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CIVIL III SÍNTESE

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Civil III
andressaadv@hotmail.com	
v1 – 27/03
v2 – 19/06
Contratos – Teoria Geral
Conceito: acordo entre duas ou mais vontades (necessária a alteridade:presença de ao menos 2 vontades)(não se admite o auto-contrato:contrato consigo mesmo), em conformidade com a ordem jurídica e que tem por direitos e obrigações de conteúdo patrimonial, no dinamismo de uma relação jurídica.
Natureza jurídica: Os contratos são negócios jurídicos. Todo contrato é um negocio jurídico.
Fato Jurídico
Ato Jurídico
Ato Fato
Fato Jurídico 
Strictu
 
Sensu
Ato Jurídico 
Strictu
 
Sensu
Negocio Jurídico
Bilater
a
l
 ou plurilateral
Unilateral
Contrato
Testamento
Promessa de recompensa
* Diferença entre ato jurídico e negocio jurídico: no negocio jurídico são as partes que escolhem os efeitos que advirão do negocio, no “ato jurídico strictu sensu” os efeitos são previstos em lei. 
Escala ou Escada Ponteana
1º Plano (existência) – Requisitos de Existência (substantivo)
	- Agente
	- Vontade: se for viciada (vício absoluto, coação física) é considero inexistente, mas não é necessário que a vontade seja livre, se o vício não for absoluto o contrato existe, mas não será válido.
	- Objeto
	- Forma
2º Plano (validade) – Requisitos de Validade (substantivo + adjetivo) Art. 104 CC
	- Agente capaz
	- Vontade livre
	- Objeto lícito, possível, determinado ou determinável
	- Forma prescrita ou não defesa em lei
	Invalidade (sanção que a lei impõe):
	- Nulidade: defeito grave, não sanável. Causas art. 166 e 167 CC
	- Anulabilidade: defeito leve, sanável. Causas art. 171 CC. A vontade viciada é causa de anulabilidade do contrato, ex: erro, dolo, coação (coação moral), lesão, estado de perigo.
3º Plano (eficácia) – Elementos de Eficácia: insere se quiser
	Eficácia significa produção de efeitos no mundo jurídico, seus elementos são oriundos da autonomia privada, não são obrigatórios pois não são impostos por lei. Se inseridos no contrato irão interferir na produção de seus efeitos. A eficácia é automática quando as partes não inserirem nenhum elemento.
	- Condição: evento futuro e incerto
	- Termo: evento futuro e certo
* O termo inicial não retira a validade, apenas posterga a eficácia.
	- Encargo: obrigação
Requisitos essenciais à validade dos contratos (art. 104 CC)
	1 – Subjetivos:
	- Capacidade:
- idade mínima: 18 anos (ou 16 emancipado)
- discernimento: saúde mental
		*Incapacidade:
		-Absoluta = contrato nulo (art. 3º CC)
		- Relativa = contrato anulável (art. 4º CC)
* Todos tem capacidade de direito (capacidade de ser titular de direitos), falta a capacidade de fato (capacidade de exercer direitos).
	- Legitimidade
Requisitos especiais exigidos expressamente pela lei para a validade de determinados contratos. Ex: Venda de bens imóveis por pessoas casadas (exceto em separação total de bens art. 1647,I + art. 1649 CC). É necessária autorização expressa do outro cônjuge. 
	A lei dirá se a falta de legitimidade é caso de nulidade ou anulabilidade. Em caso de venda de bens por casados ou venda de pai para filho é caso de anulabilidade (art.496 CC). Para doar não é preciso autorização porque é antecipação de legítima, quando do inventário a doação será diminuída da cota parte.
	Ex: compra de bens sob administração (art. 497 CC) é caso de nulidade. O empresário individual que é casado pode vender imóvel da empresa sem autorização da esposa (art. 978)
	- Consenso ou consentimento (vontade livre)
Deve ser um acordo de vontade livre e consciente, ou seja, inexistência de vícios do consentimento (erro, dolo, coação, lesão, estado de perigo, art. 171, II CC). A fraude contra credores é um vício social, é defeito, mas não é vício do consentimento.
