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Aula 11 Comercio Internacional

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Curso On-Line Comércio Internacional 2010 
Professor: Luiz Roberto Missagia 
 
INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 
1 
AULA 11 
 
(PONTOS 1.1 e 1.3 DO PROGRAMA ATRFB 2009) 
(PONTOS 1.1 e 1.2 DO PROGRAMA AFRFB 2009) 
 
Olá. A aula de hoje é um complemento da aula anterior, quando 
falamos sobre políticas comerciais. Falaremos sobre o impacto dessas 
políticas no desenvolvimento econômico dos países, assim como 
comentaremos as diversas formas de se impor barreiras comerciais. 
COMÉRCIO INTERNACIONAL E CRESCIMENTO ECONÔMICO 
Em princípio, toda nação procura (ou deveria procurar) melhorar a 
renda da sua população, por meio de uma economia avançada, 
moderna, com abundância de capital, tecnologia, mão-de-obra 
especializada. Para atingir esse objetivo, é necessário o acúmulo de bens 
de capital, mão-de-obra qualificada e know-how, ou seja, dos fatores 
produtivos necessários ao crescimento econômico. 
O comércio internacional, nesse contexto, assume fundamental 
importância. A política econômica deve ser voltada para a ampliação da 
produção, expansão dos mercados consumidores e aquisição de bens 
primários e intermediários necessários aos novos processos produtivos. 
A política externa precisa estar conectada, então a essa diretriz. 
Adam Smith, que liderou a Escola Clássica dos economistas, pregava a 
abertura comercial para que todos os países pudessem se beneficiar dos 
ganhos trazidos pelas trocas internacionais. Segundo os clássicos, o 
crescimento econômico seria uma conseqüência natural do aumento do 
volume de comércio. 
A idéia de que o comércio foi o motor do crescimento valeu no 
século XIX, mas não encontrou respaldo no século XX. 
Mesmo assim, o mundo observou diversas experiências protecionistas, 
principalmente até a 2ª Guerra Mundial. Alguns países desenvolvidos ou 
em desenvolvimento, de alguma forma, em algum momento, adotaram 
modelos de imposição de restrições às importações com o objetivo de 
desenvolver o seu parque fabril. 
Curso On-Line Comércio Internacional 2010 
Professor: Luiz Roberto Missagia 
 
INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 
2 
Após a 2ª Guerra, observou-se que a liberdade comercial instituída 
pelo GATT não trouxe a tiracolo o tão sonhado desenvolvimento 
econômico para muitos países, pelo contrário, para muitos, gerou 
problemas como endividamento, inflação e instabilidade econômica, cujo 
ápice foi atingido nos anos 80, tornando inevitáveis as pressões sociais e 
exigências de crescimento e modernização. 
Essa conjuntura desfavorável ao comércio internacional fez proliferar 
nos quatro cantos do mundo, a partir da década de 90, novas investidas 
para aumentar o fluxo comercial mundial, baseadas na criação dos 
blocos econômicos de integração comercial, numa tentativa de reprimir 
novamente as restrições às transações internacionais. 
Com a instituição da OMC, ficou mais difícil para os países a introdução 
de barreiras ao comércio sob a simples alegação de proteção à indústria 
nacional. Com isso, alguns países, principalmente os desenvolvidos, 
procuraram outros meios de proteger suas indústrias. Buscaram, assim, 
as regras de exceção do GATT para imposição de barreiras, como as 
barreiras técnicas, porém utilizadas de forma distorcida. 
Os clássicos sempre atribuíram o crescimento econômico, de forma 
atrelada ao comércio internacional, aos ganhos de escala que os países 
obtêm, graças à especialização internacional do trabalho, a partir das 
vantagens comparativas que cada nação possui na produção de 
determinado item. 
Esse contexto de especialização da produção em função de vantagens 
comparativas fez com que os países que produziam bens mais 
elaborados (industriais) obtivessem um crescimento maior do que os 
países subdesenvolvidos, que se especializaram em produtos primários. 
Essa distorção ou desvantagem foi estudada e deu origem à Tese da 
Deterioração dos Termos Internacionais de Troca dos países 
subdesenvolvidos. 
Com isso, outras teorias surgiram, desmistificando a tese de que o 
comércio, por si só, levaria ao crescimento econômico. Passou-se a 
acreditar que o fundamental para o crescimento seria encontrar novos 
mercados para negociar produtos a preços competitivos. Isso só seria 
possível com o uso da tecnologia, da inovação e dos investimentos, 
Curso On-Line Comércio Internacional 2010 
Professor: Luiz Roberto Missagia 
 
INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 
3 
proporcionando, dessa forma, por meio da elevação das exportações, um 
aumento na renda do país. 
O vínculo do desenvolvimento econômico com o comércio internacional 
está associado à maneira como o país estrutura e direciona seu parque 
industrial. Ao longo do século XX, visando o crescimento econômico, de 
forma integrada ao comércio internacional, os países adotaram 
basicamente dois modelos de industrialização: 
a) o modelo de substituição das importações (industrialização 
voltada para dentro); 
b) o modelo exportador (industrialização voltada para fora). 
O MODELO DE SUBSTITUIÇÃO DAS IMPORTAÇÕES 
(INDUSTRIALIZAÇÃO VOLTADA PARA DENTRO) 
Segundo os estudos de Raul Prebisch, os países subdesenvolvidos, que 
possuíam baixa elasticidade-renda dos seus produtos exportados, não 
estavam obtendo os benefícios do comércio internacional na mesma 
proporção que os países industrializados. Além disso, a especialização na 
produção de bens agrícolas estava gerando redução de preço no produto 
final e de salários, considerando a mão-de-obra abundante e o fato de 
que os sindicatos de trabalhadores rurais nunca foram muito fortes 
nesses países. Esses debates ganharam força na CEPAL (Comissão 
Econômica da ONU para a América Latina e Caribe). 
Havia outro problema para os países subdesenvolvidos. Com o avanço 
tecnológico, as nações desenvolvidas se tornavam cada vez menos 
dependentes dos produtos primários oferecidos pelas nações em 
desenvolvimento. Produtos sintéticos eram descobertos, ganhando 
espaço das matérias-primas naturais vendidas pelos países 
subdesenvolvidos. 
Vejam. A demanda por produtos primários não cresce na mesma 
proporção do aumento da renda. Se uma pessoa ganha mais, ela vai 
querer comprar outros tipos de bens, e não arroz ou feijão. Isso quer 
dizer que a demanda por produtos primários é inelástica em relação ao 
aumento da renda. 
Curso On-Line Comércio Internacional 2010 
Professor: Luiz Roberto Missagia 
 
INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 
4 
Se o preço de um produto sofre uma redução e com isso todo mundo 
sai correndo às ruas pra comprar bastante, diz-se que ele possui 
demanda elástica de preço. Podemos dizer que isso ocorreu com os 
veículos recentemente. Por outro lado, se aumenta muito o preço, as 
pessoas vão segurar o consumo, não é mesmo? 
 
E o inelástico? Imagine um diabético que dependa de insulina para 
viver. Ele tem de comprar o produto de qualquer jeito. Se o preço subir 
muito, ele vai fazer de tudo para continuar comprando a mesma 
quantidade. Se o preço cair, por outro lado, não haverá procura além do 
necessário, só porque o preço da insulina está barato. Então, diz-se que 
a demanda por esse tipo de produto é inelástica em relação ao preço. 
Vejamos agora o conceito de elasticidade-renda. Esta se manifesta 
em função da variação da renda do cara. Quanto mais se ganha, mais 
ele procura outros tipos de bens, e não os bens básicos (arroz, feijão, 
macarrão). Estes possuem baixa elasticidade renda. Já outros itens, 
mais supérfluos, como veículos, possuem alta elasticidade renda. Se um 
sujeito começar a ganhar um salário bem maior, vai logo querer comprar 
um carro melhor, do ano etc. Estes bens (mais supérfluos) possuem alta 
elasticidade renda de demanda. 
....... 
O que aconteceu na virada do século XIX para o século XX? No século 
XIX, a Inglaterra, como líder da economia mundial, possuía alta 
propensão marginala importar. Isso quer dizer que ela importava 
grande quantidade de produtos básicos para servir de insumos às suas 
indústrias. Esse volume de importações difundia a expansão econômica 
para as economias periféricas da época (EUA, Austrália, Nova Zelândia, 
Canadá, Argentina). 
Já no século XX, os EUA, novos líderes da economia mundial, eram 
praticamente auto-suficientes em produtos primários, não repassando 
seu crescimento para os países exportadores de produtos agrícolas, pelo 
contrário, gerando grandes perdas para estes com o comércio 
internacional, já que praticamente não importavam produtos primários. 
Curso On-Line Comércio Internacional 2010 
Professor: Luiz Roberto Missagia 
 
INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 
5 
Bom, a essa altura já era consolidado que a teoria do comércio como 
motor do crescimento não procedia. Então, muitos países 
subdesenvolvidos implantaram políticas agressivas de industrialização, 
por meio do fechamento de seus mercados à competição das nações 
industrializadas. É o modelo de substituição de importações 
(industrialização voltada para dentro). 
A idéia era produzir internamente aquilo que se comprava antes no 
exterior. Para isso, necessitava-se proteger a indústria doméstica 
nascente. O objetivo era abastecer o mercado interno, e não 
necessariamente exportar. Por isso ficou conhecido como modelo de 
substituição das importações ou industrialização voltada para dentro. 
Não havia a intenção em conquistar o mercado externo, pelo menos em 
uma primeira fase de instalação das indústrias. Era um sistema de forte 
intervenção estatal na economia, com imposição de barreiras às 
importações para evitar a concorrência pesada dos fornecedores 
estrangeiros com as indústrias nacionais incipientes. 
Nos anos 50, 60 e 70, na América Latina, observou-se um relativo 
crescimento, pois o mercado para os produtos já existia e seria cativo 
para as empresas nacionais. Era um mecanismo mais simples do que 
tentar conquistar o mercado externo, onde as nações mais ricas também 
impunham barreiras às importações de produtos industrializados 
oriundos dos países subdesenvolvidos. 
A idéia parecia boa, já que, para superar as barreiras comerciais, os 
importadores de produtos das indústrias estrangeiras necessitariam 
desembolsar mais (custos mais elevados para as importações), ou as 
indústrias estrangeiras teriam que baixar seus preços, o que facilitou a 
vida das indústrias domésticas nascentes, pois houve uma queda nas 
importações. 
Essa redução do volume de importações levava ainda a uma melhoria 
do saldo da balança comercial. 
Vejamos um exemplo: um distribuidor de um equipamento de 
mergulho no Brasil está procurando preços no fornecedor nacional e no 
estrangeiro para comprar seu produto. No exterior, a importação sairia 
por US$ 100, a uma taxa de câmbio de R$ 2,00, sem alíquota de 
Curso On-Line Comércio Internacional 2010 
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INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 
6 
importação. Essa importação tem um custo de R$ 200,00 ao importador 
brasileiro (o distribuidor). Se o produto similar nacional (brasileiro) 
custasse R$ 205,00 na fábrica, o importado estaria saindo mais barato, 
desconsiderando-se outros custos como frete, seguro, armazenagem etc. 
Caso o Brasil impusesse uma tarifa de importação de 10%, a mesma 
importação passaria a custar R$ 220,00 ao importador nacional, 
tornando-a mais onerosa em 10%. Aí o distribuidor passaria a preferir o 
produto nacional, considerando que a qualidade dos mesmos é 
equivalente (o que nem sempre acontece). Se o exportador quisesse 
continuar fornecendo ao distribuidor brasileiro, teria que baixar seu 
preço de exportação para, digamos, US$ 90. Nesse caso, o importador 
teria um custo de R$ 198,00 (US$ 90 x R$ 2,00 x 1,1), já considerando 
a tarifa de importação. 
Bom, quais seriam as desvantagens desse modelo? Ao interferir no 
fluxo natural dos fatores de produção, o governo distorcia sua 
distribuição, pois os bens que se queria produzir eram de tecnologia 
avançada, e o sistema não previa o investimento em pesquisa e 
desenvolvimento, tal como ocorria nos países desenvolvidos. Isso 
tornava a substituição dos produtos importados um tanto onerosa, e 
quem acabava financiando esses setores improdutivos era a sociedade, 
com os tributos e os altos preços dos produtos. Na prática, o consumidor 
acabava pagando mais caro pelo produto nacional. 
Outra desvantagem seria a dimensão reduzida do mercado doméstico, 
não possibilitando grandes ganhos de escala, já que o objetivo do 
sistema era fabricar para vender internamente, substituindo as 
importações. Além do mais, sem concorrência, em virtude das barreiras 
impostas, as indústrias locais acabaram se estagnando, tornando-se 
ineficientes. E foi o que se observou em países como o Brasil nos anos 
80. 
O sistema naturalmente conduzia a uma ineficiência das indústrias 
locais. Os preços, conforme visto, ficavam demasiadamente altos para o 
consumidor final. 
O sistema também não era tão eficiente na geração de superávits na 
balança comercial, uma vez que, para a implantação e manutenção das 
indústrias, era necessária a importação de unidades fabris (máquinas), 
Curso On-Line Comércio Internacional 2010 
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INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 
7 
equipamentos e combustíveis. Assim, muito do que se gastava com 
importações de produtos finais industrializados passou a ser gasto na 
importação de bens de capital e intermediários. 
Durante o período em que muito se utilizou o modelo de substituição 
de importações (1950-1980), houve um grande afluxo de empresas 
multinacionais para os países subdesenvolvidos, que se instalaram com o 
objetivo de remeter lucros para o exterior. A balança de serviços (lucros, 
juros e aluguéis) começava a pender negativamente para os paises 
menos desenvolvidos. 
Veio assim a crise do modelo anos 80, quando os países que o 
adotaram começaram a sentir necessidade de conquistar o mercado 
externo como alternativa para o crescimento econômico. Chile, 
Argentina e Uruguai, já a partir dos anos 70, com a crise do sistema 
Bretton Woods1, e com o apoio dos EUA, passaram a adotar políticas 
neoliberais, com fortalecimento do setor privado. 
O Brasil, que adotou regime híbrido, com investimentos no setor 
exportador, apostou que os juros ficariam eternamente baixos e que a 
crise internacional do petróleo (anos 70) seria passageira. Com isso, se 
industrializou com base em endividamento externo e subsídios às 
exportações. 
 
O MODELO EXPORTADOR 
(INDUSTRIALIZAÇÃO VOLTADA PARA FORA) 
Dentre os modelos adotados pelos países para atingir o 
desenvolvimento econômico, o modelo exportador era o de cunho 
liberal, ou seja, promovia o incentivo às exportações para que as 
indústrias locais, que teriam de enfrentar uma concorrência saudável, 
não permanecessem estagnadas. 
Com a produção voltada para as exportações, o crescimento do 
mercado consumidor torna-se ilimitado, pois não está restrito ao 
 
1 Sistema financeiro internacional criado após a 2ª Guerra Mundial, que instituiu a conversibilidade das demais moedas 
em dólar, sendo esta moeda somente conversível em ouro. Foi instituído em 1944 e extinto em 1971, quando os EUA 
decretaram o fim da conversibilidade do dólar em ouro. 
Curso On-Line Comércio Internacional 2010 
Professor: Luiz Roberto Missagia 
 
INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 
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consumo interno. Com esse mercado ilimitado, é possível aos fabricantes 
atingir os ganhos de escala, em função da grande quantidade 
produzida, o que também abriria caminho para a realização de 
investimentos em pesquisa e desenvolvimento, que não foram possíveis 
no modelo de substituição de importações. Dessa forma, com a 
concorrência instaurada,a tendência era de que as mercadorias 
produzidas fossem de melhor qualidade. 
Os países subdesenvolvidos que utilizaram o modelo de substituição 
de importações, em sua maioria, viraram importadores de máquinas, e 
não conseguiram a tecnologia para fabricar suas próprias. Deveriam ter 
investido mais em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento). 
Perceba que o objetivo principal da produção nesse modelo é 
abastecer o mercado externo, e não o interno. Esta última seria 
secundária. O desenvolvimento viria como conseqüência do estímulo que 
as indústrias tinham para competir com a concorrência externa. E 
quando se vende para o exterior, aumentam entradas de divisas 
(dólares, euros). Assim, ao atender o mercado externo, naturalmente 
aumentavam as divisas, importantes para garantir as reservas 
internacionais, tão importantes para enfrentar as crises internacionais 
financeiras, comuns no mundo contemporâneo (crises do petróleo, crises 
cambiais do México-94, da Ásia-97, da Rússia-98, do Brasil-99, da 
Argentina-2001 etc.). 
Mas, a conquista do mercado externo não era uma tarefa fácil. É muito 
mais cômodo para um empresário instalar indústrias sob um mercado 
cativo, protegido da concorrência externa, como era o caso do modelo 
de substituição de importações. Ademais, para produzir bens mais 
sofisticados, os países necessitavam de know-how (tecnologia mais 
avançada). Quem detinha esse know-how? Os países desenvolvidos 
(EUA, Inglaterra, França). Certamente que eles não difundiam facilmente 
esse conhecimento, essa tecnologia, para as demais nações. 
O modelo exportador foi bastante utilizado por países como Coréia, 
Hong Kong e Cingapura, que, em função do nível de crescimento 
alcançado, passaram a ser conhecidos como Tigres Asiáticos. 
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Professor: Luiz Roberto Missagia 
 
INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 
9 
A falta de proteção imposta neste modelo (barreiras às importações) 
não colocava nas mãos do governo a decisão de escolher que setor seria 
beneficiado, ou seja, receberia a tarifa, assim como também não 
distorcia a produção. 
Uma grande diferença do modelo coreano (exportador) para o 
brasileiro (híbrido) foi que os asiáticos sempre mantiveram uma 
estrutura sócio-econômica relativamente equalitária naquele país, com 
altos índices de investimento em recursos humanos, gerando uma mão-
de-obra mais qualificada. Isso explica porque na América Latina o 
crescimento industrial ampliou a heterogeneidade estrutural, enquanto 
na Coréia a industrialização reduziu as disparidades regionais e sociais. 
 
