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3.2 gêneros e espécies literárias

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GÊNEROS E ESPÉCIES LIERÁRIAS
OBJETIVO: Identificar os diferentes tipos de gêneros literários. 
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OBJETIVOS:
apresentar de forma resumida os gêneros literários, seus aspectos formais e temáticos;
apresentar as principais espécies literárias dentro de cada gênero literário.
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Poema de sete faces
				Carlos Drummond de Andrade Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida. As casas espiam os homens que correm atrás de mulheres. A tarde talvez fosse azul, não houvesse tantos desejos. 
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O bonde passa cheio de pernas: pernas brancas pretas amarelas. Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração. Porém meus olhos não perguntam nada. O homem atrás do bigode é serio, simples e forte. Quase não conversa. Tem poucos, raros amigos o homem atrás dos óculos e do bigode. 
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Meu Deus, por que me abandonaste se sabias que eu não era Deus se sabias que eu era fraco. Mundo mundo vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não seria uma solução. Mundo mundo vasto mundo, mais vasto é meu coração. Eu não devia te dizer mas essa lua mas esse conhaque botam a gente comovido como o diabo.
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Gêneros literários:
Lírico.
Épico (posteriormente também denominado Narrativo).
Dramático.
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O GÊNERO LÍRICO
Características:
no plano temático: a subjetividade, a expressão do mundo interior, emoções e idéias;
no plano formal: o emprego da primeira pessoa nos verbos e/ou nos pronomes.
Principais espécies:
O soneto, a canção, a ode, a elegia, o idílio, a écloga, o epitalâmio, a sátira etc.
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Gênero Lírico
É certo tipo de texto no qual um eu lírico (a voz que fala no poema, que nem sempre corresponde à do autor) exprime suas impressões em face do mundo exterior. Normalmente os pronomes e os verbos estão em primeira pessoa e há o predomínio da função emotiva da linguagem. Observe o lirismo destes versos de Manuel bandeira e de Adriana Calcanhoto: 
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Ardo em desejo na tarde que arde! Nada ficou no lugar Oh, como é belo dentro de mim Eu quero quebrar essas xícaras Teu corpo de ouro no fim da tarde: Eu vou enganar o diabo Teu corpo que arde dentro de mim Eu quero acordar sua família Que ardo contigo no fim da tarde Eu vou escrever no seu muro E violentar o seu gosto 
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O GÊNERO ÉPICO (OU NARRATIVO)
Características:
no plano temático: as histórias de heróis, de protagonistas, de uma nação, de um povo;
no plano formal: o emprego da terceira pessoa nos verbos e/ou nos pronomes.
Principais espécies:
A epopéia, o romance, o conto, a crônica etc.
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Gênero Épico
Nesse gênero há a presença de um narrador que fundamentalmente conta a história passada de terceiros. Isso implica certo distanciamento entre o narrador e o assunto tratado, coisa que não ocorre no gênero lírico. Os verbos e os pronomes quase sempre estão na terceira pessoa, porque se trata “dele” ou “deles”. Além disso, os textos épicos pressupõem a presença de um ouvinte ou uma platéia, que estariam escutando o narrador. Os textos épicos são geralmente longos e narram histórias de um povo ou uma nação, 
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envolvendo aventuras, guerras, viagens, gestos históricos, etc. Normalmente apresentam um tom de exaltação, isto é, de valorização, de seus heróis e seus feitos. Os poemas épicos intitulam-se epopéias e as mais famosas da literatura ocidental são: Ilíada e Odisséia, de Homero; Eneida, de Virgílio; Os Lusíadas, de Luis de Camões; Paraíso Perdido, de Milton; e Orlando Furioso, de Ludovico Ariosto. No Brasil, foram feitos vários poemas épicos, principalmente seguindo o modelo de Camões. Os mais importantes são: Caramuru, de Santa Rita Durão, e O Uraguai, de Basílio da Gama. 
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O GÊNERO DRAMÁTICO
Características:
no plano temático: a vida cotidiana, o homem no mundo;
no plano formal: os diálogos, a encenação, a interpretação.
Principais espécies:
A tragédia, a comédia, a tragicomédia, o mistério, a farsa etc.
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Gênero Dramático
Trata-se do texto escrito para ser encenado no teatro. Nesse tipo de texto, não há um narrador contando a história. Ela “acontece” no palco, ou seja, é representada por atores, que assumem o papel das personagens. Todo o texto se desenrola a partir de diálogos, obrigando a uma seqüência rigorosa das cenas e de suas relações de causa e conseqüência. Nesse fragmento da peça Gota d’água, de Chico Buarque de Holanda, em que Joana e Jasão, os protagonistas, brigam porque ele arranjou outra mulher. Observe que o texto foi escrito em versos, pois seu autor tenta realçar o trabalho com o texto, como era feito antigamente no teatro. Perceba também como o enredo se constrói a partir do diálogo entre as personagens. 
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 JOANA Cê gosta da filha do Creonte, Jasão? JASÃO Não quero falar nisso agora... JOANA Gosta não. Ta só perturbado, né? Responde pra mim... JASÃO Tava falando, deixa eu continuar, sim? JOANA Responde duma vez, homem, toma coragem. Você gosta mesmo da moça?... 
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JASÃO (gritando) Mulher, pára, deixa eu falar... (tempo) Você sabe... eu não tenho cara pra chutar vocês pra córner... é sacanagem que eu não vou fazer. Mas também veja o meu lado Cedo ou tarde a gente ia ter que se separar Quando eu te conheci, tava pra completar vinte anos, não foi? Eu nem tinha completado Você tinha trinta e quatro mas era bem conservada, a carroceria, bom molejo e a bateria carregada de desejo Então não queria saber de idade, e nem quero saber, porque para mim quem gosta gosta e o amor não vê documento nem certidão Só que dez anos se passaram desde então [...] 
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