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Gases e Vapores – Parte 2 Solventes Orgânicos Hemerson Iury hemersonufpb@yahoo.com.br UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA – UFPB DEPTO. DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS – DCF CURSO: FARMÁCIA Definição: Grupo de substâncias, líquidas à temperatura ambiente apresentando > ou < grau de volatilidade. Emprego: utilizadas como solubilizantes, dispersantes, diluentes, removedores, propelentes, limpeza a seco em indústrias químicas de inseticidas e plásticos. Solventes Orgânicos Classificação Química Hidrocarbonetos Alifáticos N-hexano e Benzina Aromáticos Benzeno, Tolueno e Xileno Halogenados (Alifáticos ou Aromáticos) Di, Tri e Tetracloroetileno, Cloreto de metileno, Monoclorobenzeno Álcool Metanol, Etanol Isopropanol, Butanol, Álcool amílico Cetonas Metilisobutilcetona, Ciclo hexanona, Acetona Éteres Éter isopropilico, Éter etílico Características gerais dos Solventes - É dependente de suas propriedades físico-químicas que podem alterar: 1 -Fase de exposição 2- Toxicocinética 3- Toxicodinâmica 1 – Fase de Exposição 1 - Fase de Exposição Pressão de Vapor = Pressão de um solvente em sistema fechado (volatilidade do solvente em mmHg); Ponto de Ebulição = temperatura que a pressão de vapor atinge a temp. externa; Densidade = Peso de um dado volume = vol.H20 a 4°C; Velocidade de Evaporação = Tempo de secagem do solvente; Densidade do Vapor = Peso do vapor por unidade de volume. 2 - Fase Toxicocinética Absorção Pulmonar – o solvente entra em contato com a dupla barreira representada pelo epitélio alveolar e endotélio capilar; Fases: ar alveolar e sangue A barreira pulmonar possui expessua e área superficial Fatores que influenciam a intensidade de absorção pulmonar Pressão parcial = [solvente] no ar alveolar e sangue – indica a direção de difusão; Solubilidade do composto no sangue – Avaliação coeficiente distribuição/partição ar alveolar/ sangue= K; K baixo = maior solubilidade do composto no sangue / facilmente absorvido, fator limitante é a freqüência respiratória Ex: etanol; K alto = menor solubilidade sangue, fator limitante é o fluxo sanguíneo / melhor excretados Ex: tricloroetileno; 2 - Fase Toxicocinética Absorção Cutânea – A capacidade do solvente penetrar na pele depende: Espessura da camada Gradiente de concentração Constante de difusão Coeficiente de partição e de permeabilidade Presença de folículos pilosos Conteúdo hídrico do extrato córneo ( hidratação = difusão) Lesões cutâneas 2 - Fase Toxicocinética Intensidade de absorção da difusão passiva é diretamente proporcional peso dos compostos e inversamente ao coeficiente de partição óleo/água. Padrões p/ absorção cutânea 1) pico de [ ] plasmática em 1h de exposição. Ex: hexano, tolueno tetracloreto de carbono; 2) pico de [ ] plasmática em equilíbrio – 5 h após exposição. Ex: benzeno e 1,2 – diclorometano; 3) [ ] plasmática ao longo do período de exposição. Ex: 1,2 dicloroetano; 1,1,2,2 – tetracloroetano. Fatores que alteram toxicocinética Ambientais: temperatura Individuais: dieta, cigarro, uso de bebidas, interação com medicamentos e outros solventes Polimorfismos e Alterações Genéticas - (enzimático) Fatores fisiopatológicos – (insuficiência renal e/ou hepática). Fatores que alteram toxicocinética Biotransformação e Excreção A grande maioria é metabolizado no fígado, mas também ocorrem nos pulmões e rins; A excreção ocorre principalmente pela urina (inalterado ou metabolizado); A maior parte dos solventes inalterados é excretado pelo ar exalado. Solventes Orgânicos BENZENO Utilização ocupacional e fontes: (indústrias de síntese química para produção de álcool anidro, fenol, nitrobenzeno, clorobenzeno, dentre outros, e petroquímica, indústrias de tintas, vernizes, borracha, calçados (cola), desengraxamento de peças metálicas e indústrias siderúrgicas). Características: - Incolor, volátil, inflamável, lipossolubilidade, odor agradável, P.E = 80,1 °C; - Benzeno ≠ benzina (mistura de hidrocarbonetos) - Benzeno ≠ benzol (75% de benzeno + 15% de tolueno + 9% de xilol). BENZENO OBS: Proibido o uso como solvente no Brasil (protaria nº3, MTBr, 03/1982). No Brasil o L.M.P é de 0,1% desde 2007 em produtos acabados Encontrado na gasolina em concentrações máximas de até 1% v/v. A fração do benzeno não queimada na gasolina deposita- se no ar ambiental principalmente em metrópoles. Toxicocinética - Absorção: Rapidamente por via cutânea e pulmonar (+ importante); - Distribuição: Rápido equilíbrio da [ ] no sangue e deposição no tecido adiposo e medula óssea; - Biotransformação: Principalmente no fígado (CYP) – 84 a 89%; Principais metabólitos (Indicadores biológicos): - Ácido fenil mercaptúrico - Ácido trans-trans mucônico BENZENO BENZENO Eliminação pulmonar – 1° t½ = 90’ (pulmão e sangue) - 2° t½ = 3 à 7 hs (tecidos moles) - 3° t½ = 25 horas (tecido adiposo) -12% é excretado inalterado no ar expirado Excreção urinária - 15 a 25% como fenol urinário (t½ = 12 hs.) - 4% como hidroquinona e catecol - 2% como ácido trans-trans mucônico - 1,5% como ácido fenilmercaptúrico - 0,1 a 0,3% inalterado p/ urina BENZENO Toxicodinâmica - Depressão do S.N.C. (exposições agudas) - Propriedades radiomiméticas - Ação mielotóxica (hidroquinol e fenol) - Degeneração da medula óssea (aplasia medular, infiltração gordurosa e necrose medular) - Alterações hematológicas (trombocitopenia, leucopenia, LMA , pancitopenia). Carcinógeno Classe I (substâncias cujo efeito carcinogênico para o homem foi demonstrado através de estudos epidemiológicos de causa-efeito). BENZENO Metabólitos do Benzeno: - Benzoquinona – Agente alquilante que reage com os grupos sulfidrila (-SH) inibindo a organização dos microtúbulos e proporcionando anormalidades ao citoesqueleto; - 8-OhdG – hidroxidesoxiguanosina – oxida DNA da células da medula óssea; - Aldeído mucônico = genotóxico; Exposição aguda – Edema pulmonar e homorragias localizadas. Exposição crônica – Fadiga, palidez, cefaléia, embriaguez, perda de apetite, irribatilidade, trombocitopenia (hemorragia gengival, menorragia), leucopenias (infecções bacterianas e lesões das mucosas). BENZENO Utilização ocupacional e fontes de exposição:(solvente para óleos, borrachas, resinas, carvão, piche, diluentes p/ tintas, síntese química para produção do cloreto de benzina, sacarina, dentre outros). Características: - Incolor, volátil, lipossolubilidade - P.E = 110,6 °C; P.V a 25°C = 28 mmHg. TOLUENO Toxicocinética - Absorção: Rapidamente por via pulmonar (10-15 min. c/ equilíbrio em 25 minutos); - Distribuição: Ocorre em 3 fases: Fase A – Saída p/ os tecidos + vascularizados; Fase B – Passagem p/ tecidos moles (t½ = 40 min.); Fase G – Dist. P/ tecido adiposo e M.O. (t½ = 738 min.); TOLUENO TOLUENO - Biotransformação: R.E. dos hepatócitos (oxidação do grupamento – CH3 c/ 80% metabolizado. Temos basicamente as seguintes etapas: 1° Formação do álcool benzílico mediado pela CYP; 2° Oxidação do benzaldeído em ácido benzóico; 3° Conjugação do ácido benzóico c/ a glicina formando ácido hipúrico; 4° Ou formação de intermediários epóxidos originados do orto, meta e para-cresol. TOLUENO TOLUENO Principais metabólitos – Fenólicos e mercaptúricos. Ácido hipúrico e intermediários epóxidos; Eliminação pulmonar – 18 a 20 horas (após contato) - 7 - 14% é excretado inalterado pelo ar; Excreção urinária - 1% como para-cresol- 0,1% como orto-cresol - 2% como ácidos S-benzilmercaptúrico e S-p- totuilmercaptúrico - 31 – 80% ácido hipúrico. TOLUENO Fatores que influenciam a toxicocinética - Etilismo e barbitúricos ( biotransformação do tolueno); - de enzimas de biotransfomação durante a noite. Toxicodinâmica: - Ação neurotóxica – Degeneração cerebelar e cortical atrofia cerebelar e ocular; - de norepinefrina, dopamina, indolamina e serotonina; quadro depressivo c/ ataxia. Utilização ocupacional: (indústrias química de plásticos, fibras sintéticas, couro, tecidos e papéis, agente de limpeza e desengordurante, tíner para tintas e lacas). Características: - Incolor, lipossolubilidade, insolúvel