BARREIRAS TARIFÁRIAS E NÃO TARIFÁRIAS 
Conforme já visto, as barreiras comerciais são utilizadas pelos países 
por diversos motivos, tais como proteção às indústrias nascentes, 
segurança nacional, proteção contra práticas desleais de comércio etc. 
Veremos aqui as modalidades existentes de barreiras. Estas são 
divididas em tarifárias e não-tarifárias. As barreiras tarifárias se 
materializam por meio da imposição de uma tarifa, ou seja, um direito 
aduaneiro, um tributo, que incide quando as mercadorias chegam ou 
saem do país. São os chamados tributos externos (imposto de 
importação ou de exportação). 
Os tributos externos tem o objetivo de aplicar a política comercial 
externa do país (protecionista ou liberal), não sendo, portanto, de cunho 
arrecadatório. Isso quer dizer que, quando um país institui um imposto 
de importação ou de exportação seu objetivo não é arrecadar mais 
receitas, mas sim regular (incentivar ou restringir) a entrada ou a saída 
de determinado produto no país. 
As barreiras não-tarifárias também restringem o comércio, mas não 
possuem qualquer relação com direitos aduaneiros. Podem se 
consubstanciar por meio de cotas (restrições quantitativas), controles 
administrativos, cambiais, imposições técnicas, regulamentos etc. 
Curso On-Line Comércio Internacional 2010 
Professor: Luiz Roberto Missagia 
 
INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 
10 
BARREIRAS TARIFÁRIAS 
É o tipo de restrição mais importante e mais antigo aplicado ao 
comércio. Materializa-se sob a forma de tarifa ou imposto (direitos ou 
gravames aduaneiros), cobrado quando a mercadoria atravessa a 
fronteira nacional (fato gerador). As tarifas podem ser aplicadas sobre as 
importações (na entrada do produto no país) ou sobre as exportações 
(na saída do produto do país). 
A imposição de tarifas é considerada como uma política flexível, 
sendo também uma das mais eficientes, tradicionalmente utilizada na 
proteção da indústria doméstica, possuindo forte cunho econômico e, 
geralmente, pouca relevância na arrecadação por parte dos países 
instituidores das tarifas. 
O objetivo principal desses tributos, considerados tributos externos, é 
regular (controlar) o fluxo do comércio exterior no país. É como se o 
governo ficasse com a mão na torneira que libera o comércio com outros 
países, abrindo-a ou fechando-a conforme lhe convenha. A arrecadação 
é apenas um efeito secundário da tarifa aduaneira. 
E o imposto de exportação? Em princípio, parece loucura um país 
restringir (inibir) suas exportações, não é mesmo? De fato, a tarifa de 
exportação é raramente utilizada pelas nações, pelo seu efeito negativo 
sobre as vendas ao exterior, o que não interessa ao país, pois ela torna 
seus produtos menos competitivos (mais caros) no mercado 
internacional, reduzindo, assim, a entrada de divisas. 
Vejamos um exemplo. O café brasileiro já foi objeto de aplicação de 
imposto de exportação. Por quê? Porque o preço da commodity no 
mercado internacional estava muitíssimo barato. Então o governo 
resolveu “segurar” as exportações de café. Como fez isso? Por meio da 
imposição de imposto de exportação. 
Uma "commodity" é uma mercadoria de base (produto primário) cujo 
preço é estabelecido com base em bolsa de mercadorias. Ex: petróleo, 
café, soja etc. 
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Professor: Luiz Roberto Missagia 
 
INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 
11 
Outro caso de utilização do imposto de exportação é a restrição da 
saída de determinado produto, por ser considerado escasso e essencial 
ao país. 
Já a tarifa de importação foi instrumento muito utilizado pelos países 
adeptos do modelo de substituição das importações. Esses países 
visualizavam o mercado doméstico para suas indústrias, dada a 
demanda por manufaturados importados, além de estarem se 
protegendo da competitividade externa. A partir da assinatura do GATT 
(1947), e posteriormente com a criação da OMC (1994), a tendência 
mundial foi de queda das tarifas impostas à importação de mercadorias 
pelos países. 
Apesar de o GATT instituir a tarifa como o meio adequado para se 
impor proteção às indústrias locais, seus Acordos previam a sua redução 
significativa e crescente, e assim, essa forma de proteção (a tarifa) 
passou a não ser mais de livre utilização pelos países como era até a 2ª 
Guerra Mundial. 
A imposição de tarifas possui dois objetivos muito claros: um 
econômico e outro fiscal. O objetivo econômico é o principal, qual seja, 
o de dificultar a entrada de produtos com similar nacional (tarifa 
protecionista). O objetivo fiscal, normalmente secundário, visa arrecadar 
mais, fortalecendo os cofres públicos (tarifa fiscal). Dificilmente um país 
utiliza o imposto de importação com o objetivo puramente arrecadatório. 
Vejamos. Suponha que um determinado produto importado custe US$ 
100 para o consumidor, enquanto que o nacional custa US$ 110. Se o 
governo tributar a importação do produto estrangeiro em 15%, este 
passará a custar US$ 115, ou seja, ficou mais caro em relação ao 
similar nacional. De uma maneira simplificada, uma tarifa sobre a 
importação desse bem gerará aumento no preço do produto importado. 
Conseqüentemente, os importadores terão que desembolsar mais pelo 
mesmo produto, oque resultará em redução da quantidade importada. 
Com isso, o preço do importado para o consumidor acabará se tornando 
igual (tarifa “científica”), ou até mesmo superior ao preço do nacional, 
dependendo do montante da tarifa. A produção nacional, por outro lado, 
aumentará, para atender os consumidores (suprimento de demanda). 
Importante lembrar que haverá queda na quantidade do produto 
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Professor: Luiz Roberto Missagia 
 
INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 
12 
importado caso a sua demanda seja elástica, ou seja, sofra influência do 
preço. De forma sintética, há demanda elástica de um produto quando 
uma redução no seu preço leva a um aumento significativo da sua 
procura. Um exemplo disso são os supérfluos. 
Vejam esse exemplo de “tarifa científica”: se um produto nacional 
custa R$ 120 e um importado semelhante custa o equivalente a R$ 100 
(mais barato), a aplicação de um imposto de importação à alíquota de 
20% igualaria o preço do importado ao preço do nacional. A esse tipo de 
política de tributação deu-se o nome de "tarifa científica". 
Modalidades de Tarifas 
Há dois tipos de tarifas, a específica e a advalorem. 
A tarifa específica é aquela aplicada por unidade de mercadoria. É 
um valor fixo em moeda nacional ou estrangeira. Por exemplo, cobra-se 
R$ 1,05 por garrafa de vinho importada. No Brasil é muito utilizada para 
o cálculo do IPI de bebidas e cigarros. Observe que esse tipo de tarifa é 
aplicado sobre a unidade de mercadoria, sendo irrelevante o preço 
praticado para esta mercadoria. Assim, se são importadas 1.000 
garrafas de vinho a US$ 2,50 cada, então: 
Tarifa específica = 1.000 x R$ 1,05 = R$ 1.050,00 
Já a tarifa advalorem é calculada como uma percentagem sobre o 
valor da mercadoria importada. É a modalidade mais comum. Supondo o 
exemplo anterior e dólar fiscal a US$ 1,00 = R$ 2,00, e tarifa = 20%, 
então teremos o valor da tarifa calculado da seguinte forma: 
Base de cálculo = 1.000 garrafas x US$ 2,50 = US$ 2.500,00 (valor 
da mercadoria importada em US$) 
A tarifa é (US$ 2.500,00 x 2 R$/US$) x 20% 
= R$ 5.000,00 x 20% = R$ 1.000,00. 
Argumentos favoráveis às tarifas 
Os argumentos utilizados pelos defensores das tarifas são basicamente 
os argumentos protecionistas. Eles alegam que estas são eficientes, pois 
proporcionam: 
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INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 
13 
1) Proteção de níveis de salário e de emprego, evitando a 
concorrência com mercadorias produzidas com mão-de-obra barata, 
além de possibilitar a produção de bens que antes das tarifas eram 
importados; 
2) Equiparação do preço do produto importado ao do produto nacional 
(“tarifa científica”), possibilitando e favorecendo a participação da 
produção doméstica na concorrência; 
3) Proteção das indústrias nascentes e das indústrias de produtos 
estratégicos (defesa nacional), apesar de prejudicar as indústrias do 
setor exportador; 
4) Garantia em atender à demanda em caso de corte de fornecimento 
externo; 
5) Fontes adicionais de receita, elevando a arrecadação; 
6) Melhorias no Balanço de Pagamentos, em função da redução das 
importações. 
BARREIRAS NÃO-TARIFÁRIAS (BNT) 
As barreiras não tarifárias são aquelas impostas pelos governos onde 
não se utiliza instrumento aduaneiro (imposto de importação ou de 
exportação). A OMC possui como regra condenar formalmente a 
utilização indiscriminada de barreiras ao comércio exterior que não 
sejam de cunho tarifário, por considerar a tarifa como instrumento de 
proteção mais transparente. Mesmo assim, este tipo de restrição vem 
sendo bastante utilizado pelos países, principalmente pelas nações 
desenvolvidas, em que pese o protesto das nações prejudicadas, já que 
o instrumento tarifário encontra muitas limitações, em função dos 
diversos compromissos e acordos multilaterais assinados pelos países. 
Vejamos o que isso quer dizer. O GATT estabeleceu que a proteção às 
indústrias nacionais, regra geral, só pode ser efetuada por meio de 
tarifas. E estas são controladas por critérios objetivos do Acordo. O GATT 
estabeleceu as alíquotas máximas que os países podem instituir como 
imposto de importação. As barreiras não-tarifárias, como regra, não são 
permitidas, exceto em casos justificados, como é o caso de exigências 
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14 
técnicas do país importador, como veremos a seguir. Ora, os países 
acabaram se agarrando a essa “brecha” do sistema para impor 
determinadas barreiras não-tarifárias, o que por vezes gera conflitos 
comerciais na OMC. 
Uma coisa é o país utilizar critérios justos, técnicos e 
internacionalmente reconhecidos para exigir, por exemplo, certificação 
de brinquedos importados. Outra coisa é o país “inventar” ou “forçar” 
regras intransponíveis que os produtos importados não possam cumprir, 
visando não uma proteção legítima ao consumidor, mas sim uma 
restrição à competição dos importados com os similares nacionais. O 
acordo sobre barreiras técnicas cuida exatamente para que isso não 
aconteça. 
Os tipos de barreiras não-tarifárias são relacionados a seguir. 
Cotas de importação (restrições quantitativas) 
Trata-se da barreira não-tarifária mais importante, onde se impõe uma 
restrição quantitativa direta a uma determinada mercadoria ou país, cuja 
importação ou exportação seja permitida. Funciona assim: o governo 
estabelece uma quantidade que pode ser importada para determinada 
mercadoria, por um período de tempo (ex: 01 ano). As importações 
excedentes a essa cota simplesmente não são autorizadas. As cotas 
podem ser globais (aplicadas a todos os países conjuntamente) ou 
nacionais (fixada para cada país separadamente), sempre fixadas para 
períodos (prazos) determinados. 
É um tipo de restrição mais dura que as tarifas, pois os parceiros 
comerciais (exportadores) não podem influenciar a quantidade 
importada nem com utilização da baixa dos preços dos seus produtos, ou 
seja, não há como importar após atingida a cota. 
Já no caso das tarifas, os exportadores estrangeiros poderiam 
compensar o seu efeito aumentando sua eficiência produtiva e obtendo 
redução no preço final de seu produto. Isto não ocorre no caso de 
imposição de cotas de importações, uma vez que estas determinam a 
quantidade máxima a ser importada, independentemente do preço. 
Atingida a cota de importação de determinado produto, fica proibida a 
sua importação a partir deste instante até que se reinicie o prazo, 
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15 
normalmente anual. Se a cota estourar, o exportador pode reduzir seu 
preço a quase zero que o produto não poderá entrar no país que instituiu 
a cota de importação. 
As cotas resultam em preços domésticos mais elevados, redução do 
consumo e da quantidade importada. A produção doméstica será 
aumentada. Nesse sentido, considera-se que as cotas resultam em um 
efeito protetor maior que o das tarifas. Tudo isso possui demonstrações 
matemáticas e econômicas, mas não creio que sejam objeto de questão 
de prova o domínio de tais equações e gráficos, por isso não inclui no 
curso. 
A vantagem da tarifa em relação à cota é que a sua imposição pode 
manter o consumo e ainda gerar receita. A cota, por sua vez, não gera 
receita alguma e restringe o consumo. 
No Brasil, utiliza-se o sistema de licenciamento, administrado pela 
SECEX, para controlar as quotas, que podem ser distribuídas por leilões 
públicos. Esta concessão de licenças por parte do governo há que ser 
bastante justa, sob pena de transformar o mercado em monopólio. 
Um exemplo de imposição de cotas no Brasil é o casodos tecidos. 
Se o Brasil impõe uma cota às importações de tecidos (ex: 1.000.000 
de quilos de tecido é o máximo que o país poderá importar no ano de 
2009), como serão distribuídas essas cotas? Que importadores as 
utilizarão? Quem importar primeiro??? O governo, para oferecer 
oportunidades iguais a todos os importadores, pode instituir um sistema 
de leilão para distribuir essas cotas de maneira justa. 
Normalmente as cotas são não tarifárias, ou seja, é estabelecida uma 
certa quantidade de mercadorias que se permitem importar ou exportar 
em determinado período. Existe um outro caso, não muito comum, que é 
a cota tarifária, quando é permitida a importação de determinada 
quantidade de mercadoria a uma certa alíquota do imposto de 
importação. Exemplo hipotético: no ano de 2009, somente será 
permitida a importação de 200.000 pares de sapato de couro a uma 
alíquota de 10% do imposto de importação. As importações de sapatos 
que ultrapassarem essa cota serão tributadas em 12%. 
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16 
Controle Cambial 
Atualmente, a grande maioria dos países utiliza o sistema de câmbio 
flutuante, onde o preço da moeda estrangeira (taxa de câmbio) é 
deixado para o mercado decidir, por meio do confronto entre as forças 
de demanda (procura) e oferta. 
Controle cambial ocorre quando o governo atua no mercado de divisas 
afetando a taxa de câmbio, seja por meio da fixação da taxa, da compra 
ou da venda de divisas. 
Se um país quer restringir as importações através da utilização deste 
mecanismo, basta elevar a taxa de câmbio. Sob estas circunstâncias, no 
caso brasileiro, os importadores teriam que pagar mais reais pela 
mesma importação em moeda estrangeira. 
Outro tipo de controle cambial, que já foi até adotado pelo Brasil, é a 
utilização das taxas múltiplas de câmbio. Por meio desta técnica, 
aplicam-se taxas mais elevadas para a importação de artigos de luxo e 
supérfluos, e taxas mais reduzidas na importação de produtos 
essenciais, ou ainda, uma taxa para importações e outra para 
exportações. É um sistema cambial hoje proibido pelo FMI (Fundo 
Monetário Internacional). 
Imaginem que o Brasil resolva que, com fim de proteger a indústria 
automobilística nacional, para as importações de automóveis será 
aplicada a taxa de câmbio de US$ 1 = R$ 5,00, enquanto que, para as 
demais importações valerá a taxa de câmbio de US$ 1 = R$ 2,00. Isso 
não é permitido mais hoje em dia. Mas imaginem que fosse. O que 
aconteceria? As importações de automóveis se tornariam extremamente 
custosas, sem prejuízo das importações dos demais produtos. Isso é um 
exemplo de taxas múltiplas de câmbio. 
Barreiras Técnicas 
É a barreira não-tarifária (BNT) mais comum nos dias atuais, e 
também a que gera mais controvérsias entre os países. Normalmente, 
quando a literatura e a imprensa se referem ao termo BNT (Barreiras 
Não-Tarifárias), o enfoque é exatamente sobre as barreiras técnicas, 
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17 
embora as barreiras técnicas sejam apenas uma das modalidades de 
barreiras não tarifárias. 
Também conhecida como protecionismo administrativo, consiste na 
aplicação de certas exigências formuladas na entrada de alguns produtos 
no país, com o objetivo de restringi-la. Este tipo de barreira não-tarifária 
tem sido muito utilizado pelos países desenvolvidos como alternativa às 
alíquotas do imposto de importação (direitos aduaneiros). 
Os países passaram a exigir, nas importações, o cumprimento de 
normas de segurança, sistemas de licença de importação, medidas 
fitossanitárias, exigências sobre modo de embalagem, certificados de 
adequação, normas de rotulagem, atestados e outras imposições. 
Na realidade, muitas destas exigências atendem a objetivos legítimos, 
tais como a segurança da população e a proteção ao meio ambiente. Por 
esse motivo a OMC prevê a sua imposição. Porém, o que se tem 
observado é que, em muitos casos, trata-se apenas de uma forma de 
disfarçar a verdadeira intenção, qual seja a de impor restrições às 
importações com o objetivo de proteção ao fabricante nacional. 
A OMC procura garantir a liberdade dos países de determinarem seus 
padrões de exigência sobre o consumo de alguns produtos. Estas 
exigências têm de ser baseadas em padrões internacionalmente aceitos 
e transparentes. Porém, muitas vezes a exigência esconde uma barreira 
comercial praticamente intransponível aos exportadores, cujo objetivo 
real é a proteção às indústrias domésticas. 
Com a crescente redução das tarifas de importação, essas barreiras 
técnicas ganham cada vez maior importância no comércio internacional. 
Para a OMC, são barreiras técnicas aquelas impostas sem base em 
normas internacionalmente aceitas, ou com a utilização de regulamentos 
técnicos não transparentes, ou ainda, aquelas que derivem de uma 
avaliação de conformidade não-transparente e/ou demasiadamente 
onerosa ou excessivamente rigorosa. 
Os países-membros da OMC assinaram o Acordo sobre Barreiras 
Técnicas (TBT), que determina que os países devem manter centro de 
informações a respeito de seus regulamentos e normas técnicas, assim 
como de seus procedimentos de avaliação de conformidade. 
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18 
Operações Governamentais (monopólio) 
É quando o governo assume o monopólio nas operações de comércio 
internacional para determinados produtos, instituindo que somente 
agentes públicos podem praticar atividades de importação ou de 
exportação de algum produto. Este procedimento foi utilizado no 
passado pelo Brasil na importação de trigo e petróleo e na exportação de 
açúcar. Não é muito comum nos países com economias de mercado. 
Acordos de Restrição Voluntária às Exportações (RVE) 
Esta prática ou restrição, também conhecida como Acordo 
Voluntário de Exportação, ocorre quando um país importador induz 
uma outra nação a reduzir as suas exportações de um determinado 
produto “voluntariamente”, sob a ameaça de aplicação de restrições 
comerciais abrangentes mais elevadas, quando estas exportações 
comprometem a indústria doméstica do país importador. 
Este procedimento foi muito utilizado pelos EUA e pela União Européia, 
visando reduzir as importações de têxteis, aço, eletrônicos e automóveis 
oriundas de Japão, Coréia e de outras nações. Estas medidas 
beneficiavam as indústrias maduras, que enfrentavam queda no 
emprego nos países industrializados, em conseqüência da crise dos anos 
80. A Rodada Uruguai (1994) veio a exigir a eliminação das RVE em um 
período de dez anos. Hoje eles já não existem mais, ou, pelo menos, não 
deveriam mais existir. 
Vejamos um exemplo. Imagine que uma empresa brasileira esteja 
vendendo muito suco de laranja para os EUA, mas muito mesmo, a 
ponto de ameaçar a existência dos produtores de suco americanos. Aí o 
governo americano chega para o brasileiro e diz: "olha só, ou vocês 
impõem alguma restrição às exportações de suco "voluntariamente", ou 
nós iremos impor uma barreira (tarifa, cota etc.) para limitar a entrada 
desse suco de laranja de vocês aqui no nosso país! Pode ser ou tá 
difícil?" O que vocês acham que o governo brasileiro iria fazer? Bom, se 
aceitasse, estaria fechado um AVE (ou RVE). Nesse caso, o governo 
brasileiro teria que se virar para reduzir a exportação de suco de laranja 
para os EUA, por meio da instituição de tarifa de exportação, cota ou 
outro mecanismo. Ainda bem que a OMC resolveu acabar com isso. 
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Compras Governamentais 
Uma outra formade protecionismo administrativo consiste na 
concessão, pelo governo, de vantagem aos fornecedores domésticos nas 
concorrências públicas (as chamadas compras governamentais). A 
Rodada de Tóquio do GATT foi a primeira a procurar regular esta prática, 
de forma a proporcionar oportunidade justa aos fornecedores 
estrangeiros. Esse assunto é de grande interesse dos EUA, já que os 
americanos anseiam pela igualdade de condições com as empresas 
domésticas dos demais países nas licitações internacionais dos outros 
países. É certo que eles querem uma fatia nesse grande consumidor que 
é o governo. 
As Compras Governamentais se referem às aquisições realizadas pelo 
Governo (licitações internacionais). Imaginem o Governo brasileiro 
abrindo uma licitação internacional para fornecimento de material para 
reforma do Palácio do Planalto, em Brasília. Países como EUA querem 
que nessas licitações sejam oferecidas oportunidades iguais aos 
concorrentes estrangeiros (leia-se americanos), para que suas empresas 
também possam participar dessa "boquinha". 
As restrições impostas à participação de empresas estrangeiras são 
consideradas barreiras às importações. 
A idéia de um Acordo de Compras Governamentais é estabelecer 
critérios justos de participação para empresas estrangeiras em licitações 
internacionais. As empresas americanas querem igualdade total de 
condições com as empresas brasileiras para vender bens ou serviços ao 
nosso governo, valendo o mesmo para os demais países do acordo. É 
isso. Quando o governo favorece a empresa nacional nesse tipo de 
negócio, diz-se que é uma barreira ao comércio, pois, ao invés de 
comprar de estrangeiro, o governo irá comprar de empresa nacional 
mesmo. 
MEDIDAS COMPENSATÓRIAS, ANTIDUMPING DE 
SALVAGUARDA 
As medidas anti-dumping, compensatórias e de salvaguarda são as 
chamadas medidas de defesa comercial, ou seja, proteção contra a 
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20 
prática desleal de comércio. Tal a importância do tema, foi separado em 
tópico próprio, quando serão estudadas por completo. Apenas 
chamamos a atenção ao fato de que as medidas adotadas contra as 
práticas desleais são efetivadas por meio de alíquotas adicionais, 
sendo objeto de acordos específicos na OMC. São também consideradas 
barreiras não-tarifárias ao comércio internacional, pois não se referem à 
tarifa aduaneira (imposto de importação). Uma coisa é o imposto de 
importação; outra são as alíquotas anti-dumping, compensatórias e de 
salvaguarda. Apenas as medidas de salvaguarda é que podem ser 
implementadas como elevação (temporária) do imposto de importação. 
Então, para um país aplicar uma medida como essas, há de obedecer 
a uma série de regras estabelecidas no âmbito da OMC, para ser 
considerada uma medida de defesa legítima, e não uma barreira às 
importações de determinado produto com o fim de proteção à indústria 
nacional. 
Então, para o escopo dessa aula, basta saber que as medidas 
antidumping (para combater o dumping), compensatórias (para 
combater os subsídios) e as medidas de salvaguarda (para se resguardar 
contra os efeitos do aumento repentino e significante das importações de 
um produto) também são barreiras não-tarifárias às importações. 
 