	2 – Objetivos
	- Lícito: não pode ser vedado pela lei (ex: droga, medicamentos proibidos) - geralmente leva a sanção penal. O objeto ilícito está em desacordo com a lei.
	- Possível
		- física: ex: vender lota na lua, fazer a Terra para de girar, fazer alguém ressuscitar
		- jurídica: objeto é lícito, mas não pode ser negociado (ex: bem público – em regra não pode ser alienado art. 100 CC, herança não pode ser objeto de contrato art. 426 CC)
	- Determinado ou determinável: características estão determinadas, mas deve estar definida ao menos a quantidade e qualidade. Possibilidade de contrato aleatório ou contrato de risco.
* Em caso de descumprimento do requisito objetivo a sanção é a nulidade, art. 166 II CC.
	3 – Formal
Forma prescrita ou não defesa em lei. (art. 104) A regra é a forma ser livre, escrita, verbal, tácita, exceto quando a lei exigir. (art. 107: princípio do informalismo ou da forma livre) Contudo quando a lei expressamente exigir a observância de determinada forma, esta deverá ser cumprida sob pena de nulidade do contrato, art. 166 ,IV.
Ex: art. 819 – a fiança deve ser escrita, só cabe pedido de exoneração do fiador quando o contrato é por prazo indeterminado.
Seguro também só pode ser escrito.
Art. 108 CC: Compra e venda de imóveis de valor superior a 30 salários mínimos só pode ser por escritura pública, o que pode existir é contrato de promessa de compra e venda. Instrumento público (escritura) para doação, usufruto, hipoteca. Faz escritura pública no Cartório de Notas
*Contrato de empréstimo (gênero) – ambos podem ter forma livre.
	- Comodato : empréstimo de bem infungível ex: carro, apartamento
	- Mútuo: empréstimo de bem fungível ex: dinheiro, gêneros alimentícios
Art. 541 CC: A doação verbal só será válida se for sobre bens móveis e de pequeno valor e a tradição (entrega) ocorrer logo após.
Tipos de Forma:
	- Ad solemnitatem (forma exigida para a validade do ato):
	- Ad probatione (forma exigida para a prova do ato): art. 227 CC e 401 CPC os contratos com valor superior a 10 salários mínimos não admitem prova exclusivamente testemunhal. Alguns contratos embora não seja exigida forma especial para a sua validade deverão ser feitos por escrito ou escritura pública para fins de facilitar a prova de sua celebração em eventual ação judicial. Testemunha só com início de prova material (que pode ou não ser o contrato escrito)
Classific ação dos Contratos
* Quanto ao número de vontades o contrato é negócio jurídico bilateral, mas quanto ao objeto pode ser unilateral. Contrato bilateral não é o celebrado por 2 pessoas, a própria definição de contrato já inclui a necessidade de se ter 2 vontades. Negocio jurídico bilateral é o contrato.
	1) Quanto ao objeto ou carga de obrigações entre os contratantes:
	- Bilaterais: sinalagmático (reciprocidade) – são aqueles que geram obrigações, deveres para ambos os contratantes. Ex: prestação de serviço, permuta, transporte, compra e venda, seguro.
	- Unilaterais: gera obrigações para apenas 1 contratante. Ex: doação, comodato (empréstimo de bem infungível e não oneroso – a única obrigação é do comodatário de devolver o bem, pois a entrega é requisito de validade ).
	- Plurilaterais: quando as obrigações assumidas pelos contratantes são direcionadas a um objetivo comum.Ex: consórcio, condomínio, constituição de sociedade.
2)Quanto às vantagens obtidas: 
- Oneroso: aqueles que geram vantagens para ambos os contratantes. Ex: contrato de compra e venda. Todo contrato bilateral é oneroso. Mas nem todo contrato oneroso será bilateral.
