norteiam a formação do direito e do dever de alimentos, dentre eles destacamos a pluralidade da entidade familiar, a equidade entre homens, mulheres e filhos, responsabilidade familiar, bem como da solidariedade familiar.
	Assim vejamos:
Art. 5º: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel.�
Assegura os direitos sociais e individuais:
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.� 
	O referido artigo assegura os direitos essenciais e fundamentais, porém, evidencia a responsabilidade de assegurar o dever solidário da obrigação alimentícia, que é a fonte de sobrevivência do alimentado. Ocorrendo a inadimplência da obrigação cabe ao Estado exercer seu poder coercitivo, havendo possibilidade ainda de decretar a prisão civil. 
	Para esclarecer melhor a probabilidade de prisão civil devido ao inadimplemento da obrigação de prestação alimentar, citamos o agravo de instrumento que negou provimento a suspensão da prisão civil do alimentando. Neste caso verifica-se que o devedor/alimentando possui uma obrigação que foi imposta anteriormente, porém não vinha sendo cumprida, então através da execução dos alimentos foi decretada sua prisão civil. Através do Agravo de Instrumento, foi realizada a tentativa de reverter junto ao Tribunal de Justiça do RJ a decretação da prisão civil.
TJ-RJ - AGRAVO DE INSTRUMENTO AI 00505720420138190000 RJ 0050572-04.2013.8.19.0000 (TJ-RJ) Data de publicação: 20/02/2014
Ementa: AGRAVO INTERNO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO CIVIL. FAMÍLIA. EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. ARTIData de publicação: 20/02/2014
Ementa: AGRAVO INTERNO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO CIVIL. FAMÍLIA. EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. ARTIGO 733 DO CPC. DECRETAÇÃO DA PRISÃO CIVIL. MEIO COERCITIVO PARA PAGAMENTO DA PENSÃO. POSSIBILIDADE. SÚMULA Nº 309 DO STJ. 1- A coerção da liberdade do devedor de alimentos é cabível diante do inadimplemento voluntário e inescusável da obrigação alimentar. 2- Não tendo o executado justificado o inadimplemento da obrigação alimentar e não tendo sido julgada a ação modificativa da clausula alimentar, há de se manter o decreto prisional. NEGATIVA DE PROVIMENTO AO RECURSO.GO 733 DO CPC. DECRETAÇÃO DA PRISÃO CIVIL. MEIO COERCITIVO PARA PAGAMENTO DA PENSÃO. POSSIBILIDADE. SÚMULA Nº 309 DO STJ. 
1 - A coerção da liberdade do devedor de alimentos é cabível diante do inadimplemento voluntário e inescusável da obrigação alimentar. 2- Não tendo o executado justificado. O inadimplemento da obrigação alimentar e não tendo sido julgada a ação modificativa da clausula alimentar, há de se manter o decreto prisional. NEGATIVA DE PROVIMENTO AO RECURSO.�
	
Verifica-se que o Agravo de Instrumento é um recurso bastante utilizado para casos similares. Assim seguem algumas considerações importantes realizadas por Diddier:
O agravo de instrumento é o recurso cabível contra decisões parciais. As decisões parciais são interlocutórias, pois não se encaixam na definição contida no § 1º do art. 203 do CPC. Não põem fim a um processo ou a uma fase do procedimento, não completando a previsão ali contida. Estão, assim, inseridas na definição de decisão interlocutória (art. 203, § 2º, CPC). A decisão parcial, seja ela de mérito, seja de inadmissibilidade, é uma decisão interlocutória. Enfim, decisão parcial é a que diz respeito a uma parte do objeto litigioso do processo, ora o resolvendo expressamente (julgamento antecipado parcial do mérito, art. 356, p. ex.), ora entendendo que essa parcela do objeto litigioso não pode ser conhecida (art. 354, par. único, CPC). Cabe agravo de instrumento em todas essas situações (art. 1.015, II, IV, VI, VII, IX, CPC, e o art. 354, par. único, CPC).�
	Ou seja, de acordo com processo relacionado acima o objeto litigioso não pode ser conhecido, sendo negado o provimento, pois há obrigação imposta por sentença, além disso, o pedido de modificação da pensão alimentícia não foi julgada. Por este motivo a decisão demonstra-se adequada.
 O tema proposto execução de alimentos no CPC/15 justifica-se em virtude da parcimônia de estudos sobre o tema, devido ao pouco tempo de implantação no novo código de processo civil e as diversas dúvidas causadas aos operadores de direito e a sociedade em geral devido à importância e aos impactos causados pelo inadimplemento da obrigação alimentar.
	No presente estudo, iremos comparar as evoluções do código de processo civil de 1973, no que dispõe sobre a execução de alimentos previsto nos artigos 732 a 735 do CPC, aos quais se referem os artigos 16 e 18 da Lei 5.478/68 (Lei de Alimentos – LA). A partir desses dispositivos a doutrina reconhece três procedimentos executórios: (I) desconto – art. 734, CPC e art. 16, LA; (II) expropriação – art. 732, CPC e art. 18, LA e (III) coação pessoal – art.733, CPC.�
No compasso de mudanças iremos analisar as questões do avanço da celeridade e implementação de uma maior efetividade nos atos processuais. Desta forma analisaremos a lei número 11.232/2005 que trouxe de forma pontual o fim da autonomia processual da execução, desta forma a satisfação do direito se dá de forma procedimental no mesmo processo.�
Enfim as modificações do processo de execução no código de processo civil de 2015.
 A relevância do tema vem promover a reflexão sobre as questões alimentares e a execução deste dever, decorre que o crédito alimentar é mais sensível e exige resposta enérgica e rápida do sistema processual, porque os alimentos são os valores indispensáveis à sobrevivência e manutenção das pessoas, são através destes que a pessoa realiza a sua subsistência, nesta inclui-se vestuário, saúde, moradia, educação, lazer e a criação, quando este for o caso. Visto que alimentos podem ser solicitados conforme art. 1694 do Código Civil. 
Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.�
 	Desta forma não é fixado valor determinado e único, porque as realidades são múltiplas e cada um possui a sua determinada necessidade. Cabe destacar que esse valor deverá manter de forma compatível a condição social outrora vivida, assim estabelecido o valor, o mesmo terá que ter reajuste de acordo com os índices oficiais.
De acordo com Marinoni, o crédito alimentar pode derivar de três tipos de situações, por imposição legal, ato voluntário do devedor que reconhece seu dever moral e ético e de ato ilícito.�
	Os valores do crédito alimentar são expressos geralmente em crédito pecuniário, porém há situações nas quais ocorre o adimplemento por obrigação de fazer ou de entregar coisa, se ocorrer o inadimplemento poderá se realizar os procedimentos de execução e mais os previstos na obrigação de fazer e na entrega da coisa.
 Ilustraremos nosso conceito e fundamentação através de análise de súmulas e julgados que conduzem nossa explicação, observando as inovações jurídicas nos processos de execução, as atipicidades ou arbitrariedades permitidas com advento do novo código de processo civil, no que tange às novas formas de execução de alimentos possíveis.
A prisão civil seus aspectos e consequências para coagir o devedor de alimentos também terá atenção especial, devido aos impactos causados na vida das pessoas afetadas diretamente, ou seja, do sujeito passivo e do sujeito ativo da relação alimentar. 
A linha de pesquisa seguida
é a do CCHS/UNIFESO de Direitos Fundamentais e Novos Direitos - Estudando e aprofundando os Direitos Fundamentais e a sua aplicabilidade nas novas relações sociais e jurídicas.
�
2. DEFINIÇÕES E CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES SOBRE O CONCEITO DE FAMÍLIA
A família como elemento social é um local privilegiado em que o indivíduo nasce e é inserido na sociedade, assim entre o meio familiar desenvolve sua personalidade.
Um meio em constante mudança, através de fatores internos e externos que correspondem ao ciclo de vida e interação com as transformações sociais. A família percorre a lógica da continuidade e da mudança, entre conexões de pertencimento e necessidade de singularidade. É dentro do ambiente familiar que começamos a aprender a nos definir em relação às nossas diferenças e assim enfrentar os conflitos de crescimento.