------------------------- x ------------------------ 
Veja perguntas e respostas de curso anterior: 
Pergunta: “A imposição de tarifas sobre as importações proporciona 
proteção às indústrias nascentes e às indústrias de produtos 
estratégicos, apesar de prejudicar as indústrias do setor exportador. Eu 
não consigo visualizar esse ultimo caso: ´como essas tarifas prejudicam 
as indústrias do setor exportador?´" 
Resposta: “É porque o setor exportador necessita de concorrência 
para se modernizar. Com a tarifa, o mercado interno se torna cativo, 
mas o mercado externo fica difícil de conquistar. Até porque, se um país 
impõe tarifas na importação, os outros países também não "deixarão 
barato", e colocarão suas barreiras aos nossos produtos, como 
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21 
retaliação. Pra ter comércio, os países têm que se abrir. Não há como só 
exportar. Alguém tem que importar.” 
............ 
 
Pergunta: “1) Devo entender que a princípio as COTAS serão sempre 
BNT, pois no penúltimo parágrafo do tópico "Cotas de Importação" o 
Senhor falou da existência de Cotas tarifárias. 2) No tópico "Barreiras 
Técnicas", no penúltimo parágrafo, 2º período você está se referindo as 
barreiras técnicas ILEGITIMAS? Afinal, as barreiras técnicas são admitas 
quando amparadas por evidências científicas.” 
Resposta: 
1) A cota é uma BNT. Mas existe a "cota tarifária". É quando o governo 
permite, por exemplo, uma determinada quantidade de importações a 
uma alíquota de 5%. Ultrapassado o limite, a alíquota passa a ser de 
10%. Mesmo assim, a cota se refere a quantidade, portanto é uma 
barreira não-tarifária. A cota tarifária é a aplicação de uma cota 
conjugada com patamares de tarifa. 
2) Isso mesmo. 
 
............ 
 
 
RESUMO 
1. O desenvolvimento econômico de um país está normalmente 
associado ao grau de industrialização em que o mesmo se 
encontra. 
2. As teorias clássicas, encabeçadas por Adam Smith, pregavam a 
idéia de que o comércio internacional livre certamente levaria ao 
crescimento econômico. 
3. Quase todos os países utilizaram algum grau de proteção às suas 
indústrias nascentes para se desenvolverem, como foi o caso dos 
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22 
EUA, do Japão, da Rússia, da Alemanha e dos países da América 
Latina. 
4. Os países exportadores de produtos industrializados sempre 
obtiveram maiores ganhos com o comércio do que os 
exportadores de produtos básicos, que viram seus termos de 
troca internacionais serem deteriorados. 
5. Um dos motivos para essa deterioração é que o aumento da 
renda nos países desenvolvidos não fez com que a procura pelos 
bens primários exportados pelos países subdesenvolvidos 
aumentasse na mesma proporção. 
6. No século XX não valia mais a idéia de que o comércio era o 
motor do crescimento. O desenvolvimento dependeria então de o 
país possuir indústria diversificada, mão-de-obra qualificada e 
tecnologia. 
7. Para atingir o desenvolvimento industrial, foram adotados dois 
modelos: a industrialização voltada para dentro (modelo de 
substituição de importações) e a industrialização voltada para 
fora (modelo exportador). 
8. O modelo de substituição de importações foi adotado por muitos 
países da América Latina (dos anos 50 até o final dos anos 80), 
impulsionado pelos estudos de Prebisch. 
9. Presbisch afirmava que os países da América Latina deveriam se 
industrializar para poder exportar produtos manufaturados, e aí 
sim obter ganhos com o comércio. 
10. As idéias de Prebisch foram complementadas, no sentido de que 
os EUA não importavam muitos produtos primários, por serem 
auto-suficientes na agricultura. A descoberta e fabricação de 
sintéticos, que aos poucos substituíam alguns produtos básicos, 
exportados pelos países em desenvolvimento, contribuía ainda 
mais para prejudicar a situação dos países em desenvolvimento. 
11. O modelo de substituição de importações era protecionista, ou 
seja, consistia em instituir barreiras às importações de similares 
aos produtos nacionais, reservando o mercado local para o 
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23 
produtor doméstico, permitindo a criação de indústrias nos países 
que o adotassem. 
12. O modelo de substituição de importações fezcom que as 
indústrias desses países se tornassem pouco competitivas e 
atrasadas, além de provocar elevação dos preços internos, 
devido à falta de concorrência. 
13. O modelo exportador (liberal) consistia em adotar o comércio 
livre, sem restrição às importações ou exportações. A produção 
era voltada para abastecer o mercado externo. 
14. O modelo exportador foi adotado com sucesso pelos Tigres 
Asiáticos, pois o mercado consumidor era ilimitado, permitindo 
alcançar ganhos de escala na produção. 
15. As modalidades de barreiras ao comércio são: tarifárias e não 
tarifárias. 
16. Barreira Tarifária é a imposição de um gravame (ou direito) 
aduaneiro às importações ou às exportações. São os tributos 
externos (imposto de importação e imposto de exportação), 
também chamados de tarifas aduaneiras. É o tipo de barreira 
mais transparente e, segundo as regras da OMC, é a única 
modalidade permitida para proteção às indústrias nascentes. 
17. Barreiras Não-Tarifárias (BNT) são as que não utilizam o 
instrumento aduaneiro (tarifa) para impor uma restrição ao 
comércio. Podem ser de vários tipos, tais como: controles 
cambiais, cotas de importação ou de exportação, medidas de 
defesa comercial (antidumping, compensatórias e de 
salvaguarda), ou baseada em regulamentos de proteção à saúde, 
segurança e meio ambiente. 
18. Essa última modalidade, conhecida como barreira técnica, tem 
sido muito utilizada pelos países desenvolvidos que, quando 
querem proteger determinado setor produtivo, impõem uma 
série de restrições técnicas às importações de similares 
concorrentes. São certificações ou qualificações muitas vezes 
impossíveis de ser alcançadas, que acobertam o real interesse de 
impedir ou reduzir a entrada do produto concorrente no país. 
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EXERCÍCIOS COMENTADOS 
1. (AFTN/96) O crescimento econômico é um fenômeno complexo que 
tem sido tradicionalmente associado ao comércio internacional a ponto 
de muitos analistas terem caracterizado o comércio como o motor do 
crescimento (engine of growth). Isto porque, ao longo do século XIX, o 
comércio mundial cresceu muito mais do que o produto mundial. 
a) Por essa razão, os países industrializados têm índices mais 
elevados de participação no comércio internacional; 
b) Por essa razão, os países industrializados e mais ricos apresentam 
relações mais elevadas entre o volume de seu comércio exterior e o seu 
produto interno bruto (PIB); 
c) Este fato não é suficiente para explicar nem os índices de 
participação de um país no conjunto do comércio internacional, nem a 
relação entre o volume do comércio exterior e o produto interno bruto de 
um país; 
d) Este fato explica porque os países vão se tornando cada vez mais 
protecionistas, na medida em que promovem o crescimento e a 
consolidação de sua economia; 
e) Este fato explica porque as principais teorias ou modelos de análise 
do desenvolvimento econômico consideram o comércio o fator 
determinante das demais variáveis econômicas. 
 