- Gratuitos: também chamados de benéficos, aqueles que geram vantagem para apenas um dos contratantes. Em regra os contratos unilaterais serão gratuitos mas poderá ser uma doação onerosa Ex: doação de uma casa, estabelecendo um encargo/ônus (inferior ao valor do objeto) de que o donatário tenha que plantar uma horta pra a comunidade. Ex: uma pessoa que recebe um lote com o encargo de levar o doador ao médico uma vez por mês. Em regra o Mútuo é unilateral e gratuito, contudo, com a cobrança de juros será oneroso; o contrato por mandato, cuja característica principal é a confiança, feita por procuração, será unilateral e gratuito.
OBS: Divisão doscontratos bilaterais e onerosos:
COMUTATIVOS: ou pré estimados, são aqueles nos quais a prestações dos contratantes já são conhecidas desde o momento da celebração do NJ. Ex: compra e venda, já é sabido preço, objeto, data do pagamento, etc...
ALEATÓRIOS: quando a prestação de um ou demais contratantes só será conhecida no futuro pois depende de ocorrência de evento futuro e incerto. Basta que uma prestação seja desconhecida. Ex: Safra, jogo ou aposta, seguro(por natureza). Subdivide-se em:
Aleatório por sua própria natureza: aqueles nos quais o elemento risco já integra sua natureza. Ex: seguro, aposta e jogo.
acidentalmente aleatório, por convenção entre as partes,: são naturalmente comutativos, mas torna-se aleatório por convenção ou acordo de vontade entre os contratantes. Subdivide-se em:
b.1) EMPTIO SPEI: venda de esperança. Art. 458 CC
	Venda com assunção de risco pela existência. Existindo ou não a coisa o preço será integralmente devido. Ex: pescador pescando ou não, não havendo dolo, será pago o contratado
b.2) EMPTIO REI SPERATAE: venda da coisa esperada art.459 CC
	Venda com assunção de risco pela quantidade. Se a coisa não existir não haverá obrigação de pagamento. Se a coisa existir , em qualquer quantidade, o preço será integralmente devido; 
b.3) VENDA DE COISAS EXPOSTAS A RISCO: art. 460 CC. É a venda de coisas existentes mas sujeitas a risco (perecimento). Se o adquirente assume o risco mesmo que a coisa já não exista no todo ou em parte no momento da celebração o preço será devido integralmente. Se o alienante, na celebração, já tinha ciência da consumação do risco assumido pelo adquirente a venda poderá ser ANULADA COMO DOLOSA PELO ADQUIRENTE, art. 461 CC. Ex: caixa de fechada de alimentos perecíveis no CEASA, correrá o risco de parte dos alimentos estar na iminência de estragar.
	3) Quanto à constituição (não diz respeito a forma e sim ao momento de sua constituição)
	- Consensuais (solo consensu): se constituem pela mera manifestação de vontade das partes. Ex: compra e venda, locação, mandato, prestação serviços. O contrato por si só não transmite a propriedade, o que transmite a propriedade dos bens móveis é a tradição (entrega) e dos bens imóveis com o registro (não é escritura – que é o contrato na forma pública). O Contrato só gera obrigação, mas não confere propriedade. Nesse caso a entrega não é requisito de validade e sim elemento de execução.
	- Reais (tradicio rei): só se aperfeiçoam no ato da entrega, a validade do contrato requer acordo de vontades + entrega. Ex: depósito, comodato(uso), mútuo(consumo), penhor, doação manual. Depósito: constitui alguém para guardar coisa sua (não pode usar), só existe o contrato a partir do momento da entrega da coisa a que irá tomar conta. Doação manual (única hipótese de doação verbal): doação de bens móveis de pequena monta que a tradição seja imediata. Art. 541 CC. 
* Comodato(infungíveis) e mútuo(fungíveis) em regra são gratuitos, mas o mútuo pode cobrar juros.
