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( Sociologia 1º Bimestre ) Resumo do Capítulo 14 O Brasil é um país católico

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MARINHA DO BRASIL
COLÉGIO NAVAL
Disciplina: Sociologia
Instrutor(a) / Professor(a): 
Monitor: Aluno 3027 Luiz Claudio (1ª Companhia/Turma: 31).
RESUMO DA MATÉRIA DO 1º TESTE PERIÓDICO
Referência: Capítulo 14 (Livro-Texto)
CAPÍTULO 14 - O BRASIL AINDA É UM PAÍS CATÓLICO?
Por que a sociologia se interessa pela religião?
A recorrência tão grande das religiões em lugares e culturas tão diferentes e distantes, tanto no espaço quanto no tempo, sempre interessou aos que quiseram e querem aprofundar seu conhecimento sobre as sociedades.
Para Max Weber, por exemplo, conhecer as religiões era uma forma de compreender as sociedades. Para entender como os indivíduos e os grupos orientam suas ações, ou definem suas condutas e se comportam uns em relação aos outros, dizia ele, é importante saber que crença religiosa eles professam. Assim como as pessoas agem de forma muito diversificada, também as orientações religiosas são distintas. Não importava, para Weber, se uma religião tinha mais adeptos que outra; nem ele próprio dizia qual, dentre as muitas religiões que estudou, era sua escolhida. Como sociólogo, o que ele pretendia era entender as razões que levavam pessoas e grupos a aderir a um conjunto de crenças. Interessava-lhe saber como as pessoas justificavam suas escolhas e, também, o que tais escolhas produziam em seus comportamentos.
A palavra “religião” pode nos ajudar a entender por que, desde sua origem, a sociologia se interessou por esse assunto. Religião tem a mesma origem de religar, que significa liga de novo, ou ligar fortemente. Ligar quem a quem ou a quê? Uma pessoa religiosa responderia que a religião que professa a liga a um deus, uma fé, a uma doutrina - que, por sua vez, unem muitas pessoas em torno de si. E é isso que interessa à Sociologia: como conjuntos imensos de pessoas tão diferentes se ligam a uma só idéia. Não importa o deus, não importa a doutrina ou o objeto sagrado, a religião é um fenômeno que até hoje está presente em todas as sociedades. 
Em que acreditam os brasileiros?
O Brasil, como mostram os números, é o maior país católico do mundo. A história nos comprova que desde o descobrimento do país os portugueses preocupavam-se em propagar a sua fé, doutrinando e conquistando mais adeptos, o que com o passar do tempo era até confirmado pela arte.
As estatísticas comprovam o predomínio do catolicismo. Um sociólogo especialista em religião, Antonio Flávio Pierucci, ao analisar os dados do Censo 2000, do IBGE, apontou o declínio de três religiões - o catolicismo, a umbanda e o luteranismo. Este último, uma das denominações evangélicas, desembarcou no Brasil com os imigrantes alemães, no final do século XIX, e teve muitos adeptos no país. A umbanda incorporou elementos de vários cultos africanos que para cá vieram na condição de escravos e os adaptou de forma original.
Ainda que a religião católica continue sendo a primeira, outras crenças vêm ganhando espaço. Essa tendência coloca o Brasil ao lado de outras sociedades em que o predomínio de uma religião vai cedendo lugar à diversificação das práticas religiosas. Logo, não é correto dizer que a religiosidade do povo brasileiro está diminuindo: ela vem se manifestando de forma diferente, e isso nos informa sobre a dinâmica da própria sociedade.
Pesquisas feitas em 2008 comprovaram que 95% dos jovens brasileiros declararam-se religiosos, ficando o Brasil em terceiro do ranking dos países mais religiosos, ficando atrás da Nicarágua e da Guatemala, e empatando com a Indonésia e o Marrocos. Essa porcentagem é muito alta se comparada com os 3% e 5% de jovens da Rússia e Áustria. A declaração dos jovens era semelhante às da população acima de 60 anos.
A religião tem forte poder de agregação entre os jovens.
Falar de religiosidade não significa falar de uma mesma religião, também no interior das religiões há diferenciações importantes. E a Sociologia se ocupa igualmente dessas distinções. O termo evangélico, por exemplo, se aplica a distinção confissões religiosas cristãs não católicas, entre eles há os luteranos, os presbiterianos, os batistas, os calvinistas, os segmentos pentecostais e neo-pentecostais.