RESOLUÇÃO: 
 
A questão pede a conseqüência da afirmação de que o comércio é o 
motor do crescimento, visto que o volume das trocas internacionais 
aumentou muito mais do que o produto nacional. 
O fato de os países industrializados terem uma participação maior no 
comércio mundial não é conseqüência do fato de o comércio ser, por 
muito tempo, considerado como o motor do crescimento. Sua maior 
participação deve-se à grande demanda pelos produtos que fabricam, 
com alto valor agregado. 
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25 
O crescimento econômico, conforme verificamos nas doutrinas mais 
modernas, não está associado somente e diretamente ao comércio 
internacional, mas sim ao volume de investimentos realizados no país 
em infra-estrutura, educação, saúde, turismo etc. 
Resposta: Letra C 
 
2. (AFRF/2000) Os fundadores da teoria do desenvolvimento, que 
provinham principalmente da economia dos anos cinqüenta, como 
Nurkse, Myrdall, Rosenstein-Rodan, Singer, Hirschmann, Lewis e, 
certamente, Prebisch, não só centraram sua análise nas diferenças 
estruturais existentes entre os países desenvolvidos e os países em 
desenvolvimento, mas também postularam, a partir de ângulos distintos, 
que a forma de funcionar dos países desenvolvidos constitui a causa 
principal do subdesenvolvimento destes últimos. 
 As estratégias de desenvolvimento recomendadas e seguidas nos 
países subdesenvolvidos – e especialmente na América Latina – 
tenderam a ser diametralmente opostas às políticas dos países 
industriais. Com efeito, devido à tendência secular de deterioração dos 
termos de intercâmbio dos produtos industriais que os países 
desenvolvidos exportavam e os bens primários que exportavam os 
países atrasados, a única solução a médio e longo prazos para estes 
últimos seria modificar sua inserção na economia mundial, produzindo 
localmente aqueles bens industriais que antes importavam, através de 
políticas que procurassem substituir essas importações, criando uma 
indústria nacional protegida pelo Estado. 
a) Por essa razão, a transferência de população do setor primário para 
o setor industrial contribui, em muitos casos, para a degeneração do 
nível de vida dessa população. 
b) Por essa razão, os países subdesenvolvidos, pesadamente 
dependentes da produção e exportação de produtos primários, acabam 
rejeitando a teoria das vantagens comparativas e procuram 
industrializar-se a qualquer custo. 
c) Por essa razão, os governantes dos países subdesenvolvidos 
procedem unicamente do ponto de vista político, evitando introduzir 
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26 
indústrias em seu país, pois politicamente, não aumentarão seu prestígio 
junto à população. 
d) Por essa razão, países como o Brasil, procuraram dedicar-se 
somente à produção de um único artigo (soja, por exemplo). Dessa 
forma, ele poderá utilizar parte dos fatores na produção da soja, mas o 
restante poderá aplicar na produção de outros artigos, mesmo 
sofisticados, como automóveis, computadores e aviões. 
e) Por essa razão, os países subdesenvolvidos e em desenvolvimento 
procuram manter a capacidade de produzir um único artigo, considerado 
estratégico, tal como combustível, café, armamento bélico etc., mesmo 
que tal atitude seja desinte¬ressante em termos puramente econômicos. 
 
RESOLUÇÃO: 
 
Os países subdesenvolvidos, dependentes de exportações de produtos 
primários, onde possuíam vantagens comparativas, viam suas condições 
de troca no cenário internacional cada vez piores, devido à baixa 
demanda por seus produtos. Daí a adoção do modelo de substituição das 
importações, diversificando seu setor produtivo, com o objetivo de se 
industrializar a qualquer custo, ao invés de ficar na dependência de 
importação desses produtos, como determinava a teoria das vantagens 
comparativas. 
Resposta: Letra B 
3. (AFRF/2000) As Barreiras Não-Tarifárias (BNT) são freqüentemente 
apontadas como grandes obstáculos ao comércio internacional. Podem 
vir a se constituir Barreiras Não-Tarifárias (BNT) todas as modalidades 
abaixo, exceto: 
a) Direitos Aduaneiros; 
b) Normas de segurança; 
c) Quotas; 
d) Sistemas de Licença de Importação; 
e) Medidas fitossanitárias. 
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INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 
27 
 
RESOLUÇÃO: 
 
Direitos (ou gravames) aduaneiros (letra a) são os impostos sobre a 
importação ou sobre a exportação. São as barreiras tarifárias. Todas as 
demais alternativas (letras b, c, d, e)apresentam modalidades de 
barreiras não-tarifárias. 
Resposta: Letra A 
 
4. (AFRF/2000) Entre as razões abaixo, indique aquela que não leva à 
adoção de tarifas alfandegárias. 
a) Aumento de arrecadação governamental; 
b) Proteção à indústria nascente; 
c) Estímulo à competitividade de uma empresa; 
d) Segurança nacional (defesa); 
e) Equilíbrio do Balanço de Pagamentos. 
 
RESOLUÇÃO: 
 
O aumento da arrecadação normalmente não é o objetivo principal da 
imposição de tarifas (letra a). Mas não podemos dizer que isso não leva 
a adoção das mesmas, já que essa elevação da arrecadação em função 
da tarifa pode vir a ser significativa para o país. 
Além disso, a letra C apresenta uma condição que é o oposto do 
protecionismo. A imposição de tarifas jamais vai estimular a 
competitividade de uma empresa, pois tornará difícil a participação no 
mercado nacional de empresas estrangeiras. 
As alternativas b, d, e e são objetivos típicos da imposição de tarifas 
(protecionismo). 
Resposta: Letra C 
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5. (AFRF/2000) Não constitui prática restritiva adotada pelos 
governos: 
a) Acordos de preços predatórios para os produtos exportados e para 
os produtos de venda doméstica. 
b) Manutenção de barreiras à entrada no mercado de produto 
estrangeiro para proteger o produtor doméstico. 
c) Estabelecimento de relações privilegiadas fornecedor-cliente, 
impedindo acesso ao mercado de fornecedores externos. 
d) Negociação de acordos voluntários de exportação. 
e) Formação e operação de cartéis de crise, cujo objetivo é a 
recuperação de indústrias em dificuldade. 
 
RESOLUÇÃO: 
Acordo de preços predatórios não é medida restritiva, mas sim prática 
desleal de comércio, conhecida como dumping. 
Resposta: Letra A 
 
6. (ACOMEX/98) Alguns países alegam que seu comércio externo é 
afetado pela ação de governos de outros países, como os Acordos 
Voluntários de Exportações (VERs). Esses acordos têm como objetivo 
principal: 
a) estimular as exportações; 
b) canalizar as exportações para um determinado produto; 
c) aumentar a qualidade das importações, com a imposição de 
normas de segurança e de higiene (aspectos fitossanitários); 
d) levar o país a equilibrar suas exportações, como em um sistema de 
compensações; 
e) limitar as importações de um dado produto. 
 
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INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 
29 
RESOLUÇÃO: 
 
Os Acordos voluntários de exportação, ou Restrições Voluntárias às 
Exportações (RVE) são acordos onde um país (A), que se sente 
prejudicado pelas importações oriundas de outro país (B), ameaça 
aplicar restrições às importações de B caso este não reduza 
voluntariamente suas exportações para A. Com o acordo, o país A 
conseguirá a redução das importações originárias de B. 
 