	4) Quanto a pessoalidade:
	- Personalíssimo (intuito personae): a pessoa dos contratantes é elemento determinante para a manifestação da vontade. Ex: Só contratei cantora porque era Ivete Sangalo. A obrigação do contrato não pode ser transmitida nem inter vivos nem causa mortis. O contrato de trabalho é personalíssimo. São aqueles nos quais a pessoa dos contratantes é fator ou condição determinante para celebração do ajuste. Principal efeito dos contratos personalíssimos é que não admitem cessão ou transmissão por ato inter vivos ou causa mortis, sob pena da caracterização do inadimplemento. Com a morte de um dos contratantes o contrato se extingue, não há transmissão da obrigação para os herdeiros do devedor. Ex: prestação de serviços, plano de saúde, fiança, trabalho, mandato (exceto se houver clausula de subs)
	- Impessoais: são contratos nos quais as características pessoais dos contratantes não são elementos essenciais para o ajuste. O contrato é sobre a coisa e não a pessoa. Ex: locação,compra e venda, comodato, seguro, troca ou permuta. Efeitos: não se extingue com a morte dos contratantes. As obrigações dele decorrentes serão transmitidas aos herdeiros até o limite do patrimônio herdado. Ex: Locação em caso de morte o contrato não se extingue art. 10 e 11 da lei 8.245/91 dentro do prazo inicialmente acordado, após, na prorrogação por prazo indeterminado pode haver rescisão a qualquer tempo.
	5) Quanto a tipicidade:
	- Contratos típicos: possuem regulamentação específica no Código Civil ou lei especial. Ex: compra e venda, troca ou permuta, doação, depósito, mandato, transporte, estimatório/consignação (art.534), prestação serviço, jogo ou aposta, comissão, representação, agência e distribuição, seguro, locação de bens móveis, empreitada, comodato, mútuo, locação de imóveis (lei 8.245/91), plano de saúde (lei 9.656/98).
	- Contratos atípicos (art. 425 CC): muito embora celebrados carecem de regulamentação específica no CC ou lei especial. Ex: contratos celebrados por meio eletrônico, contrato de cartão de crédito
	- Contratos mistos: são aqueles que mesclam elementos dos contratos típicos somados à criatividade dos contratantes. Ex: Contrato de cessão de clientela, não existe 
	6) Quanto ao momento de execução ou tempo de execução (momento do cumprimento da obrigação)
	- Execução instantânea ou imediata: são aqueles que se aperfeiçoam e são cumpridos em um único momento, nascem e são extintos (o cumprimento extingue a obrigação) no mesmo momento. Ex: compra e venda à vista, 
	- Execução continuada ou sucessiva (contratos de duração): são aqueles cujo cumprimento ou execução se prolonga no tempo. São cumpridos continuamente. Basta que 1 das obrigações se prolongue no tempo para ser de execução sucessiva. Ex: contrato consórcio, contrato locação, contrato prestação de serviço, compra e venda parcelada,
	- Execução diferida (execução atrasada): quando uma ou mais obrigações serão postergadas para um único momento futuro. São aqueles nos quais a prestação de um ou de ambos os contratantes é postergada para um momento futuro. Ex: compra e venda com cheque pós datado.
* Art. 478 CC – Resolução do contrato por onerosidade excessiva só se aplica a contratos de execução sucessiva ou diferida.
	7) Quanto a existência ou definitividade do negócio:
	- Contrato preliminar ou pré contrato (art. 462 a 466): é aquele no qual eu assumo a obrigação de num momento futuro celebrar o contrato definitivo. São aqueles que geram a obrigação de no futuro celebrar contrato definitivo. Ex: promessa de compra e venda, promessa de locação.
	- Contrato definitivo: é aquele que é objeto do contrato preliminar. É aquele que foi desejado, almejado desde o início pelas partes.
* Art. 462 – no contrato preliminar tem que ter os requisitos essências do contrato definitivo exceto a forma. Por isso promessa de compra e venda pode ser por instrumento particular e não escritura pública.