A família certamente é a unidade social mais antiga do indivíduo e a priori ela era o direcionador da maioria das pessoas. A família da antiguidade era protegida pela religião e foi a mola propulsora para o crescimento da sociedade e a formação dos nossos princípios, tendo obediência ao chefe familiar. A família consiste em um acumulado de pessoas relacionadas entre si por laços sanguíneos, matrimônio, aliança ou adoção, vivendo juntas, de uma forma geral, em uma mesma casa por uma determinada época e também representa um grupo social primário que influencia e é influenciado por outros indivíduos e instituições. E a família é então considerada um dos maiores agentes, senão o maior, de sociabilização e da reprodução de valores e padrões culturais dos indivíduos.� 
No início, a família era predominantemente patriarcal, patrimonial e matrimonial. Tínhamos, dessa forma, a figura de um “chefe de família”, que era o líder, a base da família, o responsável por todas as decisões. Era o grande responsável por todas as decisões que deveriam ser acatadas por todos. Assim, as uniões entre os indivíduos não acontecia pela afeição entre eles, mas no interesse de aumentar ainda mais o patrimônio e o poder de suas respectivas famílias.
Segundo Caio Mário: 
Família em sentido genérico e biológico é o conjunto de pessoas que descendem de tronco ancestral comum; em senso estrito, a família se restringe ao grupo formado pelos pais e filhos; e em sentido universal é considerada a célula social por excelência.� 
Podemos perceber que o referido autor tem uma visão mais tradicional do conceito familiar, portanto autores como este defendem que a obrigação de prestação alimentar é decorrente das relações de parentesco sanguíneas, atendendo a necessidade versus possibilidade de acordo com o caso concreto. 
Em contraponto podemos verificar o posicionamento proposto por Maria Berenice Dias que contextualiza e contemporiza o conceito de família: 
Como uma construção cultural, que dispõem de estrutura psíquica, na qual todos ocupam um lugar, possuem uma função- lugar de pai, lugar de mãe, lugar de filhos, sem, entretanto estarem ligados biologicamente, essa estrutura familiar que interessa investigar e preservar o aspecto mais significativo, como um LAR: Lugar de Afeto e Respeito.� 
	
A referida autora possui um conceito bem amplo e moderno do que vem a ser família nos tempos atuais, sendo citada para fundamentar pedidos de alimentos decorrentes de relações de parentesco mais modernas.
A concepção de família contemporânea não se sobrepõe à questão biológica frente à questão emocional e cultural, desta forma, a concepção é construída através de laços de afeto, assim fundamentalmente cultural. O art. 1593 do CC - o parentesco é natural ou civil, de acordo com o resultado de consanguinidade ou outra origem. Essa outra origem advém além da adoção, das decorrentes de técnica de reprodução assistida heteróloga e paternidade socioafetiva.�
Por reprodução assistida heteróloga entende-se por técnicas de inseminação artificial de sêmen ou óvulo, para fins de solucionar casos de infertilidade entre casais a princípio heterossexuais, porém esta já é uma prática comum também entre os casais homossexuais, que desejam ter filhos e assim construir uma família.
Por paternidade socioafetiva, entende-se a adoção a brasileira, na qual existe o vínculo de afeto e paternidade e maternidade, porém legalmente não há registros de adoção, nem tão pouco de laços de sangue, o que realmente existe é o fato da paternidade assumida perante a sociedade e principalmente ao filho, que recebe todo afeto da sua família socioafetiva.
Mas, há algum tempo, sob a égide do código civil de 1916 a família possuía paradigmas matrimoniais e patriarcais, hierarquizada em que a mulher era apenas um acessório, sem poder de decisão e escolhas, quem exercia o pátrio poder era o homem, o pai de família. Constituía-se necessariamente heteroparental, biológica e institucional.�
Porém, o tempo não para e a vida não espera, assim a Constituição de 1988 veio refletindo alguns elementos de mudança, fatos que aconteciam na vida cotidiana e do clamor popular da sociedade, chegaram a assembleia constituinte, desta forma, os legisladores estabeleceram a travessia do direito de família institucionalizado para o direito de família instrumental.
Sendo esse conceito de família institucionalizada como relações familiares consanguíneas, patriarcais e patrimoniais em contraponto com a família instrumental como sendo a construída por princípios da dignidade da pessoa humana consolidada no afeto familiar como base estrutural dessa nova família contemporânea.
O conceito familiar biológico cedeu espaço para as relações de socioafetividade, os filhos são aqueles que também escolhemos, a prioridade do afeto norteiam as relações de família, então este passa a ser o meio, e não o fim, o instrumento em que o ser humano se desenvolve psicologicamente, fisicamente e espiritualmente, ao pleno desenvolvimento. Essa é um a concepção eudemonista de família, que compreende a família como instrumento de felicidade das pessoas em consonância com o garantismo constitucional da solidariedade e dignidade da pessoa humana.
Desta forma os elementos da família contemporânea trazem os elementos essenciais do Afeto, da ética, da dignidade e da solidariedade.
Importante destacar os artigos 226 e 227 da Constituição Federal que já trouxerem alterações iniciais aos padrões de família, abrindo precedente:
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
...
Artigo 227 da Constituição Federal de 1988
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010).�
Desta forma surge uma nova família, admitindo assim a pluralidade, a união estável e a família monoparental, desta forma a família passa a ser democrática, com isonomia entre homens e mulheres.
Assim a natureza jurídica do direito de família é muito discutida e analisada nas relações de família da contemporaneidade, Maria Berenice Dias expõe que o direito de família possui normas imperativas, assim o Estado tem o dever de proteger a família e seus membros como uma unidade núcleo de solidariedade e preservação da sociedade. Desta forma cita em sua doutrina:
É imprescindível a constatação de que, em virtude do comprometimento do Estado em proteger a entidade familiar e organizar as relações entre seus membros, o direito de família contém uma série de normas imperativas, ou seja, inderrogáveis, que estabelecem limitações às pessoas.� 
São normas coercitivas que incidem independentemente da vontade das partes, desta forma, são consideradas de ordem pública, visto que tutelam o interesse geral da sociedade.
Entretanto, destaca
a autora:
Ressalte-se, contudo, que o fato de os princípios de ordem pública fundamentarem todas as relações familiares não significa que o direito de família posiciona-se, atualmente, no ramo do direito público. Pelo contrário, deve-se apenas submeter a entidade familiar aos princípios constitucionais, de forma que deixe de ser valorada como instituição.�
Igualmente o autor Gustavo Tepedino, sustenta que a família não seja valorada como instituição, que deve se submeter à convivência aos princípios constitucionais, porque para o autor nada é mais privado do que as relações entre as famílias, a intervenção do Estado nessas relações é intolerável. Assim sendo ambos os autores, afirmam que o direito de família tem muitas proximidades com o direito público e de igual forma com o direito privado, porém a tendência contemporânea é reduzir a interposição do Estado nas relações familiares.�
Todas essas modificações trazidas pela sociedade impactam no Direito de Família e resultam em implicações diretas sobre a obrigação de prestar alimentos, já que novas relações são reconhecidas, bem como outras deixam de ter esse direito ou sofrem alguma redução. Por exemplo: há algum tempo a mulher tinha direito incontroverso a receber pensão de alimentos em caso de divórcio, fato que não possui a mesma forca nos tempos atuais. Ou seja, implicações das alterações familiares incidindo diretamente sobre a obrigação de prestar alimentos.
A isonomia preconizada na Constituição Federal produz condições de equidade substancial, porque dentro dessa equidade são respeitados os que não tem as mesmas condições, é tratar de forma desigual quem está em posição de diversidade, neste momento especial, a sociedade brasileira desenvolve o Estatuto da Criança e do Adolescente e o Estatuto do Idoso. 
Cabe acrescentar que o Estatuto da Criança e do Adolescente surgiu em 1990. Até 1989 vigorava o Código de Menores, a criança e o adolescente eram considerados objetos de direito, com o advento do estatuto da criança e do adolescente são pessoas sujeitos de direitos e deveres.� 
A Lei nº 10.097 de 2000 veio para regulamentar os direitos da criança e do adolescente, assim como regulamentar os mecanismos para efetivação e garantia desses interesses dos menores e garantir a obrigação à família, à sociedade e ao Estado.� 
Tal como destaca-se o Estatuto do Idoso, Lei 10.741 de 2003, em seu art.12, que dispõe sobre a obrigação de prestar alimentos ao idoso: A obrigação alimentar é solidária, podendo o idoso optar entre os prestadores. 
Os Alimentos, portanto, são solidários nesse caso, e pelo princípio da isonomia e o respeito à dignidade da pessoa humana, também são solidários para os menores, em razão da atenção especial que merecem e da urgência de quem não tem meios de prover o próprio sustento.�
Ilustramos com a jurisprudência citada de um filho condenado a pagar alimentos ao pai idoso, nesse caso o filho recebeu a sentença de obrigação de pagamento de alimentos ao pai, porém não satisfeito com o resultado, interpõe recurso de apelação, ao ser revisto pelo relator, este novamente confirmou a decisão do juízo a quo, desacolhendo a exoneração do dever de prestar alimentos ao pai necessitado, ressaltando o princípio da solidariedade familiar. O filho alegou cerceamento da defesa, porém não apresentou os documentos probatórios, o que foi dada pelo relator como preclusa e esta alegação incoerente e infundada. Assim sendo em virtude, de não apresentar dados concretos e não ter alterado suas condições financeiras e a necessidade do pai ser essencial manteve-se a sentença com o índice do salário mínimo de pensão alimentícia inalterado.