Resposta: Letra E 
Veja pergunta de curso anterior: 
Pergunta: “Professores, a questão 6, o enunciado fala que ´Alguns 
países alegam que seu comércio externo é afetado pela ação de 
governos de outros países...´. Isso me levou a entender que esses 
países reclamantes são aqueles que devem limitar as exportações para 
evitar um aumento de alíquota de II nos países importadores. Nesse 
caso, imaginei a letra D como correta. Não poderia ser? OBRIGADO!” 
Resposta: “Pelo início do enunciado, até poderíamos pensar nisso 
que você falou, mas eu creio que o objetivo do examinador foi outro. 
Ademais, o enunciado fala em objetivo principal dos acordos voluntários, 
e aí podemos responder limitação das importações (letra E). Outro 
problema da letra D é que ela fala em sistema de compensações, que é 
outra coisa (compensação de pagamentos internacionais no âmbito de 
um bloco comercial).”. 
 
 
7. (ACOMEX/2002) A respeito dos processos de industrialização por 
substituição de importações é correto afirmar o seguinte: 
a) historicamente, tais processos favoreceram o desenvolvimento 
tecnológico em escala global, já que as economias mais atrasadas 
alcançam condições para desenvolver indústrias que passarão a competir 
com as das economias desenvolvidas. 
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INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 
30 
b) no que concerne às políticas públicas implementadas pelos 
governos, assemelham-se aos processos de industrialização baseados 
em atividades orientadas para exportações. Diferenciam-se apenas pela 
ênfase na diversificação da pauta de importações. 
c) mostraram-se eficientes ao longo do século XX, como ilustra o 
desempenho dos chamados “Tigres Asiáticos”. 
d) aceitando-se que podem ser bem sucedidos, implicam a 
necessidade da opção, pela sociedade que os implementam, de financiar 
um setor econômico específico, uma vez que requerem a imposição de 
políticas que distorcem, a um tempo, os fluxos comerciais e a alocação 
eficiente dos fatores de produção internos. 
e) para que sejam implementados inteiramente, requerem a efetiva 
realização de uma reforma agrária. 
 
 
RESOLUÇÃO: 
(a) (ERRADA) O sistema de substituição de importações não favoreceu 
o desenvolvimento tecnológico em escala global, visto que o tamanho do 
mercado doméstico, onde atuariam as indústrias, é limitado. 
(b) (ERRADA) O modelo orientado para as exportações é totalmente 
diferente do modelo de substituição das importações, a começar pela 
liberdade comercial que prega. 
(c) (ERRADA) O modelo que se mostrou eficiente com os “Tigres 
Asiáticos” foi o modelo exportador. 
(d) (CORRETA) A imposição de tarifa em um setor é uma escolha 
governamental. Porém, trata-se de um setor ineficiente que o governo 
tenta incentivar, propiciando a migração artificial de mão-de-obra e 
outros fatores de produção, o que gerará uma má alocação de tais 
recursos produtivos. 
(e) (ERRADA) Não há correlação entre o modelo de substituição de 
importações e a reforma agrária. Aliás, o objetivo do modelo é propiciar 
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INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 
31 
a industrialização do país, transferindo recursos produtivos do campo 
para a cidade. 
Resposta: Letra D 
 
8. (AFRF/2003) Sobre o protecionismo, em suas expressões 
contemporâneas, é correto afirmar-se que: 
a) tem aumentado em razão da proliferação de acordos de alcance 
regional que mitigam o impulso liberalizante da normativa multilateral. 
b) possui expressão eminentemente tarifária desde que os membros 
da OMC acordaram a tarifação das barreiras não-tarifárias. 
c) assume feições preponderantemente não-tarifárias, associando-se, 
entre outros, a procedimentos administrativos e à adoção de padrões e 
de controles relativos às características sanitárias e técnicas dos bens 
transacionados. 
d) vem diminuindo progressivamente à medida que as tarifas também 
são reduzidas a patamares historicamente menores. 
e) associa-se a estratégias defensivas dos países em desenvolvimento 
frente às pressões liberalizantes dos países desenvolvidos. 
 
RESOLUÇÃO: 
Falamos sobre isso no curso. Com a imposição de limites pela OMC 
para as tarifas de importação a serem aplicadas sobre as importações, 
um critério objetivo e fácil de se aferir, restou aos países a aplicação de 
procedimentos administrativos (barreiras não-tarifárias), sob o título de 
“controles rígidos de qualidade”, ou “certificados técnicos de controle”, 
como tentativa de aplicar uma barreira à importação disfarçada, para 
proteger determinado setor produtivo doméstico. É o “protecionismo 
moderno”. 
A letra E está errada porque o enunciado fala em protecionismo 
contemporâneo. E então, nesse caso, como as barreirastarifárias 
encontram-se bastante reduzidas, os países desenvolvidos agora é que 
procuram proteger seus setores produtivos da concorrência de 
exportadores eficientes dos países emergentes. Para isso utilizam 
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INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 
32 
barreiras não-tarifárias. A coisa se inverteu um pouco. A assertiva não é 
absurda, mas pelo enunciado, a letra C contemplava o que o examinador 
queria. 
 
 Resposta: Letra C 
 
9. (AFRF/2002-2) A literatura econômica afirma, com base em 
argumentos teóricos e empíricos, que o comércio internacional confere 
importantes estímulos ao crescimento econômico. Entre os fatores que 
explicam o efeito positivo do comércio sobre o crescimento destacam-se: 
a) a crescente importância dos setores exportadores na formação do 
Produto Interno dos países; as pressões em favor da estabilidade 
cambial e monetária que provêm do comércio; e o aumento da demanda 
agregada sobre a renda. 
b) a melhor eficiência alocativa propiciada pelas trocas internacionais; 
a substituição de importações; e a conseqüente geração de superávits 
comerciais. 
c) a crescente importância das exportações para o Produto Interno 
dos países; a importância das importações para o aumento da 
competitividade; e o melhor aproveitamento de economias de escala. 
d) os efeitos sobre o emprego e sobre a renda decorrentes do 
aumento da demanda agregada; e o estímulo à obtenção de saldos 
comerciais positivos. 
e) a ampliação de mercados; os deslocamentos produtivos; e o 
equilíbrio das taxas de juros e dos preços que o comércio induz. 
 
RESOLUÇÃO: 
 
(a) (ERRADA) A estabilidade cambial não explica o efeito positivo do 
comércio sobre o crescimento, mas é uma condição necessária para que 
as trocas internacionais possam crescer cada vez mais. Demanda 
Agregada é uma variável econômica que consiste no somatório do 
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INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 
33 
consumo das famílias (C), dos Investimentos (I), do Governo (G) e da 
demanda líquida do setor externo (exportações menos importações). 
Maiores detalhes sobre isso na aula de economia. 
(b) (ERRADA) O modelo de substituição das importações é restritivo 
ao comércio. 
(c) (CORRETA) O comércio livre possibilita a concorrência saudável 
com os produtos estrangeiros importados, além de permitir que o país 
possa exportar cada vez mais, aproveitando os ganhos de escala. 
(d) (ERRADA) Não necessariamente haverá aumento da demanda 
agregada, que depende de outros fatores como investimentos, consumo 
e gastos do governo. 
(e) (ERRADA) O comércio não necessariamente traz o equilíbrio das 
taxas de juros. 
Resposta: Letra C 
 
10. (APEX/2009 - adaptada) Assinale a alternativa incorreta em 
relação às barreiras tarifárias e não tarifárias: 
a) Subsídios são benefícios concedidos pelos governos a determinados 
setores. 
b) Salvaguarda significa aumentar permanentemente a tarifa sobre 
produtos estrangeiros. 
c) Dumping é o uso de certas medidas para tornar o produto 
importado mais barato no país de destino do que no de origem. 
d) Cotas são restrições quantitativas na importação de determinados 
produtos. 
e) Regras de origem são normas aplicadas para verificar a verdadeira 
origem de um produto. 
 
Resolução 
Conforme visto as salvaguardas são restrições temporárias impostas 
às importações de determinado produto, devido ao súbito aumento na 
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INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 
34 
quantidade apurada de importações. A medida só deve ser aplicada pelo 
tempo necessário que país importador precise para se preparar para a 
concorrência. 
 
Resposta: Letra B 
 
11. (CESPE/ICMS-ES/2008) Os acordos da OMC, que englobam o 
GATT 1947 e os resultados da Rodada Uruguai, fixam as regras que 
devem ser observadas no comércio internacional, em que tais normas 
são pautadas pelos próprios objetivos da OMC, que repetem os princípios 
do referido GATT. Acerca desses princípios, julgue os itens seguintes 
(Certo ou Errado). 
 
- O princípio da proibição das restrições quantitativas tem como 
objetivo evitar as restrições não-alfandegárias ao comércio, uma vez que 
tais restrições são menos perceptíveis e mais difíceis de controlar. 
 
Resolução 
A OMC instituiu a tarifa (direito aduaneiro) como a proteção mais 
transparente e justa. Assim, como regra, caso haja necessidade de 
utilização de uma proteção comercial, deve-se utilizar a tarifa, e não a 
cota. 
 
Resposta: Certa (C) 
 
Veja pergunta de curso anterior: 
Pergunta: “Professor, sobre a questão 11 (considerada correta): - 
podemos afirmar que restrições quantitativas são "menos" perceptíveis? 
Grato pela atenção”. 
Resposta: “Entendo que as características de "menos perceptíveis" e 
"mais difíceis de controlar" se referem às restrições não-alfandegárias 
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INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 
35 
em geral, citadas na assertiva. É o caso, por exemplo, dos subsídios. 
Quanto às restrições quantitativas, que são espécies de restrições não-
alfandegárias, de fato não são "menos perceptíveis". Isso tornou a 
questão um pouco confusa, concordo com você. Se o examinador tivesse 
utilizado subsídio danoso ao invés de restrições quantitativas ficaria 
melhor. 
Outro aspecto interessante é que as cotas são distribuídas pelo 
governo. Se o critério não for claro, contraria o princípio da 
transparência. Talvez seja isso que ele quis dizer com ´menos 
perceptíveis´”. 
 