	8) Quanto a forma:
	- Contratos de forma livre: (art. 107CC) são aqueles que não dependem da observância de forma especial para sua validade. É a regra. Ex: compra e venda, prestação se serviços, comodato.
	- Contratos formais: são aqueles que para sua validade dependem da observância de forma específica estabelecida pela lei. Ex: fiança (art. 819), doação (art. 441)
* Para alguns doutrinadores contratos formais e solenes são sinônimos. Mas Tartucce entende que formal é gênero e solene é espécie. Não obedecendo a forma é caso de nulidade (art. 166 IV).
	- Contratos solenes: (art. 108 CC > 30 SM) são aqueles que para a sua validade exigem a observância da forma pública (escritura pública). Ex: hipoteca, usufruto, doação (imóveis). Qualquer contrato que tenha por objeto direitos reais (art. 1225) sobre bens imóveis de valor superior a 30 SM dependerá, sob pena de nulidade, de observância da forma pública.
	9) Contratos civis X Contratos de consumo
	- Contrato civil as partes estão posição de paridade. O contrato de consumo tem a pessoa do fornecedor, a atividadetípica dele é contratar, vender aquele bem. Pessoas jurídicas podem ser agentes de contratos civil, ex: Empresa fabricante de móveis compra madeira de empresa fornecedora.
* Toda vez que se tratar de contrato civil não cabe aplicação do CDC.
	- Contrato civil é aquele celebrado entre pessoas naturais ou jurídicas de direito privado (se for de direito público é regido pela lei 8.666), inexistindo entre elas relação de consumo. Não estão numa posição conjunta de fornecedor e consumidor. São regulados ou regidos pelo Código Civil e leis especiais (ex: lei do inquilinato) inerentes à espécie. Relação jurídica existente é de direito civil.
	- Contrato de consumo é aquele que alguém, um profissional, fornece um produto ou presta um serviço a um destinatário final, denominado consumidor, mediante remuneração direta ou vantagens indiretas. CDC lei 8.078/90 (art. 2º e 3º). Aplica-se o CC aos contratos de consumo de forma subsidiaria ou complementar (Princípio do diálogo das fontes – Tartuce) Ex: contrato com plano de saúde, contrato faculdade. O CDC é norma de ordem pública, a violação gera nulidade.
	10) Contratos paritários X Contratos de adesão
	- Nos contratos paritários existe liberdade de contratar (escolher com quem e se vou contratar) e liberdade contratual (liberdade de escolher quais serão as cláusulas e conteúdo do contrato, prazo, cláusula penal). São aqueles nos quais as partes estão em posição de igualdade, definindo em conjunto as cláusulas e o conteúdo do contrato.
* Diante do fenômeno da globalização e da contratação em massa, surgiu o contrato de adesão.
	- Contrato de adesão é previamente contratado unilateralmente. Só tem liberdade de contratar, mas não há liberdade contratual, não pode haver mudança substancial do contrato. É aqueles em que a manifestação de vontade de uma das partes se reduz à mera anuência a uma proposta da outra. Trata-se do negócio jurídico no qual a participação de um dos sujeitos sucede pela aceitação em bloco de uma série de cláusulas formuladas antecipadamente de modo geral e abstrato pela outra parte, para constituir o conteúdo normativo e obrigacional de futuras relações concretas.
* Características do contrato de adesão: (art. 54 CDC – definição à luz dos contratos de consumo) escolher nº de parcelas ou data de vencimento não é suficiente para descaracterizar um contrato de adesão.
a) uniformidade: mesmo conteúdo para todos. Padronizar o contrato para reduzir o risco. Risco quanto às diferentes argumentações jurídicas que advirão em caso de contratos diferentes.
b) pré determinação unilateral: cláusulas pré determinadas e apenas por uma das partes.
c) rigidez: não pode alterar substancialmente o conteúdo
d) posição de vantagem: existe desequilíbrio entre o contratado e o contratante, há uma posição de vantagem, pois é o fornecedor que detém o bem.