TJ-RS - Apelação Cível AC 70059098459 RS (TJ-RS)
Data de publicação: 27/05/2014
Ementa: EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS. CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO EXPEDIÇÃO DE OFÍCIOS. INOCORRÊNCIA. VERBA DE 20% DO SALÁRIO MÍNIMO AO ALIMENTADO IDOSO. PRETENSÃO DO FILHO CONTRA O PAI. DESACOLHIMENTO. MANUTENÇÃO. 1. Instado a indicar outras provas a serem produzidas, o recorrente nada requereu acerca das providências probatórias ora questionadas (expedição de ofícios ao DETRAN, ao INSS e a instituições bancárias), nada pleiteando também quando da audiência de instrução e em sede de memoriais. Preclusão. Cerceamento de defesa inocorrente. 2. Não tendo o alimentante comprovado haver experimentado modificação substancial em suas possibilidades financeiras, tampouco em relação às necessidades do alimentado, seu pai idoso, deve permanecer inalterada a pensão alimentícia revisada, fixada em 20% do salário mínimo. APELAÇÃO DESPROVIDA. (Apelação Cível Nº 70059098459, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ricardo Moreira Lins Pastl, Julgado em 22/05/2014).�
Logo, o conceito de família vem a cada dia ampliando-se e permitindo-se. No mesmo sentido temos o entendimento de Maria Berenice Dias:
A sociedade se modificou muito atualmente passando a existir várias constituições de família, que correspondem a pessoas que compartilham laços de afeto e assim constroem uma vida em comum.�
Como base em entendimentos do STF, o mesmo vem concedendo alimentos a pessoas que tiveram relacionamento homoafetivo. Colaborando com esta afirmativa citamos:
Justamente por essa razão é que o STF, na conhecida ação de ADPF 132, reconheceu a possibilidade de união estável entre pessoas do mesmo sexo, uma vez que, demonstrada a relação interpessoal com projeto de vida comum, baseada no afeto, caracterizada está a finalidade de se constituir família e, portanto, configurada a união estável – sejam pessoas do mesmo sexo ou não. Tal decisão erigiu a união homoafetiva à categoria de entidade familiar.�
Segundo o Código Civil Brasileiro de 2002, a união estável entre heterossexuais ou homossexuais é uma situação real, desta forma assegurou estes direitos e deveres em muitos aspectos semelhantes ao dos cônjuges. Embora não haja nenhuma legislação específica, por entendimentos jurisprudenciais, o Brasil reconheceu a união homoafetiva como instituto familiar e equiparou ao regime jurídico da união estável entre homem e mulher.�
Destaca-se, principalmente que a obrigação alimentar não se exaure no parentesco consanguíneo e nas relações matrimoniais ou de companheirismo, o princípio da solidariedade deve nortear essas relações, conforme estabelecido na CRFB, art. 3º, constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária.�
Desta forma percebemos que a obrigação é realizada de forma equilibrada e proporcional. Há de se considerar os diferentes tipos de família da contemporaneidade que juridicamente contemplam famílias monoparentais: formadas por um dos pais e filhos, família Homomaternais, formadas por mães e filhos, Homopaternais, formadas por pais e filhos.
Assim ao explicar a constância do dever de assistência mútua material mesmo depois da dissolução do vínculo. Os casais nunca serão dois estranhos, independente da sexualidade escolhida, há de se priorizar a necessidade real, o princípio da Solidariedade deve nortear as relações humanas. Há um dever legal de assistência a ser cumprido embasado no dever moral e na obrigação ética.
Assim sendo:
O encargo alimentício é repartido não em partes quantitativas iguais, mas em porções proporcionais às possibilidades econômicas de cada um dos obrigados. A obrigação de cada obrigado será de acordo com seus recursos, sua posição e situação social.�
De acordo com estudioso de família, Sebastian Mendez Errico 
importante é compreender que o direito reflete a sociedade e estes vão variando e construindo e estão em permanente processo de mudança e transformação.�
As diversas percepções de família e nossa própria vivência familiar, formam -se por indivíduos que partilham sentimentos e valores constituindo laços de solidariedade, interesse e reciprocidade. O ponto em comum é a união dos membros familiares, com ou sem laços sanguíneos, que se dá por meio da intimidade, do respeito entre as partes, da amizade,
da troca e do enriquecimento conjunto.
As transformações acontecem na estrutura familiar de acordo com as mudanças nas relações humanas, que modificam a sociedade nas diferentes formas de produzir de fato a vida do ser humano. Desta forma, acreditamos que a família tem um papel fundamental não somente em relação aos seus membros, mas também em relação ao Estado, na esperança de se tornar uma instituição social capaz de promover a integração/inclusão social dos seus membros.�
Segundo Silvio Venosa:
É primordial e de cunho irrestrito, a obrigação de os progenitores proverem o sustento de sua prole. Tal dever, quando os mesmo não vivam juntos converte-se no dever legal da prestação alimentícia.�
É de suma importância essa responsabilidade de sustento de sua prole, que é desempenhado pelos progenitores, independente da condição matrimonial desempenhada por estes, tão pouco que a filiação seja natural, adotiva ou sócio afetiva. Existindo o vínculo afetivo há a responsabilidade.
1 - TJSP. Família. Alimentos. Revisional. Competindo aos pais de forma mútua e solidária o dever de sustento da prole, não significando a responsabilidade solidária mera repartição igualitária das despesas, devendo a distribuição dos encargos econômicos ocorrer de forma proporcional conforme as fortunas de cada genitor, não comprovada a diminuição de condições financeiras por qualquer deles, a simples alegação de nova prole não é motivo suficiente para a modificação do quanto já estabelecido por mútuo consenso. Recurso não provido.�
Por mais que se questione existe um engajamento, uma vinculação a afetiva entre pais e filhos, que se dá durante a união constante, que se dissolvida resulta em obrigação civil.
Há se considerar que esta obrigação compete primeiramente aos genitores, a ambos, e estes terão de obedecer a critérios de paridade econômica. São corresponsáveis diante de suas reais possibilidades.