 
(CESPE/ACE-MDIC/2008) A internacionalização crescente do espaço 
econômico faz que o estudo da teoria do comércio internacional, 
incluindo os aspectos macro e microeconômicos das economias abertas, 
seja fundamental para uma inserção adequada no cenário mundial. 
Acerca desse assunto, julgue os itens a seguir. 
 
12. De acordo com a hipótese do crescimento empobrecedor, os 
efeitos perversos sobre os termos de troca, decorrentes do crescimento 
econômico baseado nas exportações, serão tanto mais elevados quanto 
mais inelástica for a curva de oferta e demanda relativa mundial dos 
produtos transacionados. 
 
Resolução: 
O termo “demanda inelástica” pelos produtos exportados pelos 
países em desenvolvimento significa que os consumidores irão comprar 
(importar) esses produtos até uma certa quantidade. A partir de um 
determinado ponto, a demanda não avança. Ninguém aumentará 
indefinidamente o consumo de arroz e feijão só porque o preço caiu ou 
porque a pessoa está ganhando mais. Isso vale até saciar a necessidade 
básica, que no caso é a alimentação. 
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INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 
36 
Essa inelasticidade prejudica (e muito) a situação dos países em 
desenvolvimento, que exportam esse tipo de bem. É a tese de 
deterioração dos termos de troca. 
Vimos que a demanda por produtos naturais (primários) não aumenta 
tanto se aumentar a renda. Por isso diz-se que a demanda por esses 
produtos é inelástica em relação à renda. Por outro lado, a demanda 
pelos produtos industrializados aumenta mais se a renda aumenta. Por 
isso, sua demanda é considerada elástica. Assim, os preços dos produtos 
básicos aumentam menos proporcionalmente do que os preços dos 
produtos industrializados. Isso faz com que a OFERTA (pelos produtos 
primários) não aumente tanto. Por isso a oferta também é considerada 
inelástica. Esse ciclo amarrado fez surgir a tese de deterioração dos 
termos de troca, e foi terrível para os países que eram exportadores de 
produtos primáriose queriam se desenvolver. Daí o surgimento do 
modelo substituição de importações, para que eles passassem a produzir 
bens industrializados. 
A hipótese do "crescimento empobrecedor" está associada a Teoria de 
Deteioração dos Termos de Troca. Resumindo, um país que se 
especialize em exportação de produtos primários pode vir a exportar 
cada vez mais, porém esse "crescimento" não gera renda, uma vez que 
o preço internacional desse tipo de produto sempre cai em relação aos 
produtos industrializados. 
Resposta: Certa (C) 
 
(CESPE/ACE-MDIC/2008) Em relação aos modelos de industrialização 
e suas implicações sobre as políticas comerciais, julgue os itens 
subseqüentes. 
13. Estratégias de desenvolvimento por meio da substituição de 
importações tendem a incluir um viés em favor do setor urbano 
industrial porque essas políticas, além de insularem o setor industrial da 
concorrência internacional, contribuem também para reduzir o 
desemprego urbano, elevar os preços agrícolas e valorizar as taxas de 
câmbio. 
Resolução: 
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37 
Como se sabe, a revolução industrial trouxe como grande inovação a 
utilização de máquinas para produzir, em grande escala, o que muitos 
trabalhadores outrora produziam em um mesmo intervalo de tempo e a 
um custo reduzido. Sendo assim, quando se beneficia o setor industrial, 
teoricamente a tendência é gerar desemprego. 
Imagine um país eminentemente agrícola, cuja força produtiva se 
concentre no trabalho manual. De repente, esse país resolve importar 
diversas máquinas, para fazer o mesmo trabalho que muitas pessoas 
antes faziam. Em um país produtor de máquinas, os trabalhadores são 
deslocados para o setor industrial. Em um país que não fabrica 
máquinas, a tendência é que essas pessoas saiam do campo para a 
cidade, em busca de emprego, normalmente sem sucesso, já que não se 
abriram tantas vagas no setor industrial. 
Resposta: Errada (E) 
Veja pergunta de curso anterior: 
Pergunta: “Professor, na questão 13 entendi que com a substituição 
das importações, cria-se espaço para a implantação industrial (mesmo 
que ineficiente) absorvendo parte da mão-de-obra urbana e, 
consequentemente, reduzindo o desemprego (pelo menos em um 
primeiro momento). Com o êxodo rural e a diminuição da exportação 
dos agrícolas os preços dos mesmos sobem e com a redução das 
importações ocorre uma valorização do câmbio... O erro do meu 
pensamento está só em relação ao desemprego? e quanto aos outros 
itens?” 
Resposta: “De fato nada garante a redução do desemprego, pelos 
motivos expostos na resolução da questão. Além do mais, a redução das 
exportações dos produtos agrícolas não necessariamente fará com que 
ocorra elevação do preço, por se tratar de bens com baixa elasticidade.” 
 
 
 
 
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38 
14 . Os ganhos derivados do uso de políticas industriais orientadas 
para as exportações serão mais elevados quando adotadas por países 
pequenos, em que os setores potencialmente exportadores apresentam 
substanciais economias internas de escala. 
Resolução: 
Ganho de escala significa que, com o mesmo custo fixo, a produção 
seja aumentada. Em um país pequeno, a produção, antes de ser voltada 
para exportações, era pequena. Então o espaço para crescer é enorme. 
Já em uma grande economia (país grande), a produção anterior já seria 
teoricamente elevada para atender a demanda interna. Por isso o espaço 
para crescer seria menor. 
A produção era pequena em relação ao mercado externo 
(exportações). Em relação ao mercado interno, se há uma forte 
produção em escala, isso significa que um aumento na quantidade 
produzida para atender ao mercado externo não gerará aumento no 
custo fixo, portanto os ganhos serão significativos. 
Resposta: Certa (C) 
 
Veja pergunta de curso anterior: 
Pergunta: "Os ganhos derivados do uso de políticas industriais 
orientadas para as exportações serão mais elevados quando adotadas 
por países pequenos, em que os setores potencialmente exportadores 
apresentam substanciais economias internas de escala". Quanto a esta 
questão tive a interpretação de que em países pequenos as economias 
internas seriam menores, logo não haveria "economia interna de escala", 
por isto considerei errada. Gostaria de maiores esclarecimentos. 
Obrigado”. 
 Resposta: “É porque os países pequenos possuem mercado interno 
pequeno. Assim, quando se vislumbra a hipótese de vender para o 
mercado externo (exportar), há grandes possibilidades de atingir os 
ganhos de escala, tal a diferença entre o mercado consumidor externo e 
o interno”. 
 
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INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 
39 
 
15 – (AFRFB/2009) A participação no comércio internacional é 
importante dimensão das estratégias de desenvolvimento econômico dos 
países, sendo perseguida a partir de ênfases diferenciadas quanto ao 
grau de exposição dos mercados domésticos à competição internacional. 
Com base nessa assertiva e considerando as diferentes orientações que 
podem assumir as políticas comerciais, assinale a opção correta. 
a) As políticas comerciais inspiradas pelo neo-mercantilismo 
privilegiam a obtenção de superávits comerciais notadamente pela via da 
diversificação dos mercados de exportação para produtos de maior valor 
agregado. 
b) Países que adotam políticas comerciais de orientação liberal são 
contrários aos esquemas preferenciais, como o Sistema Geral de 
Preferências, e aos acordos regionais e sub-regionais de integração 
comercial celebrados no marco da Organização Mundial do Comércio por 
conterem, tais esquemas e acordos, componentes protecionistas. 
c) A política de substituição de importações valeu-se 
preponderantemente de instrumentos de incentivos à produção e às 
exportações, tendo o protecionismo tarifário importância secundária em 
sua implementação. 
d) A ênfase ao estímulo à produção e à competitividade de bens de 
alto valor agregado e de maior potencial de irradiação econômica e 
tecnológica a serem destinados fundamentalmente para os mercados de 
exportação caracteriza as políticas comerciais estratégicas. 
e) As economias orientadas para as exportações, como as dos países 
do Sudeste Asiático, praticam políticas comerciais liberais em que são 
combatidos os incentivos e quaisquer formas de proteção setorial, 
privilegiando antes a criação de um ambiente econômico favorável à 
plena competição comercial. 
 
Comentários 
Letra A: errada. 
Vamos por partes. 
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INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 
40 
1a parte) “As políticas comerciais inspiradas pelo neo-mercantilismo 
privilegiam a obtenção de superávits comerciais?” SIM. 
 
2a parte) A busca pelo aumento de exportações é característica do 
protecionismo ou do liberalismo? De ambos. 
(Note que o aumento de exportações pode se dar em função de 
diversificação de mercados ou pela exportação de bens de alto valor 
agregado.) 
O que diferencia o mercantilismo (ou o neomercantilismo, que é o 
mercantilismo contemporâneo) do liberalismo (ou do neoliberalismo) é 
basicamente o tratamento dado às importações. 
No neomercantilismo, as importações são restringidas, buscando-se 
assim o superávit comercial. No liberalismo, as importações são 
liberadas. 
Voltando à questão: a política protecionista, ou seja, a busca por 
superávit comercial é “notadamente pela via da diversificação dos 
mercados de exportação para produtos de maior valor agregado”? 
Não, pois, se assim o fosse, teríamos que concluir que o liberalismo

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