	11) Quanto aos contratos reciprocamente considerados
	- Contratos principais: tem existência autônoma independente de outros. Ex: contrato de compra de veículo
	- Contratos acessórios: é aquele que não tem existência própria, só existe em razão de outro contrato anterior. Ex: garantias - visa garantir o cumprimento do contrato principal. Ex: contrato fiança (garantia pessoal, fidejussória), penhor (garantia real – móveis), hipoteca (garantia real – imóveis), sublocação.
* Se o contrato principal for nulo o acessório também será, o contrario não necessariamente é verdade.
PRINCIPIOLOGIA CONTRATUAL
Princípios são regramentos básicos, são extraídos não só da lei mas também da doutrina, costumes. O Código Civil de 2002 é principiológico, o que é bom pelo não engessamento, permite a sua aplicação ao longo da tempo.
Princípios contratuais clássicos (época em que vigorava o patrimônio)
Não foram abolidos
– Princípio da autonomia da vontade: significa a liberdade ampla e irrestrita de contratar, era limitado apenas pelos bons costumes e normas de ordem pública. Permitia a existência de cláusulas leoninas. A liberdade também englobava a liberdade contratual, a escolha das cláusulas do contrato. O Estado não intervinha nas relações particulares entre os contratantes. Baseado no princípio de igualdade da revolução francesa, mas a igualdade era apenas formal. Hoje a liberdade passa a sofrer limitações pois era fonte de desequilíbrio, é limitada pelas normas de ordem pública e principalmente pelos princípios sociais do contrato. O Princípio agora chama-se autonomia privada, continua a ser a liberdade contratual e liberdade de contratar, mas mudou a limitação à liberdade, agora feita com base nos princípios sociais dos contratos. Conceito: é o poder dos indivíduos de auto regular os efeitos dos negócios jurídicos dos quais participa.
Princípio da força obrigatória dos contratos (pacta sunt servanda): significa que após o contrato resta cumprir a obrigação. O contrato faz lei entre as partes, é a força cogente oriunda de um contrato que obriga as partes. Só era permitido a apreciação judicial em caso de vício da vontade ou inobservância de normas de ordem pública (objeto, capacidade, forma). Não é princípio absoluto. A obrigatoriedade foi relativizada pelos princípios sociais dos contratos, ou seja, o contrato para ser cumprido deverá cumprir sua função social e o dever geral de boa-fé objetiva. Lado outro, deve conter prestações equivalentes e ser forma de promoção e não de degradação da dignidade humana.
Princípio da supremacia da ordem pública: trata-se de importante princípio que limita a “autonomia privada”, dando prevalência da ordem pública. Surgiu no século passando com a verificação de que a ampla liberdade de contratar provoca desequilíbrios e a exploração do economicamente mais fraco. Em alguns momentos torna-se necessária a intervenção estatal para restabelecer e assegurar a igualdade e o equilíbrio entre os contratantes. Na década de 50, a lei de usura já tentou limitar as liberdades, pois reconhecia-se o desequilíbrio existente, gerando dados aos interesse público, outros exemplos: lei do inquilinato. Hoje a intervenção estatal é grande e faz com que esse princípio se ligue ao dirigismo contratual. Prova do dirigismo são as agências reguladoras, o CDC, a lei do inquilinato.
Princípio da relatividade subjetiva dos efeitos dos contratos: em regra os contratos surtem efeitos entre os contratantes. Os contratos não possuem eficácia erga omnes, somente inter pars. Mas verificou-se que os contratos geram efeitos além das partes, contra terceiros ou toda a sociedade. Exceções ao princípio:
- estipulação em favor de terceiro (art. 436 a 438) – Seguro com claúsula contra 3º, se bater o carro o seguro cobre o prejuízo do 3º; seguro de vida, prestação de serviço para 3º.