Segundo a jurisprudência do STJ, "o demandado (...) terá direito de chamar ao processo os corresponsáveis da obrigação alimentar, caso não consiga suportar sozinho o encargo, para que se defina quanto caberá a cada um contribuir de acordo com as suas possibilidades financeiras" (REsp n. 658.139/RS, Quarta Turma, relator Ministro Fernando Gonçalves, DJ de 13/3/2006.) 3. Não obstante se possa inferir do texto do art. 1.698 do CC - norma de natureza especial - que o credor de alimentos detém a faculdade de ajuizar ação apenas contra um dos coobrigados, não há óbice legal a que o demandado exponha, circunstanciadamente, a arguição de não ser o único devedor e, por conseguinte, adote a iniciativa de chamamento de outro potencial devedor para integrar a lide. 4. Recurso especial provido. �
Mariana Chaves nos chama atenção sobre a obrigação civil aos ascendentes e colaterais assim como os descendentes que tenham atingidos a maioridade e sejam capazes, quando já extinto o poder familiar, mantém o compromisso de solidariedade alimentar.�
Conforme ilustra a jurisprudência do TJ- Distrito Federal abaixo citada:
TJ-DF - 20160020334392 Segredo de Justiça 0035648-16.2016.8.07.0000 (TJ-DF)
Data de publicação: 28/10/2016
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE ALIMENTOS AJUIZADA CONTRA IRMÃOS UNILATERAIS - OBRIGAÇÃO COMPLEMENTAR E SUBSIDIÁRIA - INCAPACIDADE DEMONSTRADA - AUSÊNCIA DE OPOSIÇÃO DOS DEMAIS IRMÃOS - VALOR SUFICIENTE PARA MANTER AS NECESSIDADES - RECURSO PROVIDO PARA DESOBRIGAR QUEM NÃO POSSUI CONDIÇÕES FINANCEIRAS. 01. A obrigação alimentar entre colaterais até o segundo grau é complementar e subsidiária, e, desse modo, os alimentos são devidos, prioritariamente, pelos ascendentes, e na falta destes ou na impossibilidade de eles o prestarem, aos descendentes, observada a ordem de sucessão, e faltando estes, aos irmãos (germanos e unilaterais), conforme o art. 1.697, do CC/02. 02. Na espécie, demonstrada a impossibilidade de se obter os alimentos por ascendentes ou descendentes, a autora buscou se socorrer dos irmãos unilaterais; comprovada a incapacidade financeira de um para arcar com o ônus, sem que comprometa seu sustento e de seus filhos, a desobrigação é medida que se impõe. 03. A concordância dos demais em contribuir com o valor arbitrado se mostra suficiente para suprir as necessidades mínimas atuais da Agravada, maior e capaz, pelo tempo necessário para organizar sua vida financeira. 04. Recurso provido para reformar a decisão com relação a Agravante. Unânime.�
Araken de Assis destaca o interesse público na rápida realização da obrigação alimentar:
O direito alimentar possui amparo constitucional, podendo ser considerado um direito de ordem pública, pela primazia do interesse social na tutela e resguardo da vida e das famílias. Assim, cumpre associar sua ordem pública com a máxima constitucional da solidariedade, indicada como objetivo fundamental da República brasileira, no art. 3, I, CF/88. Por dizer respeito à vida, pode-se ainda afirmar que o direito alimentar também possui fulcro no princípio da dignidade da pessoa humana, outra pedra angular do Estado Democrático.� 
 Além de se observar a necessidade imperiosa da alimentação como direito fundamental do alimentado, há de ressaltar sempre a real necessidade e possibilidade do alimentando em executar o pretendido, conforme jurisprudência relacionada:
TJ-RS - Apelação Cível AC 70066756545 RS (TJ-RS)
Data de publicação: 07/12/2015
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE ALIMENTOS. REDUÇÃO DA VERBA ALIMENTAR. POSSIBILIDADE. A fixação de alimentos há de atender ao binômio possibilidade-necessidade. Situação que recomenda o arbitramento de alimentos com moderação e em atenção ao que consta nos autos a respeito da situação financeira do alimentante e as necessidades dos alimentandos. Apelação provida. (Apelação Cível Nº 70066756545, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge Luís Dall'Agnol, Julgado em 02/12/2015).�
Existem entendimentos jurisprudenciais que analisam e não provém o que caracterizam por pensões alimentícias de cunho exorbitante, quando a priori o alimentando conseguia arcar com onerosidade da pensão alimentícia, porém com problemas apresentados e redução da condição econômica deixam de ter essa possibilidade, quando isto ocorre há se solicitar em juízo a revisão dos valores da pensão. Assim como a situação ilustrada abaixo:
TJ-SC - Apelação Cível: AC 570240 SC 2008.057024-0
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL DE ALIMENTOS. PEDIDO DE MINORAÇÃO DA VERBA ALIMENTAR. ALEGAÇÃO DE IMPORTE EXORBITANTE. INOBSERVÂNCIA DO BINÔMIO NECESSIDADE/ POSSIBILIDADE. ALTERAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO. SENTENÇA REFORMADA. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.�
Desta forma percebemos a importância da família e da obrigação alimentícia, que configuram matéria de Direito. Tamanha é essa importância que a obrigação de alimentos tornou-se objeto das disposições na Constituição Federal, no Código Civil, no Código de Processo Civil, na lei de Alimentos e nos Estatutos da Criança e Adolescentes e no Estatuto dos Idosos. 
3. CONCEITO E CONTEÚDO DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR
A obrigação alimentar está a priori regulamentada na Carta Magna de 1988, que prevê o conteúdo da obrigação alimentar, o art.7, IV afirma,
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender às suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim.�
Assim a Constituição Brasileira de 1988, conceitua que os alimentos naturais compreendem tudo o que necessário para subsistir, arcando com todas essas despesas no valor do salário mínimo vigente no Brasil. Apesar de explicitar todos as necessidades vitais como citados no art.7, IV�, um grupo
especial havia ficado de fora, desta forma contemplou-se as gestantes pelo suposto pai, dos chamados alimentos gravídicos, regulados pela Lei 11.804/2008 no artigo 2, que cita: 
Art. 2o Os alimentos de que trata esta Lei compreenderão os valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto, inclusive as referentes a alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames complementares, internações, parto, medicamentos e demais prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além de outras que o juiz considere pertinentes.�
		
É pertinente destacar que com advento desse artigo, abriu-se precedente para análises referentes às despesas destinadas a saúde.
Pontes de Miranda orienta que,
[...] a palavra alimento, conforme a melhor acepção técnica, e conseguintemente, podada de conotações vulgares, possui o sentido amplo de compreender tudo quanto for imprescindível ao sustento, à habitação, ao vestuário, ao tratamento de enfermidades e às despesas de criação e de educação.�
Em conformidade com o estabelecido na carta constitucional, o Código Civil Brasileiro de 2002, o art.1.694, caput, foi mais além, como ilustramos abaixo:
Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.
§ 1o Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.�
 
Dessa forma os alimentos civis contemplam aos alimentados uma forma de viver compatível com outrora vividos, o alimentado tem o direito de ter atividades culturais e ao lazer.
Importante ressaltar a condição análoga aos cônjuges deferida aos companheiros resultado das uniões estáveis.
TJ-MG - Apelação Cível AC 10687110032871001 MG (TJ-MG)
Data de publicação: 24/07/2013
Ementa: AÇÃO DE ALIMENTOS. EX-COMPANHEIRA. PEDIDO DE REDUÇÃO. ART. 1.699, DO CC/02. ÔNUS PROBATÓRIO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. MANUTENÇÃO DO ENCARGO. - Tanto o parentesco, como o matrimônio e a união estável são fontes de obrigação alimentar, mas desde que na situação concreta concorram os pressupostos ditados na lei. - Nos termos do art. 1.699 do CC/02, se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo. - Cada parte tem o ônus de provar os pressupostos fáticos do direito que pretenda sejam aplicados pelo Juiz na solução do litígio. Não comprovando, o alimentante, alteração em sua situação financeira, ou do beneficiário, que autorize a redução dos alimentos fixados, deve-se manter o encargo.�
Conforme cita a jurisprudência acima os alimentos são fontes de obrigação alimentar destinada aos necessitados arrolados no art. 1694, os parentes, cônjuges e companheiros, nesta situação expressa ocorre um pedido de redução da quantia regulada para pagamento da obrigação alimentar, porém o alimentante não conseguiu comprovar que a situação financeira do alimentado sofreu alterações, provas estas essenciais para que fosse possível reduzir, exonerar ou majorar o encargo alimentício. O pedido se deve estar de acordo com princípio da proporcionalidade e a razoabilidade, o juiz ao sentenciar observar essa proporcionalidade, visto que existe a necessidade e a possibilidade. Neste caso o relator confirmou que deve-se manter os encargos.
Devemos ressaltar também o parágrafo segundo do art.1694 CC, os alimentos serão somente os indispensáveis à subsistência, quando a situação de necessidade derivar de culpa de quem os disputam. Observamos que limita a obrigação alimentar gerada pela culpa, quem assim agir, receberá somente os alimentos naturais, básicos para a subsistência.�
Entretanto essa consideração legal é extremamente questionada, por conta do perecimento do instituto da culpa para o fim do casamento, a doutrina majoritária afirma não haver mais justificativa para essa distinção.
