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Os regimes autoritários na Europa. (Projeto Araribá, unidade 4, capítulos 2 e 3) 1- Entre a revolução e o nazi-fascismo. A catástrofe econômica de 1929 atingiu todo o mundo capitalista. A mais grave conseqüência da crise foi a escalada do desemprego que atingiu níveis sem precedentes. Nos três primeiros da década de 1930, a força de trabalho desocupada chegou a 23% na Inglaterra, 29% na Áustria e 44% na Alemanha. A crise econômica produziu uma grande divisão política na Europa. O liberalismo parecia não ter resposta para a crise. Trabalhadores, ativistas políticos e intelectuais denunciavam o capitalismo como responsável pela crise e pregavam a revolução socialista, a exemplo do que havia acontecido na Rússia em 1917. Setores da classe média e a grande burguesia, preocupados com a iminência de uma revolução, apoiaram, em vários casos, propostas autoritárias, com o objetivo de defender o capitalismo contra a ameaça comunista e recuperar valores nacionais. Crise econômica, polarização política, ressentimentos com o desfecho da guerra, assim era o quadro da Europa no início dos anos 1930. Entre a revolução, o liberalismo e as propostas autoritárias ou totalitárias, em muitos países venceu a última opção. 2-Características dos regimes totalitários. Nos regimes totalitários, a vontade do grupo governante se confunde com a vontade do Estado. As instâncias da vida particular e cotidiana dos indivíduos sofrem a interferência do Estado: vida íntima, formas de lazer, leituras, crenças. O uso da força é também uma característica marcante dos regimes totalitários: toda e qualquer forma de oposição em relação às decisões do governo é encarada como crime. O fascismo, na Itália, e o nazismo, na Alemanha forma duas das principais manifestações de regimes militarizados e centralizadores na Europa do entreguerras. Mas não foram as únicas. Portugal, Espanha, Polônia, Áustria, Hungria, entre outros países, também tiveram experiências autoritárias. 3- A Itália às vésperas do fascismo. A economia italiana teve um enorme impulso durante a Primeira Guerra Mundial. Estimulada pela indústria de armamentos, a produção de aço e ferro, por exemplo, elevou-se de 200 mil toneladas por ano para 1 milhão de toneladas entre 1915 e 1917. Após a guerra, contudo, a inflação e a desvalorização da moeda italiana contribuíram para eliminar um grande número de médias e pequenas empresas e para aumentar o desemprego. A sociedade italiana enfrentava também o drama das perdas humanas na guerra: 600 mil mortos e 500 mil mutilados. Além disso, os italianos se sentiam traídos pelos aliados por não terem recebido os territórios prometidos em troca do apoio da Itália aos países da Entente. 3.1- Os fascistas marcham sobre Roma A crise do pós-guerra e o fortalecimento das organizações operárias representavam uma ameaça à manutenção da monarquia italiana. O avanço das propostas socialistas influenciadas pelo triunfo da Revolução Russa e a crise social gerada pelas conseqüências da guerra abriram espaço para a fundação dos fascio di combattimento, grupos paramilitares liderados por Benito Mussolini. Em 1922, Mussolini e seu grupo atacavam violentamente as organizações operárias e socialistas. Os fascistas contavam com apoio financeiro dos principais latifundiários, comerciantes, banqueiros e industriais italianos, que aderiram ao fascismo para impedir o avanço da revolução e do socialismo. Em outubro de 1922, os fascistas promoveram a Marcha sobre Roma. Nela exigiam a entrega do poder para Mussolini. O rei, pressionado, convocou o líder fascista (a partir de então conhecido como o Duce, o condutor) a formar um novo governo. Depois disso, a Itália entrou numa fase de recuperação. O investimento do Estado na infra-estrutura urbana e na construção de obras públicas foi a estratégia dos fascistas para combater o desemprego. A situação dos trabalhadores, contudo, não melhorou significativamente. Exercendo uma brutal repressão contra os opositores, a ditadura fascista italiana, sob o comando do Duce, manteve-se durante os anos 1930 e só foi derrubada ao final da Segunda Guerra Mundial (você vai estudar, ainda nesta unidade, os acontecimentos que levaram à queda de Mussolini). 4- O saldo da guerra para a Alemanha Ao final da Primeira Guerra Mundial, a Alemanha foi declarada responsável por todos os danos causados aos países vencedores. Pelo Tratado de Versalhes, os alemães foram proibidos de investir em forças armadas e na indústria bélica, e foram obrigados a indenizar os países vencedores pelos prejuízos da guerra. A fim de efetuar os pagamentos, que se prolongaram por vários anos após o conflito, o governo alemão assumiu enormes dívidas, principalmente com os Estados Unidos. Essa situação deixou a economia alemã extremamente frágil e dependente dos capitais estrangeiros. Os problemas econômicos da Alemanha no início dos anos 1920 acirraram os problemas sociais: desemprego, concentração de renda, empobrecimento da classe média e das classes trabalhadoras. A crise do pós-guerra criou um terreno propício para o fortalecimento do nazismo. 