- promessa de fato de 3º (art. 439 a 440) – venda de show de 3º, contrato com clínica (PJ) com obrigação para médico. Se o 3º não anuiu o contratante responde por perdas e danos, a partir da anuência o 3º é responsável pela obrigação.
- contrato com pessoa a declarar (art. 467 a 471) – regra direitos e obrigações para o 3º. Os efeitos são ex tunc, produz efeitos desde a celebração do contrato e não da nomeação. Ponto positivo: permite que pessoas muito ricas ou que não queiram aparecer realize o contrato pretendido. Pontos negativos: o nomeado pode não aceitar ou o contratante originário pode não indicar quem devia, e aí surte efeitos entre os contratantes originais. Se o nomeado era insolvente ou incapaz o contrato surte efeitos entre os contratantes originais.
Princípio do consensualismo ou informalismo ou forma livre (art. 107CC) – em regra os contratos não dependerão de forma especial para sua validade, senão quando a lei expressamente as exigir. Já existia no Código de 1916. Ex: contrato escrito para fiança...
 
Princípios sociais dos contratos (valoriza a dignidade da pessoa humana)
Não existiam n Código de 1916, foram positivados com a Constituição e posteriormente no CC de 2002. O CC hoje, é um códigoprincipiológico.
2.1 Princípio da função social dos contratos (art. 421 e 2035 CC) – necessárioque o contrato seja bom para os contratantes(não prejudica) para a coletividade. Ex: meio ambiente, direito trabalhista. Mitiga o pacta sunt servanda. O contrato deve ser interpretado de acordo com o meio social em que foi celebrado. Diz respeito ao conteúdo, as cláusulas do contrato. A crítica ao art. 421 é que deveria (pois essa é a interpretação) ser liberdade contratual. A palavra razão também não é apropriada, pois a razão de contratar é a vontade (enunciado nº21, 23 e 360 do CJF). O artigo 2035 CC estabelece que a função social do contrato e da propriedade são normas de ordem pública. A argüição de nulidade não possui prazo para ser feita, e a norma de ordem pública (não admite disposição das partes) pode ser verificada de ofício. O caput estabelece que para se avaliar a validade será utilizada a lei da época em que foi celebrado o contrato, mas seus efeitos devem obedecer a lei da época em que produz efeitos (plano da eficácia) tais como a multa, cláusula penal, juros, vício redibitórios, evicção, condição, termo, encargo.
- Eficácia interna (inter pars ou efeitos endógenos): atinge cláusula entre contratantes, ex art. 413, que permite redução da multa, só não pagou o último mês de aluguel então a multa deve ser diminuída proporcionalmente. Art. 157 CC, lesão, parte assume prestação manifestamente desproporcional em razão de estado de necessidade ou inexperiência, assim, considerando o meio social em que o contrato foi celebrado o juiz pode anular o contrato ou equilibrá-lo.
- Eficácia externa (extra partes ou efeito exógeno): atinge cláusula boa para contratantes, mas prejudicial a coletividade. Ex: Contrato entre agência de publicidade e loja, que coloca outdoor com propaganda que viola a dignidade da pessoa humana (homem carregando mulher pelo cabelo). Contrato que coloca empregados em função análoga a de escravo.