Segue a jurisprudência com a intenção de ilustrar as atuais decisões:
TJ-MG - Agravo de Instrumento Cv AI 10707110253705001 MG (TJ-MG)
Data de publicação: 23/05/2014
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO - FIXAÇÃO DE ALIMENTOS - PENSÃO ALIMENTÍCIA PROVISÓRIA - EX-CÔNJUGE - DEVER DE ASSISTÊNCIA MÚTUA - PROVAS DE NECESSIDADE - ALEGAÇÃO DE CULPA NA SEPARAÇÃO - IRRELEVÂNCIA - MANUTENÇÃO DA DECISÃO AGRAVADA - RECURSO NÃO PROVIDO. - O dever de prover o sustento da ex-cônjuge, que se estende após o rompimento da relação, baseia-se no dever de assistência mútua. - A fixação da prestação alimentícia em favor da cônjuge/companheira demanda provas da necessidade, sendo seu deferimento a consequência natural da presença destas. - Após a entrada em vigor da Emenda Constitucional nº 66 /2010, mostra-se inócua a discussão acerca da culpa na separação do casal. - Recurso não provido.�
Neste caso, o recurso não foi provido, a alegação de culpa não possui relevância jurídica, o que norteia as relações de obrigação de alimentos é o dever de assistência mútua, o princípio da solidariedade familiar é o alicerce desta relação. Não foi comprovada a necessidade, o que se buscava era a culpa como situação geradora para se receber a obrigação alimentar. Reforçando, cita Maria Helena Diniz, no Curso de Direito Civil Brasileiro, pag. 280, alimentos são prestações para satisfazer necessidades vitais de quem não pode provê-las por si.�
Segundo Araken de Assis, a obrigação alimentar segue a classificação das obrigações e devida a autonomia privada dos particulares e a discrição judicial prevista no art. 1.694, parágrafo primeiro do Código Civil, o crédito alimentício terá maior amplitude, podendo ser prestação pecuniária ou permitir pagamento in natura, que seria, efetuar pagamentos específicos em atendimento direto as necessidades do alimentado, porém há se ter muita cautela ao fornecer esse tipo de adimplemento, porque tem de se respeitar o que fora decidido na sentença�, veja a jurisprudência abaixo: 
TJ-SC - Agravo de Instrumento AG 20120602502 SC 2012.060250-2 (Acórdão) (TJ-SC)
Data de publicação: 27/02/2013
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO DE PRESTAÇÃO ALIMENTÍCIA. OBRIGAÇÃO ALIMENTAR DEVIDA CUMULATIVAMENTE IN NATURA E IN PECUNIA. DESCONTOS DOS GASTOS DESPENDIDOS COM MENSALIDADES ESCOLARES, ALUGUEL RESIDENCIAL, EMPREGADA DOMÉSTICA E FINANCIAMENTO DE VEÍCULO DA GENITORA SOBRE O VALOR PECUNIÁRIO. IMPOSSIBILIDADE POR SE TRATAREM DE PRESTAÇÕES DISTINTAS E CUMULATIVAS. AFRONTA AO FIXADO NO TÍTULO EXECUTIVO. DECISÃO REFORMADA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. Via de regra os alimentos devem ser pagos conforme estipulados no título executivo judicial, excepcionalmente autoriza-se o pagamento in natura pelo alimentante, contudo, é indispensável a anuência do alimentado, sob pena de considerar-se tais pagamentos mera liberalidade do devedor.�
Destaca-se que essa prestação alimentícia executada de forma cumulativa e distinta afrontam o fixado no título executivo, sendo provida simultaneamente de maneira pecuniária e in natura, se ocorre tal situação a lei compreende como mera liberalidade do devedor. Há de se ter o cuidado de se cumprir o que foi estabelecido.
Com relação à natureza do crédito alimentar seus princípios norteadores advém em sua maioria do Direito Romano, porém conforme nos apresenta o professor Araken de Assis, em Execução dos alimentos, esclarecendo contextos históricos com relação à evolução dos conceitos de patrimônio vinculados a obrigação.
Como se sabe, no direito romano, a obrigação era tida como um vínculo meramente pessoal, sem qualquer sujeição ao patrimônio do devedor, sendo que, estando o devedor vinculado à obrigação com seu próprio corpo, o credor tinha direito sobre ele. Daí não ser possível, naquela época, a cessão e transferência de obrigação de qualquer espécie, fosse realizada pelo credor ou fosse
pelo devedor, pois a obrigação se apresentava com esse caráter pessoal, a vincular pessoas determinadas.�
 Com o tempo o relevante que ficou foi o caráter patrimonial dos alimentos, o alimentado se beneficia dos bens prestados pelo alimentando. Conforme explica Araken de Assis, se o cumprimento do dever jurídico desfalca o patrimônio, e o respectivo direito beneficia patrimonialmente outrem, há relação creditícia, credor e devedor.� 
Destacaremos nesse ponto, a vista processual, objeto de nosso estudo, os alimentos constituem crédito, assim realizam conforme a estrutura do Novo Código de Processo Civil, direitos obrigacionais. 
Desta forma, o legislador correlacionou o direito obrigacional como a execução de forma entendível e de fácil aplicação. São dois grandes grupos relacionados nos artigos 806, 814 e 824 do livro da parte especial do CPC/15, que dispõem sobre a fixação dos prazos para o cumprimento da obrigação, multa por atrasos e expropriação do executado nas obrigações de dar e de fazer.�
Nesta relação processual, as obrigações de fazer são separadas em duas partes, positiva ou negativa com relação a obrigação, a negativa traz vários problemas na execução, porque depende da ação do interesse do devedor de resolver a questão. 
No Título II: Cumprimento de Sentença- do livro I – Parte Especial do CPC/15, capítulo IV, contempla as obrigações de fazer, de não fazer e de entregar a coisa.�
Por fim as obrigações pecuniárias, a dívida reconhecida pelo quantum, assim temos uma gama de obrigações pecuniárias no contemporâneo da execução.
3.1. CLASSIFICAÇÃO DOS ALIMENTOS 
O dever da obrigação alimentar vincula-se ao princípio da solidariedade familiar, desta forma ressaltamos o dever de sustento que se prende ao poder familiar, e a necessidade calculada e que esta deve ser comprovada. 
Segundo o art. 1.701, caput do CC, é permitido ao devedor de alimentos pensionar o credor ou dar-lhe hospedagem ou sustento, assim explica Guilherme Calmon Nogueira da Gama:
A regra confere duplo conteúdo a obrigação alimentar: tanto a de coisa determinável, ou seja moradia e sustento. A esse propósito, costuma-se aludir à prestação alimentar própria, porque em natura, e prestação alimentar imprópria, porque em dinheiro.�
Os alimentos possuem vários tipos e são classificados pela doutrina segundo alguns critérios que iremos observar, quanto a natureza jurídica os alimentos podem ser naturais, em síntese conforme afirma Yussef Said Cahali:
[...] Os alimentos naturais compreendem as notas mínimas da obrigação: alimentação, cura, vestuário e habitação: equivalem as necessidades básicas e tradicionais do ser humano. Eles se situam, portanto, nos limites do necessarium vitae.�
	São os relativos apenas a subsistência, em contrapartida os alimentos civis buscam manter o poder social. Pontes de Miranda conceitua como os haveres do alimentante e a qualidade de situação do alimentado.�
	Segue jurisprudência referente ao exposto,
TJ-DF - Apelação Cível APC 20130111135043 (TJ-DF)
Data de publicação: 07/08/2015
Ementa: CIVIL E PROCESSO CIVIL. DIREITO DE FAMÍLIA. AÇÃO DE ALIMENTOS. OBSERVÂNCIA DO BINÔMIO NECESSIDADE-POSSIBILIDADE (ART. 1.694, § 1º, CC). QUANTUM ARBITRADO DEVE SER COM BASE NA RAZOABILIDADE VISANDO A MANUTENÇÃO DO ALIMENTANTE. 1. A fixação dos alimentos civis deve ser orientada pelo § 1º do artigo 1.694 do Código Civil, que preconiza a comprovação da necessidade de quem a recebe, a situação financeira de quem paga, a fim der que seja garantida a sua compatibilidade com a condição social das partes. 2. Constatado que o valor arbitrado a título de alimentos civis pelo juiz sentenciante não se mostrou razoável e proporcional em relação às necessidades do alimentando e à capacidade do alimentante, a modificação do quantum fixado deve ser revisado. 3. Recurso conhecido e parcialmente provido.�
Diante do caso concreto, percebemos a observância do binômio necessidade e possibilidade como condição prioritária para análise do juiz, que conhece e parcialmente provê o recurso, por perceber a possibilidade do alimentante de garantir a compatibilidade com a condição social das partes, não sendo razoável esse quantum fixado, diante da situação da capacidade de fornecer o apoio social civil, o recurso foi conhecido.
Os alimentos provisórios, conceituados por Araken de Assis:
[...] são fixados prévia ou concomitantemente às ações de separação, de divórcio, de nulidade ou de anulação do matrimônio, de dissolução da união estável, ou a própria ação alimentaria, para manutenção do autor da demanda e de sua prole durante a ação alimentícia.�
Os alimentos provisórios que são regulados pelo artigo 4º Lei 5.478/68,
Ao despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisórios a serem pagos pelo devedor, salvo se o credor expressamente declarar que deles não necessita.
Parágrafo único. Se se tratar de alimentos provisórios pedidos pelo cônjuge, casado pelo regime da comunhão universal de bens, o juiz determinará igualmente que seja entregue ao credor, mensalmente, parte da renda líquida dos bens comuns, administrados pelo devedor.�
Esses alimentos possuem natureza antecipatória, são fixados antes da citação Initio Litis, nestes casos normalmente exige-se a prova exigida no art. 1.694 CC�, da incidência constituída da obrigação alimentícia. 