em H2O - P.E = 139-144 °C (varia de acordo c/ isômero) - Possui 3 isômeros: orto, meta e para, este último de maior importância ocupacional. XILENO Toxicocinética - Absorção: Rapidamente por via cutânea (pele íntegra 3 a 4 g/cm2/min) e também pulmonar; - Distribuição: Rapidamente e principalmente p/ tecidos adiposos; - Biotransformação: Principalmente no fígado (oxidação dos grupos -CH3 originando os ácidos orto, meta e para- toluico) - Oxidação dos anéis aromáticos ; Principais metabólitos – Ácidos meta e para-metil-hipúrico urinário, metabólitos xelenóides XILENO XILENO CH2OH COOH OH dimetilfenol p-xileno álcool p-metilbenzeno ácido p-toluico CONHCH2COOH urina sulfatos ác. glicurônico ácido p-metilhipúrico Interferentes no metabolismo - Álcool - excreção urinária do ácido hipúrico em 50%. - Metiletilcetona + xileno = [ ] de xileno excreção do ácido metil hipúrico. Excreção urinária - 95% como ácidos meta e para-metil-hipúricos Toxicodinâmica - Depressor do S.N.C. (exposições agudas) - Irritante sobre pele e mucosas - Mielotoxicidade (% de benzeno) - Hepatotóxico (peroxidação lipídica) XILENO Uso crônico: - Ação no SNC (neuropatia progressiva motora = polineurite periférica c/ progressão de 1 a 4 meses e recuperação em até 2 anos); - Acúmulo de neurofilamentos: Inibição da gliceraldeído- 3-fosfato desidrogenase, formação de pirrol em proteínas do citoesqueleto, neutralização de cargas positivas de proteínas. (Correlação com a doença de Parkinson); - Alterações no sistema hematopoiético (anemia e tombocitopenia reversíveis); - Alterações hepáticas (necrose de hepatócitos e aumento da fosfatase alcalina); - Alterações no sistema imune. N-HEXANO N-HEXANO Utilização ocupacional e fontes de exposição:(indústria petroquímica, síntese orgânica, produção de plásticos, fraude em bebidas alcoólicas); Toxicocinética - Absorção: Bem absorvido por via cutânea, pulmonar e TGI, (pico máximo em 90 min.); - Distribuição: Principalmente p/ tecidos de elevado conteúdo hídrico; - Biotransformação: 10X mais lenta que a do etanol e ocorre no fígado através da enzima álcool desidrogenase; - Excreção: O Ocorre pela ar expirado (10 a 20% e urina (2 a 5%); METANOL Toxicodinâmica: - Depressor moderado do SNC; - Alterações pulmonares e de visão (metabólitos); - Acidose Metabólica: Interfere na cadeia oxidativa e mitocondrial inibindo a citrocromo oxidase (ácido fórmico); - Efeitos teratogênicos. METANOL Utilização ocupacional e fontes de exposição:(indústria plásticos, papel, tintas, cosméticos; anticongelante de flúidos hidráulicos dentre outras); Toxicocinética - Absorção: Bem absorvido por via oral e pouco absorvido por via cutânea e pulmonar; - Distribuição: Principalmente p/ fígado, rins e SNC; -Biotransformação: Catalisada pelo sistema enzimático álcool desidrogenase; (diminuída pela ingestão de etanol) - Excreção: - 2% na forma de oxalato de cálcio monohidratado; - Metabólitos secundários: ácido úrico e oxalato de cálcio dihidratado; ETILENOGLICOL ETILENOGLICOL Etilenoglicol Aldeído glicólico aldeído Ácido glicólico HHOH2C HOH2C Ácido fórmico Ácido glioxilico + CO2 Ácido oxálico O O OH H O O OH OH O O O - O - Ca++ Oxalato de cálcio desidrogenase álcool desidrogenase ác. glic. oxidase ativação Toxicodinâmica: - Irritação de mucosas; - Tóxico para o SNC, circulação e rins; - Acidose Metabólica: Acúmulo de lactato a partir do piruvado e aumento da relação NADH2/NAD; - Precipitação de oxalato de cálcio nos rins; - Necrose de células epiteliais tubulares; - Inibição da curva de dissociação da Hb; - Desnaturação total de Hb e formação de MetHb. ETILENOGLICOL Exposição aguda – (Anorexia, vômitos, sonolência, depressão do SNC (ingestão); - Hiperventilação (compensação respiratória); - hipocalcemia, cãimbras, tatania e coma; Exposição crônica – (Cefaléia, dores musculares, irritação ocular, irritação do trato respiratório). ETILENOGLICOL OBRIGADO!!! “Vença a si mesmo e terá vencido o seu próprio adversário”
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