	2.2 Princípio da boa-fé objetiva (art. 113, 187 e 422 CC): já havia menção à boa-fé subjetiva (que é o estado psicológico da pessoa que desconhece certa característica) no código de 1916, que não se confunde com a boa-fé objetiva, que é um princípio, um dever de conduta imposto aos contratantes durante todas as fazes do contrato. É norma de ordem pública, que demanda atitude ética, dever de probidade. Esta intimamente ligado a dignidade da pessoa humana, por isso é norma de ordem pública. É uma cláusula aberta, preenchida pelo juiz no caso concreto. Não basta mais cumprir somente a obrigação principal do contrato, deve-se cumprir também os deveres anexos de probidade, lealdade, confiança, informação, cooperação, sigilo, cuidado, rol aberto. Obriga ambos os contratantes, e independe de disposição expressa no contrato. A caracterização de violação dos deveres anexos acarretará o inadimplemento positivo do contrato que gera a obrigação civil, é abuso de direito, e portanto, cometendo ato ilícito dará a outra parte o direito de ser indenizada. A doutrina entende hoje, que o legislador no art. 422, disse menos do que devia, pois a boa-fé atinge todas as fases da relação contratual, seja a pré contratual até pós contratual. Ex: tomates da Cica, que deu as sementes e depois não comprou a produção. Ex: compra e venda e vendedores não informam que o nome tem protesto, viola o dever de informação. Contratual: Zeca pagodinho fazia propaganda pra Schin, e depois foi fazer pra Brahma dizendo que provou e não gostou e voltou para Brahma (viola princípio da lealdade). Ex: plano de saúde se nega a fazer cirurgia coberta porque a prótese utilizada não era coberta (viola princípio da boa-fé). Pós-contratual: confecção é contratada para fazer casacos para determinada marca. Entrega o produto e finalizado o contrato entrega para a concorrente ao lado o mesmo modelo de casaco produzido. A doutrina coloca 3 funções básicas do princípio da boa-fé objetiva:
	- interpretação (art. 113): os negócios jurídicos deverão ser interpretados conforme a boa-fé e os usos e costumes (função social do contrato: meio no qual foi celebrado) do local de sua celebração. Art. 112, nas declarações de vontade se atenderá mais a intenção nela consubstanciada do que o sentido literal da linguagem = Teoria mista ou eclética da interpretação: mista porque não vai desconsiderar o que está escrito, mas dará mais ênfase a intenção.
	- controle (art. 187): não pode abusar do direito. A boa-fé tem objetivo de controlar para que não haja abuso do direito. Ex: credor que se utiliza de meios vexatórios para cobrar dívida.
	- integração (art. 422): função de como preencher lacunas. Ainda que inexista previsão no contrato para determinada conduta o juiz a preencherá atendendo a boa-fé.
		- Supressio (supressão): renúncia tácita a um direito por não exercício no decurso do tempo. Ex: contrato de aluguel, locador não paga e locatário nunca notificou o fiador ou locatário. De repente entra com ação cobrando tudo do fiador. Entende-se que houve a renúncia tácita e o juiz mitigará os juros e penalidades do contrato.
		- Surrectio: surgimento de um direito em razão de sua prática reiterada tolerada pelo contratante. Ex: (art. 330 CC) devedor cumpre obrigação em seu domicilio, sendo que no contrato exigia que fosse no do credor. O credor tolera por anos e depois entra com ação cobrando o cumprimento conforme contrato.
		- Tu quoque: comportamento vedado pelo ordenamento jurídico da pessoa que descumpre ordenamento jurídico, mas tenta se valer da violação para exigir direitos. Ninguém pode se beneficiar através de sua própria torpeza. O contratante que violou norma jurídica não poderá sem caracterização do abuso de direito aproveitar-se da situação criada pelo desrespeito. Ex: (art. 180 CC) Pessoa celebra contrato com incapaz sabendo, e depois se o contrato fica ruim para ele, resolve pedir a nulidade do contrato.
		- Exceptio doli (exceção dolosa): a pessoa sabendo que sua pretensão é infundada entra com pretensão contra vc. Ex: (art. 476 CC) a construtora não entrega o imóvel e cobra judicialmente que o comprador pague a prestação.
		- Duty to mitigate the loss: trata-se do dever do devedor de mitigar o prejuízo, ou seja, a própria perda. Ex: (art. 769 e 771 CC) segurado tem o dever de informar se houver mudança que aumente o risco do seguro.
		- Venire contra factum proprium (vedação do comportamento contraditório) Ex: seguradora faz proposta para aumentar seguro e você aceita, depois de meses requer a recisão. Sinaliza para a parte que quer uma coisa, depois não pode agir de forma contraditória ao que anteriormente sinalizou.

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