	O novo CPC, utiliza-se das tutelas de urgência: satisfativa e cautelar, regulada a partir do artigo 300 CPC/15 que expressa a urgência e o perigo de dano ao direito, para que de fato, se cumpra a necessidade de alimentos que é cogente.�
	Cabe salientar que esses requisitos são essenciais para o provimento do pedido, se não fora, não se é provido o pedido, conforme caso abaixo:
TJ-MG - Agravo de Instrumento-Cv AI 10672150042998001 MG (TJ-MG)
Data de publicação: 05/08/2015
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE ALIMENTOS - ALIMENTOS PROVISÓRIOS - REDUÇÃO - ART. 273 DO CPC - AUSENTES OS REQUISITOS AUTORIZADORES DA CONCESSÃO DA MEDIDA LIMINAR. - Os alimentos provisórios, devido à sua natureza satisfativa, devem observar os requisitos do art. 273, do CPC, para sua concessão em sede de liminar, quais sejam: prova inequívoca da verossimilhança de suas alegações e fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação. - O valor dos alimentos devidos pela genitora aos seus filhos deverá ser fixado de acordo com os critérios legais, constando expressamente no diploma civil, em seu art. 1694, § 1º que a verba deverá guardar proporção com as necessidades do reclamante e os recursos da pessoa obrigada. - Inviável, data vênia, a pretensão manifestada no recurso, porquanto a agravante não fez a devida prova no sentido de sua impossibilidade econômica para prestar os alimentos fixados na decisão recorrida. - Recurso não provido.�
Há de se prover argumentos e provas inequívocas do periculum in mora e a urgência do pedido, neste caso o recurso não foi provido.
	Os alimentos definitivos estes são fixados por sentença transitada e julgada, após processo de conhecimento, legitimada pelo credor, que é o titular do crédito alimentar. O Ministério Público pode também propor ação, em casos protetivos à criança e ao adolescente ou incapaz.
Assim conceitua Yussef Said Cahali, os alimentos definitivos, também chamados de regulares, decorrentes de acordo ou de ato decisório “final” do juiz, e ostentam “caráter permanente”, ainda que sujeitos a eventual revisão.�
Nas lides alimentarias cabe a inversão do ônus da prova, conforme cita art. 373 parágrafo 1 º do CPC/15.�
Os alimentos transitórios são ocasionados por situações adversas que incidem na necessidade, porém são resolúveis, desta forma são fixados por tempo determinado. 
	Em casos de divórcio em que haja um desequilíbrio no padrão econômico das partes, os alimentos compensatórios, vem dar o suporte jurídico para estabelecer o equilíbrio.
	Segundo Araken de Assis, os alimentos também podem ser legítimos, voluntários ou indenizativos. Assim sendo, os alimentos
legítimos são os possuem a força da legalidade, porque são de fonte parental, matrimonial ou reconhecidos por união estável, previstos no art. 1.694 CC, são as responsabilidades solidárias entre os entes familiares, pai com filho e vice versa.
	Os alimentos voluntários segundo Pontes de Miranda, designa alimentos deixados, prometidos ou obrigacionais.�
	São decorrentes da vontade da parte, é um ato espontâneo, através de um ato jurídico entre vivos ou desejos para pós-morte, nesse caso, por exemplo, existe o desejo de se proteger através da prestação alimentar outrem, um amigo, então estabelece a obrigação alimentar pelo falecido como legado, é legalmente regulado pelo art. 1.920 CC�, que diz o legado de alimentos abrange o sustento, a cura, o vestuário e a casa, enquanto o legatário viver, além da educação, se ele for menor.
	Enfim, segundo Araken de Assis, os alimentos também podem servir à indenização de atos ilícitos, conforme os art. 948 e 950 do CC.�
	De acordo com a Segunda turma do STF:
 
[...] a obrigação alimentar indenizativa derivada de delito, não se converte em obrigação de prestar alimentos, servindo a remissão a estes d simples ponto de referência para o cálculo da indenização e para a determinação dos beneficiários.�
	
A tutela especial foi concedida pelo art. 533 do CPC/15, conforme assegura as regras citadas:
Art.533. Quando a indenização por ato ilícito incluir prestação de alimentos, caberá ao executado, a requerimento do exequente, constituir capital cuja renda assegure o pagamento do valor mensal da pensão.
§ 1o O capital a que se refere o caput, representado por imóveis ou por direitos reais sobre imóveis suscetíveis de alienação, títulos da dívida pública ou aplicações financeiras em banco oficial, será inalienável e impenhorável enquanto durar a obrigação do executado, além de constituir-se em patrimônio de afetação.
§ 2o O juiz poderá substituir a constituição do capital pela inclusão do exequente em folha de pagamento de pessoa jurídica de notória capacidade econômica ou, a requerimento do executado, por fiança bancária ou garantia real, em valor a ser arbitrado de imediato pelo juiz.
§ 3o Se sobrevier modificação nas condições econômicas, poderá a parte requerer, conforme as circunstâncias, redução ou aumento da prestação.
§ 4o A prestação alimentícia poderá ser fixada tomando por base o salário-mínimo.
§ 5o Finda a obrigação de prestar alimentos, o juiz mandará liberar o capital, cessar o desconto em folha ou cancelar as garantias prestadas.�
	Cabe ressaltar a preocupação do legislador em assegurar os alimentos indenizativos a garantia da prestação da obrigação de responsabilidade civil decorrente de sentença condenatória criminal.
	Cabe ressaltar que os alimentos prestados decorrentes do ato ilícito, possuem uma configuração impropria, pois não derivam do direito de família, para ilustra analisaremos a jurisprudência a seguir:
TJ-SP - Habeas Corpus HC 01206875520138260000 SP 0120687-55.2013.8.26.0000 (TJ-SP)
Data de publicação: 23/07/2013
Ementa: HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO
DE ALIMENTOS DEVIDOS EM RAZÃO DE ATO ILÍCITO. PRISÃO CIVIL. IMPOSSIBILIDADE. ORDEM CONCEDIDA. A prisão civil em decorrência de inadimplência em execução de alimentos restringe-se às dívidas alimentares originadas no Direito de Família. No caso, a obrigação alimentar decorre de reparação por ato ilícito, o que implica na impossibilidade de prisão civil do devedor.�
	Percebemos que a coesão através da prisão civil não é possível em casos de alimentos derivados de ato ilícito, baseado na concepção da Constituição Federal prevê, no art. 5º LXVII, que não haverá prisão civil por dívida - salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia.�
	Porém existem posições contrárias doutrinárias, como a Fernanda Tartuce, que afirma em artigo a defesa da coerção através da prisão civil do devedor de alimentos indenizativos, porém é um posicionamento minoritário, que a justiça ainda não validou, tornando como exemplifica a jurisprudência acima a prisão civil ao devedor de alimentos indenizativos como ato de ilegalidade.
O posicionamento pela impossibilidade de execução sob pena de prisão no caso de alimentos decorrentes de ato ilícito distancia o intérprete da missão protetora do processo; a tutela jurisdicional precisa funcionar bem, incidindo seus ditames de modo eficiente em prol de quem vive a árdua situação de precisar exigir alimentos em juízo.�
Não poderíamos deixar de mencionar os alimentos futuros e pretéritos. Pontes de Miranda conceitua alimentos futuros como os que se prestam em virtude de sentença transitada e julgada e a partir da coisa julgada, ou em virtude de acordo e a partir destes.�
Yussef Said Cahili pondera sobre os alimentos pretéritos, que são alimentos anteriores a esses momentos. São alimentos anteriores ao ajuizamento da ação, portanto ressalta Araken de Assis que em decorrência do princípio in preteritum nom vivitur, o alimentante não deve alimentos pelo período anterior à demanda em juízo.�
Segue a jurisprudência para ilustrar alimentos futuros e pretéritos: 
TJ-RJ - APELAÇÃO APL 00096183819988190000 RIO DE JANEIRO CAPITAL 6 VARA DE FAMILIA (TJ-RJ)
Data de publicação: 08/10/1998
Ementa: DIREITO DE FAMILIA - PENSAO ALIMENTICIA - EXECUCAO - DOACAO EM PAGAMENTO DE ATRASADOS E INSTITUICAO DE USUFRUTO A TITULO DE ALIMENTOS FUTUROS. 1. NAO HA ALIMENTOS A EXECUTAR SE EM AUDIENCIA O DEVEDOR DOA METADE DE UM IMOVEL PARA A OUTRA EM PAGAMENTO DOS ALIMENTOS PRETERITOS E ACERTAM A INSTITUICAO DE UM USUFRUTO VITALICIO SOBRE A OUTRA METADE A TITULO DE ALIMENTOS, POIS ESSA EXPRESSAO SIGNIFICA QUE O USUFRUTO ESTA SENDO INSTITUIDO EM PAGAMENTO DOS ALIMENTOS VINCENDOS. 2. RECURSO A QUE SE DA PROVIMENTO.�
Perante a jurisprudência acima destacamos o provimento dado pelo juiz, uma decisão que contempla os dois tipos de alimentos conceituados, os pretéritos e os futuros, o alimentante reconheceu a obrigação alimentar pretérita e por doação da metade de um imóvel cumpre com suas obrigações pretéritas e com a outra metade, prevendo obrigação vincenda, estabelece usufruto vitalício.