O olhar sociológico também perceberá algumas distinções dentro da umbanda. Na década de 1920, a umbanda foi vista por muitos intelectuais como a melhor expressão popular de sincretismo religioso praticado no Brasil. Seu crescimento e disseminação pelas zonas urbanas da Região Sudeste ocorreram nos anos 1930 e 1940. Os intelectuais diziam que era uma crença perfeitamente adaptada ao jeito de ser não só dos negros, mas de todas as outras etnias que compunham a sociedade brasileira. Depois que o IBGE, em 1991, decidiu colher separadamente os dados da umbanda e do candomblé, foi possível perceber que também aqui houve migração. O sociólogo Antonio Flávio Pierucci mostra que a umbanda caiu enquanto o candomblé teve um acréscimo.
O que diz o Estado e o que faz a sociedade?
Uma boa maneira de aprendermos sobre a religiosidade de determinada cultura ou país é observar as leis que os regem. Como toda a vida da sociedade está prevista na Constituição também é possível encontrar referências à religião.
No Brasil, já temos registradas oito constituições. A primeira, datada de 1824, declarava que a religião católica era a religião oficial do Império. Isso significa que o Estado brasileiro reconhecia apenas uma religião entre várias outras. Tal determinação não permaneceu nas constituições seguintes. De toda forma, há referência à religião em nossa atual Constituição, promulgada em 1988. Não há mais menção a uma religião oficial, mas o assunto não é ignorado. O texto constitucional garante a “liberdade de consciência e de crença” e o “livre exercício dos cultos e suas liturgias”. Ou seja, os brasileiros são livres para escolher seus cultos, professar sua fé, freqüentar igrejas, terreiros ou quaisquer outros espaços sagrados de sua preferência, e o Estado tem que garantir essa liberdade e dar segurança aos fiéis para que vivam livremente sua religiosidade. Mas ainda: como podemos ver no preâmbulo da Constituição, os representantes do povo declaram promulgá-la “sob a proteção de Deus”. Podemos concluir que, se o Estado brasileiro é leigo, somos uma nação teísta, que acredita em Deus como ser supremo.
A polêmica sobre a pluralidade religiosa brasileira
Hoje em dia, todos nós sabemos que é impossível pensar sobre a religiosidade no Brasil sem considerar suas muitas manifestações. Ainda que constatemos a indiscutível maioria católica entre os brasileiros, não podemos ignorar, por exemplo, a presença dos cultos de origem africana, as vertentes do espiritismo, as comunidades judaicas e o grande crescimento dos grupos evangélicos por todo o país. Vivemos claramente num país de religiosidade plural, no qual as crenças, além de coexistirem e conviverem, muitas vezes também se misturam.
	Embora isso pareça óbvio, é importante sabermos que nem sempre se pensou assim. Até o início do século XX, nem os governantes nem a opinião pública haviam aberto os olhos para a pluralidade de religiões no país. Governo, jornais, escritores e grande parte escritores e grande parte da população acreditavam que o catolicismo era a única religião praticada pelos brasileiros, desconsiderando práticas e crenças de grupos sociais geralmente condenados à marginalidade.
Isso começou a mudar em 1904, quando o jornal Gazeta de Notícias, do Rio de Janeiro, publicou uma série de reportagens sobre as muitas religiões encontradas na então capital do país, surpreendendo (e até ofendendo) muitas autoridades e cidadãos. O responsável por essas reportagens foi o jornalista João do Rio (pseudônimo de Paulo Barreto), muito conhecido na época por dar atenção a temas como a pobreza, as profissões informais e os cortiços. João do Rio realizou diversas pesquisas sobre as religiões praticadas pelos cariocas, a população não acreditava nas pesquisas e o acusavam de mentiroso. Somente quando um delegado de polícia encontrou numa investigação,alguns dos lugares e situações descritos por João do Rio, a veracidade de suas reportagens pôde ser confirmada. A partir de então o país viu-se obrigado a reconhecer a pluralidade religiosa que se escondia pelas áreas marginais da capital.
As religiões do Rio foi um best-seller do seu tempo, deixando claro o interesse que as descobertas feitas pelo jornalista despertaram na população letrada de todo o país. João do Rio deu o primeiro passo no longo processo de reconhecimento da diversidade religiosa que acabou sendo aceita como marca cultural do Brasil. Mas isso não significa que a polêmica esteja encerrada.

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