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Rosa Luxemburgo

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A necessidade de esferas externas e o imperialismo em Rosa Luxerburgo
Luxemburgo diz que a teoria de Marx é insuficiente, pois a análise marxista de reprodução do capital não explica por completo a maneira como o capital de uma sociedade pode crescer de um período a outro. Rosa diz que a acumulação de parte da mais-valia implicaria a diminuição do consumo, o que não permitiria que parte das mercadorias fosse realizada. Assim, afirmando existir apenas duas classes sociais (trabalhadores e capitalistas), não seria possível explicar a acumulação de capital. Ainda que Marx tenha falado sobre adicionar um “produtor de ouro”, capaz de viabilizar recursos para a acumulação, Luxemburgo diz que isso não ajuda pois leva a crer em uma reprodução harmônica do capital, sem crises, e isso não acontece na prática. 
Para Rosa Luxemburgo, a acumulação de capital depende da capacidade do capital de se reproduzir em esferas não-capitalistas do mundo, ou seja, dependeria de seu entrelaçamento com o mercado externo. A relação entre os movimentos interno e externo constituem a precondição obrigatória da produção capitalista. Portanto, o imperialismo é a expressão política da acumulação de capital. Assim, devido à já realizada acumulação pelos países desenvolvidos durante a colonização e etc, o desenvolvimento e concorrência entre os países estão se tornando cada vez mais violentos na conquista de regiões não-capitalistas. 
A teoria de Luxemburgo é muito criticada, pois, explicando o imperialismo pela falta de demanda interna, ela foi classificada como uma teoria subconsumista. Outro ponto é que não se deve confundir as esferas externas com regiões não-capitalistas – as esferas podem existir dentro de uma sociedade, em uma parte da mesma que ainda não foi dominada pelo capital. 
Rodolsky critica Luxemburgo afirmando que Marx teve que deixar de lado as esferas externas e muitas outras circunstâncias para realizar uma análise geral e abstrata. Ele não era tão empírico como Rosa Luxemburgo exigia que fosse. Burkharin ainda diz que, se as esferas externas fossem realmente imprescindíveis para explicar a acumulação do capital, a teoria de Luxemburgo também seria insuficiente, pois no momento da expansão colonial persistiam no interior das economias capitalistas inúmeras esferas das quais o capital ainda não havia se apropriado. Carcanholo também critica, concluindo que a autora não entendeu o papel da reprodução simples na reprodução ampliada. 
O imperialismo de Rosa Luxemburgo aparece como um processo de colonização capitalista do mundo. Para ela, a atuação do capital sempre será destrutiva: a economia natural nada teria a oferecer para o capital se não se apresentasse como mercado consumidor, reservatório de força de trabalho e de recursos que lhe sirvam como meio de produção. Assim, para se beneficiar de regiões não-capitalistas, o capital acaba com todas as relações sociais típicas da economia natural daquele local e impõe tais atributos que são compatíveis com economias mercantis em um processo violento. Isso explicaria porque o capitalismo considera de vital importância a apropriação violenta dos principais meios de produção em terras coloniais. (Já não se trata de acumulação primitiva, mas algo que acontece nos dias atuais.) 
A tendência dessas regiões durante a “implantação” do capitalismo passaria a ser se engajarem na luta por sua emancipação (capitalista) e por uma revolução de sua “estrutura estatal arcaica”, de modo a pôr em seu lugar outra, mais adequada ao capitalismo. Quando chega a essa fase, o capital faria dos empréstimos internacionais seu método principal de atuação. Através desses empréstimos as nações capitalistas mais antigas transformariam em capital o dinheiro de todas as camadas da sociedade e em capital produtivo o capital-dinheiro ocioso, além de ser essa a melhor forma para as velhas nações “tutelarem” (politicamente) esses novos Estados capitalistas. Historicamente, esta última etapa ocorre justamente na fase do imperialismo, segundo Luxemburgo. 
O aspecto decisivo do conceito de “imperialismo” adotado por ela é, então, o caráter contraditório da acumulação capitalista que torna necessária sua expansão sobre camadas e territórios não-capitalistas do mundo. A rivalidade internacional, então, reafirmaria um dos aspectos da acumulação capitalista, a saber: o fato de que ela se processa necessariamente de modo violento, se não por outra razão, em virtude da luta contra as economias naturais. O capitalismo ao remodelar todo o mundo à sua “imagem e semelhança” minaria as próprias bases de sua acumulação, criando a necessidade de sua superação, sendo o imperialismo, portanto, a fase final da acumulação capitalista. 
Pessoal, o importante é que a Rosa Luxemburgo NÃO concorda em tudo com o Marx, pq ela acha que faltou a parte do mercado externo na análise dele sobre acumulação de capital. Aí, ela vai dizer que as nações capitalistas, depois de já terem esgotado suas demandas internas, vão em busca de novos mercados e territórios ainda não dominados pelo capitalismo. Quando chegam lá, implantam o capitalismo de uma maneira brusca e violenta, e acabam com o que aquelas sociedades tinham construído antes – pasmem, isso é imperialismo! Depois de ter sido implantado o capitalismo, a sociedade que foi dominada vai se revoltar e ir em busca de uma outra alternativa além do capitalismo. Por isso, o imperialismo é, pra Rosa Luxemburgo, a fase final do capitalismo.

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