Segundo Súmula do STJ, número 277, [...] que julgada procedente a investigação de paternidade, os alimentos são devidos a partir da citação.�
3.1.1. Os Sujeitos nas Relações de Alimentos
	Conforme observamos os alimentos possuem uma ampla classificação e, portanto, desta forma adquirem conforme o caso sujeitos específicos para esta relação de alimentos. 
Os arts. 1.694º e 1.695º do CC, reflete os sujeitos ativos, parentes, os cônjuges ou companheiros�, assim estabelecidos na linha reta consanguínea com obrigação ilimitada, na linha colateral obrigação até o 2º grau (irmãos) e os parentes por afinidade não tem obrigação alimentar. Outro fator que ressaltamos é a reciprocidade da obrigação alimentar, ora filhos podem ser alimentados ora seus pais possam ser alimentados, sempre norteados pelo princípio da solidariedade familiar.
Os sujeitos passivos são os decorrentes de impossibilidades de obtenção da obrigação alimentar, desta forma busca-se o amparo conforme dispõe Carlos Roberto Gonçalves:
Se faltam ascendentes, a obrigação alcança os descendentes, segundo a ordem de sucessão (CC, art. 1697). São convocados os filhos, em seguida os netos, depois bisnetos etc. O pai somente pode pedir alimentos ao neto se faltar o filho ou, se existindo, este não estiver em condições de responder pelo encargo, havendo também neste caso a possibilidade de o neto ser chamado a complementar a pensão, que o filho não pode pagar por inteiro.�
 
 	Desta forma os ascendentes, descendentes, na linha reta e os colaterais até o 4º grau, são sujeitos da relação alimentar, sujeitos ativo e passivo.
 Também vimos que existem alimentos decorrentes de ato ilícito que independem da relação com o direito de família, neste caso, qualquer pessoa com sentença condenatória, incidindo na responsabilidade civil contra outrem
é sujeito ativo da relação de alimentos.
 Devemos destacar que existe a possibilidade de pedir alimentos aos avós, desde que, os pais não possam suprir as necessidades do alimentando, verificamos esse entendimento moderno através da jurisprudência abaixo citada:
TJ-RS - Apelação Cível AC 70061495461 RS (TJ-RS)
Data de publicação: 04/11/2014
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. OBRIGAÇÃO ALIMENTAR AVOENGA. MAJORAÇÃO DOS ALIMENTOS. Caso em que os documentos trazidos pela avó/alimentante não demonstram doença crônica ou grave e sequer indicam despesas com saúde da avó. Descontos de empréstimos consignados em folha de pagamento da avó/apelada que não representam perda substancial de renda. Tais fundamentos, somados ao fato de alimentante/apelada não ter contestado o pedido inicial de alimentos e não ter recorrido contra o indeferimento do seu pedido de cancelamento dos alimentos provisórios, demonstra que o valor de 30% sobre o salário mínimo (não sobre o rendimento da avó) é valor aquém da necessidade do apelante e também das possibilidades da avó, sem descaracterizar a "complementariedade" da obrigação alimentar avoenga. Consequentemente, o apelo deve ser parcialmente provido para majorar os alimentos para 30% do salário mínimo. DERAM PARCIAL PROVIMENTO. (Apelação Cível Nº 70061495461, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rui Portanova, Julgado em 30/10/2014).�
Neste caso específico, analisa-se o binômio necessidade e possibilidade, trata-se de ação com de cláusula modificativa, reduzindo a obrigação de complementariedade da obrigação alimentar avoenga, provendo parcialmente o pedido reduzindo o quantum para 30% do valor do salário mínimo vigente.
O Art. 1.697 do Código Civil rege que na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada a ordem de sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais.�
Segue jurisprudência que confirma a necessidade de se comprovar a real necessidade do alimentado em solicitar a ação de alimentos em face do colateral em segundo grau, o irmão. 
TJ-RS - Apelação Cível AC 70061491759 RS (TJ-RS)
Data de publicação: 21/10/2014
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE ALIMENTOS CONTRA OS IRMÃOS. O pedido de alimentos repousa aqui no dever de solidariedade entre os parentes, previsto no art. 1.694 do CCB, visto que o autor é irmão dos requeridos. Contudo, para a fixação de alimentos mister prova da necessidade de quem pede e da possibilidade dos demandados, nos termos do parágrafo primeiro do referido dispositivo legal. Necessidade esta entendida como a impossibilidade de manter o próprio sustento com o fruto de seu trabalho, na linha do disposto no art. 1.695 do CCB. No caso, restou demonstrado pela prova carreada, em especial a testemunhal, que o autor, apesar de contar 59 anos, exerce atividade laboral remunerada como diarista e ainda mantém uma pequena lavoura para consumo próprio, demonstrando, com isto, que tem condições de prover a própria subsistência com o fruto de seu trabalho, não se caracterizando, assim, como necessitado ao recebimento de verba alimentar por parte de seus irmãos. DERAM PROVIMENTO. UNÂNIME. (Apelação Cível Nº 70061491759, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz Felipe Brasil Santos, Julgado em 16/10/2014).�
Conforme observamos na jurisprudência acima, o autor solicita a pecúnia alimentar, mas, trabalha como diarista e mantém uma pequena lavoura para consumo próprio, ou seja, possui condições físicas laborais, assim comprova sua capacidade laboral que tem condições de fornecer sua própria necessidade. A obrigação alimentar cabe ao necessitado, que não possui meios de sobrevivência se não amparado economicamente neste momento de necessidade.
Assim dispõe o artigo 1.698 do Código Civil:
Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada a ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide.�
 	Nestes casos se os primeiros responsáveis, os genitores não suportarem o encargo alimentício, é autorizado legalmente o socorro imediato dos parentes mais próximos, em ações que poderão ser de complementação da necessidade alimentar, ou realizar a justa providência da alimentar proporcional a realidade econômica de cada um, dependendo do caso concreto.
3.1.2. Ação de Alimentos - Conceitos e Definições 
 
A lei de alimentos, Lei 5.478/68, em rito especial, já contemplava devido a necessidade e a urgência da obtenção de alimentos, visando sempre tornar ágil e de fácil acesso, provendo assim a subsistência do alimentado, através de pensão provisória, baseado num juízo que busca a equidade. Segundo o seu artigo, 4º que dispõe sobre a Ação de Alimentos, traz eu seu texto a expressão de alimentos provisórios: “Ao despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisórios a serem pagos pelo devedor, salvo se o credor expressamente declarar que deles não necessita.” �
Sempre em busca da celeridade e cumprimento da obrigação, a lei de alimentos, possibilitou ao credor de alimentos, dirigir-se pessoalmente ao juiz e fazer a solicitação verbalmente dos alimentos que necessita. Destaca-se que o foro competente é o de domicílio ou residência do alimentado, conforme regula o artigo 100, II, do CPC/73 atualizado para o artigo 53, II, do CPC/15.�
Requisitos dos alimentos provisórios, conforme explica Gonçalves:
“Só pode valer-se, todavia, desse rito quem puder apresentar prova pré-constituída do parentesco (certidão de nascimento) ou do dever alimentar (certidão de casamento ou comprovante do companheirismo)”.�
Se porventura, o requerente da pensão alimentícia, não possua tais documentos, a ação ordinária é a via que poderá seguir.
Dessa forma, com o Novo CCP em vigência existirá dois tipos de alimentos: os provisórios e os definitivos.
Ressaltando que, os alimentos definitivos são os alimentos fixados em sentença transitada em julgado, isto é, da qual não cabe mais recurso, podendo ser revistos a qualquer momento, de acordo com os preceitos do artigo 1.699 do CC: 
“Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo.”�
Em regra, os filhos possuem a legitimidade para figurar no polo ativo da relação jurídica, que quando menores devem ser representados ou assistidos, pelos pais. Os cônjuges e companheiros, também podem se constituir no polo ativo, como alimentantes. Assim também como os netos, que também podem figurar no polo ativo dessa relação jurídica, ressalta-se que a obrigação principal é dos genitores, sendo essa responsabilidade de natureza excepcional. 