4.1- Uma "solução" extrema: o partido nazista . A doutrina nazista proclamava a superioridade da raça ariana, destinada a impor o seu domínio sobre toda a Europa. Para os nazistas, a tarefa de expandir a supremacia ariana exigia a destruição dos principais inimigos da Alemanha: externamente, as potências estrangeiras que impuseram o Tratado de Versalhes; e internamente os judeus, acusados de conspirar contra os interesses do povo alemão. A ideologia nazista articulou-se politicamente em torno do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, o Partido Nazista, fundado em 1919. Os nazistas procuraram explorar o sentimento nacionalista do povo alemão, abalado com os resultados da Primeira Guerra Mundial. Além disso, a estrutura do partido, fortemente militarizada, simbolizava a idéia de ordem num país que estava desorganizado política, social e economicamente. Após a quebra da Bolsa de Nova York, em outubro de 1929, a crise alemã agravou-se ainda mais. Inteiramente dependente das exportações e dos empréstimos externos, a Alemanha sofreu as conseqüências da retirada dos capitais norte-americanos e do fechamento dos mercados estrangeiros aos produtos alemães. Muitas indústrias fecharam suas portas e o desemprego cresceu assustadoramente. Diante da crise, os movimentos socialistas e populares ganhar força. Do outro lado, também crescia o movimento nazista, com seu discurso nacionalista, sua rejeição ao Tratado de Versalhes e sua proposta de unidade nacional. As S.A (Tropas de Assalto), ligadas ao Partido Nazista, atacavam organizações socialistas e comunistas. Para ampliar o apoio popular, os nazistas apresentaram propostas que beneficiavam os trabalhadores do campo e das cidades: Reforma agrária sem indenização, nacionalização dos trustes e participação dos trabalhadores nos lucros das empresas. Anulação das dívidas dos agricultores, preços melhores para as colheitas, salários dignos para os operários e incentivo ao comércio. Explorando o nacionalismo alemão, os nazistas responsabilizaram os judeus, os comunistas e o governo republicano e liberal de Weimar pela situação desesperadora da Alemanha. 4.2- O putsch de Munique e o Mein Kampf Em novembro de 1923, na cidade de Munique, um grupo de nazistas, liderado por Adolf Hitler, tentou dar um golpe (putsch) de Estado e Hitler se proclamou chefe de governo. O golpe foi reprimido e os rebeldes presos. Na prisão, Hitler escreveu Mein Kampj (Minha luta). que se tornou o livro da doutrina nazista. Em Mein Kampj, Hitler expôs as idéias racistas do nazismo, a defesa da expansão territorial alemã e a necessidade de se criar um Estado totalitário para realizar as mudanças que fariam da Alemanha uma grande potência. 4.3-Os nazistas tomam o poder A partir dos anos 1930, o apoio dos grandes industriaise do exército foi decisivo. Além disso, a popularidade do nazismo era cada vez maior. Em julho de 1932, o Partido Nazista conseguiu vencer as eleições para o Parlamento, o Reichstag. Em janeiro de 1933, Hitler foi convidado a assumir a chefia do governo alemão. Os nazistas chegavam ao poder. Menos de um mês depois, os nazistas incendiaram o prédio do Reichstag e responsabilizaram os comunistas. Esse foi o pretexto para reprimir com violência os grupos de esquerda. Todos 05 partidos políticos, à exceção do Partido Nazista, foram fechados. Estava instalada a ditadura nazista na Alemanha. 4.4-A expansão alemã Ao mesmo tempo em que reprimia toda manifestação opositora, o regime nazista implementava diferentes políticas para estender sua popularidade. A mais importante foi colocar em marcha um ideal guerreiro e expansionista, que se baseava nas teses do pangermanismo e do espaço vital. Pangermanismo. Segundo essa tese, o Estado alemão deveria reunir todos os alemães que viviam em outros países em uma mesma nação e, em seguida, estender seu domínio sobre outros territórios para assegurar sua permanência como potência mundial; O espaço vital. Por esse princípio, os "povos inferiores” deveriam ser dominados e parte da sua população eliminada, garantindo-se territórios onde os alemães, a "raça superior” pudessem se multiplicar e viver adequadamente. Essas idéias, que combinavam belicismo, nacionalismo e racismo, foram bem recebidas por uma população que, pouco tempo antes, não tinha perspectivas de futuro e agora era chamada a dominar o mundo. Família de camponeses de Kalenberg, de A. Wissel (1939). Este quadro é um dos melhores exemplos da arte oficial nazista. Nele é feita a exaltação da raça ariana, da família, da educação e do camponês, quatro das bases ideológicas do regime nazista. A "Marcha sobre Roma" ,em 1922. Reunindo 30 mil homens, a Marcha tornou-se o desfile da vitória fascista. �PAGE � �PAGE �1�
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