O Ministério Público é ente legítimo para ajuizar ação de alimentos em prol de menor, independente do exercício do poder familiar dos pais.
4. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS APLICADOS À CONCESSÃO E AO VALOR DOS ALIMENTOS
A Constituição Federal, a Carta Magna do nosso País, que estabelece o Estado Democrático de Direito constitui as diretrizes e assegura o exercício dos direitos sociais e individuais. Promovendo desta forma a igualdade e a justiça como valores essenciais a uma sociedade que busca o desenvolvimento e bem-estar de seus cidadãos.
Como base dos direitos e deveres individuais, citamos o art. 5º caput, do Título dos Direitos e Garantias Individuais.
Art.5º –Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo –se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País, a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade[...].�
No que tange a concessão e ao valor dos alimentos são preceituados aos princípios constitucionais que norteiam o exercício dos diretos
individuais.
O princípio da dignidade da pessoa humana dá vida e orienta toda sustentação dos direitos fundamentais ao indivíduo, conforme conceitua o art.1º, III da CRFB/88.
Constitui a dignidade um valor universal, não obstante as diversidades socioculturais dos povos. A despeito de todas as suas diferenças físicas, intelectuais, psicológicas, as pessoas são detentoras de igual dignidade. Embora diferentes em sua individualidade, apresentam, pela sua humana condição, as mesmas necessidades e faculdades vitais.�
Silvio Rodrigues destaca que o primeiro direito fundamental é o da sobrevivência, e este é o maior compromisso do Estado garantir a vida e a dignidade.�
Na jurisprudência abaixo percebemos no caso concreto, como o binômio necessidade – possibilidade atrelado ao princípio da dignidade da pessoa humana devidamente comprovados geram recurso provido. Há de se analisar a real necessidade do alimentando e possibilidade do alimentado em contribuir.
TJ-MG - Apelação Cível AC 10701130096996001 MG (TJ-MG)
Data de publicação: 10/09/2014
Ementa: DIVÓRCIO - ALIMENTOS A SEREM PRESTADOS À EX-ESPOSA - PESSOA IDOSA E DOENTE - NECESSIDADE - COMPROVAÇÃO - LIMITAÇÃO IMPOSTA, TODAVIA, PELA REDUZIDA CAPACIDADE FINANCEIRA DO OUTRO CÔNJUGE - ANÁLISE DO CASO CONCRETO DOS AUTOS - BINÔMIO 'NECESSIDADE-POSSIBILIDADE' - PRINCÍPIOS DA SOLIDARIEDADE E DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA - RECURSO PROVIDO EM PARTE. - O artigo 1.694 do Código Civil de 2002 dispõe que "podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação", e, em seu parágrafo primeiro, prevê que "os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada." Nessa perspectiva, comprovado nos autos que o cônjuge virago, pessoa idosa e doente, necessita de auxílio financeiro para sobreviver dignamente, mas demonstrado, de outro lado, que o ex-marido é também aposentado e possui limitada condição financeira, é de se fixar pensão alimentícia em valor moderado, que não comprometa o sustento do próprio alimentante, tudo em observância aos princípios da solidariedade e da dignidade da pessoa humana. - Recurso parcialmente provido.�
Desta forma os alimentos tem a natureza de direito personalíssimo, pois dele derivam e certificam o direito à vida e à integridade física. O art. 6º ilustra a preocupação do Estado em reconhecer o direito a alimentos também como direitos sociais.�
Art. 6º: São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015)
 
Tanto é o interesse público para que a obrigação alimentar seja cumprida que determinou no art.5º, LXVII, CRFB/88 a prisão do devedor de alimentos. Havendo assim interesse no seu adimplemento. Desta forma trata-se de obrigação reguladas por normas cogentes, são as normas de ordem pública, as quais não podem ser derrogadas pela vontade do particular, pois foram editadas com a finalidade de resguardar os interesses da sociedade.�
Atentemos ao caso concreto, um recurso especial, que versa sobre débito vencido e a possibilidade de adimplemento através de desconto em folha, amparado pela lei nº 5.478/68 no seu art. 16 e 734 do Código de Processo Civil, para satisfação da obrigação alimentar, caráter prioritário da subsistência.� �
“EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. RECURSO ESPECIAL. DÉBITO VENCIDO NO CURSO DA AÇÃO DE ALIMENTOS. VERBA QUE MANTÉM O CARÁTER ALIMENTAR. DESCONTO EM FOLHA. POSSIBILIDADE. 1. Os alimentos decorrem da solidariedade que deve haver entre os membros da família ou parentes, visando garantir a subsistência do alimentando, observadas sua necessidade e a possibilidade do alimentante. Desse modo, a obrigação alimentar tem a finalidade de preservar a vida humana, provendo-a dos meios materiais necessários à sua digna manutenção, ressaindo nítido o evidente interesse público no seu regular adimplemento. 2. Por um lado, a Súmula nº 309/STJ, ao orientar que ‘o débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende as três prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo’, deixa límpido que os alimentos vencidos no curso da ação de alimentos ostentam também a natureza de crédito alimentar. 3. Por outro lado, os arts. 16 da Lei nº 5.478/68 e 734 do Código de Processo Civil preveem, preferencialmente, o desconto em folha para satisfação do crédito alimentar. Destarte, não havendo ressalva quanto ao tempo em que perdura o débito para a efetivação da medida, não é razoável restringir-se o alcance dos comandos normativos para conferir proteção ao devedor de alimentos. Precedente do STJ. 4. É possível, portanto, o desconto em folha de pagamento do devedor de alimentos, inclusive quanto a débito pretérito, contanto que o seja em montante razoável e que não impeça sua própria subsistência. 5. Recurso especial parcialmente provido” (STJ, Resp. 997.515/RJ, Rel Min. Luís Felipe Salomão, 4ª T., public. 26.10.2011). �
Percebemos, neste caso concreto, a importância do adimplemento da obrigação alimentar e destacamos que a prisão civil não satisfaz o que realmente é procurado, que é a satisfação alimentar, então, diante das normas que interagem para produzir seus efeitos essenciais, de um lado, a Súmula nº 309/STJ, de outro os arts. 16 da Lei nº 5.478/68 e 734 do Código de Processo Civil, a satisfação da subsistência do alimentando através da adimplemento do pagamento através de desconto em folha.�
Cumpre associar o direito alimentar ä finalidade essencial da República Brasileira art.3º, I, da CRFB/88, constituir uma sociedade livre, justa e solidária. Os alimentos são irrenunciáveis e não podem ser objetos de transações, segundo Yussef Said Cahali, pág.35.�
Assim verificamos no agravo abaixo, num caso de ação de execução de alimentos, sobre penhora de direitos e ações, em caso que versa sobre direito indisponível do beneficiário de renunciar ao direito alimentar, neste caso menores absolutamente incapazes, cabendo neste caso a penhora do bem para a satisfação da obrigação alimentar.
TJ-RS - Agravo de Instrumento AI 70062889142 RS (TJ-RS)
Data de publicação: 10/03/2015
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. PENHORA DE DIREITOS E AÇÕES. POSSIBILIDADE. Estamos em sede de ação de execução de alimentos, ou seja, uma demanda que versa sobre direito indisponível, na qual os beneficiários sequer podem renunciar ao direito alimentar, sobretudo considerando tratar-se de menores impúberes. É inconteste que o devedor tem crédito referente à contrato, bem como, que, na hipótese de adimplemento da promessa de compra e venda, receberá os valores dele decorrentes. A penhora de créditos e direitos patrimoniais tem previsão expressa nos arts. 671 a 676 do CPC, incidindo sobre as prestações pecuniárias, a entrega de coisas e, inclusive, as prestações de fazer. Dessa forma, possível penhora sobre direitos e ações do contrato que está inadimplido, no caso, contrato de promessa de compra e venda de bem imóvel. DERAM PROVIMENTO. (Agravo de Instrumento Nº 70062889142, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: José Pedro de Oliveira Eckert, Julgado em 05/03/2015).�
Segundo o art. 1707 CC combinado com o art. 377 CC, o direito a alimentos não pode ser objeto de cessão, compensação ou penhora, salvo exceções que se reconhece caráter alimentar a pagamentos feitos em favor do alimentado. �
A impenhorabilidade é outra característica da pensão alimentícia, por ter caráter existencial a vida do alimentado. Porém, se houver a comprovação que com o valor dos alimentos, o alimentado ter adquirido bens, a estes não se alcança a impenhorabilidade.
O respeito à dignidade humana, não constitui

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